Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE DEMOGRAFIA E CIÊNCIAS ATUARIAIS ROANNA FIGUEIREDO MENDONÇA DE LIMA Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em um cenário de pandemia, Brasil, 2020 NATAL / RN 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE DEMOGRAFIA E CIÊNCIAS ATUARIAIS

ROANNA FIGUEIREDO MENDONÇA DE LIMA

Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em um cenário de pandemia, Brasil, 2020

NATAL / RN 2021

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ROANNA FIGUEIREDO MENDONÇA DE LIMA

Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em um cenário de pandemia, Brasil, 2020

Monografia de conclusão de curso apresentada

ao Departamento de Demografia e Ciências

Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, como requisito parcial à obtenção de

título de bacharel em Ciências Atuariais.

Orientadora: Profª. Dra. Luciana Lima.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Prof. Drª Luciana Conceição de Lima

DDCA/UFRN

___________________________________________

Prof. Drª Luisa Pimenta Terra

Unifal/MG

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas – SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Ronaldo Xavier de Arruda - CCET

Lima, Roanna Figueiredo Mendonça de.

Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em um

cenário de pandemia, Brasil, 2020 / Roanna Figueiredo Mendonça de Lima. - 2021.

49f.: il.

Monografia (Bacharelado em Ciências Atuariais) - Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Exatas e da

Terra, Departamento de Demografia e Ciências Atuariais. Natal, 2021.

Orientadora: Profª Drª Luciana Conceição de Lima.

1. Finanças - Monografia. 2. Operadoras de plano de saúde -

Monografia. 3. Covid-19 - Monografia. 4. Agência Nacional de

Saúde - Monografia. 5. Instituto de Estudos da Saúde Suplementar

- Monografia. I. Lima, Luciana Conceição de. II. Título.

RN/UF/CCET CDU 336

Elaborado por Joseneide Ferreira Dantas - CRB-15/324

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por sempre estar presente em minha vida, por

me abençoar em todos os meus anos de desenvolvimento pessoal e nos meus

estudos. Aos meus queridos professores, pelos ensinamentos durante todo o curso,

e um agradecimento especial a minha orientadora Professora Drª Luciana Conceição

de Lima por me incentivar e acreditar em mim, quando eu estava desmotivada, meus

sinceros agradecimentos. Agradeço também a Professora Drª Luisa terra, pelo aceite

em fazer parte da banca examinadora e pelos comentários que agregaram muito ao

meu trabalho. A minha mãe, que mesmo com toda a dificuldade enfrentada nunca

mediu esforços para me proporcionar um ensino de qualidade durante todo o meu

período escolar, sempre me apoiando ao longo da minha trajetória.

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“O insucesso é apenas uma oportunidade para

recomeçar com mais inteligência.”

Henry Ford

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RESUMO

A pandemia da Covid-19 se tornou um evento desafiador na história recente da humanidade por se tratar de uma emergência de saúde pública de importância internacional. Além de atentar contra a vida ela também produz impactos sobre as finanças de várias áreas. Com isso, esta monografia possui o objetivo de identificar se as operadoras de saúde da modalidade medicina de grupo foram impactadas financeiramente diante das despesas geradas pela pandemia da Covid-19. Este trabalho se justifica pelo fato de que ainda há poucos estudos sobre os impactos da pandemia sobre as finanças dos planos de saúde. Sendo assim, os objetivos específicos englobam a comparação de fluxos de receitas e de despesas de 2020 com os anos de 2015 a 2019, anteriores à pandemia, como também comparar possíveis diferenças entre receitas e despesas em 2019 e 2020 por meio de um teste t de diferenças entre médias populacionais. Foram estabelecidas duas hipóteses: 1) Os gastos das operadoras de saúde na pandemia da Covid-19 não afetaram o equilíbrio financeiro em 2020 das operadoras da modalidade medicina de grupo; 2) O índice VCMH foi negativo no ano de 2020, o que justifica um reajuste negativo para as mensalidades das operadoras de saúde planos individuais. Com o intuito de observar variação do custo médico hospitalar per capita das operadoras de planos de saúde entre dois períodos consecutivos de 12 meses, analisou-se a tendência temporal do Índice de Variação do Custo Médico Hospitalar (VCMH/IESS). A fonte das informações utilizada foi a Agência Nacional da Saúde Suplementar (ANS) e o Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS). De um modo geral os resultados apontaram que as receitas observadas em 2020 foram superiores quando comparadas aos anos de pré-pandemia, e as despesas inferiores aos últimos 5 anos: em 2020 houve um aumento de mais de 1,4% no quantitativo de beneficiários tipo de contratação individual na rede privada. Estes resultados confirmaram a hipótese 1. Com relação às variações do custo médico hospitalar em 2020, ela resultou negativa indicando que a hipótese 2 foi confirmada. Os dados mostram que mesmo em um cenário de pandemia em que novos procedimentos precisaram ser adotados pela ANS para o enfrentamento de uma emergência sanitária, as operadoras de saúde da modalidade medicina de grupo apresentaram equilíbrio financeiro em 2020, ou seja, as receitas do primeiro ano de pandemia foram suficientes para cobrir as despesas daquele período. E sobre a variação do VCMH, nem todas se mantiveram negativas durante a pandemia, o que foi o caso das internações, o que se justifica pela gravidade da Covid-19, e das terapias, que são procedimento mais ajustáveis à Telessaúde do que consulta e exames, por exemplo. Entre as limitações desse estudo, destaca-se o fato de a ANS não dispor dos dados das contraprestações por grandes regiões, que podem ter apresentado perfis distintos em relação às receitas e despesas.

Palavras-chaves: Operadoras de plano de saúde; Covid-19; Finanças; Agência

Nacional de Saúde; Instituto de Estudos da Saúde Suplementar.

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ABSTRACT

The Covid-19 pandemic has become a challenging event in human recent history to

address a public health emergency of international importance. In addition to attacking

life, it also impacts finances in several areas. Thus, this monograph aims to identify

whether as health care providers in the group medicine modality they were financially

impacted by the expenses generated by the Covid-19 pandemic. This work is justified

by the fact that there are still few studies on the impacts of the pandemic on the

finances of health plans. Therefore, the specific objectives include the comparison of

revenue and expenditure flows in 2020 with the years 2015 to 2019, prior to the

pandemic, as well as comparisons of possible differences between revenue and

expenditure in 2019 and 2020 through a t-test of differences between population

averages. There were two hypotheses: 1) The expenses of healthcare operators in the

Covid-19 pandemic did not affect the financial balance in 2020 of operators in the group

medicine modality; 2) The VCMH index was negative in 2020, which justifies a negative

readjustment for the monthly fees of individual health plan operators. In order to

change the per capita hospital medical cost variation of health plan operators between

two consecutive 12-month periods, the temporal trend of the Hospital Medical Cost

Variation Index (VCMH / IESS) was analyzed. The source of the information used by

the National Agency for Supplementary Health (ANS) and the Institute for

Supplementary Health Studies (IESS). In general, the results indicated that the

revenues observed in 2020 were higher when compared to the pre-pandemic years,

and the expenses prior to the last 5 years: in 2020 there was an increase of more than

3% in the number of beneficiaries in the private network. These results confirmed

hypothesis 1. Regarding the variations in hospital medical costs in 2020, it was

negative that hypothesis 2 was confirmed. The data show that even in a pandemic

scenario in which new procedures had to be adopted by the ANS to face a health

emergency, such as health operators of the group medicine modality financial balance

in 2020, that is, the revenues of the first year of pandemic were sufficient to cover the

expenses of that period. And about the variation in VCMH, not all of them remained

negative during a pandemic, which was the case with hospitalizations, which is justified

by the severity of Covid-19, and therapies, which are procedures more adjustable to

Telehealth than consultation and exams, for example. Among the limitations of this

study, there is the fact that the ANS does not have data on payments by large regions,

which may have presented different profiles in relation to revenues and expenses.

Key-words: Health care companies; Covid-19; Finances; National Health Agency;

Institute of Supplementary Health Studies.

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LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

ACP – Análise de Componente Principal

ANS – Agência Nacional da Saúde Suplementar

CCET – Centro de Ciências Exatas e da Terra

DBC - Database Container

DDCA – Departamento de Demografia e Ciências Atuariais

IBA – Instituto Brasileiro de Atuária

IESS – Instituto de Estudos de Saúde Suplementar

OMS – Organização Mundial da Saúde

SARS – Síndrome Respiratória Aguda grave

SUS – Sistema Único de Saúde

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UTI – Unidade de Terapia Intensiva

VCMH – Variação dos Custos Médico-Hospitalares

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Tipo de contratação operadora de saúde no Brasil, 2020......................26

Quadro 2 – Nome e descrição das variáveis utilizadas, Brasil, 2020........................32

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Taxa de Cobertura das operadoras de saúde por grandes regiões, Brasil

2018 a 2020................................................................................................................22

Gráfico 2 – Média da quantidade de operadoras de saúde por modalidade por grande

região, Brasil 2018 à 2020..........................................................................................23

Gráfico 3 – Distribuição percentual das Operadoras de Saúde por porte nas Grandes

Regiões do Brasil em dezembro de 2020...................................................................24

Gráfico 4 – Beneficiários das modalidades das operadoras de saúde por tipo de

contratação, Brasil, 2021............................................................................................25

Gráfico 5 – Correlação entre os tipos de receitas e despesas, Brasil 2015 a

2020............................................................................................................................34

Gráfico 6 – Componentes principais, Brasil 2015 – 2020............................................35

Gráfico 7 – Mapa fatorial Receitas e Despesas operadoras medicina de grupo, Brasil

2015 – 2020................................................................................................................35

Gráfico 8 – Contribuições das variáveis para a componente principal, Brasil 2015 –

2020............................................................................................................................36

Gráfico 9 – Diferença receita-despesa por ano simples de 2015 a 2020...................40

Gráfico 10 – Beneficiários por contratação individual/familiar modalidade medicina de

grupo Brasil, 2015 a 2020...........................................................................................41

Gráfico 11 – Variação percentual beneficiários medicina de grupo Brasil, 2015 a

2020....................................................................................................................................................41

Gráfico 12 – Gráfico T test das despesas de 2019 e 2020..........................................42

Gráfico 13 – Gráfico T test das receitas de 2019 e 2020.............................................43

Gráfico 14 – Variação VCMH/IESS entre janeiro de 2016 a março de 2020...............44

Gráfico 15 – Variação VCMH/IESS mensal entre janeiro de 2016 a dezembro de

2020...................................................................................................................................................44

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fluxograma do caminho para a base de dados de receitas e despesas

ANS........................................................................................................................... 31

Figura 2 – Estrutura Banco de dados, Brasil, 2020....................................................33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição absoluta das operadoras de saúde por modalidade, Grandes

Regiões, julho-2021....................................................................................................21

Tabela 2 - Análise descritiva banco de dados dos tipos de receitas e despesas das

operadoras de saúde em 2020...................................................................................33

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Sumário

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................. 19

2.1 O que é Saúde Suplementar? .................................................................... 19

2.1.2 Saúde Suplementar e as medidas para o enfrentamento da Covid-19 ................................................................................................................................ 26

3 PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS ...................................................... 30

3.1 Dados e metodologia ................................................................................. 30

3.1.1 Dados .......................................................................................................... 30

3.1.2 Análise de Componentes Principais ....................................................... 33

3.1.3 Test t de diferença entre médias populacionais ................................... 35

3.1.4 Indicador de custo médico hospitalar: o índice VCMH ...................... 37

4 RESULTADOS ................................................................................................. 39

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 47

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1 INTRODUÇÃO

O ano de 2020 foi marcado pela pandemia do novo coronavírus.

Denominada Covid-19, esta doença trouxe diversas implicações, não apenas de

cunho epidemiológico, mas também repercussões e impactos de ordem social,

econômica, política e cultural (CONASS, 2020). Na saúde suplementar, os

atuários necessitam entender o que muda neste cenário, tendo em vista que eles

são os “profissionais preparados para mensurar e administrar os riscos” (IBA

[s.d.]), que as operadoras de saúde podem enfrentar em uma crise sanitária, por

exemplo.

Foi em 1937 que os primeiros casos de coronavírus em humanos foram

isolados, sendo descrito com o referido nome por se assemelhar à imagem de

uma coroa (OMS, 2020). O novo coronavírus foi descoberto em 2019 em Wuhan,

cidade chinesa com 11 milhões de habitantes, por conta de uma série de casos

de pneumonia com origem desconhecida registrados até aquele momento

(OMS, 2020). Depois de algumas pesquisas, foi descoberta a Covid-19 e ela

rapidamente se espalhou por todo o mundo.

No Brasil, o primeiro caso de Covid-19 ocorreu em 25 de fevereiro de 2020

(SILVA, JARDIM, LOTUFO, 2020), e até 21 de agosto de 2021, o país acumulava

mais de 20 milhões de casos e mais de 570 mil mortes, colocando a nação como

o terceiro maior em número de óbitos no mundo (WHO COVID-19, 2021).

Evidências sugerem a eficácia de intervenções físicas sobre a redução de

propagação do vírus como uso de máscaras, luvas, lavar as mãos, aventais e/ou

proteção para os olhos, desinfecção de superfícies, isolamento e outras medidas

de controle da infecção (BUNT, 2020).

Entretanto, apenas as intervenções não farmacológicas não são

totalmente suficientes, tendo em vista, entre outros, que a população não segue

à risca os cuidados preventivos. Acrescidos a essa prevenção, muitos esforços

vêm sendo feitos em vários países (SILVA, JARDIM, SANTOS, 2020).

A corrida mundial para a fabricação de vacinas veio à tona em oito de

dezembro de 2020, quando o Reino Unido começou a vacinar a sua população

cuja vacina foi a BNT162B2, desenvolvida pela parceria entre a farmacêutica

americana Pfizer e a empresa de biotecnologia alemã BioNTech, a primeira

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aprovada para uso emergencial a base de RNA mensageiro (UNICAMP, 2020).

Sua tecnologia consiste em auxiliar o organismo do individuo a gerar anticorpos

contra a Covid-19 (PFIZER, 2021). Logo após, outros países como Russia,

Suécia, Sérvia e outros mais 52 iniciaram as vacinações de suas populações.

Em em janeiro de 2021 o Brasil recebeu seis milhões de doses da

CoronaVac, fabricada pelo Instituto Butantan em parceria com a empresa

Sinovac (AGÊNCIA BRASIL, 2021). Até 23 de agosto de 2021 o país atingiu a

marca de 54,5 milhões de pessoas totalmente vacinadas, o equivalente a cerca

de 25,8% da população brasileira o que é considerado pouco satisfatório, quando

comparado com outros países que já avançam com mais de 60% de suas

populações vacinadas (OUR WORLD IN DATA, 2021).

Junto a isso, os repasses federais têm sido fundamentais à execução dos

serviços de saúde no âmbito do SUS, dada a fragilidade das fontes de recursos

estaduais e municipais (LIMA et al., 2012; SANTOS,2018; LIMA E ANDRADE et

al., 2009 apud FERNANDES, PEREIRA, 2020). Fernandes e Pereira (2020)

concluem que o modelo de financiamento do SUS não foi modificado diante das

necessidades de enfrentamento da Covid-19. É importante destacar isto, pois,

diante do tamanho da crise imposta pela pandemia, não houve mudança

qualitativa no desenho das regras de financiamento do Sistema Único de Saúde,

o que pode ser um uma das causas dos passos lentos na vacinação da

população brasileira.

Enquanto a maior parte da população não se encontra vacinada, a

pandemia continua gerando perdas de vidas e gastos aos serviços de saúde

público e privado. Como exemplo das despesas geradas devido aos casos

graves de Covid-19 estão as Unidades de Terapia Intensiva (UTI), cujos

pacientes demandam cuidados intensivos e monitoramento contínuo durante as

24 horas do dia, além de equipamentos e o uso de ventiladores pulmonares para

o suporte respiratório (SILVA, 2020). Diante do exposto, as operadoras de saúde

precisam lidar com gastos diários que giram em torno de R$ 2.836,00 (SILVA,

2020), sem contar com os gastos pós doença que podem ser sequelas

neurológicas, cardíacas, pulmonares, renais e metabólicas. Ou seja, a síndrome

pós-covid deve se tornar um desafio para todos os sistemas de saúde do mundo

(CNNBRASIL, 2021).

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Junto ao exposto, identificar o comportamento dos custos no sistema de

saúde suplementar por tipo de procedimento (consultas, exames terapias e

internação, entre outros) é de grande importância na avaliação de possíveis

sinistros em anos posteriores. O indicador mais utilizado pelo mercado da saúde

suplementar é o Índice de Variação dos Custos Médico-Hospitalares (VCMH),

produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). Ele capta o

custo médico hospitalar per capita das operadoras de planos de saúde entre dois

períodos consecutivos de 12 meses podendo ser positivo ou negativo, e que

varia de acordo com o perfil de utilização dos beneficiários.

Sendo assim, os problemas ocasionados pela pandemia da Covid-19

precisam ser analisados pela necessidade de desenvolver um sistema de saúde

mais resiliente para o futuro, capaz de proteger a vida humana e preservar o

equilíbrio econômico e financeiro das operadoras de saúde. (VEJA SAÚDE,

2020). O presente estudo se justifica pelas seguintes razões: a pandemia da

Covid-19 é um fenômeno recente, de 2020, e ainda há poucos estudos sobre os

impactos dela nas finanças das operadas de saúde. A pergunta norteadora desta

monografia foi: qual o impacto da pandemia de Covid-19 sobre as receitas e

despesas das operadoras de planos de saúde da modalidade medicina de grupo

médico hospitalares? No campo organizacional, esta pesquisa tem potencial de

trazer contribuições significativas para o contexto pandêmico em que os gastos

podem ser exponencialmente maiores pela possível acumulação de sinistros em

função da postergação de procedimentos e atendimentos eletivos pelas

operadoras e usuários dos planos.

O objetivo geral desta monografia foi verificar se houve equilíbrio

financeiro nas operadoras de saúde da modalidade medicina de grupo no Brasil

em 2020. Ou seja, verificar se as receitas do primeiro ano de pandemia foram

suficientes para cobrir as despesas daquele período.

Os objetivos específicos foram: comparar as despesas de 2020 das

operadoras de saúde da modalidade medicina de grupo com as despesas de

2015 a 2019, considerando a quantidade de beneficiários em cada ano; Realizar

um teste t de diferenças entre médias populacionais para comparar possíveis

diferenças entre receitas e despesas em 2019 e 2020, afim de verificar se a

pandemia da Covid-19 produziu efeito sobre elas; Comparar as variações do

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Índice de Variação do Custo Médico Hospitalar (VCMH/IESS) com o intuito de

observar variação do custo médico hospitalar per capita das operadoras de

planos de saúde entre dois períodos consecutivos de 12 meses cada, de 2016 a

2020.

As hipóteses desse trabalho foram:

I) Os gastos das operadoras de saúde na pandemia da Covid-19 não

afetaram o equilíbrio financeiro em 2020 das operadoras da modalidade

medicina de grupo;

II) O índice VCMH foi negativo no ano de 2020, o que justifica um reajuste

negativo para as mensalidades das operadoras de saúde tipo individuais.

Para o alcance dos objetivos propostos realizou-se uma análise descritiva

cujo aspecto central foi comparar fluxos de receitas e de despesas de 2020, ano

de surgimento da pandemia no Brasil, e da média dos últimos cinco anos (2015

a 2019) para estas mesmas informações. Para a escolha das variáveis de

receitas e despesas das operadoras de saúde que permaneceriam no banco de

dados foi realizada análise de componentes principais (ACP), do inglês principal

component analysis. A ACP, segundo Hongyu, Sandanielo, Junior (2016) é uma

técnica estatística de análise multivariada que transforma linearmente um

conjunto original de variáveis, inicialmente correlacionadas entre si, num

conjunto substancialmente menor de variáveis não correlacionadas que contém

a maior parte da informação do conjunto original. E para identificar as possíveis

diferenças entre as receitas e despesas das operadoras de saúde foi utilizado o

test t pareado, que permite comparar as médias das receitas e despesas das

operadoras em 2019 e 2020, ou seja, antes da Covid-19 e durante a Covid-19.

E por último, a comparação dos índices VCMH (Variação do custo médico

hospitalar) históricos do Brasil por tipo de procedimento. As análises foram

realizadas por meio da linguagem de programação R. A fonte das informações

foram a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que representam a

agência reguladora governamental responsável pela criação de normas, controle

e a fiscalização pelo setor de planos de saúde no Brasil (ANS [s.d.]). E o Instituto

de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), este é uma organização sem fins

lucrativos que por meio de estudos conceituais e técnicos servem de

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embasamento para implementar políticas e melhores práticas na saúde

suplementar (IESS [s.d.]).

Esta monografia se subdivide em 5 capítulos. Além desta introdução, no

Capítulo 2 é apresentado o referencial teórico, no Capítulo 3 os pressupostos

metodológicos, no Capítulo 4 os resultados e no Capítulo 5 as considerações

finais.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O que é Saúde Suplementar?

No Brasil, existe a saúde pública e a privada. A saúde pública está

estrututura dentro do sistema único de saúde (SUS) e a saúde privada contempla

os serviços de saúde ofertados de forma direta aos individuos, por meio de

pagamento e a saúde suplementar que compreende as operadoras de saúde.

De acordo com o portal da indústria (2021):

“A saúde suplementar é o ramo da atividade que envolve a operação de planos e seguros privados de assistência médica à saúde, regulada e fiscalizada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), e é composta por operadoras, profissionais e beneficiários. Suas ações e serviços desenvolvidos não têm vínculo com o Sistema Único de Saúde (SUS)” (PORTAL DA INDÚSTRIA, 2021).

Os prestadores de assistência podem ser privados, credenciados pelos

planos e seguros de saúde ou pelas cooperativas médicas, serviços próprios dos

planos e seguros de saúde, serviços conveniados ou contratados pelo

subsistema público, que são firmados pelas empresas de planos e seguros de

saúde que fazem parte de sua rede credenciada (BRASIL, 2007). O orgão

regulador vinculado ao Ministério da Saúde a fim de assegurar o interesse

público é a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A regulação pode

ser entendida como um conjunto de medidas e ações do Governo que envolvem

a criação de normas, o controle e a fiscalização de segmentos de mercado

explorados pelas operadoras de saúde (ANS [s.d.]).

De acordo com a Fenasaúde (2021), as operadoras que compõe a

estrutura da saúde suplementar se classificam de acordo com a modalidade de

atuação no mercado: medicinas de grupo; seguradoras especializadas em

saúde, cooperativas médicas; filantropias; autogestões; odontologias de grupo;

cooperativas odontológicas; e, administradoras de benefício. Essa classificação

de acordo com a Grande Região de operação é apresentada na Tabela 1:

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Tabela 1 – Distribuição absoluta das operadoras de saúde por modalidade, Grandes Regiões,

Julho-2021

Fonte: ANS Tabnet, 2021.

Observando a Tabela 1, verifica-se que as modalidades Cooperativa

Médica, Medicina de Grupo e Administradora de Benefícios tinham a maior

quantidade de operadoras no Brasil em julho de 2021 (276, 266 e 171

respectivamente). E a Região Sudeste apresentava a maior quantidade em

todas as modalidades das operadoras de saúde (N=736) pode ser pelo fato da

maior concentração populacional, segundo estimativas da população em 2021

divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Região

Sudeste conta com 89.632,912 pessoas o equivalente a cerca de 42% da

população brasileira.

Segundo a ANS, a modalidade Autogestão reúne empresas que operam

planos de assistência à saúde destinados, exclusivamente, a empregados

ativos, aposentados, pensionistas ou ex-empregados, de uma ou mais

empresas. Ou, ainda, a participantes e dependentes de associações de pessoas

físicas ou jurídicas, fundações, sindicatos, entidades de classes profissionais ou

assemelhados e seus dependentes.

A modalidade Medicina de Grupo comercializa planos de saúde para

pessoa física ou pessoa jurídica. O beneficiário faz uso de uma estrutura própria

e/ou contratada pela operadora (médicos, hospitais, laboratórios e clínicas). A

Administradora de Benefícios inclui aquela empresa que apenas administra

planos de assistência à saúde, e que são financiados por outra operadora. Uma

administradora não assume o risco decorrente da operação desses planos e não

possui rede própria, credenciada ou referenciada de serviços médico-

hospitalares ou odontológicos. Por não possuir beneficiário, a operadora

classificada como administradora está dispensada do envio das informações

Regiao/UF Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste Total

Autogestão 5 21 80 25 22 153

Cooperativa Médica 13 28 151 58 26 276

Filantropia 1 0 25 7 0 33

Medicina de Grupo 4 23 188 38 13 266

Seguradora Especializada em Saúde 0 0 8 0 0 8

Cooperativa Odontológica 6 19 56 14 6 101

Odontologia de Grupo 7 39 95 18 9 168

Administradora de Benefícios 2 7 133 11 18 171

Total 38 137 736 171 94 1176

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21

sobre beneficiários (seus dados são classificados como inconsistentes) (ANS,

[s.d.]).

No Gráfico 1 é possível identificar a quantidade de beneficiários por

grande região do Brasil em setembro de 2018, 2019 e 2020. O termo beneficiário

refere-se a vínculos aos planos de saúde, podendo incluir vários vínculos para

um mesmo indivíduo (ANS TABNET, 2021).

Gráfico 1 – Taxa de Cobertura das operadoras de saúde por grandes regiões, Brasil 2018 a

2020

Fonte: ANS Tabnet, 2021.

De acordo com o Gráfico 1, é possível observar que nos anos observados

em todas as regiões a taxa de cobertura de operadoras de saúde é praticamente

a mesma. É possível observar também que a Região Sudeste tem a maior

cobertura em todos os anos: 35,1% em dez/18, 34,9% em dez/19 e 34,9% em

dez/20. Mas como é a divisão das modalidades existentes por grandes regiões

no Brasil? O Gráfico 2 apresenta esta distribuição.

10

,4

10

,4

10

,412

,3

12

,2

12

,1

35

,1

34

,9

34

,9

25

24

,7

24

,4

21

,3

21

,6

22

D E Z / 1 8 D E Z / 1 9 D E Z / 2 0

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste

Page 22: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

22

Gráfico 2 – Média da quantidade de operadoras de saúde por modalidade por grande região,

Brasil 2018 à 2020

Fonte: ANS Tabnet, 2021.

Com o Gráfico 2 é possível observar que o número de beneficiários das

cooperativas médicas é o maior entre todas as modalidades nas Regiões Norte,

Sul e Centro Oeste de 2018 a 2020. Nas Regiões Nordeste e Sudeste a

modalidade com maior quantitativo de beneficiários foi a Medicina de Grupo.

A ANS também classifica as operadoras segundo o porte, ou seja, de

acordo com a quantidade de beneficiários em cada plano. Até 20 mil

beneficiários a operadora é considerada de pequeno porte, entre 20 mil e 100

mil, de médio porte, e de grande porte se ela possui mais de 100 mil

beneficiários. O Gráfico 3 apresenta as operadoras por grandes regiões do Brasil

por seu porte em distribuição percentual em dezembro de 2020.

0

2000000

4000000

6000000

8000000

10000000

12000000

14000000

Norte Nordeste Sudeste Sul CentroOeste

Qu

anti

dad

e d

e o

pe

rad

ora

s d

e sa

úd

e

Regiões do Brasil

Autogestão

Cooperativa Médica

Filantropia

Medicina de Grupo

Seguradora Especializada emSaúde

Page 23: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

23

Gráfico 3 – Distribuição percentual das Operadoras de Saúde por porte nas Grandes Regiões

do Brasil em dezembro de 2020

Fonte: ANS Tabnet, 2021.

De acordo com a Figura 3 pode-se observar que a Região Sudeste tem

cerca de 60% das operadoras de saúde no Brasil de todos os portes, a Região

Norte tem mais operadoras de grande porte, a Região Nordeste tem 15,32%

operadoras de grande porte, a Região Sul contribui com 20,32% de médio porte

e a Região Centro Oeste contribui com 9,09% de operadoras de pequeno porte

em dezembro de 2020. Outra característica das operadoras de planos de saúde

são os tipos de contratação, que podem ser individuais/familiares, Coletivo

empresarial e Coletivo por adesão. O Gráfico 4 mostra os beneficiários das

modalidades das operadoras de saúde por tipo de contratação no Brasil em

2021.

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste

Pe

rce

ntu

al d

o q

uan

tita

tivo

de

op

era

do

ras

de

sa

úd

e p

or

po

rte

Regiões do Brasil

Pequeno Porte

Médio Porte

Grande Porte

Page 24: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

24

Gráfico 4 – Beneficiários das modalidades das operadoras de saúde por tipo de contratação,

Brasil, 2021

Fonte: ANS Tabnet, 2021.

De acordo com o Gráfico 4 o tipo de contratação coletivo empresarial é

maior em todas as modalidades, com destaque para a modalidade medicina de

grupo. O tipo individual ou familiar tem maior quantidade de beneficiários nas

modalidades medicina de grupo e Cooperativa médica. As características de

cada tipo de contratação podem ser observadas no Quadro 1:

0

2000000

4000000

6000000

8000000

10000000

12000000

14000000

Autogestão CooperativaMédica

Filantropia Medicina deGrupo

SeguradoraEspecializada em

Saúde

Qu

anti

dad

e d

e b

en

efi

ciár

ios

Tipo de contratação

Individual ou Familiar Coletivo Empresarial Coletivo por adesão

Page 25: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

25

Quadro 1 – Tipo de contratação de operadoras de saúde no Brasil, 2020

Fonte: ANS, 2021.

O mercado de saúde suplementar no Brasil de acordo com a Pesquisa

Nacional de Saúde 2019 (pág. 29), contava no referido ano com 59,7 milhões de

usuários com algum tipo de plano de saúde seja médico, de saúde ou

odontológico, ou seja, 28,5% da população daquele ano. A Região Sudeste

apresentava 37,5% do quantitativo de beneficiários, seguido pela Região sul com

32,8%; Centro-oeste 28,9%; Nordeste 16,6% e Norte com 14,7%; portanto, a

região Sudeste em 2020 tinha o maior mercado de operadoras privadas com

cerca de 60% do quantitativo geral de planos de saúde sejam elas pequeno,

médio ou grande porte foi observado também que há mais operadoras Medicina

de Grupo e Cooperativas Médicas em todas as regiões da nação. Com base

Tipo de contratação Características

Individual ou familiar

Qualquer pessoa pode procurar o plano e contratar.

Adesão: Livre

Carência: Sim

Cobertura: Conforme o contrato e o rol de procedimentos

Rescisão: Apenas em caso de fraude ou falta de pagamento

Cobrança: Diretamente ao consumidor pela operadora de planos de

saúde

Coletivo por Adesão

Associação profissional ou sindicato contrata o plano para o

beneficiário

Adesão: Exige vínculo com associação profissional ou sindicato

Carência: Sim. Salvo para quem ingressa no plano em até 30 dias da

celebração do contrato ou no aniversário do mesmo.

Cobertura: Conforme o contrato e o rol de procedimentos

Rescisão: Previsão em contrato e somente válida para o contrato

como um todo.

Cobrança: Diretamente ao consumidor pela pessoa jurídica

contratante ou pela administradora do benefício.

Coletivo por Empresarial

Associação profissional ou sindicato contrata o plano para o

beneficiário

Adesão: Exige vínculo com pessoa jurídica por relação empregaticia

ou estatutária

Carência: Sim. Salvo para contratos com 30 ou mais beneficiários e

para quem ingressa no plano em até 30 dias da celebração do

contrato ou da vinculação da empresa

Cobertura: Conforme o contrato e o rol de procedimentos

Rescisão: Previsão em contrato e somente válida para o contrato

como um todo.

Cobrança: Diretamente ao consumidor pela pessoa jurídica

contratante ou pela administradora do benefício.

Page 26: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

26

nisso o foco da pesquisa atual é analisar possíveis impactos financeiros na

modalidade medicina de grupo, contudo, por não dispor de dados financeiros por

região a pesquisa será baseada em todas as regiões do Brasil.

No próximo tópico serão abordadas as medidas para o enfrentamento da

Covid-19 que a ANS precisou incluir e modificar em caráter emergencial frente à

emergência sanitária.

2.1.2 Saúde Suplementar e as medidas para o enfrentamento da Covid-19

Com a pandemia da Covid-19, a ANS precisou tomar uma série de

providências frente à emergência sanitária. Uma delas foi a postergação dos

prazos de atendimentos de consultas, exames, terapias, cirurgias eletivas,

objetivando reduzir a sobrecarga nas unidades de saúde e a exposição de

beneficiários à Covid-19 (ANS, 2020). Bem como a inclusão no rol de

procedimentos de forma extraordinária os exames para detecção do novo

coronavírus (ANS, 2020). O exame incluído foi o “SARS-CoV-2”

(CORONAVÍRUS COVID-19) – pesquisa por RT-PCR, é um exame que atua

detectando o material genético do vírus. A cobertura é obrigatória quando o

paciente se enquadrar na definição de caso suspeito ou provável de doença pela

Covid-19, conforme definido pelo Ministério da Saúde.

Além deste exame, foram incluídos outros seis que auxiliam no

diagnóstico e tratamento do novo coronavírus na lista de coberturas obrigatórias

dos planos de saúde. São eles:

• D-dímero (dosagem);

• Procalcitonina (dosagem);

• Pesquisa rápida para Influenza A e B e PCR em tempo real para os vírus;

• Pesquisa rápida para Vírus Sincicial Respiratório e PCR em tempo real

para Vírus Sincicial Respiratório;

É importante destacar a inclusão desses novos exames pois são novas

despesas que as operadoras de saúde precisaram arcar.

Outra medida adotada foi o uso e a ampliação da Telessaúde. Aprovada

em caráter emergencial pelo Congresso Nacional em quaisquer atividades da

área de saúde até o fim da pandemia (Projeto de Lei nº 696, 2020), ela permite

que as pessoas mantenham seus cuidados períodicos e sejam acompanhadas

Page 27: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

27

pelos profissionais de saúde respeitando o distanciamento social. O termo

Telessaúde refere-se a um conceito amplo, englobando diferentes serviços

remotos de assistência, educação, pesquisa em saúde e diagnóstico. De acordo

com o Ministério da Saúde (2020) suas aplicações podem ser por:

• Teleconsultoria: Consulta registrada e realizada entre trabalhadores,

profissionais e gestores da área de saúde, objetivando esclarecer dúvidas

sobre procedimentos clínicos, ações de saúde e questões relativas ao

processo de trabalho.

• Telediagnóstico: Utilização das TIC em serviços de apoio ao diagnóstico

por meio de distâncias geográficas e/ou temporais, que inclui

telerradiologia, teleECG, teleespirometria, telepatologia etc.

• Telemonitoramento: Monitoramento à distância de parâmetros de saúde

e/ou doença de pacientes, incluindo coleta de dados clínicos,

transmissão, processamento e manejo por profissional de saúde.

• Telerregulação: Ações em sistemas de regulação, avaliação e o

planejamento das ações, fornecendo à gestão uma inteligência

reguladora operacional. Possibilita a redução nas filas de espera no

atendimento especializado.

• Teleeducação: Aulas, cursos ou disponibilização de objetos de

aprendizagem interativos sobre temas relacionados à saúde.

• Teleconsulta: Realização de consulta médica ou de outro profissional de

saúde à distância por meio de TIC, que até a epidemia só era permitida,

no Brasil, pelo Conselho Federal de Medicina em emergências.

Logo, a Telessaúde é considerada um recurso fundamental, dada a sua

capacidade de diminuir a circulação de indivíduos em estabelecimentos de

saúde, reduzir o risco de contaminação de pessoas e a propagação da doença

(CAETANO et al.,2020).

Uma medida de enfrentamento que também poderia ser utilizada para

diagnosticar a Covid-19 era a testagem em massa da população. Segundo

MAGNO et al., (2020) é considerado um desafio pela dificuldade de obtenção de

insumos para maior disponibilização do teste molecular de detecção do RNA

viral, uma vez que este se tornou uma necessidade global e o custo

relativamente caro, custando entre R$ 150,00 a R$ 350,00 por amostra, além de

Page 28: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

28

ter outras limitações como: a positividade do teste geralmente ocorre nos

primeiros 4 a 8 dias após o aparecimento dos sintomas e nem sempre as

pessoas realizam os testes dentro desta janela imunológica; trata-se de teste de

alta complexidade técnica, que necessita de uma infraestrutura com um nível de

biossegurança adequado para a sua realização.

No próximo tópico será abordado o perfil do paciente infectado pela Covid-

19 e a demanda de leitos de UTI no Brasil.

2.1.3 Perfil sociodemográfico do paciente infectado pela Covid-19 e demanda de

leitos de UTI.

De acordo com (PORTO et al., 2020) entre 17 de março de 2020 e 26 de

abril de 2020, constatou-se que 72% das mortes por Covid-19 foram de pessoas

com mais de 60 anos, 60% do sexo masculino, e 70% apresentavam pelo menos

uma comorbidade, sendo a cardiopatia a mais comum entre elas. Na primeira

onda, o país vivenciou uma grande pressão por leitos de UTI. De acordo com

Moreira (2020) em seu artigo que engloba em sua metodologia as 450 Regiões

de Saúde do Brasil, a nação contava com:

“29.891 unidades, sendo 14.094 UTI do SUS e 15.797 de UTI privada. O SUS tinha 40.508 ventiladores mecânicos. Das 450 Regiões de Saúde,126 não tinham UTI, seja do SUS ou privada, com 44,4% na Região Nordeste. Outras 145 Regiões de Saúde não contavam com UTI do SUS, também com predominância na Região Nordeste (45,5%). Encontrou-se 188 Regiões de Saúde sem UTI privadas, sendo 42% na Região Nordeste” (MOREIRA, 2020, PÁG. 4).

A chamada segunda onda da pandemia experimentada no primeiro

semestre de 2021 trouxe um perfil diferenciado para os hospitalizados, em

decorrência principalmente pelo fato do processo de vacinação ter se iniciado

pelas pessoas dos grupos etários mais avançados.

Segundo um levantamento do Observatório Covid-19 da Fiocruz, nos

primeiros meses de 2021, a média de idade dos pacientes internados diminuiu

progressivamente. Entre janeiro e o início de março, as faixas etárias de 30 a 39

anos, 40 a 49 anos e 50 a 59 anos aumentaram seus casos em 565%, 626% e

525% respectivamente. Outra mudança é que com essa redução nas idades, de

acordo com a (FIOCRUZ, 2021) muitos internados não tinham comorbidades por

Page 29: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

29

serem mais jovens, porém, o tempo de internação no hospital tornou-se maior

em função da maior sobrevida de pessoas dessas idades, elevando assim as

despesas das operadoras de saúde com as internações nesses leitos.

No próximo tópico serão abordados os dados e a metodologia utilizada

para verificar se houve impacto da pandemia de Covid-19 sobre as receitas e

despesas das operadoras de planos de saúde modalidade medicina de grupo.

Page 30: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

30

3 PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo está organizado em duas partes. No item 3.1.1,

apresentam-se os dados que foram utilizados. Em seguida, no item 3.1.2,

apresentam-se os métodos utilizados para verificar se houve impacto da

pandemia de Covid-19 sobre as receitas e despesas das operadoras de planos

de saúde modalidade medicina de grupo.

3.1 Dados e metodologia

3.1.1 Dados

A base de dados obtida para o presente estudo foi coletada no site da

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)1. A ANS promove diversas

ações voltadas à disponibilização de dados setoriais para a sociedade em geral

incluindo consultas sobre beneficiários, operadoras e planos privados de saúde

nos sistemas de informações da ANS, taxa de crescimento, cobertura e a

legislação. Além dos dados foi preciso coletar os arquivos auxiliares de tabulação

e documentação para manipulação e interpretação das informações. O caminho

para a obtenção dos dados se deu pelo seguinte passo a passo ilustrado pela

Figura 1.

Figura 1 – Fluxograma do caminho para obtenção da base de dados de receitas e despesas no

site da ANS

Fonte:ANS, 2020.

1 https://www.gov.br/ans/pt-br

Dados e Indicadores do Setor

Base de Dados (Operadoras, Beneficiários e planos de saúde)

Baixar arquivos (Consultas)

Base de dados (Operadoras)

Receitas e despesas (selecionar os anos de 2015 à 2020).

Page 31: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

31

Os arquivos disponibilizados estão em formato DBC (Database

Container), um tipo de banco de dados criado com o Visual FoxPro que é uma

ferramenta comercializada pela Microsoft desde 1995. Para a leitura e

manipulação desse banco de dados na linguagem R foi necessário baixar as

bibliotecas “read.dbc” e “readr”. Para identificar o significado das variáveis do

banco de dados foi utilizado a documentação disponibilizada também na opção

“baixar base de dados em documentação e arquivos auxiliares”. O Quadro 2

apresenta as variáveis e a descrição de cada uma.

Quadro 2 - Nome e descrição das variáveis utilizadas, Brasil, 2020

CMPT Identificação da data, por ano e mês (aaaamm), de referência do dado.

ANO Ano a que se referem os dados

MÊS Mês a que se referem os dados

MODALIDADE Modalidade da operadora, conforme seu estatuto jurídico: 21 = Administradora 22 = Cooperativa Médica 23 = Cooperativa Odontológica 24 = Autogestão 25 = Medicina de Grupo 26 = Odontologia de Grupo 27 = Filantropia 28 = Seguradora Especializada em Saúde 29 = Seguradora 55 = Administradora de Benefícios

OPERADORA Código de registro da operadora de Plano de Saúde na ANS

RECEITA Soma das receitas de contraprestações informadas pelas operadoras à ANS

OUTRAS_REC Trata-se de outras receitas operacionais

DESP_AST Soma das despesas relacionadas à prestação direta dos serviços de assistência à saúde informadas pelas operadoras à ANS

DESPESAS_C Despesas da comercialização

OUTRAS_DES Trata-se de outras despesas operacionais

DATA_CARGA Data em que ocorreu a atualização dos dados

REF Trimestre a que se refere o DIOPS Fonte: ANS, 2021.

A estrutura do banco de dados final utilizado nesta monografia pode ser

observada na Figura 2. Na linha se encontram as operadoras de plano de saúde

e na coluna suas características.

Page 32: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

32

Figura 2 – Estrutura Banco de dados, Brasil, 2020

Fonte:ANS, 2021.

Das variáveis disponibilizadas nos bancos de dados de 2015 a 2020, inicialmente

permaneceram as que seriam importantes para a consecução dos objetivos

propostos:

• MODALIDADE;

• OPERADORA;

• RECEITA;

• OUTRAS_REC;

• DESP_AST;

• DESPESAS_C;

• OUTRAS_DES.

É importante destacar que todos os bancos de dados têm a mesma

referência temporal, ou seja, os dados são acumulados até o início do quarto

trimestre do ano. Após reduzir o banco de dados para as sete variáveis

apresentadas, foi realizada uma análise nos dados das receitas e despesas para

identificar se RECEITA, OUTRAS_REC, DESP_AST, DESPESAS_C e

OUTRAS_DES permaneceriam no banco de dados. Ele contava inicialmente

com 6.796 observações, e após remover as variáveis que não seriam utilizadas

e filtrar apenas as operadoras medicina de grupo, o banco de dados, final contém

1537 casos de operadoras de plano de saúde. A análise descritiva dos dados

referente ao ano de 2020 é exibida na tabela 2.

Tabela 2 – Análise descritiva banco de dados dos tipos de receitas e despesas das operadoras

de saúde em 2020

Fonte:ANS, 2021.

RECEITA OUTRAS_REC DESP_AST DESP_ADM DESPESAS_C OUTRAS_DES

Mínimo -R$ -R$ 1.877.000,00-R$ -R$ -R$ 472.219,00-R$

1º Quartil 6.475.000,00R$ 212,00R$ 3.849.000,00R$ 1.558.000,00R$ -R$ 112.330,00R$

Mediana 34.940.000,00R$ 172.443,00R$ 25.250.000,00R$ 4.723.000,00R$ 267.086,00R$ 1.151.282,00R$

Média 279.100.000,00R$ 6.049.366,00R$ 205.200.000,00R$ 30.210.000,00R$ 10.393.741,00R$ 10.398.046,00R$

3º Quartil 118.700.000,00R$ 1.596.850,00R$ 82.310.000,00R$ 15.780.000,00R$ 2.632.240,00R$ 5.663.516,00R$

Máximo 19.280.000.000,00R$ 370.980.653,00R$ 15.250.000.000,00R$ 1.771.000.000,00R$ 758.819.255,00R$ 374.501.293,00R$

Page 33: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

33

3.1.2 Análise de Componentes Principais

A primeira análise realizada foi a Análise de Componentes Principais ACP

ou PCA (do inglês Principal Components Analysis). Segundo Varella (2008) essa

análise é uma técnica estatística multivariada que transforma um conjunto de

variáveis originais em um outro conjunto de variáveis de mesma dimensão

denominadas de componentes principais. Ou seja, agrupa os indivíduos

segundo a variação de suas características, sendo uma técnica multivariada de

modelagem da estrutura de covariância. Ela foi utilizada a fim de identificar quais

tipos de Receitas e Despesas permaneceriam no banco de dados, conforme

citado no tópico anterior, pois era preciso saber se seria necessário utilizar todas

as variáveis de receitas e despesas existentes na base de dados.

Das diversas maneiras de escolher as componentes principais é

importante que elas mantenham uma certa proporção (80%) da variância

explicada e as componentes estarem acima de algum valor, como por exemplo,

a média do conjunto de dados. O Gráfico 5 mostra a correlação entre as variáveis

das Receitas e Despesas das operadoras de saúde, Brasil 2015 a 2020.

Gráfico 5 – Correlação entre os tipos de receitas e despesas, Brasil 2015 a 2020

Fonte: ANS, 2020.

Observa-se que todas as variáveis têm correlação positiva entre si, sendo que a

variável OUTRAS_REC tem a menor correlação entre todas as variáveis e o par

DESP_AST e RECEITAS tem correlação +1, ou seja, um perfeito positivo e

diretamente correlacionadas. Do ponto de vista prático, essa correlação positiva

Page 34: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

34

significa dizer que há um aumento no valor de uma variável quando a outra

aumenta, ou seja, na medida que as receitas aumentam as despesas também

aumentam (DESP_AST e RECEITAS).

A Gráfico 6 mostra que a primeira dimensão explicou quase 100% da

variância das variáveis.

Gráfico 6 – Componentes principais, Brasil 2015 – 2020

Fonte: Ans, 2020.

De acordo com o Gráfico 6 verifica-se que a componente principal é a

primeira dimensão com quase 100% da variabilidade dos dados. Então para

essa pesquisa foram incluídas as variáveis que estão na primeira componente

principal. Para melhor visualizar a relação entre as dimensões e as variáveis

vemos o mapa fatorial na Gráfico 7.

Gráfico 7 – Mapa fatorial das Receitas e Despesas das operadoras de medicina de grupo,

Brasil, 2015 – 2020

Fonte: ANS, 2020.

Page 35: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

35

Pode-se notar que a primeira dimensão explicou 82,3% da variabilidade

dos dados, enquanto a segunda 15,6%. Logo, pode-se considerar que o mapa

perceptual bidimensional apresentado está adequado para avaliar as relações

entre as variáveis Receitas e Despesas, uma vez que ele explica grande parte

da variabilidade dos dados (mais que 80%). As variáveis que são

correlacionadas com a dimensão 1 ou seja com a CP1 são as mais importantes

para explicar a variabilidade no conjunto de dados, e as demais podem ser

removidas para simplificar a análise geral. O Gráfico 8 mostra as variáveis

indicadas para a análise das despesas e receitas das operadoras de saúde.

Gráfico 8 – Contribuições das variáveis para a componente principal, Brasil 2015 – 2020

Fonte: ANS, 2020.

As variáveis acima da linha vermelha são as variáveis que mais

contribuem para a PC1, logo a variável OUTRAS_REC foi a única não indicada

a permanecer no banco de dados (GRAF.8).

3.1.3 Test t de diferença entre médias populacionais

O teste t de amostra pareada, às vezes chamado de teste t de amostra

dependente, é um procedimento estatístico utilizado para determinar se a

diferença média entre dois conjuntos de observações é zero. Em um teste t de

amostra pareada, cada sujeito ou entidade é medido duas vezes, resultando em

pares de observações. Aplicações comuns do teste t da amostra pareada

incluem estudos de caso-controle ou desenhos de medidas repetidas (MINITAB,

2019).

Page 36: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

36

Para verificar se a pandemia da Covid-19 produziu efeito sobre as

diferenças entre receitas e despesas, o que seria um tipo de caso-controle, foi

realizado um teste t de diferença entre médias populacionais para comparar

essas possíveis diferenças entre 2019 (ano anterior à pandemia) e 2020 (ano da

pandemia). Para cálculo na linguagem R, inicialmente foi preciso instalar os

pacotes das seguintes bibliotecas:

• Tidyverse para manipulação e visualização de dados;

• Ggpubr para criar gráficos;

Em seguida os dados foram salvos em dois vetores numéricos diferentes. Os

parâmetros do teste são:

• t é o valor estatístico do teste t.

• df são os graus de liberdade ou seja esta relacionado ao tamanho da

amostra.

• p-value é o nível de significância do teste t;

• conf.int é o intervalo de confiança da média das diferenças a 95% ;

• sample estimates é a média das diferenças;

• n = População;

• X𝐷 = Média das diferenças pareadas;

• μ0 = média populacional de todas as diferenças pareadas;

• S𝐷 = desvio padrão das diferenças pareadas.

𝑡 =X𝐷−μ0

S𝐷√𝑛

, df = n-1

Com base no teste e nos objetivos do presente estudo, o teste de hipótese

pode ser formulado como:

H0: a pandemia da Covid-19 não produziu efeito sobre as diferenças entre

receitas em 2019 e receitas em 2020, e entre as despesas em 2019 e despesas

em 2020.

H1: a pandemia da Covid-19 produziu efeito sobre as diferenças entre

receitas em 2019 e receitas em 2020, e entre as despesas em 2019 e despesas

em 2020.

Page 37: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

37

O nível de significância utilizado foi de α = 0,95.

3.1.4 Indicador de custo médico hospitalar: o índice VCMH

O Índice de Variação dos Custos Médico-Hospitalares (VCMH), produzido

pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), é um dos indicadores

utilizado pelo mercado como referência sobre o comportamento dos custos no

sistema de saúde suplementar.

De acordo com o IESS (2021):

“A VCMH é uma média ponderada por padrão de plano (básico, intermediário, superior e executivo), o que possibilita a mensuração mais exata da variação do custo médico-hospitalar. O custo médico-hospitalar resulta do produto da frequência de utilização pelo preço dos serviços de saúde. Portanto, a variação do custo ou a VCMH, é a soma das variações dos preços e das frequências de utilização, mais os efeitos cruzados” (IESS, 2021).

Internacionalmente o termo variação do custo médico hospitalar é pouco

utilizado e, ao invés dele, utiliza-se o termo inflação médica. Embora não seja

calculado como a inflação, ela capta variação de preços de todos os

procedimentos como consultas, exames, terapias, internação e a variação da

frequência de utilização como também a variação de faixa etária, ou seja, o

envelhecimento também ocasiona um aumento no VCMH.

Em vários países, inclusive no Brasil, as despesas de atenção à saúde

aumentam significativamente desde os anos 1980, sendo os principais vetores

a incorporação de novas tecnologias e o envelhecimento populacional (KAISER

FOUNDATION, 2012; CECHIN et al, 2008 apud LARA & LEITE, 2014). Nos

Estados Unidos, estima-se que entre 27% e 48% do crescimento dos gastos com

saúde desde 1960 foi devido às novas tecnologias (SMITH et al., 2009 apud

LARA & LEITE, 2014 apud ). No que se refere ao envelhecimento populacional,

por ser um processo natural do ser humano ele pode vir acompanhado de uma

maior prevalência de doenças e, consequentemente, aumentar a demanda por

serviços especializados em saúde. O impacto desses vetores de custo são

captados pelas variações dos custos médico-hospitalares (TOWERS WATSON,

2012 apud LARA & LEITE, 2014).

A fonte principal para o cálculo da VCMH é o caderno Mapa Assistencial

da Saúde suplementar. Esses dados são disponibilizados pela ANS anualmente,

sendo o caderno referente à 2020 inserido em 16 de agosto de 2021. Este

Page 38: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

38

caderno traz uma visão geral da saúde suplementar no Brasil sobre a demanda

por procedimentos com uma abertura dos eventos monitorados pela ANS e dos

custos assistenciais com uma menor abertura, mas suficiente para o cálculo do

índice.

Este índice varia de acordo com os 12 últimos meses, ou seja, se no fim

de deteminado período o índice foi de 10%, significa que em relação ao período

anterior os custos variaram em 10%. Ou seja, as despesas foram maiores em

10%. Em outro ponto de vista, caso termine o período em -1% significa que os

custos foram inferiores ao ano anterior em 1%. Esse índice é importante pois

apresenta a variação dos gastos por procedimento, como internação, terapias,

consultas e exames. Segundo a IESS (2021) é importante destacar que o índice

VCMH/IESS tem no seu cálculo apenas planos individuais (antigos e novos) de

operadoras de abrangência nacional, não refletindo necessariamente a variação

das despesas dos planos coletivos. No próximo capítulo serão apresentados os

resultados obtidos na monografia a fim de se responder à pergunta norteadora:

qual o impacto da pandemia de Covid-19 sobre as receitas e despesas das

operadoras de planos de saúde da modalidade medicina de grupo médico

hospitalares?

Page 39: Operadoras de plano de saúde e os impactos financeiros em ...

39

4 RESULTADOS

A ANS disponibiliza os dados das receitas e despesas das operadoras de

saúde por ano. As seleções disponíveis podem ser escolhidas por modalidade,

operadora e grupo modalidade. No Gráfico 9 é apresentada a diferença receita-

despesa por ano de 2015 a 2020.

Gráfico 9 – Diferença receita-despesa por ano simples de 2015 a 2020

Fonte:Tabnet ANS, 2021.

Podemos identificar que os anos de 2015, 2016 e 2017 tiveram suas

despesas maiores que as receitas do período. A partir de 2018 as receitas foram

superiores, especialmente em 2020. Essa maior diferença entre receita e

despesa em 2020 pode ser explicado pelo distanciamento social da população

em que muitos beneficiários tiveram suas cirurgias, consultas e exames adiados

(conforme medidas inseridas pela ANS) ou pelo possível aumento da massa de

beneficiários (GRÁF. 10).

O quantitativo de beneficiários modalidade medicina de grupo de 2015 a

2020 está apresentado no Gráfico 10.

R$ 20.000.000.000,000

R$ 25.000.000.000,000

R$ 30.000.000.000,000

R$ 35.000.000.000,000

R$ 40.000.000.000,000

R$ 45.000.000.000,000

R$ 50.000.000.000,000

R$ 55.000.000.000,000

R$ 60.000.000.000,000

R$ 65.000.000.000,000

2015 2016 2017 2018 2019 2020

Re

ceit

as e

de

spe

sas

RECEITA DESPESA

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40

Gráfico 10 – Beneficiários por contratação individual/familiar modalidade medicina de grupo

Brasil, 2015 a 2020

Fonte: ANS, 2021.

É possível verificar com o Gráfico 10 que a quantidade de beneficiários ao

longo dos anos segue tendência de crescimento a partir do ano de 2018. No

Gráfico 11 é mostrado a variação percentual de beneficiários de cada par

(2015/2016, 2016/2017, 2017/2018, 2018/2019, 2019/2020).

Gráfico 11 – Variação percentual beneficiários contratação individual/familiar Medicina de

Grupo Brasil, 2015 a 2020

Fonte: ANS, 2021.

4.050.000

4.100.000

4.150.000

4.200.000

4.250.000

2015 2016 2017 2018 2019 2020

Ben

efic

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os

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r co

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/fam

iiar

-2,00% -1,50% -1,00% -0,50% 0,00% 0,50% 1,00% 1,50% 2,00%

2015/2016

2016/2017

2017/2018

2018/2019

2019/2020

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41

Pode-se identificar que houve um maior crescimento da massa de

beneficiários em 2020 com variação percentual com cerca de 1,40% em relação

a 2019, conforme Gráfico 11.

Segundo Araújo apud Tavares e Ícaro (2021), esse aumento pode te sido

por influência da pandemia da Covid-19 por receio por parte dos beneficiários de

precisarem de uma internação.

Para verificar se a pandemia da Covid-19 produziu efeito sobre as

diferenças entre receitas e despesas, foi empregado um teste t de diferença

entre médias populacionais para comparar essas possíveis diferenças entre

2019 e 2020. A população de operadoras na análise foi de 140 planos de saúde

modalidade medicina de grupo em cada ano.

O teste resultou que tanto as receitas e despesas obteve valor p de 0,1976

e 0,7664 respectivamente, ou seja, aceitando a hipótese nula do teste por serem

maiores que o intervalor de confiança de 0,05. Sendo assim é possível concluir

a partir deste teste que a pandemia não produziu efeitos sobre as diferenças

entre receitas e despesas nos anos 2019 e 2020, ou seja, a pandemia não afetou

o equilíbrio financeiro em 2020 das operadoras medicina de grupo. Nos Gráficos

12 e 13 podemos visualizar os resultados.

Gráfico 12 – Gráfico test t das despesas de 2019 e 2020

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42

Gráfico 13 – Gráfico test t das receitas de 2019 e 2020

Nos gráficos 12 e 13 podemos observar a semelhança entre as receitas e

despesas dos anos 2019 e 2020, os pontos destacados no gráfico de forma

paralela aponta a semelhança entre as receitas e despesas. Cada linha

representa uma das 140 operadoras de saúde.

Diante desses resultados, há indícios de que os gastos das operadoras

de saúde na pandemia da Covid-19 não afetaram o equilíbrio financeiro em 2020

das operadoras da modalidade medicina de grupo, confirmando a hipótese 1.

Outra análise realizada foi a obtenção da variação do VCMH/IESS no

tempo, de janeiro de 2016 a dezembro de 2020. O Gráfico 14 apresenta que a

VCMH em 2020, foi negativa com percentual médio de -1,9% o que confirma a

hipótese 2 de que justifica um reajuste negativo para as mensalidades das

operadoras de saúde tipo de contratação individuais.

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Gráfico 14 – Variação VCMH/IESS mensal entre janeiro de 2016 a dezembro de 2020

Fonte: IESS, 2021.

Todavia, se considerarmos a tendência do VCMH por tipos de

atendimento, vemos perfis distintos durante o período da pandemia. De acordo

com o Gráfico 15, pode-se observar que a partir de janeiro de 2020 em todos os

tipos de atendimentos as variações decrescem para as categorias “Consultas” e

“Exames”, o que possivelmente ocorreu visando o distanciamento social da

população pelas medidas adotadas pela ANS e pela suspensão de atendimento

de muitas clínicas médicas.

Gráfico 15 – Variação VCMH/IESS mensal por item de despesa entre janeiro de 2016 a

dezembro de 2020.

Fonte: IESS, 2021.

-5

0

5

10

15

20

25

jan

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abr/

16

jul/

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8

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Var

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CM

H/I

ESS

Consulta Exames Internação Terapia

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Porém, para os grupos “Terapia” e “Internação” houve uma tendência

distinta. No caso em particular do grupo “Terapia”, o fato dele ter apresentado

durante todo o período pandêmico analisado valores positivos, pode ser devido

ao fato de que há maior facilidade de ajuste desse atendimento em telessaúde

como também uma maior demanda pela necessidade da população em

estabelecer uma saúde mental no meio do caos da doença. Além da possível

demanda por atendimentos terapêuticos em função do abalo emocional

provocado pela Covid-19. A variação de internação foi positiva durante boa parte

do período pandêmico, o que se justifica também pela demanda de leitos de

internação provocada pela doença. Tendo sido observada, inclusive, tendência

de crescimento no final do período quando se pronunciava no país a segunda

onda da Covid-19.

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45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, a pandemia da Covid-19 não afetou o Setor de Saúde

Suplementar negativamente até 2020, pelo fato de que as receitas do primeiro

ano da emergência sanitária foram além de suficientes para cobrir as despesas

geradas. Ou seja, a hipótese 1 foi confirmada: a pandemia da Covid-19 não

afetou o equilíbrio financeiro em 2020 das operadoras da modalidade medicina

de grupo. Adicionado a isso, chama a atenção o aumento de novos beneficiários

por tipo de contratação individual/familiar na saúde privada com variação de

aumento de mais de 1,40%, mesmo com muitas empresas limitando o

atendimento frente aos decretos de distanciamento social que muitos governos

optaram como forma de intervenção não farmacológicas contra a Covid-19.

O resultado do índice VCMH foi negativo o que confirmou a hipótese 2 do

reajuste negativo para as mensalidades do tipo individual. Porém, observou-se

comportamento distinto entre tipos de atendimento, como as terapias e as

internações que se mostraram procedimentos mais vezes acionados durante a

pandemia.

Entretanto, espera-se que no período de maior controle da pandemia, com

retomada das cirurgias eletivas, consultas, exames, entre outros, que foram

adiados em prol do distanciamento social, essas despesas venham a se tornar

um problema que as operadoras de saúde e atuários precisarão lidar num futuro

próximo.

Este trabalho contou com algumas limitações, como exemplo, não foi

possível analisar por grandes regiões os possíveis impactos, pelo fato de a ANS

disponibilizar os dados das contraprestações apenas por trimestre das

operadoras no Brasil em geral como também a pesquisa foi limitada as

operadoras da modalidade medicina de grupo. Em julho de 2021 quando esta

monografia já estava em construção, a ANS divulgou as tabelas de reajuste e

apontando para essa queda de despesas das operadoras com a pandemia.

Também a recente monografia de Araújo (2020) analisou um estudo de caso da

contabilidade de uma operadora de saúde de pequeno porte localizada na

Região Nordeste, comparando o período anterior e durante a pandemia de

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46

Covid-19 na modalidade autogestão. Neste caso, verificou-se que em 2020

houve 2,3 vezes maior no lucro líquido da empresa.

A pandemia da Covid-19 se tornou um evento desafiador na história

recente da humanidade e ela abre demandas para estudos futuros, como a

sídrome pós-covid, o que pode trazer para a saúde suplementar. É preciso

analisar mais afundo se o sistema de saúde atual será capaz de lidar com as

despesas geradas para assim permanecer com equilíbrio as finanças da saúde

suplementar.

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47

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