Optimização de Planos de Manutenção e de...

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Instituto Politécnico de Coimbra Instituto Superior de Engenharia Optimização de Planos de Manutenção e de Manutibilidade de Equipamentos numa Indústria de Pasta de Papel Pedro Daniel Jesus Dias Relatório de Projecto para obtenção do Grau de Mestre em Equipamentos e Sistemas Mecânicos COIMBRA 2010

Transcript of Optimização de Planos de Manutenção e de...

Instituto Politécnico de Coimbra 

Instituto Superior de Engenharia 

Optimização de Planos de Manutenção e de

Manutibilidade de Equipamentos numa Indústria de Pasta de Papel

Pedro Daniel Jesus Dias 

 

Relatório de Projecto para obtenção do Grau de Mestre em 

Equipamentos e Sistemas Mecânicos 

COIMBRA 

2010 

ii

Instituto Politécnico de Coimbra 

Instituto Superior de Engenharia 

Optimização de Planos de Manutenção e de

Manutibilidade de Equipamentos numa Indústria de Pasta de Papel

Orientadores: José Manuel Torres Farinha Professor Coordenador, ISEC Rui Manuel Gonçalves, Celbi, S.A.

Pedro Daniel Jesus Dias 

 

Relatório de Projecto para obtenção do Grau de Mestre em 

Equipamentos e Sistemas Mecânicos 

COIMBRA 

2010 

iii

Agradecimentos

Quero agradecer todo o contributo prestado para a realização deste trabalho aos meus

orientadores por parte do ISEC, Eng. José Torres Farinha, e por parte da Celbi, Eng. Rui

Gonçalves. Um agradecimento a ex. professores do ISEC, nomeadamente ao Eng. Luís

Roseiro e Eng. Linda Jesus por toda a disponibilidade prestada. Da parte da empresa Celbi

quero agradecer nomeadamente ao Eng. Martins da Silva, Eng. Pedro Batista, Eng. Serra

Brás, Sr. Humberto Galvão, Sr. Elísio Pereira, Sr. Lauro, Sr. Cardoso, Sr. Zé Maria e a toda a

equipa da Direcção de Manutenção pela contribuição prestada para a finalização deste

documento.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

iv

Resumo

O presente trabalho de mestrado respeita à implementação da melhoria das

acessibilidades e dos planos de manutenção de alguns dos equipamentos do Departamento de

Licores e Energia (DLE) da Empresa Celulose Beira Industrial, SA (CELBI, SA).

Estes equipamentos, aqui designados por Objectos de Manutenção (OM), possuem

algumas características diferenciadoras em relação aos restantes, que são:

Encontram-se implantados em zonas de acesso difícil não permitindo o recurso a

empilhadores ou outros equipamentos móveis de apoio existentes;

Exigem, da parte das equipas de manutenção, visitas (acções não planeadas)

frequentes;

Não existem reservas posicionais (rotáveis) que os possam substituir, exigindo,

por isso, intervenções rápidas sob pena de perda de produção;

São equipamentos, ou acessórios, pesados para os quais não é aconselhável, por

razões de segurança e saúde, a movimentação manual.

Os equipamentos projectados têm de ser versáteis, maneáveis e robustos, pois irão ser

utilizados em zonas com espaço reduzido e os OMs nos quais serão utilizados são de massa

elevada.

Relativamente aos planos de manutenção, estes correspondem à utilização de dois

elementos fundamentais, que são os manuais dos fabricantes e ao conhecimento acumulado

dos técnicos da empresa.

No final, aqueles planos, que também são de segurança, são inseridos no sistema

informático de gestão de manutenção da empresa e passam a fazer parte dos procedimentos de

rotina nas intervenções de manutenção daqueles equipamentos.

Palavras-chave: Manutenção planeada; manutibilidade; 3D

v

Abstract

The present MsC project corresponds to the implementation and improvement of the

accessibilities and the plans of maintenance of some equipment of the Department of Liquors

and Energy (DLE) of the Company Celulose Beira Industrial, SA (CELBI, SA).

These equipment, assigned here for Maintenance Objects (OM), possesses some

differencing characteristics in relation to the remains, that are:

They are implanted in zones of difficult access not allowing the use of stackers or

other existing mobile equipment of support;

They require, from the maintenance team, frequent visits (not planned actions);

Positional reserves do not exist that can substitute them, demanding, therefore,

fast interventions to minimize loss of production;

They are equipment, or accessories heavy for which it is not advisable, for

reasons of security and health, the manual movement.

The project of these equipment must be versatile, handy and robust, because they will go

being used in zones with reduced space and the OMs in which they will be used they are of

high mass.

Relatively to the maintenance plans, they correspond to the use of two basic elements

that are the manuals of the manufacturers and to the accumulated knowledge of the technician

of the company.

At the end, those plans that are also of safety are inserted in the informatics system of

maintenance management of the company to make part of the routine procedures of the

maintenance interventions of those equipment.

Key-words: Planned maintenance; maintainability; 3D

vi

Índice Agradecimentos ......................................................................................................................... iii 

Resumo ........................................................................................................................... iv 

Abstract ............................................................................................................................ v 

Lista de Figuras ........................................................................................................................ vii 

Lista de Tabelas ......................................................................................................................... xi 

Nomenclatura .......................................................................................................................... xii 

CAPÍTULO 1 - Introdução ........................................................................................................ 1 

CAPÍTULO 2 – Estado da Arte ................................................................................................. 7 

CAPITULO 3 – Problemas de manutibilidade e soluções propostas ....................................... 33 

CAPÍTULO 4 – Planeamento da manutenção ......................................................................... 98 

CAPÍTULO 5 – Discussão das soluções implementadas ....................................................... 123 

CAPÍTULO 6 – Conclusões e desenvolvimentos futuros ...................................................... 127 

Referências ........................................................................................................................ 129 

Apêndice 1 – Caracterização do Departamento de Direcção Industrial da Empresa ............. 130 

Apêndice 2 – Desenho de construção para o suporte para a mudança do filtro ..................... 138 

Apêndice 3 – Desenho sugerido pela RAUMASTER com algumas alterações para o Redutor do Sem-Fim .................................................................................................... 140 

vii

Lista de Figuras

Figura 1.1 – Importância da actividade manutenção 1

Figura 1.2 – Os vários tipos de manutenção 2

Figura 1.3 – Importância da manutenção planeada 3

Figura 1.4 – Algumas técnicas de manutenção condicionada 4

Figura 1.5 – Falha no equipamento que obriga a uma manutenção correctiva 5

Figura 2.1 – RCM 14

Figura 3.1 – Bombas de água de alimentação à caldeira de recuperação 34

Figura 3.2 – Redutores de accionamento do Sem-Fim da biomassa e Sem-Fim 35

Figura 3.3 – Reparação do Sem-Fim 35

Figura 3.4 – Desenho 3D do suporte para troca do filtro 37

Figura 3.5 – Ligação superior da estrutura 38

Figura 3.6 – Secção inferior do suporte com as anilhas belleville e porca de fixação 39

Figura 3.7 – Parte inferir do conjunto com o braço de ligação 40

Figura 3.8 – “T” de ligação com bronzes e anilha de elevação e o braço com a garra 40

Figura 3.9 – Vistas de frente e de cima do “T” de ligação e braço 41

Figura 3.10 – Estrutura de fixação do braço com o “T” 42

Figura 3.11 – Ligação do braço com a garra 42

Figura 3.12 – Garra conectada com a secção onde está o filtro 43

Figura 3.13 – Demonstração da colocação da solda da garra com o tubo 43

Figura 3.14 – Braço com apresentação em explosão da garra 44

Figura 3.15 – Conjunto completo com secção do filtro 45

Figura 3.16 – Conjunto completo, com a bomba e o suporte para troca de filtro 45

Figura 3.17 – Vista da bomba com o suporte para troca do filtro 46

Figura 3.18 – Perspectivas da posição da secção tubular do filtro para a troca deste 46

Figura 3.19 – Diagrama de Corpo Livre (DCL) do conjunto a estudar 48

Figura 3.20 – Diagrama de Corpo Livre (DCL) das reacções provocadas pela Força

de 880,8N 49

viii

Figura 3.21 – Diagrama dos Esforços Transverso nas Barras e Momentos Flectores 51

Figura 3.22 – Desenho de perfil do tubo rectangular 52

Figura 3.23 – Desenho de perfil de metade do tubo rectangular para cálculo da 53

Figura 3.24 – Diagrama das tensões de flexão e de corte para a secção considerada 54

Figura 3.25 – Diagrama dos Momentos Flectores para o tubo em questão 56

Figura 3.26 – Desenho de perfil de metade do tubo rectangular para cálculo da 57

Figura 3.27 – Diagrama das tensões de flexão e de corte para a secção considerada 58

Figura 3.28 – Secção do tubo com vista em corte da secção do furo 59

Figura 3.29 – Diagrama dos Momentos Flectores para os dois furos 60

Figura 3.30 – Representação do esforço e do ponto a estudar 61

Figura 3.31 – Representação da soldadura no tubo rectangular 63

Figura 3.32 – Simulação da fixação do conjunto à viga 69

Figura 3.33 – Simulação da fixação do braço da garra e sistema de mola 69

Figura 3.34 – Braço totalmente encostado à parte inferior 70

Figura 3.35 – Janela de configuração da malha 71

Figura 3.36 – Janela de configuração do controlo da malha para um componente

definido 72

Figura 3.37 – Conjunto com malha e controlo de malha em alguns componentes 73

Figura 3.38 – Distribuição das deformações por elemento do conjunto 75

Figura 3.39 – Distribuição das Tensões de Vin Mises pelo conjunto 76

Figura 3.40 – Distribuição do Deslocamento sofrido pelo conjunto 77

Figura 3.41 – Imagem com a posição do braço da garra 79

Figura 3.42 – Barra de configuração da malha com indicação da malha 80

Figura 3.43 – Distribuição das deformações por elemento do conjunto 81

Figura 3.44 – Distribuição das tensões de Vin Mises pelo conjunto 83

Figura 3.45 – Distribuição do deslocamento sofrido conjunto 84

Figura 3.46 – Imagem da posição do braço da garra 86

Figura 3.47 – Distribuição das deformações por elemento do conjunto 86

Figura 3.48 – Distribuição das tensões de Vin Mises pelo conjunto 88

Figura 3.49 – Distribuição do Deslocamento sofrido pelo conjunto 89

Figura 3.50 – Plano de segurança para montagem do conjunto 92

ix

Figura 3.51 – Plano para montagem/desmontagem de andaime 93

Figura 3.52 – Plano para montagem do conjunto 94

Figura 3.53 – Características da anilha escolhida do catálogo Fabory 97

Figura 4.1 – Controlo das TR/OE 98

Figura 4.2 – Circuito de uma OT 101

Figura 4.3 – Níveis de prioridade de uma OT 102

Figura 4.4 – Plano de manutenção preventiva semanal para as Bombas de Água de

Alimentação 103

Figura 4.5 – Plano de manutenção preventiva mensal para as Bombas de Água de

Alimentação 104

Figura 4.6 – Plano de manutenção preventiva trimestral para as Bombas de Água de

Alimentação 105

Figura 4.7 – Plano de manutenção preventiva semestral para as Bombas de Água de

Alimentação 106

Figura 4.8 – Calendário de todos os planos de manutenção preventiva para as bombas

de alimentação de água 107

Figura 4.9 – Exemplo de um Plano de Segurança para e bomba localizada no 463-002 110

Figura 4.10 – Ordem de Execução gerada pelo Máximo a partir de um Plano de

Manutenção Preventiva Semanal para a bomba 463-002 111

Figura 4.11 – Ficha de trabalho para a operação 10 da OE 297272 112

Figura 4.12 – Ficha de trabalho para a operação 20 da OE 297272 113

Figura 4.13 – Fotos com indicação das posições 3, 4, 5, 11 e 14 das tarefas para a OE

297272 114

Figura 4.14 – Fotos com indicação das posições 6, 7, 8, 9 e 10 das tarefas para a OE

297272 115

Figura 4.15 – Foto com indicação da posição 13 das tarefas para a OE 297272 115

Figura 4.16 – Ordem de Execução gerada pelo Máximo a partir de um Plano de

Manutenção Preventiva Semanal para o Redutor 284-0020 116

Figura 4.17 – Ficha de trabalho para a operação 10 da OE 297275 117

Figura 4.18 – Ficha de trabalho para a operação 20 da OE 297275 118

Figura 4.19 – Foto com indicação das posições 2, 6 e 7 das tarefas para a OE 297275 119

x

Figura 4.20 – Foto com indicação das posições 2, 5, 8 e 11 das tarefas para a OE

297275 120

Figura 4.21 – Foto com indicação das posições 4 e 10 das tarefas para a OE 297275 121

Figura 4.22 – Foto com indicação da posição 1 das tarefas para a OE 297275 121

Figura 4.23 – Foto com indicação das posições 3 e 9 das tarefas para a OE 297275 122

Figura 5.1 – Diagrama de deslocamento exemplificativo do braço 124

Figura A1.1 – Organigrama da empresa Celbi SA 131

Figura A1.2 – Relações hierárquicas entre a DI e os seus departamentos 132

Figura A1.3 – DMI e sectores que estão na sua dependência 134

Figura A3.1 – Desenho geral do conjunto 140

Figura A3.2 – Desenho da sugestão para retirar o redutor de movimentação do carro 140

Figura A3.3 – Desenho da sugestão para retirar o redutor de accionamento do Sem-

Fim 141

xi

Lista de Tabelas

Tabela 1.1 – Evolução da actividade manutenção ao longo do 1

Tabela 3.1 – Tabela de detalhes da malha utilizada 74

Tabela 3.2 – Tabela com os resultados dos valores da deformação exercida no conjunto 75

Tabela 3.3 – Tabela com os resultados das Tensões de Vin Mises 76

Tabela 3.4 – Tabela com os resultados dos deslocamentos segundo Y 78

Tabela 3.5 – Tabela de detalhes da malha utilizada posição 2 80

Tabela 3.6 – Tabela com os resultados mais críticos das deformações no conjunto

posição 2 82

Tabela 3.7 – Tabela com os valores das tensões de Vin Mises pelo conjunto posição 2 83

Tabela 3.8 – Tabela com os resultados dos deslocamentos segundo Y posição 2 85

Tabela 3.9 – Tabela com os resultados das deformações no conjunto posição 3 87

Tabela 3.10 – Tabela com os valores das tensões de Vin Mises pelo conjunto posição 3 89

Tabela 3.11 – Tabela com os resultados dos deslocamentos segundo Y posição 3 90

xii

Nomenclatura

Abreviaturas

OT Ordem de Trabalho

OE Ordem de Execução

PT Plano de Trabalho

TPM Total Productive Maintenance

JIPM Japan Institute of Plaint Maintenance

RCM Reliability Centered Maintenance

RCM II Reliability Centered Maintenance II

FAA Federal Aviation Administration

ATA Air Transport Association

CELBI Celulose da Beira Industrial

OEE Overall Equipement Effectiveness

DoD US Department of Defense

SAE Society of Automotive Engineers

FMEA Failure Mode and Effects Analysis

IPQ Instituto Português Qualidade

SPQ Sistema Português Qualidade

IEC International Electrotechnical Commission

ISA International Federation of the National Standardizing Associations

ISO International Organization for Standardization

BS British Standard

MIL SPEC Military Specifications

DIN Deutsches Institut für Normung

DIN Deutsches Institut für Normung (mais recente)

SSG Standard Solutions Group

ANSI American Nation Standars Institute

AISI American Iron and Steel Institute

NP Norma Portugal

xiii

MOT Motor

QD Quadro de Distribuição

DLE Departamento de Licores e energia

DPP Departamento de Produção Pasta

DMI Departamento de Manutenção Industrial

DI Direcção Industrial

SMM Sector de Manutenção Mecânica

SMEAS Secção de Manutenção Eléctrica, Automação e Sistema

SMPM Sector de Manutenção Preventiva e Métodos

MM Manutenção Mecânica

Letras e símbolos

dDC Distância do Braço

F Força Aplicada na Estrutura

Pf Peso do Filtro

Pg Peso da Estrutura da Garra

FD Esforço de Corte Resultante Aplicada em “D”

MfD Momento Provocado pela Força “F”

a Largura do perfil

b Altura do Perfil

Momento de Inércia

Tensão de Flexão

Tensão de cedência do material

Distância do Centro de Gravidade (CG) às Fibras mais Tencionadas

Momento estático da secção

Força que provoca corte = F

Espessura na linha de aplicação da força = 2e

Área

Distância do centro de gravidade da área “A” ao centro do conjunto

Momento de Inércia

Tensão Admissível da Estrutura

Tensão de cedência do Material (propriedade do material)

xiv

Coeficiente de Segurança

Tensão admissível

Raio da garra onde é aplicada a força

“I” Estrutura Metálico de Perfil em I

“H” Estrutura Metálica de Perfil em H

Caracteres gregos

ã á 1

Pi (3,14)

Coeficiente de correlação que depende do material

Coeficiente de segurança em relação ao material

CAPÍTULO 1 - Introdução

A manutenção tem cada vez mais importância no meio industrial, pois só assim se consegue

assegurar o nível máximo de produção. Pode definir-se a manutenção como o conjunto de

acções destinadas a garantir o bom funcionamento dos equipamentos através de intervenções

oportunas e correctas, com o objectivo de que esses mesmos equipamentos não avariem ou

baixem de rendimento e, no caso de tal suceder, que a sua intervenção seja efectiva e a um

custo global controlado. A manutenção tem tido um incremento significativo no seu

desempenho com o objectivo de proporcionar cada vez mais lucros às empresas com o

mínimo de custos. Na tabela 1.1 pode ver-se a evolução da actividade manutenção, desde os

anos 40 até aos anos 90 (Brito, 2009).

Tabela 1.1 – Evolução da actividade manutenção ao longo do tempo

Aos problemas tradicionais vieram juntar-se, no momento actual, as economias de energia, a

conservação do meio ambiente, a renovação dos equipamentos e das instalações, a fiabilidade,

a manutibilidade, a eficácia, a optimização dos processos industriais, a sua própria qualidade e

a valorização dos seus técnicos. Assim, pode representar-se a importância da manutenção

como sendo um dos vectores fundamentais da economia de uma empresa, tal como se ilustra

na figura 1.1 (Brito, 2009).

2

Figura 1.1 - Importância da actividade manutenção

Os vários tipos de manutenção podem ser esquematizados de acordo com o diagrama da

figura 1.2 (Cabral, 2009).

A manutenção sistemática é executada em intervalos fixos de tempo ou de outra variável de

funcionamento, visando a execução de acções planeadas de manutenção com o objectivo de

reduzir perdas de produção. As acções de manutenção são calendarizadas de acordo com a

experiência dos técnicos de manutenção ou as recomendações dos fabricantes dos

MANUTENÇÃO

MANUTENÇÃO PREVENTIVA

MANUTENÇÃO CORRECTIVA

MANUTENÇÃO DE MELHORIA

SISTEMATICA CONDICIONADA

AVARIA INTRÍNSECA

AVARIA EXTRINSECA

Figura 1.2 - Os vários tipos de manutenção

3

equipamentos. Um exemplo da aplicação desta técnica, poderá ser vista na Empresa CELBI

SA, especificamente nos turbogeradores onde, por exigências da natureza do equipamento,

tem que se seguir rigorosamente todas as recomendações do fabricante, pois pode correr-se o

risco de parar a fábrica e também devido ao elevado custo investido no equipamento que em

caso de ruptura engloba elevados custos de manutenção directamente (custo na reparação) ou

indirectamente (paragem de produção). Na figura 1.3 pode ver-se a importância da

manutenção planeada (Brito, 2003).

Figura 1.3 – Importância da manutenção planeada

A manutenção preventiva condicionada é realizada em função do estado dos componentes do

equipamento, isto é, através de análises tribológicas (análises de óleos, análise da existência

de detritos provenientes do desgaste das peças em contacto), termografia (processo que

consiste na análise das temperaturas de diferentes órgãos ou componentes), ultra-sons (técnica

que permite identificar diferenças de ruídos anormais em peças como rolamentos, etc), análise

de correntes eléctricas em motores de corrente alternada (CA), recolha e análise de vibrações

(método que permite determinar o estado do componente facilitando assim a predição da sua

avaria).

Este tipo de manutenção é considerado por muitos como “a manutenção inteligente”, pois

assim permite que se tire o máximo rendimento de cada componente antes da sua substituição

e, por consequência, minimizar os custos directos ou indirectos da manutenção. Exige, no

entanto, condições especiais para a sua prática, tal como, poder intervir nos equipamentos sem

interromper a linha de produção. Neste tipo de manutenção os equipamentos são

monitorizados com regularidade, permitindo identificar uma data concreta em que será

4

necessário intervir no equipamento e, assim, tomando todas as precauções para que a linha de

produção não pare (tentar continuar a laborar a montante e a jusante do equipamento). Um

exemplo de aplicação pode ser visto em bombas de processo ou redutores, para os quais existe

um rotável (existe um conjunto de reserva que pode substituir directamente o equipamento

danificado), permitindo assim que a intervenção se faça no mínimo espaço de tempo. A figura

seguinte representa um conjunto de técnicas que possibilitam a monitorização de cada

componente de um equipamento (figura 1.4) (Cabral, 2009).

A manutenção não planeada (também designada por correctiva) caracteriza-se pela

intervenção no equipamento após a ocorrência da avaria, isto é, não existe uma planificação

da intervenção no equipamento e ocorre sempre numa paragem não prevista da produção para

efectuar essa manutenção. Este tipo de manutenção deve ser reservado aos equipamentos cuja

indisponibilidade tenha pouca importância sobre a produção e cujo suposto custo anual de

reparação, bem como as avarias imprevisíveis, sejam aceitáveis. Esta falha no equipamento

engloba de imediato uma paragem da produção, o que justifica que apenas seja aplicado em

equipamentos em que seja possível efectuar uma reparação ou troca por outro de reserva em

tempos relativamente curtos (figura 1.5) (Brito, 2003).

TRIBOLOGIAANÁLISE DE VIBRAÇÃO

ANÁLISE DE CORRENTES

MOTORAS (CA)

TERMOGRAFIA

ULTRA-SONS

Figura 1.4 – Algumas técnicas de manutenção condicionada

5

Figura 1.5 – Falha no equipamento que obriga a uma manutenção correctiva

A manutenção correctiva é realizada na sequência de uma avaria ou perda de função, a qual

poderá ter ocorrido em resultado de uma avaria intrínseca, na perda de função do próprio

equipamento por uma causa interna deste: gripagem de um rolamento, retentor gasto, tubo

roto, etc., ou então como resultado de uma avaria extrínseca, perda de função por causa

exterior ao equipamento: acidente; colisão; má operação; etc., que, embora penalizando a

disponibilidade operacional do equipamento, não contribui para os seus indicadores teóricos e

para a fiabilidade intrínseca do equipamento (Cabral, 2009).

A melhoria, um estilo de manutenção assumido e estimulado nos tempos de hoje, destinado a

melhorar o desempenho do equipamento no seu contexto, não é mais do que uma espécie de

passo em frente em relação à manutenção condicionada. Consiste na identificação da

dificuldade funcional, da sua análise e proposta de uma alteração que pode melhorar a forma

como o equipamento está a funcionar ou a sua manutibilidade.

O projecto subjacente a este relatório abordou algumas vertentes da manutenção incluindo

questões de manutibilidade em equipamentos cruciais para a empresa onde decorreu o

trabalho, sendo aqui descrito através da seguinte estrutura:

No Capítulo 2, é feito o ponto de situação dos modelos e técnicas de gestão utilizados

na empresa CELBI, caracterização dos modelos de gestão TPM e RCM,

6

caracterização de um Caderno de Encargos e Manutibilidade de um equipamento e,

para finalizar, identificação e caracterização das normas que são seguidas pela

empresa CELBI.

No Capítulo 3, são apresentados os problemas de manutibilidade que o autor se propôs

abordar, bem como as soluções propostas para aquelas dificuldades de acessibilidade.

É apresentado também todo o estudo desenvolvido na criação do suporte para a troca

do filtro de água da bomba de alimentação, bem como os planos de montagem do

suporte.

No Capítulo 4 são apresentadas as soluções para o planeamento da manutenção

referentes aos equipamentos alvo do presente projecto, nomeadamente o

desenvolvimento dos planos de manutenção preventiva e dos planos de segurança.

No capítulo 5 são discutidas as soluções apresentadas, quer ao nível da manutibilidade

quer ao nível do planeamento, e feito um balanço global dos resultados atingidos.

No Capítulo 6 são apresentadas as conclusões finais e apresentados os

desenvolvimentos que o autor entende deverem ser encetados no futuro.

7

CAPÍTULO 2 – Estado da Arte

2.1 – Conceitos gerais

A manutenção produtiva total, normalmente abreviada de TPM, do inglês Total Productive

Maintenance, é um conceito moderno de manutenção introduzido no Japão em inícios da

década 70, decorrente da implantação da técnica produtiva “KANBAN”(1) na empresa Nippon

Denso, do grupo TOYOTA. Hoje, TPM é uma marca registada do JAPAN INSTITUTE OF

PLAINT MAINTENANCE e encontra-se implantada em numerosas empresas industriais com

resultados altamente positivos.

Este conceito assume um impacto enorme pois envolve activamente os operadores da

produção na manutenção dos equipamentos que operam, explorando o facto de o operador ser

quem melhor conhece a máquina e, portanto, quem detém uma melhor posição para criar

condições de funcionamento, para sondar as suas queixas, em suma, para proporcionar as

melhores condições na prevenção de avarias.

O TPM caracteriza-se pelos seguintes princípios:

Busca da maximização da eficiência global das máquinas e dos equipamentos,

normalmente abreviados por OEE(2) - do inglês Overall Equipement Effectiveness;

Sistema total que engloba todo o ciclo de vida útil da máquina e do equipamento;

Sistema onde participam os quadros técnicos da produção e da manutenção;

Sistema que congrega a participação de todos desde os da alta direcção até aos últimos

operacionais;

(1) Em gestão da produção, é um método que controla os fluxos de produção ou transporte numa indústria. Este método pode ser um cartão, sistema de luzes, caixas vazias etc. (2) Índice global de eficácia dos equipamentos, é um indicador que expressa o percentual de utilização do equipamento na sua plenitude, considerando a situação ideal de velocidade máxima, sem paradas, sem desvios ou reprocessos com qualidade total. Este indicador foi introduzido mundialmente após a implantação do TPM nas empresas japonesas.    

8

Movimento motivacional, na forma de trabalho de grupo, através da condução de

actividades voluntárias.

E o seu contexto:

Procura a economia dos recursos através da condução de uma manutenção preventiva;

Integra as técnicas de manutenção correctiva, da manutenção preventiva e da

prevenção de manutenção, este último, através do diagnóstico precoce de avarias;

Pressupõe o envolvimento voluntário dos operadores que, estando em contacto diário

com as máquinas, são quem melhor conhece o seu estado de saúde e, portanto, quem

pode tomar as medidas preventivas básicas necessárias ao seu bom funcionamento.

Estas medidas preventivas compreendem tarefas de inspecção, lubrificação e limpeza

ou então numa componente mais técnica, auxilio da manutenção para uma inspecção

por exemplo a nível técnico ou de vibrações.

O TPM tem como objectivo principal a eliminação das falhas, defeitos e outras formas de

perdas e desperdícios, visando a maximização global da eficiência das máquinas e dos

equipamentos, como envolvimento de todos, a todos os níveis. Segundo Nakaijima (1998) o

TPM é “ a manutenção produtiva realizada por todos os empregados através de actividades de

pequenos grupos”, onde a manutenção produtiva é a gestão da manutenção que reconhece a

importância da fiabilidade, manutenção e eficiência económica no projecto de fábricas.

O TPM assenta em 8 pilares básicos:

1. Melhorias individualizadas nas máquinas - Kaiser Improvement.

2. Estruturação da manutenção autónoma – Job enlargement.

3. Estruturação da manutenção planeada - Maintenance Requirement Planning.

4. Formação para incremento das capacidades do operador e do técnico da manutenção -

On the Job Trainning.

5. Controlo inicial do equipamento e produtos – Initial Control.

6. Manutenção da qualidade.

7. TPM nos escritórios (Preparação e programação de trabalhos).

8. Higiene, segurança e controlo ambiental.

9

A aplicação do TPM engloba a eliminação das seguintes perdas:

1. Avaria/ falha – paragens acidentais:

O factor que mais prejudica a eficiência é a perda por avaria ou falha. Na avaria ou

falha existem dois tipos: Paragem de função e; quebra de função. A primeira é

aquela que é ocasionada de modo repentino; a segunda, a que reduz a função do

equipamento em relação à função original.

2. Mudança de produto – Setup:

Neste tipo de perda incluem-se todas as perdas decorrentes da ferramenta, sendo,

concretamente, as trocas/carregamentos dos programas referentes a cada peça,

considerando-se toda a não-operacionalidade do equipamento.

3. Perdas em moldes e ferramentas:

Neste tipo de perda incluem-se todas as perdas decorrentes da ferramenta, mais

concretamente, as trocas de ferramentas do equipamento, trocas de moldes, etc.

4. Pequenas paragens e funcionamento sem carga:

As pequenas paragens diferem da avaria/falha normal, devido a problemas

momentâneos, o equipamento pára ou opera em vazio. É também denominado

pequeno problema. É o caso, por exemplo, da operação em vazio da máquina,

devido ao encravamento de uma peça que estava a ser trabalhada na esteira de um

transportador, ou quando o sensor entra em operação, devido à detecção de um

produto defeituoso. Trata-se de paragens momentâneas do equipamento. São casos

em que o equipamento volta a operar normalmente, assim que a peça que está

encravada seja retirada, ou através de um rearranque, diferindo essencialmente da

avaria/ falha do equipamento.

5. Quebra de velocidade/ aumento do tempo do ciclo:

Neste caso, importa a diferença entre a velocidade nominal e a real do

equipamento. É o caso, por exemplo, de uma operação canalizada com a

velocidade reduzida, devido à ocorrência de problemas na qualidade do produto ou

na mecânica do equipamento, quando operado à velocidade normal. Esta perda,

decorrente da redução de velocidade, é a perda por quebra de velocidade.

6. Produtos defeituosos:

Neste caso a existência de um produto defeituoso na linha, para além de provocar

perdas a nível de produção ainda provoca perdas extras, pois irá necessitar de

10

trabalho suplementar para efectuar a recuperação do componente. Neste caso é

considerado perda o restauro do componente, pois este restauro necessita de uma

quantidade de processo, originalmente desnecessário, para reverter esta anomalia

no equipamento.

7. Arranque das máquinas:

A perda de arranque tem a ver com as perdas até à estabilização do processo em

velocidades/ produções consideradas normais.

A Reliability Centered Maintenance – Manutenção Centrada na Fiabilidade - é uma

metodologia que teve o seu início na década de 60. A aviação comercial Norte Americana

estava então a cargo com elevadas taxas de falhas que não correspondiam às elevadas taxas de

custos da manutenção. Os responsáveis das transportadoras trabalhavam em conjunto com a

“Federal Aviation Administration” no âmbito de encontrar soluções e justificações para as

falhas correntes, fazendo para isso exaustivos estudos do equipamento. Estes estudos de

fiabilidade demonstraram que o nível e metodologia da manutenção de então já se encontrava

desactualizada com a exigência dos equipamentos de então, isto é, a manutenção não

acompanhou a evolução da tecnologia dos equipamentos. Para colmatar esta exigência,

formularam princípios e conceitos que viriam a ter larga aplicabilidade em todas as indústrias.

No entanto, estas lições foram confinadas inicialmente à aviação civil numa série de relatórios

publicados pelas indústrias associadas “Air Transport Association”: MGS-1 em 1968 (pelo

grupo “Maintenance Steering Group” da ATA), MSG-2 em 1970 (refinamento do primeiro), e

MSG-3 em 1980 (inclui dados do relatório de Nowlan e Heap).

Durante a década de 1970, o “US Department of Defense” procurou desenvolver estratégias

para controlar e baixar os custos de manutenção. Embora este não tenha sido o motivo que

levou a aviação civil a revolucionar a sua maneira de efectuar manutenção, conduziu o DoD a

investigar as práticas desenvolvidas por eles e tentar melhorar onde fosse possível. Para

solucionar este problema, o DoD convidou Stanley Nowlan e Howard Heap da United

Airlines a escrever um relatório sobre as lições que tinham sido apreendidas pelas

transportadoras aéreas na procura pela diminuição da falha nos equipamentos. Estes

terminaram o relatório em 1978 intitulando-o de “Releability-Centered Maintenace”, porque

as transportadoras tinham por objectivo aumentar a fiabilidade dos seus aviões. Este relatório

11

ainda hoje continua a ser um importante documento no que diz respeito à gestão de activos

físicos.

Nowland e Heap descreveram o progresso que as transportadoras aéreas tinham tido usando o

MSG-2. Apresentaram um processo sistemático para identificar todos os modos que

provavelmente causariam a falha. O processo que descreveram, que se tornou conhecido

como o RCM, atribui as consequências de cada modo de falha a uma das quatro categorias:

hidden (escondida), safety (segurança), operational (operacional) ou non-operational (não

operacional). O RCM encaminha estas consequências para tarefas pró-activas (on codition,

scheduled restotion, scheduled discard) e para tarefas por defeito (failure-finding, redesign,

“no scheduled maintenace”). No fim do processo, a cada modo de falha é atribuída uma tarefa

que seja tecnicamente praticável (aplicável), e que valha a pena fazer em termos das suas

consequências (eficaz), mesmo que essa tarefa seja “no scheduled maintenance” (sem

manutenção programada).

O relatório apresentado por estes dois senhores (Nowland e Heap), representou um avanço

considerável em relação à filosofia descrita no MSG-2. Foi usado como uma base para o

MSG-3 que foi promulgado em 1980, revisto pela primeira vez em 1988, a segunda em 1993,

a terceira em 2001 e a quarta em 2002. Continua a ser usado para desenvolver programas de

manutenção antes da entrada em serviço de novos tipos de aviões comerciais.

O relatório de Nowlan e Heap e o MSG-3 têm sido desde então usados como base para vários

“standards” militares de RCM, e para outros derivados não aeronáuticos. Inúmeros segmentos

produtivos usam o RCM, tais como indústrias nucleares, produtoras e distribuidoras de

energia eléctrica e petroquímica, entre outras, que pelas suas características possuem elevadas

preocupações pela segurança e fiabilidade das suas operações.

Em 1999, a “Society of Automotive Engineers” publica o primeiro documento que nomeia os

critérios mínimos que um processo deve incluir para ser chamado um processo “RCM”:

JA1011, Evaluation Criteria for Reliability-Centered Maintenance Processes. Embora

publicado pela SAE, o JA1011 pode ser usado por todas as organizações com recursos físicos

que necessitem de manutenção programada.

12

Ao longo dos últimos anos, o RCM tem sido estudado e melhorado, havendo vários livros

sobre o tema onde são explicadas as técnicas a para implementar este conceito de

manutenção. Um dos livros que criou grande impacto foi escrito pelo inglês John Moubray,

no qual descreve sucintamente o RCM II, formulando técnicas que anteriormente não eram

levadas em conta. O RCM II melhora os detalhes técnicos do processo RCM adicionando

consequências ambientais à segurança.

O RCM II além das melhorias das técnicas, introduz uma estrutura de gestão de equipas.

Nesta estrutura de gestão, os operadores e o pessoal da manutenção encontram-se pelo menos

5 vezes (em alguns casos até 15 vezes) para compartilhar os seus conhecimentos e

experiências práticas sobre o recurso em análise, e para decidir que recomendações devem ser

feitas a respeito da manutenção, do desenho do “hardware”, dos procedimentos de trabalho e

dos treinos necessários. Todos recebem treino básico em RCM II, mas todas as reuniões são

supervisionadas por um perito em RCM II que assegura a aplicação do processo de RCM

correctamente. Todos os membros da equipa incluindo os peritos em RCM II trabalham para a

organização que possui o recurso físico, para assegurar que os resultados obtidos tenham o

maior retorno possível para os utilizadores desse recurso.

Na década em que apareceu a RCM, a manutenção preventiva era considerada a técnica mais

avançada e a mais eficaz de manutenção disponível para o uso das organizações industriais,

em particular dos serviços de manutenção. O programa de manutenção preventiva é baseado

na suposição “de um relacionamento fundamental causa/efeito, entre a manutenção

programada e operação fiável”. Esta suposição foi baseada na ideia de que se as peças

mecânicas se desgastam, a fiabilidade de todo o equipamento está directamente relacionada

com a ideia de operação. Isto provocou uma diminuição de intervalo de tempo das inspecções,

de modo que, quanto mais inspeccionado fosse o equipamento mais protegido estaria. O único

problema estava em determinar que limite de idade era necessário para assegurar uma

operação fiável.

13

Segundo o relatório de Nowlan e Heap, estes concluíram que: “uma política da manutenção

baseada exclusivamente num tempo de vida máximo, independentemente do limite de idade,

não tem quase nenhum ou mesmo nenhum efeito na taxa de falhas” (Nowlan, Heap, 1978).

Com o evoluir dos tempos e com a experiência profissional, começou a ser perceptível que a

vida de projecto para a maioria dos equipamentos e componentes era demasiado curta

relativamente ao tempo que os mesmos aguentavam.

A manutenção preventiva supõe que as probabilidades da falha podem ser determinadas

estatisticamente para máquinas e componentes individuais, e que as peças podem ser

substituídas ou ajustadas antes que a falha aconteça. Para o exemplo, uma prática comum era

substituir os rolamentos existentes depois de passado um determinado número de horas de

funcionamento, supondo-se que a taxa de falhas dos rolamentos aumenta com o tempo de

serviço.

Recentemente foi descoberto que existem características muito diferentes de falha no

equipamento, e que só um número muito reduzido se relaciona com a idade ou uso. Estes

novos dados fizeram aumentar a aposta na manutenção condicionada (Condition Monitoring),

frequentemente conhecida como manutenção condicionada (Condition-Based Maintenance),

que provocou diminuição da confiança na manutenção planeada baseada no tempo. Daqui não

se deve inferir que a manutenção baseada em intervalos deva ser substituída pela manutenção

condicionada. De facto, a manutenção baseada em intervalos é apropriada para aqueles

exemplos onde a abrasão, erosão, corrosão, alteração das propriedades do material devido à

fadiga, etc. e/ou uma clara correlação entre a idade e a fiabilidade funcional exista.

O RCM é a mistura das práticas de manutenção reactiva (reactive), manutenção baseada no

tempo ou em intervalos (time or interval-based), manutenção condicionada (condition-based)

e manutenção pró-activa (proactive). Estas estratégias de manutenção, mais do que aplicadas

independentemente, estão integradas para uso das respectivas vantagens de forma a

maximizar o uso e a fiabilidade do equipamento, minimizando os custos do tempo de vida.

A figura 2.1 demonstra a aplicação base de cada estratégia que em conjunto forma o RCM.

14

Figura 2.1 – RCM

Cada utilizador do RCM deve conhecer os limites do sistema, as funções de cada

sistema/equipamento, falhas funcionais, e modos de falha, porque todas estas componentes

são críticas da elaboração de um processo RCM.

O RCM como outros conceitos de manutenção, está assente em princípios básicos, que ao

serem seguidos permitem uma implementação criteriosa e objectivos concretizados do RCM.

Estes princípios são:

Orientação para a função – o RCM procura preservar não só a operacionalidade

mas a função do sistema ou do equipamento. A redundância de cada função,

através de múltiplas partes do equipamento, melhora a fiabilidade funcional mas

aumenta os custos do tempo de vida.

Orientação para o sistema – o RCM está mais preocupado em manter a função do

sistema do que a função de um componente em particular.

Centrado na fiabilidade – A relação entre o tempo de operação e o número de

falhas é importante. O RCM não está excessivamente vocacionado para análise da

taxa de falhas, procura sim saber a probabilidade de falha em determinadas

15

condições e em idades específicas, ou seja, a probabilidade da falha ocorrer num

determinado intervalo de tempo.

Reconhecimento de limitações de projecto – o RCM procura manter a inerente

fiabilidade do equipamento projectado, reconhecendo que mudanças nessa

fiabilidade são uma atribuição do projecto e não da manutenção. A manutenção

apenas pode assegurar e manter o nível da fiabilidade de projecto para o

equipamento. No entanto, o RCM reconhece que o feedback da manutenção pode

melhorar no projecto original. O RCM reconhece também que frequentemente

existem diferenças entre a vida perceptível de projecto e a vida intrínseca ou real

de projecto, e que por isso endereça estas preocupações a um processo de

exploração de idade (Age Exploration).

Condução pela segurança e economia – a segurança deve ser assegurada a todo o

custo. O próximo critério a assegurar é a gestão eficiente dos custos.

Definição de falha como "toda a condição insatisfatória" – Assim, a falha pode ser

a perda de determinada função ou a redução dos níveis de qualidade abaixo do

aceitável (a operação continua mas tem impacto na qualidade).

Uso de uma árvore lógica para seleccionar as tarefas de manutenção – Isto permite

uma aproximação consistente à manutenção de todos os tipos do equipamento.

As tarefas devem ser aplicáveis – As tarefas devem endereçar o modo de falha e

considerar as características do modo de falha.

As tarefas devem ser eficazes – As tarefas devem reduzir a probabilidade de falha

e de custos eficientes.

Reconhece três tipos de manutenção – Estas tarefas estão relacionadas com o

tempo (manutenção preventiva), relacionadas com a condição (manutenção

condicionada) e com a detecção da falha (um de diversos aspectos da manutenção

pró-activa). As tarefas relacionadas com o tempo são programadas quando

apropriadas. As tarefas relacionadas com a condição são executadas quando as

condições indicam que é preciso. As tarefas de detecção da falha detectam a perda

de funções escondidas (hidden functions) que não foram evidenciadas.

Adicionalmente, não fazer nenhuma manutenção, ou seja, funcionar até avariar, é

uma decisão consciente e aceitável para alguns equipamentos.

16

O RCM é um sistema vivo – O RCM extrai dados dos resultados obtidos e

reutiliza-os para melhorar futuras manutenções e futuros projectos. Este

“feedback” é uma parte importante da manutenção pró-activa do programa de

RCM.

De acordo com os princípios base do RCM, podem seguir-se diversas maneiras de executar

um programa de RCM, o qual pode ser baseado em rigorosos FMEAs (Failure Modes and

Effects Analysis) com probabilidades da falha matematicamente calculadas e baseadas em

históricos ou dados de projecto, intuição ou senso comum, e/ou dados experimentais com

modelização. Estas abordagens podem ser intituladas de Clássicas, Rigorosas, Intuitivas,

Essenciais (Streamlined) ou Abreviadas. Outros termos por vezes usados para estas mesmas

abordagens são Concisas (sucinto), Optimização da Manutenção Preventiva Baseada na

Fiabilidade, e Realce da Fiabilidade. Todos estes termos são aplicáveis. A decisão de que

técnica usar, é do utilizador e deve ser baseada em:

Consequências da falha;

Probabilidade da falha;

Históricos da falha disponíveis;

Tolerância ao risco;

Disponibilidade de recursos.

No fundo existem basicamente duas linhas de pensamento para análises de RCM:

Uma das linhas (e provavelmente a mais popular) é a promovida por John Moubray no

seu livro intitulado “Reliability Centered Maintenance II”, em que o componente está

no centro de todas as decisões sobre a estratégia da manutenção a aplicar dentro do seu

contexto de funcionamento.

A outra linha de pensamento sugere que a unidade em análise é dividida em sistemas e

que somente as tarefas de RCM que mitigam as falhas do sistema são consideradas.

Considera-se sistema crítico àquele onde uma falha desse sistema causa uma falha da

unidade ou do processo. A identificação dos limites do sistema dita que os

componentes pertencem a esse sistema.

17

A primeira linha (das duas apresentadas) exposta é a do RCM Clássico/Rigoroso. Esta linha

de análise oferece mais conhecimento e dados em relação às funções do sistema. O RCM

como análise rigorosa foi o primeiro método proposto e documentado por Nowlan e Heap e

mais tarde modificado por John Moubray, Anthony M. Smith, e por outros. Este método é o

que produz a documentação mais completa de todos os métodos e por isso o mais trabalhoso

de todos. Com a aplicação deste método pode-se adiar a implementação de tarefas óbvias de

monitorização de condições.

O uso deste tipo de RCM deve ser limitado às seguintes situações:

As consequências da falha resultam em risco catastróficos para o ambiente, saúde ou

segurança e/ou determinam o fim do negócio;

A fiabilidade e o custo de manutenção associado ainda são inaceitáveis após

implementação dos outros tipos de RCM;

O sistema/equipamento é novo na organização, a manutenção praticada pela empresa

ainda é insuficiente e as funções e falhas funcionais ainda não são conhecidas.

A segunda linha exposta é o RCM Abreviado/Intuitivo/Essencial. Nesta linha a abordagem é

intuitiva e identifica e executa o óbvio, normalmente manutenção condicionada e tarefas de

análise reduzida. Põe de lado ou elimina tarefas de manutenção pouco significativas baseadas

em históricos ou em elementos fornecidos pelo pessoal da manutenção/operação. A intenção é

reduzir o tempo de análise inicial para começar a economizar o mais cedo possível, o que

ajuda a minimizar os custos de implementação do FMEA e da monitorização condicionada.

Neste caso acreditar em registos históricos e em conhecimentos fornecidos pelas pessoas pode

induzir em erros no processo, que pode conduzir a falhas escondidas (hidden failures) com

uma baixa probabilidade de ocorrência. Este processo intuitivo requer que exista pelo menos

uma pessoa que conheça completamente as várias tecnologias de monitorização por condição.

Este tipo de RCM deve ser usado quando:

A função do sistema/equipamento é bem conhecida.

A falha funcional do sistema/equipamento não resultará em perdas de vidas ou não

terá um impacto catastrófico no ambiente ou no negócio.

18

2.2 – Manutibilidade versus Cadernos de Encargos

A Manutibilidade versus Caderno de Encargos, tanto ao nível do Pré-Projecto como ao nível

do Pós-Projecto, implica uma grande responsabilidade. A empresa que compra os serviços

terá de se certificar que o equipamento, para além da produtividade e fiabilidade, terá de ter

um conjunto de conselhos e estruturas equipadas para que quando for necessário a intervenção

da manutenção (preventiva, condicionada ou correctiva) não exista mais nenhum trabalho

extra (criar condições para intervenção) a não ser a intervenção para reparação.

Em termos teóricos a Manutibilidade é a “Aptidão de um bem, sob condições de utilização

definidas, para ser mantido ou restaurado, de tal modo que possa cumprir uma função

requerida, quando a manutenção é realizada em condições definidas, utilizando

procedimentos e recursos prescritos (NP EN 13306)” (Instituto Portugês da Qualidade, 2007).

O Caderno de Encargos, não estando normalizado o seu conceito, pode considerar-se que seja

“um documento contratual que descreve o que é esperado do Mestre de Obra pelo

Contratante, sendo o Mestre de Obra a entidade escolhida pelo cliente para realizar a obra, nas

condições de prazo, qualidade e custos fixados por este último em conformidade com um

contrato, e o Contratante é o cliente que está a comprar o serviço/equipamento (Kioskea.net).

2.2.1 – Manutibilidade versus Cadernos de Encargos Pré-Projecto

Depois de explicar no que consistiam os dois termos acima enunciados, chegou a altura de

dividir em dois campos ligeiramente diferentes estes dois conceitos. Os campos identificados

neste trabalho são os de Pré-Projecto e de Pós-Projecto, onde se devem seguir posturas

totalmente diferentes bem como especificações.

Na fase de Pré-Projecto, quando se está a efectuar levantamentos sobre o equipamento que é

pretendido, levando em conta os níveis de produção pretendidos, custos de manutenção,

custos de admissão, eficiência na função, etc, terá de ter-se em atenção um outro conceito que

tem tanto ou mais significado que os enunciados atrás.

19

Os projectistas ou responsáveis pela compra do equipamento devem ter em conta as condições

de manutibilidade do equipamento a adquirir, baseando-se no local onde irá ficar instalado (se

estará ou não sob um ambiente corrosivo), condições e produtos com os quais irá trabalhar

(exemplo se estará em contacto com produtos agressivos) e baseando-se nisso, irá haver uma

vasta gama de equipamentos fornecidos pelas mais diversas empresas que tentam responder

da melhor forma ao que é pretendido.

No Caderno de Encargos, devem estar mencionadas todas as condições de manutibilidade

pretendidas pela empresa com o produto, isto é, deve ir especificado que o produto comprado

para o fim desejado, deve ter uma periodicidade de manutenção de intervenção (mencionar o

número baseado na experiência anteriormente adquirida com equipamentos semelhantes ou

tentar inteirar-se de empresas que utilizam esses equipamentos), todos os acessos e condições

para essa intervenção deveram ser criados e instalados no acto da montagem e entrega do

equipamento, deve ser fornecido o livro de manutenção do equipamento, onde venha

descriminado, todos os passos a seguir para efectuar as diferentes tarefas de manutenção,

todos os passos referentes a troca de componentes do equipamentos, com as tolerâncias de

afinações pretendidas pelo fabricante e por último no livro de manutenção deve ter

mencionado o plano de manutenção preventiva, mencionando todos os componentes críticos

que devem ser seguidos mais de perto bem como a sua periodicidade. Um outro documento

que deve vir com o equipamento, se não for mencionado no caderno de encargos não será

fornecido pelo fornecedor, é a Documentação da Qualidade. Nesta documentação virá

descriminado todos os materiais utilizados no fabrico do equipamento bem como todos os

testes (fissuração, radiografia, líquidos penetrantes, etc.) efectuados antes de dar o

equipamento como apto para entrega.

Se o Caderno de Encargos englobar todos estes passos, será muito mais difícil para as

empresas fornecedoras de equipamentos poderem fugir às obrigações técnicas e legais (desde

a entrega dos documentos necessários, aos requisitos de uma instalação correcta, para que as

posteriores intervenções de manutenção se possam fazer adequadamente) e assim garantir

que, entre outras vertentes, as questões de manutibilidade fiquem salvaguardadas.

20

Olhando agora a outra parte da questão, da aquisição do equipamento, e levando apenas em

linha de conta o rendimento pretendido e as quantidades/qualidades exigidas pelo Contratante,

está-se a efectuar uma compra que, na gíria, é chamada de chave na mão. Neste caso a

empresa compra o equipamento (e o respectivo serviço de montagem), baseando-se apenas no

rendimento pretendido, isto é, a compra é efectuada com base nas condições oferecidas pelo

fornecedor face aos requisitos produtivos do equipamento, sem atender aos requisitos de

manutenção que proporcionam esse mesmo rendimento. No mundo actual em que vivemos,

onde a diminuição de gastos e o aumento de lucros é cada vez mais a meta a alcançar de ano

para ano, é importante todo o dinheiro que se puder poupar, incluindo a utilização de

componentes de menor qualidade, o que implica o fornecimento à posteriori (fora do contrato

de aquisição com equipamento/serviço), de componentes essenciais para as futuras

intervenções de manutenção. Estes componentes, para além de poderem ficar posteriormente

mais valorizados (devido às circunstâncias do mercado ou à inflação) podem ainda implicar

paragens de produção que, no final, poderão originar custos globais, directos e indirectos, que,

na altura da aquisição do equipamento/serviço, não eram transparentes.

Assim, a realização de um caderno de encargos rigoroso, obriga a que o equipamento

proposto apresente a qualidade inicialmente pretendida e que a equipa de manutenção da

empresa possa vir a intervir no equipamento dispondo de todos os dados e acessórios

disponíveis para que as intervenções sejam rápidas e eficazes.

2.2.2 – Manutibilidade versus Cadernos de Encargos Pós-Projecto

O Caderno de Encargos realizado nesta fase, Pós-Projecto, pode englobar dois campos de

aplicação. Um dos campos tende na sua realização, para a melhoria das condições de

manutibilidade, isto é, após o projecto realizado e entregue pela empresa fornecedora, a

manutenção vê-se na incumbência de efectuar alterações ao projecto inicialmente. Neste

sentido irá haver um acréscimo de custos que na altura de aquisição do equipamento não

estava pensado. Este novo caderno de encargos irá ter contido todas as especificações das

alterações ou instalações novas que terão de ser efectuadas.

21

O outro campo onde o Caderno de Encargos é uma peça fundamental é na altura de efectuar

uma manutenção de intervenção. Na actualidade, é normal comprar serviços de manutenção a

empresas externas do que estar a efectuar essa mesma manutenção com pessoal da casa,

primeiro porque cada vez mais as empresas têm menos recursos humanos e segundo porque

efectuando uma preparação cuidada, é possível e compensável comprar o serviço.

Esta preparação engloba uma recolha de dados para cada serviço independente (levar em

conta os equipamentos e efectuar um relatório sobre cada um para no final ter um Caderno de

Encargos geral sobre os equipamentos que necessitam de ser intervencionados). Esse Caderno

de Encargos terá de conter toda a informação do equipamento, desde desenhos a

procedimentos de intervenção relevantes para a empresa contratada.

Este Caderno de Encargos, para esta última situação, é efectuado pelos preparadores da

manutenção, que são os mais indicados para a operação. Um dado importante a mencionar,

para além dos acima mencionados, tem a ver também com a manutibilidade necessária para

efectuar a reparação. Esta manutibilidade deve estar bem explícita no Caderno de Encargos,

identificando se é necessário que a empresa contratada forneça os componentes que irão ser

trocados ou se é a empresa contratante que os fornecerá, se é necessária a instalação de

equipamentos externos para proceder à reparação e a quem se irá incumbir esses custos entre

outros.

Para estes casos, todos os pormenores são relevantes, para quando houver a reunião com as

empresas prestadoras desses serviços, estas fiquem com uma ideia clara do que é pretendido e

depois não haja valores absurdos a serem cobrados por tarefas que não foram mencionadas

anteriormente no Caderno de Encargos.

2.2.3 – Manutibilidade Versus Cadernos de Encargos na Empresa Celbi

Na empresa Celbi, o Caderno de Encargos é elaborado (no caso da sua aplicação no pós-

projecto) muito minuciosamente, para que este contenha toda a informação importante para a

empresa contratada. No final do Caderno estar efectuado, este é entregue a algumas empresas

anteriormente seleccionadas, para que analisem e efectuem uma proposta para o que é pedido

22

no documento. Depois, com base nas propostas apresentadas (de salientar se houver várias

tarefas num mesmo Caderno de Encargos, as empresas deveram apresentar valores para cada

tarefa) e levando em conta outros dados internos, a empresa contratará a que melhor se

enquadrará para efectuar o serviço. No caso da empresa contratada efectuar algo que não

esteja contratado, a empresa Celbi tem sempre um documento em que pode comprovar todo o

serviço contratado e sobre o qual pagará, podendo assim exigir desde a qualidade de trabalho

ao tempo de execução.

2.3 – Normalização em Manutenção

A utilização de normas quer nacionais quer internacionais é sinónimo da aplicação de um

modelo comum para o funcionamento de determinado tipo de processo que obedece a

pressupostos que cumprem requisitos pré-definidos numa perspectiva dialogante entre

processos homólogos.

A normalização é uma ferramenta poderosa na auto-disciplina dos agentes activos dos

mercados.

Uma norma é considerada uma referência idónea do mercado a que se destina, sendo, por

isso, usada nos processos: de legislação, de acreditação, de certificação, de metrologia, de

informação técnica e, até por vezes, nas relações comerciais Cliente - Fornecedor.

A aplicação das normas é voluntária, sendo uma das razões da sua aplicação a

competitividade no mercado e a outra a oportunidade que proporcionam em redesenhar os

processos numa perspectiva de melhoria.

O Instituto Português da Qualidade (IPQ) é a entidade nacional responsável pela coordenação,

gestão geral e desenvolvimento do Sistema Português da Qualidade (SPQ), bem como de

outros sistemas de qualificação no domínio regulamentar, que lhe sejam conferidos por lei. As

normas, de uma forma geral, são compostas por um prefixo alfabético, seguido por um código

numérico. O prefixo das Normas Portuguesas é NP mas, para além destas, existem Normas

Portuguesas que adoptam uma norma europeia e, nesse caso, designam-se por NP EN.

23

Também existe o caso em que a norma portuguesa adopta uma norma europeia que, por sua

vez, resultou da adopção de uma norma internacional. Neste caso, fica NP EN ISO, sendo a

norma internacional ISO a adoptada pela Norma Europeia e depois adoptada pela Norma

Portuguesa.

No site do IPQ pode ler-se que “são consideradas Normas Portuguesas as NP, NP EN, NP EN

ISO, NP HD, NP ENV, NP ISO, NP IEC e NP ISO/IEC; também são consideradas Normas

Portuguesas todas as EN, EN ISO, EN ISO/IEC e ETS integradas no acervo normativo

nacional por via de adopção”, levando em conta o que foi dito anteriormente, adicionando que

todas as Normas Europeias também são consideradas como Normas Portuguesas (Instituto

Portugês da Qualidade, 2007) (Spínola, 2007).

Na elaboração das Normas Portuguesas deve ser tido em consideração as regras que

concernem à sua estrutura e redacção, as quais se encontram estabelecidas nas normas NP

1:1996, NP 2:1996 e NP 3:1996.

Um das entidades normalizadoras mais importantes para a indústria é a ISO (International

Organization for Standardization). Esta Entidade teve o seu começo no inicio do século XX,

destacando-se os estudos de Frederick Taylor visando racionalizar as etapas de produção que,

por sua vez, foram aproveitadas, com sucesso, por Henry Ford, que as implementou uma

linha de montagem.

A padronização internacional começou pela área electrónica, com a constituição, em 1922, da

International Electrotechnical Commission (IEC). Seguindo o exemplo da área electrónica,

em 1926, foi fundada a International Federation of the National Standardizing Associations

(ISA), com ênfase na Engenharia Mecânica. A ISA não teve longa duração, tendo cessado as

suas actividades durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942.

Com o final deste conflito, em 1946, representantes de 25 países reuniram-se em Londres e

decidiram criar uma nova organização internacional, com o objectivo de “facilitar a

coordenação internacional e unificar os padrões industriais”. À nova organização foi dado o

nome de Organização Internacional de Normalização (International Organization for

24

Standardization ISO), tendo iniciado oficialmente as suas operações em 23 de Fevereiro de

1947 com sede em Genebra, Suíça.

Com a acentuada globalização verificada na década de 80, aumentou-se a necessidade de

novas normas internacionais, nomeadamente a partir da criação da União Europeia. Em 1987

o governo britânico persuadiu a Organização Internacional de Normalização (ISO) a adoptar a

BS 5760 (BS – British Standard) como uma norma padrão internacional. A BS 5750 tornou-

se a ISO 9000.

A norma ISO 9000:1987 (por ter sido criada em 1987), tinha estrutura idêntica à norma

britânica BS 5750, mas era também influenciada por normas existentes nos Estados Unidos da

América e por normas de defesa militar ("Military Specifications" - "MIL SPECS").

A ISO 9000:1987, subdivide-se em três modelos de gestão da qualidade, conforme a

natureza das actividades da organização:

ISO 9001:1987 - Modelo de garantia da qualidade para design, desenvolvimento,

produção, montagem e prestadores de serviço - aplicava-se a organizações cujas

actividades eram vocacionadas para a criação de novos produtos.

ISO 9002:1987 - Modelo de garantia da qualidade para produção, montagem e

prestação de serviço - compreendia essencialmente o mesmo objectivo da anterior,

mas sem abranger a criação de novos produtos.

ISO 9003:1987 - Modelo de garantia da qualidade para inspecção final e teste -

abrangia apenas a inspecção final do produto e não se preocupava como o produto era

feito.

Ao longo dos anos, esta norma tem sofrido sucessivas alterações e melhoramentos, sendo a

última versão a ISO 9001:2008. Esta versão foi aprovada nos finais do ano 2008, e apresenta

uma maior compatibilidade com a família da ISO 14000; as alterações realizadas trouxeram

maior compatibilidade para as suas traduções e consequentemente um melhor entendimento e

interpretação do seu texto.

25

Outra importante alteração nesta versão foi o sub-ponto 1.2 que introduz o conceito de

exclusões. Este ponto permite que requisitos da norma que não sejam aplicáveis devido a

características da organização ou dos seus produtos sejam excluídos, desde que devidamente

justificados. Desta forma, garante-se o carácter genérico da norma e a sua aplicabilidade para

qualquer organização, independente do seu tipo, tamanho e categoria de produto.

Ocupando um lugar tão importante na sociedade, a ISO, bem como a DIN (Deutsches Institut

für Normung), cimentaram a sua posição no mercado atraves do mercado Alemão. A entidade

DIN foi criada em Dezembro de 1917, tendo tido uma grande contribuição de Deutscher

Werkbund, atendendo a que esta entidade nasceu segundo as suas ideias. A criação da norma

DIN tinha como principal função a de eliminar o abismo existente entre artesãos, indústria e

artistas provocado pela substituição da manufactura durante a revolução industrial. Artistas,

politicos, arquitectos, industriais, entre outros, fundaram, em Outubro de 1907, em Munique,

o Deutscher Werbund ou Federação Alemã de Oficios, que dos seus frutos há a referenciar a

criação da escola Bauhaus em 1919 e as normas DIN. Inicialmente DIN eram as iniciais de

Normas Industriais Alemãs (Deutsch Industrie Normung). Em meados do ano 1920,

reconheceu-se, no entanto, que as normas abrangiam não somente produtos industriais e, hoje,

DIN é a sigla do Instituto Alemão de Normalização (Deutsches Institut für Normung) com

sede em Berlim.

A primeira norma DIN referia-se à fabricação de pinos de beliche, mas a mais conhecida é a

DIN 476, elaborada em 1922, que regulamenta os formatos de papel. Daí o nome DIN A4, ou

seja, um rectângulo com relação entre os lados de 1√2

. Como explica o instituto DIN, a

cooperação com o Deutscher Werkbund foi bastante estreita, estando Peter Behrens e

Hermann Muthesius no subcomité de normas construtivas.

A empresa Celbi não segue uma norma em concreto, mas sim várias normas associadas ao

ponto de aplicação. No que respeita à segurança interna, segurança florestal e qualidade,

segue as normas ISO, designadamente a norma ISO 9000:2008.

Na manutenção, no que respeita a consumíveis (materiais usados na manutenção de

equipamentos e componentes de reserva), seguem-se vários tipos de normas, um pouco de

26

acordo com cada fabricante. Há anos atrás, a empresa seguia essencialmente a norma DIN no

que respeita a parafusos, porcas, etc. A nível das juntas, por exemplo, já se seguia a norma

SSG (Standard Solutions Group). A nível de tubos eram utilizadas as normas ANSI

(American National Standards Institute) na maioria da fábrica, seguindo-se exaustivamente

todas as regras desta norma (ângulos das curvas, comprimentos, apoios das tubagens) mas, no

que respeitava a tubagens para as caldeiras, onde o fluido principal era o vapor, a norma já

não era a ANSI, mas sim a BS (norma britânica). A justificação para esta alteração

relacionava-se com o facto desta norma fornecer essencialmente a indústria do petróleo e, por

isso, estar um pouco mais adequada ao fabrico destes componentes. Todas as regras atrás

mencionadas eram rigorosamente seguidas, indo-se ao pormenor de identificar sucintamente

as válvulas e criar-se estruturas internas para identificação das mesmas.

Actualmente, esta regra já não é tão linearmente seguida, um pouco pela globalização em que

cada vez mais se procura o mais barato e também devido aos fornecedores especializados

estarem um pouco distribuídos pelo globo. Devido a esta situação, em que se têm

fornecedores, tais como, por exemplo, os americanos, estes seguem as normas internas do país

que, neste caso, é a norma AISI (American Iron and Steel Institute).

2.4 – Planeamento da manutenção

No planeamento da manutenção, o documento que maior importância tem é a Ordem de

Trabalho (OT) que, na Celbi tem a designação de Ordem de Execução (OE). A OT tem de

seguir alguns requisitos, para poder corresponder às exigências de informação necessárias a

cada intervenção da manutenção:

Identificar bem o objecto de manutenção (equipamento);

Descriminar todos os passos a seguir para a execução da intervenção;

Identificar todos os materiais de reserva necessários à intervenção;

Identificar todas as ferramentas necessárias à execução;

Identificar e providenciar toda a documentação que seja relevante para a execução da

intervenção;

Prever o tempo necessário para a execução.

27

Os requisitos precedentes são os mais importantes, no que diz respeito ao planeamento de

uma OT, podendo haver outros que não estejam mencionados acima mas que podem

acompanhar a OT para uma melhor caracterização.

Para que a informação necessária ao planeamento de uma OT esteja disponível é necessário,

anteriormente, proceder ao levantamento de todos os equipamentos instalados, as suas

características, as peças de reserva necessárias, etc.

Nas empresas mais desenvolvidas, estas tarefas são desempenhadas por equipas do serviço de

planeamento, que têm, na maioria dos casos, à sua disposição um sistema informático de

Gestão da Manutenção, no qual são armazenadas todas as informações, tais como,

características do equipamento, peças de reserva, número de equipamentos iguais instalados,

etc., recolhidas pela equipa de planeamento e que são relevantes para a actividade da

manutenção. É neste sistema que se faz, igualmente, o tratamento e gestão das OTs.

A identificação do equipamento é o primeiro passo na preparação da OT. É muito importante

ter uma caracterização concisa do equipamento, identificar as peças-de-reserva e os

componentes de maior desgaste. Todos estes dados são fornecidos pelo fabricante, o qual

também fornece o livro de manutenção geral do equipamento.

Alguns termos usados anteriormente, tais como localização, equipamento, código de

identificação, peças de reserva, rotáveis, merecem ser abordados com mais detalhe.

Numa unidade fabril com milhares de equipamentos instalados é necessário existir um

processo para identificação imediata, para que todos os que nela trabalham, possam situar

facilmente o local onde se encontra cada equipamento.

Aparece assim a necessidade de atribuir uma “Localização”, na qual podem estar envolvidos

diversos equipamentos de tipos diferentes. Vai-se considerar um exemplo (fictício) de uma

bomba centrífuga:

732-0075 Bomba de recirculação de água fria

28

Através desta identificação, para além de se saber qual o fluido que passa na bomba, sabe-se

que se encontra na área 732 (Bombagem de água fria) e que lhe foi atribuído o número

sequencial 0075. No entanto, para funcionar, a bomba é accionada por um motor eléctrico que

é alimentado por um quadro eléctrico através de uma “gaveta” dimensionada para a sua

potência.

Assim, reformulando a localização tem-se:

732-0075 Bomba de recirculação de água fria.

o 732-QD-0075.01Gaveta para a bomba de recirculação de água fria.

o E732-MOT-0075.02Motor para a bomba de recirculação de água fria.

o M732-0075.50 Bomba para a bomba de recirculação de água fria.

o M732-0075.51Suporte Rolamentos para a bomba de recirculação de água

fria.

Quando qualquer OT é criada e emitida para esta bomba, é referido qual o elemento que vai

ser intervencionado, por exemplo, E732-MOT-0075.02 (se for o motor) ou M732-0075.50 se

for a bomba.

O equipamento bomba possui componentes que têm que ser tratados separadamente: a vóluta,

o conjunto rotativo (rotor +suporte rolamentos+retentor mecânico), o acoplamento, etc.

Depois de analisadas as características de cada componente, é-lhes atribuído um código

identificativo: código de artigo.

Aos componentes mais complexos, tais como, suporte de rolamentos (conjunto constituído

por veio, rolamentos, retentores mecânico) é atribuída identificação própria (3GSR0001 por

exemplo), pese embora cada elemento do conjunto ter código de artigo. Pretende-se, assim

evitar perdas de tempo a montar o conjunto sempre que for necessário (pré-montagem).

A cada equipamento identificado, mesmo os que se encontram em armazém, é alocada uma

ou várias localizações. Assim, para cada suporte de rolamentos, por exemplo, sabe-se

exactamente quais as localizações que podem possuir cada conjunto quando em

29

funcionamento. Também o inverso é possível saber, isto é, para um determinado suporte de

rolamentos em funcionamento é possível saber quais as localizações onde há um conjunto

igual em funcionamento e se há reserva em armazém (equipamento rotável).

Do exemplo atrás descrito, pode-se resumir que cada peça, per si, é um artigo com código de

artigo atribuído que permite a sua identificação inequívoca. Algumas dessas peças, quando

montadas em conjunto, formam um equipamento perfeitamente identificado e ao qual é

atribuído um código, por exemplo 3GSR0001 Suporte de Rolamentos (marca) (tipo) ou

3GR_0001 Redutor (marca) (tipo) ou 3GB_0001 Bomba (marca) (tipo).

Os códigos atribuídos a artigos (peças) ou equipamentos, para além da sua identificação, são

ainda utilizados na gestão de stocks.

Toda esta informação, na empresa CELBI, é gerida no sistema de Gestão da Manutenção

“MAXIMO”.

Com os componentes identificados e as suas relações devidamente estabelecidas ao

equipamento, quando se lança a OT para o equipamento, torna-se muito mais fácil para o

preparador identificar os componentes que irá necessitar para a execução do trabalho, saber o

que tem stock, em armazém, o que é necessário comprar, bem como os respectivos custos.

Tudo o que foi mencionado funciona bem quando se tem um programa de manutenção

associado à gestão da manutenção e de materiais da fábrica, pois só assim é possível saber em

tempo real as necessidades para os equipamentos. Com um programa informático de apoio à

gestão, é possível, através da OT, efectuar a compra de componentes que não existam em

stock em armazém, pois esta OT poderá, caso seja necessário, desencadear automaticamente

um pedido de compra, para que o Aprovisionamento proceda à aquisição do componente, e no

dia da intervenção se disponha de todos os materiais disponíveis.

Ao nível de custos da OT, com o nível de organização mencionado, torna-se fácil imputar os

custos de manutenção a cada intervenção, ou então agregar apenas os custos ao equipamento,

para que, no final, possa existir um histórico que contenha todas as intervenções, e assim seja

30

possível cruzar os dados referentes à fiabilidade do equipamento versus custos do

equipamento.

Com esta estrutura é possível imputar os custos de manutenção por área, apresentando assim

um histórico sobre as áreas mais problemáticas e, por consequência, as quais necessitam de

prestar mais atenção no sentido de minimizar os custos.

Na empresa CELBI, a gestão da manutenção, em termos genéricos, é feita de acordo com o

que foi relatado. Utiliza o programa de gestão MAXIMO a nível da manutenção, compras e

armazém. Com este programa, a empresa consegue identificar, localizar e gerir todos os

equipamentos presentes na unidade fabril.

Em termos dos equipamentos produtivos, a empresa divide-se em três áreas, o que coincide

com as mesmas áreas a nível da manutenção, as quais têm equipas de intervenção

independentes mas um chefe comum.

Cada área está dividida em localizações, que não são mais do que locais onde estão

incorporados os equipamentos necessários à produção (tanques, bombas, agitadores, etc.).

Estas localizações são depois divididas em sub-localizações, isto é, da mesma forma que

existe um equipamento e depois vários sub-equipamentos, nas localizações é análogo. Desta

forma, a manutenção mecânica e a manutenção eléctrica podem trabalhar em conjunto; a

secção de instrumentação, utiliza a raiz da localização para agrupar os seus equipamentos.

Cada localização base (também chamada de localização Pai) vai dar origem a várias

localizações secundárias (as chamadas localizações Filho). A localização base identifica o

serviço, e as localizações secundárias identificam todos os equipamentos presentes nessa

localização.

Nos últimos anos, para retirar todas as potencialidades do programa de gestão MAXIMO, tem-

se reestruturado a forma como as localizações estavam organizadas, efectuando uma

localização Filho para cada equipamento, limitando-se assim a uma localização para cada

equipamento. Com base neste programa a cada OT, à qual se chama OE (Ordem de

Execução), é possível efectuar planos de trabalho individuais. Para cada tipo de equipamentos

31

(um plano de trabalho pode servir para vários tipos de bombas, desde que sejam

geometricamente semelhantes), estes planos de trabalho ficam associados aos equipamentos e

sempre que é necessário uma intervenção é possível identificar um plano que consiga

corresponder com o que é pretendido e daí abrir uma OT/OE tendo como base o plano de

trabalho (PT). Com este programa é possível movimentar equipamentos de localizações

baseando-se nas OE/OT, ficando assim registado e atribuídos os custos referentes a essa

mudança; por exemplo, utilizando o caso da bomba, em que havia um suporte de rolamentos

de reserva e o que estava de serviço gripou os rolamentos. Neste caso irá ser aberta uma OT

para a substituição do suporte de rolamentos e depois irá ser aberta outra OT para a reparação

do mesmo. Com a primeira OT sairá uma requisição de equipamento para que se possa

levantar o suporte de rolamentos em armazém e colocar na instalação, assim, é possível

incumbir os custos do equipamento a uma secção ou área. A segunda OT será a que irá

reparar o suporte de rolamentos que se danificou, sendo efectuada uma requisição para tirar o

equipamento da localização onde estaria a funcionar e colocado em oficina para reparação.

No final da reparação (onde levará componentes novos que terão de estar descriminados na

presente OT) será efectuada uma devolução deste ao armazém, para que continue a ser uma

reserva ao equipamento instalado.

Na OT efectuada para a reparação do equipamento em oficina, terão de ser bem discriminados

todos os componentes novos que o equipamento irá levar. No caso de não haver em stock esse

componente, a OT irá desencadear um pedido de compra, ao departamento de compras

(Aprovisionamento), para se efectuar o processo de compra externa do componente. Neste

caso, a OT irá ficar pendente até que todos os componentes estejam presentes e assim se possa

efectuar o trabalho.

Após a OT estar concluída e o equipamento estar entregue em armazém, ou, no caso de ser na

instalação, estar entregue à produção para que possa continuar a laborar, o responsável de

secção tem a incumbência de dar a OT como concluída e assim fechar o ciclo. É então

possível saber quanto custou a reparação/troca do equipamento.

Até ao momento tratou-se da abertura das OT e, logo de seguida, da sua realização. Contudo,

muitas vezes, o problema é identificado mas não existem condições (a produção não pode dar

32

a segurança necessária para que a manutenção possa intervir) para o departamento de

manutenção poder intervir. Neste caso, a OT é aberta e é-lhe dado um grau de prioridade,

ficando depois pendente. A utilidade em mencionar o tempo médio de intervenção é de

extrema importância. Na altura em que, por alguma razão, a produção dê condições, numa

certa localização, por um determinado intervalo de tempo para se proceder a intervenções de

manutenção, é efectuado um levantamento de todas as OT em lista de espera que podem ser

efectuadas dentro deste intervalo de tempo. Com base nesse levantamento, é possível

determinar quais são os locais onde se irá intervir e assim executar as OT correspondentes.

33

CAPITULO 3 – Problemas de manutibilidade e

soluções propostas

No âmbito de um projecto designado por C09 na CELBI, a empresa ampliou e renovou as

suas instalações da área fabril para assim poder responder melhor às solicitações de um

mercado cada vez mais exigente. As obras foram efectuadas um pouco por todas as áreas da

zona fabril, tendo tido o seu maior impacto na instalação de uma nova máquina de secagem de

pasta, de uma nova linha de preparação de madeiras, de um novo forno de cal, de uma

caldeira de recuperação, de uma turbina e da reformulação do sistema de lavagem e

branqueamento da pasta. Em paralelo com estas obras, vocacionadas para a linha de pasta,

houve também outro projecto (que acabou por ficar inserido no designado por C09, por ter

acontecido na mesma altura) que consistiu na instalação de uma central de biomassa

vocacionada para a produção de energia (instalação de um novo silo de casca, de novas linhas

de transportadores e de plataformas de alimentação de biomassa, de uma caldeira de biomassa

e de uma turbina).

Sendo um projecto (chave na mão), houve necessidade de acautelar de inicio a produção e

fornecimento de informação, por parte dos fornecedores, que após o arranque iria ser

necessário estar disponível. Refere-se aqui a manuais de instrução para a manutenção.

Nestes manuais devem constar para além de uma breve descrição sobre o funcionamento dos

equipamentos o tipo de manutenção a auferir:

Tempo entre operações de lubrificação

Tipo de óleos e/ou massas a utilizar

Identificação de peças de reserva

Instruções sobre montagem/desmontagem

Instruções sobre substituição de peças de desgaste

Etc.

34

Há no entanto alguns equipamentos para os quais tais instrumentos não existem.

No âmbito deste trabalho, o autor propôs-se efectuar um estudo para melhorar estas

condições, bem como efectuar os planos de manutenção de um grupo de equipamentos

escolhidos por responsáveis da empresa. O trabalho a realizar e os equipamentos a intervir são

os seguintes:

i. Criar condições de manutibilidade para efectuar a troca de um filtro de água nas

bombas de alimentação da caldeira de recuperação com as localizações internas de

463-001; 463-002 e 463-003 (Figura 3.1)

Figura 3.1 – Bombas de água de alimentação à caldeira de recuperação

ii. Criar condições de manutibilidade para efectuar a troca / reparação de um redutor de

accionamento do parafuso sem-fim de alimentação de biomassa com as localizações

internas de 285-020;285-021;285-022 e 285-023 (Figura 3.2).

35

Figura 3.2 – Redutores de accionamento do Sem-Fim da biomassa e Sem-Fim

iii. Criar planos de Manutenção Preventiva, Manutenção Condicionada e Planos de

trabalho para intervenção no equipamento (figura 3.3).

Figura 3.3 – Reparação do Sem-Fim

36

No âmbito deste trabalho, é projectado, para o caso da bomba de água de alimentação, um

suporte para apoiar o filtro e, simultaneamente, ter a possibilidade de ser articulado para que

assim se possa rodar a secção da tubagem onde está inserido o filtro e retirar o mesmo. Este

suporte irá estar fixado a uma viga de perfil em “I” situada por cima das bombas de

alimentação. A ligação do suporte à tubagem é efectuada através de uma garra com 2

parafusos de aperto. Este suporte terá de ter outra particularidade, que consiste em ter

capacidade e condições para elevar a secção da tubagem quando esta for desapertada, e assim

ganhar folga para que seja possível rodar a secção para retirar o filtro. Esta elevação será

conseguida através de um sistema de mola com a utilização de anilhas de mola belleville. Este

sistema tem como finalidade apoiar a manutenção na operação de limpeza/troca do filtro das

bombas e assim poder-se ganhar algum tempo com a operação (Figura 3.1).

No segundo caso, o objectivo é retirar o redutor de accionamento do parafuso sem-fim do

transportador de biomassa, sendo a ferramenta de apoio um pórtico, o qual terá como

particularidade estar fixo num apoio (na parte interior do redutor, isto é, entre o redutor e a

plataforma de protecção do redutor da biomassa), estando no outro lado assente numa

estrutura em “A”. Este pórtico será efectuado num perfil em “H”, sendo o perfil de

deslocamento em “I”, o qual irá servir de mono-carril para se poder transportar o redutor para

o corredor e depois para a oficina mecânica. Neste perfil em “I” irá ser instalado um carro

que, com a ajuda de diferenciais, irá elevar o redutor o suficiente para que este possa transpor

todos os obstáculos e, assim, ser transportado para o corredor. Neste caso, o pórtico tem como

finalidade dar condições à manutenção para, em situação de avaria do redutor, em que a única

possibilidade para a sua reparação seja fazê-la em oficina, possa efectuar o seu trabalho com

as adequadas condições técnicas e de segurança (Figura 3.2).

3.1 – Estudo e projecto do suporte para troca do filtro das bombas

O filtro em questão (F3GFL084/85/92) das bombas 463-001/-002/-003, respectivamente,

consiste num invólucro cónico com uma dimensão de DN100 x 525 mm e peso de 0,853 kg e

destina-se a filtrar eventuais objectos/partículas suspensas na água de alimentação à caldeira.

37

Este encontra-se instalado no interior de um troço, flangeado, da tubagem de aspiração das

referidas bombas.

Com base na experiência adquirida ao longo dos últimos anos e com a ajuda da equipa de

preparadores da Empresa, foi escolhido o método a utilizar no suporte para efectuar a

troca/lavagem do filtro. Definido este, tornou-se necessário escolher as espessuras e os

tamanhos dos componentes a utilizar e, mais uma vez, a experiência foi determinante nesta

vertente. Seguidamente é apresentado o suporte que se pretender instalar, sendo depois

ilustrados todos os cálculos que fundamentam a escolha dos diferentes componentes.

Figura 3.4 – Desenho 3D do suporte para troca do filtro

38

Na Figura 3.4 apresenta-se o tipo de objecto solução pretendida para instalar junto das

bombas de água de alimentação para facilitar a desmontagem do filtro. Este conjunto terá um

tubo principal de medidas Ø101.6mm com uma espessura de parede de 5mm e um

comprimento de 2030mm, que estará soldado numa chapa rectangular de medidas

500x250mm com uma espessura de 20mm. Esta chapa será furada em quatro pontos para

poder ser aparafusada ao perfil em ”I” pertencente à estrutura da caldeira para assim suportar

toda a estrutura. Na Figura 3.5 pode-se ver em mais detalhe esta ligação, utilizando um

sistema de explosão de componentes para se poderem identificar todos os componentes.

Figura 3.5 – Ligação superior da estrutura

Esta parte do conjunto estará ligada através de parafusos de DIN7990 M22x70 mm e porcas

M22 como se pode ver também na Figura 3.5. A zona inferior deste tubo terá soldada uma

ponteira através de uma zona de solda com um diâmetro máximo igual ao do tubo

(Ø101,6mm) e uma espessura de 5mm. Este diâmetro de 101,6mm sofrerá uma redução para

uma ponteira soldada a este com um diâmetro de 25mm, o qual terá um comprimento de

20mm e servirá para alojar as anilhas belleville. No seguimento desta ponteira ter-se-á um

comprimento de 50mm de rosca externa M24 onde se irá alojar uma anilha de dimensões

39

Ø65x25mm e uma espessura de 10mm, para efectuar a contra-força na mola, bem como uma

porca M24 para efectuar a fixação (figura 3.6).

Figura 3.6 – Secção inferior do suporte com as anilhas belleville e porca de fixação

Depois de analisada a parte fixa do suporte, passa-se à análise da parte móvel de todo o

conjunto. Para efectuar a ligação da parte fixa à secção do tubo onde se encontra alojado o

filtro, concebeu-se um sistema composto por um tubo com as medidas de Ø133mm por 5mm

de espessura e com um comprimento de 600mm, o qual irá trabalhar no exterior deste tubo

principal.

40

Figura 3.7 – Parte inferir do conjunto com o braço de ligação

Na Figura 3.7 pode visualizar-se o tubo externo soldado a um tubo rectangular com furação

para poder ligar a um outro tubo que irá estar ligado a uma garra para efectuar a fixação ao

tubo do filtro.

Figura 3.8 – “T” de ligação com bronzes e anilha de elevação e o braço com a garra

41

O objectivo do conjunto é de rodar cerca de 90º para assim se poder retirar o filtro da linha de

água da bomba, tendo-se concebido a colocação de dois casquilhos de bronze para assim

diminuir o atrito entre as superfícies e poder haver rotação. Na Figura 3.8 estão representados

os bronzes que se irão utilizar bem como a anilha que irá efectuar a ligação entre este

conjunto (tubo externo e braço) e as molas belleville. Os casquilhos terão as seguintes

medidas: Ø160/123x101,6x89mm com uma espessura de 10,7mm. No caso da anilha, terá as

seguintes dimensões: Ø160x26 mm com uma espessura de 10mm.

Figura 3.9 – Vistas de frente e de cima do “T” de ligação e braço

Para efectuar a ligação entre este “T” e a garra do filtro irá colocar-se um tubo de perfil

rectangular de medidas: 80x40mm e com uma espessura de 5mm e um comprimento de

569mm. Este tubo de ligação irá estar inserido dentro de um tubo também rectangular com as

seguintes medidas: 90x50mm com uma espessura de 5mm e um comprimento de 200mm.

Como se pode ver na Figura 3.9 estes dois tubos são fixados através de parafuso/porca.

Na Figura 3.10 pode ver-se a forma como será efectuada essa fixação. No plano longitudinal,

atendendo a que no tubo principal irão ser colocados dois parafusos ISO4162 de

M12x120mm, duas anilhas (uma para cada parafuso) ISO 7029 de Ø24x13mm de espessura

2,5mm e duas porcas ISO 4033 M12. Perpendicular a este plano ter-se-á um parafuso que irá

42

apenas servir de suporte guia para eliminar qualquer desalinhamento que possa acontecer.

Este conjunto de parafuso, anilha e porca será composto por parafuso ISO 4162 de 70mm,

anilha ISO 7029 de Ø24x13mm e porca ISO 4033 M12. Estes parafusos irão segurar o braço

ao resto do conjunto.

Figura 3.10 – Estrutura de fixação do braço com o “T”

O tubo rectangular do braço (de 80 x 40 mm) é aparafusado numa das extremidades e, na

outra, soldado a metade de garra, como se pode visualizar na Figura 3.11.

Figura 3.11 – Ligação do braço com a garra

43

Relativamente à garra, esta terá de efectuar a ligação com a tubagem onde está inserido o

filtro. Na Figura 3.12 pode ver-se mais objectivamente o exposto. Esta garra é bipartida e o

local onde é soldada com o tubo rectangular, tem um desfasamento relativamente ao centro da

garra (é considerado o centro da garra o plano imaginário que divide a garra em duas partes

iguais, sendo este plano perpendicular ao plano onde são inseridos os parafusos de aperto).

Este desfasamento é efectuado, colocando o tubo rectangular a uma distância de 50mm da

zona onde são colocados os parafusos. A figura 3.13 ilustra o exposto, designadamente os

pontos de referência para a colocação do tubo.

Figura 3.12 – Garra conectada com a secção onde está o filtro

Figura 3.13 – Demonstração da colocação da solda da garra com o tubo

44

A justificação para a existência deste desfasamento tem a ver com a facilidade de

aproximação da garra com a secção do tubo. Colocada a garra da forma ilustrada e colocado

todo o conjunto no sítio, basta apenas rodar o braço até encontrar a secção do tubo e, neste,

bastará colocar a outra metade da garra e efectuar o aperto. Na figura 3.14 são apresentadas

duas vistas explodidas do exposto, ilustrando-se como através da rotação do braço se pode

encontrar a secção do filtro e assim efectuar o acoplamento.

Figura 3.14 – Braço com apresentação em explosão da garra

Na figura 3.14 são ainda apresentados os parafusos de fixação da garra à secção do tubo, a

qual será efectuada recorrendo a parafusos ISO 4162 M16x40mm, anilhas ISO 7090 com as

medidas Ø30x17mm com uma espessura de 3mm e, por fim, uma porca ISO 4033 M16.

No final da montagem efectuada, o conjunto deverá apresentar o aspecto ilustrado na figura

3.15.

45

Figura 3.15 – Conjunto completo com secção do filtro

Para que fique mais claro a utilidade e a forma como o suporte do filtro irá trabalhar,

apresenta-se a figura 3.16.

Figura 3.16 – Conjunto completo, com a bomba e o suporte para troca de filtro

46

Na figura 3.16, é possível visualizar a bomba com o suporte de troca do filtro e também o

filtro (encontra-se a vermelho, estando a secção tubular de alojamento do filtro a

transparente).

Figura 3.17 – Vista da bomba com o suporte para troca do filtro

Na figura 3.17, é possível visualizar numa perspectiva diferente a colocação do suporte para a

troca do filtro e da bomba.

Figura 3.18 – Perspectivas da posição da secção tubular do filtro para a sua troca

47

Na figura 3.18, é possível visualizar a posição onde ficará a secção tubular onde está o filtro

para que seja trocado. É possível ver que com a ajuda do suporte de troca, a secção tubular irá

ficar lateralmente à bomba, permitindo assim que todo o trabalho seja efectuado lateralmente

à bomba.

3.1.1 – Cálculo do Suporte para Troca de Filtro

Sendo a parte no braço a zona mais frágil do dispositivo (Figura 3.9), começa-se por verificar

se os cálculos referentes ao tubo escolhido correspondem ao que é requerido. Para efectuar o

estudo isola-se uma secção do conjunto, tendo que se levar em consideração as reacções

resultantes deste isolamento da peça. Considerando então o braço, tem-se que este irá estar

encastrado nos extremos da secção do “T”. Efectuando uma primeira análise a estes dois

pontos, poderá concluir-se que estão expostos a momentos flectores e a esforços axiais. No

caso de se considerarem estes pontos como encastrados, deveria considerar-se que estariam

expostos também a esforços de tracção; mas na realidade, na peça em questão isso não

acontece, pois esta tem movimento segundo o eixo [A, B]. Como estes pontos não irão ser

críticos, e a zona inicialmente a estudar é a zona de ligação entre o tubo rectangular e o tubo

circular, poderão considerar-se estes dois pontos da secção “T” como encastrados, pois não

irão afectar os resultados.

48

Figura 3.19 – Diagrama de Corpo Livre (DCL) do conjunto a estudar

49

A figura 3.19 ilustra o Diagrama de Corpo Livre (DCL) da estrutura a estudar, representando

esquematicamente os apoios a estudar na estrutura. No primeiro desenho está representado o

diagrama com as medidas consideradas e, no segundo, com a aplicação da força

correspondente.

Figura 3.20 – Diagrama de Corpo Livre (DCL) das reacções provocadas pela Força de 880,8N

A figura 3.20 ilustra as reacções que a estrutura irá ter no tubo circular (mais concretamente

nos apoios “A” e “B”), provocando uma força axial em cada ponto.

3.1.1.1 – Tubo rectangular 90 x 50 mm, ponto “D”

Os seguintes cálculos terão como elemento-chave o ponto “D” que, dentro desta estrutura,

será, à priori, o mais crítico.

Os dados do problema são os seguintes: 750

80 800 8,08 80,8

50

O cálculo do Momento flector (Mf) é feito da seguinte maneira:

880,8

750 880,8880,8

660,6 10 .

Sendo,

dDC Distância do Braço

F Força Aplicada na Estrutura

Pf Peso do Filtro

Pg Peso da Estrutura da Garra

FD Esforço de Corte Resultante Aplicada em “D”

MfD Momento Provocado pela Força “F”

Calculadas as forças no ponto “D”, vão-se efectuar os cálculos para a barra [A, B].

Quer na barra [A, D] quer na barra [D, B] irá ter-se um esforço transverso provocado pelo

momento resultante em “D”. A intensidade dessa força é dada por:

660,6 10 600 1101

Utilizando a opção “Ftool”, pode confirmar-se o que acima foi calculado, como se observa na

figura 3.21:

51

Figura 3.21 – Diagrama dos Esforços Transverso nas Barras e Momentos Flectores

A figura 3.21 vem confirmar todos os cálculos anteriormente realizados para os pontos em

questão. Pode verificar-se que o ponto “D” é o mais solicitado nesta estrutura (de alertar que

neste ponto estão apenas a verificar-se os esforços nos pontos A, B e D, não se estando a levar

em consideração os pontos de concentração de tensões).

O cálculo da Tensão de flexão (Tf1) para o tubo rectangular de maior dimensão é feito da

seguinte maneira:

52

Figura 3.22 – Desenho de perfil do tubo rectangular

Dados do tubo:

50 90172,369

1,33 10

660600

1,33 1045 22,35

Sendo,

a Largura do perfil

b Altura do Perfil

Momento de Inércia

Tensão de Flexão 1

Tensão de cedência do material

Distância do Centro de Gravidade (CG) às Fibras mais Tencionadas

53

O cálculo da tensão de corte para a secção atrás considerada é feito da seguinte

maneira:

Sendo

ã á 1

á çã

ç

çã ç 2

Á

â á ′′ ′′

Momento de Inércia

Como a peça é um tubo rectangular simétrico, basta apenas considerar metade da secção

(Figura 3.23), pois a tensão máxima é exercida na zona central. Assim, tem-se:

Figura 3.23 – Desenho de perfil de metade do tubo rectangular para cálculo da

54

5 40 20 5 40 20 5 50 42,5

18625

18625 880,8

1,33 10 101,233

Diagrama das Tensões de Flexão (Tfmax) e Tensões de Corte (τmax)

Tfmax=22,35 MPa

Τmax

1,23 MPa

Tfmax= -22,35 MPa

Figura 3.24 – Diagrama das tensões de flexão e de corte para a secção considerada

De acordo com os resultados obtidos, obtiveram-se os diagramas representados na figura 3.24.

Analisando a figura, pode concluir-se o seguinte: quando se tem uma tensão de corte máxima

( ), a tensão de flexão (Tf1) é nula; quando a tensão de flexão é máxima, tem-se um valor

de tensão de corte residual.

Para efeitos de segurança, irá considerar-se um coeficiente de segurança (N) de 1,2.

172,369

1,2 143,64

Sendo,

Tensão Admissível da Estrutura

55

Tensão de cedência do Material (propriedade do material)

Coeficiente de Segurança

Para concluir este estudo, tem que se calcular a Tensão Equivalente e verificar se esta é

inferior à . Se esta situação se confirmar, significa que a estrutura suporta perfeitamente

os esforços aos quais irá ser solicitada. Para o cálculo da tensão equivalente irá seguir-se o

critério de Vin Mises que, para as presentes condições, vem:

3 22,35 3 1,233

22,45

Para que a estrutura tenha a rigidez mecânica adequada, tem que se verificar a condição de

, a qual se demonstrou existir pelos cálculos anteriores.

3.1.1.2 – Tubo rectangular 80 x 40 mm, ponto “E”

O braço do dispositivo em discussão no item anterior não é todo da mesma dimensão,

atendendo a que tem uma redução de tamanho (passa-se de um tubo 90x50mm para um tubo

de 80x40mm), passando a ter-se uma zona mais desfavorável, que se situa a uma distância

de 550mm do local onde é aplicada a força. Utilizando os dados anteriores e sabendo o ponto

onde ocorre a diminuição de dimensão tem-se:

880,8 550 484440 .

Recorrendo novamente à ferramenta “FTool” para a demonstração do Diagrama dos

Momentos Flectores obteve-se:

56

Figura 3.25 – Diagrama dos Momentos Flectores para o tubo em questão

No caso presente não foi apresentado o diagrama dos Esforços Transversos pois este valor

mantém-se constante, sendo assim igual ao apresentado na figura 3.21.

O cálculo da tensão de flexão para o tubo rectangular de menor dimensão é feito da seguinte

maneira:

Dados do tubo:

40 80172,369

8,49 10

484440

8,49 1040 22,22,824

O cálculo da tensão de corte para a mesma secção considerada atrás é feito da seguinte

maneira:

Sendo

ã á 2

á çã

57

ç

çã ç 2

Á

â á ′′ ′′

Momento de Inércia

Como a peça é um tubo rectangular simétrico, basta considerar apenas metade da secção, pois

a tensão máxima é feita na zona central. Assim tem-se:

Figura 3.26 – Desenho de perfil de metade do tubo rectangular para cálculo da

5 35 17,5 5 35 17,5 5 40 37,5

13625

58

13625 880,8

8,49 10 101,414

De acordo com estes cálculos, os diagramas das tensões de flexão e das tensões de corte são

as ilustradas na figura 3.27.

Diagrama das Tensões de Flexão (Tfmax) e Tensões de Corte (τmax)

Tfmax=22,82 MPa

Τmax

1,41 MPa

Tfmax= -22,82 MPa

Figura 3.27 – Diagrama das tensões de flexão e de corte para a secção considerada

De acordo com a figura 3.24, verifica-se que os pontos de maior tensão são os mesmos.

Tendo-se aumentado ligeiramente a intensidade destes relativamente aos cálculos atrás

efectuados para o tubo de maiores dimensões.

Considerando a 143,64 , vai-se agora verificar se .

Para isso vai-se utilizar o critério de Vin Mises:

3 22,824 3 1,414

23

Tal como acima se provou que .

59

3.1.1.3 – Tubo rectangular 90 x 50 mm, zona de furação

Uma outra zona alvo de rotura com grande facilidade é onde estão colocados os furos para os

parafusos (figura 3.28). Nos próximos cálculos verificar-se-á se o tubo continua a ser o

indicado.

Figura 3.28 – Secção do tubo com vista em corte da secção do furo

Neste caso, os pontos em questão situam-se a uma distância de 625mm e 525mm da zona de

aplicação da força. Começando por efectuar os cálculos para o tubo de maior diâmetro tem-se:

625 880,8 550500 .

575 880,8 506460 .

Sendo,

â 625 çã ç

â 575 çã ç

O diagrama de esforços neste caso é igual ao apresentado acima (figura 3.21); neste ponto

apenas é apresentado o diagrama dos Momentos Flectores para os pontos em causa.

60

Figura 3.29 – Diagrama dos Momentos Flectores para os dois furos

O cálculo da tensão de flexão para o tubo rectangular de maiores dimensões, na zona da

furação é feito da seguinte maneira:

Dados do tubo na zona do furo:

50 90172,369

1,04 10

550500

1,04 1045 23,8197

506460

1,04 1045 21,9141

Sendo:

Momento de Inércia da peça na zona de furação

Tensão de Flexão na secção do furo 1

Tensão de Flexao na secção do Furo 2

61

Com base nos cálculos anteriores, em que o valor da tensão de corte pouco modificou o valor

da tensão equivalente final, vai-se levar apenas em consideração o valor da tensão de flexão.

Com base nesta escolha, pode-se concluir que os tubos seleccionados estão perfeitamente

dentro dos parâmetros pretendidos, pois a tensão sofrida pela peça nos pontos em questão

(furo 1 e furo 2) encontra-se distante do valor de tensão considerada como admissível neste

trabalho.

3.1.1.4 – Cálculo das reacções na ligação do braço com a garra

Atendendo a que a força que é aplicada na garra é uniforme em toda a área desta, a ligação

entre a garra e o braço não irá ter nenhum momento flector a actuar pois não existirá uma

distância que possibilite a existência deste; o único esforço que irá actuar neste ponto será um

esforço transverso (esforço de corte).

Figura 3.30 – Representação do esforço e do ponto a estudar

62

Na figura 3.30 é possível visualizar a distribuição dos esforços por toda a área da garra, sendo,

neste caso, a tensão de corte dada por:

.

Sendo,

Tensão de corte no ponto F

. Força de corte (880,8 N)

Área onde a força está a ser aplicada

π

E,

Pi (3,14)

Raio da garra onde é aplicada a força

Atendendo a que a garra não é um círculo cheio, a área de acção da força corresponde à

diferença da área exterior da garra com a área interior da garra é dada por:

. . π . π .

π . π 25 78,5

Sendo,

Área onde a força é aplicada

. Área exterior da garra

. Área interior da garra

Calculado a área, a tensão de corte exercida na garra é:

.

880,878,5 11

63

Como é perceptível, para este ponto, tendo por base o cálculo das tensões de corte máximo,

verifica-se que se está dentro dos parâmetros de segurança para o caso de ruptura do

componente.

3.1.2 – Cálculo das soldaduras

Figura 3.31 – Representação da soldadura no tubo rectangular

Utilizando a experiência adquirida ao longo dos anos pelos soldadores da empresa Celbi, os

quais aconselharam uma espessura de 5 mm (como valor máximo) para o conjunto em causa,

irá apenas efectuar-se uma verificação para comprovar se esta espessura corresponde ou não

ao que é solicitado.

Começará por se verificar a soldadura para o ponto “D” (representado na figura 3.20), no qual

se podem utilizar os valores anteriormente calculados para os esforços e tensões deste ponto.

De acordo com os cálculos anteriormente efectuados, o momento flector aplicado neste ponto

tem uma intensidade de:

660,6 10 .

64

Levando em consideração que a soldadura terá uma espessura de “e” e, de acordo com a

figura 3.31 (que apresenta a soldadura nas duas faces de contacto), pode proceder-se ao

cálculo da tensão de flexão aplicada ao cordão, que é dada por:

y

Desta equação tem-se o valor do momento flector (660,6 10 . ) e também se sabe

que “y 45 ”, pois corresponde à distância do centro de gravidade da peça às fibras mais

tensionadas que, neste caso, são as da soldadura.

Para calcular o momento de inércia ( ), tem que se recorrer à fórmula, pois tem-se como

incógnita a espessura da solda.

12 12 12

50 9012

40 8012

50 90

121,71 10

Substituindo as variáveis pelos respectivos valores, tem-se:

660,6 1050 90

12 1,71 1045

2,97 10 660,6 10

50 9012 1,71 10

Sendo,

Tensão de Flexão máxima no ponto de soldadura

Momento de inércia da peça com a soldadura

Largura externa do perfil considerando a espessura do cordão de soldadura

65

Altura externa do perfil considerando a espessura do cordão de soldadura

Largura interna do perfil

Altura interna do perfil

Espessura do cordão

y Distância do centro de gravidade do conjunto às fibras mais tensionadas

considerando a espessura do cordão

Seguidamente vai proceder-se ao cálculo da tensão de corte a que este ponto está sujeito. O

cálculo será de acordo com os anteriormente efectuados, seguindo a figura 3.23 como

referência, tendo apenas em atenção a consideração das espessuras das soldaduras:

.

Começando pelo cálculo do , tem-se:

Tomando a figura 3.20 como referência para a numeração das áreas, e considerando que as

peças “1” e “2” (da figura) são iguais tem-se:

2

2 40 5 40 50 2 5 42,5

Sabendo que = 880,8 N , = 10+2 (mm) (corresponde ao total da espessura da peça mais

as espessuras do cordão) e 1,71 10 tem-se:

.

66

2 40 5 40 50 2 5 42,5 880,850 90

12 1,71 10 90

Tendo presentes as duas tensões calculadas para o ponto “D”, seguir-se-á o Eurocódigo 3

(ENV 1993-1-1:1998) para encontrar uma equação da Tensão Equivalente ( .) para este

ponto:

2 3 .

22,97 10 660,6 10

50 9012 1,71 10

32 40 5 40 50 2 42,5 880,8

50 9012 1,71 10 10 2

Como as tensões presentes neste estudo são de características estáticas, e como também este

componente não irá estar sujeito a esforços que possam influenciar significativamente as suas

características mecânicas (fadiga por vibrações), optou-se por seguir a experiência adquirida

ao longo dos anos pelos soldadores da fábrica, que aconselharam uma espessura máxima 5

mm (já assim sobredimensionada). Sendo assim irá calcular-se a tensão existente nos cordões

(na zona mais crítica) para a espessura escolhida:

22,97 10 660,6 10 5

50 5 90 512 1,71 10

32 40 5 5 40 50 2 5 42,5 5 880,8

50 5 90 512 1,71 10 10 2 5

442,154 1,434

21,0615

Com base ainda no Eurocódigo acima referido, considera-se que a

Sendo:

67

Tensão admissível

Coeficiente de correlação que depende do material

Coeficiente de segurança em relação ao material

Com base na norma ENV 1993-1-1:1998, irá considerar-se 1,25. Para definir o valor de

, seguir-se-á a mesma norma, definindo assim 0,9.

Assim fica-se com:

172,369

0,9 1,25

153,217

Como é possível verificar está-se muito abaixo do valor considerado como admissível para a

tensão em questão.

3.2 – Apresentação de estudo realizado em SOLIDWORKS

No decorrer deste trabalho foi necessário recorrer a programas de desenho 3D para que fosse

possível desenvolver um dispositivo que correspondesse ao objectivo do projecto que era da

melhoria da manutibilidade dos equipamentos.

Os programas de desenho utilizados foram o SolidWorks 2009 e o Autocad Mechanical 2008.

A razão de se utilizarem estes dois programas, em vez da utilização de apenas um para

efectuar os desenhos e plantas do conjunto foi o facto de a ferramenta utilizada pela DTE

(Departamento Técnico de Engenharia) da empresa Celbi ser o Autocad Mechanical 2008.

Com base nesta restrição, foi utilizado o programa Autocad Mechanical 2008 para fazer todos

os desenhos em 2D do conjunto e de cada peça per si, pois é este o programa que é utilizado

pela empresa para este tipo de desenhos. A utilização do programa SolidWorks deriva ainda

da sua utilização no programa no 1º ano do curso de mestrado, na disciplina de “Cálculo

68

Automático”, na qual foi possível verificar o potencial do programa, designadamente por este

ter a possibilidade de efectuar estudos de tensões e deslocamentos através da opção

“Simulation”.

No Cap. 3.1, foi referida a utilização de outra ferramenta para efectuar estudos 2D (Ftool).

Este programa foi utilizado com o intuito de validar os cálculos manuais efectuados, bem

como efectuar os diagramas dos esforços e momentos presentes no braço.

Para que os estudos efectuados com este programa estejam o mais próximo da realidade,

foram feitas várias simulações colocando o braço de ligação à garra em três posições: a

primeira consiste em colocar o braço assente na posição inferior, simulando a total

compressão da mola; na segunda o braço está a uma distância média; e na terceira o braço está

na posição superior, estando, neste caso, a mola expandida.

Nesta fase de estudo os desenhos vão aparecer ligeiramente diferentes dos acima

apresentados, o que se justifica devido ao facto de não ser necessário estar a desenhar todos os

componentes, isto é, o programa possibilita a simulação da instalação dos componentes e,

desta maneira, não foi necessário desenhar nem inserir os parafusos, porcas, molas, etc.,

efectuando apenas uma simulação destes componentes.

Para simular a fixação do conjunto à viga, foi considerado que este está encastrado na base,

como se pode visualizar na figura 3.32.

69

Figura 3.32 – Simulação da fixação do conjunto à viga

A simulação da porca de aperto inferior (porca que fixa o braço da garra) foi feita da mesma

forma. Em vez de desenhar e inserir uma porca, foi simulada a encastração da anilha à qual a

porca estaria a efectuar o aperto.

Figura 3.33 – Simulação da fixação do braço da garra e sistema de mola

Na figura 3.33 é possível visualizar a simulação de encastramento (setas verdes) e também

outro componente que, em vez de ser desenhado e inserido, foi simulado, que é o caso das

anilhas de mola belleville que estão representadas pelas molas em azul na figura 3.33.

3.2.1 Estudo em SOLIDWORKS - Posição 1

Nesta posição a mola estará completamente comprimida.

70

Figura 3.34 – Braço totalmente encostado à parte inferior

Antes de iniciar o estudo é necessário efectuar uma malhagem (aplicação de uma malha na

peça, de forma a possibilitar ao programa a identificação de toda a estrutura da peça). A

realização desta tem uma elevada importância, pois da sua qualidade depende a exactidão dos

resultados. Contudo, antes de mandar malhar a peça é necessário definir as condições de

controlo de malha, as quais definem, por exemplo, estruturas mais pequenas (tais como furos)

em que a malha nesses pontos tem de ser mais pequena.

71

Figura 3.35 – Janela de configuração da malha

Na figura 3.35 pode visualizar-se a janela onde foi efectuada a especificação da malha em

toda a estrutura. Os valores que se visualizam na janela correspondem aos que foram

utilizados para efectuar a malha para todos os estudos. Pode-se ver que foi utilizado uma

manha de densidade refinada; a nível dos parâmetros da malha foi utilizado uma manha

normal com um tamanho global de 8mm e uma tolerância de 0,40 mm. No caso da escolha do

tamanho da malha, o limite foi imposto pelo computador/software, atendendo a que este foi o

valor mais baixo que o programa admitiu para o computador onde foi feito o processamento

(para melhores resoluções seria necessária uma máquina com mais memória e um processador

mais avançado). No desenho da malha (sub janela “avançada”) foi definida uma malha com

16 pontos jacobianos, isto é, por cada elemento foram traçados 16 pontos, o que provoca que

a geometria da manha esteja o mais próximo da geometria da estrutura, e assim analise

melhor todos os pontos dessa mesma geometria, tal como foi atrás mencionado, quando se

efectuou o controlo de malha, nos componentes de menores dimensões do conjunto.

72

Figura 3.36 – Janela de configuração do controlo da malha para um componente definido

A figura 3.36 apresenta o controlo de manha que foi efectuado (neste caso para o veio

inferior, onde trabalham as anilhas de mola) num dos componentes do conjunto. Neste caso, e

mais uma vez com as restrições de cálculo devido ao computador utilizado, os valores

ilustrados na figura 3.36 foram os que o computador permitiu. As melhores resoluções que

foram testadas resultaram em mensagens de erro por falta de recursos de computação.

Como a função do controlo de malha é refinar componentes ou zonas onde a malha geral,

considerada inicialmente, é demasiado grande, ao definir-se um componente para refinar

podem escolher-se os valores que se pretendem. Para este caso dos parâmetros da malha, foi

utilizado um tamanho de elemento de 4,80 mm com uma relação de 1,2.

73

Após estas definições de malha obteve-se:

Figura 3.37 – Conjunto com malha e controlo de malha em alguns componentes

Na figura 3.37 pode-se verificar a diferença entre a malha geral considerada com uma

resolução já muito refinada e os componentes onde foi aplicado o controlo de malha. É visível

uma diminuição da malha nestes componentes, o que possibilita uma melhor análise quando o

estudo é elaborado.

74

Detalhes da malha

Tipo de Malha Sólida

Gerador de malha Normal

Verificação Jacobiana 16

Pontos

Tamanho do elemento 8 mm

Tolerância do elemento 0,4 mm

Qualidade da Malha Alta

Total de nós 405652

Total de elementos 229291

% Elemento com razão <3 97,3

% Elemento com razão> 10 0,0253

Tempo de Malhagem

(hh:mm:ss) 0:05:45

Tabela 3.1 – Tabela de detalhes da malha utilizada

Com base na tabela 3.1, em que se pode ver o tipo de malha que foi utilizado, pode-se

concluir que o estudo a ser realizado ficará próximo da realidade. Para chegar a esta

conclusão, tem de se analisar a razão dos elementos, isto é, quanto maior percentagem se

obtiver com uma razão inferior a 3, maior garantia de que se conseguiu refinar todos os

elementos ao máximo, enquanto que uma razão dos elementos superior a 10, significa uma

malha mais grosseira. Com os valores obtidos para estes dois campos, pode concluir-se que a

malha está boa para considerar aqueles valores como exequíveis.

Após esta análise, na qual se apresentaram as considerações levadas em conta para efectuar a

malhagem, procedeu-se ao estudo global, no qual se pretendeu obter três tipos de resultados:

1- as tensões de Vin Miser; 2- os deslocamentos e; 3- a deformação máxima de cada elemento

da malha. Através destes dados é possível verificar qual a zona mais crítica para o conjunto e

assim procurar melhorar os aspectos considerados necessários.

75

Figura 3.38 – Distribuição das deformações por elemento do conjunto

Nº do Elemento Coordenadas do elemento Deformação

(Adimensional) X (mm) Y (mm) Z (mm)

150539 -197.629 888.812 1388.56 4.98236e-004

150834 -173.797 918.492 1393.82 4.90181e-004

150617 -172.858 920.205 1395.82 4.86241e-004

154289 -178.326 918.487 1403.84 4.85635e-004

150639 -177.367 920.173 1401.84 4.84905e-004

149667 -174.067 926.31 1427.61 4.79985e-004

152655 -185.277 907.951 1441.41 4.76254e-004

149665 -173.211 928.052 1425.61 4.74880e-004

Tabela 3.2 – Tabela com os resultados dos valores da deformação exercida no conjunto

Na figura 3.38 e na tabela 3.2 estão representadas as distribuições das deformações sofridas

no conjunto e a tabela com os valores absolutos dessas deformações em casa elemento. Na

análise da figura 3.38, é perceptível identificar a zona onde o esforço irá ter um maior valor

que, neste caso, será na zona da garra. Através da análise da tabela 3.2 é fácil identificar esse

local (através do número do elemento e da sua posição em relação ao eixo das ordenadas) pois

76

é o que tem o valor da deformação mais elevado que, neste caso, corresponde ao elemento

com o número 150539 e a posição (-197.629,888.812,1388.56), respectivamente (x, y, z), e a

intensidade de 4,98236 x 10-4.

Figura 3.39 – Distribuição das Tensões de Vin Mises pelo conjunto

Nº Elemento Coordenadas do elemento VON MISES

(MPa (N/mm^2)) X (mm) Y (mm) Z (mm)

150539 -197.629 888.812 1388.56 1.13574e+002

150834 -173.797 918.492 1393.82 1.11738e+002

150617 -172.858 920.205 1395.82 1.10840e+002

154289 -178.326 918.487 1403.84 1.10702e+002

150639 -177.367 920.173 1401.84 1.10535e+002

149667 -174.067 926.31 1427.61 1.09414e+002

152655 -185.277 907.951 1441.41 1.08563e+002

149665 -173.211 928.052 1425.61 1.08250e+002

Tabela 3.3 – Tabela com os resultados dos valores da Tensão de Vin Mises nos elementos mais

críticos

77

Para o caso das tensões de Vin Mises, mais uma vez é apresentada a figura onde se pode

visualizar a distribuição das tensões por toda a peça, figura 3.39, estando também identificado

na peça o elemento que apresenta maior tensão. Já na tabela 3.3, se podem visualizar os oito

elementos que maior tensão apresentam. Para este caso (o braço estar totalmento em baixo), o

elemento 150539, situado nas coordenadas (-197.629, 888,812, 1388.56) respectivamente (x,

y, z), apresenta a maior tensão do conjunto com um valor de 113,57 .

Figura 3.40 – Distribuição do Deslocamento sofrido pelo conjunto

No caso do deslocamento, a análise terá de ser efectuada de maneira diferente, em

comparação com as outras atrás apresentadas. Analisando a figura 3.37, cai-se no erro de

considerar que o deslocamento máximo seria de 0,4272 mm, o que na realidade não acontece.

Este deslocamento aparece como sendo máximo porque, segundo o eixo das ordenadas, o

deslocamento é positivo segundo a direcção de “Y”, o que faz que o programa identifique este

valor como máximo. Na realidade, o valor do deslocamento máximo de 5,744 mm aparece na

figura 3.40 como sendo o valor mínimo, pois a direcção é contrária à do eixo considerado,

sendo assumido um valor negativo e, por isso, considerado o valor mínimo.

78

Na tabela 3.4 é possível identificar os locais onde o deslocamento é máximo e mínimo. Neste

caso, em vez de ser apresentada a numeração por elementos, é apresentada por “nós”, pois é o

deslocamento que é provocado neste que possibilita a sua identificação. Com base na tabela, é

possível reconhecer que o deslocamento máximo ocorre no nó 267891, situado nas

coordenadas (-385.528, 1076.66, 1422.55), respectivamente (x, y, z), e tem a intensidade de

5.74mm.

Nº do Nó Coordenadas do elemento Deslocamento

Segundo Y (mm) X (mm) Y (mm) Z (mm)

267176 -290.407 800.186 1382.56 4.27163e-001

271963 -290.407 800.186 1386.56 4.27160e-001

267177 -290.407 800.186 1390.56 4.27143e-001

271961 -290.407 800.186 1394.55 4.27108e-001

267178 -290.407 800.186 1398.56 4.27074e-001

271959 -290.407 800.186 1402.55 4.27041e-001

267179 -290.407 800.186 1406.56 4.27001e-001

271955 -290.407 800.186 1410.56 4.26963e-001

267180 -290.407 800.186 1414.56 4.26910e-001

267888 -385.528 1076.66 1446.56 -5.74382e+000

269283 -385.528 1076.66 1402.55 -5.74385e+000

269309 -385.528 1076.66 1442.56 -5.74385e+000

267893 -385.528 1076.66 1406.56 -5.74389e+000

267889 -385.528 1076.66 1438.56 -5.74389e+000

269288 -385.528 1076.66 1410.56 -5.74392e+000

269303 -385.528 1076.66 1434.56 -5.74392e+000

267892 -385.528 1076.66 1414.56 -5.74394e+000

267890 -385.528 1076.66 1430.55 -5.74394e+000

269293 -385.528 1076.66 1418.56 -5.74395e+000

269298 -385.528 1076.66 1426.56 -5.74395e+000

267891 -385.528 1076.66 1422.55 -5.74396e+000

Tabela 3.4 – Tabela com os resultados dos deslocamentos segundo Y

79

3.2.2 Estudo em SOLIDWORKS - Posição 2

O segundo estudo relaciona-se com o comportamento do conjunto quando o braço da garra se

encontra na posição superior, isto é, quando a mola está totalmente expandida. A figura 3.41

demonstra a posição do braço onde se irá efectuar o estudo.

Figura 3.41 – Imagem com a posição do braço da garra

Este estudo, ao nível da sua preparação, teve um tratamento análogo ao anterior, apenas tendo

sido efectuada uma alteração devida às constantes falhas no decorrer do estudo. A alteração

consiste na alteração do tipo de malha, enquanto que, no estudo anterior (Cap. 3.2.1), a malha

que foi seleccionada tinha um tipo de qualidade alta. Na presente usaram-se os mesmos

parâmetros mas, em vez da qualidade ser alta, optou-se por uma qualidade baixa (rascunho),

tendo assim também a hipótese de verificar qual o erro entre os dois estudos apenas

diferenciados pelo tipo de malha.

80

Figura 3.42 – Barra de configuração da malha com indicação da malha

A figura 3.42 demonstra a alteração que foi efectuada relativamente à malha anterior, mais

concretamente a ilustrada na figura 3.35.

Detalhes da malha

Tipo de Malha Sólida

Gerador de malha Normal

Verificação Jacobiana 16

Pontos

Tamanho do elemento 8 mm

Tolerância do elemento 0,4 mm

Qualidade da Malha Baixa

Total de nós 63362

Total de elementos 231170

% Elemento com razão <3 97,2

% Elemento com razão> 10 0,0346

Tempo de Malhagem (hh:mm:ss) 0:04:38

Tabela 3.5 – Tabela de detalhes da malha utilizada

81

Na tabela 3.5 é possível verificar os detalhes da malha que foi utilizada. De acordo com o que

foi analisado no estudo anterior, neste novo estudo também se tem uma boa razão do

elemento, estado 97,2 % dos elementos com uma razão inferior a 3 e apenas 0,0346 % com

uma razão superior a 10. Também existe um outro factor que se evidencia, e que é referente

aos detalhes da malha anterior: neste caso o número total de nós considerado é de 63362 e o

número de elementos é de 231170.

Após esta breve introdução sobre as condições em que foi efectuado o estudo, irão apresentar-

se os três resultados principais: 1- deformações; 2- tensões Vin Mises e; 3- deslocamento.

Figura 3.43 – Distribuição das deformações por elemento do conjunto posição 2

A figura 3.43 expõe a distribuição da deformação por cada elemento no conjunto. Ao

analisar-se a figura é possível identificar que o ponto que maior deformação sofre é na zona

da passagem do tubo rectangular de 80x40 mm para o tubo rectangular de 90x50 mm. Esta

82

zona, aquando dos cálculos manuais, já tinha sido referenciada como uma zona de

concentração de tensões devido à diminuição de tamanho da peça.

Nº do Elemento Coordenadas do elemento Deformação

(Adimensional) X (mm) Y (mm) Z (mm)

83490 -5.27045 555.82 1385.99 3.73663e-004

83799 -4.5159 556.717 1386.27 3.55537e-004

Tabela 3.6 – Tabela com os resultados mais críticos das deformações no conjunto

Em complemento à figura 3.43, a tabela 3.6 representa o valor da deformação máxima e

mínima, identificando também o elemento onde esta (deformação) se insere. Como elemento

adicional de apoio, apresentam-se também as coordenadas referentes ao elemento em questão.

Assim, conclui-se que o valor máximo é apresentado no elemento 83490 e tem uma

intensidade de 3,73663 x 10-4, situa-se na posição (-5.27045, 555.82, 1385.99),

respectivamente (x,y,z), em relação ao eixo das ordenadas. O valor mínimo ocorre no

elemento 83799, com as coordenadas (-4.51595, 556.717, 1386.27), respectivamente (x,y,z), e

apresenta uma intensidade de 3,55537 x 10-4.

83

Figura 3.44 – Distribuição das tensões de Vin Mises pelo conjunto

A figura 3.44 apresenta a distribuição das tensões de Vin Mises. É possível identificar que o

ponto mais crítico se encontra no braço da garra, mais especificamente na zona onde existe

uma alteração de tamanho do tubo rectangular. É também possível identificar que a

intensidade dessa força corresponde a 85,2 MPa (N/mm^2).

Nº do

Elemento

Coordenadas do elemento VON MISES

(MPa

(N/mm^2))

X (mm) Y (mm) Z (mm)

83490 -5.27045 555.82 1385.99 8.51776e+001

83799 -4.5159 556.717 1386.27 8.10457e+001

Tabela 3.7 – Tabela com os valores mais críticos das tensões de Vin Mises pelo conjunto

Em complemento à figura 3.44, a tabela 3.7 identifica os elementos e as coordenadas dos

pontos onde se situam as tensões mais críticas. Assim, tem-se que o valor máximo da tensão

84

ocorre no elemento 83490, que se situa nas coordenadas (-5.27045, 555.82, 1385.99),

respectivamente (x,y,z), e apresenta uma intensidade de 85,18 MPa (N/mm^2) O valor

mínimo ocorre no elemento 83799, com as coordenadas (-4.51595, 556.717, 1386.27),

respectivamente (x,y,z), e apresenta uma intensidade de 81,05 MPa (N/mm^2).

Figura 3.45 – Distribuição do deslocamento sofrido conjunto

Tal como referido no Cap. 3.2.1, a figura 3.45 apresenta um deslocamento vectorial, dai

assumir que o valor de 3,323 10 como sendo máximo. Para o presente projecto

interessa o valor absoluto e a zona onde este ocorre. Por consequência, assume-se que o valor

máximo de deslocamento é de 1,33 mm e ocorre na garra de fixação ao filtro.

A tabela 3.8, tal como acontece nas figuras anteriores, vem complementar a figura 3.42, na

qual é possível identificar os pontos mais críticos e a sua localização. Para não alargar mais a

identificação (tal como aconteceu na caracterização das figuras anteriores), o valor máximo de

deslocamento que o braço da garra sofre é de 1,33136 mm.

85

Nº do Nó

Coordenadas do Nó Deslocamento

Segundo Y

(mm)

X (mm) Y (mm) Z (mm)

20874 87.854 392.73 1454.56 3.32306e-003

20875 87.854 392.73 1446.56 3.31516e-003

20223 87.854 392.73 1462.56 3.31290e-003

20876 87.854 392.73 1438.56 3.26754e-003

20877 87.854 392.73 1430.55 3.17539e-003

22164 91.9889 395.542 1457.56 3.16694e-003

22165 91.9889 395.542 1449.78 3.15467e-003

42633 -385.528 1076.66 1398.56 -1.33130e+000

42628 -385.528 1076.66 1438.56 -1.33133e+000

42632 -385.528 1076.66 1406.56 -1.33133e+000

42629 -385.528 1076.66 1430.55 -1.33135e+000

42630 -385.528 1076.66 1422.55 -1.33136e+000

42631 -385.528 1076.66 1414.56 -1.33136e+000

Tabela 3.8 – Tabela com os resultados dos deslocamentos segundo Y

3.2.3 Estudo em SOLIDWORKS - Posição 3

O terceiro estudo tem como objectivo analisar o comportamento do conjunto quando o braço

se encontra a meia distância (metade da mola comprimida). Neste estudo espera-se que não

varie muito relativamente aos estudos anteriores, que esteja dentro dos valores anteriormente

obtidos e que também estejam aplicados nos mesmos elementos ou próximos dos anteriores.

86

Figura 3.46 – Imagem da posição do braço da garra

A figura 3.46 representa a posição do braço da garra. Esta ficará a uma distância de 5 mm da

anilha de fixação inferior e a 5 mm do tubo principal.

O nível da qualidade e das condições da malhagem foi efectuado de forma similar ao estudo

feito no Cap. 3.2.2.

O resultado do presente estudo foi o seguinte:

Figura 3.47 – Distribuição das deformações por elemento do conjunto posição 3

87

A figura 3.47 apresenta a distribuição das deformações no conjunto. De acordo com o que

aconteceu nos estudos anteriores, o valor máximo situa-se na zona onde acontece a mudança

de tamanho do tubo rectangular.

Nº do Elemento Coordenadas do elemento Deformação

(Adimensional) X (mm) Y (mm) Z (mm)

71957 -3.95892 554.883 1391.87 3.51433e-004

70777 -3.10622 555.949 1391.53 3.49556e-004

154131 -290.669 837.071 1425.72 3.49207e-004

71485 1.33737 559.107 1390.01 3.45629e-004

80148 -0.158285 554.452 1389.62 3.41435e-004

79147 -2.24589 551.28 1389.83 3.39144e-004

82463 0.586244 558.769 1389.37 3.38529e-004

70884 -2.52884 552.181 1389.83 3.37938e-004

82466 -1.74894 552.787 1389.34 3.35805e-004

72590 -2.17924 556.053 1390.55 3.35514e-004

149759 -290.087 835.76 1424.9 3.35072e-004

Tabela 3.9 – Tabela com os resultados das deformações no conjunto posição 3

Em complemento à figura 3.47, a tabela 3.9 apresenta os elementos fundamentais onde as

deformações principais se situam bem como as coordenadas destes. Assim, estando o

elemento 71957 situado nas coordenadas (-3.95892, 554.883, 1391.87), apresenta um valor de

3,514 x 10-4, sendo o valor mais elevado para estas condições.

No que respeita à distribuição das tensões de Vin Mises obteve-se (figura 3.48):

88

Figura 3.48 – Distribuição das tensões de Vin Mises pelo conjunto

A figura 3.48 apresenta a distribuição das tensões de Vin Mises pelo conjunto. E, mais uma

vez, a distribuição não foi muito diferente da que se tem apresentado nos estudos anteriores. A

zona que apresenta o valor mais elevado está situada na mudança de tamanho dos tubos

rectangulares.

Nº Elemento

Coordenadas do elemento VON MISES

(MPa

(N/mm^2))

X (mm) Y (mm) Z (mm)

71957 -3.95892 554.883 1391.87 8.01100e+001

70777 -3.10622 555.949 1391.53 7.96822e+001

154131 -290.669 837.071 1425.72 7.96027e+001

71485 1.33737 559.107 1390.01 7.87870e+001

80148 -0.158285 554.452 1389.62 7.78309e+001

79147 -2.24589 551.28 1389.83 7.73089e+001

89

82463 0.586244 558.769 1389.37 7.71687e+001

70884 -2.52884 552.181 1389.83 7.70338e+001

82466 -1.74894 552.787 1389.34 7.65477e+001

72590 -2.17924 556.053 1390.55 7.64813e+001

149759 -290.087 835.76 1424.9 7.63806e+001

Tabela 3.10 – Tabela com os valores da distribuição das tensões de Vin Mises pelo conjunto

Na Tabela 3.10, pode identificar-se o ponto onde a tensão apresenta o valor mais elevado.

Assim, o elemento 71957, situado nas coordenadas (-3.95892, 554.883, 1391.87),

respectivamente (x,y,z), apresenta o valor de 80,1 MPa N/mm^2 .

Para finalizar, basta analisar o deslocamento sofrido pela estrutura com a aplicação da força.

Figura 3.49 – Distribuição do Deslocamento sofrido pelo conjunto

90

A figura 3.49 apresenta a distribuição do deslocamento sofrido pela estrutura com a aplicação

da força. De acordo com os casos anteriores, o valor que interessa analisar é o representado

como mínimo, pois o programa, ao analisar os deslocamentos de forma vectorial, apresenta

este valor como sendo negativo e, por isso, apresenta-o como o valo mínimo. Mas, como é do

interesse deste projecto o valor absoluto, considera-se que o valor crítico do deslocamento é

situado na ponta da garra.

A tabela 3.11 apresenta alguns valores dos deslocamentos provocados pela força na estrutura.

Assim, e levando em consideração os valores absolutos, o deslocamento máximo ocorre em

dois elemento na estrutura, no 42902 e no 42903, estando os valores mais elevados em seu

redor. As coordenadas dos elementos são (-386.778, 1075.74, 1436.72) e (-386.778, 1075.74,

1428.72), e sofrem um deslocamento de 1,34 mm.

Nº do Nó

Coordenadas do Nó Deslocamento

Segundo Y

(mm)

X (mm) Y (mm) Z (mm)

11138 156.84 358.841 1736.39 9.59011e-003

11136 158.171 356.132 1736.39 9.58467e-003

11126 151.169 363.683 1736.39 9.58429e-003

11127 151.169 363.683 1733.05 9.58327e-003

11137 158.171 356.132 1733.05 9.57976e-003

11139 156.84 358.841 1733.05 9.57437e-003

14417 146.785 364.763 1733.05 9.56550e-003

42899 -386.778 1075.74 1460.72 -1.33977e+000

42905 -386.778 1075.74 1412.72 -1.33980e+000

42900 -386.778 1075.74 1452.72 -1.33980e+000

42901 -386.778 1075.74 1444.72 -1.33983e+000

42904 -386.778 1075.74 1420.72 -1.33983e+000

42902 -386.778 1075.74 1436.72 -1.33985e+000

42903 -386.778 1075.74 1428.72 -1.33985e+000

Tabela 3.11 – Tabela com os resultados dos deslocamentos segundo Y

91

3.3 Plano de montagem do componente

Como este conjunto terá de ser montado lateralmente à bomba, é necessário abrir uma OT

(OE para o caso da empresa) para que seja possível efectuar o trabalho e assim ficarem

registados os custos e os valores totais do conjunto. Nas próximas páginas serão apresentadas

figuras que identificam os passos a seguir para efectuar a montagem do conjunto bem como

os cuidados a ter ao nível da segurança e os sectores da manutenção que será necessário

envolver para efectuar o trabalho.

Nos planos que se seguem, tentará colocar-se o máximo de informação que actualmente é

solicitada para efectuar uma OE no programa Máximo.

Na sequência desta fase, a figura 3.50 apresenta um exemplo do plano de segurança com os

materiais a utilizar na instalação do conjunto. Estes planos, a nível da segurança, são de

extrema importância e, por isso, são obrigatórios, correndo o risco de o operador sofrer

sanções caso cometa alguma operação insegura. Ao nível da segurança é necessário ir a

pontos extremos, pois é nos pormenores ou nas pequenas tarefas que há tendência em facilitar

as operações, e daí, muitas vezes, surgem os acidentes. Para uma empresa com estatuto de

referência internacional, qualquer acidente conta como um elemento negativo na sua imagem,

pelo que se impõe estabelecer regras rígidas de forma a minimizar e se possível eliminar

qualquer acidente por falta de condições de segurança. Por isso, tal como está indicado no

plano de segurança, apenas é permitido o uso dos andaimes após estes terem sido aprovados

por um técnico superior de higiene e segurança no trabalho.

92

Figura 3.50 – Plano de segurança para montagem do conjunto

93

Figura 3.51 – Plano para montagem/desmontagem de andaime

Na figura 3.51 está apresentado o plano que dará origem à OT para a montagem de andaime.

Esta OT torna-se particularmente importante, atendendo a que a empresa que efectua a

montagem de andaimes é externa e, por consequência, necessita de todos os números das OT

(OE para a Celbi) para que possa receber o pagamento pelo serviço efectuado.

94

Figura 3.52 – Plano para montagem do conjunto

A figura 3.52 ilustra todos os passos para efectuar a montagem e instalação do conjunto. Este

plano irá originar uma OT, onde uma “cópia” deste documento terá incluído os diversos

95

custos. Este plano descrimina todos os materiais e ferramentas necessários para efectuar a

montagem.

Os três planos apresentados foram criados tendo como exemplo principal a bomba instalada

na localização 463-002. Foi considerado um plano muito especificado para tornar mais

transparente a forma em que são realizados estes tipos de planos. Para as restantes bombas os

planos são semelhantes, bastando apenas mudar no cabeçalho a localização destas, para que

assim se lhe possam ser imputados os respectivos custos.

3.4 Cálculo do coeficiente de atrito

Para garantir que a força da mola é suficiente para superar a força de atrito e o peso que a

estrutura provoca, vai efectuar-se o cálculo do coeficiente de atrito.

Para o cálculo da força de atrito aplica-se a fórmula:

Sendo:

Força de atrito estático

Coeficiente de atrito estático (vai considerar-se o coeficiente estático com lubrificante)

Força normal ao deslocamento

Com base em tabelas de coeficientes de atrito, para o caso presente que inclui lubrificação, o

coeficiente de atrito é de 0,15.

A força normal ao deslocamento é a força provocada nos casquilhos pela acção do peso do

filtro e a secção da tubagem flangeada. Este valor já foi anteriormente calculado e tem um

valor de 440,4 .

Assim, tem-se:

0,15 440,4

96

66,06

Esta força está a ser aplicada apenas num dos casquilhos. Os dois casquilhos têm a mesma

força de atrito a ser aplicada e como estão em série, o valor total da força de atrito máximo

estático em caso de movimento será a soma das duas forças nos dois pontos de contacto.

Assim a força total de atrito é dada por:

2 66,06

132,12

Para que a mola consiga deslocar o conjunto, terá de vencer a força de atrito e o peso do braço

da garra. O braço provoca uma força equivalente a 880,8 N (considera-se este valor para ter

uma grande segurança de que o conjunto não supera a força da mola). Assim, a mola tem de

superar a seguinte força:

880,8 66,06 946,86

Assim, a mola terá de vencer uma força total de 946,86 N.

As anilhas Belleville seleccionadas para este conjunto, com base no catálogo da Fabory têm

uma força de compressão de 4240 N. Com este valor pode-se concluir que estamos do lado da

segurança no que respeita à elevação do braço.

97

Figura 3.53 – Características da anilha escolhida do catálogo Fabory

98

CAPÍTULO 4 – Planeamento da manutenção

Com a implementação do Sistema de Gestão de Manutenção (SGM) “Máximo”, todo o

processamento de gestão de Ordens de Execução e de Ordens de Trabalho ficou facilitado.

Figura 4.1 – Controlo das TR/OE

As intervenções de Manutenção são suportadas por Requisições de Trabalho (RT) / Ordens de

Execução (OE) executadas atrás do programa “Máximo”. Existem OE que são geradas

automaticamente em intervalos de tempo predefinidos que têm como origem Planos de

Manutenção Preventiva, que são preparados e inseridos previamente no sistema, tendo como

base as indicações do fabricante presentes no manual de manutenção e a experiência adquirida

ao longo dos anos. Estes planos após serem preparados são analisados e aprovados pela chefia

ficando, a partir desse momento, as OT a serem geradas periodicamente.

Para além destas existem as Requisições de Trabalho (RT) que são pedidos efectuados à

Manutenção para intervir em determinado local, por razões de avaria ou outra específica:

99

Após ser efectuado esse pedido, a equipa de preparadores responsável pela zona onde

irá ocorrer a intervenção, prepara uma OE com todos os passos a efectuar na reparação

ou beneficiação;

Após esta OE ser executada terá de ser analisada e aprovada pela chefia do

correspondente Sector da DMI; só após esta aprovação será possível gerar a OE de

execução e proceder à sua intervenção;

Após gerar esta OE a mesma é entregue ao chefe de equipa da área de intervenção,

que será responsável pela coordenação de meios e execução do serviço;

Após a conclusão do serviço, é comunicado ao Preparador da OE o término da

operação; o próprio chefe e responsável pela intervenção terá de efectuar o

encerramento da OE identificando e registando assim a hora do término da mesma.

Para o caso em que a intervenção vá acontecer numa paragem programada e em que esta seja

realizada por uma empresa externa, os passos a seguir são um pouco diferentes:

Começa-se por identificar o local de intervenção e os meios necessários para efectuar

o trabalho;

Após este levantamento, é elaborado um Caderno de Encargos;

No passo seguinte seleccionam-se várias empresas e convidam-se para uma reunião na

qual lhes é entregue o Caderno de Encargos, explicando o que se pretende e mostrando

o local de intervenção;

Depois deste passo as empresas externas terão de efectuar um orçamento e enviar para

a Celbi, que irá analisar todas as propostas e aceitar a que considera melhor. Os

critérios de aceitação de uma proposta relacionam-se com o valor pretendido pela

empresa externa, garantia de qualidade do trabalho a realizar, portfólio e histórico da

empresa externa em outras operações dentro da Celbi;

A selecção da empresa externa é feita pelas chefias dos Sectores do DMI, que depois é

comunicada à empresa escolhida. Para que se tenha um controlo sobre o número de

operadores que irão estar dentro das instalações no dia de paragem do equipamento, a

empresa externa é obrigada a fornecer os dados e números dos operadores que

pretende colocar na empresa para realizar o trabalho. Estes trabalhadores antes de

começarem a laborar terão de, no primeiro dia, assistir a uma formação sobre

segurança interna da empresa. Esta formação permite informar e avisar todos os novos

100

intervenientes que irão laborar pela primeira vez dentro da empresa, dos riscos que

irão correr e das zonas de segurança, de acordo com os locais onde irão laborar.

101

OTRequisição OT Automatica Não Planeada Planeada

OT Executada

OT Entregue

SMEAS SMPMSMM

Grau de Perioridade

430 6 9

Chefe de Equipa

Analisa PedidoConcorda com o 

Grau?

Abrir OT com Prep. Possivel

Sim

Executar OT

Entregar OT

Não

Preparador/Programador

Analisa Pedido /Decide altura intervenção

PPSP PA

Abrir OT

Executar OT

Entregar OT

Figura 4.2 – Circuito de uma OT

102

Figura 4.3- Níveis de prioridade de uma OT

 

103

Figura 4.4 – Plano de manutenção preventiva semanal para as Bombas de Água de Alimentação

104

Figura 4.5 - Plano de manutenção preventiva mensal para as Bombas de Água de Alimentação

 

105

Figura 4.6 - Plano de manutenção preventiva trimestral para as Bombas de Água de Alimentação

106

Figura 4.7 - Plano de manutenção preventiva semestral para as Bombas de Água de Alimentação

107

Figura 4.8 – Calendário de todos os planos de manutenção preventiva para as bombas de

alimentação de água

Os documentos anteriores (Figura 4.4 a 4.8), descrevem os vários processos da manutenção

preventiva para as bombas de água de alimentação. Nestes documentos mencionados tentou

efectuar-se ao máximo uma cópia do que é um plano de manutenção preventiva gerado pelo

programa Máximo e também um mapa geral de datas para se efectuar cada tarefa.

De seguida apresentam-se os vários procedimentos para efectuar a troca/limpeza do filtro de

água, nos quais, mais uma vez se traduz com fidelidade a situação real, contemplando-se

todos os passos a seguir para as diferentes secções (produção, manutenção mecânica,

manutenção eléctrica, etc.).

Procedimento para a Mudança/Limpeza do filtro Bomba de alimentação 852-002:

1. Consignação do equipamento (Produção)

1.1. Drenar linha de aspiração

1.2. Desligar gaveta eléctrica (Loc. 291-QD-42A.03 da raiz 463-002) e colocar etiqueta de

segurança de intervenção na mesma

108

1.3. Assinar consignação de intervenção (Operador chefe e Responsável da intervenção)

2. Desmontagem do filtro (Manutenção Mecânica)

2.1. Desapertar/retirar parafusos de fixação inferior do filtro

2.2. Desapertar/retirar parafusos de fixação superior do filtro

2.3. Rodar filtro (Através do braço de suporte 180° - tomar especial cuidado para que o

filtro não caia durante o movimento)

2.4. Colocar uma tampa na flange de entrada na bomba, para evitar que entre lixo para a

bomba

2.5. Retirar o filtro e entregá-lo à produção para limpeza (caso esteja danificado, a

produção deverá informar para que se providencie a troca por um filtro novo)

2.6. Retirar juntas superiores e inferiores

2.7. Limpar as flanges superior e inferior

Mão obra/

Especialidade

Operadores Ferramentas Material

Tempo Intervenção

(H)

Custos de

Material

Custos de

Intervenção

Serralheiro

Mecânico 2

- Chave de Boca

luneta

- Chave pancada

bocas

- Chave pancada

luneta

- Marreta

3. Montagem do filtro

3.1. Inserir filtro do troço da tubagem

3.2. Rodar filtro para a posição de funcionamento (alinhar com a tubagem)

3.3. Inserir juntas superior e inferior

3.4. Inserir parafusos/porcas

3.5. Efectuar pré-aperto da flange superior

3.6. Efectuar pré-aperto da flange inferior

3.7. Utilizar chave de pancada para efectuar aperto final para garantir fixação

3.8. Retirar/Arrumar ferramentas e peças velhas.

109

Mão Obra/

Especialidade

Operadores Ferramentas Material

Tempo

Intervenção

(H)

Custos de

Material

Custos de

Intervenção

- Serralheiro

Mecânico 2

- Chave de Boca

Luneta

- Chave Pancada

Bocas

- Chave Pancada

Luneta

- Marreta

- 3 Juntas

código

69006005

(- Filtro

código

12810003)

2

4. Entregar equipamento à operação

4.1. Comunicar ao TCP (Técnico de Controlo de Potência) para ligar gaveta e retirar

etiqueta de segurança (Loc. 291-QD-42A.03 da raiz 463-002) (apenas o responsável

da intervenção tem esta posse)

4.2. Comunicar à produção a finalização da intervenção

4.3. Pedir à produção para colocar o equipamento sobre a pressão normal de

funcionamento

4.4. Verificar a qualidade do trabalho executado, tais como estanquicidade e depressão do

filtro e registar valor

4.5. Entregar equipamento à produção e assinar o respectivo documento de devolução do

equipamento à produção.

No inicio deste plano de trabalho é mencionado a tarefa de consignação do equipamento. Este

ponto é de extrema importância, pois, acima de tudo, nesta indústria é necessário garantir

todas as medidas de segurança. Em resposta a esta necessidade apresenta-se na figura 4.9 um

exemplo de como pode ser executado um plano de segurança, tendo-se neste caso utilizado a

bomba de água de alimentação como exemplo (463-002).

110

Figura 4.9 – Exemplo de um Plano de Segurança para e bomba localizada no 463-002

111

De seguira serão apresentados dois planos gerados pelo programa Máximo:

Figura 4.10 – Ordem de Execução gerada pelo Máximo a partir de um Plano de Manutenção

Preventiva Semanal para a bomba 463-002

Figura 4.11 – Ficha de trabalho para a operação 10 da OE 297272

113

Figura 4.12 – Ficha de trabalho para a operação 20 da OE 297272

114

Figura 4.13 – Fotos com indicação das posições 3, 4, 5, 11 e 14 das tarefas para a OE 297272

115

Figura 4.14 – Fotos com indicação das posições 6, 7, 8, 9 e 10 das tarefas para a OE 297272

Figura 4.15 – Foto com indicação da posição 13 das tarefas para a OE 297272

116

Figura 4.16 – Ordem de Execução gerada pelo Máximo a partir de um Plano de Manutenção

Preventiva Semanal para o Redutor 284-0020

117

Figura 4.17 – Ficha de trabalho para a operação 10 da OE 297275

118

Figura 4.18 – Ficha de trabalho para a operação 20 da OE 297275

119

Figura 4.19 – Foto com indicação das posições 2, 6 e 7 das tarefas para a OE 297275

120

Figura 4.20 – Foto com indicação das posições 2, 5, 8 e 11 das tarefas para a OE 297275

121

Figura 4.21 – Foto com indicação das posições 4 e 10 das tarefas para a OE 297275

Figura 4.22 – Foto com indicação da posição 1 das tarefas para a OE 297275

122

Figura 4.23 – Foto com indicação das posições 3 e 9 das tarefas para a OE 297275

As figuras 4.10 à 4.15 exemplificam a documentação que é gerada pelo programa

Máximo para a Manutenção Preventiva Semanal para a bomba 463-002 e as figuras

4.16 à 4.23 para o redutor 284-0020.

123

CAPÍTULO 5 – Discussão das soluções

implementadas

Este projecto teve como objectivo efectuar um estudo e projecto de dispositivos para

melhorar a manutibilidade de dois equipamentos mecânicos existentes na fábrica Celbi.

Em paralelo visava elaborar os planos de manutenção planeada para os equipamentos

em questão.

Ao nível dos planos de manutenção preventiva os mesmos foram implementados, tendo

sido apresentados em versão provisória e em anexo em versão de OE gerada pelo

programa de gestão da manutenção Máximo.

No que respeita aos dispositivos projectados para melhorar a manutibilidade dos

equipamentos, foi efectuado o estudo e o projecto do componente para a bomba, no qual

foram efectuados os cálculos à resistência máxima para os componentes onde as tensões

apresentavam um valor mais crítico. Para a elaboração do componente foi efectuado o

desenho de construção em Autocad e também em SolidWorks, onde foi possível efectuar

o estudo de modelação 3D. De uma forma geral, este estudo possibilita analisar de uma

forma bastante realista os pontos críticos do componente, não obstante poder haver um

pequeno diferencial com os resultados obtidos analiticamente.

O material escolhido, inox 316, foi baseado no tipo de ambiente a que o componente é

exposto, que é extremamente húmido, o que provoca corrosão em metal não protegido.

Utilizado o inox 316, que é um material com uma protecção anti-corrosão muito boa,

possibilita que a mesma não exista. Um outro factor também importante relaciona-se

com o acabamento do inox, isto é, a base do tubo inox tem uma baixa porosidade, e

como neste caso o deslizamento é efectuado através de casquilhos de bronzes (por ser

um material auto-lubrificante) é vantajoso ter paredes pouco porosas em contacto com

os bronzes para diminuir ao máximo o atrito.

124

Para que seja facilitado o deslizamento com os bronzes, estes terão um copo de

lubrificação, onde será injectado óleo lubrificante. Assim, reduz-se o coeficiente de

atrito para um valor muito baixo.

O sistema para elevar o filtro (recorrendo à utilização de 2 anilhas belleville), possibilita

que se ganhe uma folga suficiente para rodar o filtro e assim efectuar a troca. O

problema que se colocava inicialmente na estrutura do conjunto relacionava-se com a

flecha produzida pelo filtro (peso do filtro mais o troço flangeado). Com os resultados

obtidos em todas as tabelas da modelação (valor máximo de 5mm no estudo com o

conjunto totalmente comprimido), pode concluir-se que o deslocamento provocado

pelas anilhas consegue superar este valor, possibilitando assim o deslocamento

pretendido. A figura 5.1 exemplifica o deslocamento sofrido pela actuação da força.

Figura 5.1 – Diagrama de deslocamento exemplificativo do braço

Com base nos resultados, em relação aos cálculos e aos valores obtidos pela modelação

3D, para os valores das tensões máximas nos pontos mais críticos têm alguma disfação,

podendo-se concluir a existência de alguns parâmetros que, no caso da modelação, estão

sobredimensionados, isto é, estão a ser considerados (por muito próximo da realidade

que se tente elaborar a modelação) parâmetros que, na realidade, não são tão críticos.

Noutra vertente, pode-se definir que, na modelação, aparece um ponto na malha onde

existe uma tensão máxima, considerando os fundamentos de malhagens que

125

possibilitam determinar a deformação em todos os elementos desta. No cálculo real,

tem-se como base o tipo de material e todas as condições reais.

Passando para a análise destes valores (mesmo com estas disfações), conclui-se que o

componente está dentro dos parâmetros de segurança no que diz respeito à tensão de

ruptura (pois a tensão máxima provocada pelo peso é inferior à tensão admissível).

Um outro aspecto que foi comparado (tendo em consideração apenas algumas variáveis)

foi o resultado em relação a um estudo efectuado com uma malha refinada e uma malha

mais grosseira. De acordo com o que era esperado, nesta última, os valores são

ligeiramente diferentes, tendo a tendência para serem inferiores. Isto acontece, pois a

existência de menos nós na malha, provoca que haja um afastamento maior na malha

interna e assim a passagem de “informação” entre estas torna-se mais difícil.

É também apresentado no Apêndice 2 o desenho em Autocad com a lista de peças, pois

para efeitos de construção, e também para registo interno da empresa, é este o programa

utilizado e, assim, também o formato de desenho utilizado.

Na fase final do projecto foi sugerido um tipo de montagem que talvez apresente

algumas melhorias relativamente ao considerado neste trabalho. Estas alterações não

estão presentes pois foram sugeridas já muito próximas do término do trabalho. Irá

apenas mencionar-se a sugestão e para um próximo trabalho efectuar o estudo com base

nestas alterações

Esta nova sugestão apresenta uma outra forma de colocar a ponteira (também chamados

veio de ponta). A nova forma sugere que seja efectuado um veio com a configuração

final da ponteira usada. A diferença está em efectuar o veio com um diâmetro máximo

igual ao interior do tubo principal. Esta secção, com o diâmetro máximo, irá entrar

dentro do tubo principal cerca de 100 mm. Nesta zona seria efectuada uma fixação

através da técnica de “rebites belgas”, de forma a garantir a fixação do veio. Esta secção

também seria soldada a nível inferior.

126

A técnica de rebite belga consiste num processo de soldadura que, através de uma

furação no tubo externo com o veio no seu interior, possibilita soldar o veio ao interior

do tubo, sem assim deixar relevos no exterior do tubo.

No caso do componente para o Sem-Fim, é apenas apresentada uma solução em

Autocad. Por falta de tempo não foi possível efectuar o estudo em modelação 3D.

Contudo, todo o processo de estudo desenrola-se da mesma forma que o efectuado para

o braço de apoio.

O desenho apresentado foi baseado numa sugestão do fabricante e instalador dos

equipamentos de accionamento do Sem-Fim. Na sugestão deles é apresentado um

sistema que englobaria uma solda provisória para a fixação do pórtico. Não tendo tempo

para efectuar o estudo, foram apenas elaboradas algumas alterações na proposta inicial

cedida pelo fabricante (RAUMASTER). Dessas alterações, salienta-se a colocação de um

suporte soldado ao carro para permitir assentar um perfil em “I” de forma a efectuar o

apoio do lado do silo ao pórtico. Do outro lado seguir-se-á a proposta da RAUMASTER.

O Apêndice 3 exemplifica o desenho alterado.

Ao nível dos planos de manutenção, utilizaram-se os procedimentos actuais presentes

na empresa Celbi, implementando apenas algumas alterações fruto do conhecimento dos

técnicos de manutenção, de forma a complementar positivamente o processo.

Foi efectuado o plano de montagem da estrutura, englobando toda a mão-de-obra

necessária. Este plano pode ser considerado como a base para a criação da OE

necessária para a execução da montagem do Suporte de troca do filtro (de acordo com a

representada para a bomba 463-002, e tendo uma metodologia similar para as restantes).

127

CAPÍTULO 6 – Conclusões e desenvolvimentos

futuros

No presente projecto levou-se a efeito o desenvolvimento e simulação do

comportamento de dispositivos, com recurso a ferramentas de software de modelação

3D, na perspectiva da melhoria da manutibilidade de equipamentos específicos.

Através destes programas é possível identificar zonas críticas, analisar tensões e

deslocamentos possíveis segundo as variáveis a considerar.

Os elementos alvos do estudo foram os redutores dos transportadores de biomassa e os

filtros de água das bombas de alimentação da caldeira de recuperação. Estes

equipamentos são cruciais para a garantia do funcionamento ininterrupto da unidade

fabril, pelo que o modelo 3D implementado para o dispositivo do filtro se apresenta

com grande potencial para a redução dos tempos de intervenção e para o incremento da

qualidade das acções de manutenção.

A metodologia precedente é a que será utilizada no pórtico para melhoria da

manutibilidade dos redutores dos transportadores de biomassa.

Estes estudos, para a empresa Celbi, em que existe um Departamento de Projecto

(DTE), passaram a servir como um incentivo à utilização da modelação 3D.

Para aqueles equipamentos foram ainda elaborados os respectivos planos de

manutenção e segurança e inseridos no programa informático de gestão de manutenção

da empresa.

Da experiência retirada deste projecto foram abertas janelas de oportunidade para o

incremento da qualidade da manutenção efectuada pela empresa (já de si elevada),

através:

Da utilização exaustiva das ferramentas de modelação 3D para todos os

equipamentos da empresa;

Da conjugação da informação de planeamento dos fabricantes, com a

experiência dos técnicos internos da manutenção, para melhoria dos planos de

manutenção;

128

Da eventual introdução de ferramentas de diagnóstico de avarias, para aproveitar

o histórico das OT e o conhecimento dos técnicos;

Do incremento de rigor dos indicadores de desempenho da manutenção.

129

Referências

- Andrade, L. F. (1998): Introdução à Manutenção. Porto: Publindústria, Edições

Técnicas .

- Brito, M. (2003): Manual Pedagógico PRONACI AEP. In M. Brito, Manutenção .

Leça da Palmeira: Associação Empresarial de Protugal.

- Cabral, J. P. (2009); Gestão da Manutenção de Equipamentos e Edificios . Lidel -

Edições Técnicas.

- Instituto Portugês da Qualidade (2007): Norma Portuguesa EN 13306.

- Kioskea.net. (s.d.). Kioskea.net; Obtido em 24 de Setembro de 2010, de Kioskea.net:

http://pt.kioskea.net/contents/projet/cahier-des-charges.php3.

- Raumaster. (s.d.); Obtido em 30 de 03 de 2011: http://www.raumaster.fi/wood.htm.

- Spínola, C. (2007); Obtido em 11 de 11 de 2010:

http://www.bib.ualg.pt/bibliotecas/EST/Documentos/Guia_Pesquisa_Normas.pdf.

- Sulzer. (s.d.); Obtido em 30 de 03 de 2011:

http://www.sulzerpumps.com/desktopdefault.aspx/tabid-388/.

130

Apêndice 1 – Caracterização do Departamento de

Direcção Industrial da Empresa

A empresa Celbi, SA, sendo uma empresa de referência na indústria de celulose, com

posição nos maiores mercados da Europa, tem uma política de Manutenção que pode ser

considerada de referência neste sector.

Nos parágrafos seguintes caracterizar-se-á sumariamente a política de manutenção da

empresa Celbi, SA, para que, no âmbito deste trabalho, mais facilmente se consiga

evidenciar o impacto das alterações que se propõem para o sector de Manutenção da

empresa.

O sector de Manutenção da empresa Celbi, SA, abrange as duas áreas de produção:

Pasta; Energia. Em ambas as áreas, a evolução deste sector industrial obriga a que a

empresa se mantenha sempre a par da mais evoluída tecnologia do sector para que se

mantenha competitiva. Isto obriga a que a empresa tenha que fazer uma aposta

particularmente elevada nos seus recursos de mão-de-obra qualificada para que os seus

níveis de eficiência sejam sempre os mais elevados possíveis.

Face ao exposto, é expectável que o Departamento de Manutenção da empresa assuma

uma posição relevante no seu organigrama, tal como se pode observar na figura AI.1, na

qual se pode observar que, imediatamente na dependência da Administração existem

quatro Direcções: Direcção Industrial; Direcção Financeira; Direcção Comercial; e Área

Florestal. No âmbito do presente projecto interessa explicitar o papel da Direcção

Industrial (DI) na dependência da qual se encontra o Departamento de Manutenção

Industrial (DMI).

131

Figura A1.1 – Organigrama da empresa Celbi SA

A DI tem como missão a transformação de rolos de madeira em fardões de pasta e a

maximização da auto-suficiência da fábrica em energia eléctrica, bem como a

recuperação e reciclagem interna dos produtos químicos e a minimização das

consequentes emissões ambientais. Tem também a missão de gerir a manutenção de

todos os equipamentos instalados na fábrica, de modo a garantir os níveis adequados de

operacionalidade das instalações e equipamentos bem como a estabilidade do processo

industrial, de forma compatível com as exigências de fabrico (em termos de volume e

qualidade), tendo sempre em vista a optimização dos recursos disponíveis e a

racionalização dos custos.

Para cumprir a sua missão, a DI tem na sua dependência os seguintes departamentos:

Departamento de Produção de Pasta (DPP); Departamento de Licores e Energia (DLE);

e o Departamento de Manutenção Industrial (DMI). A figura AI.2 mostra como as

relações hierárquicas entre estes departamentos e a DI.

132

Figura A1.2 - Relações hierárquicas entre a DI e os seus departamentos

O DPP tem a seu cargo toda a gestão de produção de pasta, visando atingir os objectivos

definidos pela Administração, procurando ainda minimizar os custos. Nesta perspectiva

o papel deste Departamento tem a seu cargo o binómio produção de pasta de papel e

gestão da mão-de-obra que lhe está agregada.

Tem de efectuar toda a gestão do processo que engloba os vários módulos pelos quais a

madeira passa até ser transformada em pasta; procura efectuar uma gestão racional para

que não haja paragens no processo, antes ou depois de cada módulo do mesmo. Neste

contexto, é usado o conceito de módulo, como um processo intercalar que é dependente

quer do processo anterior quer do seguinte. Estes módulos são os seguintes:

Parque de madeiras, onde é efectuado o descasque dos troncos de madeira e é

destroçada a madeira;

Digestor, onde é efectuado o cozimento das aparas de madeira;

Lavagem e Crivagem, onde é efectuada a lavagem e crivagem das aparas já

cosidas à qual já se pode chamar pasta;

133

Branqueamento, onde é branqueada a pasta utilizando métodos tecnológicos

avançados para efectuar esse mesmo branqueamento;

Secagem e Linha de Acabamentos, onde, numa máquina específica, é formada

uma folha de pasta para ser seca na máquina de secagem e depois cortada e

embalada para seguir para o armazém e, posteriormente para o cliente.

O DLE tem a seu cargo toda a gestão de Produção de Licores e Energia. Neste momento

tem a gestão da produção de energia eléctrica directamente para a rede eléctrica

exterior, utilizando uma caldeira a biomassa que alimenta uma turbina de vapor. Esta

caldeira foi adquirida através de uma parceria com a Rede Eléctrica Nacional (REN), a

qual obriga que esta trabalhe em exclusivo para a rede eléctrica pública. Paralelamente a

esta caldeira há uma caldeira incineradora de gases, uma caldeira de recuperação e uma

turbina de vapor.

Sendo a caldeira incineradora apenas para a alimentação de água quente da fábrica, a

caldeira de recuperação trabalha com outros objectivos. Esta caldeira de recuperação

tem de produzir vapor para alimentar todo o processo de produção de pasta (Digestor,

Lavagem e Crivagem, Branqueamento e Maquina de Secagem) utilizado na sua queima

licor negro proveniente do processo de cosedura da pasta no digestor. Estando estes

processos a trabalhar de forma similar a ciclos, isso implica que estão todos

dependentes uns dos outros, pois sem licor negro a caldeira seria obrigada a consumir

gás natural, o que elevaria os custos e, sem vapor não seria possível trabalhar, nem o

digestor nem a máquina da pasta. Por isso, é necessário racionalizar os recursos da

caldeira e mantê-la operacional conjuntamente com todo o resto da fábrica para que não

ocorram rupturas indesejadas. Esta caldeira alimenta também, com o excesso de vapor

produzido, uma turbina de vapor que tem como objectivo tornar a empresa auto-

suficiente a nível energético e poder vender toda a energia produzida em excesso para a

rede pública.

O DMI, em comparação com os departamentos acima descritos, efectua um serviço em

toda a fábrica, desde os componentes de Produção de Pasta aos componentes de

Produção de Licor e Energia. O DMI tem como objectivos principais executar e ou

supervisionar a manutenção de todos os equipamentos instalados na Fábrica de modo a

garantir o nível de operacionalidade das instalações e equipamentos e a estabilidade do

134

processo, compatíveis com as exigências do fabrico (em termos de volume e qualidade),

tendo sempre em vista a optimização dos recursos disponíveis e a racionalização dos

custos. Tem também de gerir, planificar, coordenar e controlar as actividades de

manutenção procurando concretizar os seus objectivos, nomeadamente quanto a:

Fiabilidade e disponibilidade das instalações e equipamentos;

Custos de produção;

Formação;

Saúde, Ambiente e Segurança;

Planos de Operação Metrológica.

Tem também de participar na definição das estratégias, objectivos e programas de

desenvolvimento, bem como desempenhar as tarefas e exercer as responsabilidades que

lhe sejam atribuídas, através da documentação normativa do Sistema Integrado de

Gestão.

Figura A1.3 – DMI e sectores que estão na sua dependência

135

A figura A1.3 ilustra a DMI e os sectores que estão na sua dependência: Sector de

Manutenção Mecânica (SMM); Sector de Manutenção Eléctrica; Automação e Sistemas

(SMEAS); Sector de Manutenção Preventiva e Métodos (SMPM)3.

Devido à grande evolução do mundo industrial, este departamento é o que mais

upgrades tem sofrido nos últimos anos. Seguindo a cultura introduzida pelos fundadores

da empresa Celbi, este sector tornou-se numa referência, tendo capacidade para dar

resposta a praticamente todas as solicitações.

Começando pelo SMEAS, este tem como missão a manutenção corrente dos

equipamentos eléctricos e de medição bem como o controlo da actividade industrial,

visando a maximização da disponibilidade operacional bem como a fiabilidade do seu

funcionamento e das suas medições, através de Operações de Controlo Metrológico.

Este sector abrange funções na parte eléctrica, de instrumentação e hidráulico-

pneumática. Os seus recursos humanos são constituídos por elementos aos quais é

proporcionada uma formação constante sobre a tecnologia existente, bem como sobre as

novas tecnologias que, com frequência, aparecem no mercado. Com a remodelação da

fábrica, a componente de instrumentação e controlo assumiu um grande upgrade em

tecnologia e número de elementos, o que implicou um conhecimento mais profundo da

fábrica. Numa perspectiva perfeccionista, a Administração procura sempre oferecer a

melhor formação complementar possível, tornando cada operador especialista em

diferentes tipos de equipamentos e as melhores sinergias na constituição das equipas,

procurando assim que exista o conhecimento mais exaustivo possível sobre cada zona

da fábrica. Esta divisão não quer dizer que os operadores não actuem em toda a área da

fábrica, pois quando é necessário, todos eles estão capacitados para intervir em qualquer

lugar; contudo, em caso de avaria ou intervenção planeada, procura-se alocar o técnico

que melhor conhece a instalação ou equipamento a intervencionar, facilitando assim a

reparação, eliminando tempos mortos que noutra situação aconteceriam (por exemplo, a

procura do equipamento ou zona de acção) e garantindo os melhores níveis de

fiabilidade.

3  Consiste em acções de verificação dos equipamentos de medida, havendo três operações (típicas): Primeira Verificação; Verificação Periódica; e Verificação Extraordinária. 

136

O SMPM tem como responsabilidades a manutenção condicionada, a operacionalidade

do sistema de gestão de manutenção e a gestão de materiais. A manutenção

condicionada é uma das vertentes estratégicas do sector de manutenção da empresa,

visando retirar todo o máximo rendimento das instalações e equipamentos. É uma

equipa composta por dois elementos que têm como função ler e tratar dados técnicos

dos equipamentos que são considerados essenciais para a predição de avarias, tais como

vibrações, temperaturas, ruído, etc. Estes dados são depois tratados num programa

específico, criando-se assim uma base de dados do equipamento que permite que se

consiga efectuar uma análise de desgaste dos diferentes componentes do equipamento.

Esta análise permite determinar uma data aproximada sobre o tempo de vida do órgão

ou componente, podendo assim retirar o máximo rendimento do equipamento. Esta

análise é feita em intervalos de tempo, segundo o aconselhado pelo fabricante ou

segundo a experiência obtida ao longo dos anos de serviço.

Na gestão de materiais, é efectuado uma gestão de armazém, racionalizando todas as

peças-de-reserva da fábrica. A gestão de materiais possibilita que exista um

abaixamento nos custos de paragem (em caso de ruptura ou avaria), pois todos os

equipamentos considerados de risco para a paragem da produção são tidos como

rotáveis e, por isso, possuem uma reserva em stock no armazém. Esta questão elimina

tempos de espera de entrega de equipamentos. Todos estes equipamentos que existem

como reserva no armazém são devidamente estudados e racionalizados, para que não se

corra o risco de haver um valor demasiado elevado em material de stock onerando assim

o armazém para custos demasiado altos.

Para além das reservas de equipamentos, o armazém possui também componentes

consumíveis, que são, em grande maioria, componentes de reparação dos equipamentos.

Ao possuir estas peças-de-reserva possibilita que seja efectuada uma reparação do

equipamento dentro das instalações da fábrica (oficina), eliminando assim custos de

transporte e custos externos de reparação.

Na componente de responsabilidade da operação do sistema de gestão de manutenção,

este sector tem como dever, a garantia da operacionalização de todo o sistema de

manutenção, isto é, esta secção, mais conhecida pelo nome de ‘’Métodos’’, tem de

efectuar o levantamento das características dos equipamentos, a análise desses

137

equipamentos e inseri-los no sistema de gestão da manutenção, proporcionando que o

operador tenha todos os dados necessários para uma intervenção on-line. Quando se

analisam os equipamentos, consegue-se identificar quais os seus componentes mais

críticos e, dessa forma, é possível codificar e controlar o número de elementos que será

necessário ter em stock.

A SMM tem como missão a manutenção corrente de natureza mecânica, dos

equipamentos e das estruturas das instalações fabris, visando maximizar o tempo de

disponibilidade operacional respectivo.

Este sector está dividido em quatro áreas de intervenção. As três primeiras

correspondem a zonas fabris, como, por exemplo, a zona um corresponde à área que

engloba toda a parte de energia e licores (forno da cal, caldeiras, turbinas etc.), a zona

dois à parte da preparação da madeira (linhas de alimentação de madeira, descascador,

destroçador etc.), a zona três (digestor, lavagem e crivagem, branqueamento) e a zona

quatro à área corresponde à oficina mecânica.

Cada zona tem um chefe de equipa, que chefia operadores especialistas nos

equipamentos dessa zona. Tal como na secção do SMEAS, todos estes técnicos estão

constantemente a receber formação suplementar, para que estejam sempre em condições

para qualquer tipo de intervenção.

A oficina mecânica corresponde a um apoio essencial para a manutenção e produção.

Na oficina mecânica é possível reparar equipamentos, bem como fabricar alguns

equipamentos dentro da área da metalomecânica, permitindo assim, em casos de

urgência ter uma resposta quase perfeita.

A oficina tem como objectivo reparar e ensaiar os equipamentos que estejam avariados

e depois devolvê-los ao armazém, permitindo assim uma reserva posicional para todos

os equipamentos considerados críticos.

Com este tipo de gestão a nível da manutenção, a empresa Celbi SA, tem sabido

corresponder a todos os imprevistos que acontecem no dia-a-dia, procurando minimizar

os tempos de paragem de produção bem como os custos de manutenção.

138

Apêndice 2 – Desenho de construção para o

suporte para a mudança do filtro

Legenda do suporte do filtro da Bomba de Alimentação

Item Qtd Descrição Standard Material

1 1 Tubo inox rectangular 90x50 5 AISI 316

2 1 V – Ring SKF CR400751

3 2 Casquilho 160/123x101,6x89

4 1 Anilha ISO 7089-12-140 HV

5 1 Anilha ISO 7089-12-140 HV

6 1 Parafuso ISO 4162 M12x70

7 2 Porca ISO 4033 M12

8 2 Anilha ISO 7089-12-140 HV

9 2 Parafuso ISO 4162 M12x45

10 2 Parafuso ISO 4162 M12x120

11 2 Anilha ISO 7089-12-140 HV

12 2 Porca ISO 4033 M12

13 2 Anilha Mola Belleville Din2093C

56x28,5x1,5

14 1 Anilha de suporte 65x25x10 AISI 316

15 1 Porca de Fixação M24

16 1 Ponteira roscada M24x50

139

140

Apêndice 3 – Desenho sugerido pela

RAUMASTER com algumas alterações para o

Redutor do Sem-Fim

Figura A3.1 - Desenho geral do conjunto

Figura A3.2 - Desenho da sugestão para retirar o redutor de movimentação do carro

141

Figura A3.3 - Desenho da sugestão para retirar o redutor de accionamento do Sem-Fim