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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
DIRETORIA DE ENSINO E EDUCAÇÀO PROFISSIONAL
CURSO DE TECNOLOGIA EM ALIMENTOS
ANDERSON OLIVEIRA MUCHAEL LOPES
TRABALHO DE BIOQUIMICA
SOBRE: ÓLEOS ESSENCIAIS
MEDIANEIRA
DEZEMBRO/2011
ANDERSON OLIVEIRA MUCHAEL LOPES
TRABALHO ÓLEOS ESSENCIAIS
Trabalho sobre Óleos essenciais para a disciplina de Bioquímica, do curso de tecnologia de alimentos, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR – Campus Medianeira. Professor: Neoraldo Pacheco Loures
MEDIANEIRA DEZEMBRO/2011
1 Introdução
Óleos essenciais são compostos aromáticos voláteis extraídos de plantas aromáticas por processos de destilação, compressão de frutos ou extração com o
uso de solventes. Geralmente são altamente complexos, compostos às vezes de mais de uma centena de componentes químicos.
Um dos produtos inicialmente explorados no Brasil para extração de óleos
essenciais foi retirado do pau rosa. Sua exploração foi tamanha que até os dias atuais o IBAMA colocou essa planta na lista de espécies em perigo de extinção. Outros vegetais também foram explorados, como o eucalipto, capim limão, menta,
laranja, canela e sassafrás. Devido a uma dificuldade de importar essências, uma maior demanda
pela produção brasileira ocorreu durante a segunda grande guerra, que foi
ocasionada pela dificuldade dos países do ocidente de conseguir esses produtos de seus fornecedores habituais. Com isso o Brasil teve a maior parte de suas vendas voltadas para a exportação, o que ajudou significativamente para o aumento
produção. Na década de 50, mais um fator colaborou para o aumento da extração de essências dentro do país: empresas internacionais produtoras de perfumes, cosméticos e produtos farmacêuticos e alimentares se instalaram no país.
2 História Óleos essenciais no Mundo
Desde há muitos séculos atrás, os óleos essenciais são explorados, ainda que hoje não se tenha completamente documentado o início exato. Acredita-se que
os primeiros usos primitivos para estes tenham sido através de bálsamos, ervas aromáticas e resinas que eram usadas para embalsamar cadáveres em cerimônias religiosas há milhares de anos atrás.
Há relatos do uso de essências em 2.700 a.C pelos chineses, no mais antigo livro de ervas do mundo, Shen Nung. Algumas plantas citadas eram o gengibre (''Syzygium aromaticum'') e o ópio (''Papaver somniferum''). Outro uso documentado
de óleos essências se deu em 2.000 a.C. em livros escritos em sânscrito, pelos hindus. Em tal época, já havia um conhecimento mais rudimentar de aparatos de destilação. Nesta época também há relatos de outros povos que fizeram uso desses
compostos, como os persas e egípcios, ainda que seja muito provável que esses já dominassem as técnicas de extração há muito antes. Muitas das ervas comuns na atualidade já eram conhecidas, como por exemplo, o capim limão (''Cymbopogon
citratus''). Ainda que não fossem extratos puros, eram soluções alcoólicas, não apenas usadas como perfumes, mas também em cerimônias religiosas ou com fins terapêuticos.
Junto com as cruzadas, o conhecimento até então obtido por outros povos, se difundiu entre os árabes, que em pouco tempo aperfeiçoaram as técnicas e os aparatos de destilação. Tanto é que o mérito pelo primeiro indivíduo a extrair óleo de
rosas foi de um físico árabe conhecido na época por Avicena. Os árabes, aliás, foram mestres na alquimia, e não por acaso são conhecidos naquele momento da história como bem aperfeiçoados na alquimia, medicina e terapias naturais. De fato,
os árabes melhoraram e publicaram muito mais conhecimento sobre essa área do que qualquer outro povo.
Não obstante, somente com uma publicação em 1563, por Giovanni Battista Della, é que se tem na história um salto na evolução nesta área de conhecimento:
tinha-se então documentando uma forma de separar os óleos essenciais que até então eram apenas soluções alcoólicas.
A partir de dos séculos XVI e XVII, a comercialização destes óleos se
popularizou pelo mundo, devido ao nível de tecnologia e também conhecimento de suas propriedades já mais explorado e divulgado no mundo. Não se deve esquecer que as especiarias, muitas delas ervas aromáticas de grande valor econômico, eram
produtos valiosos na Europa e é por este motivo que Marco Polo empreendeu suas viagens pelo Oriente.
Um termo que está bem associado a óleos essenciais é a "aromaterapia".
Este foi criado por um químico francês em 1928, conhecido como Maurice René de Gattefossé. Foi em uma de suas destilações em seu laboratório, que Gattefossé sofreu um acidente e teve seus braços seriamente queimados. Em meio ao pânico,
imergiu-os em uma tina de lavanda, que até então pensava ser água. Notou que em poucos minutos sua dor havia passado, e dias mais tarde já não tinha mais cicatrizes. Passou a explorar mais as propriedades curativas desses extratos, ao
contrário de antes, que só os usava como perfumes para seus produtos e criações. Também se deve a este químico um dos primeiros relatos de que produtos sintéticos que imitavam essências naturais tendiam a não ter as mesmas propriedades
curativas, assim como Cuthbert Hall em 1904 publicara sobre as propriedades anti-sépticas do óleo de ''Eucalyptus globulus'' em sua forma natural, em detrimento do seu principal constituinte isolado, o eucaliptol. Entretanto, hoje é sabido que como os
óleos compreendem misturas complexas, a síntese e adição de substâncias puras
aos preparados obviamente não deve produzir o mesmo efeito. Até mesmo durante as grandes guerras, as propriedades medicinais de
óleos essenciais foram exploradas. Como ocorreu com em situações em que alguns
médicos não tinham a disposição antibióticos, e que eram forçados a usar o que tinham em mãos.
3 Historia dos Óleos essenciais no Brasil
A indústria dos óleos essenciais iniciou as suas atividades no Brasil em 1927, quando começou a extrair o óleo essencial de pau rosa (Aniba rosaeodora) para substituir a produção franco-guianense que vinha se perdendo em decorrência
da intensa exploração da árvore. Mas foi só no final da década de 30, com a ocorrência da Segunda Guerra Mundial, que a indústria nacional passou a se desenvolver. Isto ocorreu porque a guerra afetou e desorganizou todo o comércio
europeu, fazendo com que as empresas daquela região buscassem novos fornecedores. O Brasil então apareceu como uma alternativa, afinal, além da mão de obra barata, nosso país chamava a atenção por sua enorme riqueza natural. A partir
daí, novas culturas começaram a ser exploradas e passamos a disponibilizar no mercado uma variedade um pouquinho maior de óleos essenciais, como sassafrás, menta, laranja e eucalipto.
A primeira destilação brasileira do óleo essencial de sassafrás ocorreu em 1938 a partir da árvore da Canela-de-sassafrás (Ocotea pretiosa ou Ocotea cymbarum). Pertencente a família das Lauráceas, tal árvore era facilmente
encontrada no estado de Santa Catarina e fornecia um óleo rico em safrol, um produto químico que integra a fabricação do piperonal (heliotropina) – utilizado como fixador de aromas e fragrâncias. Em 1942, por exemplo, a produção foi de 40 toneladas, elevando-se para mais de 2000 toneladas em 1970. Porém, em virtude
da intensa exploração não sustentável do sassafrás, a árvore entrou para a lista de espécies ameaçadas de extinção e, por isso, teve seu corte proibido.
No Brasil a Mentha arvensis foi introduzida durante a Primeira Guerra
Mundial. No entanto, foi só em 1936 que esta espécie passou a ser cultivada com objetivos comerciais, a partir das sementes importadas do Japão. Ao longo da década de 60, cerca de 90% da produção nacional desse óleo se concentrava no
Paraná – que geralmente exportava o óleo bruto para a obtenção conjunta de mentol e óleo desmentolado. Pouco tempo depois o Brasil já ocupava a posição de maior produtor mundial, produzindo cerca de 6000 toneladas de óleo bruto por ano e foi
assim até o início da década de 70, quando esta atividade entrou em desaceleração. Isto ocorreu em virtude da sobreoferta do mentol brasileiro no mercado mundial. Afinal, os preços deste produto vinham caindo ano após ano e isto não agradava o
cenário internacional – que cortou o investimento do setor. Somada à completa exaustão das terras para cultivo, a produção brasileira de Mentha arvensis deu lugar a paraguaia, forçando a emigração dos colonos paranaenses, adaptados a esta
cultura, para o Paraguai. O primeiro registro de extração do óleo essencial de laranja-doce (Citrus
sinensis) ocorreu em 1930, em São Paulo, por imigrantes italianos. Mas esta
indústria só mostrou sua força durante a Segunda Guerra Mundial, quando passou a atender a demanda norte-americana por este tipo de óleo. Isto porque os norte-americanos, com a guerra, foram obrigados a buscar alternativas para o crescente
consumo de solventes que eram utilizados pelas indústrias plásticas, de tintas e de
vernizes daquela época. E como o óleo de laranja é rico em d-limoneno, um solvente
biodegradável, eles passaram a obtê-lo como uma opção frente à escassez dos tradicionais. Mais adiante, já na década de 60, nosso país passou a abrigar algumas fábricas de sucos concentrados – o que alavancou, definitivamente, as exportações
brasileiras do óleo essencial de laranja. Afinal, o óleo passou a ser obtido em conjunto com a produção de suco e como a indústria citrícola cresceu, a oferta de óleo aumentou e os grandes negócios se multiplicaram.
Originário da Austrália, o eucalipto foi introduzido no Brasil em 1855, com o plantio das variedades globulus e citriodora. No começo do século XX, grandes plantações surgiram próximas à cidade paulista de Jundiaí, por uma companhia de
estrada de ferro que tinha o seu objetivo básico no aproveitamento da lenha como combustível. Em decorrência da Segunda Guerra Mundial, houve a interrupção das importações de citronela (do tipo Java) para a preparação de fragrâncias. Com isso
a indústria brasileira passou a utilizar o óleo essencial de Eucalyptus citriodora como substituto. A produção iniciou-se na década de 40, com a obtenção de 12 toneladas, evoluindo para 350 toneladas no começo da década de 70.
Ao contrário da atual situação dos óleos essenciais de menta e sassafrás, a indústria nacional produtora de óleo essencial de pau rosa mantém as suas atividades em função da preferência das empresas de fragrâncias norte-americanas
e europeias por este tipo de óleo, ao invés das versões sintéticas do linalol. No entanto, sua exploração só é permitida após a aprovação de um projeto de manejamento sustentável da espécie, incluindo as atividades de replantio das
árvores em número igual ou superior às removidas. Já as indústrias dos óleos essenciais de laranja e eucalipto não integram um programa de manejamento tão rigoroso, pois ambas as espécies se adaptam bem a diversas regiões do país e são
cultivadas com certa facilidade. Por esta razão, suas indústrias exibem saúde e colocam o Brasil numa posição de destaque frente ao mercado internacional.
4 Métodos de extração dos óleos essenciais
4.1 Destilação a vapor
A destilação a vapor é o mais comum método de extração de óleos essenciais. Esta é feita em um alambique, onde partes da planta frescas ou secas são colocadas. O vapor, saindo de uma caldeira, circula por onde a planta se
encontra, forçando a quebra das bolsas intercelulares, fazendo liberar os óleos essenciais presentes na planta. Os óleos voláteis apresentam tensão de vapor mais elevadas que a da água, sendo, por isso, arrastadas pelo vapor d'água, saindo no
alto do destilador, e a seguir passa por um resfriamento, através do uso de uma serpentina que está em contato com um líquido (água) a temperatura mais baixa. Então a água e óleo são condensados. Nesse produto de saída pode se ver a
diferença de duas fases, óleo na parte superior e na inferior a água; elas são separadas por um processo de decantação.
Figura 1 Método destilação a vapor
4.2 Prensagem a frio
É o método mais usado para a extração de óleos de frutos cítricos como bergamota, laranja, limão, grapefruit, etc. Nele os frutos são colocados inteiros e
diretamente em uma prensa hidráulica, máquina que faz a coleta do suco e dos óleos presentes na casca. Essa mistura, por sua vez, é transferida para uma centrífuga onde ocorre a separação do óleo puro.
Além dos óleos cítricos, diversos tipos de óleos vegetais (ou carreadores) são extraídos por este método. É o caso do óleo de amêndoas, castanhas, gérmen de trigo, etc. Os óleos carreadores são utilizados para veicular os óleos essenciais,
seja para ingestão, odorização ambiental, massagem ou fim cosmético. Ou seja, são óleos que, dentre outros fins, servem para diluir os óleos essenciais uma vez que sua aplicação de forma pura pode provocar diversos problemas (por exemplo:
intoxicação, irritação da pele e outros).
Figura 2 Método Prensagem a frio
4.3 Método Turbodestilação
A turbodestilação é a técnica mais usada para se extrair o óleo de plantas cujos tecidos retém a seiva de forma mais intensa. Ou melhor, é empregada em situações onde a extração do óleo essencial é mais difícil em virtude das próprias
características do vegetal. Aqui as porções da planta a serem destiladas são imersas
em água, e o vapor é posto a circular nesta mistura, seguindo-se, daí em diante, o
processo normal de destilação.
Figura 3 Método Turbodestilação
4.4 Método Enfleurage
Esta técnica é utilizada na extração de óleos mais instáveis, que podem perder completamente seus compostos aromáticos se extraídos por outros métodos.
Trata-se de um processo bastante lento, complexo e caro geralmente aplicado em algumas flores, como nas de jasmim. No enfleurage, as pétalas são colocadas imersas em uma placa com óleo vegetal ou animal sem cheiro. Diariamente essas
pétalas são substituídas por outras, ainda frescas e recém-colhidas até que uma quantidade considerável de óleo seja absorvido por esta massa gordurosa (que age feito uma esponja). Então, quando a concentração de óleo é obtida, a gordura é
filtrada e destilada. O concentrado oleoso resultante desse processo é misturado a um álcool, que é novamente destilado. Desta destilação, obtém-se o óleo essencial.
Figura 4 Método Enfleurage
4.5 Método Hidrodestilação
Na hidrodestilação a matéria-prima vegetal é completamente mergulhada em água, sem que a temperatura ultrapasse os 100 C. Neste processo, evita-se a perda de compostos sensíveis a altas temperaturas, mas, em compensação, torna a
destilação mais lenta e com menor rendimento. Trata-se de uma técnica de destilação bastante antiga (artesanal), mas que continua sendo praticada em países atrasados cujas caldeiras a vapor ainda não chegaram.
Figura 5 Método Hidrodestilação
4.6 Método Solvente
Determinados tipos de óleos são muito instáveis e não suportam o aumento de temperatura. Neste caso, podem ser utilizados solventes (como o hexano) para extraí-los. A extração ocorre misturando o solvente ao óleo, criando uma solução
que será posteriormente dissolvida em álcool de cereais – para remover o solvente. Assim, com a evaporação do álcool o absoluto aparece. Neste caso, o concreto acaba tendo uma constituição pastosa (o concreto do Jasmim real possui em torno
de 55% de óleo essencial). Já o absoluto, além de fazer uma limpeza dos solventes anteriormente empregados, também purifica a mistura das ceras, parafinas e substâncias gordurosas presentes, o que leva o produto final a ter uma consistência
mais líquida. O teor de solvente no produto final pode variar de menos de 1% até 6%. Em teores tão baixos quanto 1% consideramos o produto apto ao uso terapêutico, isso quando indicado neste sentido, e no caso daqueles obtidos
somente pelo uso do álcool, é aceitável seu emprego com esta finalidade mesmo em teores superiores a 1%, como acontece com algumas resinas como a mirra e benjoim (é como comparar com o uso de tinturas de plantas, mas com teor quase
imperceptível de álcool). A extração por solvente também pode alterar em muito a composição química do produto final. Mas a extração por solvente tem suas desvantagens. Resíduos do solvente podem ficar no absoluto e causar efeitos
colaterais. Também é uma técnica complicada que exige conhecimentos sobre reações químicas e especificidades de cada óleo.
4.7 Método Gás Refrigerante
Esta extração baseia-se na utilização de uma substância química que tem
afinidade com as moléculas constituintes do óleo essencial, agindo assim como solvente. Este solvente tem a característica físico-química de um gás na temperatura e pressão ambiente de 20º C e 1atm, respectivamente. Deste modo, após a
extração, o solvente assumirá a condição de gás e se retirará do óleo essencial sem deixar resíduos. A substância utilizada é 1,1,1,2-tetrafluoroetano (a mesma encontrada em alguns refrigeradores da BRASTEMP em substituição ao freon), cuja temperatura de ebulição é de -26º C a 1 atm. Este método tem a capacidade de
extrair um óleo essencial rico em constituintes terpênicos, que apresentam pequenas estruturas químicas e por isso são mais leves.
4.8 Método CO2 Hipercrítico
A extração por dióxido de carbono hipercrítico utiliza o dióxido de carbono sob extrema pressão (200 atmosferas) e temperatura mínima de 33 ºC para extrair
óleos essenciais. As partes da planta a serem empregadas na extração são postas no tanque onde é injetado dióxido de carbono líquido que age como solvente. Quando a pressão diminui, o dióxido de carbono retorna a seu estado gasoso, não
deixando qualquer resíduo no produto final. Muitas das extrações por CO2 possuem um fresco, claro e característico
aroma de óleos destilados a vapor, e eles cheiram de forma muito similar à planta
viva. Estudos já demonstraram que os óleos essenciais extraídos por este método mantêm em completa integridade seus compostos ativos.
Este método é o que permite se obter os óleos essenciais de melhor
qualidade possível e de maior potência terapêutica. O aroma de um ylang ylang extraído por destilação a vapor não poderá jamais ser comparado ao de um ylang ylang extraído por CO2, o mesmo dizemos para o gengibre e todos os outros óleos
essenciais.
Figura 6 Método CO2 Hipercrítico
5 Principais Óleos essenciais no Brasil e no mundo
Há 300 óleos essenciais de importância comercial no mundo, os 18
principais podem ser vistos na Tabela 1.O Brasil tem lugar de destaque na produção de OE, ao lado da Índia, China e Indonésia, que são considerados os 4 grandes produtores mundiais. A posição do Brasil deve-se aos OE de cítricos, que são
subprodutos da indústria de sucos. No passado, o país teve destaque como exportador de OE de pau-rosa, sassafrás e menta. Nos dois últimos casos, passou à condição de importador.
De acordo com a base de dados americana COMTRADE (United Nations
Commodity Trade Statistics Database), os maiores consumidores de OE no mundo
são os EUA (40%), a União Europeia - UE (30%), sendo a França o país líder em
importações e o Japão (7%), ao lado do Reino Unido, Alemanha, Suíça, Irlanda, China, Cingapura e Espanha. O mercado mundial de OE gira em torno de US$ 15 milhões/ano, apresentando crescimento aproximado de 11% por ano (ITC, 2005;
COMTRADE, 2005). A importação de OE no ano de 2004 pela UE, a partir dos países em
desenvolvimento, pode ser vista da Tabela 2. O Brasil aparece entre os principais
países fornecedores dos OE de laranja, limão, lima e outros cítricos, contribuindo no período com 5% do total de óleos importados e encontra-se entre os grandes exportadores internacionais.
No cômputo geral dos principais países fornecedores de OE para a UE neste
mesmo ano, a distribuição foi: EUA (19%), França (10%), China (6%), Brasil (5%) e Reino Unido (5%).As importações de OE pelos EUA, no período de 2004-2007, perfizeram um total de cerca de US$ 9.432 milhões, de acordo com os dados da FAS (Foreign Agriculture Service), sendo o percentual de exportação 50% menor.
Os principais exportadores de OE para os EUA, no mesmo período, foram Índia, França, Argentina, Brasil, México, Canadá e Irlanda, sendo o Brasil o quarto do
ranking, contribuindo principalmente com OE cítricos, com destaque para o OE de
laranja.
5 Óleos de cítricos
As frutas cítricas são as mais cultivadas no mundo, sendo a laranja a
principal delas. A produção de laranjas e a industrialização do suco estão concentradas em quatro países, sendo o Brasil o primeiro deles, respondendo por um terço da produção mundial da fruta e quase 50% do suco fabricado.
Aproximadamente 70% é processado e 30% vai para o consumo interno. O OE de laranja, extraído do pericarpo do fruto, é um subproduto da
indústria do suco. Derivados de OE de laranja são usados em perfumaria, sabonetes
e na área farmacêutica em geral, além de materiais de limpeza, em balas e bebidas. O rendimento máximo de extração de óleos cítricos é de 0,4%, ou seja, para cada tonelada de fruta processada são obtidos 4 kg de óleo.
No período de janeiro de 2005 a outubro de 2008, a exportação de OE de cítricos pelo Brasil foi de 287.759 t. O OE de laranja foi responsável por 86%
das exportações, o de limão 8%, os de lima 3%, outros cítricos 2% (como toranja, cidra, tangerina, entre outros) e os de bergamota e petit grain por aproximadamente
1%, em conjunto. O valor aproximado do óleo de laranja no período foi de US$ 2/kg. O principal estado produtor é São Paulo e a norma ISO 3140:2005 determina os padrões de qualidade a serem seguidos para o óleo de laranja (Citrus cinensis L.
Osbeck). Segundo publicação da revista Química e Derivados, os óleos de
bergamota, limão, mandarina, tangerina e laranja estão entre as composições cítricas (blends) mais vendidas no mundo para a perfumaria. Atualmente, a Symrise,
criada em 2002 com a fusão de duas grandes empresas concorrentes em
fragrâncias, aromas e químicos, a Dragoco e a Haarmann & Reimer, ingressou fortemente no setor de biotecnologia e ativos naturais para fins cosméticos e já responde por 16% de participação no mercado brasileiro. Segundo dados da
EUROSTAT, o Brasil exportou para a comunidade europeia 12.526 t de óleo de laranja em 2006, sendo 43% para a Holanda, 20% para a Alemanha e 19% para o Reino Unido.
O principal exportador de OE de laranja para os EUA é o Brasil, seguido da Itália, de acordo com o órgão americano FAS. No período de janeiro de 2005 a outubro de 2008, foram exportados 38.024 t de óleo de laranja. Pelo sistema ALICE-
Web, as exportações de óleos de laranja para os EUA neste período representaram
35% das exportações brasileiras de OE e para a UE, 46% do total. O óleo essencial de petit grain (obtido das folhas da laranja C. aurantium
var. amara por arraste a vapor) também contribuiu para o favorecimento da balança
comercial, assim como os óleos de lima. Os óleos de limão e bergamota são deficitários na balança comercial, embora a quantidade de óleo de limão exportada
tenha sido maior que a importada no período (1.762 x 1.598 t). Isto pode estar relacionado à qualidade distinta dos óleos e, consequentemente, com a relação preço/kg dos produtos.
5.1 Óleo essencial da laranja
A laranjeira é nativa da China e da Índia e foi levada para a Europa no
século XVII. Hoje, é encontrada em grande número na região do Mediterrâneo, em Israel e nas Américas. A laranjeira nos oferece três diferentes óleos essenciais: o estimulante óleo de laranja produzido da casca, o neroli obtido das delicadas flores
brancas e o intrigante petitgrain produzido das folhas. Óleo essencial de laranja traz uma nota frutal, doce, aldeídica, semelhante
ao odor proveniente da fruta quando riscada com a unha. No entanto, o óleo
essencial puro tende a se deteriorar muito rapidamente, provocando ranço ou a formação de peróxidos, a partir dos monoterpenos presentes traduzindo em notas ruins quando misturados a formulações líquidas. Uma alternativa é a adição de
antioxidantes, mas, em vez disso, é comum o uso de óleo concentrado (ou desterpenado), obtido por meio das sucessivas re-destilações a vácuo do óleo puro, eliminando-se o problema. Os componentes químicos presentes no óleo essencial
da laranja são: nerol (álcool), citral (aldeído), limoneno (terpeno) e antranilato de metila (éster). Este óleo apresenta propriedades medicinais como: antidepressivo, anti-séptico, antiespasmódico, carminativo, digestivo, febrífugo, sedativo e tônico
geral.
LIMONENO CITRAL
Figura 7 Apresenta as cadeias carbônicas do Limoneno ( a esquerda), e do Citral ( a direita) presentes no óleo essencial da Laranja
6 Óleos essencial de Menta Arvensis
A Mentha arvensis, popularmente conhecida no Brasil como hortelã-doce, pertence à família Labiatae. São plantas perenes de crescimento rápido e fácil, com
caules violáceos, ramificados e de folhas opostas verde-escuras. Trata-se de uma planta bastante conhecida desde a antiguidade, pelos egípcios, hebreus e árabes. Os árabes, por exemplo, limpavam o chão com a menta antes das festas com o
objetivo de estimular o apetite dos convidados. Hoje, no entanto, a Mentha arvensis ocupa uma posição de destaque no mercado nacional e internacional em virtude de seu óleo essencial, extraído, principalmente, por destilação a vapor. O óleo essencial
de Mentha arvensis contém um alto teor de mentol, componente bastante utilizado como matéria-prima nos produtos farmacêuticos (na forma de anestésicos e outros), alimentícios (na aromatização de bolos, balas, bebidas, etc.), cosméticos (em
cremes de barbear, pastas de dentes, etc.) dentre outros. O teor de mentol é o “fator chave” responsável pelo valor comercial desse
óleo, que apresenta, segundo a literatura, valores que podem variar de 62,5 a
88,9%. Do resfriamento do óleo bruto, obtém-se o mentol cristalizado cuja procura pelas indústrias dá-se, principalmente, nesta forma. O subproduto desse processo é o óleo desmentolado, de igual importância comercial e que contêm
aproximadamente 45% de mentol. MENTOL
Figura 8 apresenta a cadeia carbonica do mentol componente ativo do óleo essencial da Menta Arvensis.
7 Eucalipto (tipo cineol)
A árvore de Eucalipto globulus (Eucalyptus globulus), embora muito
cultivada em Portugal, é nativa da Austrália e pertence à família Myrtaceae. Trata-se de uma espécie florestal de crescimento rápido, capaz de produzir árvores de até 55
metros de altura (mas pode, raramente, ultrapassar os 90 metros). Apresenta tronco
ereto e esguio, folhas alongadas e contorcidas em forma de foice e flores esbranquiçadas cuja floração ocorre em setembro e outubro. Seu óleo essencial, extraído por destilação a vapor das folhas e ramos, é rico em eucaliptol, um líquido
incolor ou amarelo pálido praticamente insolúvel em água. O eucaliptol é largamente procurado pela indústria farmacêutica para a fabricação de pastilhas contra dores de garganta e tosse, pomadas para dores musculares, inalantes entre outros. Os
aborígenes australianos, inclusive, cobriam suas feridas com as folhas de eucalipto em função de suas propriedades antiinflamatórias (já comprovadas). O óleo essencial de eucalipto globulus também pode ser utilizado na fabricação de produtos
de limpeza (como desinfetantes e sabões), porém, em virtude do seu alto custo, a indústria de saneantes acaba optando por outras espécies de eucalipto, como o Citriodora.
O eucaliptol, de forma molecular C10H18O, é um monoterpeno incolor insolúvel em água que pode ser encontrado na composição de diversos óleos essenciais, como no de alecrim, eucalipto, louro, manjericão, sálvia, tea tree e
outros. Também conhecido por 1.8-cineol, trata-se de um líquido com aroma canforáceo extraído principalmente dos eucaliptos – afinal, os óleos de algumas espécies dessas árvores/arbustos chegam a apresentar até 85% desta substância. É
opticamente inativo, apresenta ponto de ebulição em 176/177 ° C e é miscível com álcool, clorofórmio, dissulfeto de carbono, ácido acético glacial e óleos vegetais. Ademais, ele integra a composição de vários tipos de produtos, pois o seu aroma,
sabor e propriedades o tornam exclusivo para os mais diversos ramos da indústria. Eucaliptol
Figura 9 apresenta a cadeia carbonica do Eucaliptol, componente ativo do óleo essencial de Eucalipto Globulus.
8 Óleo essencial de Citronela
É uma erva resistente, que se desenvolve principalmente no Sri Lanka e Java. Era inicialmente conhecida como Andropogon nardus. A planta pode alcançar
cerca de noventa centímetros de altura e tem folhas finas e compridas que florescem quando mantidas em estado natural. É preferida a destilação da erva seca à da fresca, que consome mais combustível e cujo óleo produzido é considerado de odor
menos agradável. Apresenta um aroma levemente doce e semelhante ao do limão,os componentes químicos presentes na Citronela são respectivamente citronélico (ácido), borneol, citronelol, geraniol, nerol (alcoóis), citral, citronelal
(aldeídos), canfeno, dipenteno e limoneno (terpenos). Apresenta propriedades medicinais, sendo, antidepressivo, anti-séptico, desodorizante, inseticida, estimulante e tônico geral.
9 Óleo essencial de Limão
O limão é o fruto do limoeiro, uma árvore originária do sudeste da Ásia pertencente a família das rutáceas. Conhecido pelo alto teor de vitamina C, o limão é
muito utilizado em molhos, aperitivos, refrigerantes, sorvetes, remédios, xaropes, produtos de limpeza, licores, perfumes, etc. Também é famoso por seu óleo essencial, extraído por prensagem da casca do fruto e que apresenta um agradável
e inconfundível aroma de “limão fresco”. Líquido amarelado, no caso do limão siciliano, ou esverdeado no caso do tahiti, é um óleo que contêm bastante d-limoneno.
O d-limoneno é um tipo de monoterpeno encontrado na casca das frutas cítricas. Trata-se de um líquido incolor e oleoso cujo teor, no óleo essencial de limão, está entre 65-70%. Também presente no óleo de laranja, tangerina e
grapefruit, ele se tornou conhecido por prevenir e auxiliar no tratamento de diversas doenças. Por exemplo: segundo pesquisas, o d-limoneno é capaz de dissolver cálculos de colesterol na vesícula, descongestionar o fígado (especialmente após a
ingestão de grande quantidade de álcool e alimentos altamente gordurosos) e atuar como um poderoso aliado na luta contra alguns tipos de câncer, principalmente nas fases iniciais da doença.
10 Óleo essencial de Canela
O óleo essencial de canela pode ser extraído tanto das cascas como das folhas. O óleo da casca, de cor amarelo dourado, é o mais nobre e apresenta um doce/picante sabor característico. É considerado um poderoso anti-séptico e vem
sendo vastamente empregado na aromatização de alimentos, doces, bebidas, produtos farmacêuticos e cosméticos. Já o óleo essencial das folhas, segundo as referências consultadas, é destinado a outros mercados menos exigentes. Seu
componente majoritário é o eugenol, diferentemente do aldeído cinâmico (agente estimulante do sistema nervoso central em baixas quantidades e sedativo em altas), principal componente do óleo essencial extraído da casca. O óleo da casca, por fim, possui as seguintes propriedades comprovadas: é antiespasmódico, anestesiante,
anticoagulante, estimulante, antibacteriano e antiflatulente. No entanto, antes do uso, ele OBRIGATORIAMENTE deve ser diluído em algum óleo carreador (como o de amêndoas doce, gergelim, girassol e outros).
Eugenol
Figura 10 apresenta a cadeia carbonica do Eugenol componente quimico
principal do Óleo essencial de Canela.
11 Óleo essencial de Cravo
Uma árvore sempre-verde em forma de coluna que pode chegar a nove metros de altura. Ela se desenvolve melhor em lugares claros do que à sombra de outras árvores. Os brotos de flor em forma de malmequer têm uma tonalidade
marrom-avermelhada e as folhas são pequenas, de tom acinzentado. É natural das ilhas Molucas e da Indonésia, mas também é cultivada em Zanzibar, Madagáscar e Java. Boa parte do óleo provém do Sri-Lanka.
Tornou-se uma especiaria muito apreciada, que era importada pelos portugueses e franceses. O costume popular ainda é usar uma laranja com cravos espetados como um aromático repelente de insetos. Seu aroma torna-o um
ingrediente popular em cremes dentais e potpourris. As propriedades digestivas dessa especiaria são reconhecidas na Índia, embora ele também tenha sido usado em porções do amor. Os perfumes com toque picante normalmente contêm cravo,
que também é usado em licores e vinhos aquecidos e adoçados com especiarias. O uso farmacêutico em larga escala reconhece suas propriedades anti-sépticas e bactericidas .Apresenta os componentes químicos, furfurol (aldeído), salicilato de
metila (éster), eugenol (fenol), cariofileno (sesquiterpeno) e pineno (terpeno.