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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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FICHA PARA CATÁLOGOPRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: GESTÃO DEMOCRÁTICA: POSSIBILIDADES E DESAFIOS

Autor Amilton Markovicz

Escola de Atuação Colégio Estadual Professor Amarilio - EFM

Município da Escola Guarapuava

Núcleo Regional de Educação Guarapuava

Orientador Profª Ms. Rosângela Abreu do Prado Wolf

Instituição de Ensino Superior UNICENTRO - Guarapuava

Disciplina/Área (entrada no PDE) Gestão Escolar

Produção Didático – Pedagógica Unidade Didática

Relação Interdisciplinar

Público Alvo Direção, Diretor auxiliar, Pedagogos, Professores, Funcionários, Pais do referido colégio.

Localização Colégio Estadual Professor Amarilio – EFM.Rua: Coronel Lustosa Nº 2041 – BatelGuarapuava - Paraná

Apresentação Esta unidade temática tem por finalidade contribuir para o entendimento sobre o conceito de gestão democrática e suas implicações, através da fundamentação teórica. Tal interesse parte da constatação de que no contexto escolar, há pouco entendimento teórico e prático por parte dos envolvidos sobre a proposta de gestão democrática, ocasionando uma limitação no envolvimento destes, que acabam por sua vez exercendo apenas o direito de opinar, sem nenhum comprometimento.Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo principal contribuir para a mudança deste

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quadro e para a superação da superficialidade existente, tendo como proposta a gestão democrática, através da ampliação do conhecimento dos envolvidos no processo sobre a referida temática, para juntos buscarmos a mudança desta realidade.A implementação da proposta ocorrerá no Colégio Estadual Professor Amarilio, e destina-se a diretores, diretor auxiliar, pedagogos, professores funcionários, pais e alunos, através de suas representações. Serão desenvolvidos semanalmente grupo de trabalho na escola, a partir do mês de março de 2014, através de 7 (sete) encontros presenciais, e mais 4 horas para atividades de estudos de forma não presencial.Esta unidade abordará, através da fundamentação teórica, os conceitos de gestão democrática, participação e autonomia, visando a ampliação de conhecimento e a mudança de atitudes.

Palavras – chave Gestão democrática, Participação, Autonomia, Escola Pública.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – SEEDSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃOCOORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

UNIDADE DIDÁTICA

PROFESSOR: AMILTON MARKOVICZ

PROFESSORA ORIENTADORA: Ms. ROSÂNGELA ABREU DO PRADO WOLF

GUARAPUAVA2013

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SUMÁRIO

IDENTIFICAÇÃO....................................................................................................................5

1 APRESENTAÇÃO.................................................................................................................6

2 OBJETIVOS...........................................................................................................................6

2.1 OBJETIVO GERAL.........................................................................................................6

2.1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................7

3 METODOLOGIA..................................................................................................................7

3.1 PLANO DE AÇÃO....................................................................................................8

4 CRONOGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO.....................................................................11

5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................................11

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................17

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IDENTIFICAÇÃO

PROFESSOR PDE 2013- Amilton Markovicz

ÁREA PDE – Gestão Escolar

N.R.E. - Guarapuava – Pr

EMAIL: [email protected]

PROFESSORA ORIENTADORA- Rosângela Abreu do Prado Wolf

I.E.S. VINCULADA – UNICENTRO/Guarapuava-Pr

ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO – Colégio Estadual Professor Amarilio – EFM

PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO – Direção, Diretor auxiliar, Pedagogos, Professores, Funcionários, Pais e Alunos

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1 APRESENTAÇÃO

A proposta de gestão democrática na sua plenitude é uma aliada de bastante importância

para busca da qualidade na educação, pois contribui para o fortalecimento da unidade escolar,

através da união dos envolvidos neste processo, possibilitando a participação e principalmente a

autonomia dos indivíduos que são fundamentais para a efetivação da proposta.

Infelizmente nota-se uma realidade escolar bastante distante desta proposta, pois os

envolvidos neste processo, na maioria das vezes, entendem como conceito de gestão democrática,

apenas como o direito de opinar sem o comprometimento e sem a responsabilidade da execução.

Temos ainda o gestor escolar, peça fundamental na gestão democrática, pois deve ser o principal

articulador ou motivador do processo e que acaba tornando-se uma pessoa autoritária e

centralizadora, que não busca nos órgãos colegiados e conselho escolar. Nesse sentido o trabalho

em conjunto seria a alternativa para a superação desta situação, mas infelizmente estes órgãos por

sua vez também acomodam-se, o que torna a sua participação apenas burocrática, ocasionado assim

a fragmentação da escola.

Por esta razão consideramos que através da gestão democrática é possível mudar está

realidade, pois possibilita a união de todos em busca de um trabalho de qualidade. Esse tipo de

gestão está fundamentado na descentralização, participação e autonomia dos envolvidos,

entendendo-se como participação, não apenas no direito de opinar, mas em ser autónomo na

execução, com a liberdade de aceitar ou não, contribuindo com a execução da proposta, com ideias,

atitudes, trabalho e responsabilidades sempre visando o coletivo.

Diante do exposto, esta unidade didática tem como objetivo central promover a gestão

democrática escolar, para que assim contribua para o fortalecimento e para ampliação da

fundamentação teórica sobre este conceito no contexto escolar, visando a mudança na forma de

administrar a unidade escolar, em prol da qualidade de ensino.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Proporcionar o entendimento ao diretor, diretor auxiliar, professores, funcionários, pais

alunos e comunidade escolar, através de seus órgãos colegiados sobre o conceito de gestão

democrática, com o intuito de estimular a adesão e a ação dos mesmos para esse tipo de

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administração.

2.1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Buscar através de estudos sobre o tema gestão democrática a formação de conhecimento

sobre a mesma e das suas possibilidades;

● Identificar na gestão democrática o papel facilitador do trabalho do gestor escolar, através de

divisão de responsabilidades;

● Apresentar elementos que podem tornar a escola menos fragmentada, com setores

trabalhando juntos para alcançar os mesmos objetivos;

● Despertar o interesse de ser gestor escolar na perspectiva democrática;

● Fortalecer o papel das instâncias colegiadas para uma participação efetiva capaz de legitimar

também a gestão democrática;

● Apontar mecanismos através da gestão democrática para a promoção do ambiente escolar

para um espaço mais atrativo, como ponto de referência da comunidade escolar, para sua

utilização recreativa ou pedagógica.

3 METODOLOGIA

A implementação será desenvolvida no colégio estadual professor Amarilio E.F.M., da

cidade de Guarapuava-Paraná, vinculada ao núcleo regional de educação de Guarapuava. E será

ofertado para diretor, diretor-auxiliar, pedagogos, professores, funcionários, alunos e pais do

referido colégio. Essa intervenção tem como proposta a efetivação da gestão democrática, no intuito

de descentralizar as ações e promover a participação e a autonomia dos envolvidos, tendo como

legitimadores deste processo o gestor escolar e as instâncias colegiadas, através de suas

representações. Para tanto, estaremos utilizando uma sala de aula e o laboratório de informática, e o

horário a ser utilizado será discutido pelo grupo. Os encontros serão semanais e organizados da

seguinte forma: 7 encontros de 4 horas cada, totalizando 28 horas presenciais mais 4 horas para

atividades de estudos, pesquisas e conclusão de trabalhos em modalidade à distância -EaD,

totalizando 32 horas. O período utilizado para a implementação serão os meses de março e abril de

2014, com a certificação dos participantes fornecida pela Universidade Estadual do Centro-Oeste -

UNICENTRO, campus de Guarapuava-PR.

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Esta unidade temática contempla atividades previstas e descritas visando subsidiar um

referencial teórico, para ampliar o conhecimento dos envolvidos no contexto escolar, e possui a

seguinte organização:

● Apresentação e convite para participação da implementação;

● Entrevistas com diretores de escola estaduais do município;

● Vídeos motivacionais;

● Questionário ( de pesquisa qualitativa ), visando confrontar dados de conhecimento;

● Textos para leitura;

● Formação de grupos de trabalho;

● Análise de dados da entrevista e síntese produzida pelos grupos;

● Recursos Físicos: sala, laboratório de informática, multimídia textos;

● Pesquisa bibliográfica.

3.1 PLANO DE AÇÃO

Primeiro Momento

Apresentação da proposta de intervenção pedagógica para a escola, durante a semana

pedagógica de início do ano letivo, tendo como enfoque principal o convite para a participação dos

mesmos para os encontros de implementação. Neste momento ressaltaremos sobre a importância

sobre a temática de estudo, e sobre a relevância da contribuição que cada um poderá prestar para a

efetivação de uma gestão democrática.

Será utilizado ainda este período para entrar em contato com diretores de escolas estaduais,

no intuito de entrevistá-los e convidá-los a participarem dos encontros do grupo de trabalho, para

que assim possam também contribuir para a ampliação do conhecimento sobre o tema de estudo,

tendo como ponto de partida a relevante experiência que os mesmos possuem.

Primeiro encontro – primeira semana do mês de março

Atividades:

● Apresentação da proposta de implementação, informando os horários, datas e demais

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informações necessárias;

● Aplicação de um questionário tendo como objetivo principal, verificar qual é naquele

momento o conhecimento que o grupo tem sobre o tema de estudo;

● Vídeo motivacional enfocando a importância do trabalho coletivo;

● Leitura e socialização de texto abordando o conceito de democracia.

Segundo encontro – segunda semana do mês de março

Atividades:

● Leitura de texto sobre o histórico da gestão democrática no Brasil;

● Pesquisa na internet sobre o que a lei contempla a respeito da gestão democrática no Brasil;

● Formação de grupos;

● Síntese do material estudado e socialização.

Terceiro encontro – terceira semana do mês de março

Atividades:

● Mesa redonda com diretores convidados para compartilhar experiências de gestão;

● Participação dos cursistas, para perguntas ou contribuições através de relatos.

Quarto encontro – quarta semana do mês de março

Atividades:

● Formação de grupos;

● Leitura e síntese de textos, tendo como tema a participação das instâncias colegiadas na

proposta de implementação de uma gestão democrática;

● Espaço para a socialização de experiências.

Quinto encontro – primeira semana do mês de abril

Atividades:

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● Formação de grupos;

● Leitura e síntese de textos, que relatam a importância da participação e autonomia, na

proposta de uma gestão democrática;

● Espaço para socialização de experiências.

Sexto encontro – segunda semana do mês de abril

Atividades:

● Formação de grupos;

● Vídeos, leitura e análise de situações problemas, ocorridos em colégios;

● Os grupos de estudo deveram criar soluções para buscar resolver estes problemas, tendo

como referência a proposta de gestão democrática;

● Espaço para a socialização das produções.

Sétimo encontro

Atividades:

● Vídeo mostrando a importância da união para buscar um trabalho de qualidade;

● Socialização da pesquisa e síntese feita pelos participantes, sobre o que relata o P.P.P. de

algumas escolas da rede estadual de ensino sobre gestão democrática;

● Aplicação do mesmo questionário do primeiro encontro, com o objetivo de comparar dados,

da evolução de conhecimento adquirida ao longo da implementação;

● Aplicação de uma avaliação, com o objetivo de verificar a proposta de implementação na

sua execução;

● Encerramento.

Os participante da implementação terão nos meses de março e abril 4 horas para pesquisar e

fazer síntese sobre o que o projeto político pedagógico de algumas escolas da rede estadual de

ensino, que contemplam a gestão democrática.

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4 CRONOGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO

Ano de 2013

Atividades Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Levantamento bibliográfico

X X X X X X X X X X X X

Elaboração projeto de intervenção pedagógica

X X X X X X

Postagem do projeto XElaboração da produção didático pedagógica

X X X X X X

Postagem da produção Didático pedagógica X

Ano de 2014

Atividades Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Levantamento bibliográfico

X X X X X X X X X X X

Aplicação da produção didático pedagógica

X X X

Elaboração do artigo X X X X X XPostagem do artigo X

5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No dicionário novo Aurélio da língua portuguesa, século XXI (1999, p. 985), a palavra

gestão vem da palavra latina gestione e se refere ao ato de gerir, gerenciar, e administrar. E a palavra

democracia tem sua origem na palavra grega democratia e significa governo do povo, soberania

popular regime político baseado nos princípios da soberania popular. Esses dois conceitos unidos

estabelecem uma proposta para administrar uma unidade escolar.

A implantação dessa proposta determinada pela lei 9394/96 em conformidade com os

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princípios constitucionais de 1988. (LDB/96, p. 04) estabelece:

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática de ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:

I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;

II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão ás unidades públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público.

No final da década de 80, ocorre um grande avanço para a desburocratização das escolas

públicas no Brasil, a lei estabelece a autonomia das escolas para a implantação da gestão

democrática, através da descentralização do poder. Podemos destacar dois avanços importantes

contemplados na lei: A implantação do Projeto Político Pedagógico, pelos profissionais da educação

e o fortalecimento dos órgãos colegiados. Embora prevista em lei a descentralização do poder,

através da gestão democrática, ainda precisamos avançar para sua efetivação.

Falar de democracia ou gestão democrática em uma sociedade marcada pela desigualdade social,

não é algo fácil. Por outro lado, também, fazer com que ela aconteça na sua plenitude talvez seja

mais difícil ainda, e isto vai além do que a lei estabelece. Conforme afirma Carone (1998, p. 174):

Nos sistemas sociais com regime político democrático, há uma forma de igualdade reconhecida nos textos constitucionais: a igualdade perante a lei, que afirma que todos os cidadãos são iguais, sem distinção de qualquer natureza, embora se afirme, concomitante mente, que as desigualdades sociais e regionais devem ser reduzidas pela ação do Estado, por meio da erradicação da pobreza e da marginalização. A igualdade é considerada um princípio formal da democracia, o que eqüivale a dizer que todos são iguais em direitos e obrigações estabelecidas nos termos constitucionais. No entanto, o seu caráter formal (não-substantivo) significa que a democracia deixa em aberto e não decidido o problema da estrutura concreta da sociedade, pela separação entre Estado e sociedade e pela garantia das liberdades civis. (Heller apud Carone, 1978.)

Não podemos negar que a igualdade perante a lei é um dos caminhos para a democratização

do país em sua plenitude, mas não o único. É muito pouco para um país marcado pela desigualdade

social, querer garantir a democracia apenas pela igualdade prevista em lei, mais que garantir

direitos, é necessário fazer com que eles aconteçam. O Estado e a sociedade organizada devem

promover políticas e ações que visem a melhoria de vida dos menos favorecidos, buscando a

democratização social.

Contribuindo para este entendimento Freire (2000, p.48), afirma que não crê “[...] na

democracia puramente formal que “lava as mãos” em face das relações entre quem pode e quem

não pode porque já foi dito que “todos são iguais perante a lei”. Mais do que dizer ou escrever isto,

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é preciso fazer isto.” No contexto escolar, a democracia deve ser ponto de partida para uma

administração, voltada para qualidade de ensino, tendo como referência a autonomia das pessoas

responsáveis pela gestão de uma forma consciente. Procurando sempre administrar, não apenas

estabelecendo a garantia de direitos, mas superar está visão, ir além, procurando sempre diminuir as

desigualdades vivenciadas no país e também nas escolas, isso será possível ou amenizado, com a

participação de todos os envolvidos no processo educacional, conforme afirma Lück

Em linhas gerais, a lógica da gestão é orientada pelos princípios democráticos e é caracterizada pelo reconhecimento da importância da participação consciente e esclarecida das pessoas nas decisões sobre a orientação, organização e planejamento de seu trabalho e articulação das várias dimensões e dos vários desdobramento de seu processo de implementação. ( LÜCK, 2007, p. 36 )

Conforme evidenciou Lück, a necessidade de mudanças forçadas pela globalização e uma nova visão de mercado de trabalho, estabelece novas formas de administração. Não há mais lugar para a centralização do poder, buscar o trabalho coletivo se faz necessário, surge uma nova concepção. Nesse sentido encontramos também em Kuenzer (2001) a seguinte opinião:

Como resposta às novas exigências de competitividade que marcam o mercado globalizado, exigindo cada vez mais qualidade com menor custo, a base técnica de produção fordista, que dominou o ciclo de crescimento das economias capitalistas no pós-guerra até o final dos anos 60, vai aos poucos sendo substituída por um processo de trabalho resultante de um novo paradigma tecnológico apoiado essencialmente na microeletrônica, cuja característica principal é a flexibilidade. Este movimento, embora não seja novo, uma vez que se constitui na intensificação do processo histórico de internacionalização da economia, reveste-se de novas características, posto que está assentado nas transformações tecnológicas de organização e gestão de trabalho. (KUENZER, 2001, p. 34).

Muito se fala em novas técnicas de administração e produção, organização e qualidade nos

dias atuais, o que é novo em pouco tempo já está desatualizado, a busca de aperfeiçoamento e o uso

de novas tecnologias são necessárias , o trabalho coletivo, coloca-se a frente do individual, não há

espaço para a centralização do poder, nada é definitivo, sempre está em evolução, criando um novo

ciclo, ditado pelo capitalismo, uma nova forma de gestão e formação para o trabalho se faz

necessário. Tudo isso parece fazer parte apenas da atualidade, mas observa-se este comportamento a

partir do final dos anos 60.

Buscamos novamente em Lück, a complementação para este pensamento, quando afirma

que:

As décadas finais do século XX marcaram o surgimento de uma revolução no pensamento administrativo, em vista do que o mundo atual é marcado pela emergência de novas estruturas organizacionais que são, significativamente, mais democráticas, criativas e, potencialmente, mais produtivas do que foram em qualquer estágio da história. A elevação da exigência do nível de educação da população, o desenvolvimento do espírito democrático e o crescente reconhecimento da interdependência entre os diferentes segmentos que constituem uma organização de trabalho, como também, no contexto global,

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têm promovido a percepção de que a chave para o sucesso no trabalho educacional está em se alcançar uma cooperação mais eficaz de gestão que supere o modelo centralizado, autocrático, controlador, cuja ênfase situa-se em regras de trabalho e na obediência. Nos dias atuais, os lideres eficazes de escolas concentram os seus esforços e energia em liberar o potencial escondido das escolas e das outras organizações com as quais mantêm relação e se associam, pela construção de equipes participativas.(LÜCK, 2007, p. 33 ).

Neste contexto a gestão democrática busca proporcionar a união da unidade escolar e sua

comunidade, em torno de si, na busca da qualidade de ensino. Com uma nova proposta de

administração escolar. Segundo Lück (2007, p. 15) “[...] a institucionalização da democracia,

associada ao aprimoramento da eficiência e da qualidade da educação pública, tem sido uma força

poderosa a estimular o processo de mudanças na forma de gerir escolas no Brasil”.

A gestão democrática tem como princípios dois aspectos: a autonomia e a participação parecem faltar ainda à apropriação destes conceitos no contexto escolar, Paro (2005) afirma que:

Aceitando-se que a gestão democrática deve implicar necessariamente a participação da comunidade, parece faltar ainda uma maior precisão no conceito de participação. A esse respeito, quando uso esse termo, estou preocupado, no limite, com a participação nas decisões. Isto não elimina, obviamente, a participação na execução; mas também não a tem como fim e sim como meio, quando necessário, para a participação propriamente dita, que é a partilha do poder, a participação na tomada de decisões. É importante ter sempre presente este aspecto para que não se tome a participação na execução como fim em si mesmo, quer como sucedâneo da participação nas decisões, quer como maneira de escamotear a ausência desta última no processo. (PARO, 2005, p. 16)

A gestão democrática escolar, só pode ser legitimada no coletivo, tendo como princípios a

participação e a autonomia das pessoas responsáveis pela sua aplicação, quando se fala em

participação devemos compreender, que não basta estar presente apenas para dar credibilidade ao

processo, de forma burocrática. É necessária uma participação responsável, tanto na decisão como

na execução, com a atuação dos envolvidos, respeitando a sua autonomia.

Possivelmente a participação e autonomia não ocorram de imediato, pois estamos

habituados com uma administração centralizadora, sem nos envolvermos, prática esta que não

atende as necessidades atuais, mas deve ser incentivada para que venha acontecer.

Para Lück (1996) “[...] destaca-se que o entendimento do conceito de gestão já pressupõe,

em si, a idéia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas analisando situações,

decidindo sobre seu encaminhamento e agindo sobre elas, em conjunto”.

Para a prática da gestão democrática escolar e fundamental a participação de toda a

comunidade escolar e suas instâncias colegiadas, de forma autônoma e responsável, previstas no

Projeto Político Pedagógico (PPP).

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Na Gestão democrática deve haver compreensão da administração escolar como atividade meio e reunião de esforços coletivos para o implemento dos fins da educação, assim como a compreensão e aceitação do princípio de que a educação é um processo de emancipação humana; que o Plano Político pedagógico (P.P.P.) deve ser elaborado através de construção coletiva e que além da formação deve haver o fortalecimento do Conselho Escolar.(PARANÁ. 2012, p. 25)

Nesta realidade o gestor escolar ou diretor é peça fundamental para que haja a união de

todos os envolvidos neste processo de democratização no interior da escola em prol da melhoria da

qualidade de ensino. Conforme afirma Lück (2009, p. 41) “[...] a gestão democrática ocorre na

medida em que as práticas escolares sejam orientadas por filosofias, valores, princípios e ideias

consistentes, presentes na mente e no coração das pessoas, determinando o seu modo de ser e de

fazer.” Sendo assim, o processo de democratização ou gestão democrática no contexto escolar, não

nasce pelo acaso, ela é fruto de um processo de debates, decisão e implementação. Tem como

referencial o coletivo da escola, todos são responsáveis pela sua aplicação, o diretor escolar tem

papel fundamental nesta proposta de democratização, sendo o articulador desde processo de

participação e autonomia, colaborando e administrando propostas que visa a qualidade de ensino e

conseqüentemente o que é melhor para o aluno.

Também encontramos com Valerien (1993, p. 74) o relato que cada vez mais “[...] são

numerosos os incentivos dados ao diretor para que ele mesmo e sua escola sejam os atores

privilegiados no processo de mudança, na inovação educativa e no desenvolvimento comunitário.”

Embora não haja mais espaço para o autoritarismo e a centralização do poder, ainda é possível

encontrarmos diretores escolares com estes procedimentos. As mudanças de pensamentos e

conseqüentemente de atitudes ocorrem com o tempo, tendo como princípio a evolução e o

conhecimento, a gestão democrática tem sua legitimação no coletivo, e o diretor escolar, tem papel

fundamental, para a implantação desta proposta, criando assim uma contradição. Sobre essa questão

Paro (2005) faz a seguinte colocação:

O que nós temos hoje é um sistema hierárquico que pretensamente coloca todo o poder nas mãos do diretor. Não é possível falar das estratégias para se transformar o sistema de autoridade no interior da escola, em direção a uma efetiva participação de seus diversos setores, sem levar em conta a dupla contradição que vive o diretor de escola hoje. Esse diretor, por um lado, é considerado a autoridade máxima no interior da escola, e isso, pretensamente, lhe daria um grande poder e autonomia; mas , por outro lado, ele acaba se constituindo, de fato, em virtude de sua condição de responsável último pelo cumprimento da Lei e da Ordem na escola, em mero preposto de Estado. (PARO, 2005, p. 11)

Esta visão talvez se de pelo fato de alguns diretores terem ainda um modelo de

administração, voltada para centralização do poder, não querendo ou não buscando mudanças. O

diretor escolar tem por natureza o respeito e a confiança de sua comunidade escolar, legitimados

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pelo processo de eleições para diretor, a sua autoridade estabelecida pelo Estado (não confundir

com autoritarismo) embora seja contraditória pode e deve servir de ferramenta ou meio para a

descentralização do poder e conseqüentemente a efetivação de uma gestão democrática. Isso

ocorrerá à medida que ele consiga estabelecer a participação e autonomia de forma responsável das

instâncias colegiadas. Conforme relata Lück (2009):

Um órgão colegiado escolar constitui-se em um mecanismo de gestão da escola que tem por objetivo auxiliar na tomada de decisão em todas as suas áreas de atuação, procurando diferentes meios para se alcançar o objetivo de ajudar o estabelecimento de ensino, em todos os seus aspectos, pela participação de modo interativo de pais, professores e funcionários. Em sua atuação, cabe-lhe resgatar valores e cultura, considerando aspectos socioeconômicos, de modo a contribuir para que os alunos sejam atendidos em suas necessidades educacionais, de forma global. (LÜCK, 2009, p. 66)

Parece faltar ainda no interior da escola o entendimento do que seja uma gestão democrática,

que pressupõem o trabalho coletivo, a participação, a descentralização do poder, estes conceitos

fazem parte do ambiente escolar, mas que talvez não sejam vivenciados em sua plenitude ,

conforme destaca Lück (2008):

A participação constitui uma forma significativa de, ao promover maior aproximação entre os membros da escola, reduzir desigualdades entre eles. Portanto, está centrada na busca de formas mais democráticas de gerir uma unidade social. Define-se, pois, a gestão democrática como o processo em que se criam condições para que os membros de uma coletividade não apenas tomem parte, de forma regular e contínua, de suas decisões mais importantes, mas assumam responsabilidade por sua implementação. Isso porque democracia pressupõe muito mais que tomar decisões: envolve a consciência de construção do conjunto da unidade social e de seu processo de melhoria contínua como um todo. (LÜCK, 2008, p. 57)

O grande desafio da gestão democrática talvez seja fazer com que a comunidade escolar,

através de suas representações, esteja envolvida neste processo, de ajudar a administrar a escola, de

uma forma realmente participativa e responsável, buscando na qualidade de ensino a melhoria do

aluno.

Nessa perspectiva encontramos em Freire (2000), quando destaca que:

Se é possível obter água cavando o chão, se é possível enfeitar a casa, se é possível crer desta ou daquela forma, se é possível nos defender do frio ou do calor, se é possível desviar leitos de rios, fazer barragens, se é possível mudar o mundo que não fizemos, o da natureza, por que não mudar o mundo que fazemos, o da cultura, o da história, o da política? (FREIRE, 2000, p. 98)

As mudanças ocorrem no momento em que se dedicamos para que elas aconteçam,

infelizmente nem sempre estamos dispostos a mudar o que não nos agrada.

Uma escola aonde todos tenham participação e autonomia na administração, buscando a

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democratização e a qualidade de ensino, parece ser algo distante quase que impossível, devido à

dificuldades encontradas, e muitas vezes, aceitamos como verdadeira essa afirmação, não buscando

a mudança dessa realidade, por não acreditar na possibilidade de mudança.

Acreditar que é possível, e mais que isso, trabalhar de uma forma coletiva e organizada,

buscando a conscientização dos envolvidos no processo de democratização, certamente a mudança

ocorrerá.

6 REFERÊNCIAS

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