Opus Dei: estrutura e missão

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A presente obra propõe contribuir para a compreensão das Prelazias pessoais – e concretamente da prelazia do Opus Dei – precisamente a partir de um aprofundamento teológico sobre o mistério da Igreja e da sua estrutura.

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opus dei: estrutura e missãosua realidade eclesiológica

Pedro Rodríguez

traduçãoPaula Nelly Dionigi

São PauloI N D A I Á

2012

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Copyright © 2012 by Ediciones Cristiandad

Título originalOpus Dei: estructura y misión. Su realidad eclesiológica

TraduçãoPaula Nelly Dionigi

RevisãoFrancisco Faus

Foto da capaAlumnos [10 de maio de 2011]. Universidad de Navarra.

Capa e preparaçãoNicolau da Rocha Cavalcanti

www.editoraindaia.org

Catalogação na Fonte do Departamento Nacional do Livro(Fundação Biblioteca Nacional)

Rodríguez, Pedro, 1933 -Opus Dei: estrutura e missão, sua realidade eclesiológica. [Opus Dei: estructura y misión. Su realidad eclesiológica]Tradução de Paula Nelly DionigiSão Paulo: Indaiá, 2012p. 160ISBN: 978-85-64480-04-9

1. Teologia. 2. Eclesiologia. 3. Opus Dei. CDD 260

Direitos reservados àPromoções CulturaisRua João Cachoeira, 1496São Paulo - SP

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Índice

Prólogo, 7

i.a igreja, compreendida na sua estrutura originária, 11

ii.desenvolvimento histórico da estrutura originária da igreja, 37

iii.o opus dei na igreja: da vida à missão, 57

iv.da missão à estrutura: a forma institucional do opus dei, 83

v.traços de especial significado eclesiológico, 109

vi.servir à missão e à comunhão das igrejas, 145

Bibliografia, 152

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índice geral da obra

Prólogo, 7

a igreja, compreendida na sua estrutura originária, 11- A Igreja, «comunhão e sacramento da comunhão»: comunidade e estrutura, uma única realidade na Igreja, 12- A Igreja-sacramento, dimensão «estrutural» da Igreja-comunhão, 15- A Igreja-sacramento, dimensão «operativa» da Igreja-comunhão: índole sacer-dotal da estrutura da Igreja, 24- A dinâmica imanente à Igreja-sacramento, 34

desenvolvimento histórico da estrutura originária da igreja, 37- A configuração histórica da estrutura interna da Igreja, 41- A configuração histórica da estrutura externa da Igreja: as formas históricas da Igreja particular, 43- Outros desenvolvimentos na estrutura da Igreja: instituições hierárquicas a serviço das Igrejas particulares, 46- O sentido destes desenvolvimentos históricos da estrutura: o serviço à missão, 53

o opus dei na igreja: da vida à missão, 57- O Opus Dei no seio da missão da Igreja, 59- Mensagem, missão e instituição, 63- A instituição entendida a partir da missão, 72- Rumo a uma estrutura eclesial adequada, 78

da missão à estrutura: a forma institucional do opus dei, 83- A natureza eclesiológica do Opus Dei, 85- A Igreja particular, referência analógica, 99

traços de especial significado eclesiológico, 109- A incorporação à Prelazia, 110- O Prelado e a sua tarefa pastoral, 114- O Opus Dei como família: significado estrutural, 120- Sacerdotes e leigos no governo e direção do Opus Dei, 129- A Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, 139

servir à missão e à comunhão das igrejas, 145

Bibliografia, 152

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Prólogo1

A recente Constituição Apostólica Anglicanorum coetibus, com a qual Bento XVI previu a possibilidade de erigir Ordinariatos pessoais para os grupos de anglicanos que desejam a plena incor-poração à Igreja Católica, tem, para as relações com a Comunhão Anglicana e para o ecumenismo em geral, uma transcendência di-fícil de exagerar2. No momento em que escrevo estas palavras de introdução já surgiu o primeiro Ordinariato: o Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora de Walsingham3.

Por outro lado, no âmbito da canonística, esse evento deu uma nova atualidade ao debate sobre as formas hierárquicas de na-tureza «pessoal»: Ordinariatos militares, Prelazias4 pessoais, etc5. Esta é uma matéria que parece constituir um setor próprio do di-reito canônico, e indubitavelmente o é. No entanto, depois do Con-cílio Vaticano II, ela também deve ser abordada em sua raiz pela teologia e a partir da teologia: em concreto, pela eclesiologia como parte da Teologia dogmática. É sabido que a teologia dogmática de

1 Os textos citados tomam sua referência pelo sobrenome do autor seguido do ano de sua obra e o número da página. Os documentos do Concílio Vaticano II, as obras de são Josemaria e os Estatutos do Opus Dei são citados por seu título breve e número do parágrafo. Ver na Bibliografia os dados completos.2 Datada em 4-XI-2009, texto castelhano em Bento XVI, 2009, 237-240.3 Erigido pela Congregação para a Doutrina da Fé, em 15 de janeiro de 2011. É o primeiro Ordinariato Pessoal dentro do território da Inglaterra e Gales, e tem como padroeiro o bem-aventurado John Henry Newman. Nesse mesmo dia o Papa Bento XVI nomeou como Ordinário o reverendo Keith Newton.4 Em Portugal, usa-se o termo Prelatura (N. E.).5 À luz da eclesiologia que exporemos nos capítulos I e II (ver, sobretudo, o cap. I, 2, b e o cap. II, 2-3), parece que, diversamente das Prelazias pessoais, os Ordinariatos da Anglicanorum coetibus – teologicamente falando – apontam para futuras novas formas (pessoais) de Igreja particular.

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Ecclesia, por sua tradição ainda escassa (já que os especialistas em eclesiologia quase sempre se formaram no marco clássico da Teo-logia fundamental)6, fez pouca reflexão sobre as «instituições» e a «estrutura» do sacramentum Ecclesiae. Daí que a eclesiologia dog-mática, principalmente a partir do patrimônio doutrinal do Con-cílio Vaticano II, deva empenhar-se na matéria e contribuir para uma reflexão que possa enriquecer a ciência teológica e, ao mesmo tempo, ser um serviço para o tratamento canônico das instituições. Não se deve esquecer que a intentio dos trabalhos que desembo-caram no Código de Direito Canônico (1983) era, segundo João Paulo II, «refletir a eclesiologia proposta, principalmente, pelo ma-gistério do Concílio Vaticano II visto em seu conjunto, e de modo particular, por sua doutrina eclesiológica» (ver Rodríguez 1983).

Por isso, o debate jurídico, teológico e ecumênico por ocasião da Anglicanorum coetibus me impeliu a indagar novamente e procu-rar expor de maneira unitária a realidade eclesiológica do Opus Dei7.

Isso exige que consideremos, em primeiro lugar, com certo vagar, a estrutura originária da Igreja sacramentum salutis e a sua relação com o sacerdócio de Cristo (cap. I). A seguir, que estu-demos os desenvolvimentos históricos dessa estrutura original e as formas em que se manifestam (cap. II). A partir daí podere-mos passar a situar de maneira fundada o fenômeno eclesiológico da primeira e até agora única Prelazia pessoal da Igreja Católica, o Opus Dei: como iniciativa do Espírito (cap. III), em sua forma institucional (cap. IV) e em alguns traços estruturais de especial relevância (cap. V). Deixei para o capítulo final uma consideração a respeito de como o Opus Dei realiza o que é a razão de ser das Prelazias pessoais: o serviço às Igrejas particulares e à comunhão de todas elas na Igreja universal.

6 Um novo marco eclesiológico da Teologia fundamental, no horizonte do Con-cílio Vaticano II, é, por exemplo, aquele oferecido por González Montes (2010) e Izquierdo (2002).7 As presentes reflexões têm o seu «background» na minha contribuição a Ro-dríguez/Ocáriz/Illanes, 1993, 21-133.

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Este livro, terminado durante o Oitavário pela unidade dos Cristãos e suscitado por um evento de tanta transcendência ecu-mênica, gostaria de contribuir para o esforço de teólogos e cano-nistas por apresentar, em contexto ecumênico, a estrutura funda-mental da Igreja.

Pamplona, 25 de janeiro de 2011

Festa da Conversão de São Paulo

Pedro Rodríguez

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ia igreja, compreendida na sua

estrutura originária1

A Igreja, no seu ser mais profundo, é um mistério de co-munhão; mais ainda, é o mysterium communionis hominum cum Deo et inter se per Christum in Spiritu Sancto2. «Esta eclesiologia da communio chegou a ser o autêntico coração da doutrina do Va-ticano II sobre a Igreja, o elemento novo e, ao mesmo tempo, in-teiramente ligado às origens que este Concílio quis oferecer-nos» (Ratzinger, 1987, 10). Por outro lado, a Igreja, enquanto peregrina na história, é, ao mesmo tempo, o sacramento dessa comunhão. Esta expressão indica, por um lado (enquanto signo), o momento estrutural que o mistério de comunhão assume em sua fase terrena (a socialis compago de que fala a Lumen gentium, 8/a), e por outro (enquanto instrumento), a maneira de se dar a salvação na Igreja e pela Igreja. Com efeito, o modo em que o mysterium communionis acontece na história inclui o fato de que, desde sua origem, a Igreja é, inseparavelmente, communio et sacramentum, uma comunidade espiritual dotada de uma estrutura social.

Estes conceitos básicos – e portanto próprios de uma ecle-siologia geral – constituem o quadro de compreensão eclesiológi-ca imprescindível para abordarmos o tema ao qual se dirige nossa consideração: a realidade teológica e original do Opus Dei. Parece, pois, conveniente contemplá-los com certa detenção.

1 Tema sobre o qual voltei repetidamente desde que escrevi minha contribuição à Homenagem ao Prof. Scheffczyk (1985) até o meu Discurso de ingresso na Real Academia de Doutores da Espanha (2009).2 Estas são as palavras que utilizo para condensar a descrição essencial da Igreja (Rodríguez, 1986, 142).