Onde nao-ha-medico-book

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  • MAPUTO 2009

    David Wernercom colaborao de

    Carol Thuman, Jane Maxwelle Andrew Pearson

    Julie CliffAlda Mariano

    Khtia Munguambe

    4!,#

    Carol Thuman, Jane Maxwelle Andrew Pearson

    LONDRES 2009

  • Titulo: Onde No H Mdico

    Edio em lngua portuguesa para frica: TALC 2008

    Editor: TALC Teaching Aids at Low Cost

    Autores: Julie Cliff, Alda Mariano e Khtia Munguambe

    Coordenao editorial (Moambique): Kapicua, Livros e Multimdia, Lda.

    Arranjo grfi co: Elogrfi co

    Capa: Bob Linney

    Impresso: Thomson Litho, Glasgow, Esccia

    Tiragem: 5000 exemplares

    N. de registo: 6030/RINLD/2009

    ISBN: 978-0-9558811-0-7

    Londres, (Gr-Bretanha) 2009

    Verso original

    Copyright The Hesperian Foundation 1977, 1992

    Autores: David Werner, Carol Thuman, Jane Maxwell and Andrew Pearson

    A TALC (Teaching Aids at Low Cost) uma organizao de benefi cncia registada na Gr-Bretanha sob o n 279858 e uma sociedade de responsabilidade limitada registada na Inglaterra sob o n 1477636 que distribui e produz materiais e manuais de ensino destinados a elevar a qualidade dos cuidados de sade e a aliviar a pobreza no mundo inteiro.

    A Hesperian Foundation uma editora, sem fi ns lucrativos, de livros e boletins de informao sobre a prestao de cuidados de sade ao nvel das comunidades. A Hesperian Foundation a proprietria dos direitos de reproduo da edio em lngua inglesa de Where There Is No Doctor, da qual o presente livro uma traduo.

    A TALC e a Hesperian Foundation encorajam a transcrio deste livro, sua reproduo ou sua adaptao s circunstncias locais, no todo ou em parte, incluindo as ilustraes, desde que as partes reproduzidas sejam distribudas gratuitamente ou a baixo custo, sem fi ns lucrativos.

    Qualquer organizao ou indivduo que pretenda transcrever, reproduzir ou adaptar este livro, no todo ou em parte, com fi ns comerciais, s pode faz-lo mediante autorizao expressa da TALC.

    TALC Teaching Aids at Low Cost

    P. O. Box 49, St. Albans, Herts.,

    AL1 5TX, United Kingdom

    Tel: + 44 (0) 1727 853869Fax: + 44 (0) 1727 846852email: [email protected]: www.talcuk.org

    HESPERIAN

    1919 Addison Street, Suite 304

    Berkeley, California 94704, USA

    Tel: + 1 (510) 845-1447Fax: + 1 (510) 845-9141email: [email protected]: www.hesperian.org

    4!,#

    Titulo: Onde No H Mdico

    Edio em lngua portuguesa para frica: TALC 2008

    Editor: TALC Teaching Aids at Low Cost

    Autores: Julie Cliff, Alda Mariano e Khtia Munguambe

    Coordenao editorial (Moambique): Kapicua, Livros e Multimdia, Lda.

    Arranjo grfico: Elogrfico

    Capa: Bob Linney

    Impresso: Thomson Litho, Glasgow, Esccia

    N. de registo: 6030/RINLD/2009

    ISBN: 978-0-9558811-0-7

    Londres, (Gr-Bretanha) 2009

    Autores: David Werner, Carol Thuman, Jane Maxwell e Andrew Pearson

  • ONDE NO H MDICO v

    ndice

    Prefcio ........................................................................................................................................................................................................................ xvAgradecimentos ................................................................................................................................................................................................. xviiComo usar o livro ............................................................................................................................................................................................. xix Introduo edio em lngua portuguesa para frica ................................................................................... xxiAlgumas palavras para o trabalhador de sade ao nvel primrio ...................................................... 1

    Captulo 1

    Crenas populares e medicamentos caseiros ............................................................................................................................. 37

    Remdios caseiros que ajudam 38Limitaes dos remdios caseiros 38Crenas que podem benefi ciar as

    pessoas 40Crenas que podem prejudicar as

    pessoas doentes 41

    Feitiaria 41Como verifi car se o remdio caseiro

    funciona ou no 46Plantas medicinais 46

    Captulo 2

    As causas das doenas ................................................................................................................................................................................................................................................ 54

    Diferentes tipos de doenas e as suas causas 55

    Doenas infecciosas 55Doenas no infecciosas 57

    Doenas que muitas vezes so confundidas ou s quais se d os mesmos nomes 58

    Captulo 3

    Como examinar um doente ......................................................................................................................................................................................................................... 60

    Histria clnica (perguntas) 61Exame fsico 66Exames complementares 85

    Captulo 4

    Sinais de perigo .................................................................................................................................................................................................................................................................................... 86

    Sinais gerais de perigo 86Tratamento antes da transferncia 88

    Guia de transferncia 90

  • ONDE NO H MDICOvi

    Captulo 5

    Como cuidar de um doente ............................................................................................................................................................................................................................. 91

    Conforto da pessoa doente 91Higiene pessoal 91Mudar de posio na cama 93Como prevenir as escaras 94Lavagem de roupa contaminada 95Preveno de infeco 95

    Lquidos 96Boa alimentao 97Cuidados especiais com a pessoa que

    est muito doente 101Preparao para a morte 101

    Captulo 6

    Uso correcto dos medicamentos .............................................................................................................................................................................................. 103

    Curar sem medicamentos 103Regras para o uso de medicamentos

    104Reaces adversas aos medicamentos

    105

    Quando no se deve tomar medicamentos? 108

    Os erros mais perigosos na utilizao dos medicamentos 108

    Captulo 7

    Uso correcto dos antibiticos ........................................................................................................................................................................................................... 112

    Regras gerais para o uso de antibiticos 112

    O que fazer se um antibitico parece no fazer efeito 114

    A importncia do uso limitado de antibiticos 115

    Captulo 8

    Como administrar medicamentos ..................................................................................................................................................................................... 117

    Medidas 117Como dar medicamentos a crianas

    pequenas 120 Como tomar medicamentos por via

    oral 122Receitar medicamentos 123

    Administrao por via rectal 124Administrao por injeces 125Riscos e precaues 127Como administrar uma injeco 131

  • ONDE NO H MDICO vii

    Captulo 9

    Preveno de infeces nas unidades sanitrias ........................................................................................................... 136

    Risco de transmisso de infeces 136Reduzir os riscos nos servios de sade

    138

    Lixo hospitalar 146Acidentes ps-exposio ao HIV 149

    Captulo 10

    Nutrio ......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 152

    Doenas causadas por uma m alimentao 152

    Por que importante comer alimentos adequados? 154

    Malnutrio 162

    Toxinas 166Alimentao para as crianas pequenas

    173Ideias perigosas sobre alimentao e

    malnutrio 179

    Captulo 11

    Higiene e sade ambiental ............................................................................................................................................................................................................................... 181

    Falta de higiene (limpeza) 181Doenas comuns de transmisso fecal-

    oral 182Doenas relacionadas com a falta de

    gua 184Doenas causadas por agentes baseados

    na gua 184

    Conceitos bsicos de higiene 185Ambiente saudvel 198Controlo de insectos 208Intoxicao por pesticidas 214

    Captulo 12

    Estilos de vida saudveis ..................................................................................................................................................................................................................................... 217

    Boa alimentao 217Controle de peso 220Manter-se activo fsica e

    mentalmente 220Sono, repouso e relaxamento 221

    No tomar bebidas alcolicas em excesso 221

    No fumar 221No consumir drogas 223

  • ONDE NO H MDICOviii

    Captulo 14

    Epidemias .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 239

    Captulo 13

    Vacinao ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 225

    Vacinas para crianas 226Calendrio de vacinao de rotina 229Vacinas para adultos e crianas em idade

    escolar 231Eventos adversos ps-vacinao

    (EAPV) 233

    Contra-indicaes vacinao 233Vacinao segura 234Conservao 235Reconstituio segura da vacina 237

    Controlo das epidemias 240Notifi cao 241

    Captulo 15

    Primeiros socorros .................................................................................................................................................................................................................................................................. 242

    O que so primeiros socorros? 242Prioridade da assistncia de

    emergncia 242HIV e SIDA e primeiros socorros 243Choque 243 Perda de conscincia 245Como transportar uma pessoa

    gravemente ferida 248Paragem respiratria 249Quando um corpo estranho est

    encravado na garganta 250Afogamento 251Golpe de calor 251

    Feridas 252Gangrena gasosa 255Acidentes por minas 260O risco de ttano 262Emergncias relacionadas com

    problemas do intestino (abdmen agudo) 262

    Queimaduras 266Fracturas 268Luxaes 272Distenses e entorses 272Envenenamento 274Mordeduras de cobra 277

  • ONDE NO H MDICO ix

    Captulo 16

    Sintomas e doenas comuns ................................................................................................................................................................................................................... 282

    Dor 282Anemia 289Cansao 290Convulses (ataques) 291Reaces alrgicas 292Sintomas e doenas gastrointestinais 294Soluos 298Sintomas e doenas respiratrias 299Surdez 305Sinusite 306Sintomas e doenas urinrias 307

    Impotncia sexual 313Hrnia/hidrocelo 313Inchao (edema) dos membros inferiores

    e outras partes do corpo 315Varizes (veias varicosas) 316Vermes intestinais 316Bilharziose 322Filarase linftica 324Febres-da-carraa 326Hepatite 326

    Captulo 17

    Febre e malria ...................................................................................................................................................................................................................................................................................... 329

    Febre 329Malria 332

    Captulo 18

    Doenas diarreicas ................................................................................................................................................................................................................................................................... 340

    Diarreia 341Desidratao 342Diarreia persistente 353Vmitos 356

    Clera 357Intoxicao alimentar 365Disenteria 365

    Captulo 19

    Infeces respiratrias agudas e meningite .................................................................................................................................. 368

    Constipao e gripe 368Dor de garganta 370Bronquite aguda 371Pneumonia 371

    Estridor e obstruo das vias areas 373

    Dor e infeco do ouvido (otite) 374Meningite 376

  • ONDE NO H MDICOx

    Captulo 22

    Infeces de transmisso sexual (ITS) ................................................................................................................................................................. 438

    Captulo 20

    Tuberculose e lepra .................................................................................................................................................................................................................................................................... 380

    Tuberculose 380Lepra 386

    Captulo 21

    HIV e SIDA .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 392

    Vrus HIV 392SIDA 392Transmisso e preveno 395O teste do HIV 403Fases da infeco pelo HIV 406Doenas que levam suspeita de

    infeco pelo HIV 408

    Apoio s pessoas HIV-positivas 409Como prolongar a vida 413Tratamento preventivo das infeces

    oportunistas 424Tratamento com anti-retrovirais

    (TARV) 424HIV nas crianas 431

    Corrimento vaginal 443Dor ou desconforto no baixo-ventre 444Doena infl amatria plvica (DIP) 445Corrimento uretral 446lcera genital 447Herpes genital 447Sfi lis 448Cancride 448

    Linfogranuloma venreo (bubo, adenopatia inguinal) 449

    Verrugas genitais (vegetaes venreas, condiloma acuminado) 450

    Balanite (infeco da cabea do pnis) 451

    Tumefaco do escroto escroto inchado 452

    Como prevenir as ITS 454

    Captulo 23

    Outras doenas graves ............................................................................................................................................................................................................................................. 455

    Ttano 455Raiva 459Febre de chikungunya e dengue

    (febre quebra-ossos) 462Marburg e bola 463Febre tifide 464Tifo 466Febre reumtica 467

    Tripanossomase (doena do sono) 468Peste 468Brucelose (febre ondulante) 470Cegueira dos rios (oncocercose) 471Paralisia dos membros 473Paralisia da face 476Insufi cincia renal aguda 476

  • ONDE NO H MDICO xi

    Captulo 24

    Doenas crnicas ............................................................................................................................................................................................................................................................................. 477

    Epilepsia 478Asma 480Bronquite crnica/enfi sema 484Hipertenso arterial 485Doenas do corao 487Trombose (acidente vascular cerebral

    AVC) 488

    Acidente isqumico transitrio (AIT) 490Diabetes 490Cirrose do fgado 497Insufi cincia renal crnica 498Cancro 498

    Captulo 25

    Doenas da pele ..................................................................................................................................................................................................................................................................................... 500

    Regras gerais para tratar problemas de pele 500

    Doenas da pele causadas por insectos 511

    Infeces da pele 514Erupes com comicho, ppulas ou

    urticria 517Herpes-zoster (zona) 519Infeces da pele por fungos 520Vitiligo (reas brancas na pele) 522Albinismo 523Problemas da pele causados por

    malnutrio 523

    Verrugas (cravos) 524Calos 525Ainhum 526Quelide 526Borbulhas e pontos negros (acne) 526Cancro da pele 527Tuberculose da pele ou dos gnglios

    linfticos 528lceras da pele 529Problemas da pele em bebs 530Dermatite seborreica 531Dermatite atpica (eczema) 531

  • ONDE NO H MDICOxii

    Captulo 27

    Doenas da boca ................................................................................................................................................................................................................................................................................. 548

    Cuidar dos dentes e gengivas 548Quando um dente tem crie 551Dor de dentes e abcesso 552Infl amao da gengiva (gengivite,

    doena periodontal) 552Feridas ou boqueiras no canto da boca

    553

    Manchas ou pontos brancos na boca 554

    Pequenas bolhas e lceras nos lbios (herpes labial) 556

    Manchas de cor violeta ou castanha na boca (sarcoma de Kaposi) 557

    Tumor maligno da boca (cancro) 557

    Captulo 28

    Sade da criana .............................................................................................................................................................................................................................................................................. 558

    A consulta da criana saudvel 558O carto de sade da criana 559Crescimento e pesagem 560Histria e exame fsico 565Verifi cao do cumprimento das vacinas

    e das doses de vitamina A 567

    Desenvolvimento da criana 567Consulta da criana em risco 570Proteco da criana 571A criana doente 572

    Captulo 26

    Doenas dos olhos ......................................................................................................................................................................................................................................................................... 533

    Sinais de perigo 533Traumatismo dos olhos 534Como retirar um corpo estranho do

    olho 534Queimadura qumica dos olhos 535Olho vermelho e doloroso 535Olhos vermelhos (conjuntivite) 536Tracoma 536Irite (infl amao da ris) 538Glaucoma 539Infeco do saco lacrimal (dacriocistite)

    540Difi culdade em ver 541Estrabismo (olhos tortos, vesgos, um

    olho desviado ou preguioso) 541Terolho (hordolo) 541

    Ptergio 542Arranho, lcera, ou cicatriz na crnea

    542Derrame sanguneo na parte branca do

    olho 543Hemorragia atrs da crnea (hifema) 543Pus atrs da crnea (hippion) 543Catarata 544Cegueira nocturna e xerose (defi cincia

    de vitamina A ou xeroftalmia) 544Manchas ou moscas em frente dos

    olhos 546Viso dupla 546HIV e SIDA 547Cegueira 546

  • ONDE NO H MDICO xiii

    Captulo 29

    Doenas do recm-nascido e doenas congnitas ......................................................................................................... 573

    Problemas que surgem depois do nascimento 573

    Problemas com que o beb j nasce 578

    Captulo 30

    Doenas infecciosas da criana .................................................................................................................................................................................................. 585

    Sarampo 585 Rubola 588Tosse convulsa 588Varicela 590

    Papeira 590Difteria 591Poliomielite 592

    Captulo 31

    Sade da mulher ................................................................................................................................................................................................................................................................................. 594

    O perodo menstrual 595A menopausa 595Violncia 596Gravidez 597Ficha pr-natal 602Tratamento e preveno de doenas 614Parto 618Partos difceis 630Fstulas 635Cuidados com o recm-nascido nas

    primeiras semanas 635

    Cuidados especiais para bebs que nascem pequenos, prematuros ou com baixo peso 638

    Circunciso no recm-nascido 639A sade da me depois do parto 640Amamentao e cuidados com os seios

    641Gravidez ectpica (fora do tero) 644Aborto espontneo 644Homens e mulheres que no podem ter

    fi lhos (infertilidade) 647Cancro do colo do tero 647Cancro da mama 648

  • ONDE NO H MDICOxiv

    Captulo 33

    Sade mental ................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 662

    Captulo 32

    Planeamento familiar ter apenas os fi lhos que se deseja ................................................... 650

    Como escolher o mtodo de planeamento familiar 651

    Contraceptivos orais (plulas) 652Contracepo de emergncia 657Outros mtodos de planeamento

    familiar 657

    Mtodos para as pessoas que no desejam ter mais fi lhos 658

    Mtodos caseiros para evitar a gravidez 659

    Ficha de planeamento familiar 659

    Como saber se algum tem um problema de sade mental? 662

    Causas de problemas mentais 664Ansiedade (stress) 665Depresso 666Crises de confuso, agitao, delrio ou

    alucinaes 667Esquizofrenia 668

    Demncia 671Perturbaes do sono 671Problemas provocados por perda e

    violncia 672Alcoolismo 673Consumo de drogas 674Tratamento de problemas de sade

    mental 677

    Pginas verdes ......................................................................................................................................................................................................................................................................................... 681

    A utilidade, doses, precaues e manejo dos medicamentos mencionados no livro 681

    Calcular a dose de acordo com o peso do doente 683Como cuidar dos medicamentos (manejo) 685Uso de medicamentos dentro do prazo 686Controlo de stock 686Lista de medicamentos 687ndice de medicamentos 691Informao sobre medicamentos 693

    Siglas e abreviaturas ..................................................................................................................................................................................................................................................... 753

    Vocabulrio .......................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 755

    ndice de assuntos ....................................................................................................................................................................................................................................................................... 769

    Contactos para obter informao, materiais ou apoio ........................................................................ 791

  • ONDE NO H MDICO xv

    Prefcio

    A publicao desta edio do livro Onde No H Mdico uma contribuio im-portante para melhorar as condies de trabalho de todos aqueles que se dedicam rdua tarefa de melhorar a sade dos pases africanos de lngua portuguesa.

    Os profi ssionais de sade, particularmente de nvel bsico e mdio, passam a dispor de um instrumento em que se podem apoiar para enfrentar os problemas de sade com que se deparam no dia-a-dia.

    O livro pode tambm ser usado por todas as pessoas que se interessam pela sua sade e pela sade da comunidade, particularmente quando no tm possi-bilidade de ir com facilidade a uma unidade sanitria.

    Este livro baseia-se nos princpios dos Cuidados de Sade Primrios e contm material produzido por diversos programas de sade em vrios pases e orga-nizaes internacionais. Ele contm informao valiosa sobre a preveno e o tratamento das doenas mais frequentes no nosso Pas.

    J a anterior edio brasileira deste livro foi usada pelos trabalhadores de sade ao nvel primrio, no s em Moambique, mas tambm nos outros pases africanos de lngua portuguesa.

    Estamos certos de que esta nova edio do livro em lngua portuguesa, ac-tualizada e aumentada com captulos novos e adaptada realidade actual, vai servir ainda melhor os trabalhadores de sade do nvel primrio dos vrios pases africanos de lngua portuguesa.

    O Ministro da Sade de Moambique

    Prof. Dr. Paulo Ivo Garrido

  • ONDE NO H MDICO xvii

    Agradecimentos

    A reviso e adaptao do livro Onde No H Mdico para uma verso em por-tugus, dirigida aos pases africanos de expresso portuguesa, contou com a contribuio e apoio tcnico de muitas pessoas, algumas das quais contriburam de forma substancial nos diversos captulos.

    Assim, a TALC e os coordenadores querem agradecer a imprescindvel colabo-rao das pessoas que contriburam substancialmente para a reviso dos diversos captulos:

    Ana Maria Nvoa, Antnio Barradas, Esperana Sevene, Jos Capo, Mohsin Sidat, Paula Perdigo.

    Tambm querem agradecer s pessoas que contriburam para rever, adaptar, actualizar e escrever novo texto para captulos especfi cos do livro:

    Antnio Tanda (Captulo 27), Carla Silva Matos (Captulos 14 e 24), David Matsinhe (Captulo 27), Esperana Sevene (Captulos 6, 7, 8 e Informao so-bre os Medicamentos), Eullia Macovela (Captulos 31 e 32), Felisbela Gaspar (Captulos 1, 2, e 22), Ken Rankin (Captulo 15), Llia Jamisse (Captulos 31 e 32), Lurdes Fidalgo (Captulo 10), Murray Dickson (Captulo 27), Naomi Richman (Captulo 33), Ricardo Barradas (Captulos 5, 9, 15, e 21), Yolanda Zambujo (Captulo 26).

    ndice de assuntos: Jos Capo

    tradutora: Maria Jos Seixas

    Aos desenhadores das ilustraes: Felicity Cary, Jamie Thompson, Lois Carter, Manuel Simbine (Tunga)

    Ao desenhador da capa: Bob Linney

    s pessoas que contriburam com material ou comentrios:

    Alcino Ndeve, Allan Schapira, Amlia Cumbi, Armindo Tiago, Augusto Cabral (falecido), Benedita da Silva, Beverley Snell, Cristina Raposo, David Beran, David Clegg, David Morley, Derek McNiel, Domingos Nicala, Ferruccio Vio, Frederico Paulo Diogo, Francelina Romo, Gay Palmer, Gaye Thompson, George Povey, James Pfeiffer, Jane Paisley, Jane Scobie, Janet Duffi eld, Jenny Peters, John Yudkin, Jos Capote, Jos Joo Matavele, Kathleen Murtagh, Ldia Gouveia, Lindsey Breslin, Lori Newman, Manuel Novela, Margaret Smithers, Maria da Luz Vaz, Michael Brian, Moira Dick, Pamela Zinkin, Paulo Proto, Peggy Henderson, Peter Wegener, Polly Gaster, Prafulta Jaiantilal, Rachel Ploem, Rino Scuccato, Robin Biellik, Robyn Alders, Sandy Cairncross, Stephen Carr, Terezinha da Silva, Ussumane Dato Ussumane.

  • ONDE NO H MDICOxviii

    Agradecimentos especiais para Lucy Ramirez Li e Sandy McGunegill que for-neceram material diverso e fi zeram comentrios valiosos sobre o texto.

    Muitas pessoas, instituies e organizaes contriburam com o seu tempo, ideias, sugestes, crticas, e apoio moral para que este livro se tornasse uma rea-lidade. Entre elas um agradecimento especial para Baltazar Chilundo e os mem-bros de Departamento de Sade da Comunidade da Faculdade de Medicina, Universidade Eduardo Mondlane, Carlos Bambo, Maharifa Rajabo, e Martinho Dgedge, do Departamento de Formao do Ministrio da Sade, Monash University, Health Alliance International, Hesperian Foundation, Family Health International, Alberto Garcia Muchave, Alexandra Cairncross, Ana Sofi a Roberto, Bernardo Capitine, Caroline Ennis, Elisabete Inglesi, Gerri Dickson, Hilary Heine, Jorge Blanco, Jos Capo, Lusa Huo, Maria Adozinda Mutisse, Mary Doyle, Mauro Salia, Olvia Chiziane, Rafael Zunguze, Ricardo Trindade, Slvia Gurrola Bonilla, e Sultana Ismael.

    Este livro s foi possvel graas ao fi nanciamento de:

    AB Trust

    ASDI (Agncia Sueca de Desenvolvimento Internacional)

    CIDA (Agncia Canadiana de Desenvolvimento Internacional Fundo Canadiano para Iniciativas Locais)

    DANIDA

    Fundao Calouste Gulbenkian

    Governo australiano

    Irish Methodist World Development and Relief Committee

    Mercury Phoenix Trust

    MISEREOR

    Rotary Club of St. Albans

    St. Peters Church, St. Albans

    The Charles Hayward Foundation

    US Centers for Disease Control and Prevention

    US Presidents Emergency Plan for AIDS Relief

    A todos os outros indivduos e organizaes que apoiaram a realizao do projecto mas solicitaram o anonimato.

    Pela parte da editora TALC, Lois Carter agradece especialmente Jos Capopelas suas contribuies diversas e valiosas produo do livro.

    Pela parte da editora TALC, Lois Carter agradece especialmente Jos Capopelas suas contribuies diversas e valiosas produo do livro.

  • ONDE NO H MDICO xix

    Como usar o livro

    Para encontrar um tpico, isto , o ttulo de um captulo, de uma diviso dentro de um captulo, um assunto ou uma questo relacionada com uma situao de sade ou uma doena, sua preveno e tratamento, use o ndice (pg. v) ou o ndice de assuntos (pg. 769).

    O ndice fi ca no incio do livro e apresenta os captulos e as divises dos cap-tulos pela ordem em que aparecem no livro.

    O ndice de assuntos fi ca no fi m do livro e enumera todos os tpicos impor-tantes inseridos no livro por ordem alfabtica (a, b, c, d...).

    Para encontrar a informao sobre o uso dos medicamentos usados no livro veja as pginas verdes, que se encontram na pg. 693.

    H vrias maneiras de localizar um medicamento nas pginas verdes.

    Pode localiz-los na Lista de medicamentos, pg. 687. Nesta lista, os me-dicamentos esto na ordem em que aparecem nas pginas verdes, agrupados segundo o seu uso.

    Pode localiz-los, tambm, por ordem alfabtica do nome, no ndice de me-dicamentos (pg. 691), ou no ndice de assuntos (pg. 769).

    As dosagens dos medicamentos esto presentes s nas pginas verdes. Quando encontrar o nome dum medicamento no livro, seguido de um nmero de pgina, procure nas pginas verdes a referida pgina. Por exemplo, a dosagem de AAS e a de paracetamol esto na pg. 719 das pginas verdes.

    Se no compreendeu o signifi cado de alguma das palavras ou siglas usadas no livro, pode encontr-lo no Vocabulrio ou lista das palavras difceis, que comea na pg. 755, ou na Lista das siglas (pg. 753). Tambm pode procurar a palavra no ndice de assuntos, para ver se foi explicada noutra parte do livro.

    Se no consegue encontrar a doena que procura no livro, veja se apresentada com um nome diferente ou se est no captulo que trata do

    mesmo tipo de problemas.

    Leia o NDICE e o NDICE DE ASSUNTOS.

  • ONDE NO H MDICO xxi

    Introduo edio em lngua portuguesa para frica

    O original do livro Donde No Hay Doctor foi escrito em 1973 por David Werner para as comunidades camponesas que vivem nas montanhas do Mxico. Este livro foi traduzido para mais de oitenta idiomas e utilizado em mais de cem pa-ses. Uma edio para frica foi editada em ingls, em 1977, pela editora original, a Hesperian Foundation, com o apoio de Carol Thuman e Jane Maxwell e, em 1979, pela editora Macmillan, com o apoio de Andrew Pearson.

    Em Moambique, o livro Onde No H Mdico, de edio brasileira, foi larga-mente usado no perodo ps-independncia por trabalhadores de sade de nvel primrio. Da que tenha surgido a ideia de se editar em Moambique uma verso africana em lngua portuguesa.

    A editora original, a Hesperian Foundation, dos Estados Unidos, solicitou o apoio da TALC (Teaching Aids at Low Cost), uma organizao irm britnica, para produzir uma verso africana em portugus. A TALC traduziu o livro, anga-riou os recursos necessrios e apoiou a produo do livro at sua publicao. Lois Carter, gestora dos projectos na editora TALC, idealizou o projecto destaverso e deu apoio ao longo do todo o processo. Ela A TALC solicitou o apoiodeJulie Cliff, Khtia Munguambe e Alda Mariano, que coordenaram e solicitaramas intervenes e opinies de um conjunto de cola-boradores de diversas especialidades.

    Alm de adaptar e actualizar o livro, foi necessrio redigir novos captulos e fazer novas ilustraes sobre as doenas, sua preveno e tratamento. Neste pro-cesso, foram usados manuais e seguidas orientaes e normas do Ministrio da Sade de Moambique, material da Organizao Mundial de Sade e de muitas outras fontes.

    Embora direccionado para Moambique, o livro foi escrito no intuito de ser til aos outros pases africanos de lngua portuguesa.

    Este livro foi originalmente escrito para as pessoas que vivem longe das uni-dades sanitrias, em lugares onde no h mdico. Esta edio dirigida ao tra-balhador de sade de nvel primrio. Espera-se que nele o trabalhador possa encontrar a informao que necessita para tratar da sade e cuidar bem das pessoas e suas comunidades.

    O livro foi escrito em conformidade com a fi losofi a segundo a qual o traba-lhador de sade deve compartilhar os seus conhecimentos e ajudar as pessoas a aprender a cuidar da sua prpria sade. Este livro para todas aquelas pessoas que se preocupam com a sade. Alm de orientar o tratamento na unidade sa-nitria, procura indicar como se pode resolver muitos problemas de sade em casa.

    A editora original, a Hesperian Foundation, dos Estados Unidos, solicitou o apoio da TALC (Teaching Aids at Low Cost), uma organizao irm britnica, para produzir uma verso africana em portugus. A TALC traduziu o livro, anga-riou os recursos necessrios e apoiou a produo do livro at sua publicao. Lois Carter, gestora dos projectos na editora TALC, idealizou o projecto destaverso e deu apoio ao longo do todo o processo. Ela A TALC solicitou o apoiodeJulie Cliff, Khtia Munguambe e Alda Mariano, que coordenaram e solicitaramas intervenes e opinies de um conjunto de cola-boradores de diversas especialidades.

    Em Moambique, o livro Onde No H Mdico, de edio brasileira, foi larga-mente usado no perodo ps-independncia por trabalhadores de sade de nvel primrio. Da que tenha surgido a ideia de se editar em Moambique uma verso africana em lngua portuguesa.

    Alm de adaptar e actualizar o livro, foi necessrio redigir novos captulos e fazer novas ilustraes sobre as doenas, sua preveno e tratamento. Neste pro-cesso, foram usados manuais e seguidas orientaes e normas do Ministrio da Sade de Moambique, material da Organizao Mundial de Sade e de muitas outras fontes.

    Embora direccionado para Moambique, o livro foi escrito no intuito de ser til aos outros pases africanos de lngua portuguesa.

    Este livro foi originalmente escrito para as pessoas que vivem longe das uni-dades sanitrias, em lugares onde no h mdico. Esta edio dirigida ao tra-balhador de sade de nvel primrio. Espera-se que nele o trabalhador possa encontrar a informao que necessita para tratar da sade e cuidar bem das pessoas e suas comunidades.

    A editora original, a Hesperian Foundation, dos Estados Unidos, solicitou o

    para produzir uma verso africana em portugus. A TALC traduziu o livro,angariou os recursos necessrios e coordenadou a produo do livro at suapublicao. Lois Carter, gestora dos projectos na editora TALC, idealizou oprojecto desta verso e deu apoio ao longo do todo o processo. Ela solicitou oapoio de Julie Cliff, Khtia Munguambe e Alda Mariano, que coordenaram esolicitaram as intervenes e opinies de um conjunto de cola-boradores dediversas especialidades.

  • ONDE NO H MDICOxxii

    A editora e os autores entendem que este livro pode ser usado tanto por pessoas com formao na rea da sade como por pessoas sem formao nesta rea, mas isso no deve substituir o tratamento mdico convencional e a procura de conselho mdico qualifi cado sempre que disponvel.

    Se o leitor no tiver a certeza do que fazer em caso de emergncia ou doena grave, dever obter ajuda e conselho de pessoas com mais experincia ou das autoridades mdicas e sanitrias locais, ou transferir o doente para uma unidade sanitria com mais recursos.

    Este livro, para ser inteiramente til, deve ser adoptado por pessoas que co-nheam os problemas de sade e hbitos das comunidades onde trabalham.

    A editora e os autores do livro Onde No H Mdico encorajam os indivduos e organizaes interessadas a copiar, reproduzir e adaptar, de acordo com as necessidades locais, partes ou a totalidade do livro.

    Qualquer organizao ou indivduo que deseje copiar, reproduzir ou adaptar o livro com propsitos comerciais deve obter primeiro a autorizao da TALC, a editora.

    As pessoas ou programas que desejarem utilizar qualquer parte deste livro para prepararem o seu prprio material podem faz-lo, desde que citem a fonte. No necessrio pedir autorizao aos autores ou editor, desde que as partes reproduzidas sejam distribudas gratuitamente ou a preos baixos, e sem fi ns comerciais.

    Este livro constitui uma experincia que esperamos seja til e possa ajudar a melhorar os cuidados de sade, mas os coordenadores desta edio esto cons-cientes de que ela contm certamente algumas limitaes que, esperam, po-dero vir a ser ultrapassadas com a ajuda dos utilizadores. As suas experincias, tradies, prticas e sugestes podem contribuir para o aperfeioamento deste livro, de forma a melhor cobrir as necessidades das comunidades.

    Os comentrios e sugestes podero ser enviados TALC. Obrigado pela sua ajuda.

    Julie Cliff, Alda Mariano, Khtia Munguambe

  • ONDE NO H MDICO xxiii

    Declinao de responsabilidade

    Os autores e a editora deste livro no podem garantir que a informao nele contida seja completa e correcta e no devero ser responsabilizados por qualquer dano que surja em resultado do seu uso.

    As indicaes e doses dos medicamentos nele constantes so as recomenda-das na literatura e esto de acordo com as prticas das comunidades mdicas. Os tratamentos, medicamentos e doses nele referidos no tm aprovao especfi ca duma instituio mdica nacional ou internacional para o seu uso nas indicaes para as quais so recomendados.

    Porque os padres de uso podem mudar com o tempo, aconselhvel que o utilizador se mantenha actualizado sobre as recomendaes, particularmente aquelas relacionadas com os novos medicamentos. O folheto informativo de cada medicamento deve ser consultado ou devero ser seguidas as instrues e conselhos mdicos sobre o seu uso e dosagem.

    Este livro foi escrito com base nos conhecimentos existentes em 2008. H sempre inovaes que melhoram a preveno e o tratamento das doenas. Encorajamos o leitor a actualizar-se sempre. As recomendaes para a preveno e o tratamento podem tambm variar de pas para pas. necessrio seguir sem-pre as recomendaes da sua autoridade sanitria.

    Os autores agradecem de antemo todas as sugestes ou crticas enviadas pelos leitores no sentido de garantir a evoluo contnua desta publicao e a sua adaptao constante realidade do terreno.

    Os comentrios devem ser enviados para o seguinte endereo:

    TALC, P.O. Box 49, St. Albans, Herts., AL1 5TX, Gr-Bretanha

    ou por e-mail para:

    [email protected]

    A TALC pretende colocar este livro disposio do pblico na Internet, no site www.talcuk.org. Dado que os tratamentos recomendados evoluem constan-temente, sugerimos ao pessoal mdico que visite este site e confi ra as eventuais actualizaes desta edio.

    A editora

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE 1

    Algumas palavras para o trabalhador de sade ao nvel primrio

    Este livro foi escrito para o trabalhador de sade ao nvel primrio, o agente comunitrio de sade e qualquer outra pessoa que queira aprender e fazer mais pelo bem-estar e sade da comunidade.

    Se for um/a agente comunitrio/a de sade, um/a enfermeiro/a, ou mesmo um/a mdico/a, preste ateno: este livro no foi escrito apenas para si. Foi es-crito para todas as pessoas. Este livro para ser compartilhado!

    Quem o agente comunitrio de sade?

    O agente comunitrio de sade uma pessoa que encaminha a famlia e a comu-nidade no sentido de promover uma boa sade. Muitas vezes escolhido pelos membros da comunidade por ser uma pessoa carinhosa e dinmica.

    Alguns recebem treino, em cursos ou seminrios organizados pelo Ministrio da Sade ou outras organizaes. Outros no tm um cargo ofi cial, so simples-mente membros da comunidade que o povo respeita pelas suas capacidades de curar ou de ajudar em questes de sade. Muitas vezes eles(as) aprendem atra-vs da observao, a ajudar os outros, ou estudando sozinhos.

    De um modo geral, um agente comunitrio de sade pode ser qualquer pessoa que tenha interesse em tornar a sua comunidade num lugar mais saudvel. Isso signifi ca que, praticamente, qualquer pessoa pode e deve ser um agente de sade:

    Os pais podem ensinar os seus fi lhos a manterem a higiene.

    Os camponeses podem trabalhar juntos para que a terra produza mais alimentos.

    Os professores podem ensinar aos alunos como devem evitar e tratar as doenas comuns e os ferimentos.

    Os alunos podem compartilhar com os seus pais o que aprendem na escola.

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    O agente comunitrio de sade trabalha e vive no mesmo ambiente que as pessoas da sua comunidade. A sua primeira obrigao compartilhar os seus conhecimentos com os outros.

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE2

    Os vendedores de medicamentos podem informar-se sobre o uso correcto dos medicamentos que vendem e podem aconselhar quem os compra sobre os seus efeitos e riscos.

    As parteiras podem informar os casais sobre a importncia duma boa alimen-tao durante a gravidez, sobre o aleitamento materno e sobre o planea-mento familiar.

    O livro deve ser utilizado para ensinar aos outros aquilo que se aprendeu. Talvez se possa reunir pequenos grupos para lerem um captulo do livro de cada vez e para trocarem ideias sobre o seu contedo.

    Este livro fala principalmente das necessidades de sade das pessoas. Mas, para ajudar a comunidade a ser um lugar mais saudvel, preciso conhecer os seus problemas e as suas necessidades humanas. A compreenso e o respeito pelas pessoas so to importantes como os conhecimentos sobre a medicina e a higiene.

    Sugestes para o trabalhador de sade

    Eis algumas sugestes que podem ajudar a satisfazer tanto as necessidades hu-manas como as de sade:

    1. SER CARINHOSO

    Uma palavra amiga, um sorriso, uma palmadinha no ombro, ou qualquer outro gesto de carinho , muitas vezes, mais importante do que qualquer outra coisa que se possa fazer.

    Tratar as pessoas como iguais. Mesmo quando se est com pressa ou preocupado, preciso no esquecer os sentimentos e as necessidades das outras pessoas. Muitas vezes ajuda se nos perguntarmos, O que faria eu se esta pessoa fosse da minha famlia?

    Tratar os doentes como seres humanos. Ser bondoso em especial com aqueles que esto muito doentes ou a morrer e ser amvel com as suas famlias. Mostre que se preocupa com eles.

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    TER COMPAIXOO carinho, muitas vezes, ajuda mais do que um medicamento. Nunca tenha receio de mostrar que se preocupa com as pessoas.

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE 3

    2. COMPARTILHAR OS SEUS CONHECIMENTOS

    A primeira funo do trabalhador de sade ensinar o que sabe. Isso signifi ca ajudar as pessoas a aprender como podem evitar as doenas. Tambm signifi ca ajudar as pessoas a aprenderem a reconhecer e a tratar as doenas, incluindo o uso adequado de remdios caseiros e de medicamentos comuns.

    Muitos problemas de sade comuns podem ser tratados pelas pessoas nas suas prprias casas.

    3. RESPEITAR AS TRADIES E AS IDEIAS DAS PESSOAS

    O facto de se aprender coisas sobre a medicina moderna, no quer dizer que se pode desprezar os mtodos de tratamento tradicional da comunidade. Muitas vezes perde-se o carinho humano na arte de curar quando se comea a utilizar a cincia mdica. uma pena porque

    Se puder utilizar o melhor da medicina moderna juntamente com o melhor da medicina tradicional, a combinao pode ser

    mais valiosa do que utilizar apenas uma delas.

    Desse modo, pode-se enriquecer a cultura da comunidade e no retirar-lhe o seu valor.

    Quando se sabe claramente que alguns remdios caseiros ou hbitos so pre-judiciais (por exemplo, colocar fezes (coc) no cordo umbilical do recm-nas-cido), necessrio mudar esses hbitos. Mas isso deve ser feito com cuidado, respeitando aqueles que acreditam nisso. Nunca se deve dizer apenas s pessoas que elas esto erradas. Deve-se ajudar as pessoas a entender o PORQU de fazer algo diferente do habitual.

    As pessoas levam tempo a mudar as suas atitudes e tradies e so fi is quilo que pensam que est correcto. Isso deve ser respeitado.

    A medicina moderna no tem a soluo para todos os problemas. J ajudou a resolver alguns mas tambm provocou outros. As pessoas habituaram-se a tomar medicamentos em excesso e esqueceram-se de como cuidar de si prprias e das outras ao seu redor.

    necessrio respeitar as pessoas, suas tradies e dignidade humana. pre-ciso aproveitar os conhecimentos e habilidades que possuem.

    Procure formas de partilhar o seu conhecimento.

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE4

    4. RECONHECER AS SUAS LIMITAES

    No importa se tem poucos conhecimentos ou habilidades. Pode-se fazer um excelente trabalho desde que se saiba o que se est a fazer. Ou seja:

    Fazer apenas aquilo que se sabe. No fazer coisas que no se aprendeu ou de que no se tem experincia quando se sente que isso pode fazer mal ou pr as pessoas em perigo.

    Trabalhar com os curandeiros e parteiras tradicionais no trabalhar contra eles.Aprender com eles e encoraj-los a que aprendam consigo.

    Usar o bom senso e reconheceras suas limitaes!

    Muitas vezes, a deciso do que se deve ou no fazer depende das circunstncias e das possibilidades de transferir o doente ou conseguir ajuda de algum mais experiente.

    No se deve correr riscos desnecessrios. Mas quando existe o perigo da pessoa piorar se no se agir logo, no se deve ter receio de fazer alguma coisa que pensamos que poder ajudar.

    Fazer sempre o melhor que se pode para proteger a pessoa doente sem se preocupar consigo prprio.

    Reconhecer as suas limitaes.

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE 5

    5. CONTINUAR A APRENDER

    preciso aproveitar todas as oportunidades para aprender mais, lendo livros ou outra informao a que se tiver acesso. Isso ajuda a ser um melhor trabalhador, professor ou pessoa.

    bom estar sempre pronto para fazer perguntas aos mdicos, aos agentes e tcnicos de sade, aos extensionistas da agricultura ou a qualquer outra pessoa com quem se possa aprender alguma coisa.

    Nunca perder a oportunidade de fazer cursos ou receber treinos de capacitao.

    A nossa primeira obrigao ensinar e se no se continuar a estudar para aprender mais, em breve no temos nada de novo para ensinar aos outros.

    6. PR EM PRTICA AQUILO QUE SE ENSINA

    As pessoas tm tendncia a prestar mais ateno ao que se faz do que ao que se diz. Por isso, sendo um agente de sade, tem de tomar um cuidado especial com o seu comportamento, de modo a dar bons exemplos comunidade.

    Antes de pedir s pessoas para construrem latrinas, o agente de sade deve construir primeiro uma, para a sua prpria famlia.

    Alm disso, ajudando a organizar um grupo de trabalho por exemplo, para cavar um buraco para a deposio do lixo o agente de sade deve ser exemplar, participando activamente como as outras pessoas.

    Continuar a aprender No deixe que algum lhe diga que h coisas que no preciso aprender ou saber.

    Praticar aquilo que se ensina(seno, quem vai escutar o que voc diz?).

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE6

    7. TRABALHAR COM PRAZER

    Quando se quer que as pessoas tomem parte na melhoria da comunidade e se preocupem com a sade dela, o agente deve ter prazer em participar nessas ac-tividades. Se no, quem que vai querer seguir o seu exemplo?

    Deve-se procurar fazer com que os trabalhos da comunidade sejam divertidos. Por exemplo, fazer uma vedao para afastar os animais duma fonte de gua pblica pode ser um trabalho pesado. Mas se toda a comunidade apoiar para que este trabalho se torne numa ocasio festiva talvez com comida e msica o trabalho ser feito mais depressa, com alegria, e pode tornar-se divertido. As crianas trabalham mais e com gosto se transformarem o trabalho num jogo.

    O trabalhador de sade pode ser pago ou no pelo trabalho que faz.

    Mas nunca se pode recusar a cuidar de uma pessoa que pobre ou que no pode pagar, nem pode trat-la mal.

    Deste modo se ganha o amor e o respeito das pessoas. Isso vale muito mais que o dinheiro.

    8. PENSAR E AJUDAR OS OUTROS A PENSAREM NO FUTURO

    Um agente de sade responsvel no espera at que as pessoas adoeam. Procure evitar a doena antes que ela surja. preciso encorajar as pessoas a tomarem me-didas hoje para a proteco futura da sua sade.

    Muitas doenas podem ser prevenidas. Ento, a sua responsabilidade ajudar as pessoas da sua comunidade a compreender as causas dos seus problemas de sade e a encontrar formas de os evitar ou eliminar.

    A maior parte dos problemas de sade tem diversas causas, ligadas umas s outras. Para resolver o problema, deve-se procurar e tratar as causas, tentando chegar raz do problema.

    Trabalhar pelas pessoas e no pelo dinheiro.(As pessoas valem muito mais do que o dinheiro).

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE 7

    Por exemplo, a diarreia uma causa de morte muito frequente em crianas. A diarreia causada em parte por falta de limpeza (saneamento do meio e higiene pessoal). Pode-se prevenir com a construo de latrinas e ensinando as regras bsicas de higiene (ver captulo 11).

    As crianas que mais sofrem e morrem por diarreia so aquelas que tm uma alimentao inadequada.

    Os seus corpos no tm fora para combater as infeces. Por isso, para evitar a morte causada por diarreia, devemos prevenir a malnutrio.

    Porque ser que muitas crianas sofrem de malnutrio?

    Ser porque as mes no sabem quais so os alimentos mais importantes (por exemplo, o leite materno)?

    Ser porque a famlia no tem dinheiro sufi ciente ou terra para cultivar os alimentos de que necessita?

    Ser porque poucas pessoas controlam a maior parte da terra e da riqueza?

    Ser que os pobres no possuem os meios para fazerem o melhor aproveita-mento da terra?

    Ser que as famlias tm mais fi lhos do que podem sustentar?

    Ser que os pais gastam o pouco dinheiro que tm a beber?

    Ser porque no conseguem compreender que compartilhando e trabalhando juntas, podem mudar as condies em que vivem e morrem?

    Muitas destas questes, podem estar relacionadas com as causas de morte das crianas na comunidade. Como agente de sade da sua responsabilidade ajudar as pessoas a compreender e a resolver estes problemas.

    Mas importante lembrar que, para evitar as mortes causadas por diarreia, necessrio muito mais do que latrinas, gua potvel e uma boa nutrio. O planeamento familiar, um melhor aproveitamento da terra e uma distribuio mais justa da riqueza e da terra so, a longo prazo, mais importantes.

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    A cadeia das causas que podem levar morte por diarreia.

    MORTE

    POBREZA

    TRANSMISSO DA INFECO

    DISTRIBUIO INJUSTADA TERRA E DA RIQUEZA

    DIARREIA

    FALTA DE HIGIENE E DE SANEAMENTO

    POUCA RESISTNCIA

    MALNUTRIO

    AMBIO PELO DINHEIRO E INCAPACIDADE DE PENSAR NO FUTURO

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE8

    H muitos factores relacionados com os cuidados de sade

    Outros factores, como a produo de alimentos, a educao das mulheres e as ms relaes entre as pessoas, podem estar por detrs de diversos problemas de sade.

    Quando se tem interesse na prosperidade da comunidade a longo prazo, deve-se ajudar as pessoas a encontrar solues para os problemas verdadeiros e importantes.

    A sade mais do que no estar doente. Consiste no bem-estar do corpo, da mente, e da comunidade. As pessoas vivem melhor em ambientes saudveis, onde possam confi ar umas nas outras, trabalhar juntas para satisfazer as suas necessidades dirias, compartilhar os bons e os maus momentoss, e ajudar-se mutuamente a crescer e a viver uma vida melhor.

    necessrio fazer o melhor que se pode para resolver os problemas do dia-a-dia, lembrando sempre que o principal dever de um/a agente de sade ajudar a comunidade a tornar-se num lugar mais saudvel e mais humano para viver.

    Como agente de sade, tem uma grande responsabilidade.

    Por onde se deve comear?

    Observar bem a comunidade

    Quem cresceu numa comunidade e conhece bem as pessoas, j tem conheci-mentos dos seus problemas de sade e compreende o que se passa. Mas para ter uma ideia mais completa, preciso observar a comunidade com cuidado.

    Um agente comunitrio de sade, deve preocupar-se com o bem-estar de toda a gente e no s daqueles que conhece bem ou que o procuram. pre-ciso ir ao encontro das pessoas, visitando-as em casa, no campo, nas escolas, e compreender as suas alegrias e preocupaes. Juntamente com elas, tem de observar os seus hbitos, as coisas do dia-a-dia que promovem a boa sade e as que podem resultar em doenas.

    Antes de pr em prtica qualquer programa ou actividade, numa comuni-dade, tem que se pensar bem sobre o que vai ser preciso e se vai dar resultado. Para fazer isso, deve-se ter em conta tudo o que se segue:

    1. Necessidades percebidas o que as pessoas sentem que so os seu maiores problemas.

    2. Necessidades reais medidas que as pessoas devem tomar para resolverem os seus problemas.

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE 9

    3. Vontade entusiasmo das pessoas no sentido de planearem e tomarem as medidas necesssrias.

    4. Recursos pessoas, habilidades, materiais e/ou dinheiro para levar a cabo as actividades que foram identifi cadas como necessrias.

    Abaixo apresentamos um exemplo simples de como cada uma destas coisas pode ser importante. Vamos supor que um homem que fuma muito se vem quei-xar que tem tosse de manh.

    1. Para este homem a necessidade percebida livrar-se da tosse.

    2. A sua necessidade real deixar de fumar (para eliminar o problema).

    3. Para se ver livre da tosse tem que ter uma grande vontade de deixar de fumar. Para isso ele tem que saber a importncia de deixar de fumar.

    4. Um recurso que o pode ajudar a deixar de fumar explicar-lhe o mal que isso lhe faz, bem como sua famlia (ver pg. 221). Outro recurso que o pode ajudar, o apoio e o encorajamento da famlia, dos amigos, e do/a agente de sade.

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE10

    Identifi car as necessidades

    Um agente de sade deve, em primeiro lugar, identifi car quais so os principais problemas da sade das pessoas da sua comunidade e quais so as suas gran-des preocupaes. Para recolher a informao necessria para decidir quais so as suas grandes necessidades e preocupaes, talvez seja til fazer uma lista de perguntas.

    Nas prximas pginas temos exemplos do tipo de perguntas que se pode fazer. Mas preciso pensar bem nas perguntas que podem ser importantes para a sua comunidade. Devem ser feitas as perguntas que no s ajudam a obter a informao desejada, mas que tambm podem dar s pessoas a oportunidade de fazerem perguntas importantes.

    No se deve fazer uma lista de perguntas muito longa ou complicada es-pecialmente se for uma lista para utilizar nas visitas casa-a-casa. Temos que ter sempre presente que as pessoas no so nmeros e que no gostam de ser tra-tadas como tal. medida que se vai recolhendo a informao, nunca podemos esquecer que o nosso principal objectivo deve ser identifi car o que cada pessoa quer e sente.

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE 11

    Exemplos de perguntas para uma lista para ajudar a identifi car as necessidades de sade da comunidade e ao mesmo tempo fazer com que as

    pessoas possam refl ectir

    NECESSIDADES QUE AS PESSOAS SENTEM

    O que que as pessoas acham que so os seus grandes problemas, preocupaes e necessidades de um modo geral e no apenas relacionados com a sade?

    ALOJAMENTO E SANEAMENTO DO MEIO

    De que so feitas as diversas casas? Paredes? Soalho? So mantidas limpas? Onde que se cozinha? No cho ou noutro local? Como sai o fumo do interior da casa? Como dormem as pessoas?

    Tm problemas com mosquitos, moscas, pulgas, percevejos, ratos, ou qualquer outra praga? De que modo as afecta? O que fazem para controlar isso? E que mais poderia ser feito?

    A comida est protegida? Como poderia estar melhor protegida?

    Caso haja animais (ces, galinhas, cabritos, etc.), quais so os que as pessoas deixam entrar em casa? Quais so os problemas que eles causam?

    Quais so as doenas mais comuns nos animais? Como afectam a sade das pessoas? O que est a ser feito em relao a essas doenas?

    De onde que as famlias tiram a gua? adequada para beber?

    Quantas famlias tm latrinas nas suas casas? E quantas famlias as utilizam correctamente?

    Se no usam latrinas, quais so os locais onde as pessoas defecam e/ou despejam as fezes?

    A aldeia est limpa? Onde que as pessoas despejam o lixo? E porqu?

    POPULAO

    Quantas pessoas vivem na comunidade? Quantas mulheres e quantos homens? Quantas/quantos tm menos de 15 anos (menos de 1 ano, 1 a 4 anos, e 5 a 14 anos)?

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE12

    Quantas crianas frequentam a escola? Quantas meninas? Quantos rapazes? Quo til o ensino escolar? As crianas aprendem o que precisam de saber? Atravs de que outros meios aprendem as crianas?

    Quantas pessoas sabem ler e escrever? Quantas mulheres? Quantos homens? Existe na comunidade a alfabetizao de adultos?

    Quantas pessoas (crianas e adultos) morreram este ano? Quais foram as principais causas? Que idades tinham? Alguma mulher morreu durante a gravidez ou o parto? As suas mortes poderiam ter sido evitadas? Como?

    Quantas crianas nasceram este ano?

    A populao (nmero de pessoas) est a aumentar ou a diminuir? Isso trouxe alguns problemas?

    Quantos fi lhos tem a maioria dos casais?

    Quantos pais esto interessados em no ter mais fi lhos, ou em no os ter com tanta frequncia? Quais so as razes? (Ver planeamento familiar, pg. 650).

    Quantas mes solteiras existem na comunidade? Quantos orfos? Quantos homens trabalham fora da sua comunidade?

    NUTRIO

    As mes do de mamar aos seus bebs? Por quanto tempo?

    So dadas papas s crianas? Se sim, a partir de que idade? De que so feitas?

    Quais so os alimentos principais que as pessoas comem? De onde vm da machamba familiar ou da compra?

    As pessoas comem toda a variedade de alimentos disponveis?

    Quantas crianas nascem com baixo peso (menos de 2,5 kg)?

    Quantas crianas apresentam falta de crescimento ou baixo peso (ver pg. 560) ou mostram outros sinais de malnutrio?

    Que informao tm os pais e os alunos sobre as necessidades nutricionais?

    TERRA E ALIMENTOS

    A terra produz alimentos sufi cientes para cada famlia?

    Como distribuda a terra para cultivar? Quantas pessoas tm ttulos das terras que cultivam?

    Que esforos esto a ser feitos para que a terra produza mais?

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE 13

    Como so armazenadas as colheitas? Estragam-se ou perdem-se muitos produtos das colheitas? Porqu?

    SADE

    Quem so e onde vivem as parteiras tradicionaise os curandeiros da comunidade?

    Quais so os mtodos de curar e que medicamentos tradicionais so utilizados?

    Que mtodos do mais efeito? Quais so os que fazem mal ou so perigosos?

    Qual a unidade sanitria para onde se transfere os doentes que no se consegue tratar localmente? Qual a distncia entre a unidade sanitria e a comunidade? Fazem-se partos na unidade sanitria? Os servios l so bons? Qual o preo da consulta? Fazem-se cobranas ilegais?

    Quantas crianas so vacinadas? Contra que doenas?

    Que outras medidas de preveno esto a tomar? Que outras medidas podem ser tomadas? Que importncia tm?

    Quais so as principais doenas nos homens, mulheres e crianas?

    Com que frequncia que as pessoas adoeceram no ano passado? Por quantos dias cada pessoa esteve doente? Quais foram as doenas? Porqu?

    Quantas pessoas tm doenas crnicas (doenas prolongadas)? Quais so as doenas?

    Quantas pessoas fumam? Quantas pessoas tomam bebidas alcolicas com muita frequncia? Qual o efeito que isso tem na sua sade ou na das suas famlias?

    AUTO-AJUDA

    Que coisas afectam a sade da comunidade?

    Que problemas de sade comuns as pessoas sabem tratar em casa?

    As pessoas tm interesse em aprender a cuidar de si prprias duma maneira segura e efi caz? Porqu? Como podem aprender mais? O que que as impede?

    As pessoas trabalham juntas para satisfazer as necessidades comuns? Compartilham ou ajudam-se umas s outras quando as necessidades so grandes?

    O que se pode fazer para melhorar a comunidade e torn-la num lugar saudvel para viver? Por onde que se pode comear?

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE14

    Utilizar os recursos locais para responder s necessidades

    A resoluo dum problema vai depender dos recursos que estiverem disponveis localmente.

    Algumas actividades exigem recursos de fora (materiais, dinheiro ou pessoas). Por exemplo, realizar um programa de vacinao s possvel se algum de fora trouxer as vacinas muitas vezes de outros pases.

    H outras actividades que podem ser realizadas com os recursos locais. Uma famlia ou um grupo de vizinhos pode fazer uma vedao volta duma fonte de gua potvel ou construir latrinas simples utilizando o material que tm mo.

    Alguns recursos que vm de fora, tais como as vacinas e alguns medicamen-tos essenciais, podem fazer uma grande diferena na sade das pessoas. Deve-se fazer o mximo para os conseguir. Mas, em geral, do maior interesse da comunidade:

    Utilizar os recursos locais sempre que for possvel.

    Quanto mais o agente de sade e as pessoas puderem fazer por si prprios, e quanto menos dependerem da assistncia de fora, mais saudvel e forte se tornar a sua comunidade.

    Pode-se contar com os recursos locais sempre que so precisos, pois estes esto sempre disponveis e, muitas vezes, funcionam melhor e custam menos. Por exemplo, se se encorajar as mes a dar de mamar em vez de dar o bibero, isso ser uma auto-ajuda atravs dum recurso local de alta qualidade o leite materno! Isso tambm evitar muitas mortes e doenas desnecessrias nos bebs.

    Quando se desempenha as funes de trabalhador de sade, necessrio ter sempre presente que:

    O recurso mais valioso para a sade das pessoas so as prprias pessoas.

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE 15

    Decidir o que fazer e por onde comear

    Depois de se analisar com cuidado as necessidades e os recursos, as pessoas da comunidade e o agente de sade devem decidir quais so as mais importantes e as que se devem resolver primeiro.

    Por exemplo, em muitas comunidades, a malnutrio uma causa de outros problemas de sade. As pessoas s podem ser saudveis se tiverem o sufi -ciente para comer. Sejam quais forem os problemas que se decida resolver, a primeira preocupao deve ser a de melhorar a alimentao das pessoas.

    Existem muitas maneiras de encarar a malnutrio, porque h muitos factores que contribuem para este problema. necessrio refl ectir sobre que medidas se pode adoptar e quais iro funcionar melhor na preveno da malnutrio.

    Apresenta-se a seguir exemplos de mtodos para melhorar a nutrio. Algumas medidas trazem resultados imediatos. Outras demoram mais tempo. Com as pessoas da comunidade deve ser decidido quais so as medidas que iro funcio-nar melhor na rea em que vivem.

    ALGUNS MTODOS PARA MELHORAR A NUTRIO

    HortasCurvas de nvelPara evitar a eroso da terra pela chuva

    Agricultura rotativaAlternar as sementeiras para enriquecer a terra usando culturas tais como feijo, ervilhas, lentilhas, amendoim ou outros legumes.

    Este ano, milho No ano que vem, feijo

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE16

    Irrigao da terra Viveiro de peixe

    Criao de abelhas(Apicultura)

    Fertilizantes naturaisEstrume

    Melhor armazenamento dos alimentos

    LatasPara impedir a entrada de ratos

    Famlias mais pequenasAtravs do planeamento familiar

    MAIS MTODOS PARA MELHORAR A NUTRIO

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE 17

    Experimentar novas ideias

    Nem todas as sugestes acima indicadas vo funcionar na sua regio. Algumas funcionam se forem adaptadas situao especfi ca e aos recursos disponveis. Muitas vezes s experimentando que se sabe se as coisas vo dar resultados. Ou seja, fazendo uma experincia na prpria rea.

    Quando se experimenta uma ideia nova, deve-se comear sempre numa pequena rea. Assim, se a experincia falha, ou se tem que mudar de mtodo, no se perde muito. Se der bons resultados, as pessoas vem o sucesso e podem comear a aplicar a ideia numa rea maior.

    Se uma experincia no der resultados positivos no se deve desanimar. Talvez se possa experimentar, de novo, com algumas alteraes. Pode-se aprender tanto dos erros como dos sucessos.

    Aqui damos um exemplo de como experimentar uma ideia nova.

    Sabe-se que um certo tipo de feijo um excelente alimento para o fortalecimento do corpo. Mas ser que cresce na nossa rea? E se crescer as pessoas vo com-lo?

    Pode-se comear por semear um pequeno canteiro ou dois ou trs pequenos canteiros com caractersticas diferentes de solo e/ou de gua. Se o feijo crescer bem, pode ser cozinhado de diferentes maneiras e dar a provar s pessoas. Se elas gostarem, pode-se semear mais feijo nos canteiros com as caractersticas que se verifi caram ser as melhores. Mas a experincia de semear noutros pequenos canteiros, de caractersticas diferentes, deve ser continuada para ver se se consegue uma colheita ainda melhor.

    Talvez existam vrias caractersticas que se queira mudar. Por exemplo, o tipo de solo, a preparao do solo com adubos, a quantidade de gua, ou variedades diferentes de sementes. Para compreender melhor o que d resultado e o que no d, no se deve mudar mais do que uma caracterstica de cada vez, man-tendo o resto sem alterao.

    Por exemplo, para saber se o adubo animal (estrume) ajuda as sementes a brotar e as plantas a crescer e qual a quantidade do adubo necessria, pode-se semear o feijo em vrios canteiros, lado a lado, nas mesmas condies de gua e solo e utilizando o mesmo tipo de semente. Mas antes de semear, em cada canteiro pode-se misturar uma quantidade diferente de estrume, como ilustrado na fi gura abaixo:

    semestrume

    1 pde estrume

    2 psde estrume

    3 psde estrume

    4 psde estrume

    5 psde estrume

    Esta experincia mostra que uma certa quantidade de estrume ajuda, mas es-trume em excesso pode prejudicar as plantas. s um exemplo. As experincias podem dar resultados diferentes. Experimente!

    Comear numa rea pequena

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE18

    Trabalhar por um equilbrio entre a populao e a terra

    A sade depende de muitos factores, mas depende sobretudo de as pessoas te-rem comida sufi ciente.

    A maior parte dos alimentos vem da terra. A terra bem trabalhada pode produzir maior quantidade de alimentos. O agente comunitrio de sade pre-cisa de saber como aproveitar a terra para produzir melhor e alimentar melhor as pessoas no presente e no futuro. Mas, mesmo que um terreno seja muito trabalhado, s pode alimentar um nmero limitado de pessoas. E hoje, muitos camponeses no tm terra sufi ciente para produzir a quantidade de ali-mentos necessrios para satisfazer as suas necessidades ou para se manter saudveis.

    Em muitas partes do mundo, a situao est a agravar-se, em vez de melhorar. Os casais tm muitos fi lhos e por isso vai havendo, de ano para ano, mais bocas para alimentar a partir da escassa terra disponvel.

    Muitos programas de sade pocuram trabalhar por um equilbrio entre a po-pulao e a terra atravs do planeamento familiar, ou seja, ajudar os pais a terem o nmero de fi lhos desejados. Segundo se pensa, famlias mais pequenas resultaro em mais terra e mais alimentos para compartilhar. Mas o planeamento familiar em si no sufi ciente.

    Para uma famlia pobre muitas vezes ter muitos fi lhos uma necessidade econmica especialmente quando muitos morrem quando ainda crianas. No mundo de hoje, para a maioria das pessoas, ter muitos fi lhos constitui a forma de segurana social mais certa com que elas podem contar. Os fi lhos ajudam no trabalho sem serem pagos e, conforme vo crescendo, at podem trazer algum dinheiro para casa. Quando os pais envelhecem, alguns dos fi lhos ou netos talvez possam vir a cuidar deles.

    sabido que onde a terra e a riqueza so mais justamente repartidas e onde a populao tem uma maior segurana econmica, as pessoas preferem ter menos fi lhos. O planeamento familiar s d resultado quando uma escolha das pes-soas. Mas no s atravs do planeamento familiar que se pode conseguir um equilbrio entre a populao e a terra: necessrio tambm que haja uma melhor distribuio da riqueza e uma sociedade mais justa.

    Uma poro limitada de terra sustenta s um nmero limitado de pessoas.

    Um equilbrio permanente entre a populao e a terra deve ser fundado numa distribuio justa.

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE 19

    Trabalhar para alcanar um equilbrio entre

    Um equilbrio entre o tratamento e a preveno signifi ca muitas vezes um equil-brio entre as necessidades imediatas e as de longo prazo.

    A funo do trabalhador de sade na comunidade de trabalhar junto daspessoas e em harmonia com os seus desejos, ajudando-as a encontrar as respostas para os problemas que sentem na sua prpria pele. A primeira preocupao das pessoas muitas vezes encontrar alvio para as pessoas doentes e para as que esto a sofrer. Portanto, uma das principais preocupa-es deve ser ajudar a curar.

    Mas tambm preciso pensar no futuro. Enquanto se cuida das necessidades urgentes das pessoas estas tambm tm que ser ajudadas a pensar no futuro. Elas devem ser ajudadas a comprender que muitas doenas e muito sofrimento podem ser evitados se adoptarem medidas preventivas.

    Mas, cuidado! s vezes os trabalhadores e os que planifi cam projectos de sade vo longe demais. Na sua nsia de prevenir os males do futuro, podem demonstrar pouca preocupao com as doenas e o sofrimento que j existem. Ao no responderem s necessidades actuais da populao, os trabalhadores de sade podem no conseguir a cooperao das pessoas, fazendo com que a maior parte do seu trabalho preventivo resulte num fracasso.

    O tratamento e a preveno caminham de mos dadas. O tratamento pre-coce evita, muitas vezes, o agravamento das doenas ligeiras. Quando se ajuda as pessoas a serem capazes de reconhecer os problemas de sade comuns e a trat-los de imediato, pode-se evitar muito sofrimento desnecessrio.

    O tratamento precoce uma forma de medicina preventiva.

    Para se obter a cooperao das pessoas, deve-se comear por onde as pes-soas esto, trabalhando com o objectivo de alcanar um equilbrio entre a pre-veno e o tratamento que seja aceitvel para elas. Esse equilbrio vai depender muito das atitudes que as pessoas tm em relao doena, cura, e sade. medida que se ajuda as pessoas a pensar no futuro, as suas atitudes vo mu-dando e mais doenas sero controladas, fazendo com que a balana v pen-dendo naturalmente a favor da preveno.

    No se pode dizer me duma criana que est doente que a preveno mais importante do que a cura, porque nesse momento ela no quer ouvir isso. Mas pode-se dizer, enquanto se ajuda a me a cuidar da criana, que a preven-o to importante como a cura.

    Trabalhar para a preveno mas no forar!

    Preveno e Tratamento

    A funo do trabalhador de sade na comunidade de trabalhar junto daspessoas e em harmonia com os seus desejos, ajudando-as a encontrar as respostaspara os problemas que sentem na sua prpria pele. A primeira preocupao daspessoas muitas vezes encontrar alvio para as pessoas doentes e para as queesto a sofrer. Portanto, uma das principais preocupaes deve ser ajudar acurar.

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE20

    Utilizar o tratamento como uma porta de entrada para a preveno. Uma das melhores oportunidades para falar com as pessoas sobre a preveno quando elas vo consulta para receberem tratamento. Por exemplo, se uma me traz um fi lho com lombrigas, preciso explicar-lhe bem como deve tratar a criana. Mas tambm se pode, e deve, explicar claramente, quer me quer criana, como que as lombrigas so transmitidas e o que devem fazer para evitar que isso acontea de novo (ver pg. 317).

    Utilizar o tratamento como uma oportunidade para ensinar a preveno.

    Utilizao racional de medicamentos

    Uma das partes mais difceis e importantes dos cuidados preventivos ensinar s pessoas como utilizar os medicamentos de maneira racional. Alguns medicamen-tos modernos so muito importantes e podem salvar vidas. Mas para a maioria das doenas no necessrio tomar medicamentos. Geralmente, o prprio corpo combate a doena desde que a pessoa repouse, tenha boa alimentao e, se for necessrio, tome alguns remdios caseiros simples.

    As pessoas podem pedir medicamentos sem necessidade. O trabalhador de sade pode sentir a tentao de lhos dar apenas para agradar. Mas, se se fi zer isso, as pessoas, quando fi cam boas, so levadas a pensar que foi esse tratamento que as curou. Mas na realidade foi o seu corpo que se curou sozinho.

    Em vez de acostumar as pessoas a dependerem de medicamentos, melhor dedicar algum tempo a explicar porque que no se deve utilizar medicamen-tos desnecessriamente. Tambm se deve ensinar s pessoas o que elas devem fazer para se tratarem.

    Deste modo se ajuda as pessoas a dependerem dos recursos locais (elas mes-mas), em vez de recursos vindos de fora (medicamentos). Assim tambm se protege a sua sade, porque no existe medicamento que no tenha riscos na sua utilizao.

    ATENO: os medicamentos podem matar

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE 21

    Trs problemas de sade comuns para os quais as pessoas pedem frequen-temente medicamentos de que no precisam so (1) a constipao, (2) a tosse ligeira, e (3) a diarreia.

    Para tratar a constipao o melhor remdio descansar, tomar muitos lquidos e, se for preciso, tomar paracetamol. A penicilina e outros antibiticos no ajudam.

    Para tratar a tosse ligeira ou mesmo uma tosse mais forte com catarro ou es-carro, melhor beber muita gua que ajuda a soltar o catarro e diminuir a tosse mais rapidamente. Isto melhor do que tomar um xarope para a tosse. Inalar o vapor de gua quente tambm ajuda e traz maior alvio (ver pg. 301). No bom tornar as pessoas dependentes de xaropes ou de outros medicamentos de que no precisam.

    Para a maior parte das diarreias em crianas mais importante que estas bebam muitos lquidos e comam bem (ver pg. 346). Os medicamentos para parar a diarreia e os antibiticos no ajudam a criana a fi car melhor e podem ser perigosos. O segredo para a recuperao da criana a me e no o medica-mento. Ajudando as mes a compreenderem isso e a aprenderem o que devem fazer, pode salvar as vidas de muitas crianas.

    Os medicamentos so frequentemente utilizados em excesso, tanto pelos m-dicos como pelas pessoas em geral. Isso de lamentar por muitas razes:

    um desperdcio.

    Faz as pessoas dependerem de algo de que no precisam (e muitas vezes no tm dinheiro para comprar).

    A utilizao de qualquer medicamento constitui um risco. H sempre a possi-bilidade de o medicamento fazer mal pessoa.

    Alm disso, quando os medicamentos so usados com muita frequncia para problemas que no so graves, deixam de fazer efeito no combate s doenas perigosas.

    Um exemplo dum medicamento que perdeu o seu efeito a tetraciclina. O abuso deste antibitico nas infeces ligeiras fez com que deixasse de fazer efeito para tratar a clera. O uso excessivo da tetraciclina fez com que o micrbio da clera se tornasse resistente (ver pg. 115).

    Pelas razes acima indicadas o uso dos medicamentos deve ser limitado.

    Mas como? Nem as restries e normas rgidas, nem a limitao para que ape-nas pessoas experientes sejam autorizadas a prescrever os medicamentos evitou o abuso. S quando as pessoas estiverem melhor informadas que ser possvel o uso limitado e racional dos medicamentos.

    Ensinar e informar as pessoas sobre o uso racional e limitado dos medicamentos um dos trabalhos importantes do trabalhador de sade.

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  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE22

    Para mais informaes sobre o uso e abuso dos medicamentos, ver captulo 6. Ver captulo 8, para uso e abuso das injeces. Ver captulo 1 para o uso racional dos remdios caseiros.

    Quando os medicamentos no so necessrios, explicar as razes com pacincia.

    Como verifi car o progresso feito (avaliao)

    Na sua actividade como trabalhador de sade, ser de grande utilidade verifi car de tempos a tempos que e quanto xito voc e a sua comunidade j obtiveram. Se houve mudanas, quais foram as que melhoraram a sade e o bem-estar da comunidade?

    Pode-se anotar, em cada ms ou ano, as medidas que foram tomadas na rea de sade e que podem ser avaliadas. Por exemplo:

    Quantas famlias construram latrinas?

    Quantos agricultores participaram em actividades para melhorarem a terra e as colheitas?

    Quantas mes e crianas participaram nos Programas de Sade Materno-Infantil?

    Este tipo de perguntas ajuda a avaliar cada medida que foi tomada. Mas, para descobrir qual foi o resultado ou o impacto dessas medidas na sade das pes-soas, preciso conseguir responder a outras perguntas, tais como:

    Quantas crianas tiveram diarreia ou lombrigas no ltimo ms ou ano? com-parar com o nmero de crianas que tiveram diarreia ou lombrigas antes da construo de latrinas.

    Quanto rendeu a colheita esta poca (milho, feijo, ou outras culturas) comparada com as anteriores introduo dos mtodos aperfeioados?

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    No! Ele s tem uma constipao. Vai melhorar sozinho. Precisa

    descansar. Deve comer bem e beber muitos lquidos. Um medicamento forte no vai ajudar e pode fazer mal.

    No acha que ele precisa de uma injeco?

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE 23

    Quantas crianas esto com o peso normal e a ganhar peso nos CARTES DE SADE DAS CRIANAS (ver pg. 559), comparando com o peso das crianas antes da introduo dum programa nutricional?

    Para se poder avaliar o impacto de qualquer medida, preciso recolher in-formaes antes e depois da sua introduo. Por exemplo, se quisermos ensinar s mes a importncia de alimentar os fi lhos s com leite do peito nos primeiros seis meses de vida, necessrio contar primeiro quantas mes j o esto a fazer. Depois, comea-se o programa de ensino e contam-se de novo as mes em cada ano. Desta maneira, pode-se fazer uma boa ideia do efeito dos conhecimentos que foram transmitidos s pessoas no decorrer do programa.

    Pode-se e deve-se fi xar objectivos. Por exemplo, espera-se que 80% das fam-lias tenham latrinas no perodo de um ano. Todos os meses se faz a contagem. Se ao fi m de 6 meses apenas um tero das famlias tem latrinas, sabe-se que preciso trabalhar mais para alcanar o objectivo previsto.

    A fi xao de objectivos ajuda as pessoas a trabalhar com mais empenho e a conseguir mais resultados.

    Para avaliar os resultados das medidas de sade ajuda muito se se contar e medir certas coisas antes, durante, e depois da sua implementao.

    Mas ateno! A parte mais importante deste trabalho no pode ser me-dida. Essa a parte que consiste no relacionamento do trabalhador de sade com as outras pessoas e no relacionamento entre estas: como as pessoas aprenderam e como elas trabalham em conjunto, com amabilidade, responsa-bilidade, a compartilhar e a ter esperana. Estas coisas no podem ser medidas. Mas devem estar sempre presentes quando se identifi ca quais foram as mudan-as realizadas.

    Ensinar e aprender juntos o trabalhador de sade como educador

    medida que se for compreendendo quantas coisas afectam a sade, talvez se pense que o trabalhador de sade tem um trabalho gigantesco. Nenhum trabalhador de sade vai conseguir fazer muito se tentar trabalhar sozinho nos cuidados de sade.

    S quando as pessoas participarem activamente no cuidado da sua prpria sade e da sade da comunidade

    que se consegue realizar mudanas importantes.

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  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE24

    O bem-estar da comunidade no depende apenas da participao duma pes-soa, mas de toda a gente. Para que isso acontea, deve-se partilhar as responsa-bilidades e os conhecimentos.

    por isso que o trabalho inicial, na qualidade de trabalhador de sade, ensinar ensinar as crianas, os pais, os agricultores, os professores, os outros trabalhadores de sade o maior nmero de pessoas possvel.

    A arte de ensinar a habilidade mais importante que uma pessoa pode apren-der. Ensinar ajudar os outros a crescer e crescer com eles. O bom professor no uma pessoa que impe ideias na cabea das outras pessoas. Ele ajuda os outros a desenvolver as suas prprias ideias e a descobrir coisas sem auxlio dos outros.

    O ensino e a aprendizagem no devem estar limitados escola ou unidade sanitria. Devem acontecer em casa, no campo e no caminho. Sendo-se traba-lhador de sade, uma das melhores oportunidades que se tem para ensinar quando se est a tratar dos doentes. Mas deve-se aproveitar todas as oportu-nidades que surgem para trocar ideias, partilhar, mostrar e ajudar as pesssoas a pensarem e a trabalharem juntas.

    Nas prximas pginas se mencionam algumas ideias que o podem ajudar a fazer isso. So apenas sugestes.

    DUAS MANEIRAS DE ENCARAR OS CUIDADOS DE SADE

    Tomar conta dos outros encoraja a dependncia e a perda da liberdade

    A terrada ignorncia

    Ajudar os outros a cuidarem de si prprios encoraja a autoconfi ana e a igualdade

    O pooda sabedoria

    Tome 2 comprimidos 4 vezes por dia. No

    faa perguntas

    meu grande senhor,

    obrigado

    Vou ajud-lo a subir para chegar

    onde eu estou

    Obrigado, amigo.

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE 25

    Instrumentos de ensino

    Cartazes e exposies. Uma imagem vale mil palavras. Desenhos simples, com ou sem legendas, podem ser pendurados nos centros de sade ou em luga-res pblicos onde as pessoas possam v-los. Pode-se copiar algumas ilustraes deste livro.

    Modelos e demonstraes ajudam as pessoas na transmisso de ideias. Por exemplo, quando se quer explicar s mes e s parteiras o cuidado que devem tomar ao cortar o cordo umbilical do recm-nascido, pode-se fazer uma boneca para representar o beb e prender-lhe um cordel barriga com um alfi nete.

    Cassetes de vdeo. Existem cassetes de vdeo sobre muitos temas de sade que podem ser mostrados em pblico e que so muito teis e didcticos.

    Na pg. 791 e seguintes encontra-se uma lista das organizaes atravs das quais se pode solicitar material didctico, sobre a sade, para usar na comunidade.

    Outros mtodos de transmitir ideias

    Contar histrias. Quando se tem difi culdade em explicar alguma coisa, pode-se fazer isso contando uma histria, de preferncia que tenha ocorrido na realidade. Deste modo, se poder expor melhor as ideias.

    Por exemplo, se contar que, s vezes, um agente comunitrio de sade faz melhor diagnstico do que um mdico as pessoas podem no acreditar. Mas se contar uma histria sobre uma agente chamada Rosa que trabalhava numa al-deia na provncia de Nampula, talvez possam compreender melhor.

    Um dia uma criana doente chegou ao posto de sade da aldeia. Ela j tinha sido vista pelo mdico dum centro de sade prximo porque a criana estava malnutrida. A criana tambm tinha tosse e o mdico tinha receitado um xarope. A Rosa estava preocupada com a criana. Ela sabia que esta pertencia a uma famlia pobre e que um irmo mais velho tinha morrido vrias semanas antes. A Rosa foi visitar a famlia e fi cou a saber que o irmo, antes de morrer, tinha estado doente durante muito tempo e que tinha tido tosse com sangue. A Rosa foi ao centro de sade dizer ao mdico que suspeitava que a criana estava com tuberculose. Fizeram os exames criana e a Rosa tinha razo. Por aqui se pode ver que a agente descobriu o problema grave antes do mdico porque ela conhecia as pessoas da sua comunidade.

    As histrias despertam mais interesse e deste modo as pessoas aprendem me-lhor. Ajuda se os trabalhadores de sade tiverem jeito para contar histrias.

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE26

    Teatro popular. As histrias que transmitem ideias importantes tm ainda mais impacto nos membros da comunidade se forem transformadas em peas de teatro. Talvez o/a trabalhador/a de sade, o/a professor/a, ou um elemento da comunidade possam organizar peas de teatro curtas ou uma pea humorstica com as crianas da escola.

    Por exemplo, para dar nfase ideia de que a comida deve ser protegida das moscas para evitar a transmisso das doenas, vrias crianas podem mascarar-se de moscas e zumbir volta da comida. As moscas contaminam a comida que no est coberta. Depois as crianas comem essa comida e fi cam doentes. Mas as moscas no podem alcanar a comida que est tapada. Por isso as crianas que comem a comida que est protegida das moscas no fi cam doentes.

    Quantos mais mtodos forem utilizados para compartilhar ideas, mais pessoas comprendem e se lembram.

    Um outro exemplo:

    Maria e Lisa, ambas com 14 anos e estudantes da mesma turma, perguntam-se porque que Amlia no tem ido escola h vrias semanas. Elas sabem que o pai da Amlia faleceu h seis meses. As pessoas dizem que ele tinha tuberculose. Maria e Lisa esto preocupadas e decidem visitar a colega em casa. Ao chegar a casa encontram a Amlia a preparar a refeio para os trs irmos mais novos. A me est no hospital. Amlia est muito triste. Ela diz s amigas que o mdico disse-lhe que a me tem SIDA. Os seus tios, que so seus vizinhos, no querem tomar conta deles. Eles dizem que o SIDA uma doena infecciosa e que tm medo. Dizem tambm que esto muito zangados por a me da Amlia ter SIDA, pois isso signifi ca que ela dormia com muitos homens. Portanto, a Amlia tem que tomar conta dos irmos e ter de deixar a escola.

    Esta pea d oportunidade de confortar algum afectado pelo SIDA, lidar com o medo que as pessoas tm, e pensar no impacto do HIV e SIDA em indivduos e famlias. Pode tambm oferecer a oportunidade para falar sobre a vulnerabili-dade das crianas e mulheres, a discriminao contra as pessoas afectadas pelo HIV e SIDA e como estas podero ser apoiadas.

  • ALGUMAS PALAVRAS PARA O TRABALHADOR DE SADE 27

    Trabalhar e aprender juntos para o bem-estar de todos

    H muitas maneiras de despertar o interesse e de conseguir a participao das pessoas no trabalho conjunto para satisfazer as necessidades da comunidade. Aqui esto algumas ideias:

    1. O Comit de Sade da Comunidade. Os membros da comunidade po-dem escolher um grupo de pessoas dinmicas e entusiastas para ajudar a orga-nizar e a dirigir actividades relacionadas com o bem-estar da comunidade por exemplo, fazer aterros para o lixo ou construir latrinas.

    2. Debates em grupos. Grupos de mes, pais, crianas, jovens, curandei-ros, ou outros podem discutir as necessidades e os problemas que afectam a sade da comunidade. O principal objectivo ser ajudar as pessoas a trocar ideias e a tirar partido daquilo que j sabem.

    3. Jornadas de trabalho. Projectos comunitrios como a instalao dum