Olimpíada categoria poesias (5º e 6º ano)

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CATEGORIA: POESIAS 3º EDIÇÃO. 2012

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Page 1: Olimpíada categoria  poesias (5º e 6º ano)

CATEGORIA: POESIAS

3º EDIÇÃO.

2012

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OBJETIVO:

APRIMORAR A LINGUAGEM ORAL E ESCRITA DO

ALUNO ATRAVÉS DO GÊNERO TEXTUAL “ POESIAS”,

TORNANDO ASSIM BONS LEITORES E APRECIADORES DESTE

GÊNERO.

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OFICINA: 01

MEMÓRIAS DE VERSOS E MURAL DE

POEMAS:

OBJETIVOS: RESGATAR E VALORIZAR A CULTURA DA

COMUNIDADE.

AVALIAR E AMPLIAR O REPERTÓRIO DE POEMAS

CONHECIDOS PELOS ALUNOS.

RECONHECER OS POEMAS EM SUAS DIVERSAS

FORMAS.

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ATIVIDADE 01

VOCÊS GOSTAM DE POESIAS?

SE NÃO GOSTAM POR QUÊ?

CONHECEM ALGUNS POETAS/POETISAS?

REGISTRE NO CADERNO ALGUMA POESIA QUE

CONHEÇAM.

LEIA EM VOZ ALTA PARA TURMA.

FAZER UM DIÁRIO DE BORDO...

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TAREFA PARA CASA:

PESQUISAR POEMAS OU POESIAS COM OS AVÓS,

PAIS, TIOS, NAS COMUNIDADES ONDE MORAM:

VOCÊS GOSTAM DE POESIAS?

SE NÃO GOSTAM POR QUÊ?

CONHECEM ALGUNS POETAS/POETISAS?

REGISTRE NO CADERNO ALGUMA POESIA QUE

CONHEÇAM.

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POEMA DE MANOEL BANDEIRA:

O BICHO

VI ONTEM um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel Bandeira

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POEMAS DE MANOEL BANDEIRA

NEOLOGISMO

Beijo pouco, falo menos ainda.

Mas invento palavras

Que traduzem a ternura mais funda

E mais cotidiana.

Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.

Intransitivo:

Teadoro, Teodora.

Petrópolis 25/2/1947

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POEMA DE MANOEL BANDEIRA

Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo

Quero apenas contar-te a minha ternura

Ah se em troca de tanta felicidade que me dás

Eu te pudesse repor

-Eu soubesse repor_

No coração despedaçado

As mais puras alegrias de tua infância!

Manuel Bandeira

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POEMA CECÍLIA MEIRELES

Retrato

"Eu não tinha este rosto de hoje,

assim calmo, assim triste, assim magro,

nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas;

eu não tinha este coração que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

Em que espelho ficou perdida a minha face?"

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POEMA CECÍLIA MEIRELES

LUA ADVERSA

Tenho fases, como a lua

Fases de andar escondida,

fases de vir para a rua...

Perdição da minha vida!

Perdição da vida minha!

Tenho fases de ser tua,

tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e vêm,

no secreto calendário

que um astrólogo arbitrário

inventou para meu uso.

E roda a melancolia

seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém

(tenho fases como a lua...)

No dia de alguém ser meu

não é dia de eu ser sua...

E, quando chega esse dia,

o outro desapareceu...

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POEMA CECÍLIA MEIRELES

Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

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POEMA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE.

Canção Amiga

Eu preparo uma canção

em que minha mãe se reconheça,

todas as mães se reconheçam,

e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua

que passa em muitos países.

Se não me vêem, eu vejo

e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo

como quem ama ou sorri.

No jeito mais natural

dois carinhos se procuram.

Minha vida, nossas vidas

formam um só diamante.

Aprendi novas palavras

e tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção

que faça acordar os homens

e adormecer as crianças.

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POEMA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE.

PARA SEMPRE

Por que Deus permite

que as mães vão se embora?

Mãe não tem limite,

é tempo sem hora,

luz que não se apaga

quando sopra o vento

e chuva desaba,

veludo escondido

na pele enrugada,

água pura, ar puro,

puro pensamento.

Morrer acontece

com o que é breve e passa

sem deixar vestígio.

Mãe, na sua graça,

é eternidade.

Por que Deus se lembra

- mistério profundo -

de tirá-la um dia?

Fosse eu Rei do Mundo,

baixava uma lei:

Mãe não morre nunca,

mãe ficará sempre

junto de seu filho

e ele, velho embora,

será pequenino

feito grão de milho.

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POEMA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

POEMA DAS SETE FACES

Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.

O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrás dos óculos e do bigode.

(...)

Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo.

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POEMA FERREIRA GULLAR

TRADUZIR-SE

Uma parte de mim

é todo mundo:

outra parte é ninguém:

fundo sem fundo.

uma parte de mim

é multidão:

outra parte estranheza

e solidão.

Uma parte de mim

pesa, pondera:

outra parte

delira.

Uma parte de mim

é permanente:

outra parte

se sabe de repente.

Uma parte de mim

é só vertigem:

outra parte,

linguagem.

Traduzir-se uma parte

na outra parte

- que é uma questão

de vida ou morte -

será arte?

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POEMA FERREIRA GULLAR

Cantiga para não morrer

Quando você for se embora,

moça branca como a neve,

me leve.

Se acaso você não possa

me carregar pela mão,

menina branca de neve,

me leve no coração.

Se no coração não possa

por acaso me levar,

moça de sonho e de neve,

me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa

por tanta coisa que leve

já viva em seu pensamento,

menina branca de neve,

me leve no esquecimento.

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POEMA PAULO LEMINSKI

Poetas Velhos

Bom dia, poetas velhos.

Me deixem na boca

o gosto dos versos

mais fortes que não farei.

Dia vai vir que os saiba

tão bem que vos cite

como quem tê-los

um tanto feito também,

acredite.

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Eu já fiz chapéu de palha,

fiz bodoque, fiz cangalha,

carrapeta e birimbau,

fui menino presenteiro

correndo pelo terreiro

em meu cavalo de pau

Luís da Câmara Cascudo

com seu profundo estudo,

sobre o folclore tratou,

na cultura popular

foi o maior potiguar

que o Rio Grande criou

Contava tudo a miúdo

porque sabia de tudo,

conservava nos arquivos

populares tradições,

lendas e superstições

e costumes primitivos

Do folclore foi patrono,

ergueu ali o seu trono

com o dom que Deus lhe deu,

não há em nosso universo

quem possa dizer em verso

o que ele em prosa escreveu

Eu não tenho competência

para fazer referência

sobre o seu grande saber

falando de coisa antiga,

por mais que o poeta diga

falta ainda o que dizer

Acho ser ignorante,

muito ousado, petulante,

atrevido e linguarudo,

um matuto agricultor

falar sobre o professor

Luís da Câmara Cascudo

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Mãe: Poesia de Deusinha

Mãe, Rainha especial

O clone de Nossa Senhora

A musa que a gente adora

Tudo da nossa vida

Mãe é a mulher mais querida

Mais amiga mais capaz

Mais confiável, mais meiga

Mais perfeita ninguém faz.

A mãe é quem sofre mais

É quem conhece profundamente o amor

Ser mãe, é se doar e por o filho sentir a dor

É dar a própria vida pelo amor verdadeiro

Ser mãe, é responsabilizar-se primeiro

Por a família que é a razão do seu viver

A mãe é quem protege e dar carinho

E se dedica inteiramente a você.

É um orgulho um prazer

Escrever-te mãezinha amada

Sou uma privilegiada

Em hoje poder fazer

Versos pra te agradecer

Mamãe tesouro importante

Você é minha riqueza maior

É meu troféu de brilhante.

Sou feliz a todo instante

Por ter a sua bondade

Quero pra toda a eternidade

Seu amor, sua atenção

Mãezinha meu coração

Bate aplaudindo você

Por os milhões de motivos

Que ele tem a te agradecer.

Mãe, é impossível descrever

As suas virtudes boas

Você é aquela pessoa

Que nunca quero perder

Se infelizmente isso acontecer

A dor não vou suportar

Por isso quero ir contigo

Pra onde Deus te levar.

Deusinha Poetisa Popular de Córrego Apodi-RN

2006

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Quanta Saudade - William Guerra

Ainda está aqui, na minha memória enrugada,

As imagens daquela rua pequena e sem guarda-noturno,

Não carecia da vigilância alheia,

O costume era amizade, sossego e bondade.

Rua descalça onde enterrei minha infância inteira!

Quantas vezes, à sombra pelas calçadas,

Brincava encantado com os redemoinhos velozes,

Rodopiando feitos dançarinos na ponta do pé,

Carregando a sujidade da rua,

Alertando do pecado pela gula à sesta,

Sumindo no eito do mundo,

Deixando o vácuo como um buraco no tempo.

Rua cansada de tantos anos vividos,

Testemunha de traições e aparências enganosas,

De alegrias e festas, de amantes aos beijos,

Quando era noite de lua cheia,

Os clarões entortados pela ventania,

As sombras de fantasmas pelos lençóis de areia.

Rua sem mistério, que guardava as mágoas,

Que dava alento às ilusões...

Se soubesses falar, enquanto vivias,

Ó rua dos meus sonhos, o que dirias,

Para os que a habitavam sem vexame,

Acostumados com tuas manias?

As casas agarradas umas nas outras,

Assim querendo dizer que eram irmãs...

E eram todas as moradias de cumeeiras altas,

Com suas telhas feitas pestanas,

E a frente das casas era que nem olhos,

Olhando o mundo, olhando a vida de cada um.

Rua que parecia num sorriso eterno,

Nascida antigamente, envelhecida,

Mas nunca sem deixar o carinho,

A ternura, a sua proteção e o seu amor...

Hoje, olhando para ti, a mudança monstruosa,

Com asfalto, portões de ferro não se vêem mais seus tetos,

Nem pestanas e aqueles olhos hoje tão escuros,

Parecem cegos, acabou com a tua vida essa mudança,

Ó rua onde enterrei inteira a minha infância!