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Subsídios para a SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS e para todo o ano Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles (Mt 18,20) Preparado conjuntamente por Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas Tradução em lingua portuguesa a cargo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

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Subsídios para a

SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOSe para todo o ano

Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome,

eu estarei no meio deles(Mt 18,20)

Preparado conjuntamente porPontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e

Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas∗

∗ Tradução em lingua portuguesa a cargo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

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Sumário

A todos aqueles que organizam a Semana de oração pela unidade dos cristãosTexto bíblicoIntrodução ao tema de 2006Preparação dos textos para a Semana de oração pela unidade dos cristãos 2006Celebração ecumênica

ApresentaçãoDesenrolar da celebração

Textos bíblicos, meditações e orações pelos oito diasOrações suplementares da tradição irlandensaSituação ecumênica na IrlandaTemas 1968-2006Algumas datas importantes na história da Semana de oração pela unidade dos cristãos

A todos aqueles que organizam a Semana de oração pela unidade dos cristãos

Buscar a unidade durante todo o ano

Tradicionalmente, a Semana de oração pela unidade dos cristãos é celebrada de 18 a 25de Janeiro. Estas datas foram propostas no ano de 1908 por Paul Wattson de maneira a cobrir operíodo entre as festas de São Pedro e de São Paulo. Esta escolha tem portanto um significadosimbólico. No hemisfério Sul, onde o mês de janeiro é um período de férias de verão, preferimosadotar uma outra data, por exemplo nas proximidades de Pentecostes (isto foi sugerido pelomovimento Fé e Constituição em 1926) que representa também uma outra data simbólica para aunidade da Igreja. Conservando esta flexibilidade ao Espírito, nós os encorajamos a considerarestes textos como um convite a encontrar outras ocasiões, no decorrer do ano, para expressar ograu de comunhão que as igrejas já atingiram e para rezar juntas em vista de se chegar à plenaunidade querida por Cristo.

Adaptar os textos

Estes textos foram propostos levando-se em conta que, cada vez que isto for possível,adaptá-los às realidades dos diferentes lugares e países. Fazendo isto, devem levar em conta aspráticas litúrgicas e devocionais locais como do contexto socio-cultural. Uma tal adaptaçãodeverá normalmente ser o fruto de uma colaboração ecumênica.

Em vários países, algumas estruturas ecumênicas já estão estabelecidas elas permitemeste gênero de colaboração. Esperamos que a necessidade de adaptar a Semana de oração àrealidade local possa encorajar a criação destas mesmas estruturas lá onde elas ainda nãoexistem.

Utilizar os textos da Semana de oração pela unidade dos cristãos

Para as igrejas e as comunidades cristãs que celebram juntas a Semana de oração em umaúnica cerimônia, este livrinho porpõe um modelo de Celebração ecumênica da Palavra deDeus.

As igrejas e as comunidades cristãs podem igualmente se servir em suas celebrações, deorações ou outros textos da Celebração ecumênica da Palavra de Deus, textos propostospara os oito dias e de escolha de orações em apêndice desta brochura.

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As igrejas e as comunidades cristãs que celebram a Semana de oração pela unidade doscristãos, cada dia da semana, podem encontrar algumas sujestões nos textos propostospara os oito dias.

As pessoas que desejam dedicar-se aos estudos bíblicos sobre o tema 2006 podemigualmente se basear sobre os textos e as reflexões bíblicas propostas para os oito dias.Os comentários de cada dia podem se concluir com uma oração de intercessão.

Para as pessoas que desejam rezar privadamente, os textos contidos nesta brochurapodem alimentar suas orações e lembrar também que elas estão em comunhão com todosaqueles que, no mundo, rezam por uma maior unidade visível da Igreja de Cristo.

Mateus 18, 18-20

Em verdade eu vos declaro: tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o quedesligardes na terra será desligado no céu.

Eu vos declaro ainda: se dois dentre vós, na terra, se puserem de acordo para pedir seja oque for, isto lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois onde dois ou três estiveremreunidos em meu Nome, eu estarei no meio deles!

“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles”(Mt 18,20)

Introdução ao tema:

O que nos une é muito mais forte do que aquilo que nos separa – tal é a grande descobertaque está na origem do movimento ecumênico. O elemento mais importante de nossa unidade é apresença de Cristo ressuscitado que prometeu aos seus discípulos que estaria com eles até o fimdos tempos. No final do Evangelho de São Mateus, Jesus faz esta promessa imediatamentedepois de ter dito a seus discípulos que fossem fazer novos discípulos em todas as naçõesbatizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (cf. Mt 28, 19-20). Ele estavaconsciente de todas as dificuldades que eles iriam encontrar e não quis deixá-los órfãos em suamissão (cf. Jo 14). Prometeu-lhes que permaneceria com eles. Ele é o “Emmanuel”, isto é, o“Deus conosco” (Mt 1,23).

Os Evangelhos nos falam das diversas maneiras nas quais Jesus, nosso Senhorressuscitado, está presente em nosso meio: quando sua Palavra é proclamada e vivida e quando opão e o vinho eucarísticos são oferecidos em sua memória; ele está presente também na criança,no faminto, no prisioneiro, no abandonado; ele se encontra em cada um de nossos próximos; eleestá entre aqueles que continuarão sua missão e seu ministério de ir pelo mundo. É nestecontexto que que é expressa a promessa de Jesus que serve de tema para a Semana de oraçãopela unidade deste ano: “Lá onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei nomeio deles” (Mt 18,20).

Esta promessa, Mateus a situa no contexto de um ensinamento de Jesus: como organizar acomunidade eclesial com o cuidado dos mais necessitados; como a Igreja pode estar ela mesma aserviço de seus membros que dela se afastaram; que limites colocar ao perdão. Mt 18 contémalguns textos fortes que tratam do juizo. Estes textos são como painéis de significado que seriamdestinados à comunidade dos cristãos, mostrando-lhes lá onde faltam-lhes suas responsabilidadesde discípulos. Outros textos vêem ajuntar uma outra diferença, sublinhando o pensamento deDeus sobre cada indivíduo e lançando à comunidade um apelo ao perdão ilimitado, à imagem dacapacidade infinita de reconciliação que está em Deus. Este capítulo fornece aos primeiroscristãos as instruções deixadas por Jesus: a maneira de contruir a comunidade não pode deixá-losindiferentes. A comunidade que se reúne em torno da pessoa e da palavra de Jesus deve fazertodo o possível para viver em harmonia. É neste contexto que o Senhor convida seus discípulos a

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terem confiança no poder da oração comum como também na sua presença permanente no seioda comunidade, uma vez reunida em seu nome.

Durante a Semana de oração pela unidade dos cristãos e da nossa oração pela unidade aolongo de todo o ano, somos chamados a tomarmos profunda consciência de que esta unidade éuma graça e de que devemos invocar incessantemente este dom. Quando nos esforçamos empromover a unidade de nossas próprias comunidades e a unidade de todos os cristãos, sabemos oquanto é importante nos reunir, de modo ecumênico, em nome de Jesus. Cada vez que nosreunimos também em oração, somos chamados a ter confiança no poder da oração oferecida napresença de Jesus, que prometeu a seus discípulos: “Eu vos declaro ainda: se dois dentre vós, naterra, se puserem de acordo para pedir seja o que for, isto lhes será concedido por meu Pai queestá nos céus” (Mt 18,19). O que conta não é realmente um pluralismo de vozes, mas o fato deque estas vozes estejam unidas na oração. A voz silenciosa que fala ao coração de cada um éamplificada quando nos reunimos em nome de Cristo. Recordemo-nos em nossa oração erendamos graças ao Senhor pelos numerosos progressos alcançados ao longo dos últimosdecênios no caminho de unidade; Jesus Cristo esteve presente entre nós através do poder de seuEspírito e a rezar ao Pai conosco.

A promessa da presença de Jesus entre nós não se limita à comunidade reunida no serviçolitúrgico. Isto porque o amor de Deus Trindade se encarnou em Jesus Cristo, por isso nos épossível em Cristo, viver uma vida de comunhão enraizada na Trindade mesma. Pela presençade seu Santo Espírito, o Senhor ressuscitado deseja estar conosco em todo tempo e em todos oslugares, partilhando nossas preocupações, nos dando conselhos, caminhando ao nosso lado,visitando nossas casas e nossos lugares de trabalho, reavivando nossa alegria por sua presençaque nos conduz todos diretos ao coração do Pai. Ele quer que sintamos a proximidade de Deus,sua força e seu amor. Ele quer estar entre nós a fim de testemunhar, ele mesmo, em nós, seuamor e sua presença em nossas casas, no trabalho, na escola e nos espaços onde nós vivemos.

É de se recordar que muitas coisas foram realizadas ao longo da história cristã “em nomede Jesus”, de coisas que não têm nada a ver com o ensinamento de Cristo, com o exemplo queele nos deu por sua vida e por sua morte. Nossas histórias individuais e comunitárias nosoferecem muitas razões para nos arrepender. Nós lemos em Mateus 18,20, à luz da prioridadeconcedida ao mandamento do amor, no Evangelho de João: “Eis o meu mandamento: amai-vosuns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12) e “Nisto todos reconhecerão que sois meusdiscípulos: no amor que tiverdes uns para com os outros” (Jo 13, 35). A presença de Jesus, láonde dois ou três estiverem reunidos em seu nome, está estreitamente ligada ao amor que estesdois ou três nutrem uns pelos outros.

Reunir-se em nome de Jesus significa participar do amor que ele nos anunciou sobre aterra. Este amor não pode ser reduzido a uma simples filantropia, solidariedade ou benevolência;ele vai bem mais além da amizade ou da ternura. É um amor que se doa inteiramente, que aceitao sofrimento, que “desculpa tudo, [...] crê tudo, [...] tudo espera, [...] abrange tudo” (1 Cor13,7). É um amor que necessita prudência e paciência, quando discernimos a presença do Senhore a direção na qual ele nos guia.

Para poder estar também receptivo, o quanto possível, à presença de Jesus entre eles, oscristãos devem aprender a viver juntos um “ecumenismo no quotidiano” que acompanhe suabusca teológica de unidade. Esta significa estar abertos e se deixar enriquecer pelas tradiçõesespirituais, as riquezas e os costumes, engajando juntos, concretamente, a edificar o Reino deDeus sobre a terra. Isto significa também promover uma cultura de interdependência,aprendendo juntos a ter tudo que há de positivo nas especificidades de toda comunidade eclesiale étnica, de toda história e jurisdição, especificidades que poderão sim, facilmente, dividir oscristãos. Estar conscientes de tudo o que nos divide, nos permite enfrentar, mais eficazmente,isto que nos divide ainda. Um ecumenismo de vida implica, cada vez que é possível, na oraçãocomum, na missão comum e no testemunho comum que tomamos parte, juntos e sempre mais,

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da vida no Espírito. Esta significa também dividir com os outros os aspectos ordinários de nossavida, de sorte que possamos reconhecer, sempre mais, como irmãs e irmãos em Cristo e, quepossamos ver no outro a presença mesma do Senhor.

Nada é pequeno se for realizado por amor. Nenhum gesto de amor, nenhum testemunho,nenhuma colaboração em nome de Jesus, nenhuma oração comum é privada de sentido e devalor, se responde à vontade de Cristo que todos seus discípulos sejam um. Cada uma destasações, mesmo modesta, exprime nossa determinação em amar uns aos outros, como o Cristo nosamou; e pode ser igualmente um sinal eloquente, diante do mundo, frequentemente incapaz dereconhecer a presença de Deus ou indiferente a seus desígnios.

O grupo ecumênico, que se reuniu na Irlanda, para preparar os textos da Semana deoração pela unidade dos cristãos, está consciente da riqueza do patrimônio espiritual daquelepaís, que remonta á antiguidade cristã e que divide então todas as tradições cristãs presentes naIrlanda. Os membros do grupo estavam igualmente conscientes de que as Igrejas cristãs seencontravam envolvidas e tomadas pela armadilha nos conflitos e nas tensões que marcaramfortemente a vida da Irlanda ao longo dos séculos passados. As divisões entre cristãosprovocaram profundas feridas ou as agravaram.

É a terceira vez, ao longo dos últimos 25 anos, que o grupo de preparação da Semana deoração se reuniu na Irlanda, enquanto a violência diminue e cresce a esperança de ver se realizara paz do Cristo. Levando em consideração a rica mas também complexa história da Irlanda, ogrupo tinha boas razões para escolher este ano Mt 18,20 como texto bíblico central e o tema daSemana de oração pela unidade dos cristãos 2006.

A intenção do grupo foi primeiramente de chamar a atenção sobre Jesus, enquanto fontede nossa unidade, sublinhando o que ele já nos indicou: como podemos ser os instrumentos daunidade que Deus deseja para nós.

Em segundo lugar, enquanto que após tentativas e iniciativas, em grande escala, aesperança pode surgir e desaparecer muito rapidamente, os membros do grupo preparatórioobservaram que o simples encontro de dois ou três reunidos, no amor mútuo, em Cristo, é ummeio essencial para construir relações entre os povos e as comunidades divididas. Os encontrosem grupos restritos, as relações e as amizades, em nível local, podem frequentemente dar umpoderoso estímulo à difusão de um espírito de paz e de reconciliação. Muitas experiências nahistória recente da Irlanda testemunham isto.

Em terceiro lugar, o grupo sublinhou que para poder esperar no futuro e construir hoje apaz e a reconciliação, é necessário levar em consideração as lembranças dolorosas e ossofrimentos do passado. Enquanto discípulos de Cristo devemos nos engajar e encontrar meiosconstrutivos, para cuidar das feridas do passado e oferecer um testemunho comum, buscando eescolhendo os caminhos que nos conduzem à reconciliação. É neste espírito que, todos oscristãos que utilizam os textos da semana de oração, são convidados a se reunirem na oração e noamor recíproco, para tentar compreender uns aos outros nas suas diferenças. Nós poderemosassim, nos tornar, sempre mais, sinais poderosos de reconciliação e testemunhar a presença doCristo que nos cura.

Os textos bíblicos propostos e os comentários, para os oito dias, têm por finalidadeestimular uma reflexão prolongada sobre o convite que Jesus dirige a seus discípulos: reunir-seem seu nome. O primeiro dia desenvolve a idéia de que pelo fato de todos os cristãos perteceremao Cristo, nós pertencemos uns aos outros, e somos reunidos numa comunhão, que já se revelano nosso reconhecimento comum do batismo. O segundo dia oferece uma meditação sobre aimportância da humildade no serviço (o exemplo que nos é dado aqui é o convite feito aosdiscípulos de Cristo de lavarem-se os pés mutuamente) como meio de construir a unidade daIgreja. O terceiro dia se concentra sobre a importância da oração comum, sugerindo que quando

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Jesus orou pela unidade de seus discípulos, talvez ele o fez porque seus discípulos ainda nãoestavam unidos em seu nome; a presença de Jesus entre nós nos une a ele e nos une uns aosoutros. O tema do quarto dia é o da purificação das memórias e do perdão oferecido e recebido,elemento essencial da redescoberta e da reafirmação de nossa unidade em Cristo.

O quinto dia descreve a presença de Deus como fonte de paz e estabilidade, de coragem ede força, que nos encoraja, por sua vez, a procurar os meios de realizar a paz. O tema do sextodia permite-nos refletir sobre o duplo movimento da missão, reunião e envio. Estas duasmaneiras de agir têm cada uma, por finalidade realizar a vontade do Pai, que é encorajar o fracoe proclamar que o Reino de Deus está próximo. O sétimo dia convida-nos a acolher o próximo eo estrangeiro em toda a sua diferença, a reconhecer que a presença de Cristo, neles, determina onosso compromisso e a busca de nossa tarefa ecumênica. O oitavo dia se volta para a esperançano final de nossa peregrinação, que nos conduz à plenitude da presença do Cristo. Ao longo detodo o caminho, somos levados a descobrir que os outros cristãos não são mais estrangeiros, mascompanheiros de viagem, e a antecipar juntos o dia em que nós nos manteremos, uns ao lado dosoutros, na presença de Cristo.

Preparação dos textos para a Semana de oração pela unidade dos cristãos 2006

O projeto inicial graças ao qual este livrinho pôde ser realizado foi preparado por umgrupo ecumênico de Dublin. Nós dirigimos nossos sinceros agradecimentos a todos os membrosdo grupo preparatório irlandês:

Pe. Irineu Ioan Cracioun (Igreja greco-ortodoxa da Anunciação em Dublin)Pe. Thanasius George (Igreja copta ortodoxa da Irlanda)Revda. Elizabeth Hewitt (Igreja metodista da Irlanda)Revda. Mary Hunter (Igreja presbiteriana da Irlanda)Pe. Hugh Kennedy (Igreja católica)Pe. Brendan Leahy (Igreja católica)Pastor Fritz-Gert Mayer (Igreja luterana da Irlanda)Pe. John McCann (Igreja católica)Rev. Alan McCormack (Igreja da Irlanda)Pe. Godfrey O’Donnell (Igreja ortodoxa romena da Irlanda)

A versão definitiva destes textos foi finalizada por ocasião do encontro do grupopreparatório internacional nomeado pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial deIgrejas e o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos da Igreja Católica. Estegrupo internacional reuniu-se no Centro dos Focolares próximo do Prosperous no CountyKildare (Irlanda) graças ao generoso apoio da Conferência Episcopal Irlandesa. Nós temos queagradecer ao Arcebispo Séan Brady, ao Bispo Anthony Farquhar e ao Pe. Brendan Leahy, assimcomo a toda a equipe do Centro dos Focolares pela sua hospitalidade muito amável e por tudo oque eles fizeram para facilitar o trabalho do grupo preparatório internacional.

Celebração Ecumênica

Apresentação

A celebração se baseia sobre dois temas:

Tema A – “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome”. A idéia subjacente é deencorajar e de reforçar a comunhão fraternal do povo de Deus nas pequenas comunidades, emesmo nas grandes assembléias, na vida cotidiana assim como nas celebrações litúrgicasoficiais. A resposta fiel ao apelo de Deus não está limitada às assembléias de massa, mas implicao encontro no amor, a oração e o estudo da Bíblia por “dois ou três” reunidos em nome de Jesus.

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De fato, estas são as vidas de pessoas unidas por um amor mútuo que realizam o Reino de Deussobre a terra.

Tema B - “Entao Pedro se aproximou dele e disse: ‘Senhor, quando meu irmão comete umafalta contra mim, quantas vezes devo eu perdoá-lo? Até sete vezes?’Jesus respondeu: ‘Eu não tedigo apenas sete vezes, mas setenta vezes sete vezes’”. Nós falamos de perdão, mas raramentebuscamos perdoar-nos mutuamente uns aos outros.

Uma forte corrente de arrependimento está subjacente em toda esta celebração. Coloca-seem evidência, na oração conclusiva do ato penitencial, que pede especificamente: “perdoa-nosas nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.

Leituras bíblicas

Os textos foram escolhidos de modo a refletir um modelo coerente da presença de Deusem meio ao seu povo, que encontramos do início ao fim das Escrituras.

No Antigo Testamento, Deus livrou seu povo da escravidão no Egito e o conduziu atravésde uma coluna de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite. Ele nuncaabandonou seu povo.

O Salmo evoca as maravilhas que Deus realizou; ele convida seu povo a se lembrar deseus atos e de os transmitir a seus descendentes.

No texto do Apocalipse, o autor faz um apanhado do Reino de Deus onde o Povo de Deus‘reinará para sempre’.

O Evangelho tem seu lugar ao término das leituras porque este reino eterno de Deusanunciado pelo Apocalipse se funda sobre a presença de Deus a seu povo vivido na carne e nosangue de Jesus seu Filho. Jesus anuncia o Reino de Deus. Nele está o cumprimento destapresença de Deus.

Ação de graças e de intercessão

Estas orações se propõem a coordenar a ação de graças pela potente obra de misericórdiade Deus já realizada em favor de seu povo, reconhecendo todos que ele ainda tem muito arealizar, se realmente queremos fazer a vontade de Deus no mundo.

Símbolos

O uso de diferentes símbolos e representações é possível: a cruz celta em particular,levada diante da assembléia; o símbolo dos pregos da cruz utilizados eventualmente no momentodo ato penitencial. As velas, em número de sete, poderiam representar as sete igrejas e os setecandelabros de ouro do primeiro capítulo do Apocalípse.

No entanto, o simbolismo está estreitamente ligado à cultura, às circunstâncias e àsensibilidade das comunidades, nós preferimos omitir toda referência específica ao uso desímbolos, no desenrolar da celebração. Os grupos nacionais são convidados a encontrar ossímbolos que melhor expressam os temas em seu contexto social e cultural.

Para os textos da Palavra de Deus utilizar a Tradução Ecumência da Bíblia (TEB).Utilizar também, de preferência, as versões ecumênicas existentes do texto original do SímboloNiceno-Constantinopolitano e do Pai Nosso.

Desencadeamento da celebração

Saudação

Leitor Que a graça e a paz estejam com vocês.Assembléia Que a graça e a paz estejam com vocês.

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L e A Em nome de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.

Abertura

A saudação litúrgica é seguida da apresentação das comunidades e de seus responsáveisque participam da celebração. Uma vez que começam a render graças a Deus, é uma ocasião paraas pessoas, reunidas, se apresentarem e se engajarem em um espírito de comunhão fraterna e derecíprocas boas-vindas.

Introdução (Ela pode se inspirar nestas linhas)

Como em vários países, desenvolveu-se na Irlanda uma forte cultura espiritual emissionária, mas também uma longa e dolorosa história. Metas e aspirações políticas e religiosasdividiram as comunidades e causaram reais feridas em todos os lados. Deus estava presente nador e aliviou um grande número de feridas psíquicas e psicológicas que foram inflingidas. Nestespequenos grupos de duas ou três pessoas, e nas de grandes assembléias de centenas departicipantes, sentimos a presença reconfortante e misericoridosa de Deus. Por todas estasrazões, os cristãos da Irlanda puderam colocar, no centro de suas experiências de crentes, estaspalavras de Jesus: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meiodeles”(Mt 18,20).

Deus chama seu povo a se unir e ele mostra que o amor e o perdão caminham juntos. Aexperiência de Cristo sobre a cruz chama os cristãos a se darem as mãos e a perdoar. Nos campose nas aldeias, nos burgos e nas grandes cidades, o povo de Deus é chamado a encontrar umcaminho para progredir, confessando e reconhecendo as ofensas e os sofrimentos inflingidos àspessoas e, nesta ótica, a procurar o perdão e a plenitude do novo caminho de Cristo.

Ação de graças / Hino / Música

Litania da presença de Cristo

L. 1 Jesus, Senhor ressuscitado,A Nós estamos reunidos em teu nome.

L. 1 Jesus, Bom Pastor,A Nós estamos reunidos em teu nome.

L. 1 Jesus, Palavra de vida,A Nós estamos reunidos em teu nome.

L. 1 Jesus, amigo dos pobres,A Nós estamos reunidos em teu nome.

L. 1 Jesus, fonte de todo perdão,A Nós estamos reunidos em teu nome.

L. 1 Jesus, Príncipe da paz,A Nós estamos reunidos em teu nome.

A Senhor Jesus Cristo, Tu nos chamas a nos reunir na fé e no amor. Insufla, ainda, em nós, a vida nova de teu Espírito Santo, A fim de que nós possamos entender tua Santa Palavra Rezar em teu nome,

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Buscar a unidade entre os cristãos E viver mais plenamente a fé que nós professamos. A ti, toda glória e toda honra Com o Pai, e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amém.

Ação de graças / Hino / Música

Proclamação da Palavra

Êxodo 40, 1-4 e 34-38(Reflexão sobre a presença de Deus durante a errância de seu povo no deserto)

Salmo 78 (77), 1-8(Reflexão sobre a memória das façanhas de Deus, de seus feitos e o chamado àfidelidade) (Ler em dois coros alternadamente)

Apocalipse 22, 1-5(Reflexão sobre a glória suprema da presença de Deus em meio ao seu povo até que seuReino seja instaurado)

Mateus 18, 15-22(Reflexão sobre as tensões que existem na realidade reconhecendo a presença de Deus emmeio ao seu povo, por modesta que seja a assembléia).

Homilia / Meditação

Profissão de fé

O símbolo Niceno-Constantinopolitano ou o símbolo dos Apóstolos

(Se for utilizado no contexto desta celebração ecumênica o texto original do símbolo deNicéia-Constantinopla, adotar uma tradução ecumênica)

Ação de graças /Hino/Música

Ato de arrependimento(A assembléia se volta para o altar / a mesa eucarística)

L Existem várias maneiras de ser infiéis àquilo que nos tornamos, mediante o batismo, e defaltar ao nosso engajamento e à nossa obediência para com Deus; por isso, dirigimos aoSenhor a nossa prece de arrependimento.

A Deus vivente, nós reconhecemos nossa incapacidade de viver como irmãos e irmãs, comoteus filhos.Deus amante, nós reconhecemos que não temos te amado como tu nos tens amado.

Kyrie eleison

Deus misericordioso, nós reconhecemos ter duvidado de tua Palavra e não ter obedecidoa teu ensinamento.

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Deus clemente, nós reconhecemos nosso desejo de te possuir e de nos fechar em nossasdoutrinas e nossas teologias.

Kyrie eleison

Deus potente, nós reconhecemos não tê-lo reconhecido como Senhor de toda a terra.Perdoe-nos e salve-nos porque nós não permitimos que tua presença brilhe em nossomeio.

Kyrie eleison

L De diversas maneiras, nós falhamos no nosso engajamento e na nossa obediência paracom os nossos semelhantes. Nós nos voltamos para o nosso próximo e para os nossosamigos e fazemos, por eles, as nossas orações de arrependimento.

Em algumas assembléias, mesmo numerosas, é possível recitar alternadamente este atode arrependimento colocando-se frente a frente. Esta disposição exprime que nós nosreconhecemos pecadores diante de Deus e uns em relação aos outros. Portanto, convémformular expressões de arrependimento próprias às situações locais.

A Irmãs e irmãos em Cristo, nós nos reconhecemos pecadores e constatamos nossas falhasno realacionamento fraterno.Irmãs e irmãos em Cristo, nós reconhecemos nosso orgulho fútil e nosso egocentrismo.

Kyrie eleison

Irmãs e irmãos em Cristo, nós reconhecemos ter lhes virado as costas quando maisnecessitaram de nós.Irmãs e irmãos em Cristo, nós reconhecemos não ter visto o Cristo ressuscitado noestrangeiro que estava em nosso meio.

Kyrie eleison

Irmãs e irmãos em Cristo, nós confessamos desejar uma vida fácil, uma vida confortável,uma vida que não exija de nós.Perdoa nossas incapacidades de mostrar o amor de Cristo e tudo o que omitimos emrelação aos irmãos.

Kyrie eleison

(A assembléia se volta de novo para o altar/a mesa eucarística)

L Possa cada um de nós entender as palavras de perdão de Jesus a fim de nos desviar dofalso caminho e seguir a via da reconciliação, da amizade, do amor e da unidade indicadapelo Salvador. Na harmonia e na paz, digamos a oração que ele ensinou a seus discípulos:

A Pai Nosso que estás no céu...

L Realizemos em nossas vidas aquilo que nós confessamos com nossos lábios. Oferecendo-nos o sinal de paz, renovamos nosso engajamento por um novo modo de vida, que faz denossa confissão a Deus, e de uns aos outros, uma etapa decisiva na vida de cada um denós.

O sinal de Paz

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Certas assembléias podem, neste momento da celebração, se deslocar a um outro lugar daigreja, seja em torno do livro da Palavra de Deus, seja em torno do altar/ da mesaeucarística. Este deslocamento exprime a atitude interior e comunitária de conversão, emnome de Jesus, em sua presença. Uma sujestão: trazer uma reprodução da cruz celta, nomomento deste deslocamento, desde a entrada até a assembléia.Outros gestos podem ser aqui propostos: troca entre os membros da assembléia, umversículo da Escritura, ou uma palavra de paz ou de misericórdia...

Orações de ação de graças e intercessão (celebrantes / leitores e a assembléia)

Nós recordamos as maravilhas de Deus, rezemos juntos:

L 1 Senhor do céu e da terra, nós começamos a escutar teu Espírito Santo que nos chama àunidade em Cristo.

A Nós te agradecemos, Senhor.

L 2 Possamos nós estar mais atentos à tua inspiração e mais dispostos a nos ouvir uns aosoutros.

A Nós te pedimos, Senhor.

L 2 Nós começamos a dialogar uns com os outros, celebrando nossa fé comum, que possamostambém compreender e aceitar nossas diferenças.

A Nós te pedimos, Senhor.

L 2 Que o trabalho paciente dos pastores, dos teólogos e dos cristãos possa continuar aprogredir e produzir frutos duráveis.

A Nós te pedimos, Senhor.

L 1 Pelos acordos concluídos concernentes à teologia e à vida pastoral,

A Nós te agradecemos, Senhor.

L 2 Possamos nós nos afrontar com as questões difíceis que nos dividem, ainda, para resolvê-las.

A Nós te pedimos, Senhor.

L 1 Pelos nossos encontros anuais de oração pela unidade dos cristãos,

A Nós te agradecemos, Senhor.

L 2 Possa a oração, em comum, tornar um elemento natural de nossas comunidades locais.

A Nós te pedimos, Senhor.

L 1 Pelo testemunho comum em Cristo, que nós manifestamos em períodos de crise, dejustiça, de paz e de ajuda humanitária.

A Nós te agradecemos, Senhor.

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L 2 Que nossa unidade possa um dia se tornar tal, que o mundo inteiro creia em Cristo que tuenviastes.

A Nós te pedimos, Senhor.

L 1 Pelo progresso do diálogo inter-religioso no mundo,

A Nós te agradecemos, Senhor.

L 2 Possamos nós, de agora em diante, engajados neste diálogo, perceber mais e mais aurgência de nossa plena comunhão, entre cristãos, como testemunho diante dos outroscrentes.

A Nós te pedimos, Senhor.

L 1 Por todas as famílias interconfessionais, vivas testemunhas de comunhão das pessoas, noamor da Pai, do Filho e do Espírito Santo.

A Nós te agradecemos, Senhor.

L 2 Possa nossa vida familiar, contribuir para a alegria em Cristo dos membros de nossasigrejas.

A Nós te pedimos, Senhor.

L 1 Pelos imensos progressos de nossas igrejas, em sua comum concepção da Palavra deDeus, a fonte da Revelação, e pelo caminho já percorrido em vista da celebração comumda eucaristia.

A Nós te agradecemos, Senhor.

L 2 Que esta esperança de partilhar um dia a mesma mesa e de beber na mesma taça, reforcenosso desejo de fazer tua vontade para receber de Ti este dom.

A Nós te pedimos, Senhor.

(Outras intenções segundo o contexto local da assembléia)

Ação de graças / Hino / Música

Envio

A Abre os nossos olhos à tua presença.Abre nossos ouvidos ao teu chamado.Abre nossos corações ao teu amor.Que nossos braços se abram aos outros.Que nossos corações se abram aos extrangeiros.Que nossas portas se abram àqueles que batem.Que nós estejamos abertos a ti, Senhor.Abre este dia hoje e para sempre.

Flame in my heart – St Aidan for Today (David Adams, Triangle Press SPCK)

A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo,

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O amor de DeusE a comunhão do Espírito SantoEstejam sempre com conosco, hoje e por todos os séculos dos séculos. Amém

Tradicional hino espiritual celta

Seja a minha visão, ó Senhor de meu coração,Todo o resto não me é nada, somente tu existesTu és meu melhor pensamento dia e noite,Acordado ou dormindo, tua presença é minha luz.

Seja minha sabedoria, seja minha verdadeira palavra Eu sempre contigo e Tu sempre comigo, Senhor;Tu meu Pai supremo, e eu teu verdadeiro filho;Tu permanecerás em mim, e eu um contigo.

Eu não necessito de nenhuma riqueza, nem de vãos elogios humanos,Tu és meu patrimônio todo o tempo de meus dias;Tu, somente tu, o primeiro em meu coração,Grande Rei dos céus, tu és meu tesouro!

Grande Rei dos céus, resplandecente sol do céu,Conceda-me tuas alegrias depois da vitória;Cristo do meu coração, seja o que vier,Seja sempre minha visão, ó soberano do universo.Canto Irlandes do Século VIII.

Primeiro diaUnidos pela presença de Cristo

“Um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Ef 4, 5-6)

Ez 37, 15-28 Minha morada será junto a elesSl 67 (66) Que os povos te rendam graças, DeusEf 4, 1-6 Um só Senhor, uma só fé, um só batismoJo 14, 23-27 Nós iremos a ele e estabeleceremos nele nossa morada

Comentário

As Escrituras sublinham que Deus quer a unidade de seu povo. Para o profeta Ezequiel,Deus afirma que Judá e Israel – dois reinos separados, freqüentemente em desacordo – serãonovamente um. Por sua presença purificadora, Deus os fortificará e os abençoará em uma aliançade paz.

Nós respondemos naturalmente com gratidão e louvor pelo Dom da unidade que Deusnos oferece. O salmista convida a todas as nações a se unirem pelo louvor a Deus cuja potênciasalvadora será reconhecida por todas as nações e através do mundo inteiro.

Jesus ensina a seus primeiros discípulos que, com o Pai, ele estará presente neles, que ele“morará” em todos aqueles que o amam. Ele promete-lhes igualmente que a sua presença nãoterá fim com sua morte: ele continuará a estar com cada um de seus discípulos - e conosco, hoje– através do Espírito Santo.

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Mas a promessa da presença de Jesus não se limita aos crentes tomados individualmente:portanto, afirma o evangelista Mateus, se dois ou três estiveream reunidos, em nome de Jesus,eles formam uma comunidade, no seio da qual Jesus prometeu estar presente para fortificar eacompanhar todos os membros ao longo de sua caminhada.

Nosso reconhecimento mútuo pelo batismo mostra, com força, esta pertença comum.Pelo batismo, Jesus chama cada um de nós e o faz pertencer a seu corpo, à Igreja. Pertencendo aCristo, nós pertencemos todos uns aos outros. Esta pertença comum – a Cristo e a cada umdentre nós – faz com que sejamos um, apesar de nosso passado, de nossa cultura e de nossasconvicções teológicas diferentes: porque “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, euestarei no meio deles”(Mt 18, 20).

Oração

Senhor, nós te agradecemos pela tua presença em nosso meio; ela nos fortifica e nosencoraja em nossa cominhada. Torna-nos conscientes de tua presença em nós e sensíveis a tudoaquilo que nos sugeres em todas as nossas ações. Conceda-nos a sabedoria e a humildade a fimde que nós possamos reconhecer tua presença em nossos irmãos e nossas irmãs. E, que sejamos,Senhor, verdadeiramente um. Amém.

Segundo dia

Construir a unidade dos cristãos com Jesus no meio de nósUm ecumenismo no cotidiano

“Também vós deveis lavar os pés uns dos outros”(Jo 13,14)

Dt 30, 15-20 Então tu viverás, tu te tornarás numerosoSl 133 (132) Que alegria de se encontrar entre irmãos1 Co 12, 12-31 Deus dispôs no corpo cada um dos membros segundo sua

vontade, vós sois seus membros, cada um por sua parteJo 13, 1-15 Vós deveis também lavar os pés uns dos outros

Comentário

Como indica o salmista, a unidade é atraente. Em razão da presença de Cristo em nossomeio, todos os cristãos têm a tarefa de tornar o cotidiano de suas comunidades mais conformesao Espírito do Evangelho.

Na noite antes de morrer, lavando os pés de seus discípulos, Jesus nos deixou o modelomuito concreto do modo de agir do cristão em relação ao próximo. Em 1 Cor 12, São Pauloacrescenta à necessidade de cuidar do outro, o fato de que no Espírito Santo cada um é diferente,embora pertencendo ao mesmo corpo. A palavra de Deus nos convida a praticar um serviçomuito concreto à irmã e ao irmão, na Igreja, que temos por missão fazê-la crescer para o serviçodo mundo.

A participação na vida da Santíssima Trindade não é a simples afirmação de um artigo defé. Ela nos obriga a nos engajar no cotidiano de um trabalho ecumênico, para que a igreja reflita,ainda mais, a comunhão trinitária. Em Deus Uno, que nós confessamos, com nossos irmãosmonoteístas, não é ele para os cristãos o modelo a imitar de um amor mútuo que se opera entre oPai, o Filho e o Espírito Santo? Avançar com o Cristo implica, portanto, a solicitude entre osmembros da Igreja, porque aquilo que é realizado de positivo, mas isoladamente, emboramodesto, não tem o mesmo valor do que é construído junto.

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Lavar os pés de seus irmãos, mais que um simples gesto, é também uma abertura docoração na fidelidade a Jesus que nos convida a servir a Igreja una na qual nós queremos ser aspedras viventes e os construtores.

Oração

Pai Eterno, unidos em nome de teu Filho Jesus Cristo e na presença de teu Espíritoconsolador, nós nos engajamos a construir a comunidade cristã, com um coração e um entusiamorenovados pelo fogo de teu amor.

Ajuda-nos a viver com aqueles que estão ao nosso lado, um ecumenismo no cotidiano, àimagem de teu Filho, que lavou os pés de seus discípulos, para fazê-los entrar juntos na vidanova de sua presença. Amém.

Terceiro dia Rezar juntos em nome de Jesus

“O Senhor espera o momento de conceder-lhes graças”( Is 30,18).

Is 30, 18-26 Ele vos concederá graças certamenteSl 136 (135) Sua fidelidade é para sempreAt 1, 12-14 Reunidos em oraçãoMt 18, 18-20 Rezar em nome de Jesus

Comentário

Reunir-se para a oração, em uma só e única comunidade, apesar das diferenças quepersistem no plano humano, é um tema muito presente na Bíblia. As comunidades se reúnempara celebrar e louvar a Deus, implorar seu perdão e interceder junto dele a fim de obter suamisericórdia e sua ajuda. A bondade de Deus nos aparece, ainda mais claramente, pelo fato que oSenhor é um Deus de justiça. Pela oração, nós respondemos à justiça de Deus, àquilo que Deusprimeiramente realizou por nós porque “Cristo morreu por nós quando ainda éramospecadores”. Através de toda a Bíblia, a identidade de Deus nos é revelada: seu amormisericordioso nos salva.

Os salmos foram conservados como os hinos e as orações que eram recitadas pelo povode Deus, quando ele se reunia para celebrar o culto divino. Estas palavras pronunciadas juntas,criavam um laço de unidade entre os fiéis e também um sentimento de pertença comum que, porsua vez, lhes dava confiança e serenidade.

Era natural que esta tradição continuasse na Igreja primitiva. Jesus mesmo não ensinou aseus discípulos a rezar? No Evangelho de hoje, Jesus fala daquilo que nos será concedido, se nósnos colocarmos de acordo, seja qual for o nosso pedido. Quando nós, cristãos, nos reunimos noamor para rezar uns com os outros, nós podemos estar seguros de que o Cristo está presente entrenós. Juntos, quando nós rezamos em nome de Jesus Cristo, é por ele que estamos ligados uns aosoutros bem como ao objeto de nossa oração. Eis porque a oração comum é uma oração eficaz.

Os discípulos de Cristo se consagravam à oração e buscavam a unidade. É bastanteprovável que se Jesus rezou, à vigília de sua morte, pela unidade de seus discípulos, é porqueeles ainda não estavam reunidos em seu nome. Vinte séculos mais tarde, nós temos o dever denos perguntar: estamos nós hoje mais próximos da unidade na oração , na vida e na açãocomum? De fato, nossa unidade é um Dom que nos vem de Deus. E mais, nós somos conscientesde que este Dom, nós devemos sem cessar buscá-lo na humildade. O Apóstolo nos exorta a rezar

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sem parar a fim de que o Espírito Santo se derrame de novo sobre nós, e apesar de todas asnossas diversidades, nos una num só corpo.

Oração

Senhor, ensina-nos a rezar como Jesus ensinou a seus discípulos. Possamos nós ser um nafé, no amor e no serviço como eles, que tinham um só coração. Dá-nos celebrar nossa diferença,alegrar-nos na diversidade e partilhar de todo coração as riquezas de nossas respectivas orações.Faze que nosso encontro em nome de Jesus nos transforme a fim de que nós sejamosverdadeiramente um e que o mundo creia em sua presença fiel. Amém.

Quarto diaDo passado ao futuro: perdão e cura das memórias

“Eu não te digo apenas sete vezes, mas setenta vezes sete vezes”(Mt 18, 22)

Jn 3 Arrependimento de Nínive, a grande cidadeSl 51 (50) Um chamado à misericórdiaCol 3, 12-17 Acima de tudo revesti-vos do amor.Jo 8, 1-11 Eu também não te condeno.

Comentário

O reconhecimento dos pecados do passado, a graça do perdão e o restabelecimento dacomunhão são os temas que encontramos nestes textos. Em suas relações mútuas, nossascomunidades cristãs levam ainda os traços de um passado marcado pela fraqueza humana e pelopecado. Certas feridas estão a caminho da cura, outras são ainda fonte de dor e de divisão. Oconfronto com o passado, pode ser difícil e exigir um sincero exame de consciência, tantopessoal como comunitário. E portanto, é a caminhada que Deus quer realizar conosco para quenós sejamos sempre mais, o seu povo eleito e para que a paz de Cristo reine em nossos coraçõese entre nós.

Jonas exorta aos habitantes de Nínive a se conduzirem honestamente confessando seuegocentrismo, seu desprezo pelo bem e seus atos de violência. Ele dirige este apelo à cidadeinteira e a todos os seus habitantes. Cada um deve se converter de sua má inclinação e daviolência que ainda permance presa às suas mãos.

O Salmista implora o perdão de Deus, estando ele mesmo profundamente perturbado peloseu passado. Ele reconhece seus erros e pede a Deus que não o abandone. Ele se sente tambémresponsável pelos outros e deseja indicar-lhes o caminho da verdade e de uma vida direita a fimde que eles possam, eles mesmos, se reconciliarem com Deus.

Os escribas e os fariseus não vêem na mulher adúltera senão a queda e o pecado. Eles aidentificam com seu passado. Ao mesmo tempo, eles se recusam a reconhecer o seu própriopassado e seus próprios pecados. Jesus nos convida a não atirar a primeira pedra, a não condenare, finalmente, a não mais pecar. Nossa busca pela unidade se fundamenta sobre este apelo.

O perdão não se mede, ele é inesgotável como o amor de Deus: até setenta vezes setevezes. Em sua caminhada ecumênica, nossas comunidades são chamadas a testemunhar amisericórida de Deus naquilo que ela tem de infinito.

Oração

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Deus de reconciliação, ajuda-nos a superar as decepções e amarguras que se acumularamem nossos fracassos e os pecados do passado. Mostra-nos o teu perdão para que nós possamos,com toda humildade, buscar a reconciliação contigo e com nosso próximo. Reforça, em nós, oamor de Cristo, fonte e garantia de unidade da tua Igreja. Amém.

Quinto diaA presença de Deus em nosso meio: um apelo à paz

“Ele está conosco, o Senhor” (Sl 46)

1 Re 19, 1-13a No múrmurio de uma brisa leveSl 46 (45) Ele está conosco, o SenhorAt 10, 9-48 Deus não faz acepção de pessoasLc 10, 25-37 E quem é meu próximo?

Comentário

Meditando os textos bíblicos que falam da presença de Deus entre nós, encontramosalgumas interpelações fortes para nossa caminhada ecumênica.

Como no tempo de Elias, Deus não está na tempestade ou nos tremores da terra. Estápresente na serenidade da brisa leve que manifesta sua presença agradável e reconfortante.

A convicção do salmista deve nos animar: Deus é nossa única força. A exemplo de Deus,que quebra os arcos e rompe as lanças, somos convidados a colocar termo a todo conflito.

O episódio relatado nos Atos dos Apóstolos nos convida a contemplar o Espírito deCristo Ressuscitado atuando em todo o mundo. À imagem de um Deus, que não faz acepção depessoas, nós devemos aprender a superar as fronteiras muito humanas.

A parábola do bom Samaritano lembra-nos que não podemos desviar o nosso olharquando encontramos um irmão ou uma irmã desprovidos à beira do caminho. Como poderíamosnós não nos sentir solidários quando uma outra comunidade eclesial está em dificuldade?

Oração

Reunidos, em nome de Cristo Jesus, nós te pedimos, Pai: torna-nos atentos à tua presençaneste mundo e ajuda-nos a discernir os caminhos sobre os quais tu queres nos conduzir, em nossaperegrinação ecumênica. A Ti, toda honra e toda glória pelos séculos dos séculos. Amém.

Sexto diaSer missionários em nome de Cristo

“Assim vosso Pai que está nos céus não quer que nenhum destes pequeninos se perca” (Mt18,14)

Dn 3, 19-30 Testemunhar a féSl 146 (145) Louvor a Deus nosso SalvadorAt 8, 26-40 Filipe anuncia a Boa Nova ao eunuco etíopeLc 10, 1-12 Jesus envia seus discípulos

Comentário

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Nós encontramos, hoje, pessoas que Deus chama a testemunhar a sua fé. Shadrak,Meshak e Abed-Negô crentes fortemente e de maneira inesgotável Naquele que os salvou. Seufervor, sua coragem e seu testemunho comum, na presença de um grande perigo, convencem oRei e seus conselheiros que o Deus deles é o verdadeiro Deus. Seu testemunho de fé permitiu,assim, reunir os membros mais temerosos de Israel. O povo de Deus fortificou-se e, mais umavez, uniu-se em torno de seu Deus.

O salmista canta os louvores de Deus, que vem em ajuda de seu povo, em numerosascircunstâncias, a fim de que ele encontre a segurança e a salvação. O fato de Deus nos terenviado seu Filho confirma de maneira suprema a preocupação constante que ele tem para comseu povo: Jesus não reúne somente aqueles que são fracos ou estão perdidos; ele espera também,de seus discípulos, que se engajem com paixão, como missionários, em seu nome, a espalhar aBoa Nova do Reino de Deus.

Em Filipe se reflete o entusiasmo da Igreja primitiva. O apóstolo aproveita de todas asocasiões que se oferecem a ele para cumprir a missão de Jesus.

Hoje, enquanto discípulos de Cristo, somos chamados a ser um povo missionário. Amensagem do Evangelho é sempre mais eficaz quando os cristãos testemunham juntos sua fé. É,agora, nossa vez de partilhar a Boa Nova com todos os nossos semelhantes. Nós somoschamados a:* dar prova de coragem diante da incredulidade;* abandonar o conforto que nos oferecem nossa própria cultura e nossa tradição religiosa;* encontrar novos meios, inovadores, para proclamar a Boa Nova de Jesus Cristo;* ser entusiastas e apaixonados pela nossa fé comum;* ser motivados pela compaixão de Jesus para trabalhar junto em vista de aliviar os sofrimentos

de nosso mundo;* desafiar a injustiça no mundo e tomar o partido dos pobres.

Diante de um mundo em rápida evolução, os cristãos dão um testemunho comum doEvangelho abrindo-se ao mundo mas, também, reunindo todos aqueles que estão desprovidos afim de que cada um dos mais humildes não seja deixado de lado.

Nós temos, portanto, uma dupla missão a cumprir!

OraçãoDeus vivente, desperta, em nós, o desejo de ser um povo missionário. Ajuda-nos a escutar

teu apelo e desperta, em nós, a coragem de nos deixar guiar pelo teu Espírito. Possamos nósreunir, por nosso testemunho comum, os mais desprovidos a fim de que eles sejam fortificados elevem ao mundo a Boa Nova de teu Reino. Amém.

Sétimo dia

Reconhecer a presença de Deus no outro: acolher o outro em nome de Jesus

“Quem acolhe em meu nome uma criança como esta, acolhe a mim mesmo” (Mt 18,5)

Ex 3, 16-17 A Sarça ardenteSl 34 O Senhor salva os espíritos abatidosAt 9, 1-6 Eu sou Jesus, é a mim que você persegueMt 25, 31-46 Jesus está presente no nosso próximo

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Comentário

Quando Deus anunciou que libertaria o povo de Israel da escravidão, conduzindo-o parafora do Egito, em direção a um país onde escorria leite e mel, ele manifestou sua presença aMoisés, no meio da sarça, que o fogo não podia consumir. O povo estava assim seguro dapresença do Deus de seus pais: “Eu sou aquele que sou”. Este não era um Deus distante,indiferente, mas uma presença e uma Pessoa à qual importava a saída do povo que ele haviaeleito.

Mais tarde, Deus devia confirmar a natureza de seu ser, na pessoa de seu filho, JesusCristo, que nos recorda que devemos nos tornar como pequenas crianças, se desejarmos achegarao Reino de Deus! No seio da Igreja ou na sociedade, não é nos arrogantes ou orgulhosos quedeveríamos procurar o Cristo, mas na inocência das crianças (e daqueles que se tornaram comoelas na inocência e na humildade). Acolhendo-as no meio de nós, é a Cristo que nós acolhemos.Jesus nos garante, ainda, a presença de Deus, em nosso meio, quando nós guardamos suapalavra; quando dois ou três se reúnem em seu nome e quando os homens ou as mulheres sãoperseguidos por sua causa.

Sobretudo, com quanto que os cristãos obedeçam ao mandamento dado por Cristo desdea última Ceia “Fazei isto em memória de mim” – e bem que nós possamos não estar de acordosobre a natureza da presença de Jesus em sua mesa - nós estamos certos de que ele está presenteem nosso coração e nosso espírito.

Quando nós damos de comer àqueles que estão famintos, cuidamos dos enfermos,visitamos os prisioneiros, vestimos aqueles que estão nus e abrimos nossas portas ao estrangeiro,é a Jesus que nós o fazemos e é igualmente a ele que nós acolhemos. O Conselho Ecumênico dasIgrejas foi fundado em 1948, em parte para responder à necessidade urgente, que sentiam oscristãos, de participar do trabalho de reconciliação e de ajudar aqueles cujas vidas estavamdevastadas pela segunda guerra mundial. Este serviço ecumênico continua sendo hoje umagrande urgência.

Paralelamente, os teólogos se esforçam para encontrar o caminho capaz de nos levar auma maior unidade na igreja. Aí também, a palavra “estrangeiro” é uma palavra chave. Jesusnos disse que deveríamos amar nosso próximo com toda a sua diferença. Esta indicação muitoclara que nos foi dada, reconhecer que o estrangeiro, o outro, é o próprio Cristo, representa umelemento fundamental da maneira com a qual podemos abraçar e fazer avançar a causaecumênica. Se nós reconhecemos a presença de Cristo no estrangeiro, proveniente de uma outratradição eclesial, nós não devemos ter medo dele ou de suas intenções. Ao contrário, nóspodemos aprender dele e ele, de nós. De certo modo, é bem provável que nós progridamos nocaminho da unidade.

É tendo consciência da presença constante de Jesus, de vários modos, que reconhecemosque ele faz parte de nossa vida. Não é simplesmente um personagem histórico que nos ensinoucomo nós devamos viver, mas graças ao Espírito Santo, ele está presente e age no mundo dehoje.

Oração

Pai eterno, dá-nos reconhecer que tu estás presente entre nós, de diferentes modos, a fimde que cresça nosso desejo de chegar a uma comunhão autêntica em nossas próprias igrejas e nasociedade onde vivemos e que nossa oração pela unidade do corpo de Cristo, tua Igreja, tornesempre mais fervente. Em nome de Jesus Cristo, nós te pedimos. Amém.

Oitavo dia

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Unidos na esperança

“Naquele dia, conhecereis que eu estou no meu Pai e que vós estais em mim e eu em vós” ( Jo14, 20)

Ex 40, 34-38 A cada etapa de seu êxdo, a nuvem do Senhor estava em sua habitaçãoSl 42(41) Espera em Deus! Sim, eu o celebrarei aindaAp 21, 1-6 Ele será o Deus que está com elesJo 14, 15-31 Eu não os deixarei órfãos

Comentário

Moisés conduziu o povo de Israel no deserto. Enquanto eles atravessavam, Deus estava lásob a forma de uma nuvem durante o dia e, durante a noite, ela era luminosa.

O tema do salmo é o desejo vital e a eseperança de realizar a comunidade de Deus quefará desaparecer todas as dúvidas e os castigos.

O novo povo, nascido do Evangelho, é um povo peregrino, em caminho para a plenitudeda vida, na nova criação, onde Deus habita entre nós, enxugando todas as nossas lágrimas. Amorte não existirá mais. A dor e as divisões serão superadas. E não haverá mais que uma únicahumanidade renovada e reunida em Deus.

Hoje, nós percorremos juntos o mesmo caminho. Nós vivemos na mesma esperança epertencemos ao mesmo Deus. Nesta peregrinação, nós não somos órfãos. Jesus não nosabandonou porque nós temos recebido o Espírito da esperança e do amor. O Cristo nos doou suapaz que nos encoraja e nos guia a fim de que permaneçamos no amor. Se nós amamos a Cristo,nós seremos fiéis à sua palavra.

O tema desta semana nos recorda a promessa de Jesus: “Onde dois ou três estiveremreunidos em meu nome, eu estarei no meio deles”. Com Jesus, Palavra eterna e viva de Deusentre nós, caminhamos juntos na esperança. Podemos nos ajudar mutuamente para permanecerfiéis a este engajamento. Pelo poder do Espírito, Jesus Cristo nos fará conhecer, sempre maisprofundamente, a vontade de renovação que é a vontade do Pai. No seio do movimentoecumênico, nós aspiramos a nos tornar uma comunidade que foi reconciliada e que reconcilia;ela constitue um sinal e um antegozo da nova criação que está por vir. Com a graça, nósempreendemos esta peregrinação para viver o melhor possível desde agora “na terra como nocéu”.

Oração

Pai eterno, reunidos em nome de Jesus, nós te pedimos a certeza de que apesar de tudo, amorte não prevalecerá, que nossas divisões cessarão, que nós não nos deixaremos vencer pelodesalento e que, na esperança, chegaremos à plenitude da vida, do amor e da luz que tuprometeste a todos os que te amam e são fiéis à tua palavra. Amém.

Orações suplementares da tradição irlandesa1

O Rei da sexta-feira (antiga oração irlandesa)

1 A escolha das orações e sua apresentação foi realizada pelo grupo local.

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Ó Senhor, cujos membros foram estendidos sobre a cruz, tu que aguentaste os golpes, asferidas e as provas, estendendo-nos sobre os escudos do teu poder, nós te pedimos, nesta noite,que possamos colher os frutos da árvore de tua Páscoa.

Oração de São Patrício

Eu me levanto hoje,Por uma grande força,A invocação à Trindade,A crença na Trindade,A confissão da unidade do Criador do mundo.

Eu me levanto hoje,Pela força do nascimento de Cristo e de seu Batismo,A força de sua Crucificação e de Sua descida ao túmulo,A força de Sua Ressurreição e de sua Ascenção,A força de Sua Vinda no dia do julgamento.

Eu me levanto hoje,Pela força de Deus para me guiar,Força de Deus para me sustentar,Inteligência de Deus para me conduzir,Olho de Deus para velar diante de mim,Ouvido de Deus para me escutar,Palavra de Deus para falar por mim,Mão de Deus para me proteger.

O Cristo comigo,O Cristo diante de mim,O Cristo atrás de mim,O Cristo em mim,O Cristo acima de mim, O Cristo abaixo de mim,O Cristo à minha direita,O Cristo à minha esquerda,O Cristo em amplidão,O Cristo em extensão,O Cristo em grandeza,O Cristo no coração de todo homem que pensa em mim, O Cristo em todo olho que me vê,O Cristo em todo ouvido que me escuta,Eu me levanto hoje, Por uma força potente,A invocação à Trindade,A crença na Trindade,A confissão de unidade do Criador do mundo,

No Senhor está a Salvação,No Cristo está a Salvação,Que Tua Salvação, Senhor, esteja sempre conosco.

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Grande Amor2

Ó Senhor, que a tudo excedes, Dom celeste, Amor sem par,Vem, coroa os teus favores,Entre nós vem habitar.Grande Amor, amor bendito, Ó divina compaixão,Vem, socorre ao que padece,Faze nele habitação. Vem, Senhor, e dia a dia, Dá-nos tua inspiração; Vem remove o mau desejo, Que nos tenta o coração.Tu somente nos conhecesE nos podes proteger.Dá-nos, pois, a tua graça,E com ela o teu poder. Ó Senhor, não te separesDo rebanho terrenal, Une a Igreja estreitamente, Dá-lhe vida fraternal; Abençoa todo crente, Ilumina-lhe o andar,e que todos se comprazamEm teu nome proclamar.

Bênção Gálica do Século XV

Que Deus esteja em minha cabeça e em minha razão;Que Deus esteja em meus olhos e no meu olhar;Que Deus esteja na minha boca e em minhas palavras;Que Deus esteja em meu coração e em meu pensamento;Que Deus esteja em mim até o momento de meu fim e de minha partida.

Velha bênção irlandesa Que a estrada conduza ao teu encontro,Que o vento esteja sempre em tuas costas,Que a luz do sol esquente tua face,Que a chuva caia docemente sobre teus campos,E, até que nós nos reencontremos, que Deus te carregue sobre a palma de sua mão. Amém.

O ecumenismo na Irlanda3

2 A versão para o português do Hino Love Divine, all loves excelling (Charles Wesley, 1747),foi feita pelo Rev. Antônio de Campos Gonçalves, Pastor da Igreja Metodista, publicada noHinário Evangélico nº 293. Não se trata de um tradução literal. A terceira estrofe foi omitida.

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St. Patrick’s Breastplate é uma oração célebre que ressoou ao longo de numerososséculos na história irlandesa. Ela exprime a esperança que o Cristo esteja “no coração de todohomem que pensa em mim, em toda boca que me fala, em todo olho que me vê, em todo ouvidoque me entende”. A partir do século VI, é graças aos missionários irlandeses que Jesus Cristotornou-se presente na boca, nos olhos, nos ouvidos e no pensamento de inumeráveis pessoasatravés de todo o continente europeu. Hoje, os missionários e os cooperadores Irlandeses detodas as confissões continuam a oferecer um testemunho eloqüente do espírito cristão decaridade para com o próximo.

No entanto, mesmo que a origem dos problemas que afetam a Irlanda seja bem mais denatureza política, cultural, histórica e social do que religiosa, é bem verdade, também, que nodecorrer dos últimos anos, no relato de trágicos acontecimentos na Irlanda, difundidos pela mídiado mundo inteiro, trata-se antes de tudo de uma questão de uma luta entre católicos eprotestantes. Infelizmente, é verdade que muitos destes, que perpetuaram estes atos de violência,se definem como “cristãos”.

É igualmente constrangedor constatar que estes conflitos testemunham, em parte,divisões trágicas entre os cristãos.

Felizmente, de uns dez anos para cá, o processo de paz na Irlanda do Norte precorreregularmente seu curso, mesmo que os progressos permaneçam sempre frágeis. Cada dia, épreciso viver a tolerância e a harmonia, o perdão, a reconciliação e o respeito mútuo.

Não obstante os terríveis sofrimentos suportados na Irlanda do Norte, mas talvez tambémgraça a eles, as relações entre os cristãos se transformaram nos últimos anos. O número atual deencontros e o grau de colaboração e de interação entre os membros e os responsáveis dasdiferentes igrejas seriam absolutamente impensáveis, a quarenta anos. Seria impossível contar asnumerosas sementes de paz que foram semeadas em nível individual e comunitário.

Seguramente, o ecumenismo na Irlanda não se limita apenas aos acontecimentos daIrlanda do Norte. De fato, a ilha irlandesa está dividida em duas jurisdições, o que temigualmente consequências para o diálogo ecumênico. É certo que as Igrejas operam em nível detoda a Irlanda, nos “universos” diferentes destas duas jurisdições, as expectativas, as práticas eas experiências ecumênicas são diversas.

Na República da Irlanda, os católicos gozam de uma grande maioria em relação aosprotestantes minoritários. Por consequência, protestantes e católicos podem tão simplesmentenão ter a ocasião de se encontrar! Na Irlanda do Norte, a diferença entre o número de católicos ede protestantes não é muito importante mas as tensões dos últimos decênios fizeram nascer umaatmosfera ecumênica diferente.

As numerosas iniciativas interconfessionais têm lugar na Irlanda e são fonte deencorajamento. As celebrações, durante a Semana de oração pela unidade dos cristãos, são agoramuito freqüentes. A jornada anual internacional de oração das mulheres reúne sempre, cada vezmais, mulheres de diferentes confissões. Muitos grupos se formam para estudar a Bíblia ediscutir os documentos eclesiásticos. Projetos concretos são ocasiões de colaboração e deamizade, como por exemplo as iniciativas educativas, visando uma melhor compreensão, oestudo em comum da história local, a organização de colóquios e de iniciativas sociais concretas.

Os grupos que interpretam as canções de Natal são, às vezes, constituídos e outrosacontecimento anuais são também, algumas vezes, organizados em conjunto. Os gruposecumênicos, os fóruns religiosos, os encontros do clero, os projetos de educação pela paz e asrefeições da amizade são sempre mais freqüentes, em particular na Irlanda do Norte.

3 A descrição da situação ecumênica na Irlanda aqui apresentada pelo grupo preparatório é publicadasob a responsabilidade do mesmo.

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Um destes eventos ecumênicos mais marcantes, na Irlanda, foi a inauguração do IrishSchool of Ecumenics (Instituto irlandês para o ecumenismo) em 1970. Outras iniciativasecumênicas irlandesas merecem destaque, citemos o colóquio ecumênico anual de Glenstal, queteve lugar depois de 1964 e aquele de Greenhills (nas redondezas de Drogheda) desde 1966.

Em outro lugar a comunidade de Corymeela é mundialmente reconhecida como um sinalprofético de reconciliação.

Infelizmente, a violência e o sectarismo geraram preconceitos bem enraizados, deixaramferidas e tristes recordações facilmente capazes de bloquear o engajamento em toda busca dediálogo com membros de uma outra confissão. O sectarismo foi definido como “um conjunto deatitudes, de crenças, de comportamentos e de estruturas nos quais a religião desempenha umpapel importante e que (1) direta, ou indiretamente, atinge os direitos dos indivíduos ou dosgrupos, e/ou (2) influencia ou está na origem de situações de conflitos destruidores4”.

A questão do sectarismo é objeto de uma atenção particular na Irlanda, notadamentedesde a assinatura do Acordo de Paz de Sexta-Santa em 1998. Enquanto nos esforçamos empromover uma cultura paz que vá além do sectarismo, temos necessidade de reconhecer aquiloque todos os cristãos partilham na presença do Cristo ressuscitado. Um certo número de projetosexistem, atualmente, que tentam evidenciar as atitudes negativas enraizadas, em nós, frente aooutro e ajuda as pessoas a enfrentarem o passado de maneira eficaz e concreta.

Circunstâncias difíceis, como por exemplo, certas manifestações sectárias na Irlanda doNorte, de vez em quando, reveleram-se ocasiões úteis para aumentar nossos esforçosecumênicos. Este foi um caso, entre outros, quando um Sínodo da Igreja presbiteriana redigiauma declaração oficial de apoio em favor de uma paróquia católica, vítima de um incidentesectário destruidor, e que esta declaração foi lida, a pedido dos signatários, durante as missascelebradas na paróquia católica.

A principal instância ecumênica da Irlanda é a Irish Inter-Church Meeting, que se reuniu,pela primeira vez, em Ballymascanlon, em setembro de 1973. Este Comitê Interconfessional,formado por responsáveis e por representantes membros do Conselho Irlandês de Igrejas e daConferência Episcopal da Igreja Católica, se reuniu, muitas vezes, por ano. Ele está constituídode dois departamentos, um encarregado de questões teológicas e outro de temas sociais. Estesencontros entre responsáveis e representantes de diversas igrejas contribuiram amplamente atratar juntos algumas questões importantes, como a questão dos casamentos mistos.

A lista dos membros do Conselho Irlandês de Igrejas nos dá uma idéia da grandevariedade de Igrejas presentes na ilha: a Cherubim and Seraphim Church da Irlanda; a Igreja(anglicana) da Irlanda; a Igreja copta ortodoxa na Irlanda; a Igreja greca ortodoxa na Inglaterra ena Irlanda; a Life Link Network of Churches; a Igreja luterana na Irlanda; a Igreja metodista naIrlanda; o Distrito irlandês da Igreja Morávia; a Non-Subscribing Presbyteriam Church5; a Igrejapresbiteriana na Irlanda; o Exército da Salvação (divisão irlandesa); a Sociedade religiosa dosamigos na Irlanda; a Igreja russa ortodoxa na Irlanda; a Igreja romena ortodoxa na Irlanda.

Há alguns anos, as atividades ecumênicas diziam respeito sobretudo àquilo que nóschamamos as quatro “principais” Igrejas: a Igreja católica, a Igreja (anglicana) da Irlanda, aIgreja presbiteriana e a Igreja metodista. Uma importante mudança tem lugar, atualmente, nodomínio ecumênico e é devido à argumentação do número de fiéis das igrejas ortodoxas, decertas igrejas étnicas minoritárias e de outras novas comunidades na Irlanda. Esta evolução nãodeixará de ter recaídas consideráveis sobre o cenário ecumênico.

4 Departamento para assuntos sociais do Conselho Irlandês das Igrejas, Sectarismo: Um Documento deEstudo (Belfast, 1993), p.8.5 A Igreja Presbiteriana não aderiu a confissão de fé de Westminster (NDLR).

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Desde 1996, aproximadamente 200 000 imigrantes chegaram na República da Irlanda erepresentam, atualmente, 5% da população que conta no total quatro milhões de habitantes. Apresença ortodoxa passou de 358 pessoas em 1991 à 10.437 em 2002 e continua a aumentarrapidamente. Do mesmo modo, as numerosas igrejas, majoritariamente negras, se estabelecerame se desenvolvem rapidamente em todo o país.

As religiões não cristãs estão igualmente em um período de crescimento, o queforçosamente tem repercursão sobre as relações ecumênicas, porque os cristãos são tambémchamados a refletir sobre o seu testemunho comum e a sua abertura às outras comunidades decrentes. O recenseamento de 2002 mostrou que na República da Irlanda vivem 19.100muçulmanos contra os 3.900 recenseados em 1991. A comunidade budista está igualmentecrescendo, passando de 986 para 3.894 fiéis, durante o mesmo período, enquanto que acomunidade hindú passou de 953 para 3.099 membros. Esta tendência ao crescimento de outrosgrupos religiosos continua.

Entretanto, não se pode ter uma visão de conjunto da situação ecumênica, na Irlanda, semlembrar com gratidão as inumeráveis pessoas, comunidades e movimentos que semearaminúmeros grãos de reconciliação e de diálogo em meio às lágrimas e imensos sofrimentos queafligiram nosso país, ao longo dos últimos quarenta anos. Está claro que muitos projetosintercomunitários que surgiram na Irlanda do Norte são de inspiração cristã.

É em uma descoberta renovada da presença de Cristo entre nós – quando estamosreunidos em seu nome - que os cristãos da Irlanda encontram hoje, suas profundas raízes cristãs esua contribuição particular para a evangelização do mundo de hoje.

Depois de ter atravessado um período sombrio, marcado por oposições de cultura e dementalidade, assim como por conflitos sobre a interpretação da história e das perspectivasfuturas, os cristãos da Irlanda empreenderam um trabalho de reconciliação difícil, porém salutar.

Esperamos que testemunhando esta experiência de fé extraordinária que eles viveram,neste processo de reconciliação, os cristãos da Irlanda poderão comunicar, enquanto crentes, opositivo de inúmeras experiências vividas, a um mundo que se interroga sobre a maneira de viveras situações multi-culturais, multi-étnicas e multi-religiosas com as quais ele se confronta.

Nas palavras figurantes na medalha peitoral de São Patrício e que exprimem a fé que nosé comum, ressoa claramente a mais intensa oração dos cristãos da Irlanda:

O Cristo comigo, o Cristo diante de mim,O Cristo atrás de mim, o Cristo em mim,O Cristo abaixo de mim, o Cristo acima de mim,O Cristo à minha direita, o Cristo à minha esquerda...O Cristo no coração de todo homem que pensa em mim,O Cristo em toda boca que me fala,O Cristo em todo olho que me vê,O Cristo em todo ouvido que me escuta.Eu estou em pé hoje,Graça a uma força potente,A invocação à Trindade,A fé na Trindade,A confissão da unidade do Criador do mundo.

Semana de oração pela unidade dos cristãos

Temas 1968 – 2006

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Foi em 1968 que começou, oficialmente, a colaboração entre a Comissão Fé eConstituição do CMI e o Pontífio Conselho para a Promoção da Unidade dos cristãos para apreparação destes textos.

1968 Para o louvor de sua glória (Ef 1, 14)

1969 Chamado à liberdade (Gl 5,13) (Reunião preparatória em Roma, Italia)

1970 Nós somos os colaboradores de Deus ( 1Cor 3, 9)(Reunião preparatória no Mosteiro de Niederaltaich, República Federal da Alemanha)

1971 ... e a comunhão do Espírito Santo (2 Cor 13,13) (Reunião preparatória em Bari, Itália)

1972 Eu vos dou um mandamento novo (Jo 13, 34) (Reunião preparatória em Genebra, Suiça)

1973 Senhor, ensina-nos a rezar (Lc 11, 1) (Reunião preparatória na Abadia de Montserrat, Espanha)

1974 Que todos confessem: que Jesus Cristo é o Senhor ( Fl 2, 1-13) (Reunião preparatória em Genebra, Suiça)(Em abril de 1974, uma carta foi endereçada às igrejas-membro e também a outras partesinteressadas pela criação de grupos locais que podiam participar na preparação dolivrinho da Semana de Oração. Um grupo australiano foi o primeiro a engajar-seconcretamente preparando em 1975 o projeto inicial do livrinho para a Semana deOração)

1975 A vontade do Pai: reunir todos em um só Chefe, o Cristo ( Ef 1, 3-10 )(Projeto do texto elaborado por um grupo australiano. Reunião preparatória em Genebra,Suiça)

1976 Chamado a tornar isto que nós somos ( 1 Jo 3,2)(Projeto do texto elaborado pela Conferência das Igrejas do Caribe. Reunião

preparatória em Roma, Itália)

1977 A esperança não decepciona (Rm 5, 1-5)(Projeto do texto elaborado no Libano, em plena guerra civil. Reunião preparatória emGenebra, Suiça)

1978 Vós não sois mais estrangeiros ( Ef 2, 13-22) (Projeto do texto elaborado por um grupo ecumênico de Manchester, Inglaterra)

1979 Estejais a serviço uns dos outros para a glória de Deus ( 1 Ped 4, 7.11)(Projeto do texto elaborado na Argentina. Reunião preparatória em Genebra, Suiça)

1980 Venha o teu Reino! (Mt 6, 10)(Projeto do texto elaborado por um grupo ecumênico de Berlim, República Democráticada Alemanha. Reunião preparatória em Milão, Itália)

1981 Um só Espírito – dons diversos – Um só corpo ( 1 Cor 12, 3b – 13)(Projeto do texto elaborado pelos Padres de Graymoor, USA. Reunião preparatória em

Genebra, Suiça)

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1982 Que todos encontrem sua morada em ti, Senhor (Sal 84) (Projeto do texto elaborado no Kênia. Reunião preparatória em Milão, Itália)

1983 Jesus Cristo – Vida do mundo ( 1 Jo 1, 1-4)(Projeto do texto elaborado por um grupo ecumênico da Irlanda. Reunião preparatóriaem Céligny [Bossey], Suiça)

1984 Chamados a sermos um pela Cruz de nosso Senhor (1 Cor 2, 2 e Col 1, 20) (Reunião preparatória em Veneza, Itália)

1985 Da morte à Vida com Cristo ( Ef 2, 4.7) (Projeto do texto elaborado na Jamaica. Reunião preparatória em Grandchamp, Suiça)

1986 Vós sereis minhas testemunhas ( At 1, 6.8)(Textos propostos na Iuguslávia [Eslovênia]. Reunião preparatória na Iuguslávia)

1987 Unidos no Cristo, uma nova criação (2 Cor 5, 17 - 6, 4 a ) (Projeto do texto elaborado na Inglaterra. Reunião preparatória em Taizé, França)

1988 O perfeito amor lança fora o temor ( 1 Jo 4, 18) (Projeto do texto elaborado na Itália. Reunião preparatória em Pinerolo, Itália)

1989 Construir a comunidade: um só corpo em Cristo (Rm 12, 5 – 6 a )(Projeto do texto elaborado no Canadá. Reunião preparatória em Whaley Bridge,Inglaterra)

1990 Que todos sejam um... para que o mundo creia (Jo 17) (Projeto do texto elaborado na Espanha. Reunião preparatória em Madri, Espanha)

1991 Louvai ao Senhor todas as nações (Sl 117 e Rm 15, 5-13)(Projeto do texto elaborado na Alemanha. Reunião preparatória em Rotenburg na derFulda, República Federal da Alemanha)

1992 Eu estou convosco... ide portanto (Mt 28, 16-20) (Projeto do texto elaborado na Bélgica. Reunião preparatória em Bruges, Bélgica)

1993 Produzir o fruto do Espírito para a unidade dos cristãos (Gl 5, 22-23) (Projeto do texto elaborado no Zaire. Reunião preparatória em Zurique, Suiça)

1994 Na casa de Deus: chamados a ser um só coração e uma só alma (At 4,32) (Projeto do texto elaborado na Irlanda. Reunião preparatória em Dublin, Irlanda)

1995 Koinonia: comunhão com Deus e uns com os outros (Jo 15, 1-7) (Reunião preparatória em Bristol, Inglaterra)

1996 Eis que estou à porta e bato (Ap 3, 14-22) (Projeto do texto elaborado em Portugal. Reunião preparatória em Lisboa, Portugal)

1997 Em nome de Cristo ... deixai-vos reconciliar com Deus ( 2 Cor 5, 20) (Projeto do texto elaborado na Scandinavia. Reunião preparatória em Estocolmo, Suécia)

1998 O Espírito socorre a nossa fraqueza (Rm 8, 14-27) (Projeto do texto elaborado na França. Reunião preparatória em Paris, França)

1999 Ele ficará com eles. Serão seu povo e ele será o Deus que está com eles (Ap 21, 3)

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(Projeto do texto elaborado na Malásia. Reunião preparatória no Mosteiro de Bose,Itália)

2000 Bendito seja Deus... que nos abençoou em Cristo (Ef 1, 1-14)(Projeto do texto elaborado pelo Conselho das Igrejas do Oriente Médio. Reunião

preparatória no Santuário de La Verna, Itália)

2001 Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14, 1-6)(Projeto do texto elaborado na Romênia. Reunião preparatória na Casa de Odihna,Romênia)

2002 Pois em ti está a fonte da vida (Sl 36 ( 35), 10) (Projeto do texto elaborado pelo Conselho das Conferências Episcopais Européias(CCEE) e a Conferência das Igrejas Européias (CEC). Reunião preparatória no CentroEcumênico de Ottmaring, Augsbourg, República Federal da Alemanha)

2003 Este tesouro, nós o levamos em vasos de barro ( 2 Cor 4, 7)(Projeto do texto elaborado na Argentina. Reunião preparatória no Centro EcumênicoLos Rubios, Málaga [Espanha] )

2004 Eu vos dou a minha paz (Jo 14, 27)(Projeto do texto elaborado em Alep, Síria. Reunião preparatória em Palermo, Sicília,Italia)

2005 O Cristo, único fundamento da Igreja ( 1 Cor 3, 1-23)Christ, the one foundation of the church(Projeto do texto elaborado na Eslováquia. Reunião preparatória em Piestany, Eslovênia)

2006 Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles ( Mt 18, 20)(Projeto do texto elaborado na Irlanda. Reunião preparatória em Prosperous, CountyKildare, na Irlanda)

Algumas datas importantes na história da Oração pela Unidade

1740 – Escócia – Na Escócia, nascimento de um movimento pentecostal com ligações à Américado Norte, cuja mensagem para a renovação da fé faz apelo à oração por todas as Igrejas, e comelas.

1820 – James Haldane Stewart – O Reverendo James Haldane Stewart publica: “Conselhos paraa união geral dos cristãos, com vista a uma efusão do Espirito” [Hints for the outpouring of theSpirit].

1840 – Ignatius Spencer – O Reverendo Ignatius Spencer, um convertido ao catolicismo romano,sugere uma “União de oração pela unidade”.

1867 – Lambeth – A primeira Assembléia dos bispos anglicanos em Lambeth, na introdução assuas resoluções, insiste sobre a oração pela unidade.

1894 – Leão XIII – O Papa Leão XIII encoraja a prática de um Oitavário de Oração pelaunidade, no contexto de Pentecostes.

1908 – Paul Wattson – Celebração da “Oitava pela unidade da Igreja”, por iniciativa doReverendo Padre Paul Wattson.

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1926 – Fé e Constituição – O Movimento Fé e Constituição começa a publicação de “Sugestõespara um Oitavário de Oração pela Unidade dos cristãos”.

1935 – Paul Couturier – Na França, o Padre Paul Couturier torna-se o advogado pela “unidadeque Cristo quer e pelos meios que Ele quer”.

1958 – “Unidade Cristã” – O Centro “Unidade Cristã” de Lyon (França) começa a preparar otema para a Semana de Oração, em colaboração com a Comissão “Fé e Constituição” doConselho Mundial de Igrejas.

1964 - Em Jerusalém o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras I, recitaram juntos a oração deCristo “que todos sejam um” (Jo 17).

1964 – Concílio Vaticano II – O Decreto sobre o Ecumenismo, do Concílio Vaticano II, sublinhaque a oração é a alma do movimento ecumênico, e encoraja a prática da Semana de Oração.

1966 – “Fé e Constituição” e Secretariado para a Unidade – A Comissão “Fé e Constituição” eo Secretariado para a Unidade dos Cristãos (presentemente Conselho Pontifício para a Promoçãoda Unidade dos Cristãos) da Igreja Católica decidem preparar em conjunto o texto para a Semanade Oração de cada ano.

1968 – Pela primeira vez, a “Oração pela Unidade” é celebrada com base nos textos elaboradosem colaboração entre “Fé e Constituição” e o Secretariado para a unidade dos cristãos.

2004 - O acordo entre Fé e Constituição (Conselho Mundial de Igrejas) é o Pontifício Conselhopara a promoção da unidade dos cristãos (Igreja Católica) para que o livrinho da Semana deoração pela unidade dos cristãos seja oficialmente publicado em conjunto e apresentado com ummesmo formato.