OPERAÇÕES MENTAIS
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OPERAÇÕES MENTAIS
As estruturas cognitivas são como sistemas organizados de informação armazenada, uma
representação inespecífica, mas organizada, de experiências prévias. Barlett fala de
“esquemas”, e Bruner de “sistemas codificados” que controlam o destino da informação
fazendo com que essa se ajuste aos esquemas. Não se trata somente do trabalho de memória,
mas da memória como pensamento, raciocínio e capacidade de respostas perante problemas.
A expressão de Barlett ao referir-se à estrutura cognitiva como habilidade para voltar sobre
os próprios esquemas por meio da memória, das estratégias, da censura ou simples ensaio –
erro, leva à ampliação do conceito de estrutura e associar-lhe o qualitativo de estrutura
dinâmica tanto em sua possibilidade de formação como de modificação.
Feuerstein(1980), por exemplo, ao apresentar sua teoria da Modificabilidade Cognitiva
Estrutural, acentuava as mudanças estruturais:
não se refere a fatos isolados mas à maneira com que o organismo se inter-relaciona, como atua e responde a fontes de informações; a mudança estrutural, uma vez posta em ação, determinará o curso de desenvolvimento de um indivíduo. (Feuerstein, 1980)
Quando os estímulos procedem de uma forma de informação externa e são apreendidos de
forma pré-lógica, o sujeito apenas faz uso de estruturas cognitivas; os estímulos definem a
percepção, enquanto que o pensamento racional ou lógico estabelece relação com outros
conceitos anteriores, segundo sua própria necessidade e ao objetivo que persegue. Em forma
de um contínuo vão-se adicionado novas construções às já existentes de modo que não se
repetem, mas formam seqüências novas.
Pode-se considerar a estrutura mental – no sentido analógico – como uma rede por onde
circulam uma infinidade de relações entre os seus nós. E os nós? Para seguir com a analogia,
esses seriam as operações mentais: quem percebe bem pode diferenciar, quem diferencia bem
pode comparar, quem compara bem pode classificar, raciocinar, inferir, etc.
Piaget(1973) definiu a operação mental como ação interiorizada que modifica o objeto do
conhecimento, que vai construindo e agrupando de um modo coerente no intercâmbio
constante entre pensamento e ação exterior. A criança começa a centrar-se na própria ação e
nos aspectos figurativos do real; depois, vai acrescentando a ação para fixar-se na
coordenação geral dela mesma, até construir sistemas operatórios que liberam a representação
do real e permitem chegar às operações formais.
Feuerstein(1980) aceita a contribuição piagetiana e se centra no aspecto mais operativo da
inteligência assim como na mediação que se pode realizar para a configuração das operações.
E na sua definição adota esses termos: conjunto de ações interiorizadas, organizadas e
coordenadas, pelas quais se elabora a informação procedente das fontes internas e externas
de estimulação.
As operações mentais, unidas de modo coerente, dão como resultado a estrutura mental da
pessoa. Vão-se construindo pouco a pouco; as mais elementares permitem passar às mais
complexas e abstratas. Geração, estrutura e interação são, deste modo, realidades
inseparáveis.
Operações mentais definidas, aqui, na perspectiva feuerstiana:
IDENTIFICAÇÃO -processo pelo qual reconhecem elementos / fatos pelas características
que os compõe. Reconhecimento de uma realidade por suas características globais.
DIFERENCIAÇÃO - processo pelo qual reconhecem diferenças essenciais que caracterizam
elementos / fatos, utilizando-se critérios. reconhecimento de algo por suas características,
distinguindo as que são essenciais das que são irrelevantes, em cada situação.
REPRESENTAÇÃO MENTAL - processo pelo qual interiorizam imagens / conceitos por seu
traços essenciais. utilizando-se a associação e abstração. interiorização de características de
um objeto de conhecimento, concreto ou abstrato. é a representação dos elementos essenciais
que permitem defini-lo como tal.
TRANSFORMAÇÃO MENTAL - processo pelo qual se modificam, ampliam-se ou se
combinam características de um ou de vários elementos/ informações possibilitando-se a
criação de uma nova hipótese. Atividade cognitiva pela qual podemos combinar ou modificar
características de um objeto ou de vários, para produzir representações de maior grau de
abstração ou de complexidade.
COMPARAÇÃO - processo pelo qual reconhecem com base nos atributos essenciais,
semelhanças e diferenças de fatos, objetos, pessoas, utilizando-se critérios. Operação mental
pela qual se estuda a semelhança e a diferença ente objetos ou fatos, de acordo com suas
características.
CLASSIFICAÇÃO - processo pelo qual agrupam e hierarquizam seres, fatos, fenômenos com
base em suas diferenças e semelhanças, utilizando-se critérios conforme o propósito. A partir
de categorias, reunir grupos de elementos de acordo com atributos ou definições. os critérios
de agrupamento são arbitrários, dependem da necessidade e podem ser naturais ou artificiais.
DECODIFICAÇÃO ↔ CODIFICAÇÃO - operação mental que permite estabelecer símbolos
ou interpretá-los, dando amplitude, à medida que se tornam mais abstratos. Abrange tanto o
processo pelo qual traduzem e interpretam códigos (símbolos, sinais, escalas, mapas) que
expressam e representam informações – decodificação -, quanto o processo pelo qual
expressam e representam conceitos através de códigos (símbolos, sinais, escalas, mapas)
traduzíveis e interpretáveis – codificação.
PROJEÇÃO DE RELAÇÕES VIRTUAIS - processo pelo qual projetam imagens construídas
e organizadas através da relação de estímulos internos e externos. Perceber estímulos externos
em forma de unidades organizadas que são projetadas para estímulos semelhantes. projeta-se
imagens que ocupam lugar num espaço virtual.
SÍNTESE ↔ ANÁLISE - São formas de perceber a realidade. decompor um todo em suas
partes e relacioná-las para inferir. as análises permitem a síntese. Compõe-se pelo processo
através do qual integram-se elementos fundamentais de um todo, baseando-se na análise das
suas peculiaridades; e pelo processo no qual examinam-se cada parte de um todo com o
objetivo de conhecer sua natureza, proporção, função e relação. habilidade básica do
pensamento.
INFERÊNCIA LÓGICA - Processo pelo qual apresentam uma nova informação
relacionando-a a dados percebidos. capacidade de realizar deduções e criar nova informação,
a partir de dados percebidos.
RACIOCÍNIO ANALÓGICO - processo pelo qual realizam inferências e predição de fatos a
partir dos já conhecidos e das leis que os relacionam. Usa um argumento indutivo dentro de
um âmbito extenso. é uma operação pela qual são dados três pontos de uma proposição e se
determina o quarto por semelhança. consideram-se as seguintes etapas:
a) formulação da(s) hipótese(s), a partir de um fato-problema;
b) inferência das conseqüências preditivas da(s) hipótese(s);
c) teste das conseqüências preditivas, através da experimentação, a fim de confirmar ou
refutar a(s) hipótese(s). (se....,então......)
RACIOCÍNIO HIPOTÉTICO - é o processo que permite a elaboração de hipóteses, criando
novas concepções a partir de conceitos já formulados. Capacidade mental de realizar
hipóteses (inferência e predição de fatos), a partir dos já conhecidos e dos que se relacionam.
RACIOCINIO TRANSITIVO - processo pelo qual ordenam dados para fazer inferências e
transferir informações, a partir de um termo comum, garantindo a reversibilidade das relações.
A Transitividade é uma propriedade da lógica. consiste em ordenar, comparar e descrever
uma relação de modo a que chegue a uma conclusão. trata-se do pensamento dedutivo que
permite a inferência de novas relações, a partir das já existentes.
RACIOCÍNIO SILOGÍSTICO – Processo dedutivo que possibilita, a partir de duas premissas,
estabelecer uma conclusão de acordo com as leis que regem as relações entre as posições.
Trata da lógica formal proposicional e se baseia nas estruturas que permitem chegar à verdade
lógica. Ela permite o desenvolvimento do pensamento lógico e as capacidades de construir
modelos mentais das situações, bem como codificar e decodificar os modelos mentais.
RACIOCÍNIO DIVERGENTE - Processo pelo qual estabelecem novas relações que
conduzem a idéias novas, criativas, incomuns, inéditas – flexibilidade mental. Pode ser
equivalente ao pensamento criativo, isto é, capacidade de estabelecer novas relações sobre o
que já se conhece, chegando a novas idéias, realizáveis ou fantasiosas.
RACIOCINIO LÓGICO - processo que permite a aplicação, na resolução de problemas, dos
princípios da lógica: analogia, generalização, indução, relacionamento de causa e efeito. Todo
o desenvolvimento mental leva ao pensamento lógico ou formal em uma unidade do processo
que vai desde a construção do universo prático pela inteligência sensório-motora até à
reconstrução do universo das hipóteses, passando pelo universo concreto.Pensamento formal
é a representação de ações possíveis, é a organização do pensamento que chega à verdade
lógica, graças à inferência, hipotetização, análise e síntese.
Esquematização das Operações Mentais
Raciocínio lógicoRaciocínio Divergente
Raciocínio SilogísticoRaciocínio Transitivo
Raciocínio Hipotético Raciocínio AnalógicoInferência Lógica
Síntese ↔ AnáliseProjeção de Relações Virtuais
Codificação ↔ DecodificaçãoClassificação
Comparação Transformação Mental
Representação Mental Diferenciação
Identificação