Olivia Correa 2014

download Olivia Correa 2014

of 84

description

ABNT Normas

Transcript of Olivia Correa 2014

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN

    OLVIA MARTINS FERREIRA CORRA

    AVALIAO DA RESISTNCIA A INCNDIO DE UMA TORRE DE TRANSMISSO

    DE ENERGIA

    CURITIBA

    2014

  • OLVIA MARTINS FERREIRA CORRA

    AVALIAO DA RESISTNCIA A INCNDIO DE UMA TORRE DE TRANSMISSO

    DE ENERGIA

    Trabalho Final de Curso apresentado como requisito parcial concluso do Curso de Engenharia Civil, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paran.

    Orientador: Prof. Dr. Marcos Arndt

    CURITIBA

    2014

  • TERMO DE APROVAO

    OLVIA MARTINS FERREIRA CORRA

    AVALIAO DA RESISTNCIA A INCNDIO DE UMA TORRE DE TRANSMISSO

    DE ENERGIA

    Trabalho Final de Curso apresentado como requisito parcial concluso do Curso

    de Engenharia Civil, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paran, pela

    seguinte banca examinadora:

    ______________________________________

    Prof. Dr. Marcos Arndt

    Orientador Departamento de Construo Civil, UFPR

    ______________________________________

    Prof. Dr. Marco Andr Argenta

    Departamento de Construo Civil, UFPR

    ______________________________________

    Prof. Dr. Luiz Alkimin de Lacerda

    Departamento de Arquitetura e Urbanismo, UFPR

    Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, LACTEC

    Curitiba, 25 de junho de 2014

  • AGRADECIMENTOS

    Deus, por tudo.

    Aos meus pais Fbio e Patrcia por todo amor, carinho e ateno. Agradeo

    pelo apoio que sempre recebi em todas as fases e escolhas da vida. minha irm

    Marlia pelo exemplo e incentivo a escrever este trabalho.

    Ao Victor, pelo amor e companheirismo durante todos os anos de graduao.

    Voc sempre esteve presente nos momentos difceis e alegres. Agradeo por estar

    ao meu lado sempre e para sempre.

    Aos meus padrinhos Estanislau e Beatriz que sempre me deram muito amor.

    Agradeo por tudo que vocs me ensinaram e me mostraram. Agradeo a todos os

    familiares que sempre estiveram presente.

    Mailyn e Dbora pela amizade e pacincia no convvio dirio durante os

    ltimos anos. Dani pela amizade e companheirismo durante o curso de

    Engenharia Civil. E a todas as amigas de infncia e pelas quais tenho muito carinho

    e saudade.

    Ao Prof. Marcos Arndt pela orientao, pacincia e disposio em ajudar em

    todos os momentos e etapas deste trabalho.

    Universidade Federal do Paran pela estrutura e conhecimento. A1

    Engenharia pelo suporte tcnico e incentivo pesquisa.

  • RESUMO

    O desenvolvimento de um pas depende da disponibilidade de energia eltrica. Essa transportada aos centros consumidores por meio de linhas de transmisso suportadas principalmente por torres metlicas. Muitas dessas torres colapsam por fatores relacionados ao clima, relevo ou falhas construtivas que levam interrupes no programadas no fornecimento de energia gerando danos e prejuzos. Queimadas causam interrupes no programadas no fornecimento de energia seja por danos nos cabos condutores ou pelo colapso das estruturas de suporte. O aumento da temperatura em uma estrutura causa reduo da sua resistncia mecnica, reduo da rigidez e o aparecimento de esforos solicitantes adicionais. Objetivou-se neste estudo determinar as temperaturas crticas das barras de uma torre de transmisso de suspenso tipo tronco-piramidal com 33,8 metros de altura localizada em Belo Horizonte, Minas Gerais segundo a norma NBR 14323 (2013) em funo dos esforos solicitantes gerados a partir da combinao de incndio das cargas permanentes e variveis atuantes. Os resultados apontaram que esforos de compresso ocasionam temperaturas criticas mais baixas quando comparados aos esforos de trao. Analisando-se a distribuio das temperaturas na estrutura pode-se concluir que as barras que compem os montantes tm temperaturas crticas menores, porm seria economicamente invivel a aplicao de sistemas de proteo passiva tendo em vista a grande quantidade de estruturas em um sistema eltrico.

    Palavras-chave: Estrutura metlica. Torre de transmisso. Incndio.

  • ABSTRACT

    The development of a country depends on the availability of electrical energy, which is transported to the consuming center through transmission lines supported mainly by metallic towers. Many of these towers may collapse due to weather, terrain or the construction failures, which lead to non-scheduled interruption of energy supply causing damage and losses. Wildfires causes non-scheduled interruptions in the energy supply either due to cable damage or collapse of the support structures. The increase in temperature in a structure causes reduction of its strength and stiffness and the appearance of additional loads. The objective of this study was to determined the critical temperature of the elements in a 33,8 meter tall pyramidal-frustum transmission tower located in Belo Horizonte, Minas Gerais, according to the NBR 14323 code (2013), in relation to the forces generated from the load combination for fire conditions.of the dead and live loads. Results showed that compressive stresses cause lower critical temperatures when compared to traction stresses. Analyzing the temperature distribution in the structure can be concluded that the bars that make up the amounts have lower critical temperatures, but it would be uneconomical to apply passive protection systems in view of the large number of structures in a electrical system.

    Key-words: Steel structures. Transmission tower. Fire.

  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 PRINCIPAIS ELEMENTOS DAS LINHAS DE TRANSMISSO ........... 16

    FIGURA 2 SEES TRANSVERSAIS DOS CABOS CONDUTORES ACSR ....... 17

    FIGURA 3 TIPOS DE ISOLADORES. (A) PINO. (B) PILAR OU COLUNA. (C) DE

    SUSPENSO MONOCORPO. (D) SUSPENSO DE DISCO.................. 19

    FIGURA 4 (A) DISPOSIO HORIZONTAL DOS CONDUTORES; (B)

    DISPOSIO VERTICAL; (C) DISPOSIO TRIANGULAR .................. 21

    FIGURA 5 (A) ESTRUTURA AUTO-PORTANTE; (B) ESTRUTURA ESTAIADA .. 23

    FIGURA 6 CLASSIFICAO DAS TORRES QUANTO AO FORMATO. (A)

    TRONCO PIRAMIDAL DE CIRCUITO SIMPLE; (B) TRONCO PIRAMIDAL

    DE CIRCUITO DUPLO; (C) DELTA; (D) DELTA (CARA DE GATO); (E)

    ESTAIADA ................................................................................................ 24

    FIGURA 7 COEFICIENTE DE ARRASTO Ca PARA TORRES RETICULADAS DE

    SEO QUADRADA FORMADAS POR BARRAS PRISMTICAS DE

    CANTOS VIVOS OU LEVEMENTE ARREDONDADOS .......................... 34

    FIGURA 8 INCNDIO EM TORRE DE TRANSMISSO ....................................... 38

    FIGURA 9 CURVA TEMPERATURA-TEMPO DE UM INCNDIO ........................ 40

    FIGURA 10 CURVA INCNDIO PADRO ............................................................. 42

    FIGURA 11 CURVA INCNDIO NATURAL ........................................................... 43

    FIGURA 12 TEMPERATURA DO AO EM FUNO DO FATOR DE

    MASSIVIDADE ......................................................................................... 45

    FIGURA 13 MONTANTES DA TORRE COMPOSTO POR CANTONEIRAS DE

    AO ASTM A572 ..................................................................................... 55

    FIGURA 14 PESO PRPRIO DA ESTRUTURA APLICADO COMO CARGA

    NODAL ..................................................................................................... 57

    FIGURA 15 PESO PRPRIO DOS CABOS .......................................................... 58

  • FIGURA 16 ESTRUTURA DIVIDIDA EM MDULOS PARA CLCULO DAS

    FORAS DEVIDAS AO VENTO .............................................................. 59

    FIGURA 17 FORAS DEVIDAS AO VENTO APLICADAS COMO CARGAS

    NODAIS NAS DIREES X1 E X3 .......................................................... 60

    FIGURA 18 EXEMPLO DO TRECHO DA TORRE EM QUE OS MONTANTES

    NO FORAM ROTULADOS..................................................................... 64

    FIGURA 19 FLUXOGRAMA DA ANLISE NO SOFTWARE STRAP .................... 65

    FIGURA 20 POSIO DOS GRUPOS DE BARRAS ESTUDADAS NA

    ESTRUTURA............................................................................................ 67

    FIGURA 21 TEMPERATURA CRTICA DAS BARRAS DA TORRE DE

    TRANSMISSO ....................................................................................... 76

    FIGURA 22 TEMPERATURA DO AO COM E SEM PROTEO TRMICA ...... 78

  • LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 COEFICIENTES DE PONDERAO PARA COMBINAES

    NORMAIS NO ELU .................................................................................. 29

    TABELA 2 FATORES DE REDUO DAS AES NO ELU ................................ 29

    TABELA 3 FATORES DE REDUO DAS AES NO ELS ................................ 30

    TABELA 4 COEFICIENTE DE ARRASTO ............................................................. 35

    TABELA 5 INTERRUPES NO FORNECIMENTO DE ENERGIA

    OCASIONADAS PELO FOGO NO BRASIL ............................................. 39

    TABELA 6 FATOR DE REDUO DA RESISTNCIA AO ESCOAMENTO DO

    AO .......................................................................................................... 51

    TABELA 7 FATOR DE REDUO PARA A RESISTNCIA AO ESCOAMENTO

    DE SEES SUJEITAS FLAMBAGEM LOCAL ................................... 52

    TABELA 8 CANTONEIRAS E OS TIPOS DE AOS ............................................. 55

    TABELA 9 ESPECIFICAES DOS CABOS ........................................................ 56

    TABELA 10 CLCULO DAS FORAS DEVIDAS AO VENTO NA

    ESTRUTURAAPLICADAS NA DIREO X1 ........................................... 61

    TABELA 11 - CLCULO DAS FORAS DEVIDAS AO VENTO NA ESTRUTURA

    APLICADAS NA DIREO X3 ................................................................. 61

    TABELA 12 CLCULO DAS FORAS DEVIDAS AO VENTO NOS CABOS

    APLICADAS NA DIREO X3 ................................................................. 62

    TABELA 13 EXEMPLO DE APLICAO BARRA TIPO 54 ................................... 66

    TABELA 14 RESISTNCIA DO PERFIL L 76,2 X 6,36 TRAO EM SITUAO

    DE INCNDIO .......................................................................................... 68

    TABELA 15 RESISTNCIA DO PERFIL L 76,2 X 6,36 COMPRESSO EM

    SITUAO DE INCNDIO ....................................................................... 71

  • TABELA 16 CLCULO DA TEMPERATURA CRTICA DA ESTRUTURA ............. 72

    TABELA 17 EXEMPLO EM QUE O EFEITO DE COMPRESSO A SITUAO

    CRTICA ................................................................................................... 75

  • SUMRIO

    1 INTRODUO .................................................................................................... 13

    1.1 OBJETIVOS ...................................................................................................... 14

    1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................. 14

    1.1.2 Objetivos especficos ..................................................................................... 14

    2 LINHAS DE TRANSMISSO .............................................................................. 16

    2.1 CABOS CONDUTORES E CABOS PARA-RAIOS ........................................... 17

    2.2 ESTRUTURAS ISOLANTES ............................................................................ 18

    2.3 ESTRUTURAS DE SUPORTE ......................................................................... 20

    2.3.1 Classificao das estruturas .......................................................................... 22

    2.4 FUNDAES ................................................................................................... 25

    2.5 ATERRAMENTOS ............................................................................................ 25

    3 CARREGAMENTOS ATUANTES EM TORRES DE TRANSMISSO ............... 26

    3.1 AES PERMANENTES ................................................................................. 26

    3.2 AES VARIVEIS ......................................................................................... 26

    3.3 AES EXCEPCIONAIS ................................................................................. 27

    3.4 ESTADOS LIMITES .......................................................................................... 27

    3.5 HIPTESES DE CLCULO ............................................................................. 28

    3.5.1 Dimensionamento .......................................................................................... 28

    3.5.2 Situao de incndio...................................................................................... 31

    4 VENTO ................................................................................................................ 33

    4.1 FORAS DEVIDAS AO VENTO NA ESTRUTURA DA TORRE ...................... 34

    4.2 FORAS DEVIDAS AO VENTO NOS CABOS ................................................ 35

  • 4.3 ANLISE DINMICA ........................................................................................ 36

    5 INCNDIO ........................................................................................................... 38

    5.1 INCNDIO-PADRO ........................................................................................ 41

    5.2 INCNDIO NATURAL....................................................................................... 43

    5.3 TEMPERATURA ATUANTE E TEMPERATURA CRTICA .............................. 44

    5.4 CAPACIDADE RESISTENTE DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE AO .. 45

    5.4.1 Barras tracionadas ......................................................................................... 46

    5.4.2 Barras comprimidas ....................................................................................... 47

    5.5 SISTEMAS DE PROTEO PASSIVA ............................................................ 52

    5.5.1 Argamassas projetadas ................................................................................. 53

    5.5.2 Argamassa de vermiculita .............................................................................. 53

    5.5.3 Tintas intumescentes ..................................................................................... 53

    6 METODOLOGIA .................................................................................................. 54

    6.1 ESPECIFICAES DO PROJETO .................................................................. 54

    6.1.1 Geometria ...................................................................................................... 54

    6.1.2 Cabos ............................................................................................................ 56

    6.2 CARREGAMENTOS ......................................................................................... 56

    6.2.1 Aes permanentes diretas ........................................................................... 56

    6.2.2 Aes variveis .............................................................................................. 58

    6.2.3 Aes trmicas .............................................................................................. 63

    6.3 COMBINAO DE CLCULO ......................................................................... 63

    6.4 SOFTWARE STRAP......................................................................................... 64

    6.5 PROCEDIMENTO DE CLCULO DA TEMPERATURA CRTICA ................... 66

    6.5.1 Temperatura crtica para a trao .................................................................. 68

    6.5.2 Temperatura crtica para a compresso ........................................................ 69

  • 6.5.3 Temperatura crtica ........................................................................................ 71

    7 RESULTADOS E DISCUSSO .......................................................................... 72

    8 CONCLUSO ...................................................................................................... 79

    REFERNCIAS ......................................................................................................... 80

  • 13

    1 INTRODUO

    O desenvolvimento de um pas depende da disponibilidade de energia para

    atender a demanda existente, a demanda futura e ainda permitir o crescimento

    industrial. A energia eltrica produzida transportada aos centros consumidores por

    meio de linhas de transmisso (HENRIQUES, 2006). O Sistema Interligado Nacional

    (SIN) responsvel pela produo e transmisso de 96,6% da energia eltrica no

    Brasil. um sistema de grande porte com predominncia de usinas hidreltricas e

    mltiplos proprietrios (ONS, 2013).

    Segundo a Companhia Paranaense de Energia (COPEL, 2009 citado por

    WAZEN, 2011), nos ltimos 60 anos de operao do sistema de transmisso do

    Paran, foram registradas quedas de mais de 150 torres de estruturas metlicas

    devido a diversos fatores associados ao clima, relevo ou falhas construtivas.

    As interrupes no programadas no fornecimento de energia causam

    prejuzos populao pela indisponibilidade de alimentos e servios ou por queima

    de equipamentos. Causam ainda a reduo do lucro da concessionria e despesas

    com a construo de novas estruturas, lanamento de cabos, materiais e mo-de-

    obra, necessrios para realizar a manuteno (WAZEN, 2011).

    As estruturas das linhas de transmisso esto expostas a riscos associados

    ao meio ambiente. Segundo Cesar Ribeiro Zani, diretor de Operao de Furnas, as

    queimadas so uma das principais causas de interrupes no fornecimento de

    energia (KRGER, 2012). Essas podem ser causadas por curto-circuito, pois o fogo

    altera as caractersticas de isolamento do ar ou ainda por danos nos cabos e torres

    causados pelo calor excessivo, podendo ocasionar a queda das torres (COPEL,

    2013).

    O aumento da temperatura em uma estrutura causa reduo da resistncia,

    reduo da rigidez e o aparecimento de esforos solicitantes adicionais. A ao

    trmica ocorre por meio do fluxo de calor, por radiao e por conveco provocada

    pela diferena de temperatura entre os gases do ambiente e as partes da estrutura

    (SILVA, 2001). No caso das linhas de transmisso, a queda de uma estrutura de

  • 14

    suporte causa o rompimento de cabos de energia ou faz com que ocorra um curto

    circuito fase-terra devido ao contato dos cabos com o corpo da estrutura ou com o

    solo (WAZEN, 2011).

    Tendo em vista que o fogo pode ocasionar a queda de uma estrutura de

    suporte, causando a interrupo no fornecimento de energia importante determinar

    a resistncia ao fogo das torres de transmisso. Neste trabalho foram determinadas

    as temperaturas crticas dos elementos que compem uma torre de transmisso

    adotada a partir dos esforo solicitantes axiais, obtidos a partir da analise estrutural

    realizada no software STRAP.

    1.1 OBJETIVOS

    1.1.1 Objetivo geral

    O objetivo geral deste trabalho avaliar a resistncia ao fogo de uma torre

    metlica de linha de transmisso de energia por meio da determinao da

    temperatura crtica .

    1.1.2 Objetivos especficos

    Para que se possa alcanar o objetivo geral, constam como objetivos

    especficos:

    Desenvolver o modelo tridimensional de uma torre de transmisso adotada

    como objeto de estudo;

  • 15

    Aplicar carregamentos, condies de contorno e fazer a anlise estrutural

    em um programa computacional;

    Extrair os esforos axiais solicitantes das barras da estrutura;

    Determinar as temperaturas crticas dos elementos estruturais da torre.

  • 16

    2 LINHAS DE TRANSMISSO

    No Brasil, a primeira linha de transmisso de que se tem registro foi

    construda por volta de 1883 em Diamantina, Minas Gerais. Tinha o objetivo de

    transportar por aproximadamente dois quilmetros a energia produzida em uma

    pequena usina hidreltrica para acionar bombas hidrulicas de uma mina de

    diamantes (SAVELLI, 1960 citado por LABEGALINI et al, 1992).

    Com o progresso, a demanda da energia eltrica foi crescente e isso causou

    uma constante ampliao das instalaes, exigindo a compra de novos e mais

    potentes equipamentos que poderiam operar com tenses mais altas. Dessa forma,

    surgiu a necessidade de padronizar as tenses de operao dos equipamentos e

    das instalaes das concessionrias (LABEGALINI et al, 1992).

    Segundo Labegalini et al(1992) os sistemas de transmisso podem ser em

    corrente alternada (CA) ou corrente contnua (CC), sendo o primeiro mais comum. O

    sistema brasileiro transmite tenses de 69 kV, 88 kV, 138 kV, 230 kV, 345 kV, 525

    kV e 750 kV (WAZEN, 2011).

    O transporte da energia por linhas de transmisso tem o carter de

    prestao de servio em um sistema eltrico e por isso deve ter desempenho

    eficiente, confivel e econmico. Seu desempenho est diretamente relacionado

    com as caractersticas de seus componentes e com sua configurao geomtrica

    (LABEGALINI et al, 1992). A seguir so descritos os principais elementos

    componentes das linhas de transmisso (FIGURA 1).

    FIGURA 1 PRINCIPAIS ELEMENTOS DAS LINHAS DE TRANSMISSO

    FONTE: LABEGALINI et al (1992).

  • 17

    2.1 CABOS CONDUTORES E CABOS PARA-RAIOS

    Os condutores so guias dos campos eltricos e magnticos. Seu

    dimensionamento decisivo na limitao das perdas de energia. Essas perdas so

    controladas pela escolha de condutores com rea da seo transversal coerente

    com a corrente conduzida e tambm pela escolha do material que deve ter

    resistividade compatvel (LABEGALINI et al, 1992).

    Os condutores devem ser tambm dimensionados para os esforos

    mecnicos a que sero solicitados. Esses devem resistir a vibraes induzidas pelo

    vento que podem causar a ruptura por fadiga e a foras axiais que variam com

    mudanas das condies ambientais. Por exemplo, a queda de temperatura provoca

    aumento nas traes e o vento incidindo sobre a superfcie dos condutores exerce

    uma presso sobre os mesmos que se traduz em aumento na trao axial

    (LABEGALINI et al, 1992).

    Os condutores so constitudos por cabos obtidos pelo encordoamento de

    fios metlicos que podem ou no ter o mesmo dimetro, e que podem ser do mesmo

    material ou de materiais diferentes desde que sejam compatveis eletroliticamente

    entre si (LABEGALINI et al, 1992). Os cabos condutores do tipo ACSR so cabos

    com um ncleo de ao galvanizado slido ou em cordoalha envolvido por uma ou

    mais camadas de fios de alumnio duro (1350-H19) cujas sees transversais so

    mostradas na FIGURA 2 (HESTERLEE et al, 1996).

    FIGURA 2 SEES TRANSVERSAIS DOS CABOS CONDUTORES ACSR

    FONTE: HESTERLEE et al (1996)

  • 18

    Os cabos so especificados pelo seu dimetro nominal que corresponde

    soma das reas das sees transversais dos fios metlicos que compem os cabos.

    Existe uma padronizao de medidas e composies dos cabos, no Brasil foi

    adotada a escala American Wire Gauge (AWG) (LABEGALINI et al, 1992).

    O principal metal empregado na fabricao dos cabos o alumnio. Esse

    usado em sua forma pura, em liga com outros elementos ou associado com o ao.

    Essas ltimas duas formas so usadas para aumentar a resistncia mecnica do

    alumnio, apesar de ser rara a ruptura por excesso de trao, pois so usados altos

    fatores de segurana no dimensionamento (2,5 a 3) a fim de evitar, por exemplo, a

    ruptura provocada pelas vibraes induzidas pelo vento (LABEGALINI et al, 1992).

    Temperaturas elevadas tm grande influncia no comportamento mecnico

    dos condutores. Para cada tipo de cabo existe um valor limite de temperatura

    mxima para operar em regime permanente sem que haja perda de resistncia

    mecnica. Esses limites so fixados entre 70C e 85C para cabos de alumnio (CA),

    cabos de alumnio com alma de ao (CAA) e cabos de liga alumnio (CAL). Porm,

    temperaturas mais elevadas, de at 100C podem ser toleradas por curto intervalos

    de tempo em condies emergenciais, como por exemplo, uma situao de incndio

    (THE ALUMINUM ASSOCIATION, 1971 citado por LABEGALINI et al, 1992).

    Os cabos para-raios so usados para interceptar as descargas atmosfricas

    e evitar que atinjam os condutores, reduzindo as chances de ocorrerem interrupes

    no programadas no fornecimento de energia. Esses cabos so suspensos na parte

    mais alta das estruturas e sua altura determinada pelo ngulo de cobertura, que

    quanto menor for mais eficiente a proteo (LABEGALINI et al, 1992).

    2.2 ESTRUTURAS ISOLANTES

    Os cabos condutores devem ser isolados eletricamente dos suportes e do

    solo. Nas linhas areas o isolamento feito basicamente pelo ar e por elementos

    isolantes feitos de material dieltrico. O dimensionamento desses elementos feito

  • 19

    em funo da amplitude e da durao das solicitaes eltricas a que so

    submetidos (LABEGALINI et al, 1992). Alm das solicitaes eltricas, os isoladores

    so submetidos a esforos mecnicos que devem atender os limites recomendados

    pela norma ABNT NBR 5422 (1985).

    Os elementos isolantes podem ser de porcelana vitrificada, vidro temperado

    ou de material sinttico composto. O vidro temperado tem o menor custo de

    fabricao, desempenho satisfatrio e facilidade de manuteno, a desvantagem

    desse material que devido ao tratamento trmico dado para aumentar sua

    resistncia, criado um estado de tenses que o deixa frgil (LABEGALINI et al,

    1992).

    Existem basicamente trs tipos de isoladores: de pino, tipo pilar (ou coluna)

    e de suspenso (monocorpo ou de disco) mostrados na FIGURA 3. Esses se

    diferem entre si pelo tipo de material, pela forma de fixao na estrutura e pela

    intensidade de carga que podem resistir. O nmero de isoladores em uma cadeia

    determinado em funo da tenso das linhas e do nmero de dias por ano que so

    registradas descargas atmosfricas na regio (LABEGALINI et al, 1992).

    FIGURA 3 TIPOS DE ISOLADORES. (A) PINO. (B) PILAR OU COLUNA. (C) DE SUSPENSO MONOCORPO. (D) SUSPENSO DE DISCO

    FONTE: LABEGALINI et al (1992).

  • 20

    2.3 ESTRUTURAS DE SUPORTE

    As estruturas de suporte podem ser fabricadas em metal, concreto armado

    ou madeira. As estruturas metlicas so mais utilizadas, essas permitem uma

    grande variedade de tipos e formas estruturais. Dos metais, os mais usados so ao

    carbono comum e de alta resistncia (LABEGALINI et al, 1992).

    As estruturas de suporte tm duas funes principais nas linhas de

    transmisso. A primeira garantir as distncias de segurana recomendadas pela

    ABNT NBR 5422 (1985) de afastamentos mnimos entre os condutores energizados

    e qualquer outra parte integrante da linha de transmisso. A segunda funo

    transmitir as foras solicitantes ao terreno pela fundao. Dessa forma, o

    dimensionamento de uma estrutura de suporte de linha de transmisso deve ser

    feito em funo das solicitaes mecnicas e da capacidade eltrica transmitida

    (LABEGALINI et al, 1992).

    Segundo Labegalini et al (1992) as dimenses das estruturas de suporte

    dependem do comprimento das cadeias de isoladores, da flecha mxima dos cabos

    condutores e da altura de segurana necessria. Alm desses fatores, a disposio

    dos condutores na estrutura influencia diretamente sua altura e esses podem ser

    dispostos de trs formas diferentes:

    Disposio em plano ou lenol horizontal, em que as estruturas so

    menores (FIGURA 4 (A));

    Disposio em plano ou lenol vertical, em que as estruturas so mais altas,

    porm a largura das faixas de servido1 menor (FIGURA 4 (B));

    Disposio triangular, em que as estruturas tm altura intermediaria entre

    as duas disposies anteriores (FIGURA 4 (C));

    1Faixa de servido a rea de terreno que se estende ao longo de toda a linha de transmisso e tem

    restries quanto a sua utilizao (COPEL, 2014).

  • 21

    FIGURA 4 (A) DISPOSIO HORIZONTAL DOS CONDUTORES; (B) DISPOSIO VERTICAL; (C) DISPOSIO TRIANGULAR

    FONTE: GONTIJO (1994)

    As torres de transmisso so em sua maioria, estruturas metlicas

    treliadas. uma soluo verstil que viabiliza a execuo de grandes estruturas,

    resolvendo problemas de altura, carregamentos e distncias. Essas estruturas so

    normalizadas pelas concessionrias e compem famlias que atendem aos casos

    mais comuns de classes de tenses (LABEGALINI et al, 1992).

    A estrutura treliada normalmente projetada em mdulos que podem ser

    acrescentados ou retirados da estrutura bsica. Existe tambm a possibilidade de

    variaes nos apoios da estrutura conforme a topografia do terreno. Dessa forma o

    nmero de elementos normalizados em uma famlia de estruturas extenso e livre

    o projeto de novas arquiteturas que atendam s situaes especificas viabilizando a

    aplicao desse tipo de estrutura na maioria das situaes (LABEGALINI et al,

    1992).

  • 22

    2.3.1 Classificao das estruturas

    As torres so classificadas quanto sua funo estrutural em basicamente

    trs tipos (ARGENTA, 2007; LABEGALINI et al, 1992):

    Torres terminais: constituem os suportes no incio e no fim da linha. Tm

    como objetivo manter os cabos esticados. So os suportes mais solicitados

    sendo assim os mais reforados (LABEGALINI et al, 1992);

    Torres de ancoragem: semelhantes s torres terminais, so posicionadas

    entre elas e travam os cabos de uma determinada seo, tm o objetivo dar

    maior rigidez linha e so usadas para mudar a direo de uma linha de

    transmisso (ARGENTA, 2007);

    Torres de suspenso: sustentam os cabos condutores e os cabos para-

    raios (GONTIJO, 1994). So dimensionadas para resistir aos esforos

    verticais devido ao peso prprio dos cabos e acessrios (LABEGALINI et al,

    1992). Esse tipo de torre maioria em uma linha de transmisso e por isso

    importante que sua estrutura seja barata e eficiente (ARGENTA, 2007).

    Segundo Labegalini et al (1992) as estruturas so classificadas em dois

    grupos quanto a forma de transferir os esforos solicitantes ao solo:

    Autoportantes: a estrutura dimensionada para suportar todo o esforo

    solicitante e transmitir suas componentes verticais e horizontais rea de

    solo na qual est apoiada (FIGURA 5 (A)) (LABEGALINI et al, 1992;

    WAZEN, 2011).

    Estaiadas: so empregados estais para absorver os esforos horizontais

    transversais e longitudinais. Os estais fixados no solo aumentam a

    quantidade de pontos de apoio da estrutura e melhoram a distribuio dos

  • 23

    esforos mecnicos. (FIGURA 5 (B)) (LABEGALINI et al, 1992; WAZEN,

    2011).

    FIGURA 5 (A) ESTRUTURA AUTO-PORTANTE. (B) ESTRUTURA ESTAIADA

    FONTE: LABEGALINI et al (1992)

    Segundo Gontijo (1994) as estruturas podem ser classificadas quanto ao

    seu formato em:

    Tronco piramidal de circuito simples (FIGURA 6 (A));

    Tronco piramidal de circuito duplo (FIGURA 6 (B));

    Delta (FIGURA 6 (C));

    Delta (cara de gato) (FIGURA 6 (D));

    Estaiada (FIGURA 6 (E)).

  • 24

    FIGURA 6 CLASSIFICAO DAS TORRES QUANTO AO FORMATO. (A) TRONCO PIRAMIDAL DE CIRCUITO SIMPLE; (B) TRONCO PIRAMIDAL DE CIRCUITO DUPLO; (C)

    DELTA; (D) DELTA (CARA DE GATO); (E) ESTAIADA

    FONTE: GONTIJO (1994).

  • 25

    2.4 FUNDAES

    O dimensionamento das fundaes das torres de transmisso feito em

    funo das caractersticas geotcnicas do terreno e das cargas suportadas pela

    estrutura. O projeto de fundao de cada torre de uma linha de transmisso consiste

    em um estudo especfico, pois o solo de um terreno pode variar consideravelmente

    ao longo de um trecho e o tipo de torre tambm determinante no dimensionamento

    (LABEGALINI et al, 1992). Os principais tipos de fundaes usados para torres de

    linhas de transmisso so: grelha metlica, sapata com stub e tubulo com stub

    (GONTIJO, 1994).

    2.5 ATERRAMENTOS

    As estruturas de suporte devem ser aterradas para ter o desempenho

    desejado e aumentar a segurana de terceiros (ABNT, 1985). Os sistemas de

    aterramento podem ser constitudos por fios aterrados na horizontal a pequena

    profundidade (contrapesos), por hastes cravadas na vertical ou ainda pela

    combinao dos dois. A escolha entre esses sistemas depende principalmente das

    caractersticas do solo (ELETROBRS, 1984).

  • 26

    3 CARREGAMENTOS ATUANTES EM TORRES DE TRANSMISSO

    No dimensionamento estrutural so consideradas todas as aes que

    podem produzir efeitos sobre a estrutura, levando-se em conta os estados-limites

    ltimos e de servio (ABNT, 2008). De acordo com a norma ABNT NBR 8681

    (2003), essas aes so classificadas em permanentes, variveis e excepcionais,

    como detalhado a seguir.

    3.1 AES PERMANENTES

    Aes permanentes so aquelas com valores praticamente constantes

    durante a vida til da estrutura. So subdivididas em diretas e indiretas. As

    permanentes diretas so constitudas pelo peso prprio da estrutura, dos elementos

    construtivos fixos e das instalaes permanentes. As indiretas so, por exemplo, as

    deformaes causadas pelos deslocamentos dos apoios e imperfeies geomtricas

    da estrutura (ABNT, 2008). Nas torres de transmisso as aes permanentes diretas

    so o peso prprio da estrutura, dos cabos e dos acessrios como os isoladores.

    3.2 AES VARIVEIS

    Aes variveis so consideradas quando ocorrem com valores que causam

    variaes significativas durante a vida til da estrutura. Nas torres de transmisso,

    essas aes so principalmente representadas pela ao do vento e pequenas

    variaes da temperatura ambiente da estrutura (ABNT, 2008).

  • 27

    3.3 AES EXCEPCIONAIS

    Aes excepcionais so aquelas que tm durao extremamente curta e

    probabilidade baixa de ocorrer durante a vida til da estrutura. Essas aes so

    causadas por exploses, choques de veculos, incndios, enchentes e sismos.

    Essas podem ou no ser consideradas nos projetos estruturais (ABNT, 2008).

    3.4 ESTADOS LIMITES

    A norma ABNT NBR 8681 (2003) fixa os requisitos exigveis na verificao

    da segurana de estruturas da construo civil, estabelece definies e critrios de

    quantificao das aes e das resistncias a serem consideradas em um projeto.

    Define ainda que o estado limite de uma estrutura aquele a partir do qual a

    estrutura apresenta desempenho inadequado s finalidades da construo.

    Os estados limites podem ser ltimos ou de servio. Se ocorrerem os

    estados limites ltimos o uso da construo paralisado em parte ou totalmente,

    esse usado para dimensionar a estrutura. J a ocorrncia dos estados limites de

    servio, causam efeitos estruturais que no respeitam as condies de uso normal

    da construo ou que so indcios de comprometimento da durabilidade da

    estrutura. Esse estado limite usado para verificar a estrutura dimensionada (ABNT,

    2003).

    Para a verificao da segurana em relao aos estados limites, para cada

    tipo de carregamento devem ser consideradas todas as combinaes de aes que

    possam acarretar os efeitos mais desfavorveis nas sees crticas da estrutura. As

    aes permanentes so consideradas em sua totalidade. As aes variveis so

    consideradas apenas com parcelas que produzem efeitos desfavorveis nas

    posies tambm desfavorveis para a segurana. As aes em cada uma das

  • 28

    combinaes so multiplicadas pelos respectivos coeficientes de ponderao

    (ABNT, 2003).

    3.5 HIPTESES DE CLCULO

    Durante a vida til de uma linha de transmisso, ocorrem situaes de

    carregamento mecnico que variam em funo da potncia transmitida, de

    condies climticas ou de situaes anormais. Dados sobre as condies

    climticas, como variaes na temperatura e velocidades mximas dos ventos so

    obtidos em postos de observao meteorolgica. Esses so quantificados por

    processos estatsticos e probabilsticos (LABEGALINI et al, 1992).

    3.5.1 Dimensionamento

    Segundo a norma NBR 8800 (2008) as aes devem ser ponderadas pelo

    coeficiente , dado por:

    (1)

    onde:

    a parcela do coeficiente de ponderao das aes que considera a

    variabilidade das aes;

    a parcela do coeficiente de ponderao das aes que considera a

    simultaneidade de atuao das aes;

  • 29

    a parcela que considera possveis erros de avaliao dos efeitos das

    aes. Esses erros podem ocorrer por problemas construtivos ou por deficincia do

    mtodo de clculo usado.

    3.5.1.1 Coeficiente de ponderao das aes no estado-limite ltimo (ELU)

    O produto representado por para aes permanentes e por

    para aes variveis (TABELA 1). O coeficiente igual ao fator de combinao

    (TABELA 3).

    TABELA 1 COEFICIENTES DE PONDERAO PARA COMBINAES NORMAIS NO ELU

    Aes Desfavorveis Favorveis

    Aes Permanentes

    Diretas

    Peso prprio de estruturas metlicas

    ( )

    1,25 1,00

    Peso prprio de elementos construtivos em geral e

    equipamentos

    ( )

    1,50 1,00

    Aes Variveis Ao do Vento

    ( ) 1,40 -

    FONTE: ABNT (2008).

    TABELA 2 FATORES DE REDUO DAS AES NO ELU

    Presso dinmica do vento nas estruturas 0,6

    FONTE: ABNT (2008).

  • 30

    Devem ser consideradas tantas combinaes quantas forem necessrias

    para verificao das condies de segurana para os estados-limites ltimos. A

    equao que combina os efeitos dada por:

    ( )

    (2)

    em que:

    so os valores caractersticos das aes permanentes;

    o valor caracterstico da ao varivel considerada como principal

    para a combinao;

    so os valores caractersticos da aes variveis que podem atuar

    simultaneamente com a ao varivel principal.

    Se considerada apenas a ao do vento como ao varivel, a equao (2)

    pode ser rescrita como:

    ( ) (3)

    3.5.1.2 Coeficiente de ponderao e fatores de reduo das aes no

    estado-limite de servio (ELS)

    Segundo a norma NBR 8800 (2008), em geral o coeficiente de ponderao

    das aes ( ) para o ELS igual a 1,0 e os fatores de reduo das aes de vento

    esto na TABELA 3.

    TABELA 3 FATORES DE REDUO DAS AES NO ELS

    Presso dinmica do vento nas estruturas 0,3 0

    FONTE: ABNT (2008).

  • 31

    So trs as combinaes de aes para o Estado Limite de Servio:

    Combinaes quase permanentes de servio

    (4)

    Combinaes frequentes de servio

    (5)

    Combinaes raras de servio

    (6)

    em que:

    so os valores caractersticos das aes permanentes;

    o valor caracterstico da ao varivel considerada como principal

    para a combinao;

    so os valores caractersticos da aes variveis que podem atuar

    simultaneamente com a ao varivel principal.

    3.5.2 Situao de incndio

    A probabilidade de ocorrer um incndio durante a vida til de uma estrutura

    pequena e, se ocorrer, sua durao curta comparada a vida til. Portanto, no h

    a necessidade de combinar o efeito da ao trmica com valores majorados de

    sobrecarga e fora de vento, que so aes variveis sobre a estrutura (SILVA,

    2001).

    Segundo a norma NBR 14323 (2013) a combinao das aes para os

    estados limites ltimos em situao de incndio para barras de estruturas em que o

  • 32

    nico esforo varivel solicitante decorrente da ao do vento, alm de seu peso

    prprio e de eventuais aes trmicas dada por:

    (7)

    em que:

    o valor do coeficiente de ponderao para as aes permanentes

    diretas, sendo igual a 1,0 para aes permanentes favorveis segurana e igual a

    1,20 para aes permanentes desfavorveis em edificaes onde as aes variveis

    decorrentes do uso e ocupao no superam 5 kN/m;

    o valor caracterstico das aes permanentes diretas;

    o valor caracterstico das aes trmicas decorrentes do incndio;

    o valor caracterstico das aes devidas ao vento.

  • 33

    4 VENTO

    Segundo a norma ABNT NBR 6123 (1988) em um vento natural, o mdulo e

    a orientao da velocidade instantnea do ar apresentam variaes em torno de

    uma velocidade mdia. Essa velocidade mdia permanece constante por um

    perodo de tempo produzindo efeitos estticos nas edificaes.

    As foras estticas devidas ao vento so determinadas pela NBR 6123

    (1988) em funo da velocidade bsica do vento ( ) que multiplicada pelos

    fatores (fator topogrfico que leva em considerao as variaes do relevo do

    terreno); (considera a influncia da rugosidade do terreno, das dimenses da

    edificao ou parte dessa, e de sua altura sobre o terreno) e (fator baseado em

    conceitos probabilsticos) para se obter a velocidade caracterstica do vento ( ) e a

    presso dinmica ( ),dadas por:

    (8)

    (9)

    A soma vetorial das foras do vento que atuam sobre uma estrutura

    denominada segundo a NBR 6123 (1988) como fora global do vento e a

    componente dessa fora global na direo do vento a fora de arrasto ( ) dada

    por:

    (10)

    em que o coeficiente de arrasto e a rea frontal efetiva que consiste na

    rea de projeo ortogonal da estrutura sobre um plano perpendicular direo do

    vento.

  • 34

    4.1 FORAS DEVIDAS AO VENTO NA ESTRUTURA DA TORRE

    Torres de transmisso autoportantes, como a que analisada neste

    trabalho, so em geral reticuladas de seo quadrada segundo a classificao da

    NBR 6123 (1988). O coeficiente de arrasto ( ) determinado por meio da FIGURA

    7 em funo do ndice de rea exposta (), que corresponde rea frontal efetiva

    ( ) de um reticulado divida pela rea frontal da superfcie limitada pelo contorno do

    mesmo ( ). A torre ento subdividida em partes e para cada uma dessas

    calculada a correspondente fora de arrasto.

    FIGURA 7 COEFICIENTE DE ARRASTO Ca PARA TORRES RETICULADAS DE SEO QUADRADA FORMADAS POR BARRAS PRISMTICAS DE CANTOS VIVOS OU

    LEVEMENTE ARREDONDADOS

    FONTE: ABNT NBR 6123 (1988).

  • 35

    4.2 FORAS DEVIDAS AO VENTO NOS CABOS

    Segundo a norma NBR 6123 (1988), a influncia da fora esttica do vento

    perpendicular aos fios e cabos da linha de transmisso determinada pela fora de

    arrasto ( ) por meio de:

    (11)

    em que

    a presso dinmica do vento;

    o comprimento do cabo;

    o dimetro do crculo circunscrito da seo do cabo;

    o coeficiente de arrasto determinado por meio da TABELA 4 em

    funo das caractersticas dos cabos e do regime do fluxo, por meio do nmero de

    Reynolds ( ) dado por:

    (12)

    Sendo a velocidade caracterstica do vento (em m/s) e o dimetro do crculo

    circunscrito da seo do cabo (em m).

    TABELA 4 COEFICIENTE DE ARRASTO

    Regime do Fluxo

    (Re)

    Coeficiente de Arrasto (Ca)

    Fio Liso

    Fio Moderadamente Liso (galvanizado

    ou pintado)

    Cabos Torcidos de Fios Finos

    r/d 1/30

    Cabos Torcidos de Fios Grossos

    r/d 1/25

    Re 2,5 x 104 - - 1,2 1,3

    Re 4,2 x 104 - - 0,9 1,1

    continua

  • 36

    Regime do Fluxo

    (Re)

    Coeficiente de Arrasto (Ca)

    Fio Liso

    Fio Moderadamente Liso (galvanizado

    ou pintado)

    Cabos Torcidos de Fios Finos

    r/d 1/30

    Cabos Torcidos de Fios Grossos

    r/d 1/25

    Re 2,5 x 104 - - 1,2 1,3

    Re 2,5 x 105 1,2 1,2 - -

    Re 4,2 x 105 0,5 0,7 - -

    FONTE: NBR 6123 (1988).

    Na TABELA 4, r o raio dos fios ou cabos secundrios da camada externa

    do cabo.

    4.3 ANLISE DINMICA

    Segundo Labegalini et al (1992) os esforos estticos de trao nos

    condutores so maiores que os esforos dinmicos, porm esses podem ser

    altamente prejudiciais linhas de transmisso. A ao do vento sobre as linhas

    provoca oscilaes dos condutores e se no forem amortecidas, podem atingir

    valores crticos causando o rompimento dos cabos, por fadiga ou pelo efeito de

    grande amplitude, podendo afetar seriamente as estruturas de suporte.

    Segundo Carvalho et al (2013) estudos dinmicos sobre as linhas de

    transmisso devem ser apresentados pela empresa concessionria quando

    solicitados pela ANEEL (Agencia Nacional de Energia Eltrica) ou desenvolvidos de

    maneira complementar, visando a subsidiar a especificao de equipamentos ou

    ainda em apoio aos estudos mais complexos relacionados ao comportamento

    dinmico do sistema.

    concluso

  • 37

    Segundo a NBR 6123 (1988) as edificaes em que o perodo fundamental

    T1 superior a 1 segundo podem apresentar importante resposta flutuante2 na

    direo do vento mdio, sendo necessrio um estudo especfico sobre a resposta

    dinmica total.

    Como o objetivo deste trabalho determinar a resistncia a incndio de uma

    torre previamente dimensionada, os efeitos dinmicos do vento no so

    considerados.

    2Respostas flutuantes so oscilaes induzidas por flutuaes da velocidade do vento em estruturas

    muito flexveis na direo da velocidade mdia (ABNT, 1988).

  • 38

    5 INCNDIO

    As queimadas prximas s linhas de transmisso so responsveis por

    grande parte das interrupes no programadas no fornecimento de energia. A

    frequncia dessas interrupes no Brasil, devido ao fogo aumentou

    significativamente depois dos anos 1980 (TABELA 5), quando aumentou a cultura de

    cana de acar, devido ao programa de incentivo do governo para substituir o

    combustvel dos carros de gasolina para o etanol (FIGURA 8) (FONSECA et al,

    1990)

    FIGURA 8 INCNDIO EM TORRE DE TRANSMISSO

    FONTE: TAU (2012)

  • 39

    TABELA 5 INTERRUPES NO FORNECIMENTO DE ENERGIA OCASIONADAS PELO FOGO NO BRASIL

    Tenso (kV)

    Interrupes

    1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985

    138 34 19 76 177 161 463 525

    230 17 51 112 37 48 48 65

    345 28 45 74 4 28 10 20

    440 6 6 60 - 7 33 70

    500 15 18 86 9 5 34 77

    Total 100 139 408 227 249 588 757

    FONTE: Adaptado de FONSECA et al (1990).

    Segundo Silva (2001) no Brasil a segurana contra incndio tem sido

    praticada por meio de mtodos no cientficos que podem gerar solues

    antieconmicas ou inseguras. Em 1999 foi publicada a norma ABNT NBR 14323,

    revisada em 2013, e em 2001 a ABNT NBR 14432. Ambas apresentam mtodos de

    verificao da segurana estrutural com critrios adequados a essa situao

    excepcional, evidenciando uma crescente preocupao sobre o tema.

    Quando uma estrutura de ao exposta ao fogo, a temperatura do ao

    aumenta e a resistncia mecnica e a rigidez diminuem, podendo causar

    deformaes devido s expanses trmicas diferenciais e o colapso da estrutura

    dependendo dos carregamentos aplicados e das condies de apoio. O aumento da

    temperatura do ao depende da severidade do fogo, da rea de ao exposta e da

    existncia ou no de proteo trmica (BUCHANAN, 2002; PANNONI, 2014).

    Para uma anlise estrutural, a caracterstica mais relevante de um incndio

    a curva que fornece a temperatura dos gases em funo do tempo de incndio

    (FIGURA 9). A partir dessa informao possvel calcular a mxima temperatura

    atingida pelas peas estruturais e determinar sua resistncia correspondente

    (SILVA, 2001).

  • 40

    FIGURA 9 CURVA TEMPERATURA-TEMPO DE UM INCNDIO

    FONTE: VARGAS E SILVA (2003).

    A curva mostrada na FIGURA 9 apresenta uma regio inicial com baixas

    temperaturas, nessa fase o incndio considerado de pequenas propores e sem

    riscos estrutura. O instante correspondente ao aumento brusco da inclinao da

    curva conhecido como flashover ou instante de inflamao generalizada. Esse

    ocorre quando a superfcie de toda a carga combustvel entra em ignio. A partir

    desse instante o incndio toma grandes propores e a temperatura dos gases se

    eleva rapidamente at todo o material combustvel extinguir-se. Desse ponto em

    diante, a temperatura dos gases se reduz gradativamente (SILVA, 2001).

    Se o incndio no for extinto antes da inflamao generalizada, deve ser

    considerado o efeito da ao trmica nos elementos estruturais para verificar a

    segurana da estrutura. Por isso essencial conhecer a temperatura atingida pelo

    ao. A exposio de uma estrutura ao fogo pode ser determinada pelo mtodo do

    incndio padro ou pelo mtodo do incndio natural que so modelos que utilizam

    curvas temperatura-tempo baseadas em ensaios e simulam situaes reais de

    incndio em edificaes (BUCHANAN, 2002; SILVA, 2001).

    A curva de temperatura de um incndio natural difcil de ser determinada

    porque essa se altera em cada situao em funo de parmetros como a carga de

    incndio, as caractersticas do ambiente e o grau de ventilao do ambiente em

    chamas (GUSMES et al, 2012) .

  • 41

    Devido a essa dificuldade adota-se no meio tcnico o modelo do incndio-

    padro para obter parmetros de projeto de estruturas em situao de incndio.

    Esse modelo estabelece a elevao da temperatura em funo do tempo por

    expresses padronizadas. Essa parametrizao no representa o incndio real,

    uma aproximao, de modo que os resultados obtidos devem ser criteriosamente

    verificados pelo responsvel tcnico do projeto (GUSMES et al, 2012).

    5.1 INCNDIO-PADRO

    Para possibilitar a realizao de anlises experimentais sobre incndios, foi

    criado um modelo de incndio indicando as temperaturas envolvidas, assim, adotou-

    se uma curva temperatura x tempo conhecida como curva de incndio-padro

    (FIGURA 10). Dessa forma, possvel estimar a temperatura mxima atingida em

    um elemento estrutural antes do colapso (CAMPLO, 2008; SILVA, 2001).

    Essa curva tem apenas um ramo ascendente que no caracteriza um

    incndio real. Admite-se que a temperatura dos gases seja sempre crescente e

    independe das caractersticas do ambiente em chamas e da quantidade de carga de

    incndio3 (CAMPLO, 2008; SILVA, 2001).

    3 Carga de incndio pode ser definida pela soma das energias calorficas liberadas pela combusto

    completa dos materiais combustveis existentes em um espao possvel de ser atingido pelo fogo (CAMPLO, 2008).

  • 42

    FIGURA 10 CURVA INCNDIO PADRO

    FONTE: SILVA (2001).

    Segundo a ABNT NBR 14432 (2001) incndio-padro a elevao

    padronizada de temperatura em funo do tempo para edificaes e representada

    pela expresso:

    (13)

    em que:

    a temperatura dos gases no instante t em graus Celsius;

    o tempo expresso em minutos;

    a temperatura ambiente antes do incio do aquecimento, geralmente

    considerada 20C.

    A utilizao desse mtodo exige a determinao inicial de tempos fictcios

    para se encontrar, na curva temperatura-tempo do ao, uma temperatura que possa

    ser usada no dimensionamento da estrutura. Esses tempos fictcios podem ser

    determinados por meio do Mtodo do Tempo Equivalente, que emprega mtodos de

    avaliao de risco, ou ainda pelo Mtodo Tabular, que determina de forma emprica

    tempos requeridos de resistncia ao fogo (TRRF). Com esse dado na curva-padro

    determina-se uma temperatura que se supe que seja a temperatura

    correspondente mxima temperatura no ao na curva natural (SILVA, 2001).

  • 43

    5.2 INCNDIO NATURAL

    Segundo Silva (2001) no incndio natural admitido que a temperatura

    atingida pelos gases respeita as curvas de temperatura-tempo naturais, (FIGURA

    11) construdas a partir de ensaios ou de modelos matemticos que simulam a real

    situao de um compartimento em chamas. O modelo de incndio natural segundo a

    ABNT NBR 14432 (2001) a variao de temperatura que simula um incndio real

    em funo da geometria, ventilao, caractersticas trmicas dos elementos de

    vedao e da carga de incndio especfica. A utilizao desse mtodo permite a

    determinao da mxima temperatura atingida pelo ao e o dimensionamento da

    estrutura pode ser feito para essa temperatura.

    FIGURA 11 CURVA INCNDIO NATURAL

    FONTE: SILVA (2001).

  • 44

    5.3 TEMPERATURA ATUANTE E TEMPERATURA CRTICA

    Segundo Silva (2001) a temperatura atuante no ao em situao de incndio

    pode ser determinada por meio de mtodos avanados de anlise trmica com o

    uso de softwares, por meio do mtodo do incndio natural ou ainda pelo mtodo do

    incndio padro associado ao TRRF.

    Por outro lado, a temperatura crtica de um elemento estrutural pode ser

    determinada por ensaios, por mtodos avanados de anlise estrutural utilizando

    softwares, ou ainda como foi determinada neste trabalho, por meio de mtodos

    simplificados de dimensionamento recomendados pela norma NBR 14323 (2013)

    (SILVA, 2001).

    Em uma situao de incndio, a diferena de temperatura dos gases e dos

    elementos de uma estrutura gera um fluxo de calor que transfere a temperatura do

    ambiente em chamas para a estrutura, por radiao e conveco, aumentando a

    temperatura dos elementos (GUSMES et al, 2012).

    Segundo a ABNT NBR 14323 (2013), para uma distribuio uniforme de

    temperatura na seo transversal, a elevao da temperatura de um elemento

    estrutural sem proteo contra o fogo ocorre em funo das propriedades fsicas e

    geomtricas do elemento, de seu fator de massividade4 (FIGURA 12), do intervalo

    de tempo e do fluxo de calor por unidade de rea.

    4 O fator de massividade pode ser expresso como a relao entre o permetro exposto ao fogo e a

    rea da seo transversal de um elemento (SILVA, 2001).

  • 45

    FIGURA 12 TEMPERATURA DO AO EM FUNO DO FATOR DE MASSIVIDADE FONTE: SILVA (2001).

    5.4 CAPACIDADE RESISTENTE DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE AO

    Torres de transmisso area so geralmente estruturas metlicas treliadas.

    Sendo assim, so descritos neste trabalho os procedimentos de dimensionamento

    de barras submetidas fora axial de trao e compresso em temperatura

    ambiente segundo a norma NBR 8800 (2008) e em situao de incndio segundo a

    norma NBR 14323 (2013).

  • 46

    5.4.1 Barras tracionadas

    5.4.1.1 Temperatura ambiente

    At a temperatura de 20C a resistncia de uma barra trao para o

    escoamento da seo bruta ( ) calculada segundo a NBR 8800 (2008) pela

    expresso:

    (14)

    em que:

    a rea bruta da seo transversal da barra;

    o limite de escoamento do ao;

    igual a 1,10 para esforo normal solicitante decorrente de combinao

    normal de aes.

    5.4.1.2 Situao de incndio

    Segundo a NBR 14323 (2013) a fora axial resistente de clculo trao

    ( ) de uma barra de ao para o estado-limite ltimo de escoamento da rea

    bruta dada por:

    (15)

  • 47

    em que:

    o fator de reduo do limite de escoamento do ao temperatura a

    (TABELA 6);

    a rea bruta da seo transversal da barra;

    o limite de escoamento do ao.

    5.4.2 Barras comprimidas

    5.4.2.1 Temperatura ambiente

    Antes de descrever o procedimento de dimensionamento para situao de

    incndio importante descrever o dimensionamento para a temperatura ambiente a

    fim de definir alguns termos usados em situao de incndio (BUCHANAN, 2002).

    Segundo a NBR 8800 (2008) o esforo resistente de projeto compresso axial

    ( ) para perfis que no esto sujeitos ao efeito de flambagem local dado por:

    (16)

    onde:

    a rea bruta da seo transversal da barra;

    igual a 1,10 para esforo normal solicitante decorrente de combinao

    normal de aes.

  • 48

    a tenso nominal resistente compresso simples com flambagem por

    flexo5 dado por:

    (17)

    o fator de reduo associado resistncia compresso dado por:

    para (18)

    para (19)

    J o parmetro adimensional calculado em funo do ndice de esbeltez

    reduzido dado por:

    (20)

    em que :

    o parmetro de flambagem;

    o comprimento de flambagem da barra;

    o raio de girao da seo bruta em relao ao eixo de flambagem

    global;

    o coeficiente de reduo.

    Segundo o anexo F da NBR 8800 (2008) para cantoneiras e

    calculado em funo da relao com as expresses:

    (21)

    5 Em perfis laminados U e L (cantoneiras) a verificao da flambagem por flexo-toro ou por toro

    s precisa ser feita nos casos de pequena esbeltez, pois para valores mais elevados de a flambagem por flexo determinante (PFEIL et al, 2012).

  • 49

    Se

    , ento ;

    Se

    , ento

    ;

    Se

    , ento

    (

    ) ;

    em que:

    o fator de reduo que leva em conta a flambagem local de

    cantoneiras.

    a largura da mesa comprimida da cantoneira;

    a espessura da mesa da cantoneira;

    o modulo de elasticidade do ao que tem o valor de 200.000 MPa;

    o limite de escoamento do ao.

    5.4.2.2 Situao de incndio

    5.4.2.2.1 Perfis no sujeitos flambagem local

    Os perfis que no esto sujeitos flambagem local em situao de incndio,

    so aqueles que atendem condio:

    (

    )

    (22)

    em que:

    (

    )

    (

    )

    (23)

  • 50

    A fora axial resistente de clculo considerando o estado limite ltimo de

    instabilidade da barra como um todo dada por:

    (24)

    sendo:

    fator de reduo associado resistncia compresso em situao de

    incndio dado por:

    (25)

    em que:

    (26)

    e

    (27)

    O ndice de esbeltez reduzido em situao de incndio, dado por:

    (28)

    em que:

    o ndice de esbeltez reduzido temperatura ambiente calculado de

    acordo com a NBR 8800 (2008) (Equao 21);

    o fator de reduo do limite de escoamento do ao temperatura a

    (TABELA 6);

    a rea bruta da seo transversal da barra;

    o limite de escoamento do ao.

  • 51

    TABELA 6 FATOR DE REDUO DA RESISTNCIA AO ESCOAMENTO DO AO

    Temperatura do ao

    a (oC)

    Fator de reduo de resistncia ao escoamento

    20 1,000

    100 1,000

    200 1,000

    300 1,000

    400 1,000

    500 0,780

    600 0,470

    700 0,230

    800 0,110

    900 0,060

    1000 0,040

    1100 0,020

    1200 0,000

    FONTE: ABNT NBR 14323 (2013).

    5.4.2.2.2 Perfis sujeitos flambagem local

    Os perfis sujeitos flambagem local so aqueles que atendem condio:

    (

    )

    (29)

    A fora axial de compresso resistente de clculo dada por:

    (30)

    em que:

    o fator de reduo (TABELA 7);

  • 52

    a rea efetiva da seo transversal obtida pela multiplicao do valor

    da rea bruta pelo fator de reduo total Q calculado segundo a NBR 8800 (2008),

    dado por:

    (31)

    TABELA 7 FATOR DE REDUO PARA A RESISTNCIA AO ESCOAMENTO DE SEES SUJEITAS FLAMBAGEM LOCAL

    Temperatura do ao

    a (oC)

    Fator de reduo

    20 1,000

    100 1,000

    200 0,890

    300 0,780

    400 0,650

    500 0,530

    600 0,300

    700 0,130

    800 0,070

    900 0,050

    1000 0,030

    1100 0,020

    1200 0,000

    FONTE: ABNT NBR 14323 (2013).

    5.5 SISTEMAS DE PROTEO PASSIVA

    Para evitar o colapso de uma estrutura submetida a altas temperaturas dimensiona-

    se essa estrutura para resistir temperatura elevada ou reveste-se o elemento

    estrutural com materiais de proteo trmica. Existem muitas alternativas

    disponveis de proteo passiva para reduzir a taxa de aumento da temperatura do

    ao exposto situao de incndio. A resistncia da proteo depende da qualidade

    dos materiais e da mo de obra (BUCHANAN, 2002; SILVA, 2001). Alguns sistemas

    de proteo so descritos a seguir.

  • 53

    5.5.1 Argamassas projetadas

    As argamassas projetadas so normalmente a forma mais econmica de

    proteo passiva contra o fogo para elementos de ao. Os materiais projetveis so

    geralmente base de cimento com fibras para dar reforo e manter o material

    agregado (BUCHANAN, 2002; SILVA, 2001).

    5.5.2 Argamassa de vermiculita

    uma argamassa feita com agregados leve base de vermiculita, um

    mineral que tem o ponto de fuso em torno de 1370C. Podem ser aplicadas por

    jateamento ou com o uso de esptulas (SILVA, 2001).

    5.5.3 Tintas intumescentes

    As tintas intumescentes so aplicadas na superfcie do perfil como uma

    pintura espessa. Em aproximadamente 200C iniciam um processo de expanso

    volumtrica. Tornam-se esponjosas com poros preenchidos por gases atxicos que

    formam uma espuma rgida na superfcie da estrutura retardando a elevao da

    temperatura nos elementos metlicos. As tintas oferecem um bom acabamento, mas

    so materiais caros (SILVA, 2001). Algumas tintas intumescentes no so indicadas

    para o ambiente externo devido falta de informao sobre sua durabilidade

    (BUCHANAN, 2002).

  • 54

    6 METODOLOGIA

    No presente captulo encontra-se apresentada a descrio do procedimento

    de determinao da resistncia ao fogo da torre de transmisso. Por meio de um

    software de anlise estrutural, aplicou-se no modelo tridimensional da torre os

    carregamentos permanentes e variveis. Com a combinao de clculo para

    situao de incndio, obteve-se os esforos solicitantes de cada barra e calculou-se

    sua respectiva temperatura crtica.

    6.1 ESPECIFICAES DO PROJETO

    A torre adotada para realizar este trabalho foi baseada em um projeto de torre

    localizada em Belo Horizonte, MG extrado do livro Clculo de Torres para Linhas de

    Transmisso de Carlos Roberto Gontijo (1994). Por se tratar de um projeto terico,

    no existem informaes sobre os isoladores por isso no tiveram seus pesos

    prprios considerados nesta anlise. Faltam tambm informaes sobre o tipo de

    fundao, mas essa no tem influencia direta nesta analise.

    6.1.1 Geometria

    A torre em estudo tem 33,8 metros de altura, autoportante de suspenso

    do tipo tronco-piramidal de circuito duplo (FIGURA 13) e a tenso da linha de 138

    kV.

  • 55

    A estrutura da torre composta por 628 barras de cantoneiras simples e

    duplas produzidas com aos ASTM A36 e ASTM A572 (TABELA 8). Os aos-

    carbono ASTM A36 so os tipos mais frequentes na estrutura nos quais o aumento

    da resistncia em relao ao ferro puro dado principalmente pela adio de

    carbono e em menor escala pelo mangans. Os aos de baixa liga ASTM A572 so

    aos-carbono acrescidos de elementos de liga que melhoram algumas de suas

    propriedades mecnicas (PFEIL et al, 2012). Os aos ASTM A572 foram usados

    apenas nos perfis dos montantes da torre (FIGURA 13).

    TABELA 8 CANTONEIRAS E OS TIPOS DE AOS

    Cantoneira Ao

    L 38,1 x 3,18 ASTM A36

    L 44,45 x 3,18 ASTM A36

    L 50,8 x 4,76 ASTM A36

    L 50,8 x 4,76 ASTM A572

    L 63,5 x 4,76 ASTM A36

    L 63,5 x 4,76 ASTM A572

    L 76,2 x 4,76 ASTM A572

    L 76,2 x 6,35 ASTM A572

    FIGURA 13 MONTANTES DA TORRE COMPOSTO POR CANTONEIRAS DE AO ASTM A572

  • 56

    6.1.2 Cabos

    A torre de suspenso tem seis cabos condutores e dois cabos para-raios

    cujas especificaes so mostradas na TABELA 9.

    TABELA 9 ESPECIFICAES DOS CABOS

    Tipo de Cabo Quantidade Tipo Dimetro

    (mm) Massa

    (kgf/km)

    Condutor 6 ACSR 336,4 MCM6 18,29 688,3

    Para-raios 2 Ao Galvanizado 7 fios 9,53 390

    FONTE: GONTIJO (1994).

    6.2 CARREGAMENTOS

    6.2.1 Aes permanentes diretas

    O peso prprio da estrutura foi aplicado como carga nodal distribuda em 24

    ns da estrutura (FIGURA 14) O valor do peso prprio da estrutura foi extrado do

    projeto original de Gontijo (1994) e aplicado no modelo estrutural.

    6ACSR a abreviao de Aluminium Conductor Steel Reinforced (Condutor de Alumnio Reforado

    com Ao) (HESTERLEE et al, 1996). MCM a abreviao de Mil Circular Mils, uma unidade de medida que indica a rea de um circulo com diametro de 1/1000 polegadas (CONNECTORS, 2014).

  • 57

    FIGURA 14 PESO PRPRIO DA ESTRUTURA APLICADO COMO CARGA NODAL

    O peso prprio dos cabos (FIGURA 15) foi calculado em funo da massa

    linear dos cabos e do vo gravante7 de 600 m:

    7Vo gravante a distncia entre os pontos de tangncia coma horizontal dos cabos adjacentes

    estrutura (CAVASSIN; FERNANDES, 2012). um vo fictcio que multiplicado pelo peso unitrio dos condutores indica a fora vertical que um cabo transmite estrutura (LABEGALINI et al, 1992).

  • 58

    FIGURA 15 PESO PRPRIO DOS CABOS

    6.2.2 Aes variveis

    As aes variveis aplicadas foram as foras devidas ao vento na estrutura

    e nos cabos, calculadas para a cidade de Belo Horizonte em Minas Gerais segundo

    a norma NBR 6123 (1988).

    Em kN

  • 59

    A torre foi dividida em oito mdulos (FIGURA 16) e para cada um foi

    calculada a fora de arrasto, como mostrado na TABELA 10 e TABELA 11. Pelo

    mapa de isopletas da norma NBR 6123 (1988), a velocidade bsica do vento ( ) em

    Belo Horizonte 35 m/s. A torre foi projetada para terreno plano ou fracamente

    acidentado onde tem valor 1,0. Para a determinao do fator a estrutura foi

    considerada na Categoria III em que se enquadram terrenos planos ou ondulados

    com obstculos com cota mdia de 3,0 m. Esse fator varia conforme a altura do

    mdulo analisado. Para a determinao do fator estatstico a torre foi classificada

    como pertencendo ao grupo 3 em que se encontram edificaes e instalaes

    industriais com baixo fator de ocupao, tendo seu valor igual a 0,95. A fora

    calculada foi dividida pelo nmero de ns principais do mdulo e aplicada na

    estrutura como carga nodal nas direes X1 e X3 (FIGURA 17).

    FIGURA 16 ESTRUTURA DIVIDIDA EM MDULOS PARA CLCULO DAS FORAS DEVIDAS AO VENTO

    Em metros

  • 60

    As foras devidas ao vento nos cabos foram calculadas segundo a norma

    NBR 6123 (1988) em funo do nmero de Reynolds para cada cabo (TABELA 12)

    e foram aplicadas na direo X3 (FIGURA 17). Os cabos condutores foram

    classificados como fios moderadamente lisos de ao galvanizado e os cabos para-

    raios como cabos torcidos de fios grossos. O vo de vento de 400 m foi usado como

    comprimento do cabo para o clculo da fora de vento. Segundo Labegalini et al

    (1992), o vo de vento igual soma das metades de cada vo adjacente a

    estrutura.

    FIGURA 17 FORAS DEVIDAS AO VENTO APLICADAS COMO CARGAS NODAIS NAS DIREES X1 E X3

  • 61

    TABELA 10 CLCULO DAS FORAS DEVIDAS AO VENTO NA ESTRUTURA APLICADAS NA DIREO X1

    Mdulo Altura

    S1 S2 S3 Vk q = 0,613.Vk Ae Af

    = Ae/Af Ca Fa = Ca.q.Ae Fa Pontos de

    Aplicao

    F

    (m) (m/s) (N/m) (cm) (cm) FIGURA 7 (N) (kN) (kN)

    A 7,2 1 0,92 0,95 30,59 573,61 29392,75 143682,28 0,205 2,88 4858,62 4,86 5 0,97

    B 12 1 0,96 0,95 31,92 624,58 18597,38 170906,91 0,109 3,36 3898,07 3,90 4 0,97

    C 16,3 1 0,99 0,95 32,92 664,22 20698,98 123291,95 0,168 3,06 4207,90 4,21 4 1,05

    D 20 1 0,99 0,95 32,92 664,22 13992,56 78685,23 0,178 3,01 2798,34 2,80 4 0,70

    E 24 1 1,03 0,95 34,25 718,98 11871,20 73423,46 0,162 3,09 2638,73 2,64 6 0,44

    F 27,9 1 1,03 0,95 34,25 718,98 17077,13 90350,00 0,189 2,95 3628,13 3,63 6 0,60

    G 31,8 1 1,06 0,95 35,25 761,47 16739,13 90341,22 0,185 2,97 3790,23 3,79 6 0,63

    H 33,8 1 1,06 0,95 35,25 761,47 19516,23 77888,68 0,251 2,62 3898,94 3,90 5 0,78

    TABELA 11 - CLCULO DAS FORAS DEVIDAS AO VENTO NA ESTRUTURA APLICADAS NA DIREO X3

    Mdulo Altura

    S1 S2 S3 Vk q = 0,613.Vk Ae Af

    = Ae/Af Ca Fa = Ca.q.Ae Fa Pontos de

    Aplicao

    F

    (m) (m/s) (N/m) (cm) (cm) FIGURA 7 (N) (kN) (kN)

    A 7,2 1 0,92 0,95 30,59 573,61 29392,75 143682,28 0,205 2,88 4858,62 4,86 5 0,97

    B 12 1 0,96 0,95 31,92 624,58 18597,38 170906,91 0,109 3,36 3898,07 3,90 4 0,97

    C 16,3 1 0,99 0,95 32,92 664,22 20698,98 123291,95 0,168 3,06 4207,90 4,21 4 1,05

    D 20 1 0,99 0,95 32,92 664,22 13992,56 78685,23 0,178 3,01 2798,34 2,80 4 0,70

    E 24 1 1,03 0,95 34,25 718,98 11871,20 73423,46 0,162 3,09 2638,73 2,64 6 0,44

    F 27,9 1 1,03 0,95 34,25 718,98 10073,10 54210,00 0,186 2,97 2151,65 2,15 6 0,36

    G 31,8 1 1,06 0,95 35,25 761,47 9735,10 54210,00 0,180 3,00 2225,46 2,23 6 0,37

    H 33,8 1 1,06 0,95 35,25 761,47 2367,42 13900,00 0,170 3,05 549,55 0,55 3 0,18

  • 62

    TABELA 12 CLCULO DAS FORAS DEVIDAS AO VENTO NOS CABOS APLICADAS NA DIREO X3

    Cabo Tipo de Cabo h (m)

    Vk (m/s)

    d (m)

    Re = 70000.Vk.d r'/d > 1/25 Ca q =

    0,613.Vk (N/m)

    Fa = Ca.q.l.d

    (N)

    Fa (kN)

    Para raio Cabos torcidos de fios grossos (r'/d > 1/25) 33,8 35,25 0,00953 2,35E+04 Interpolao 0,143 1,24 761,47 3595,98 3,596

    Condutor 1 Fio moderadamente liso (galvanizado) 31,8 35,25 0,01829 4,51E+04 > 4,2 E+04 - 0,7 761,47 3899,66 3,900

    Condutor 2 Fio moderadamente liso (galvanizado) 27,9 34,25 0,01829 4,38E+04 > 4,2 E+04 - 0,7 718,98 3682,05 3,682

    Condutor 3 Fio moderadamente liso (galvanizado) 24 34,25 0,01829 4,38E+04 > 4,2 E+04 - 0,7 718,98 3682,05 3,682

  • 63

    6.2.3 Aes trmicas

    Em uma situao de incndio, o aumento da temperatura em uma estrutura

    causa reduo da resistncia mecnica, reduo da rigidez e o aparecimento de

    esforos solicitantes adicionais. Neste trabalho no foram considerados os esforos

    solicitantes adicionais devido s aes trmicas, pois essa se d pelo fluxo de calor

    provocado entre a diferena de temperatura entre os gases do ambiente em chamas

    e os elementos da estrutura. Para possibilitar a incluso desse efeito na anlise

    seria preciso determinar a temperatura dos gases em uma situao de incndio em

    um ambiente aberto como um incndio florestal. As normas brasileiras

    regulamentam o clculo da temperatura dos gases em incndios em ambientes

    fechados em edificaes, o que no se aplica situao estudada.

    6.3 COMBINAO DE CLCULO

    Foi utilizada a combinao de aes em situao de incndio conforme a

    norma NBR 14323 (2013) (Equao 7) para obteno dos esforos solicitantes de

    clculo para o Estado Limite timo. Foram realizadas duas combinaes uma

    considerando o vento na direo X1 e outra em X3. O vento incidindo sobre a

    estrutura 45o foi desconsiderado.

  • 64

    6.4 SOFTWARE STRAP

    Para fazer a anlise estrutural da torre de transmisso foi utilizado o software

    STRAP (STRuctural Analysis Programs) verso 2008 cedido pela empresa A1

    Engenharia de Curitiba, PR e a verso Trail disponibilizado por 30 dias

    gratuitamente pela empresa SAE (Sistema de Anlise Estrutural) de So Paulo, SP.

    O programa utilizado para realizar anlise esttica e dinmica de estruturas

    utilizando o mtodo dos elementos finitos. Esse tem interface grfica com o usurio

    e possvel importar a geometria da estrutura do software AutoCAD para gerar o

    modelo tri-dimensional (ATIR, 2014).

    A partir da geometria, so determinados os pontos de apoios, os materiais, os

    perfis das barras, entre outras condies de contorno. O carregamento aplicado e

    ento so definidas as combinaes conforme a necessidade do projeto. Depois de

    solucionar o modelo, possvel gerar relatrios com os resultados, contendo, por

    exemplo, os esforos solicitantes ou a capacidade de trabalho das barras. O

    procedimento de anlise estrutural no software foi representado no fluxograma

    mostrado na FIGURA 19. As barras da estrutura tiveram suas extremidades

    rotuladas, exceto pelos montantes do topo da torre, pois as barras nas diagonais das

    quatro faces se desencontram gerando pontos de instabilidade no modelo de trelia

    ideal (FIGURA 18).

    FIGURA 18 EXEMPLO DO TRECHO DA TORRE EM QUE OS MONTANTES NO FORAM ROTULADOS

  • 65

    FIGURA 19 FLUXOGRAMA DA ANLISE NO SOFTWARE STRAP

    Definir Modelo Propriedades

    Tipo de Modelo

    Unidades de Medida

    (kN, m)

    Geometria

    Converter arquivo DXF em modelo do STRAP

    Rotular as barras da estrutura

    Propriedades dos Materiais

    (Perfis)

    Apoios

    (Quatro apoios engastados)

    Carregamento

    Permanentes

    Variveis

    Combinaes de Clculo

    Padres

    Parmetros

    Norma NBR 8800 (2008)

    Ao A 36

    Ao A572

    Calcular

    (Soluo do Modelo)

    Resultados

    (Resultado detalhado das barras)

  • 66

    6.5 PROCEDIMENTO DE CLCULO DA TEMPERATURA CRTICA

    Para determinar a resistncia ao fogo de uma torre de transmisso foram

    calculadas as temperaturas crticas de suas barras. Optou-se por esse mtodo

    devido falta de informaes necessrias para determinar a curva temperatura x

    tempo dos gases em um incndio na base da torre de transmisso. A seguir

    descrito o procedimento de clculo da temperatura crtica de uma barra da estrutura

    como exemplo de aplicao. Esse procedimento foi repetido para todas as barras

    que compem uma face da torre.

    Os elementos que ocupam a mesma posio nas quatro faces da torre tm as

    mesmas caractersticas geomtricas e por isso foram considerados como um

    mesmo grupo de barras. Neste trabalho foram analisados 114 grupos dentre os

    quais estavam distribudas as 628 barras da estrutura. As posies dos grupos de

    barras na torre so mostradas na FIGURA 20

    Exemplo de aplicao: Grupo 54 (montante localizado na base da estrutura).

    Nessa posio existem quatro barras semelhantes cujas caractersticas esto

    apresentadas na TABELA 13.

    TABELA 13 EXEMPLO DE APLICAO BARRA TIPO 54

    Grupo de

    Barra

    Nmero da Barra no STRAP

    Perfil Ao Comprimento

    (m)

    Esforo Solicitante de Trao (kN)

    Esforo Solicitante de

    Compresso (kN)

    54

    125 L 76,2 X 6,36 A 572 1,21 4,475 -40,531

    142 L 76,2 X 6,36 A 572 1,21 4,149 -40,475

    367 L 76,2 X 6,36 A 572 1,21 4,121 -40,721

    384 L 76,2 X 6,36 A 572 1,21 4,272 -40,704

    A partir dessas informaes, possvel determinar os maiores esforos

    solicitantes de trao e compresso:

    Maior esforo solicitante de trao: ;

    Maior esforo solicitante de compresso: .

  • 67

    FIGURA 20 POSIO DOS GRUPOS DE BARRAS ESTUDADAS NA ESTRUTURA

  • 68

    6.5.1 Temperatura crtica para a trao

    Para o esforo de trao, o clculo da fora axial resistente de clculo

    independe do comprimento da barra, dessa forma foram desenvolvidas tabelas

    relacionando a fora resistente temperatura para cada tipo de perfil e o

    correspondente tipo de ao. Devido falta de informaes sobre as ligaes entre

    as barras da estrutura, o dimensionamento em temperatura ambiente (at 20C)

    para a ruptura da seo lquida no foi considerado.

    Para esse exemplo:

    Com a equao (15) obtiveram-se as resistncias trao mostradas na

    TABELA 14.

    TABELA 14 RESISTNCIA DO PERFIL L 76,2 X 6,36 TRAO EM SITUAO DE INCNDIO

    Temperatura (C) (kN)

    20 1,00 319,96

    100 1,00 319,96

    200 1,00 319,96

    300 1,00 319,96

    400 1,00 319,96

    500 0,78 249,57

    600 0,47 150,38

    700 0,23 73,59

    800 0,11 35,20

    900 0,06 19,20

    1000 0,04 12,80

    1100 0,02 6,40

    1200 0,00 0,00

  • 69

    Por meio de interpolao dos valores da TABELA 14, a temperatura crtica

    correspondente ao ponto em que a resistncia se iguala ao esforo solicitante de

    trao dada por:

    6.5.2 Temperatura crtica para a compresso

    Para o esforo de compresso, o clculo da fora axial resistente de clculo

    depende do comprimento da barra, por isso, foram desenvolvidas tabelas

    relacionando a fora resistente temperatura para cada comprimento de barra

    associado ao seu perfil metlico e tipo de ao.

    Para esse exemplo:

    Como

    , ento:

  • 70

    Verificao se o perfil est sujeito flambagem local:

    (

    )

    (

    )

    (

    )

    Portanto o perfil est sujeito flambagem local.

    ( )

    A partir da equao (30) obtiveram as resistncias apresentadas na TABELA

    15.

  • 71

    TABELA 15 RESISTNCIA DO PERFIL L 76,2 X 6,36 COMPRESSO EM SITUAO DE INCNDIO

    Temperatura (C) (kN)

    20 1,00 120,106

    100 1,00 120,106

    200 0,89 106,894

    300 0,78 93,682

    400 0,65 78,069

    500 0,53 63,656

    600 0,30 36,032

    700 0,13 15,614

    800 0,07 8,407

    900 0,05 6,005

    1000 0,03 3,603

    1100 0,02 2,402

    1200 0,00 0,000

    Interpolando-se os valores da TABELA 15 obteve-se:

    | |

    6.5.3 Temperatura crtica

    A temperatura crtica das barras que compem o grupo de barras 54 a

    menor temperatura entre as encontradas para esforos solicitantes de trao e

    compresso. Nesse caso:

  • 72

    7 RESULTADOS E DISCUSSO

    O procedimento de clculo exemplificado no captulo anterior foi repetido para

    todos os grupos de barras da estrutura. As temperaturas crticas obtidas, bem como

    as caractersticas de cada tipo de barra so apresentadas na TABELA 16 e na

    FIGURA 21.

    TABELA 16 CLCULO DA TEMPERATURA CRTICA DA ESTRUTURA

    Grupo de

    Barra Perfil Ao

    Comprimen-to de

    Flambagem (m)

    Trao (kN)

    Compres-so (kN)

    Temperatura Crtica (C)

    Trao Compres-

    so Crtica

    1 2L 38,1 x 3,18 A 36 1,77 6,475 921 921

    2 2L 38,1 x 3,18 A 36 1,77 6,479 921 921

    3 L 63,5 x 4,76 A 36 1,75

    -3,757 703 703

    4 L 63,5 x 4,76 A 36 1,75

    -3,757 703 703

    5 L 38,1 x 3,18 A 36 2,07 0,003 1200 1200

    6 L 38,1 x 3,18 A 36 0,81 0,000 1200 1200

    7 2L 38,1 x 3,18 A 36 2,23 14,089 791 791

    8 2L 38,1 x 3,18 A 36 1,48 14,089 791 791

    9 L 50,8 x 4,76 A 36 1,43 -7,216 784 784

    10 L 50,8 x 4,76 A 36 1,43 -7,216 784 784

    11 L 38,1 x 3,18 A 36 1,64 0,000 1200 1200

    12 L 38,1 x 3,18 A 36 0,62 0,000 1200 1200

    13 L 50,8 x 4,76 A 36 1,63 -3,721 868 868

    14 L 50,8 x 4,76 A 36 1,39 -7,745 779 779

    15 L 38,1 x 3,18 A 36 1,57 6,642 796 796

    16 L 38,1 x 3,18 A 36 1,57 5,934 816 816

    17 L 50,8 x 4,76 A 36 1,43 -6,044 804 804

    18 L 50,8 x 4,76 A 36 1,43 -6,326 798 798

    19 L 38,1 x 3,18 A 36 1,57 0,358 -0,358 1169 1102 1102

    20 L 38,1 x 3,18 A 36 0,65 0,296 1175 1175

    21 L 50,8 x 4,76 A 572 1,30 -5,529 759 759

    22 L 50,8 x 4,76 A 572 1,30 -5,545 759 759

    23 L 50,8 x 4,76 A 572 1,30 -8,141 695 695

    24 L 50,8 x 4,76 A 572 1,30 -8,130 695 695

    25 L 50,8 x 4,76 A 572 1,30 -10,880 667 667

    26 L 50,8 x 4,76 A 572 1,30 -11,074 665 665

    continua

  • 73

    Grupo de

    Barra Perfil Ao

    Comprimen-to de

    Flambagem (m)

    Trao (kN)

    Compres-so (kN)

    Temperatura Crtica (C)

    Trao Compres-

    so Crtica

    27 L 50,8 x 4,76 A 572 1,30 -15,184 624 624

    28 L 50,8 x 4,76 A 572 1,30 -15,159 624 624

    29 L 50,8 x 4,76 A 572 1,30 0,857 -18,342 1173 594 594

    30 L 50,8 x 4,76 A 572 1,30 0,870 -18,379 1173 594 594

    31 L 63,5 x 4,76 A 572 1,30 2,380 -21,818 1141 643 643

    32 L 63,5 x 4,76 A 572 1,30 2,288 -21,517 1143 645 645

    33 L 76,2 x 4,76 A 572 0,86 1,981 -25,380 1159 652 652

    34 L 76,2 x 4,76 A 572 1,72 3,387 -27,253 1130 508 508

    35 L 76,2 x 4,76 A 572 0,86 4,446 -27,880 1108 639 639

    36 L 76,2 x 4,76 A 572 0,86 2,617 -29,677 1146 631 631

    37 L 76,2 x 4,76 A 572 0,86 3,775 -31,069 1122 624 624

    38 L 76,2 x 4,76 A 572 0,86 3,771 -31,041 1122 624 624

    39 L 76,2 x 6,36 A 572 0,86 4,687 -31,814 1127 668 668

    40 L 76,2 x 6,36 A 572 0,86 2,868 -33,614 1155 662 662

    41 L 76,2 x 6,36 A 572 0,86 3,843 -34,720 1140 658 658

    42 L 76,2 x 6,36 A 572 0,86 3,845 -34,696 1140 658 658

    43 L 76,2 x 6,36 A 572 1,29 4,812 -35,571 1125 590 590

    44 L 76,2 x 6,36 A 572 1,29 4,810 -35,558 1125 591 591

    45 L 76,2 x 6,36 A 572 1,21 5,423 -36,359 1115 599 599

    46 L 76,2 x 6,36 A 572 1,21 5,424 -36,362 1115 598 598

    47 L 76,2 x 6,36 A 572 1,21 7,130 -37,923 1089 593 593

    48 L 76,2 x 6,36 A 572 1,21 7,130 -37,921 1089 593 593

    49 L 76,2 x 6,36 A 572 1,21 4,480 -40,599 1130 583 583

    50 L 76,2 x 6,36 A 572 1,21 3,286 -32,684 1149 616 616

    51 L 76,2 x 6,36 A 572 1,21 3,285 -32,682 1149 616 616

    52 L 76,2 x 6,36 A 572 1,21 4,480 -40,589 1130 584 584

    53 L 76,2 x 6,36 A 572 1,21 4,476 -40,699 1130 583 583

    54 L 76,2 x 6,36 A 572 1,21 4,475 -40,721 1130 583 583

    55 L 44,45 x 3,18 A 36 1,28 2,286 -2,335 1032 796 796

    56 L 44,45 x 3,18 A 36 1,28 2,286 -2,330 1032 796 796

    57 L 44,45 x 3,18 A 36 1,28 2,291 -2,331 1032 796 796

    58 L 44,45 x 3,18 A 36 1,28 2,414 -0,697 1023 1083 1023

    59 L 44,45 x 3,18 A 36 1,28 2,413 -0,727 1023 1074 1023

    60 L 44,45 x 3,18 A 36 1,28 2,290 -2,319 1032 796 796

    61 L 38,1 x 3,18 A 36 1,90 0,485 -1,815 1158 665 665

    62 L 38,1 x 3,18 A 36 1,90 1,986 -0,575 1029 851 851

    63 L 50,8 x 4,76 A 36 1,39 5,244 -1,935 972 1032 972

    64 L 38,1 x 3,18 A 36 1,90 0,075 -2,481 1194 625 625

    65 L 50,8 x 4,76 A 36 1,39 1,478 -4,005 1136 881 881

    66 L 38,1 x 3,18 A 36 1,90 1,242 -2,350 1093 633 633

    67 L 38,1 x 3,18 A 36 1,90 2,383 -1,311 995 696 696

    continuao

  • 74

    Grupo de

    Barra Perfil Ao

    Comprimen-to de

    Flambagem (m)

    Trao (kN)

    Compres-so (kN)

    Temperatura Crtica (C)

    Trao Compres-

    so Crtica

    68 L 50,8 x 4,76 A 36 1,39 6,358 -2,041 924 1023 924

    69 L 38,1 x 3,18 A 36 1,90 0,551 -3,861 1153 556 556

    70 L 50,8 x 4,76 A 36 0,70 -5,231 898 898

    71 L 38,1 x 3,18 A 36 1,15 1,297 -1,360 1088 893 893

    72 L 38,1 x 3,18 A 36 2,39 1,183 -1,156 1098 672 672

    73 L 38,1 x 3,18 A 36 1,20 0,898 -0,967 1123 959 959

    74 L 38,1 x 3,18 A 36 1,37 0,938 -0,985 1119 924 924

    75 L 38,1 x 3,18 A 36 1,30 0,801 -0,914 1131 953 953

    76 L 38,1 x 3,18 A 36 1,47 0,883 -0,960 1124 909 909

    77 L 38,1 x 3,18 A 36 2,98 0,775 -0,779 1133 721 721

    78 L 38,1 x 3,18 A 36 2,98 0,858 -0,862 1126 661 661

    79 L 38,1 x 3,18 A 36 3,18 0,883 -0,984 1124 679 679

    80 L 38,1 x 3,18 A 36 3,18 0,881 -0,946 1124 634 634

    81 L 38,1 x 3,18 A 36 3,97 1,030 -1,003 1111 628 628

    82 L 38,1 x 3,18 A 36 3,97 1,025 -0,937 1112 573 573

    83 L 44,45 x 3,18 A 36 1,60 0,836 -0,869 1139 979 979

    84 L 38,1 x 3,18 A 36 1,39 0,026 -0,004 1198 1199 1198

    85 L 38,1 x 3,18 A 36 0,80 0,004 -0,030 1200 1196 1196

    86 L 50,8 x 4,76 A 36 1,51 1,077 -1,062 1153 1100 1100

    87 L 50,8 x 4,76 A 36 1,51 1,073 -1,062 1153 1100 1100

    88 L 50,8 x 4,76 A 36 1,51 1,145 -1,098 1150 1097 1097

    89 L 50,8 x 4,76 A 36 1,51 1,121 -1,103 1151 1096 1096

    90 L 38,1 x 3,18 A 36 1,00 0,032 -0,032 1197 1195 1195

    91 L 38,1 x 3,18 A 36 1,68 0,074 -0,062 1194 1181 1181

    92 L 38,1 x 3,18 A 36 2,03 0,057 -0,471 1195 962 962

    93 L 50,8 x 4,76 A 36 1,98 0,087 -0,097 1196 1187 1187

    94 L 38,1 x 3,18 A 36 1,67 1,554 -0,297 1066 1111 1066

    95 L 38,1 x 3,18 A 36 1,78 0,600 -3,149 1148 655 655

    96 L 38,1 x 3,18 A 36 1,24 0,907 -4,740 1122 662 662

    97 L 38,1 x 3,18 A 36 0,92 0,013 -0,164 1199 1175 1175

    98 L 38,1 x 3,18 A 36 0,45 0,027 -0,027 1198 1197 1197

    99 L 38,1 x 3,18 A 36 1,29 0,432 -2,259 1163 756 756

    100 L 38,1 x 3,18 A 36 1,31 0,953 -4,980 1118 649 649

    101 L 38,1 x 3,18 A 36 1,00 1,549 -0,296 1067 1151 1067

    102 L 38,1 x 3,18 A 36 1,33 0,045 -0,033 1196 1193 1193

    103 L 38,1 x 3,18 A 36 1,00 1,422 -0,109 1078 1182 1078

    104 L 38,1 x 3,18 A 36 1,23 0,066 -0,059 1194 1188 1188

    105 L 38,1 x 3,18 A 36 0,33 0,034 -0,035 1197 1196 1196

    106 L 50,8 x 4,76 A 36 0,70 4,409 1196 1196

    107 L 38,1 x 3,18 A 36 0,95 0,397 -1,905 1166 848 848

    108 L 38,1 x 3,18 A 36 1,90 0,447 -0,400 1161 942 942

    continuao

  • 75

    Grupo de

    Barra Perfil Ao

    Comprimen-to de

    Flambagem (m)

    Trao (kN)

    Compres-so (kN)

    Temperatura Crtica (C)

    Trao Compres-

    so Crtica

    109 L 38,1 x 3,18 A 36 1,90 0,424 -0,578 1163 849 849

    110 L 38,1 x 3,18 A 36 1,90 0,533 -0,526 1154 876 876

    111 L 38,1 x 3,18 A 36 1,90 0,636 -0,694 1145 796 796

    112 L 38,1 x 3,18 A 36 1,90 0,581 -0,604 1150 836 836

    113 L 38,1 x 3,18 A 36 2,10 0,308 -0,634 1173 787 787

    114 L 50,8 x 4,76 A 36 1,39 2,192 1105 1105

    Pode-se observar que a maioria das temperaturas crticas se deu para os

    esforos solicitantes de compresso simples, devido ao fato do seu

    dimensionamento levar em conta a esbeltez da pea e o efeito de flambagem. As

    barras do grupo 60 podem ser tomadas como exemplo. Para foras solicitantes

    similares de trao e compresso, foram obtidas temperaturas crticas diferentes em

    que a menor est associada compresso (TABELA 17).

    TABELA 17 EXEMPLO EM QUE O EFEITO DE COMPRESSO A SITUAO CRTICA

    Grupo de Barra

    Perfil Ao Esforo Solicitante (kN) Temperatura Crtica (C)

    60 L 44,45 x 3,18 A 36 2,290 (trao) 1032

    -2,319 (compresso) 769

    Levando-se em conta os esforos solicitantes associados combinao de

    clculo para a situao de incndio recomendada pela norma NBR 14323 (2013),

    observou-se que a temperatura mais crtica para as barras da torre foi 508C (Grupo

    34). Porm, temperatu