Opinião · quando ninguém desiste de ... na verdade, uma despossessão de mim próprio para ......

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AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo

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04 - Editorial: Tolentino Mendonça06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional12 - Opinião D. António Marcelino14 - A semana de Luís Santos16- Entrevista Ana Patrícia Fonseca24- Dossier Encíclica «Lumen fidei»38 - Espaço Ecclesia

40 - Internacional44 - JMJ 201346- Cinema48 - Multimedia50 - Estante52- Vaticano II54 - Agenda56 - Liturgia58 - Programação Religiosa59 - Por estes dias60 - Apps pastorais62 - Fundação AIS64 - Luso Fonias

Foto da capa: News.vaFoto da contracapa: Agência Ecclesia

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Opinião

VoluntariadoMissionário[ver+]

Primeiraencíclica deFranciscoLuz da Fé[ver+]

Papa emLampedusa[ver+] D. António Marcelino|TolentinoMendonça|Padre Tony Neves

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A Luz da fé

José Tolentino Mendonça

O escritor António Alçada Baptista contauma história exemplar, na primeira pessoa:«Uma vez eu fui operado e estava só nohospital com meu pai. Tinha uma dorpegada das unhas dos pés às pontas doscabelos e meu pai estava ao pé de mim.Eu tinha já 19 anos, mas apeteceu-me asua mão humana e paterna e disse-lhe:- Deixe-me ver a sua mão.- Para quê?- Preciso da sua mão.Ele sorriu-se e deu-ma, masimediatamente começaram a funcionardentro de si as pesadas estruturasmarialvas e académicas que recusam aum filho de 19 anos a mão terna dum pai.E, disfarçadamente, começou a retirar asua mão até que a minha continuoupedinte, mas só e unilateral.». «Preciso da tua mão». O conhecimento deDeus só pode ser um conhecimento vivido,profundamente experimental. Essa é umaafirmação espantosa que atravessa toda aRevelação Bíblica, tanto do Antigo comodo Novo Testamento. Deus está. O Deustranscendente “vê”, “escuta”,

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“compadece-se”, “mostra-se”,“permite o encontro”. Pense-seno passo fundamental do Livrodo Êxodo: «Eu vi, Eu vi amiséria do Meu povo que estáno Egipto, ouvi o seu clamorpor causa dos seusopressores, pois Eu conheçoas suas angústias. Por issodesci a fim de libertá-lo» ( Ex3,7). A Escritura foge assim adefinições e constrói umagramática eminentementenarrativa. Não conceptualiza:narra, relata, exemplifica. E asimagens que nos oferece deDeus atestam que Ele estápresente. Com mais razão ainda, oEvangelho de Jesusdesautoriza-nos a persistir emfórmulas obscuras. A viragemque Jesus introduz éconsiderar Deus a partir dedentro. Jesus apresenta-Secomo o Filho de Deus. E arelação que mantém com Deusé uma relação filial. Isto é,Jesus vem dizer que Deus Oimpregna profundamente aponto de Ele ser Filho e

se descobrir como tal. Não éapenas um conhecimentoespecial que Jesus fornece deDeus. É outra coisa: Deus é afonte que plasma e ilumina a criatividademessiânica das Suas palavrase dos Seus gestos (Jo 14,8-11)... De certa maneira, oprograma de Jesus outra coisanão é que esta filiação.Mergulhados na sua páscoa,somos chamados a viver doseu Espírito, configurados àsua realidade, atravessados eguiados pela sua luz. È fundamental percebermosque a relevância do discursocristão parte, antes de tudo, dasua essência. Claro que o papaFrancisco ir aodesembarcadouro deLampedusa, reclamarcorajosamente por políticasmais humanas, deve colher aatenção de todos. Mas de igualmaneira deveria ser escutadoquando nos propõe, comlímpido desassombro, umareflexão sobre a fé.

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Foto: Jorge Coelho/LusaQuinta das Quebradas, Mogadouro. A entrega e o cansaço de muitos bombeiros contrasta com o poderdevastador dos incêndios

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"Como o próprio nome indica, aconcórdia começa nos corações,quando ninguém desiste deninguém, seja em que campo for.(Homilia de D. Manuel Clemente namissa de entrada no Patriarcado deLisboa, 7 de julho de 2013) É esse o caminho que deveremospercorrer em conjunto. Darei o meufirme apoio a esse acordo, que, naatual conjuntura de emergência,representa verdadeiramente umcompromisso de salvação nacional.(Comunicação ao País doPresidente da República, dia 10 dejulho de 2013)

“Senti que tinha de vir hoje aquirezar, realizar um gesto deproximidade, mas também despertaras nossas consciências para queaquilo que aconteceu (mortes nomar) não se repita, que não serepita, por favor” (Papa Franciscoem Lampedusa, dia 8 de julho de2013) "O crente não é arrogante; pelocontrário, a verdade torna-ohumilde, sabendo que, mais do quepossuirmo-la nós, é ela que nosabraça e possui". (Papa Francisco,Encíclica Lumen Fidei, 5 de julho de2013)

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D. Manuel Clemente tomou posse

D. Manuel Clemente pediu àscomunidades cristãs que acolhamtodas as pessoas e recordou asconsequências socioculturais doEvangelho, nomeadamente adignidade da pessoa humana desdea “conceção à morte natural”. Nahomilia da missa de entrada soleneno Patriarcado de Lisboa, quedecorreu este domingo no Mosteirodos Jerónimos, o prelado deixouvotos de que na diocese seconstituam “comunidades deacolhimento e missão”.“E que importante é e será, que nasnossas comunidades todos possamencontrar um “sim” à pessoa quesão, mesmo quando não devamosconceder o que imediatamentepeçam”, disse o patriarca de Lisboa.Sem adiantar “detalhesprogramáticos”, D. Manuel Clementedeclarou que “a Igreja de Lisboaseguirá as indicações” saídas doSínodo dos Bispos sobre a novaevangelização e as propostas daConferência Episcopal Portuguesa,

na Nota Pastoral de 11 de abrilsobre a “renovação da Pastoral daIgreja em Portugal” D. ManuelClemente pediu depois aos políticospresentes na missa da sua entradana diocese para fazerem “o melhor”porque o momento “é complexo” e énecessário apostar na “criação deemprego”. Em declarações aosjornalistas, no fim da celebração eapós ter cumprimentados todos ospresentes que o quiseram saudar,incluindo os responsáveis porcargos públicos, o patriarca afirmouque o fundamental é que “em todasas equações" se pense no “bemcomum, no que é para todos”.D. Manuel Clemente tinha tomadoposse no sábado como 17º patriarcade Lisboa, na Sé da diocese,sucedendo a D. José Policarpo,responsável pelo Patriarcadodurante 15 anos.Para o novo patriarca de Lisboa, adesignação “tomada de posse” temum significado “impreciso”, porque“a única posse é de Cristo” e hoje,mais do que

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assumir um cargo afirma adisponibilidade para que a diocese“tome conta” dele. “Esta tomada deposse significa, na verdade, umadespossessão de mim próprio paraque a Igreja de Lisboa tome contade mim”, referiu.“A única coisa que peço a Deus éque seja assim: Que todos nos

desapossemos de nós próprios paraque Jesus Cristo seja em nós oúnico sinal a apresentar ao mundo”,referiu aos presentes na Sé deLisboa.“Que a Igreja de Lisboa tome contade mim, que o Senhor tome contadas nossas vidas, e que deixemosque Ele seja tudo em nós”, disse D.Manuel Clemente.

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Bispo propõe pastoral na praiaO bispo de Aveiro dirigiu umamensagem à diocese para proporuma presença das comunidadescatólicas nas “zonas balneares dereferência” do território, durante osmeses de verão, com uma “Tendade Deus”. “As nossas praias já sehabituaram a esta presença daIgreja em iniciativas inspiradas pelapastoral de verão e pautadas pelodesejo de ir ao encontro daspessoas para anunciar o evangelhode Jesus. Em plena areia, beijadapelo mar e procurada por milharesde pessoas, encontraremos esteano a Tenda de Deus”, escreve D.António Francisco dos Santos,numa nota enviada à AgênciaECCLESIA.A referida tenda vai estar nas praiasda Torreira, da Barra e da Vagueira,para ser “casa de oração e defesta”. “Não fazemos férias de Deusnem a Igreja está em férias.Aproveitamos, isso sim, o verão e asférias para nos reunirmos comtempo e com disponibilidade pararezar”, explica o bispo de Aveiro.

O prelado recorda que Aveiro atraitodos os anos muitos veraneantes,pelo que diz ser necessário “abrircaminhos de proximidade onde oacolhimento se faça missão e odiálogo construa comunhão”. “Noscaminhos de vida e de fé que aMissão Jubilar nos propõe tem todoo sentido valorizar as noites deverão como tempo abençoado desilêncio dado à oração e espaçonecessário de encontro de pessoasque se juntam para rezar”, explica D.António Francisco dos Santos.

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Bispos atentos a «sobressaltos»políticosO porta-voz da ConferênciaEpiscopal Portuguesa (CEP) pediuem Fátima que os líderes políticosencontrem soluções para os“sobressaltos” do país, em“consonância” com "as aspirações edificuldades" do povo e com“urgência”. “Todas as crises são degrande preocupação para a Igreja,porque estas oscilações, estasondas no mar da vida social epolítica, criam sempre pobres”,disse o padre Manuel Morujão aosjornalistas, no final da reunião doConselho Permanente da CEP quedecorreu esta terça-feira.O sacerdote jesuíta aludiu aos“sobressaltos na política e nasociedade portuguesa", numareferência indireta às recentesdemissões e indefinições naformação do Governo, sublinhandoque é preciso "saber responder aestes sobressaltos com soluçõespositivas, o mais possívelconsensuais".“O que nós pedimos é a procuraséria do bem comum, ninguém ficabem na fotografia quando o povoportuguês fica pior”, alertou,pedindo que apopulação fique“bem".

O secretário da CEP deixou votosde que “funcionem” os órgãos desoberania “eleitosdemocraticamente” em Portugalpara encontrar "soluções justas,apropriadas para cada caso".Os bispos portugueses anunciaramainda que o seu Observatório Socialvai começar a trabalhar em duasdioceses, antes de se estender atodo o território nacional, “para terinformação atualizada” sobre as“necessidades experimentadas” pelapopulação.

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Cristãos à escala universal?

D. António Marcelino,Bispo emérito de Aveiro

Uma das interrogações a fazer hoje é de saberaté que ponto a fé cristã pode influir nahumanidade atual com as características damesma. Quando tudo se comandava a partir daEuropa, a pergunta não teria grande sentido,porque o cristianismo dominava. Hoje, com umaEuropa que foi perdendo a sua hegemonia e asua força e se discute mesmo o grau deinfluência que lhe resta, a pergunta sobre osentido da fé deve fazer-se, quanto antes, comabertura e sem medo. Há uma preocupação ecuménica no camporeligioso, e por ela se tem ficado a Igreja. Háainda uma dimensão de universalidade plural deordem humana, na qual a Igreja não teveintervenção, mas a que não se pode alhear. Estadeve-se à abolição das fronteiras provocadapelos fluxos migratórios, à globalização dosproblemas, aos direitos humanos reconhecidos,à difusão de uma cultura laica, e, como meio defácil acesso, às modernas tecnologias dacomunicação, que fizeram do mundo uma “aldeiaglobal”, como já se previa há décadas. A Igreja, durante séculos, deixou de correr riscosespeciais por força da missão. Foi perdendo asua força mais profunda e limitou-se a controlar ea impedir moções e atitudes que a punham emcausa ou contrariavam os seus objetivos.Esqueceu-se que o Evangelho a precede, notempo e nas

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suas opções apostólicas. O cristãopraticante do culto que professa, demodo acrítico, a fé que lhe éproposta, não se pode confundir, emenos ainda identificar, com ocristão que, a exemplo de Cristo eno Seu seguimento, joga a sua vida,de modo claro e consciente, paraque a Vida de Deus chegue a todos,quem quer que sejam e onde querque se encontrem. A dinâmicamissionária nasce do Evangelho etraduz a aceitação do mandato deCristo. Não nasce da instituiçãoeclesial, também ela enviada, masdurante séculos mais sepreocupada consigo e sua imagemque com a missão que lhe foraconfiada. Perdeu, assim, em favorde alguns, o ardor e a inquietaçãoque expressam a urgênciamissionária.Ser cristão à escala universal exigeformação, abertura e respeito. Nadasacrificando do que é essencial àsua fé, o cristão inserido na históriado cristianismo, carrega, consigo ecom os demais, o encargo de sertestemunha de Cristo, até aosconfins da terra e do tempo. “ Só ocristianismo, pela sua

originalidade e história, será capazde dar sentido e consistência e levara cabo a integração interna e externada humanidade” Diz Walter Kasperque é este o caminho para tocar onovo ecumenismo.Não o fará a partir de fora, mas daabertura ao bem e à verdade queexiste nas pessoas concretas, queprocuram, noutros caminhos sentidopara a sua vida. Estas pessoasestão perto de nós, em nossa casaou no trabalho, convivem connoscoe esperam dos crentes respeito,abertura e apreço.O cardeal Martini, para abrircaminhos novos no diálogo com nãocrentes, alguns deles denegriamcom suspeitas os seus propósitos,interrogava-se sobre o “que crê,quem não crê”. Era maneira delançar pontes, fazer propostas,manifestar, para com todos,sentimentos evangélicos, positivos efraternos. Quem não é da Igreja nãoquer dizer que não seja de Deus enão procure ser fiel a valoresdivinos que leva consigo, mesmoque não os julgue tais.

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Programa governativo:escutar o silêncio da Serra daArrábida

Luís Filipe Santos,Agência Ecclesia

1 - Esta semana, devido à temperatura queassolou o país, os alertas vermelhos inscreveramo seu nome, não apenas nos termómetros mas,também, na sociedade portuguesa. Os aplausosno Mosteiro dos Jerónimos (tomada de posse deD. Manuel III, como Patriarca de Lisboa) foramcapa de jornais. Alguns, à chegada do presidenteda República, Aníbal Cavaco Silva, e do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, bateram palmas.Não estive presente na cerimónia, mas não sedeve confundir o político e o ser humano na suadimensão religiosa.Apesar de terem sido colocados em local dedestaque na celebração, confesso que não seise os políticos citados foram à tomada de possede D. Manuel Clemente como cristãos ou noexercício das suas funções. Os aplausos foramnotícia… Se existissem apupos também erammanchete. O silêncio talvez fosse matérianoticiosa porque alguém se lembrava de dizerque os presentes mostraram um sentimentoalheio ou indiferente à presença das pessoascitadas. Só as pedras rendilhadas dos Jerónimossabem o segredo dos aplausos. 2 – Os termómetros subiram a escalada.Mergulhar na Arrábida, não significa banhar-senas águas

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atlânticas que tocam na serra. Nestecaso, mergulhar significa entrar napalavra e no verbo de Sebastião daGama e de frei Agostinho da Cruz. Apaisagem inspira e foi um autênticoaltar para muitos poetasportugueses. Percorrer os trilhosverdejantes com o azul marítimo afazer companhia é um óptimomanjar para os caminheiros.Na Serra da Arrábida não háaplausos nem assobios, apenas seescuta o silêncio na companhia dascigarras. Este silêncio não énotícia… Mas senti uma atmosferapositiva/espiritual nos miradouros daserra com odor poético que observade forma permanente a «pedrad´anicha». A minha decisão não é irrevogável,mas aconselho uma visita – comparagem para dialogar com osilêncio - aos mistérios da «serramãe». Talvez a música silenciosapossa ajudar a encontrar averdadeira salvação para Portugal.A escuta é boa conselheira… Massem os holofotes da comunicaçãosocial.

3 – Portugal tem sido notícia naimprensa internacional por motivospouco abonatórios. Um novoresgate… Uma crise política…Atraso no regresso aos mercados.Num mundo globalizado, a vertentematerial domina o ser humano.Cada pessoa é um número e o restoé apenas roupagem que serve depanejamento. A imagem do «bomaluno» está a desaparecer com otempo. Será culpa dos lusitanos ouda classe dirigente que adoptou ademagogia e as decisõesirrevogáveis?Em França, um ciclista português,Rui Costa, percorre quilómetros equilómetros com as cores dabandeira nacional. O poveiro queestá a fazer, até ao momento, umexcelente Tour (Volta à França embicicleta) não é citado na imprensageneralista. Apenas umas linhas nosjornais desportivos. Este ano jáganhou a volta à Suíça em bicicleta,tal como no ano anterior. O que épositivo não vende… Mas, comodisse Sebastião da Gama: «Pelosonho é que vamos».

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Voluntariado missionário,dinâmica solidáriaA Fundação Fé e Cooperação (FEC), da Igreja Católica, revelou que 1478 pessoas vão este ano integrar projetos de voluntariadomissionário dentro e fora de Portugal, sinónimo de uma “dinâmica desolidariedade” bem enraizada na sociedade. Em entrevista aoPrograma ECCLESIA, Patrícia Fonseca, coordenadora da Rede deVoluntariado Missionário, destaca o número recorde de 405 jovens eadultos que estão a preparar-se para prestar serviço em países maisdesfavorecidos, especialmente no continente africano

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Agência ECCLESIA (AE) – O que éo voluntariado missionário?Patrícia Fonseca (PF) – Ovoluntariado missionário é umatipologia muito específica devoluntariado, assemelha-se aovoluntariado para a cooperação, ovoluntariado internacional, mas temuma matriz católica.No fundo, estes missionáriosintegram missões católicas, muitasvezes ligadas a institutosmissionários, outras ligadas aparóquias ou dioceses com carizmissionário, e trabalham emmissões católicas em países em viasde desenvolvimento, sobretudo nospaíses de expressão portuguesa. AE – Ao longos destes 25 anos,mais de 5 mil pessoas foramformadas, menos se calharpartiram. Explique-nos um poucoeste processo de formação.PF – O voluntariado missionáriointegra um plano de vidaestruturado que estas pessoas játêm, não aparece do nada, um diaacordam e querem fazervoluntariado, faz parte do seuprojeto de vida.Como tudo aquilo que faz parte donosso plano de vida, requer

amadurecimento, reflexão,discernimento, e a formação que édada aos voluntários éprecisamente esse processo.O voluntário, ao longo deste tempode formação, normalmente um anoletivo, vai percebendo o que échamado a fazer, se isso vai aoencontro do que é proposto.Este processo de formação é estecasamento, é este encontro davontade do voluntário e da vontadede Deus, que é expressa através daorganização pela qual ele é enviado.É também este discernimento, dovoluntário se quer ou não partir, eda organização perceber se ele temou não a capacidade de integrar asmissões a que é chamado.

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AE – Uma formação que é oferecidatanto pela Fundação Fé eCooperação como por parte dasentidades a que os voluntáriosestão agregados.PF – Sim, a FEC oferece um planode formação que é semprecomplementar, e eu gosto de frisaristo, ao plano de formação que cadaorganização oferece aos seusvoluntários.O nosso plano é curto, são cincosessões, cinco fins-de-semana aolongo do ano mas nas organizaçõesos voluntários têm encontrossemanais, alguns quinzenais depreparação.Os encontros da FEC, para além dacomplementaridade dos temas, sãotambém um espaço de encontroentre diferentes realidades, porqueapesar de serem todos voluntáriosmissionários, têm diferentescarismas, formas de estar, porqueas organizações são diferentes.É uma forma também de seencontrarem as diferentesexpressões do voluntariadomissionários, naqueles fins-de-semana que normalmentecongregam cerca de 40 a 50pessoas, um espaço para percebercomo é que o outro faz, como é queeu também estou a fazer.

AE – 61 entidades fazem partedesta Rede de VoluntariadoMissionário. Apresentam diferentesprojetos pastorais nos países demissão?PF – A intervenção é muitosemelhante, são sobretudointervenções na área da educação,com jovens, com professores, comcampanhas de sensibilização naárea da saúde, também paradeterminadas doenças.Também na área pastoral, dadinamização de comunidadescristãs, de apoio à catequese, etambém muito na área da animaçãosociocultural das comunidades.Quase todas as organizaçõestrabalham nestas quatro áreas,depois a forma como trabalham e oque fazem é uma resposta àsnecessidades locais.Apesar de trabalharem nasdiferentes áreas, procuramossempre ir ao encontro daquilo que apopulação local tem necessidade,da sua cultura, da sua forma deestar, portanto há também estaaproximação, a intervenção difereconsoante a população queencontramos.

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AE – Este ano partem 405 pessoasem missão “ad gentes”. Cá emPortugal, 1073 vão estar envolvidosem projetos de missão. Quesignificado representam estesnúmeros, nos dias de hoje?PF – Quero frisar que há muitosmais voluntários em Portugal. Estesnúmeros que recolhemos são sódestas organizações que integram aRede de Voluntariado Missionário.Do ano passado para este ano, onúmero de voluntários destasorganizações que fazem trabalhoem Portugal aumentousignificativamente - o ano passadoforam cerca de 600 e este ano sãocerca de 1000.Isto mostra as duas dinâmicas

onde estes voluntários estãoenvolvidos: olham para dentro dasua casa, aqueles que trabalhamem Portugal, para as dificuldades dopaís, sobretudo nas aldeias maisisoladas.O trabalho é muito feito com osidosos que vivem sozinhos etambém com as crianças que nestaaltura das férias não saem e estãonas suas aldeias.Mas também têm outra dinâmica queé olhar para fora, para aquilo quenós não conseguimos ver com osnossos olhos mas sabemos queexiste, e porque sabemos que existequeremos intervir.Acho muito interessante esta dupladinâmica, de olhar para dentro mastambém para fora.

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AE – Este é um número que se temconsolidado, no voluntariadomissionário em Portugal?PF – Sim, todos os anos vão cadavez mais voluntários, do anopassado para este ano vão mais oumenos os mesmos, cerca de 400,mas há cinco anos iam cento epoucos, não chegavam a 200, e há25 anos foram os primeiros 9.Olhar para trás e perceber que noprimeiro ano partiram 9 e 25 anosdepois já são mais de cinco mil éuma dinâmica crescente mastambém é uma dinâmicaconsolidada. Não interessa crescer só parasermos muitos, interessa crescerpara que as comunidades comquem trabalhamos possam ter maisapoio, se possam desenvolver eelas próprias crescerem. AE – Sendo o voluntariadomissionário uma marca da Igreja,tem uma matriz cristã, pode-se dizerque estas quase 1500 pessoas queeste ano estão envolvidas emprojetos de missão assumiram a suavocação batismal?PF – Disso não tenho muitasdúvidas, é um voluntariado de

matriz cristã e estes voluntários ouleigos assumem a sua condição debatizados, é nessa condição quequerem intervir.É este ponto que nos distingue dovoluntariado para a cooperação, é oassumirmos a nossa condição debatizados e o querermos fazer comoJesus fez. No fundo, a vida de JesusCristo é a gramática que estesvoluntários têm para a suaintervenção. AE – Olhando para dados que aRede de Voluntariado Missionário,através da FEC, lançourecentemente, eles referem quemuitos pediram licença semvencimento para partir, 20 por centoestão empregados e vão usar assuas férias de verão para estaremenvolvidos nestes projetosmissionários. O que é que isto nosdiz?PF – É curioso porque normalmentetemos a ideia de férias, de quererdescansar, ir para a praia, não fazernada, e há muita gente que tem umconceito de férias diferente, de secolocar ao serviço e de doar aquiloque tem, que é tempo econhecimento.

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Significa esta dinâmica desolidariedade, de encontro com ooutro, e é interessante tambémperceber que sobretudo entreaquelas que vão por períodosmaiores, de um ano ou dois, há umnúmero ainda significativo que sedesemprega para partirem emmissão.Quando voltar não sabe o que vaiencontrar, se vai ter emprego, senão vai, nesta situação que vivemosé possível que não tenha, masainda assim toma esta opção quenão deixa de ser radical, de hojedeixarmos o nosso emprego paraparticiparmos num projeto desolidariedade.

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AE – Olhando para a forma comoacompanha esta dinâmica dovoluntariado missionário, pode-sedizer que tem marcado a própriaforma como a Igreja e a própriasociedade olham para ovoluntariado.PF – Sim, nós somos semprealiciados por esta questão dovoluntariado missionário, gerasempre muita curiosidade, porque éque os jovens partem, se é umaquestão de aventura, se é paraacumularem experiências.Aquilo que nós vamos percebendo éque o voluntariado missionárioresponde a um projeto de vida, queé dos voluntários e que é também oprojeto de vida que Deus tem paraestas pessoas.Neste sentido vai marcando a vidada Igreja, porque vai tendo cadavez, de ano para ano, algumaexpressão e algum significado.

AE – Dos voluntários que partem,que relatos é que lhes chegamdepois destas experiências de ummês ou de um ano. O que é que lhedizem?PF – Que querem voltar, queaprenderam muito mais do queaquilo que deram, esta é a fraseque mais se ouve.Os voluntários sentem que têmmuito a dar, sobretudo ao nível doconhecimento, mas aquilo querecebem do ponto de vista afetivo,emocional, de relação, é muito maiordo que aquilo que à partidaesperavam.Nesse sentido, sentem que aquiloque recebem das pessoas comquem trabalham é muito mais doque aquilo que dão.Mas também aprendem outrasformas de ser, de estar, valorizammuito mais recursos naturais como aágua. Aqui basta abrir a torneira

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e temos água, mas nestascomunidades onde os voluntáriostrabalham muitas vezes têm de fazermuitos quilómetros a pé para teremágua para beber, para se lavaremou para cozinhar.Portanto há esta valorização dosrecursos e esta noção dasinterdependências e do mundoglobal em que vivemos. AE – Porque os projetos sãopensados em parceria com ascomunidades locais, que recebemos voluntários, é importante tambémperceber de que forma é que essaspróprias comunidades recebem oupercebem mudanças deintervenção. Que relatos é que voschegam?PF - Das comunidades há sempre aalegria grande de terem voluntáriose pessoas de fora a trabalhar, aajudar

na dinâmica. Mas é preciso tambémperceber que os voluntários, mesmoaqueles que estão num períodomaior, um ou dois anos, é umperíodo curto na vida das pessoas edas comunidades.Aquilo que é muito valorizado nascomunidades é a presença da IgrejaCatólica, das missões católicas noterreno.E porque os voluntários integramestas missões, nunca podemosdesvincular a ação dos voluntáriosdestas missões católicas, de padres,de irmãs, que estão todos os dias,há muitos anos, 30, 40 anos, noterreno.Portanto, a experiência de um ano,dois anos, dos voluntários évalorizada pelas pessoas, mas maisdo que isso é a presença contínuada comunidade católica, dasmissões católicas.

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Lumen Fidei – uma breve teologia dafé

João Manuel Duque –UCP Braga

A primeira Encíclica do Papa Francisco – que emrealidade é também e sobretudo a última deBento XVI – completa o tríptico que orientou opontificado do Papa emérito: as virtudesteologais, como núcleo do cristianismo, namedida em que articulam o modo fundamentalcomo a ação salvífica de Deus se realiza na açãohumana, enquanto os humanos amam, esperame acreditam. Assim como as anterioresconstituíam uma síntese teológica sobre acaridade e sobre a esperança, assente natradição bíblico-eclesial mas em debate comquestões centrais da cultura contemporânea,assim esta pode ser considerada uma breveteologia da fé, para os humanos de hoje, acontas com os seus típicos problemasexistenciais e globais.A organização da encíclica é simples: umprimeiro capítulo, em que são apontados osnúcleos histórico-salvíficos da fé cristã; umsegundo capítulo, em que é trabalhado de modoconcentrado o conhecimento de fé, sobretudo nasua dimensão pessoal; um terceiro capítulo, emque são apontados os elementos fundamentaisda mediação eclesial da fé e um último capítulosobre a sua dimensão sócio-política. Tudotermina com a evocação de Maria como íconedos crentes, ou seja, como incarnação perfeitado ser humano crente – o que é, sem dúvida,sintomático, do ponto de vista da Mariologia, maso meu tema é outro.

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“A fé desvenda-nos o caminho eacompanha os nossos passos nahistória” (8). Partindo destaincarnação histórica dacompreensão do que é a fé, do seuconteúdo e também do seu efeitosobre os humanos, o Papa conduz-nos pelos marcos mais significativosda história que constitui a nossamemória: Abraão, desafiado a crerem confiança e despojamento totais;toda a história de Israel, comohistória de um caminho de fé ouconfiança em Deus, nas vicissitudesde um percurso humano, tambémsujeito a infidelidades; a história deJesus como plena realização dafiabilidade de Deus, na dádiva davida por amor, apesar do paradoxoaí presente, pois a promessa deDeus parece ruir na sua morte; ahistória dos cristãos, que são nãoapenas os que acreditam ouconfiam em Jesus Cristo como Deussalvador, mas também aqueles queacreditam com e como Ele, isto é,que passam a ver o mundo e arealidade com olhos novos, que sãoprecisamente os olhos da fé. É essaparticipação que permite considerara

dimensão salvífica da fé, pois, emCristo somos salvos, na medida emque partilhamos o seu modo deestar no mundo, por dádiva gratuitasua. Esse modo novo de ser e deestar realiza-se em comunidade, porisso a fé possui uma forma eclesial.Antes de explorar o significadoconcreto dessa forma eclesial, aencíclica explora a sua formapessoal – mesmo que estas duasdimensões não possam nunca serseparadas, quase nem sequerfacilmente distinguidas, em muitosaspetos. A opção do Sumo Pontífice,é iniciar a análise do crer pessoalpela dimensão do conhecimento,partindo da famosa tradução deIsaías 7, 9: “Se não acreditardes,não compreendereis”. No entanto,para evitar reduções intelectualistas,fica claro que a compreensão deque aqui se fala tem a ver com asquestões essenciais da vida, queapenas se conhecem com a lógicado amor. Esta, de facto, permite realacesso à verdade, e não apenasexperiências sentimentais. Há, pois,uma espécie de fusão entrecaminho do sentimento e caminhoda verdade,

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sem alternativas falsas: nem osentimento (do amor) pode alhear-se da questão da verdade (ficariapuro sentimentalismo), nem estapode ser profundamentecompreendida sem a participaçãoda emoção (ficaria frioracionalismo). Neste caminho queenvolve a totalidade do humano,este responde a uma interpelaçãona palavra, na medida em queescuta um apelo (também ético) e,livremente, responde; e acolheaquilo que lhe é dado a ver, numadimensão da visão que só a fé podeabrir. Ver o mundo de outro modo,na fé, é a consequência da respostapositiva ao apelo que convoca acrer – não é, por isso, nem produtoda capacidade humana, nem umforça instintiva da natureza. Estemodo de ver não é irracional masimplica a colocação daracionalidade num nível próprio,anterior mesmo a ouros exercíciosdessa racionalidade. Por isso, emvez de se opor, complementa ereorienta até mesmo a racionalidadecrítico-científica: “A fé desperta osentido crítico, enquanto impede apesquisa de se deter,

satisfeita, nas suas fórmulas eajuda-a a compreender que anatureza sempre as ultrapassa.Convidando a maravilhar-se diantedo mistério da criação, a fé alargaos horizontes da razão para iluminarmelhor o mundo que se abre aosestudos da ciência” (34). Abre-se,assim, um perspetiva em que sãoacolhidos todos os humanos,mesmo os que explicitamente nãocreem, mas se encontram em buscado verdadeiro sentido da vida.“Configurando-se como caminho, afé tem a ver também com a vida doshomens que, apesar de nãoacreditar, desejam-no fazer e nãocessam de procurar” (35).A dimensão eclesial da fé éabordada, nesta encíclica,sobretudo na perspetiva datransmissão da fé. Mesmo queninguém possa ser substituídodiretamente na sua opção crente, ocerto é que não chega a ela,sequer, sem a mediação concretada comunidade eclesial, nem podeguardar o tesouro da sua fé para simesmo. É neste dinamismo que a féde cada cristão acontece sempre

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em vida eclesial. A encíclica analisa,neste contexto, o significado dossacramentos da iniciação nesteprocesso de transmissão viva da fé,que incarna sempre na realidadeexistencial e celebrativa de cadasujeito e de cada comunidade local.A propósito desta dimensão da fé, oSumo Pontífice coloca especialacento na unidade e integralidadeda fé: “A fé é una, em primeiro lugar,pela unidade de Deus conhecido econfessado. Todos os artigos de fése referem a Ele, são caminhospara conhecer o seu ser e o seuagir; por isso, possuem umaunidade superior a tudo quantopossamos construir com o nossopensamento, possuem a unidadeque nos enriquece, porque secomunica a nós e nos torna um.Depois, a fé é una, porque se dirigeao único Senhor, à vida de Jesus, àhistória concreta que Ele partilhaconnosco… Por último, a fé é una,porque é partilhada por toda aIgreja, que é um só corpo e um sóEspírito”(47). O Magistério da Igreja,através da sucessão apostólica,está ao serviço desta unidade, queé também um serviço àintegralidade da fé transmitida.

Por último, a encíclica aborda umadimensão da fé que, de certo modo,não era habitual nos tratadostradicionais: aquilo que podemosconsiderar a sua dimensão sócio-política. Ou seja, a razão de ser doato de fé de cada pessoa crente,assim como a razão de ser dacomunidade eclesial em que seenquadra, não é, em últimasinstância, apenas esse sujeitocrente, nem sequer apenas acomunidade eclesial, como tal. O atode crer, em todas as dimensõesabordadas, orienta-se para atransformação do mundo, rumo àverdadeira cidade. “A firmeza da fése refere também à cidade queDeus está a preparar para ohomem. A fé revela quão firmespodem ser os vínculos entre oshomens, quando Deus Se tornapresente no meio deles. Não evocaapenas uma solidez interior, umaconvicção firme do crente; a féilumina também as relações entre oshomens, porque nasce do amor esegue a dinâmica do amor de Deus.O Deus fiável dá aos homens umacidade fiável” (50). E essa cidadenão pode ser uma qualquer, masapenas

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aquela que corresponde ao modode ser na fé: “Devido precisamenteà sua ligação com o amor (cf. Gl 5,6), a luz da fé coloca-se ao serviçoconcreto da justiça, do direito e dapaz”. (51). Nesse sentido, ganha-seclara consciência do contributo dafé para o percurso histórico de todaa humanidade, mesmo para aquelesque explicitamente não creem.Assim como a caridade e aesperança são fundamentais à vidae ao futuro dos humanos, assim a féé essencial ao sentido de todos.“Por isso, a fé é um bem para todos,um bem comum: a sua luz nãoilumina apenas o âmbito da Igrejanem serve somente para construiruma cidade eterna no além, masajuda também a construir as nossassociedades de modo que caminhempara um futuro de esperança” (54).Dos modos de realização dessecontributo da fé para o futuro dahumanidade, a encíclica destaca afamília, como antecipação básica danova cidade (pela aliança nadiferença entre homem e mulher,pela paternidade e maternidade,pela filiação e pela fraternidade).Desse exercício muito específico,resulta uma visão do humanoinconfundível e

única: a consideração de cadahumano como pessoa: “Quantosbenefícios trouxe o olhar da fé cristãà cidade dos homens para a suavida em comum! Graças à fé,compreendemos a dignidade únicade cada pessoa, que não era tãoevidente no mundo antigo” (54).Mas a luz da fé permite ainda outravisão sobre a natureza, que édádiva a cuidar; sobre o perdão,que é possível, para além doconflito; e mesmo sobre a duraquestão do sofrimento, que não éexplicado mas enviado para aesperança: “A fé não é luz quedissipa todas as nossas trevas, maslâmpada que guia os nossos passosna noite, e isto basta para ocaminho. Ao homem que sofre, Deusnão dá um raciocínio que expliquetudo, mas oferece a sua respostasob a forma duma presença que oacompanha, duma história de bemque se une a cada história desofrimento para nela abrir umabrecha de luz” (57).Nos vários momentos da encíclica,sobressai uma especialpreocupação com a relação entre fée verdade (entendida comoreferência comum ou universal).Acentua-se a dificuldadecontemporânea de assumir essa

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universalidade da verdade, diluindo-a na subjetividade da autenticidadeou no relativismo das opções. Ocaminho apontado, pela aliança coma fé, é o de uma universalidadecompreendida e tornada possívelatravés da universalidade do amor.A verdade da fé é a verdade doamor: “sentimos muita dificuldadeem conceber uma unidade namesma verdade; parece-nos queuma união do género se oporia àliberdade do pensamento e àautonomia do sujeito. Pelo contrário,a experiência do amor diz-nos que épossível termos uma visão comumprecisamente no amor: neste,aprendemos a ver a realidade comos olhos do outro e isto, longe denos empobrecer, enriquece o nosso

olhar. O amor verdadeiro, à medidado amor divino, exige a verdade e,no olhar comum da verdade que éJesus Cristo, torna-se firme eprofundo”(47).Parece-me poder encontrar nesterepetido gesto que procura ocaminho para uma verdade comumaos humanos, claramente o gestocentral do pontificado de Bento XVI.Talvez o acento da dimensão sócio-política possa anunciar o gesto doPapa Francisco, no início de umpontificado que já despertou tantaesperança. Seja como for, não hásequer alternativa entre um e outro,pois ambos são incarnação do únicogesto que constitui a permanentemissão do cristão e da Igreja.

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Encíclica a quatro mãos sobre a fée o mundo contemporâneoO Papa Francisco publicou a 5 dejulho a sua primeira encíclica,dedicada ao tema da fé, na qualafirma que a mensagem cristã éuma resposta à crisecontemporânea da “verdade”.“Lembrar esta ligação da fé com averdade é hoje mais necessário doque nunca, precisamente por causada crise de verdade em quevivemos”, pode ler-se nodocumento, intitulado ‘Lumen fidei’(Luz da fé), que retoma umareflexão iniciada por Bento XVI.Francisco assume as preocupaçõesdo seu predecessor relativamente aum relativismo no qual a “questãosobre a verdade de tudo” já “nãointeressa”. “Na culturacontemporânea, tende-sefrequentemente a aceitar comoverdade apenas a da tecnologia”,pode ler-se.Segundo o Papa, esta verdadeparece ser “a única certa, a únicapartilhável”, restando depois “asverdades do indivíduo”, que nãopodem ser propostas aos outros.A encíclica fala numa “verdade

grande” que explica o conjunto davida pessoal e social, apesar de servista “com suspeita”, lamentando-seo que se denomina por “grandeobnubilação da memória” no mundocontemporâneo.Francisco sublinha que “a fé não éintransigente, mas cresce naconvivência que respeita o outro” eque pode “pode iluminar asperguntas” da sociedade atual, naqual muitas vezes é “impossíveldistinguir o bem do mal”.O texto refuta a ideia de que a fécristã seja uma alienação,apresentando-a, pelo contrário,como um “bem comum”, que ofereceà sociedade “um futuro deesperança”. “A fé não afasta domundo, nem é alheia ao esforçoconcreto dos nossoscontemporâneos”, frisa.Para Francisco, “sem verdade, a fénão salva” e seria uma “linda fábula”ou “um sentimento bom que consolae afaga”, mas “incapaz de sustentarum caminho constante na vida”.

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“Apenas na medida em que o amorestiver fundado na verdade é quepode perdurar no tempo, superar oinstante efémero e permanecerfirme para sustentar um caminhocomum”, adverte o Papa, para quem“sem o amor, a verdade torna-sefria, impessoal, gravosa para a vidaconcreta da pessoa”.Apresentando a fé como “escuta evisão”, Francisco observa que estase transmite também “como

palavra e como luz”.“A luz da fé coloca-se ao serviçoconcreto da justiça, do direito e dapaz. A fé nasce do encontro com oamor gerador de Deus que mostra osentido e a bondade da nossa vida”,assinala.O Papa acrescenta que esta luz “écapaz de valorizar a riqueza dasrelações humanas”, oferecendo um“Pai comum” à “fraternidadeuniversal entre os homens”.

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Deus e a humanidade em busca deluzO Papa Francisco afirma que arelação da fé com o mundocontemporâneo é marcada peladesconfiança e reitera a importânciade acreditar num sentidotranscendente para a vida. “Quandoo homem pensa que, afastando-sede Deus, se encontrará a si mesmo,a sua existência fracassa”, escreve,na ‘Lumen fidei’.O Papa argentino assinala quemuitos veem na fé um elemento das“sociedades antigas” que não servepara “os novos tempos, para ohomem tornado adulto, orgulhosoda sua razão”. “Nesta perspetiva, afé aparecia como uma luz ilusória,que impedia o homem de cultivar aousadia do saber”, observa, ao citaro filósofo alemão Nietzsche (1844-1900), segundo o qual “o crer opor-se-ia ao indagar”.Assim, indica o Papa, a fé acaboupor ser associada à “escuridão” eentendida como um “salto no vazio”,capaz de “aquecer o coração econsolar pessoalmente, masimpossível de ser proposta aosoutros como luz objetiva e comumpara iluminar o caminho”.Francisco defende que a fé cristã

não é “um refúgio para gente semcoragem” e evoca o poeta norte-americano T. S. Eliot (1888-1965)para evidenciar que “quando a féesmorece, há o risco deesmorecerem também osfundamentos do viver”. “Se tiramosa fé em Deus das nossas cidades,enfraquecer-se-á a confiança entrenós, apenas o medo nos manteráunidos, e a estabilidade ficaráameaçada”, avisa.O Papa afirma que a fé não fazesquecer “os sofrimentos domundo”, mas oferece a resposta deDeus para “abrir” nestes “umabrecha de luz”. Francisco destaca ofacto de a crença no “amor de Deuscriador” levar a um “maior respeitopara a natureza”, recusandomodelos de progresso que sebaseiem apenas “na utilidade e nolucro”.A reflexão papal sustenta tambémque o olhar da ciência “tirabenefícios da fé”, pois “convida ocientista a permanecer aberto àrealidade, em toda a sua riquezainesgotável”. O texto passa emrevista a história da fé na Bíblia, quepassa por Abraão, o povo de Israele Moisés, entre outros: “A fé é aresposta a uma Palavra que

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interpela pessoalmente, a um Tuque nos chama pelo nome”.Segundo Francisco, esta fé,enquanto “memória do futuro”, estáintimamente ligada com a esperança.

A encíclica evoca a “tentação daincredulidade” e a “idolatria”, querecusam “um convite para se abrir àfonte da luz, respeitando o mistériopróprio de um Rosto que pretenderevelar-se de forma pessoal e nomomento oportuno”.

Papa FranciscoO Papa Francisco disse este domingo no Vaticano esperar que a suaprimeira encíclica possa ser “útil” também para quem não tem fé. “Pensoque esta encíclica, pelo menos nalgumas partes, pode ser útil tambémpara quem está em busca de Deus e do sentido da vida”.O texto defende que a fé tem a ver também com a vida dos que, apesarde não acreditarem, o “desejam” fazer, procurando “agir como se Deusexistisse”.

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Fé é património da IgrejaO Papa Francisco assinala na suaprimeira encíclica, que publicouhoje, a dimensão eclesial da fé, aqual diz ser mais do que “um factoprivado” ou “uma opinião subjetiva”.“A fé não é só uma opção individualque se realiza na interioridade docrente, não é uma relação isoladaentre o ‘eu’ do fiel e o ‘Tu’ divino,entre o sujeito autónomo e Deus,mas, por sua natureza, abre-se ao‘nós’, verifica-se sempre dentro dacomunhão da Igreja”, escreve. Parao Papa, é “impossível” acreditarsozinho, pelo que a fé tem umaforma “necessariamente eclesial”.Francisco pede que os crentes nãose envergonhem de Deus ou serecusem a confessar a sua fé na“vida pública”. “A fé ilumina a vidasocial: possui uma luz criadora paracada momento novo da história”,observa.A reflexão sustenta que a “profissãode fé” é mais do que concordar com“um conjunto de verdadesabstratas”. "O fiel é convidado aentrar no mistério que professa e adeixar-se transformar por aquilo queconfessa”, pode ler-se.

Francisco destaca, por outro lado,que no centro da fé bíblica há “oamor de Deus, o seu cuidadoconcreto por cada pessoa”, que“atinge o clímax na encarnação,morte e ressurreição de JesusCristo”.O Papa argentino passa em revista“quatro elementos que resumem otesouro de memória que a Igrejatransmite”: a confissão de fé, acelebração dos sacramentos, ocaminho do decálogo, a oração. “Opassado da fé, aquele ato de amorde Jesus que gerou no mundo umavida nova, chega até nós namemória de outros, dastestemunhas, guardado vivonaquele sujeito único de memóriaque é a Igreja”, realça o texto.Para Francisco, esta fé em Jesusnão separa os cristãos da realidade,mas leva-o “a comprometer se, aviver de modo ainda mais intenso oseu caminho sobre a terra”. “Anossa cultura perdeu a noção destapresença concreta de Deus, da suaação no mundo; pensamos queDeus se encontra só no além”,avisa.

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O Papa refere que no Batismo, ohomem recebe “uma doutrina quedeve professar e uma formaconcreta de vida que requer oenvolvimento de toda a suapessoa”. A este respeito, apresenta-se uma reflexão sobre “o sentido e aimportância do Batismo dascrianças”. “A fé é vivida no âmbitoda

comunidade da Igreja, insere-senum ‘nós’ comum. Assim, a criançapode ser sustentada por outros,pelos seus pais e padrinhos, e podeser acolhida na fé deles que é a féda Igreja”, precisa o documento.A encíclica, divida em 60 pontos,conclui-se com uma oração a Maria,“Mãe da Igreja e Mãe da fé”.

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A relevância da féperante mundo em descrença

Octávio Carmo, AgênciaECCLESIA

A primeira encíclica de Francisco é, como opróprio admite, um texto escrito a quatro mãos,com uma marca significativa deixada pelo agoraPapa emérito Bento XVI. Associando reflexãoteológica, a análise bíblica, o contributo daliteratura e os questionamentos da filosofia, a‘Lumen fidei’ surge como um roteiro para oscatólicos em defesa da relevância da fé nummundo em que a descrença e, sobretudo, adesconfiança face à verdade vão ganhandoterreno.O objeto deste documento magisterial é claro: apalavra fé surge na encíclica mais de 350 vezes,sendo definida na sua relação com Deus e aIgreja, bem como em contraposição a váriasideologias ou preconceitos relativamente ao queé professado pelos católicos.Para o Papa, na senda do seu antecessor, a féuma proposta válida que ultrapassa os riscos dorelativismo e visões individualistas, sem se limitara uma visão estática da espiritualidade, a umaespécie de alienação da realidade.A fé, escreve Francisco, não se impõe, não devealimentar fundamentalismos, mas deve ajudar adar sentido à vida humana e abrir horizontespara a construção de uma sociedade comesperança no futuro, mais justa e fraterna.Esta primeira encíclica dirige-se sobretudo parao interior da Igreja e para a necessidade

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de assumir a memória e opatrimónio da fé, uma experiênciatransformadora e libertadora queninguém está dispensado detransmitir, segundo o Papa.O texto, aproximadamente domesmo tamanho da primeiraencíclica de Bento XVI - ‘Deuscaritas est’ – vai marcar por certo asanálises aos primeiros meses doatual pontificado, mas fica tambémcomo um testemunho ao magistériodo Papa emérito, cujo pensamentoé perfeitamente reconhecível aolongo da encíclica, desde logo nareferência inicial a Nietzsche e aos“tempos modernos” que questionama fé

como algo do passado, limitando oalcance da existência humana.A resposta a este desafio éplenamente assumida porFrancisco, que lança a Igreja aoencontro desta “crise” da verdadecom a luz da fé, capaz de iluminartoda a existência, como escreve.“Longe de nos endurecer, asegurança da fé põe-nos a caminhoe torna possível o testemunho e odiálogo com todos” – umaconstatação do Papa argentino queé também um pedido, fundamentalnum cenário internacional marcadopelas crises, os extremismos e afalta de esperança.

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JMJ: A bomba do amor

O diretor do Departamento Nacionalde Pastoral Juvenil espera que apróxima Jornada Mundial daJuventude (JMJ) no Brasil seja umtempo para os jovens católicosdesenvolverem dons e perspetivarema sua missão.Em entrevista concedida aoPrograma ECCLESIA, na RTP2, opadre Eduardo Novo realça que“cada jovem transporta dentro de siuma grande bomba, o amor que seabre”, e as jornadas pretendemajudar os mais novos a identificarem“o seu sentido de vida, o seu papel naconstrução da sociedade e da Igreja”.Nesta perspetiva, o evento que vaidecorrer entre 23 e 28 deste mês noRio de Janeiro é também encaradopelo sacerdote como umaoportunidade para a Igreja reforçarque “confia nos jovens” e que “omundo necessita que cada um seassuma como protagonista dahistória”, nos mais diversoscontextos.

No meio das “circunstânciaseconómico-financeiras que o paísatravessa”, desafiar um jovem apagar “mais de 1500 euros paraparticipar na JMJ é uma realidadecomplicada e difícil”, reconhece opadre Eduardo Novo.Foi precisamente por isso que oDepartamento Nacional da PastoralJuvenil, em consonância com todosos secretariados diocesanos emovimentos juvenis, apostou narealização de um programa deatividades relacionado com asjornadas, em diversos pontos doterritório português. O “Rio in Douro”,no Porto, o “Mergulha in Rio”, emViseu, “Do Cristo Rei ao CristoRedentor”, em Setúbal, e o “Made inRio”, na Madeira, nos próximos dias27 e 28, são algunsdos eventos direcionados paraaqueles que não puderam seguirviagem para o Brasil.Para o responsável pelo setornacional da pastoral juvenil, o factode algumas dioceses organizarematividades e

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muitas outras se associarem a elasmostra “a realidade de um povo, deum país, que o dinamismo da féconsegue reunir”.Quanto ao programa dos peregrinosportugueses no Rio, além dosmomentos de encontro com o PapaFrancisco, em que a grandeexpectativa está centrada namensagem que ele poderá trazer aosmais novos, o destaque vai para arealização de um grande

encontro com as comunidadesportuguesas residentes no Brasil, nodia 24. O principal objetivo desteprojeto, que terá transmissão diretana WebTV oficial da JMJ 2013, é fazercom que a passagem dos jovensportugueses pelo Rio de Janeiro deixeuma “marca indelével” de união entrePortugal e os seus imigrantes, “paraque esta ligação intima não se perca”,conclui o sacerdote.

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Papa contra globalização da«indiferença»O Papa visitou esta segunda-feira ailha italiana de Lampedusa e apeloua uma maior atenção dacomunidade internacional para odrama dos milhares de migrantesque tentam entrar na Europaacabando por perder a sua vida nomar. “Neste mundo da globalização,caímos na globalização daindiferença. Habituamo-nos aosofrimento do outro, não nos dizrespeito, não nos interessa, não éresponsabilidade nossa”, disse oPapa na homilia da missa a quepresidiu no campo desportivo‘Arena’, perante milhares depessoas na ilha mediterrânica,situada a menos de 115 quilómetrosda costa da Tunísia, porta daEuropa para milhares de imigrantesafricanos.A intervenção deixou duras críticasao que Francisco denominou como“globalização da indiferença”provocada por uma “cultura do bemestar” que leva as pessoas aviverem em “bolhas” na ilusão “dofútil, do provisório”.“Senti que tinha de vir aqui hojerezar, realizar um gesto deproximidade, mas

também despertar as nossasconsciências para que aquilo queaconteceu (mortes no mar) não serepita, que não se repita, por favor”,declarou.Francisco usou vestes litúrgicas decor roxa, numa celebração que teveum caráter penitencial e usou restosde barcos no ambão e no cálice,evocando os “imigrantes mortos nomar”, após viagens que “em vez deserem um caminho de esperançaforam um caminho de morte”."Peçamos ao Senhor a graça dechorar sobre a nossa indiferença,sobre a crueldade que há nomundo, em nós, também naquelesque no anonimato tomam decisõessocioeconómicas que abrem ocaminho a dramas como estes",observou.No final da missa, o Papa rezoujunto de uma imagem da VirgemMaria por todos os que “enfrentamos perigos do mar” e suas famílias,pedindoproteção para os migrantes e os quesão “obrigados a fugir da sua terra,em busca de futuro e de esperança”.

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O Papa passou pela paróquia deSão Gerlando, partindo depois parao aeroporto, após aproximadamente4 horas

de visita à ilha italiana, onde lançou aomar uma coroa de flores em memóriados que ali perderam a vida.

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Ano da Fé

O Papa Francisco disse estedomingo no Vaticano que o sucessoda ação da Igreja se mede para láde critérios humanos, alertandopara os riscos do “ativismo” na vidados padres e das pessoasconsagradas. “A fecundidadepastoral, a fecundidade do anúnciodo Evangelho não deriva dosucesso nem do insucesso,segundo critérios de avaliaçãohumana, mas do conformar-se coma lógica da Cruz de Jesus, que é alógica de sair de si mesmo e dar-se,a lógica do amor”, declarou, nahomilia da missa a que presidiu naBasílica de São Pedro.Perante os participantes naperegrinação mundial deseminaristas, noviços e “jovens emcaminhada vocacional”, no contextodo Ano da Fé (outubro de 2013-novembro de 2013), Franciscopediu um “relacionamento constantecom Deus” para que esta missãoseja mais do que uma profissão.“Não é uma profissão, é uma coisadiferente”, insistiu.Um dia antes, na audiência aos

participantes na jornada, o Papadeixou um forte apelo à pobreza:“Fico doente quando vejo um padreou uma irmã com um carro do últimomodelo. Não pode ser! O carro énecessário. Mas arranjem um carrohumilde… E se gostam dos carrosbons, pensem: quantas criançasmorrem de fome. Só nisso!”.

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João Paulo II e João XXIIIa caminho da canonização

O Papa reconheceu oficialmente umsegundo milagre de João Paulo II,depois de ter recebido o parecerfavorável da Congregação para asCausas dos Santos, o que vaipermitir a canonização do beatopolaco. O decreto segundo o qual acura inexplicável à luz da ciênciaatual pode ser atribuída àintercessão do falecido Papa foiassinado por Francisco, que vaiagora convocar um consistóriopúblico para decidir a data dacanonização, anunciou a sala deimprensa da Santa Sé.O Vaticano não deu qualquerinformação sobre a natureza destesegundo milagre. O Papa polaco foiproclamado beato por Bento XVI a 1de maio de 2011, na Praça de SãoPedro.O Papa Francisco também aprovoua canonização de João XXIII, falecidohá 50 anos, dispensando oreconhecimento de um novomilagre.A decisão de avançar com oprocesso

do Papa que convocou o ConcílioVaticano II (1962-1965) foi tomadaapós análise da sessão ordinária dacongregação responsável por estescasos.Angelo Giuseppe Roncalli, JoãoXXIII, beatificado por João Paulo IIem setembro de 2000, nasceu em1881 na localidade de Sotto ilMonte, Bérgamo (Itália).

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Papa no Brasil pela relevância da fé

O Vaticano apresentou a viagem doPapa Francisco ao Brasil, entre os22 e 28 deste, mês como um apeloà “evangelização” das nações detradição cristã, “vítimas daindiferença de uma sociedadeneopaganizada”. “Num tempo emque se verifica um afastamento daprática religiosa e até mesmo umarecusa dos valores cristãos, emmuitas regiões cuja história e culturaforam marcadas pela fé cristã, aIgreja, que nos convida a uma novaevangelização, convoca os jovens aserem protagonistas de um novo eredobrado anúncio do evangelho”,destaca a introdução do missal daviagem, publicado peloDepartamento das CelebraçõesLitúrgicas do Sumo Pontífice.

O Papa vai participar na 28ª JornadaMundial da Juventude (JMJ),iniciativa que tem como lema ‘Ide efazei discípulos de todos os povos’,expressão baseada no evangelhosegundo São Mateus. Segundo oorganismo da Santa Sé, o tema“recorda a urgência missionária domomento histórico”, marcado pelo“secularismo que tenta apagar apresença da fé cristã na sociedadepós-moderna”.O documento estima que o Rio deJaneiro acolha jovens de 190países, durante a JMJ, com aprevisão de cerca de dois milhõesde peregrinos, 11 mil sacerdotes,1500 bispos e 60 cardeais naprimeira viagem de Francisco forada Itália, desde o início dopontificado.O programa do Papa inclui umencontro com “o mundo dosofrimento”, na visita ao Hospital deSão Francisco, às 18h30 (maisquatro horas em Lisboa) de dia 24,onde vai inaugurar um centromédico-

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hospitalar destinado ao tratamentoe recuperação de jovenstoxicodependentes.No dia seguinte há uma iniciativaligada ao mundo desportivo, a partirdas 09h45 locais, com a entregadas chaves da cidade a Francisco ea bênção das bandeiras olímpicasno Palácio da Cidade no Rio deJaneiro.Poucos depois, às 11h00, o Papa“encontra-se com a realidade dapobreza extrema” na visita aosjovens e moradores da comunidadeda Varginha, favela que foi alvo deum programa de recuperação pelasautoridades brasileiras.

O missal destaca outros momentos,como a reunião com alguns jovensdetidos, no palácio arquiepiscopaldo Rio de Janeiro, na sexta-feira(11h30), e o encontro com asociedade civil (sábado, 11h30), que“salienta a importância deevangelizar o mundo da cultura”.No Ano da Fé (outubro de 2012-novembro de 2013), o missal daviagem de Francisco ao Brasil deixavotos de que “a Jornada Mundial daJuventude possa ser para todos ummomento forte do anúncio doevangelho e que cada peregrinopossa ser protagonista da novaevangelização”.

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A Batalha de Tabatô‘Há 4500 anos, enquanto tu fazias atua guerra, criámos a agricultura.Há 2000 anos, enquanto tu fazias atua guerra, criámos a boagovernação dos reinos. Há 1000anos,enquanto tu fazias a tuaguerra, criámos as bases do reggaee do jazz. Hoje, superando a tuaguerra, construiremos contigo a tuapaz.’Assim começa ‘A Batalha deTabatô’, galardoado em Cannescom uma Menção Honrosa nacategoria de primeira obra,reafirmando João Viana (realizadorde ‘A Piscina’, 2004) como um dosmais interessantes realizadores docinema de expressão portuguesa donosso tempo.Nascido em Angola em 1966 e filhode pais portugueses, João Vianaescolheu a Guiné para,simultaneamente, sua primeiralonga e a sua quarta curtametragem, ambas selecionadas, pordiferentes comités, para competiçãoem Cannes. A extraordinária riquezacultural da Guiné e a diversidade degrupos étnicos – mais de trinta –com os seus hábitos e costumes atéhoje tão preservados, são, naspalavras

do próprio, um fator de atraçãodeterminante para um contador dehistórias como se considera.Formado em direito, desbrava oscaminhos do cinema comoautodidata, defendendo que o maisimportante a fazer num filme não seaprende nas escolas de cinema.‘A Batalha de Tabatô’, uma obraentre o documental e a ficção,fortemente enraízada na essênciaidentitária de uma aldeia de músicosque cumpre a arte musical comovivência e garante da harmoniaentre as pessoas – cada qual comseu lugar, todas juntas numasintonia possível – é uma incrívelmetáfora da atual situação daGuiné: inclui o peso e o horror daguerra, explicitado no trauma,também ele enraízado, de umapersonagem que não se conseguelibertar dessa memória e aponta oamor e a arte como claros caminhosde resgate, se não de cadapersonagem, da alma de um povo.A história é a de Fatu, do seu noivoIdrissa e do seu pai, Baio. Fatu éprofessora universitária e o noivo,Idrissa, um músico de Tabatô –

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uma aldeia de músicos, aristocratasque entendem a música como fiel dajustiça e da concórdia entre ospovos. Regressado de Portugal,Baio chega à Guiné para ocasamento da filha. Consigo trazapenas uma mala. O seu regresso,após décadas de ausência, fá-loreencontrar-se com as memóriashorríficas da guerra que ali viveu.Apesar das tentativas de Fatu, eenquanto Idrissa e os músicos deTabatô se preparam para acelebração de um sacramento quefecundará um futuro selado peloamor, a esperança, a concórdia e apaz, Baio trava uma trágica batalhacom os seus demónios, arriscandosacrificar o futuro dos jovens...A história destas três personagensé evidentemente a da própria Guiné(poderia ser a do mundo): umabatalha onde o seu presente efuturo se jogam, entre o peso dedois passados identitários queexprimem as possibilidade de Bem ede Mal (a arte e a guerra), daedificação ou da destruição...filmado a preto e branco, oscontrastes são evidentes e apenaspontuados por um gritante vermelhoque evidencia o grau de tragédia doque se joga nesta história, como nahistória do país.

Pelo pulsar de uma cinematografiabem viva e atenta ao mundo quesomos, ‘A Batalha de Tabatô’ vem,mais uma vez, provar a qualidade docinema português para o qual urgedivulgação, reflexão, mobilização einvestimento, não apenas nosapoios monetários concedidos àprodução e distribuição nacional einternacional, mas sobretudo noacesso de novos públicos que opossam apreciar e genuinamenteCRESCER consigo!E se tarda a sua inclusão noscurricula escolares, a que aexistência de um Plano Nacional deCinema abriria alguma esperança,cabe a cada um de nós,comunicadores, educadores,animadores ou gestores decomunidades familiares, pastoraisou qualquer outra facilitar esseacesso.

Margarida Ataíde

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Turismo Religioso onlinehttp://www.turismoreligioso.org/Numa altura em que os dias sãomais longos e o sol está maispresente, vamos continuar comsugestões para melhor passar assuas férias ou tempos livres. Estasemana a nossa proposta recaisobre um sítio inteiramentededicado ao turismo religioso. Esteespaço promove “um mundo onde oturismo cultural e religioso seja uminstrumento privilegiado para oentendimento e a paz entre ospovos através do conhecimentorecíproco das suas gentes eculturas”. Onde os valoresdefendidos passam pelo “respeitoprofundo pelo ser humano,independentemente da suacondição ou cultura”.Ao digitarmos o endereçowww.turismoreligioso.org temos

os habituais destaques e uma listacom as festividades religiosas maispróximas. No item “Turel”, ficamos asaber que a responsabilidade destesítio é da cooperativa sem finslucrativos designada TCR -Desenvolvimento e Promoção doTurismo Cultural e Religioso e aindaqual o seu organograma ecorrespondentes estatutos.Na opção “a visitar”, encontramosum motor de busca de locais deâmbito religioso na zona norte dePortugal. Podemos pesquisar porregião, concelho, estiloarquitetónico, época eautomaticamente nos é listado umconjunto de espaços e edifíciosreligiosos.Caso pretenda saber quem são asentidades que cooperam com a TCR

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(associações, câmaras municipais,confrarias, irmandades, dioceses efundações) basta entrar em“cooperadores”.Em “eventos”, encontra um elevadonúmero de acontecimentos (festas,exposições, romarias, teatros, etc.)distribuídos pelos mais variadoslocais, todos eles associados aosvalores defendidos por estacooperativa.No espaço “notícias”, tem ao seudispor um conjunto de artigos queforam publicados na imprensanacional e que têm como tema aquestão do turismo religioso.Na “loja on-line”, pode adquirirdiretamente os guiões turísticos dosmais diversos santuários (NossaSenhora da Franqueira, NossaSenhora do Porto de Ave, NossaSenhora do

Sameiro, São Bento da PortaAberta, São Torcato, Nossa Senhorado Carmo, Nossa Senhora daAbadia e Bom Jesus do Monte). Esta“coleção é o reflexo de um trabalhominucioso de pesquisa sobre osdiversos santuários que estãoagregados a esta cooperativa”.Onde “cada guião forneceinformação sobre o Santuário e assuas infraestruturas, dá-lhe aconhecer a vida e descreve-lhe aimagem do orago aí venerado, dáindicações de onde comer e ondedormir e sugere locais de visita”.Podemos então concluir que aconsulta deste sítio é indispensávelpara preparar a sua visita, aos maisdiversos locais religiososespalhados por este nosso país àbeira-mar plantado.

Fernando Cassola Marques

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Teologia do CorpoA tradução portuguesa da obra“Teologia do Corpo”, que reúne areflexão do Papa João Paulo II(1920-2005) sobre temas como avida humana, as relações entre aspessoas e o matrimónio, chegaesta sexta-feira às livrarias.Em comunicado enviado hoje àAgência ECCLESIA, a editoraAlêtheia, responsável pelapublicação, adianta que aapresentação do livro estámarcada para esta tarde, às18h30, na sacristia do Mosteiro deSão Vicente de Fora, em Lisboa.Com prefácio do patriarca deLisboa, D. Manuel Clemente, ecoordenado pelo padre MiguelPereira, o projeto comporta 129catequeses que o Beato JoãoPaulo II realizou nas audiênciaspúblicas de quarta-feira entre 5de setembro de 1979 e 28 denovembro de 1984.Durante esse período ocorreramdois acontecimentos importantesque marcaram as reflexões doPapa polaco: o Sínodo dos Bispos

de 1980, dedicado à missão dafamília cristã; e o lançamento daexortação apostólica FamiliarisConsortio, um ano depois.A apresentação do livro “Teologiado Corpo” vai ser promovida por D.Nuno Brás, bispo auxiliar deLisboa, e pelo monsenhor Duarteda Cunha, secretário-geral daConselho das ConferênciasEpiscopais da Europa.

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Teologia do CorpoA «Teologia do Corpo» é hoje em dia um corpo doutrinal muito concreto econsistente que tem na sua origem as catequeses de quarta?feira que oPapa João Paulo II proferiu desde 1979 até 1984. Há depois uma sériede outros textos do magistério do Papa João Paulo II, como a FamiliarisConsortio (1982), a Mulieris Dignitatem (1988), a Carta às Famílias(1994), mas também é necessário incluir a Encíclica de Bento XVI DeusCaritas est (2005) como um texto fundamental para se perceber o valor ea dignidade que a Igreja confere ao amor, ao corpo, à sexualidade.(…)Porque o texto pode, por vezes ser complexo, propomos comointrodução um artigo do bispo Jean Laffite, actual Secretário do ConselhoPontifício da Família e autor de diversos livros sobre a família cuja paixãonasceu no contacto com João Paulo II e com a sua constante atençãopastoral pela família.A leitura da introdução não dispensa, mas esperemos que ajude, aleitura dos próprios textos de João Paulo II. Estes podem ser lidos emgrupos de estudo, podem ser a base para um aprofundamento teológicode quem quer estudar a fundo a doutrina da Igreja sobre a pessoahumana, sobre o amor e sobre a família e podem, também, serestudados pessoalmente por todos os que querem descobrir melhor aprópria vocação e perceber que só o amor, que envolve a pessoa inteira,corpo e alma, é capaz de realizar a felicidade que Deus nos promete.A equipa responsável por esta edição,Pe. Miguel PereiraPe. Jorge SobreiroMaria José VilaçaMons. Duarte da Cunha

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Diplomados católicos portuguesesem ritmo conciliar

Nos finais de maio de 1963, os diplomados católicosportugueses reuniram-se para reflectir sobre asperspectivas que um cristão pode/deve ter sobre odesenvolvimento económico.Como o desenvolvimento económico e a evoluçãosocial constituem dois aspectos de um mesmoprocesso evolutivo, Adérito Sedas Nunes, um dosoradores do encontro, destacou algumas dasprincipais transformações que a sociedadeportuguesa sofria na altura. Segundo oconferencista, entre 1950 e 1960, enquanto nosquatro distritos de Lisboa, Porto, Aveiro e Setúbal apopulação aumentou cerca de 12%, contra apenas4,7% no conjunto do continente. A população demetade dos distritos do continente (Beja, CasteloBranco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Portalegre,Viana do Castelo e Viseu) diminuiu. Na década de 60verificava-se uma concentração crescente dapopulação nas zonas urbanas e circum-urbanas.Entre 1953 e 1961 o produto nacional brutoaumentou cerca de 77% nas indústrias, 56% nosserviços e apenas 7,2% no sector primário. Verifica-se, assim, ao lado de uma estagnação do sectorprimário, mormente na agricultura, umdesenvolvimento económico relativamente rápido dasactividades secundárias e terciárias (indústrias eserviços).Estes dois ritmos diferentes de desenvolvimentoaliados à concentração crescente da população

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formam duas sociedadeseconomicamente esociologicamente distintas: “umasociedade moderna, em expansãoeconómica e demográfica, e umasociedade tradicional, estagnada eem retrocesso económico edemográfico, que rodeia a primeirae cujos recursos materiais ehumanos são por esta amplamenteaspirados” (cf. Boletim deInformação Pastoral; nº 26;Setembro-Outubro de 1963, pág19).Na conferência, Adérito SedasNunes falou da irradiação crescenteda sociedade moderna sobre asociedade tradicional. Estairradiação opera-se através das viase meios de transporte melhorados,das trocas comerciais intensificadas,da invasão dos produtos industriais,da publicidade, do turismo e doincremento das comunicações demassa. “Dela resulta o despertar, nasociedade tradicional, de umaconsciência de «atraso» e de«oportunidades de melhoria», queocasiona a formação de novas

«aspirações», nos meios rurais, odespontar de uma «consciência dedireitos» e, finalmente, apoiada nararefacção de mão de obra agrícolaem certas regiões, o aparecimentode «reinvidicações»”. (cf. revistacitada).Estas transformações geraisprovocam uma evolução psico-cultural. Assim, o comportamentodas pessoas tende a ser cada vezmenos motivado pela «tradição»para se tornar mais receptivo para oque é «moderno e novo». Aspessoas cada vez menos seconformam com a situação em quenascem procurando melhorescondições de vida. A posição socialadquire no contexto psico-culturaluma importância cada vez maior. Porisso, o consumo vai deixando de sermeio de satisfazer as necessidadesindividuais de cada pessoa para setransformar cada vez mais emsímbolo da posição social.Esta era a sociedade portuguesa,aos olhos de Adérito Sedas Nunes,na época do II Concílio do Vaticano.

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julho 2013

Dia 12* Lisboa - Basílica da Estrela(16h00m) - Missa para os finalistasda Escola Superior de EducaçãoMaria Ulrich presidida por D. NunoBrás.* Braga - Encontro de D. JorgeOrtiga com o conselho editorial do«Diário do Minho».* Braga - Centro Pastoral - Encontrode D. Jorge Ortiga com os párocosque sejam responsáveis de CentrosSociais Paroquiais.* Braga - Terras de Bouro - Conferência sobre «O Estadoactual da investigação sobre MartinsCapela» por António Matos Ferreira.* Guarda - Reunião do Secretariadodiocesano da coordenação pastoral.

* Porto - Igreja de São Francisco - Concerto integrado no III FestivalInternacional de PolifoniaPortuguesa.* Aveiro -Sé - Bênção e inauguraçãodo novo órgão de tubos da Sé deAveiro. * Braga - claustro lateral do auditórioVita - Sessão do ciclo de cinema aoar livre com o tema “Olhar o mundocom os olhos da fé”.* Fátima - Peregrinação aniversáriapresidida por D. Luis QuinteiroFiuza, bispo de Tuy-Vigo, Espanha,com o tema «Deus permanece Fiel». (12 e 13)* Açores - Ilha de são Jorge (Velas) - XIII Jamboree açoriano iniciativa doCorpo Nacional de Escutas. (12 a21) Dia 13* Portalegre - Museu Municipal dePortalegre - Apresentação do livro«Santo António na Região dePortalegre» da autoria de RuyVentura. * Guarda - Centro Apostólico -Encontro dos diáconos permanentescom D. Manuel Felício.

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* Lisboa - Odivelas (Mosteiro de S.Diniz) - Missa para os finalistas doInstituto Superior de CiênciasEducativas presidida por D. NunoBrás.* Beja - Sines (igreja do SantíssimoSalvador) - Concerto deencerramento do 9º Festival TerrasSem Sombra. * Guarda - Sé - Bênção dosfinalistas da Escola Superior deSaúde da Guarda.* Braga - Barcelos - Igreja de NossaSenhora do Terço - Concertointegrado no III Festival Internacionalde Polifonia Portuguesa.* Braga - Igreja do Bom Jesus - Concerto integrado no III FestivalInternacional de PolifoniaPortuguesa.* Porto - Gondomar (Igreja Paroquialde Gondomar - São Cosme)(21h30m) - Conferência sobre «A féda Igreja - que nos gloriamos deprofessar, à luz da Lumen Gentium»por D. João Miranda e integrada nociclo de conferências sobre o Anoda Fé. * Braga - Amares e Sameiro - Jornadas nacionais da AçãoCatólica Rural (ACR). (13 e 14)

Dia 14* Santarém - Largo da Sé - Ordenações. * Braga - Famalicão (Igreja de SantaMaria de Landim) - Concertointegrado no III Festival Internacionalde Polifonia Portuguesa.* Setúbal - Sé - Ordenaçãopresbiteral do diácono Rui Simão. * Porto - Sé - Ordenaçõessacerdotais e diaconais.* Lamego - Auditório do CentroParoquial de Almacave (16h00m) -Apresentação do livro «História daIgreja de Lamego» do padreJoaquim Correia Duarte.* Bragança - Sé - Ordenaçãosacerdotal e diaconal.* Vila Real - Chaves (Igreja daSagrada Família) - Bênção daimagem do beato Pedro Fontoura (um dos 40 Mártires do Brasil) pelobispo de Vila Real, D. AmândioTomás.* Itália - Roma (Castel Gandolfo) - Oração do Angelus pelo PapaFrancisco. Dia 15* Coimbra - Conselho Provincial dosDehonianos. * Bragança - Encontro de D. JoséCordeiro com os padres novos dadiocese.

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Ano C – 15º Domingo do TempoComum Vai aoencontro dopróximo, ama,temcompaixão!

O Evangelho deste 15.º domingo do tempo comum diz-nos que é o amor, a Deus e ao próximo, que dásentido pleno à vida, que em Deus é eterna. “Vai e fazo mesmo”, diz Jesus a cada um dos que querem seguiresse caminho. Faz o mesmo que o samaritano, umherege, um infiel, segundo os padrões judaicos, masque é capaz de deixar tudo para estender a mão a umirmão caído na berma da estrada.A parábola do Bom Samaritano é tão conhecida quepodemos perder o sabor e o sentido que delapodemos tirar para a nossa vida. Sabemos bem queJesus muda a ordem das coisas: não se trata de saberquem é o meu próximo, mas de me fazer, eu próprio, opróximo de qualquer pessoa. Toda a pessoa torna-sepróxima para mim, na medida em que eu a considerocomo um irmão.Nesta parábola, Jesus não escolhe os protagonistasda história por acaso. O doutor da Lei que se dirige aJesus é certamente conhecedor e fiel observante daLei. Jesus apresenta, em primeiro lugar, o exemplo deum sacerdote e um levita, dois especialistas do cultocelebrado no Templo de Jerusalém. A Lei dáprescrições muito estritas aos membros do clero daépoca. Deviam respeitar escrupulosamente as leis dapureza e, em particular, evitar a qualquer preçoqualquer contacto com os mortos, à exceção dos maispróximos da sua família. O sacerdote e o levita, alémde não se aproximarem do

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infeliz ferido meio morto, afastaram-se dele, porque obedeciam à Lei.Depois, Jesus coloca em cena umsamaritano. São João precisa: “osjudeus não tinham relações com ossamaritanos”. Este estrangeiro, estepária aos olhos dos judeus fiéis, nãoestá encerrado no sistema da Lei.Pode encontrar a liberdade do amorsem fronteiras.Eis a grande lição de Jesus. A Lei éboa, sem dúvida, mas com acondição de estar ao serviço docrescimento do amor. “O sábado foifeito para o homem, não o homempara o sábado”.

A Igreja promulgou numerosas leis,convidando-nos a respeitá-las. Porexemplo, é bom não faltar à missaao domingo. Mas se, no resto daminha vida, esqueço as exigênciasevangélicas do amor, arrisco passarao lado do meu irmão ferido. Afinal,estou do lado do sacerdote e dolevita, ou do lado do samaritano? Éa mim que Jesus diz: “Então vai e fazo mesmo”. Vai ao encontro dopróximo, ama, tem compaixão!Oxalá que as nossas comunidadesnão sejam clubes fechados,reservados a sócios, onde éproibida a entrada a estranhos, massejam comunidades acolhedoras detodos sem exceção, onde todos sesentem amados e têm lugar, emparticular aqueles que a vida atirapara a berma da estrada.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, dia 14 - O Papaque os jovens vão encontrarno Rio de Janeiro na JMJ. RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 15 -Entrevista. Jornada Mundialda Juventude: a expectativade participantes de Portugal.Terça-feira, dia 16 - Informação e rubrica sobre oConcílio Vaticano II com padreTony Neves;Quarta-feira, dia 17 - Informação e rubrica sobre aJornada Mundial da Juventude;Quinta-feira, dia 18 - Rubrica "O Passado doPresente", com D. Manuel ClementeSexta-feira, dia 19 - Apresentação da liturgia dominicalpelo padre Rosbon Cruz e Juan Ambrosio. Antena 1Domingo, dia 14 de julho, 06h00 - Testemunnhos edados de 2013 do Voluntariado Missionário. PatriciaFonseca, Bruno Leite e Rita Lopes falam dovoluntariado com marca cristã. Segunda a sexta-feira, dias 15 a 19 de julho, 22h45 -Olhares e expetativas de voluntários e da organizaçãoportuguesa para a participação na Jornada Mundial daJuventude, no Rio de Janeiro, Brasil.

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A Diocese de Aveiro vai inaugurar esta sexta-feira onovo órgão de tubos da Sé, com uma cerimónia debênção e um primeiro concerto que serão transmitidosem direto através da internet, a partir das 21h30. Entre sexta-feira e sábado, milhares de peregrinosevocam em Fátima as aparições do 13 de julho, emcelebrações presididas por D. Luis Quinteiro Fiuza,bispo de Tuy-Vigo, Espanha, com o tema ‘Deuspermanece Fiel’. Várias dioceses estão em festa, no próximo domingo,com a celebração de ordenações sacerdotais. Ummomento especial para Bragança-Miranda, Porto,Santarém e Setúbal. Braga acolhe entre sábado e domingo as jornadasnacionais da Ação Católica Rural (ACR), com apresença de representantes dos grupos de base domovimento implementados em dezasseis dioceses docontinente, Madeira e Açores. No domingo, o Papa Francisco desloca-se até CastelGandolfo, para a recitação do Angelus, num dos raroscompromissos públicos a que vai presidir nos próximosdias, de preparação para a viagem ao Brasil (22 a 29de julho).

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Aplicações Pastorais

JMJ iJuventude O iJuventude é uma aplicação para smartphone produzido pelaArquidiocese de Campinas com o objetivo de levar à juventudecatólica do Brasil e dos países de língua portuguesa todas asinformações sobre a Jornada Mundial da Juventude, além decontribuir para a vida espiritual dos jovens.Através desta aplicação é possível conhecer a história das JMJ's,a trajetória da Cruz Peregrina e do Ícone de Nossa Senhora e oshinos oficiais (incluindo o MP3 para ouvir!).Esta aplicação dá-nos acesso a informação sobre os EncontrosCelebrativos; as mensagens de Bento XVI; Espiritualidade para ojovem. Não esquecer de consultar a Cristoteca, uma bibliotecacom mais de 70 músicas dos principais cantores e bandascatólicos.É uma aplicação gratuita, que não tem versão para iPad. LinksiPhone | Android

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Luanda: A história esquecida dos meninos de rua

Crianças sem nomeSão mais de 5 mil, as crianças quevivem nas ruas em Luanda, a capitalangolana. Elas são o elo mais fracode uma terrível realidade depobreza.Com 5 milhões de habitantes,Luanda é considerada hoje uma dasmais caras cidades do mundo, sócomparável a Tóquio e Nova Iorque.A prolongada guerra civil, de quasetrês décadas, deixou marcas alémdos edifícios ainda esventrados. Aguerra civil matou também aesperança de uma vida normal amilhões de angolanos. Isso vê-se naterrível estatística de mais de 40 %da população a viver abaixo dolimiar da pobreza.Nas ruas de Luanda, há quem aindaesteja mais vulnerável do que osmuito pobres. São as crianças darua. Ninguém sabe ao certo quantossão, como ninguém sabe ao certoquantos milhares de barracas secomprimem em ruas estreitas, aolado de esgotos a céu aberto, nasdezenas de bairros de lata dacapital angolana. Estas criançasestão nas ruas como se fossem

invisíveis. Segundo o padre Júlio,salesiano, haverá cerca de “cincomil crianças abandonadas à suasorte”: talvez mais, talvez muitosmais. Casa Mama MargaridaEstas crianças são órfãs ou fugiramde casa por causa da violência aque estavam sujeitas, vítimas doalcoolismo dos pais, ousimplesmente saíram para as ruascomo se de um instinto desobrevivência se tratasse. Ospadres procuram acolher o maiornúmero possível. Os que ficarem defora arriscam-se a não sobreviver.“As crianças de rua estão muitovulneráveis”, explica Alberta André,uma mulher coragem que aceitou odesafio de colaborar com acomunidade salesiana neste esforçode resgatar os meninos a umdestino fatal. “Tenho cinco filhosbiológicos e 15 no projecto, da casa,sobre a minha tutela”. A casa deacolhimento chama-se Casa MamaMargarida. As crianças que chegamtrazem consigo

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tudo o que têm: roupa esfarrapada,olhos carregados de medo, históriasde drogas, de exploração sexual, deviolência, de doença. ExploraçãoA evolução da SIDA é mais umarealidade negra à triste verdade dosmeninos de rua de Luanda. Muitossão explorados em redes deprostituição. Durante o dia, é fácilencontrar crianças obrigadas atrabalhar como carregadores,lavadores de automóveis,engraxadores, mendigos. A maioriadestas crianças já conhece o mundodas drogas e do álcool. Muitos“cheiram” gasolina, que é a drogadas

periferias, mais barata, mas que temum efeito devastador na saúde.Segundo a UNICEF, cerca de 30 %destas crianças, entre os 5 e os 14anos, são obrigadas a trabalhar.Projectos como a Casa MamaMargarida, ou a Casa Magone,apoiadas pela Fundação AIS, sãooásis numa tragédia terrível que omundo parece não querer ver.Nestas casas, as criançasdescobrem nos sorrisos dos que osacolhem que o amor não tem preçoe que há um mundo inteiro pordescobrir para lá do inferno dasruas. Saiba mais em: www.fundacao-ais.pt

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Lusofonias

S. Tomé e Príncipe

Tony Neves

S. Tomé e Príncipe é um paraíso equatorial. Sim,a linha do equador passa no Ilheu das Rolas, aolargo da Ilha de S. Tomé. O calor e a humidadefazem desta terra um lugar de muita exuberânciada natureza que tudo dá às populações. Éimpressionante ver como ilhas tão pequenastêm, por exemplo, uma diversidade enorme dequalidades de bananas, a ponto do povo dizerque há uma para cada dia do ano.Durante muitos anos, S. Tomé viveu à custa docacau. Quando outros países do continenteafricano apostaram nesta cultura, S. Toméperdeu mercado porque é pequeno demais e,sendo ilha, tem mais dificuldade de escoar aprodução.A partir daí, a população de S. Tomé e Príncipepassou a viver pior. Fome não há, porque a terrae o mar garantem a alimentação mínima. Mas hácasos de desnutrição por desequilíbrio alimentare a pobreza é generalizada com consequênciasgraves na qualidade de vida das pessoas,sobretudo no que diz respeito á educação, àsaúde e ao desenvolvimento tecnológico. Oturismo, com enorme potencial, não tem sidosuficientemente incentivado pela criação decondições para quem quer passar férias e visitarum país lindo.Durante muitos anos, a malária fez milhares devítimas. Nos últimos tempos, com um trabalhobem sucedido de desinfestação do mosquito, amalária desceu para índices reduzidos, mascontinuam fortes alguns

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problemas de saúde pública,mormente no que diz respeito àSida.A minha ligação a S. Tomé deve-seao facto de D. Abílio Ribas,missionário Espiritano, ter sidonomeado Bispo nos tempos que sesucederam à independência dopaís. A fundação do Centro Socialde Apoio à Infância, em RibeiraAfonso, a parte mais pobre eabandonada da Ilha de S. Tomé,levou-me lá algumas vezes. Apaisagem é de sonho e as pessoassão muito hospitaleiras, comoacontece em todo a África. Senti,contudo, que os jovens não viamfuturo à sua frente, muitas criançasestavam abandonadas à sua sorte,as famílias estavam bastantedesestruturadas e os idososabandonados. O Centro de RibeiraAfonso quis ajudar em todos estesaspetos e julgo que continua aatingir alguns destes objetivos.Tive a oportunidade de acompanharuma quinzena de Jovens SemFronteiras num projeto de missãoao

serviço do desenvolvimento.Ficamos todos fascinados com avontade de aprender mais e melhorque caracteriza as crianças e jovenssão-tomenses. Regressamos todosconvencidos de que o futuro de S.Tomé estaria assegurado pelasnovas gerações.A estabilidade política também temtido altos e baixos. Nunca houveguerra, mas foram acontecendoalguns golpes de estado, mais oumenos radicais. Quando ademocracia deixa muito a desejar, ofuturo também fica comprometido.A Igreja está a desenvolver umtrabalho notável de evangelizaçãointegral das pessoas. Não é poracaso que, a par da pastoral direta,há um investimento forte em saúde,educação, desenvolvimento,informática, pastoral social.Só posso desejar a S. Tomé ePríncipe, por ocasião do aniversárioda independência, mais democracia,mais desenvolvimento, mais futuro.

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O homem renunciou à buscade uma luz grande, de umaverdade grande, para secontentar com pequenasluzes que iluminam porbreves instantes, mas sãoincapazes de desvendar aestrada. Quando falta a luz,tudo se torna confuso: éimpossível distinguir o bemdo mal, diferenciar a estradaque conduz à meta daquelaque nos faz girarrepetidamente em círculo,sem direcção.(Encíclica Lumen Fidei)

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