Onda Jazz

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Domingo 29/01/2012 MARCELO ALBUQUERQUE Da esq. para a dir., Atiba Taylor, Felix Baigon, Ricardo Lopes e Carlos Bala: é o BMJQ nas areias da praia de Garça Torta O NDA MÚSICA. O jazz de Alagoas tem um novo disco para chamar de seu. Nascido do encontro acidental entre os instrumentistas Carlos Bala, Felix Baigon, Ricardo Lopes e Atiba Taylor, no final de 2011 o Brasil Modern Jazz Quarteto botou na praça o CD The Magic Hour. Fruto das experiências de quatro músicos (três alagoanos e um americano) dos mais tarimbados, o registro que exala o despojamento típico do jazz também passeia por sonoridades diversas, incluindo as brasileiras. Responsáveis por manter o ritmo na ‘cozinha’ do quarteto, nesta edição Bala e Baigon – ases da bateria e do contrabaixo, respectivamente – contam à Gazeta como surgiu o BMJQ e revelam detalhes da gravação do álbum, além de comentar temas ligados à cena musical da cidade. É claro que você não pode deixar de conferir Leia nas págs. B2, B5 e B6 JAZ Z Escritora americana Jennifer Egan tem seu premiado A Visita Cruel do Tempo lançado no Brasil. B10 DIVULGAÇÃO

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Matéria sobre o primeiro disco do Brasil modern Jazz Quartet

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Domingo 29/01/2012

MARCELO ALBUQUERQUE

Da esq. para a dir., Atiba Taylor, Felix Baigon, Ricardo Lopes e Carlos Bala: é o BMJQ nas areias da praia de Garça Torta

ONDA

MÚSICA. O jazz de Alagoas tem um novo disco para chamar de

seu. Nascido do encontro acidental entre os instrumentistas Carlos

Bala, Felix Baigon, Ricardo Lopes e Atiba Taylor, no final de 2011 o

Brasil Modern Jazz Quarteto botou na praça o CD The Magic Hour.

Fruto das experiências de quatro músicos (três alagoanos e um

americano) dos mais tarimbados, o registro que exala o despojamento

típico do jazz também passeia por sonoridades diversas, incluindo as

brasileiras. Responsáveis por manter o ritmo na ‘cozinha’ do quarteto,

nesta edição Bala e Baigon – ases da bateria e do contrabaixo,

respectivamente – contam à Gazeta como surgiu o BMJQ e revelam

detalhes da gravação do álbum, além de comentar temas ligados à

cena musical da cidade. É claro que você não pode deixar de conferir

Leia nas págs. B2, B5 e B6

JAZZ

Escritora americana Jennifer Egan tem seu premiado A Visita Cruel do Tempo lançado no Brasil. B10

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AÇÃO

GAZETA DE ALAGOAS, 29 de janeiro de 2012, Domingo 2 Caderno BB

A QUÍMICA DE UM ENCONTRO ACIDENTAL

CONTINUAÇÃO DA PÁG. B1. Da primeira ‘tocada’ à ideia de gravar um disco de jazz à moda antiga, uma história que tem tudo a ver com entrosamento

Grupo cuja formação se deu após uma canja num bar do Centro de

Maceió, o BMJQ estreia em disco com um trabalho que traduz a relação de

seus integrantes com a música e, por que não dizer, com a vida na capital

tem público, onde real-mente vai abrir portas. Di-ferente disso, a gente fica tocando aqui em Maceió”.

Em conversas francas com a reportagem, tanto Carlos Bala quanto Felix Baigon – os responsáveis pela ‘cozinha’ rítmica do quarteto – passearam por

questões pertinentes ao atual momento da música instrumental produzida em Alagoas. Dos bastido-res do disco aos novos pro-jetos dedicados ao jazz, ao choro e suas vertentes; do circuito de bares e restau-rantes da cidade recepti-vos à boa música; e sobre

o histórico do estilo em Alagoas. Seria The Magic Hour o primeiro disco re-conhecidamente de jazz gravado e lançado por um grupo por aqui? A seguir, a Gazeta traz os momen-tos mais marcantes dessas entrevistas, tudo por te-mas. Não perca. ‡

Suave sintonia

As figuras do quarteto

Na maciota, na boa. Assim sucedem-se os temas que compõem o conjun-to harmônico de The Magic Hour, estreia do Bra-sil Modern Jazz Quarteto em disco. Independente, o álbum foi uma boa surpre-sa no finzinho de 2011, e tem estirpe para en-trar numa provável lista dos melhores momentos da música produzida em Alagoas. A liberdade que marcou as duas sessões de gravação – ao vivo, à moda antiga, no estilo old school – transparece já na abertura, na levada da faixa-título, com as viradas da bateria de Carlos Bala e o sax de Atiba Taylor viajan-do livre. Ricardo Lopes dá o tom na metade final de Jazzcarecica, de sua auto-

ria, que ao lado de Trilha do Mar, Trilha do Jazz presta homenagem ao pedaço do litoral alagoano que tanto combina com a sonoridade do grupo. Minha Amada é um sopro sereno à beira-mar, fazendo o contrapon-to com o swingado de Out of the Dark. A brasileiríssi-ma O Billy Chegou é home-nagem ao multi-instrumen-tista Billy Magno, e tem ares de samba de gafiei-ra. Dona Marta, composta por Felix Baigon em parce-ria com o também alagoa-no Luizinho Assis há mais de 20 anos, já tem seu espaço reservado no can-cioneiro local, um partido-alto de responsa. Impossí-vel não reconhecê-la após os primeiro acordes. Pas-saport fecha o disco, com

Disco: The Magic Hour Banda: Brasil Modern Jazz Quarteto Lançamento: independente Preço: R$ 20 Onde encontrar: na Academia de Música (rua Princesa Isabel, 38, Farol; tel. 3317-0298)

FOTOS: MARCELO ALBUQUERQUE

O improviso marcou a gravação de The Magic Hour. “A ideia era reproduzir a forma como tocamos nos bares”, diz Baigon

Nome: Atiba Taylor Idade: 54 Nascimento: Richmond, Virginia, EUA O jazz numa palavra: “Freedom”

meados de 2011. O arca-bouço prático do jazz nor-teou o processo, como ex-plica Baigon: “A ideia era fazer um disco como anti-gamente. Se você observar o encarte dos discos de Miles Davis, John Coltra-ne, essa turma gravava em estúdios que se pareciam com aqueles galpões de Jaraguá, com pé direito al-to. O material era gravado sem emendas. Aqui fize-mos mais ou menos a mes-ma coisa. Eu ficava com o Bala no aquário, e o Atiba e o Ricardo na técnica. Te-ve uma ou outra em que fizemos dois takes para es-colher o melhor, mas a ideia era reproduzir a for-ma como tocamos nos ba-res da cidade”.

À venda na Academia de Música, com o próprio guitarrista Ricardo Lopes, o disco custa R$ 20 e foi produzido e lançado pelo grupo, que agora planeja o escoamento do trabalho. A primeira oportunidade acontecerá no Garanhuns Jazz Festival, no carnaval. Ainda não há data para um show de lançamento em Maceió, mas bem que o público mereceria esse presente. Segundo Bai-gon, o plano é levar o CD para o maior número de lugares possível, “deixar o disco no Sesc, no Auditó-rio Ibirapuera, na Rádio Eldorado. Em espaços on-de essa música realmente

RAMIRO RIBEIRO REPÓRTER

Sim, foi quase sem que-rer. Quis o destino, ou os deuses do jazz, vá saber, que o embrião do Brasil Modern Jazz Quarteto sur-gisse de uma canja para lá de informal num bar do Centro de Maceió. É Car-los Bala, mais de 35 anos com suas baquetas MPB afora, quem conta a histó-ria. “Nós tocávamos no Mandala, no Centro, Ri-cardo Lopes, Van Silva e eu, éramos um trio. Um dia o Van não pôde tocar e mandou um substituto, que era o Felix Baigon. Nesse dia o Atiba Taylor apareceu por lá e deu uma canja. E nessa canja rolou uma química legal. Isso já tem uns dois anos. Daí pintou uma ideia de fazer alguma coisa com esse no-vo quarteto. Fizemos o pri-meiro ensaio, começamos a tocar, e a ideia foi ama-durecendo”.

O encontro acidental entre Carlos Bala (bate-ria), Felix Baigon (contra-baixo), Ricardo Lopes (guitarra) e Atiba Taylor (saxofone, teclados e, eventualmente, voz) ren-deu, quase dois anos de-pois, as oito faixas que compõem The Magic Hour, estreia ‘descompromissa-da’ do grupo em disco, re-sultado de duas sessões de gravação realizadas em

a voz de Atiba a marcar o improviso bem orquestra-do. Tarimba e despojamen-to se unem num trabalho contemplativo, praieiro, em notas meticulosamente bu-riladas. Belo début. RR

Nome: Carlos Bala Idade: 58 Nascimento: Maceió O jazz numa palavra: “Uma maneira de tocar”

Nome: Felix Baigon Idade: 55 Nascimento: Maceió O jazz numa palavra: “O jazz é como a vida”

Nome: Ricardo Lopes Idade: 34 Nascimento: Maceió O jazz numa palavra: “Liberdade”

Domingo, 29 de janeiro de 2012, GAZETA DE ALAGOAS Caderno B 3 B

ROTEIROCULTURAL

Cena de A Noite do Chupacabras, filme de Rodri-go Aragão que será exibido na Noite dos Malditos: no dia 03 de fevereiro, no Cine Sesi

Trash!

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AÇÃO

RICARDO LÊDO/ARQUIVO GA

MIRANTES DE MACEIÓ Áreas que oferecem uma bela panorâmica da capital, os mirantes estão localizados em diferentes bairros da cida-de. Os principais são o de São Gonçalo, no Farol, o de Chã de Bebedouro e o da praia da Sereia, no litoral norte. Em diversos pontos da capital. As visitas devem ser feitas pre-ferencialmente durante o dia. Em alguns deles, há feirinhas.

2 COELHOS Kinoplex (nacional, 18h50, 21h10); Centerplex (nacional, 14h20, 16h40) – 16 anos Sinopse: após se envolver num grave acidente auto-mobilístico e perder mulher e filho, Edgar é indiciado, mas se livra da prisão. De-pois de uma temporada em Miami, ele retorna com um plano de vingança.

A BELA E A FERA 3D Kinoplex (dub., 13h10, somente sáb. e dom.); Centerplex (dub., 17h, so-mente sáb. e dom.) – Livre Sinopse: remasterizada, a fábula clássica conta a histó-ria da feiticeira que transfor-ma um príncipe cruel em uma fera horrenda. Para quebrar o feitiço, a Fera pre-cisa conquistar o amor da linda e inteligente Bela.

À BEIRA DO ABISMO Kinoplex (leg., 19h, 21h20); Centerplex (dub., 19h20, 21h40) – 14 anos Sinopse: um ex-policial procurado pela justiça resol-ve se matar pulando do alto de um prédio de Nova York. Notificada, a polícia da cida-de se mobiliza para tentar impedir que o homem aca-be com a própria vida.

AS AVENTURAS DE TINTIM 3D Kinoplex (dub., 13h20, 15h50, 18h20, 20h50); Cen-terplex (dub., 14h, 16h30, 18h50, 21h10); Cine Lu-mière (leg., 14h30,16h40, 18h50, 21h) – 10 anos

Sinopse: Tintim é um jo-vem repórter que está sem-pre atrás de uma boa maté-ria. Nesta nova aventura, ele e seu cão, Milu, juntam-se ao capitão Haddock na disputa contra Sakharine para encontrar o tesouro.

ALVIN E OS ESQUILOS 3 Kinoplex (dub., 13h, 15h, 17h); Centerplex (dub., 13h, 14h50, 17h, exceto sáb. e dom., 19h, 21h) – Livre Sinopse: de férias a bordo de um luxuoso cruzeiro, Al-vin, Simon, Theodore e as Esquiletes estão agindo co-mo de costume, transfor-mando o navio em seu play-ground pessoal, até que eles ficam encalhados em uma ilha deserta. Agora, eles vão viver uma movimenta-da aventura insular.

A PELE QUE HABITO Cine Sesi (leg., 17h, exceto seg.) – 16 anos Sinopse: um brilhante ci-rurgião plástico, assombra-do pela morte da esposa, cria uma pele sintética, re-sistente a qualquer tipo de dano, e resolve testá-la em uma mulher misteriosa.

AS AVENTURAS DE AGAMENON, O REPÓRTER Kinoplex (nacional, 13h20, exceto sáb. e dom., 15h10, 17h) – 14 anos Sinopse: a comédia revela a misteriosa vida do jornalista Agamenon Pedreira, perso-nagem criado por Marcelo Madureira e Hubert que há mais de 20 anos assina uma coluna de jornal.

COMPRAMOS UM ZOOLÓGICO Kinoplex (dub., 13h40, so-mente sáb. e dom.) – Livre Sinopse: Benjamin Mee é um homem que, ao lado dos filhos, encontra uma bela casa para viver no interior, mas é surpreendido ao des-cobrir que o lugar é um zoo-lógico abandonado. Ele aceita o desafio e compra a casa, na esperança de res-taurar a glória do local.

L’APOLLONIDE – OS AMORES DA CASA DE TOLERÂNCIA Cine Sesi (leg., 21h, exceto seg.) – 16 anos Sinopse: no fim do século 19 e início do 20, o bordel parisiense L’Apollonide vive seus últimos dias. No filme, o dia a dia das prostitutas que trabalham no casarão.

MILLENNIUM – OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES Kinoplex (leg., 14h10, 17h20, 20h40); Center-plex (leg., 14h30, 18h, 21h20) – 16 anos Sinopse: Harriet Vanger de-sapareceu há 36 anos, sem deixar pistas. Mesmo tanto tempo após seu sumiço, seu tio ainda está à sua procura. Ele resolve contratar um jor-nalista, que aceita o traba-lho, recebendo a ajuda de Lisbeth Salander, uma hac-ker com dotes de detetive.

OS DESCENDENTES Kinoplex (leg., 14h, 16h30, 19h, 21h25) – 12 anos Sinopse: há 23 dias, a vida

de Matt King mudou com-pletamente: sua esposa, Eli-zabeth, sofreu um acidente e entrou em coma. Desde então, cabe a Matt cuidar das filhas Scottie e Alexan-dra, até ser informado pelos médicos que sua esposa irá morrer.

O ÚLTIMO DANÇARINO DE MAO Cine Sesi (leg., 14h50, exceto seg.) – 14 anos Sinopse: depois de estudar balé em Pequim, um jovem chinês entra para a Compa-nhia Houston Ballet, nos Es-tados Unidos, onde começa uma vida nova – e livre.

SHERLOCK HOLMES: O JOGO DE SOMBRAS Kinoplex (leg., 13h30, exceto sáb. e dom., 16h10, 18h50, 21h30); Centerplex (dub., 15h40, 18h20, 21h); Cine Lumière (leg., 14h, 16h30, 19h, 21h30) – 14 anos Sinopse: Sherlock Holmes sempre foi a pessoa mais in-teligente da Inglaterra... Até conhecer o professor Mori-arty, não apenas o seu equi-valente intelectual, mas também seu maior inimigo.

UM CONTO CHINÊS Cine Sesi (leg., 19h10, exceto seg.) – 14 anos Sinopse: Roberto é um soli-tário veterano da Guerra das Malvinas que tem uma loja de ferragens e vive de mau humor. Isso até o dia em que resolve ajudar o Jun, um chinês que vira sua vida de cabeça para baixo.

EMCARTAZ PROGRAMAÇÃO ATÉ 02/02. HORÁRIOS FORNECIDOS PELOS CINEMAS; KINOPLEX (WWW.KINOPLEX.COM.BR); 4003-7043 (CENTERPLEX); 3317-4834 (CINE LUMIÈRE); 3235-5191 (CINE SESI)

com direito a surpresas. “Que a gente só vai reve-lar na hora”, despista Bra-ga. Vale ficar de olho. Concentração em frente ao Clube do CRB, na Pajuçara. No dia 11 de fevereiro, a partir das 06h; desfile ao longo da orla de Pajuçara e Ponta Verde. Aberto ao público. Mais informações: 9982-6614, 9968-3666 e 8804-0216.

GRITO ROCK Apesar de concebido co-mo um projeto indepen-dente, o Grito Rock está entre os destaques da pro-gramação do Jaraguá Fo-lia. Gratuito, o festival é uma iniciativa de caráter intercontinental, já que é realizado em diversas ci-dades brasileiras e em ou-tros oito países, incluindo México e EUA. Além de Maceió (no próximo dia 10, na praça Marcílio Di-as), o Coletivo Popfuzz, organizador do evento, também tocará parcerias nas cidades de Arapiraca ( L a g o d a Pe r u c a b a , 11/02), Palmeira dos Índi-o s ( B o a t e A q u a r i u s , 12/02) e Delmiro Gou-veia (no dia 20, em local a confirmar). O Grito Rock América Latina é uma ini-ciativa da rede Fora do Ei-xo, e é produzido com o apoio do Toque no Brasil. Rua Sá e Albuquerque, Jaraguá. No dia 10 de fevereiro, a partir das 17h. Aberto ao público. Mais in-formações: 9969-0377.

CINEMA: FORA DO CIRCUITO

A NOITE DOS MALDITOS Para a turma que aprecia cultura trash, a noitada é imperdível. Na primeira sexta-feira de fevereiro, o Cine Sesi se transformará num templo para o horror e seus sub-gêneros. O som

progressivo-sombrio do grupo Necrono-micon abre os tra-balhos, às 22h, preparando o cli-ma para a exibi-ção dos curtas Zombio e O Doce Avanço da Faca, do cineasta catari-nense Petter Baies-torf. Considerado o maior expoente do ex-plotation nacional, após o debate com o realizador é a vez da banda Impren-sa Anônima dar continui-dade à maratona, que só termina após a projeção do longa A Noite do Chu-pacabras, de Rodrigo Ara-gão. E aí? Vai encarar? Cine Sesi. Av. Dr. Antônio Gouveia, 1113, Pajuçara. No dia 03 de fevereiro, a par-tir das 22h. Ingressos: R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia); à venda a partir do dia 1º de fevereiro, na bilhete-ria do Centro Cultural Sesi. Mais informações: 3235-5191 e www.centrocul- turalsesi.com.br.

ARTES VISUAIS

ALAGOANÓS Fundado em 1974 numa vila de pescadores do mu-nicípio de Maragogi, o Museu da Praia abriga até o dia 29 de fevereiro a ex-posição AlagoaNós, que reúne trabalhos de quatro fotógrafos alagoanos em suas andanças. Integran-tes do Projeto Autorretra-to, Hannah Rocha e Sheila Tainara, jovens que vivem na comunidade, exibem imagens capturadas em diferentes paragens no in-terior do estado. Já o re-pórter fotográfico Ailton Cruz compila instantâne-os clicados durante sua es-tada em Angola, na Áfri-ca. A mostra reserva ainda uma sala com vídeos pro-duzidos pelo bailarino Jorge Schutze. Com entra-da franca, a coletiva pode ser conferida somente aos sábados e domingos, no horário das 14h às 17h. Museu da Praia. Povoado de Ponta de Mangue, Ma-ragogi, Alagoas. Visitação: até o dia 29 de fevereiro,

PRÉVIAS DE CARNAVAL

9º BAILE DOS SERESTEIROS Mais tradicional evento do calendário de prévias de Maceió, o Baile de Máscaras dos Seresteiros da Pitanguinha está com ingressos à venda. Em sua nona edição, a festa será no dia 03 de fevereiro, no Pavilhão do Centro Cultu-ral e de Exposições, em Jaraguá. Na programação, os Seresteiros da Pitangui-nha e a Estação Frevo Or-questra de Pernambuco, além do disputado con-curso de máscaras e fanta-sias – as inscrições devem ser feitas antecipadamen-te, no estande Sue Cha-musca. Neste ano também será realizada a 3ª edição do Bailinho, com os Seres-teiros e a dupla Divina Su-pernova fazendo a alegria dos baixinhos – no dia 05 de fevereiro, novamente no Centro de Convenções. Pavilhão do Centro de Convenções/Baile. Centro Cultural e de Exposições. Rua Celso Piatti, s/n, Ja-raguá. No dia 03 de feve-reiro, a partir das 21h. In-gressos: de 30 a R$ 400. Mais informações: 3235-5301 e 9925-7299. Pavilhão do Centro de Convenções/Bailinho. No dia 05 de fevereiro, a partir das 15h. Ingressos: a par-tir de R$ 30. Mais informa-ções: 9925-7299.

PINTO DA MADRUGADA Em atividade há mais de uma década, o bloco car-navalesco tem como obje-tivo recuperar a tradição dos festejos de momo por meio das brincadeiras de rua. De acordo com Braga Lyra, um dos diretores da agremiação, neste ano o desfile deve atrair um pú-blico superior a 160 mil pessoas. Mas antes de pôr (oficialmente) o bloco na rua, o Pinto contará com duas ‘prévias’ – são as pré-vias da prévia. A primeira será no dia 04 de feverei-ro, a partir das 07h, no chamado Munguzá do Pinto, cuja concentração será em frente ao Hotel Ponta Verde. Já o Pintinho Infantil, dedicado à garo-tada, acontece no dia 05 de fevereiro, a partir das 10h, na orla de Pajuçara – na ocasião, os foliões fes-tejarão os dez anos do bloco. A ‘cereja do bolo’, ou seja, o desfile do Pinto, é atração no dia 11 de fe-

vereiro,

aos sábados e domingos, das 14h às 17h. Entrada franca. Mais informações: (82) 3296-9218 e no site www.museudapraia.com.br.

ESPETÁCULO TEATRAL

SADE EM SODOMA Baseado na obra Os 120 D i a s d e S o d o m a , d o Marquês de Sade, o espe-táculo que foi adaptado para o teatro pelo diretor e dramaturgo Ivan Su-gahara a partir de uma novela inédita do autor Flávio Braga narra os 120 dias de uma grande orgia para o próprio Marquês. Perversão sexual, violên-cia, crueldade, prazer com o sofrimento alheio e pe-dofilia fazem parte dos re-latos. Em cena, o soldado Mathieu (Tárik Puggina) é contratado como guar-da-costas de um nobre. Ele narra ao marquês os acontecimentos dos últi-mos quatro meses. A des-crição dos desregramen-tos ali ocorridos envolve antigas cafetinas, que au-xiliaram na criação dos climas de cada um dos 120 dias. O zeloso criado sugere que ele ouça tam-bém uma das cafetinas, Madame Duclos, papel vi-vido pela atriz Guta Stres-ser. A peça tem última apresentação hoje (29) em Maceió, no Deodoro. Teatro Deodoro. Pç. Mal. Deodoro, s/n, Centro. Hoje (29), às 20h. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Ponto de venda: loja Levi’s (Maceió Shopping). Classificação: 18 anos. Mais informações: 3032-5210 e 9601-2828.

Festejando dez anos de

atividades, o bloco inicia sua marato-

na foliã no Munguzá do Pinto: no dia

04 de feverei-ro, com con-

centração em frente ao

Hotel Ponta Verde

Folia!

GAZETA DE ALAGOAS, 29 de janeiro de 2012, Domingo4 Caderno BB

CRUZADAS

TV GAZETA CANAL 7 04h45 Santa Missa 05h45 Sagrado 05h55 Gazeta Rural 06h25 Pequenas Empresas 07h00 Globo Rural 08h00 Auto Esporte 08h30 Esporte Espetacular 11h30 Esquenta 12h45 Temperatura

Máxima: Os Incríveis 14h40 Domingão

do Faustão 16h00 Futebol 2012 –

Campeonato Carioca: Nova Iguaçu x Botafogo

18h00 Domingão do Faustão

19h45 Fantástico 22h05 Big Brother Brasil 12 22h50 Festival de Verão

de Salvador 23h45 Domingo Maior:

O Jogador 01h35 Sessão de Gala:

Hollywoodland – Bastidores da Fama

TV PAJUÇARA CANAL 11 04h25 Bíblia em Foco 04h55 Desenhos Bíblicos 05h45 IURD – Nosso Tempo 06h15 Desenhos Bíblicos 08h00 Ponto de Luz 09h00 Pajuçara 360º 09h30 Informativo Cesmac 10h00 Alagoas Dá Sorte 11h00 Tudo é Possível 15h00 Programa do Gugu 19h00 Domingo Espetacular 22h15 Repórter Record 00h00 Amazônia 00h30 Aprontando Na Índia

TV EDUCATIVA CANAL 3 05h00 Via Legal 05h30 Brasil Eleitor 06h00 Palavras de Vida 07h00 Santa Missa 08h00 Viola Minha Viola

09h15 Curta Criança 09h30 Janela Janelinha 10h00 Escola pra Cachorro 10h15 Meu Amigaozão 10h30 A Turma do Pererê 11h00 ABZ do Ziraldo 11h30 Tromba Trem 11h45 Carrapatos

e Catapultas 12h00 A Turma do Pererê 12h30 Catalendas 12h45 Cocoricó 13h00 Dango Balango 13h30 TV Piá 14h00 Stadium 15h00 O Planeta Azul

– O Abismo 16h00 Ver TV 17h00 De Lá Pra Cá 17h30 Cara e Coroa 18h00 Papo de Mãe 19h00 Conexão

Roberto D’Ávila 20h00 Esportvisão 21h30 Curta TV 22h00 Cine Ibermedia 23h45 DocTV 00h30 Esportvisão 02h00 De Lá Pra Cá 02h30 A Grande Música 03h30 Caminhos da

Reportagem 04h30 Expedições

TV ALAGOAS CANAL 5 05h00 Aventura Selvagem 06h00 Pesca Alternativa 07h00 A Grande Ideia 07h30 Vrum 09h00 Igreja Mundial 10h00 Domingo Legal 14h00 Eliana 18h00 Roda a Roda Jequiti 18h55 Sorteio da Tele Sena 19h00 Programa

Silvio Santos 23h00 De Frente com Gabi 00h00 O Mentalista 01h00 Divisão Criminal 02h00 Os Esquecidos 03h00 Encerramento

TEMPERATURA MÁXIMA

Uma família superpoderosa

vai tomar conta da telinha

na animação Os Incríveis

FESTIVAL DE VERÃO DE SALVADOR

A Globo exibe o compacto com os

melhores momentos do evento, a partir

das 22h50

TVABERTA

CRUZDAS

ATURA ÁXIMAfamília derosa r conta telinha maçãocríveis

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AÇÃO

Mercúrio e Júpiter em dissonância sugerem

desvios, excessos e exageros. Lua crescen-

te em Touro: 31/1

ÁRIES. Lua em seu signo pede calma, silêncio e na-tureza para você restaurar suas energias. Semana pro-mete movimento e novida-des, então aproveite seu tempo com discriminação. Saiba fazer escolhas saudá-veis.

TOURO. Aproveite o do-mingo para dormir bem, descansar, meditar ou fazer uma pequena via-gem em que possa are-jar a mente e exercitar os músculos em atividades leves. De noite, evite ex-cessos alimentares para não ficar mal.

GÊMEOS. Seu planeta regen-te Mercúrio arma hoje aspec-to tenso com Júpiter, sinali-zando gastos desnecessários por conta de uma viagem, ou luxos desnecessários. Cuida-do. Exerça seu poder de discri-minação.

CÂNCER. Lua e Saturno em ângulo difícil anunciam adia-mentos, demoras ou mudan-ças de planos que envolvem planos familiares e pessoais. Parcerias problemáticas, não se fie em promessas arranca-das de pressões.

LEÃO. Curtir o domingo exi-girá de você compreensão para com os outros e capa-cidade de agir em conjunto, deixando de lado seus inte-resses. Se estiver disposto, ótimo. Senão, evite programa-ções sociais e familiares.

VIRGEM. Altos e baixos neste domingo, em especial por causa de gastos - com concertos domésticos, aquisi-ção de aparelhos ou utensí-lios etc. Aspecto difícil entre Lua e Marte anunciam confli-tos com mulheres. Momento de inquietude.

LIBRA. Engate uma conver-sa básica sobre suas defici-ências, temores e fraquezas com seu amor. A maioria da-queles aspectos que você pre-feria ocultar estão saltando aos olhos de todos. Observe. Melhor dia para encará-los, impossível.

ESCORPIÃO. Segure a von-tade de gastar muito, comer demais, se exceder na bebi-da, tomar sol demais, enfim fazer tudo alem do moderado e do equilibrado. Mercúrio e Júpiter anunciam efeitos ne-gativos. Mas você pode evitar tudo isso!

SAGITÁRIO. Domingo bom para visitar um canto desco-nhecido da sua cidade com um amigo. Bom papo, idei-as inteligentes para resolver problemas crônicos da cida-de etc. mas anote tudo para essa inspiração não ser em vão.

CAPRICÓRNIO. Música, na-tureza e descanso – no máxi-mo um cineminha no fim da tarde! Melhor programa não há, para você neste domingo. Leia sobre novos investimen-tos financeiros. Evite ser rígi-do com seus queridos para não arrumar intrigas.

AQUÁRIO. Você está viven-do um dos períodos mais propícios do ano para fazer novas amizades e aprender muito com outros estilos de vida. Viagens e novos interes-ses. Só não seja teimoso e tur-rão.

PEIXES. Faro fino para com-putar gastos, entradas e saí-das de dinheiro, avaliar bens e como negociar melhor seus talentos profissionais. Arru-me um tempo neste domingo para anotar suas inspirações a respeito disso.

BÁRBARA ABRAMO

NOASTRAL

GAZETA AM 1.260 KHz04h00 Notícias da manhã

– 1ª parte 06h00 Despertar com Deus 06h10 Notícias da manhã

– 2ª parte 09h00 Hoje é dia de praia 13h00 Jornada esportiva 20h00 Notícias da noite 00h00 Encerramento

GAZETA FM 94.1 MHz01h00 Show da madrugada 05h00 Forró da manhã 06h00 Como é grande o

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NO RÁDIO

Domingo, 29 de janeiro de 2012, GAZETA DE ALAGOAS Caderno B 5 B

CONTINUAÇÃO DA PÁG. B1. Da ‘cozinha’ para os holofotes, o baterista Carlos Bala e o contrabaixista Felix Baigon revisitam os lances que levaram à criação do BMJQ

e falam sobre as particularidades do circuito musical de Maceió

Quadros em exposição O DISCO A gente ensaia uma vez por semana. Sou o único no quarte-to que não compõe. Então os outros três integrantes foram apresentando suas músicas durante esses ensaios sema-nais. Não houve uma grande preparação. A ideia era gravar o disco como se fosse ao vivo. Por isso gravamos de uma forma que não é convencional hoje, por exemplo, com con-trabaixo e bateria na mesma sala. Mas a nossa ideia era fazer assim, como se estivéssemos em algum lugar tocan-do ao vivo. Em duas sessões gravamos as oito músicas. Daí para a frente foi o processo de mixar e masterizar. Nosso lançamento deve acontecer no mês de fevereiro, quando o Baigon voltar de São Paulo e eu voltar do Rio. Aí pensaremos numa data. Temos um kit com CD e releaseque está sendo enviado pelo Brasil inteiro. A ideia é sair tocando pelos festivais por aí. Vai depender dos convites. Carlos Bala

O CD está à venda com o Ricardo Lopes, na Academia de Mú-sica, que fica próximo à praça Centenário, no Farol. Custa R$ 20. Hoje não tem mais lojas de disco, praticamente. Temos que mandar para alguns pontos, tipo escolas de mú-sica, faculdades. Esses locais concentram o número de pes-soas interessadas. Estamos apostando no disco. Quero ver se consigo tirar esse material daqui. Levei vários kits com o disco para São Paulo, onde participo de um musical. Mas a figura de um produtor faz falta. Quanto à gravação, a ideia era fazer um disco como antigamente. Se você observar o encarte dos discos de Miles Davis, John Coltrane, essa turma gravava em estúdios que se pareciam com aqueles galpões de Jaraguá, com pé direito alto. O material era gra-vado sem emendas. O cara começava com o tema peque-no, que é a melodia, e daí abria espaço para a improvisação, dentro daquelas cadências harmônicas da melodia. Isso é combinado, não é feito aleatoriamente. Depois volta-se ao tema para encerrar a música. Aqui, no Estúdio G, fizemos mais ou menos a mesma coisa. Claro, não temos a mesma condição acústica desses galpões e espaços grandes. Eu ficava com o Bala no aquário, e o Atiba e o Ricardo na técnica. Teve uma ou outra em que fizemos dois takespara escolher o melhor, mas a ideia era reproduzir a forma como tocamos nos bares. Felix Baigon

O GRUPONós tocávamos no Mandala,

no Centro, Ricardo Lopes, Van Silva e eu, éramos um trio. Um dia o Van não pôde tocar e mandou um

substituto, que era o Felix Bai-

gon. Nesse dia que o Baigon foi de substituto o Atiba Tay-lor apareceu por lá e deu uma canja. E nessa canja rolou uma química legal. Isso já tem uns dois anos. Daí pintou uma ideia de fazer alguma coisa com esse novo quarteto. Fizemos o primeiro ensaio, começamos a tocar, e a ideia foi amadurecendo. Fomos tocando aqui, ali, até que pintou a ideia de gravar o disco. Sempre toquei com muita gente e participei de vários discos instrumentais, mas o BMJQ é apenas minha segunda banda. A primeira foi em 1985, cha-mava-se High Life. Durou apenas três meses, espero que o BMJQ dure mais. Estou superfeliz com esse projeto. É uma forma muito leve de tocar. Ninguém está inventando a roda ou quer fazer o disco do século. É totalmente sem compro-misso, estamos tocando aquilo que a gente gosta de tocar. Um chega e apresenta uma música, outro apresenta outra. Tem momentos em que fazemos um mix das músicas do grupo e em outros, músicas que são de outros composito-res, standards de jazz ou da música instrumental brasilei-ra. Colocamos uma roupagem diferente e vamos levando. Estou muito feliz em estar no grupo, e de estar de volta a Maceió. É mais um motivo para valorizar o projeto. Bala

O Bala é muito visceral. Pela estrada que tem e pelo que estudou, quando senta na bateria já sabe o que vai fazer, sai muito espontâneo. Todos nós procuramos isso. Quando você sobe no palco as pessoas percebem. Temos que aliar a estrada de cada um, o que cada um já estudou e vivenci-ou. O somatório disso tudo é que dá num padrão do BMJQ. Tocamos na última edição do Maceió Jazz e no Festival de Porto de Galinhas, já deu para o pessoal sentir que o grupo tem uma identidade. Tocamos música de todo mundo. De Miles Davis à samba de gafieira. O Atiba canta blues. Mas, isso à parte, o que trabalhamos mais é a música autoral. Baigon

O CIRCUITOOlha, tem lugar para a gente tocar. Não existe uma ampli-tude de lugares nem é um mar de rosas, mas a dificulda-de que existe aqui existe no Sudeste. São Paulo eu deixo fora disso porque a oferta é muito grande, de bares, restau-rantes, teatros, etc. Mas no Rio a coisa é parecida com o que rola aqui. Quando cheguei lá em 1985, tínhamos pelo menos cinco, seis lugares para tocar. Depois isso foi aca-bando. Aqui de certa forma até me surpreendeu. Tem al-guns bares onde a gente pode tocar. O Mandala é um deles. Uma pena que a frequência era baixa e não foi viável a gente continuar. Mas andamos tocando por aí. No Trilha do Mar a gente eventualmente toca, quando todo mundo está por aqui. É um dos lugares onde se permite tocar mais à

vontade. As pessoas que vão gostam de música, vão

lá para ouvir a música. Uma coisa interessante aqui é que as pessoas acham Garça Torta longe pra caramba. Para mim é superperto. No Rio, às vezes, tinha que sair de casa duas horas antes para ir até a zona sul. Aqui são só 15 quilô-metros e tem gente que acha longe. Portanto, quem vai lá – mesmo achando longe – vai por causa da música. Sem-pre rola uma jam session. E tem outros lugares. O Divina Gula realizou durante dois meses no ano passado um pro-jeto, patrocinado, com uma banda diferente a cada quinta-feira. Era muito legal. O Lopana também tem um espaço ba-cana. São vários os bares. Resumindo, tem lugar para tocar aqui. Eu achei que estava tudo parado. Agora, tem alguns lu-gares que não são muito confortáveis, onde as pessoas que-rem conversar e ter uma música ambiente. Isso é uma coisa que faz parte do jogo, você escolhe se faz ou não. Em algu-mas situações pode ser legal, em outras você fica aborre-cido. “Pô, tô aqui tocando há duas horas e ninguém presta atenção”. Mas é sempre um espaço para tocar. Bala

Está bacana. Estão abrindo espaço para a música instru-mental. Passamos uma época aqui em que era aquela febre do pagode, depois teve esse negócio de sertanejo. Mas agora está abrindo. Lopana, Divina Gula, Trilha do Mar, Bar do Osman, o do ‘seu’ Manoel... Baigon

LITORAL NORTEEntre os bares, meu lugar preferido é o Trilha do Mar. O lugar é lindo, a gente toca à vontade, ninguém exige que a gente toque nada. O repertório quem faz é a gente, e tudo bem. As pessoas que vão lá vão para ouvir música. Então esse é o lugar. Só a paisagem já é um privilégio. Às vezes mando uma foto e mostro para os colegas do Rio. “Bicho, olha como eu tô passando mal!”. No bar do Osman mesmo (o Quintal), em Garça Torta, todo ano a gente faz um en-contro lá. Tocamos olhando para o mar. Isso é um prêmio. É outro lugar bom de tocar, embora a estrutura não permi-ta que se faça constantemente. Mas é um lugar superagra-dável. Entre o Trilha do Mar e o bar do Osman, ali na Garça Torta, tem o bar do Carlinhos, também superlegal, toquei lá umas duas vezes. Aquela orla é uma maravilha, aquilo é o que há. Você tocar de frente para o mar, superconfortável. É um lugar especial. Bala

Acho que a praia, né? Aquele marzão, você vai tomar uma cerveja, ouvir uma música...

Já é um atrativo. Botar o pé na areia. É meio estranho, porque a música instru-mental lá fora, no Rio e em São Paulo,

é naquele clima da noite, bares enfuma-çados, piano bar, ir curtir uma música am-biente. Aqui não, é o sol mesmo, sábado à tarde, é algo por aí. Baigon

MARCELO ALBUQUERQUE

Bala e o fascínio do Litoral Norte: “Aquela orla é uma maravilha, é o que há. Você tocar de frente para o mar. É um lugar especial”

GAZETA DE ALAGOAS, 29 de janeiro de 2012, Domingo 6 Caderno BB

CONTINUAÇÃO DA PÁG. B1. Na última parte da conversa, Carlos Bala e Felix Baigon lembram de suas vivências longe de Alagoas, avaliam nossa cena instrumental e refutam a

afirmação de que The Magic Hour é o primeiro disco de um grupo de jazz lançado por aqui

Quadros em exposição

trocínio, para prensar os discos... Tanto está pronto que aproveitei três músicas no The Magic Hour. Baigon

A CENA Olha, a música instrumental teve um ‘boom’ do começo do ano passado para cá. A gente tinha, praticamente, só o Power Jazz atu-ando em Maceió. Criamos o grupo a par-tir de uma canja que fazíamos no Manda-la, no Centro. Depois disso, começaram a surgir outros trabalhos instrumentais. Claro que já tinha Everaldo Borges, Almir Medei-ros, Power Jazz. Mas do ano passado para cá é que começam a surgir novos grupos. Tenho notícias, através das redes sociais, de grupos formados por músicos evangéli-cos. Eles têm uma estrutura diferente da nossa. As igrejas já têm os instrumentos, os equipamentos, o que é um elemento facili-tador. A gente tinha que carregar a nossa tralha para poder ensaiar e tocar. Sei de pelo menos três grupos atuando na cida-de. Claro, eles não têm a nossa pegada

O ÊXODO Já tem dois anos que eu estou aqui. No ré-veillon de 2009 eu ainda tocava com a Si-mone, tocamos em Aracaju, eu estava vol-tando. Parei de vez aqui em maio de 2010. Não sinto falta do Rio de Janeiro ou de São Paulo como músico. Agora, é óbvio que a gente vai pensar na sobrevivência, e faz di-ferença. Quando voltei para cá estava traba-lhando com a Simone. É interessante que isso continue. Vai continuar com o Djavan. Fazer alguns trabalhos lá e manter o quar-tel-general aqui. Vai lá, faz o que tem que fazer, e volta. É esse o meu sonho. Pes-soas que me encontram comentam: “Seu semblante está ótimo, você está com uma energia boa”. Não tem dinheiro que pague isso. Foram mais de 30 anos fora. Vinha só de passagem, ficava três ou quatro dias, às vezes no fim do ano. Estou reconhecen-do minha cidade. Está sendo especial para mim. Você valorizar a qualidade de vida é muito importante, porque reflete na músi-ca, reflete na sua performance. Na hora de apresentar sua mensagem, se estiver bem espiritualmente, isso acaba passando para as pessoas. O fato é que estou na contra-mão. A maioria das pessoas – e entendo isso, é a lógica –, os mais novos, querem ir para lá, Rio ou São Paulo. Já teve bateris-ta que me perguntou: “Mas você veio para parar?” Isso surpreende as pessoas. “Você veio fazer o quê em Maceió?” Ora, tem coi-sas pra fazer em Maceió. Eu vim para conti-nuar. E descobrir surpresas. Aqui está cheio de músicos bons. Quando comecei a tocar, tinha um disco na cidade para tudo quanto era músico ouvir, e quase sempre já estava defasado. Hoje os caras estão na internet, ligados, têm informação. Carlos Bala

As pessoas falam, “Ah, tem que morar no Rio ou São Paulo”. Tem alguns momentos em que tem, sim. Eu mesmo já morei dez anos no Rio e alguns em São Paulo. Se você chegar em São Paulo sem o teu mate-rial na mão, vai ser mão-de-obra. Tem que ter consciência disso. Agora, os composito-res daqui, Júnior Almeida, Mácleim, Eliezer, esse pessoal com disco novo, bacana, tem que passar um pouquinho lá fora também. Dois shows no Rio, um em São Paulo. É legal para expandir o público, as possibilidades de entrada. Felix Baigon

JAZZ MADE IN ALAGOAS Não sei se um disco, CD, ou seja lá o que for, mas o meu irmão já fez isso. Já gra-vou, só que não saiu o disco. O Beto (Bate-ra) tinha um grupo, que tocava sempre no Trilha, aliás, os caras tocavam jazz, bossa nova, e gravaram isso, só que não saiu. Por-tanto acho que o nosso não é o primei-

ro, não. Além do meu irmão devem ter ou-tras pessoas que já fizeram. Mas se algo foi efetivamente lançado, não sei. Bala

Nosso disco não é o primeiro. Tivemos o Everaldo Borges, que já lançou dois dis-cos. Tivemos sim outros grupos. Não assim especificamente de jazz. O Chorinho Novo já deve ter lançado alguma coisa. O Wel-lington Pinheiro, que toca na Confraria do Choro, também tem um disco instrumental. Zé do Cavaquinho teve sua obra editada em CD. E outros. O Chau do Pife, como disse, não deixa de ser totalmente instrumental. É música que você pode classificá-la não como jazz, no seu sentido mais amplo, mas não deixa de ser porque o cara improvi-sa como um louco. O Chau é uma maravi-lha. Tocou outro dia com o Cristovão Bas-tos, que é um gênio do piano, e o Chau do Pife lá, improvisando. Baigon

OUTROS PROJETOS Quando eu fizer alguma coisa... O proble-ma é o seguinte: eu já rodei tanto por aí, já toquei com tanta gente que, às vezes, isso é o que impede de fazer alguma coisa nesse sentido. Eu gostaria de chamar todo mundo. Não dá, né? Mas tenho que via-bilizar esse trabalho. Fico pensando tanto nisso que o negócio não sai do chão. Já está na hora. Pode acontecer aqui, pode acon-tecer no Rio, ou em São Paulo, em qual-quer lugar. Posso fazer minha parte aqui e mandar para lá, hoje a tecnologia permite. Eu preferiria gravar com todo mundo junto. Não tem data, mas é uma coisa que está perto de acontecer. E Maceió está me aju-dando nisso, nessa ideia de fazer um disqui-nho meu. Olha, eu falo isso para as pessoas e é difícil de entender, até para mim mesmo. Eu não sou músico de jazz, eu gosto de tocar jazz, essa é a diferença. Estou tocan-do mais jazz em Maceió do que no Rio. Quer dizer, está confortável pra mim. Tenho tocado muitas coisas diferentes. Participei de projetos diferentes, um dia com Júnior Almeida, no outro com Mácleim. Cada um tem sua história. Isso tem sido muito legal, porque o trabalho fica intenso. Tem sempre alguma coisa acontecendo. Bala

Eu sou um operário. Até costumo brincar dizendo que sou um “boia-fria da MPB”. Sou mão-de-obra. Me chamam para tocar, eu vou e toco. É como pago minhas con-tas. Sou um profissional. Não importa: or-questra, acompanhar cantores, produzir, ar-ranjar. Me considero como mão-de-obra. Tenho um projeto solo, iniciado em 2009, está pronto. Tenho dez músicas gravadas. Mas não parei para correr atrás de pa-

de tocar muito em bares, até pela ques-tão da religião, mas têm um material de primeira. Já vi um grupo desses tocan-do no Divina Gula. São novas propostas de música instrumental, com uma gale-ra supernova. Isso é bacana porque de certa forma dá uma oxigenada no merca-do. Agora, é hilário você fazer uma música que não tem para onde escoar, para onde vender. É um público realmente muito res-trito. Os grandes nomes não tocam muito longe da gente. Quem vê aqui nomes como Leo Gandelman, Arthur Maia, vê que os caras têm uma qualidade técnica excep-cional nos seus instrumentos, mas, no fundo, todo mundo quer vender a sua mú-sica. Ninguém quer mostrar perfumaria ou uma técnica fora do comum. A música tem que tocar as pessoas de alguma forma. Acho que a nossa música já tem essa qualidade, essa punção. Mas falta ainda essa abertura de chegar aos lo-cais onde acontecem os grandes festivais e ter espaço, receber convites. Baigon

MARCELO ALBUQUERQUE

FELIX BAIGON “Se você chegar em São Paulo sem o teu material na mão, vai ser mão-de-obra. Tem que ter consciência disso. Agora, os compositores daqui, Júni-or Almeida, Mácleim, Eliezer, esse pessoal com disco novo, bacana, tem que passar um pouquinho lá fora também”

CARLOS BALA “Não sinto falta do Rio de Ja-neiro ou de São Paulo como músico. Agora, é óbvio que a gente vai pensar na sobrevi-vência, e faz diferença”