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Copyright © Narrativa da Imaginação, 2016.

Produção Editorial: Narrativa da Imaginação

Organizador/Coautor: Rafael Correia Rocha

Revisão Gramatical: Bruna Fontana Frappa

Projeto Gráfico: Gabriel Henrique

Autoria e Projeto Gráfico: Deric Dantas Domingos, Eliana Rocio Anti,

Ludmila Duarte Alves, Marcos Antônio R. Filho, Maria Eugenia

Machado, Pedro Paulo Vieira de Moura e Vinicius Rodrigues Monteiro

Nogueira.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Direitos Reservados em Língua Portuguesa a NARRATIVA DA IMAGINAÇÃO

Av. Estrela do Sul 1946 – Martins - Uberlândia – MG. CEP: 38400-389 - Telefone: (34) 9643-7771

http://www.narrativadaimaginacao.org/index.php/2016/ 01/04/serviços-editoriais/

[email protected] 2016

R672f

Faces dos Deuses: traços de luz e sombras / Rafael Correia Rocha (Org.) –

Uberlândia (MG): Narrativa da Imaginação Editora, 2016.

157p.: il.

ISBN: 978-85-67860-09-1

1.Educação 2.Pesquisa 3.Jogos 4.RPG

CDD 370.7:370.111/700

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“Você precisa manter os sentidos aguçados, encontrar o que atrai as

pessoas e entregar isso a elas. O jogo ideal é um jogo feito para jogadores.

Eles não estão atuando em uma peça escrita por você. Você esta

apresentando um cenário, criando figurino e deixando que eles criem a

peça.”

Dados & Homens - David M. Ewalt

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Dedicató rias

Deric - Eu dedico este livro a todos que me apoiaram na construção

dele e à minha mãe Cleide por ter me apoiado acima de tudo.

Eliana- Agradeço a todos...

Ludmila- Agradeço a Tatiane, Luciano, Divani, Sandra e Daniel.

Obrigada Família.

Marcos Filho - Aos Meus Amigos.

Maria Eugênia - Dedico esse livro a meus colegas que me ajudaram

em tudo para concluirmos essa jornada.

Pedro Paulo - Eu dedico aos meus irmãos que me apoiaram, aos

pais, aos meus amigos que ficaram ao meu lado. Para Vocês... Meaw.

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Estrelando

Deric Dantas Domingos como Deus da Sabedoria e Zarnnos:

o assassino

Eliana Rocio Anti como Deusa da Alegria e Mahie Gloom: a

prostudante

Ludmila Duarte Alves como Deusa da Luz e Dhemy Bec: a

fazendeira

Marcos Antônio R. Filho como Deus da Força e Arye: a

guerreira

Maria Eugênia Machado como Deus supremo e Anna Bec: a

florista

Pedro Paulo Vieira de Moura como Deus da Morte e

Nisussuri: o caçador

Vinicius Rodrigues Monteiro Nogueira como Deus das

Sombras e Bug Vikus: o prostudante

Participação especial

Rafael Correia Rocha como O narrador

Bruna Fontana Frappa como A revisora

Gabriel Henrique Martins Soares como O professor de desenho

Colaboradores: Esther Farias Franco, Phelipe Ferreira

Macedo e João Pedro Vasconcelos Faria.

Colaboração especial Fernando Raidek - Origamista e papermodelista

Companhia de teatro Azakô

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Suma rió

07 Introdução

14 Capítulo I A Gênese

20 Capítulo II O Continente de Aether

32 Capítulo III As Terras do Caos

43 Capítulo IV O Jardim do Supremo

45 Capítulo V O Deus Caído

51 Capítulo VI O Renascimento

54 Capítulo VII Dragalot: o início do fim

59 Capítulo VIII O Deserto de Desdeuz

69 Capítulo IX A invasão de Bigodáh

88 Capítulo X A prefeitura

92 Capítulo XI No Deserto de Desdeuz

100 Capítulo XII Um novo ataque

105 Capítulo XIII Sobreviventes

113 Capítulo XIV Caminhos de Aether

121 Capítulo XV Na Ordem de Henon

128 Capítulo XVI Estradas

131 Capítulo XVII A montanha

144 Capítulo XVIII Supremo Sistema de Regras de RPG

157 Ficha do Jogo

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Intróduça ó

A escola como

espaço de encontro de

saberes, diretos e

indiretos, necessita de

constante reflexão sobre

como se faz a educação.

Acreditamos que educação, assim como as pessoas, se

constrói durante o processo relacional da vida.

O programa Mais Cultura nas escolas, em 2016

propôs um diálogo entre escola e comunidade. A ONG

Narrativa da Imaginação, respondeu à proposta, realizando

um desafio de Cultura e Educação.

A forma de

educação mais comum

abordada nas escolas é a

interativa, neste

formato, com auxilio da

companhia de teatro

Akazô e do Origamista / papermodelista Fernando

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“Raidek”, os alunos tiveram contato com uma arte própria

(teatro, dança e origami) desenvolvendo da

psicomotricidade fina dos pequenos detalhes do papel até a

expressão mais elaborada do

corpo. Essa estrutura ensina

pela técnica, condiciona o

corpo aos caminhos de uma

arte conceitualizada. Por

meio dela, foi possível aprender sob manifestações culturais,

com olhar e prática, um formato de arte que necessitou de

um bom treino até a apresentação da peça teatral.

Assim, alguns resultados foram surgindo. Não foi

possível criar a própria dobradura, mas os alunos

aprenderam a fazer vários orgamis. Não criaram uma dança,

mas aprenderam os movimentos que compõe danças e como

incorporá-las ao teatro.

Não desenvolveram um

espetáculo completo e

robusto, mas por meio de

um exercício cênico,

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apresentaram uma peça ensaiada e depois assistiram artistas

profissionais. Com isso, compreenderam mais a fundo a arte

dramática, para além da recreação.

Enfatizo que não consideramos a educação interativa

negativa ou inferior. É importante que exista esse contato,

para que o aluno tenha referência sobre o que é a arte, possa

compor seus próprios critérios com reflexão sobre a

experiência. Por isso, iniciamos assim, interagindo com a

arte.

No segundo trimestre, adentramos na educação

participativa, nela, todo o processo é produtivo e o aluno

imprime sua identidade sobre a arte. Nesse momento,

convidamos os alunos à produção de um livro, processo no

qual desafiamos cada participante a co-criar o mundo onde

se passaria a história.

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Surgiram naturalmente, deuses, raças, animais,

plantas, magias e pouco a pouco começaram a compor

indiretamente o monomito1.

Após esse processo, criaram personagens que

vivenciaram esse mundo, como os heróis protagonistas da

história. Sim, jogamos muito RPG. A partir disso,

produziram diários de bordo, ou tentaram, pois estavam tão

acostumados a copiar, que

escrever algo novo pareceu

tortura para alguns. E

também desenhos.

Ao final,

participaram da edição e

elaboração do projeto

gráfico, assim como os

preparativos do lançamento.

1 O monomito ou "Jornada do Herói" é um conceito da relação de cenas

essenciais presentes em diversos mitos apresentado por Joseph

Campbell. Como conceito de narratologia, o termo aparece pela primeira

vez em 1949, no livro de Campbell "O Herói de Mil Faces". Também

abre reflexão sobre como se dá o ciclo de desenvolvimento pessoal

humano.

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Acredito que não estava ocorrendo, nesse momento, o

lançamento de um livro, mas uma linguagem-ponte, que

conectou os envolvidos por meio do exercício produtivo.

Em conversas e brincadeiras aprendemos juntos

informalmente, pelos anseios individuais e conflitos

coletivos, a conversar sobre o que sentiam falta na escola,

em casa e o que realmente fazia sentido no mundo de cada

um2. Assim, é possível, considerar que, esse livro-mundo é

o produto dessas realidades cruzadas em traços de luz e

sombra.

Rafael Correia Rocha

2 Cabe acrescentar que no último mês, desenvolvemos por gestão interna

da sala e demanda dos alunos, nos últimos 20 minutos de cada aula, uma

reformulação da educação sexual, chamada “aula de relações”. Nela

conversamos muito sobre o que cada um pensava, sentia e fazia diante

das relações afetivas.

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FACES DOS DEUSES TRAÇOS DE LUZ E SOMBRA

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Primeira Parte

Narrativa de Yryz e Henon

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Capí tuló I – A Ge nese

Podem me chamar de Henon, eu sou quem agora vos

fala. Não me vejam como humano, sou o mais velho dos

Emissários da Luz que sobrevive nesses tempos perdidos,

sou aquele que contará as histórias de Uranion, como me

foram contadas antes. De certa forma, a minha própria

história se iniciou quando tomei consciência dessa que

vocês testemunharão, porque antes disso não existe nada na

minha trajetória que tenha conservado sua importância.

A lua já ia alta, como um grande olho no meio céu

velando-nos. Yryz sentou-se de frente a mim, próxima ao

fogo que iluminava minha face, que demonstrava uma

preocupação constante. Estávamos bem escondidos na

floresta de Aether, mas para ela nunca estávamos seguros.

Principalmente no escuro. Mas foi lá, naquela pequena

tenda, que me transmitiu as histórias do tempo, desde onde

nada existia e como tudo se formou. Ela pediu discrição e

atenção, e começou:

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- Foi há muito, muito tempo... Tanto tempo que a

sua mente não compreenderia... Em um momento em que o

acaso piscou os olhos, os antigos universos da Luz e da

Sombra colidiram, criando assim numa poderosa explosão,

um novo universo, que foi chamado de “O Terceiro”.

Nesta colisão surgiu a consciência desse universo,

um Deus Supremo, que ao se perceber, deu a si mesmo o

nome de Kirion, e sentiu sua primeira emoção: a alegria.

Devido a seu grandioso poder de criação, o Deus Supremo

materializou a alegria de seu coração e a transformou em

uma Deusa, Yryz, sua primeira companhia e esposa. Sim,

sou a grande mãe do terceiro universo. Sou tão antiga que

sou anterior ao próprio tempo.

Porém, dos restos do Universo da Sombra,

sobreviveu seu antigo deus supremo, Blazak, e dos últimos

lampejos do Universo da Luz, surgiu, Solara, a divindade

maior da luz.

No começo havia apenas nós quatro. Depois vieram

os outros. Kirion e eu tivemos três filhos: Maroth, Kizake e

Sãne. Esse momento marcou o tempo, e ficou conhecido

como o 1° Nascimento. Mas eles, por forte influência e

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persuasão de Blazak, tornam-se seus seguidores. Surgindo

assim a trindade divina da escuridão: Medo, Morte e Ódio.

Isso me preocupou, mas adiante, eu e Kirion,

geramos mais três filhos: Shanmá, Koussen e Orb, os

Deuses do Segundo Nascimento, foi quando pedimos

orientação de Solara para criá-los e orientá-los. Assim

surgiu a trindade divina da Luz: Justiça, Força e Sabedoria.

Após os dois grandes nascimentos, ainda não havia

nada de concreto como você conhece, então Kirion, o Deus

supremo, criou o mundo de Uranion para seus filhos, a fim

de que cada um tivesse direito a construir e organizar a

criação. Fez o Continente de Aether para os filhos

orientados pela Luz e outro continente aos filhos que se

submeteram às sombras, esse último reino logo foi chamado

de Terras do Caos, afinal o medo, a morte e os conflitos

tomaram conta do território.

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Solara criou para si uma estrela vermelha brilhante

chamada Fogo Solara e lá se instalou, para estar sempre

presente na vida dos habitantes de Uranion. Por ela, a luz foi

trazida ao mundo.

O Deus das Sombras, por inveja, criou um planeta

menor para ele, chamado de Mondak, que girava em torno

de Uranion, sempre nas sombras, nunca sendo tocado pela

luz de Fogo Solara. Neste pequeno planeta, criou um reino

para si e seus deuses seguidores.

Mas os conflitos entre luz e sombras parecia não ter

fim. Blazak cria sua própria raça sombria: os Emissários da

Escuridão, seres altos, magros, quase esqueléticos, com

feição pálida, sem sentimentos de empatia ou compaixão,

mantendo uma feição séria e sempre cobertos por mantos

negros. E em Aether, Solara faz o mesmo, criando os

Emissários da Luz, seres belos com grandes olhos

expressivos... mas você já os conhece bem, tendo nascido

entre eles.

Prevendo uma futura guerra de interesses entre essas

raças, o Supremo criou o Oceano de Naga, afastando os dois

reinos, mas isso apenas reforçou a antipatia entre eles, um

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sempre se achou melhor que o outro. Para a Escuridão, a

luz é esnobe, puritana e se acha melhor que todos. Para a

luz, as sombras, são violentas, ignorantes e covardes.

Com preocupação e zelo por suas criações, Solara,

isolou seu povo, erguendo nas praias de Aether uma imensa

muralha de luz, uma vez que a luz e a escuridão tendiam a

entrar em guerras a qualquer momento. Blazak, então toma

uma atitude ainda mais perigosa, Transforma Mondak no

reino dos mortos, drenando as almas de Uranion. Isso foi

fácil, sabendo que Kizake, o Deus da Morte estava a seu

lado. Lá as almas eram escravizadas segundo a vontade dos

Deuses sombrios.

Entretanto, às vezes, para visitarem os reinos opostos

por alguma necessidade, os irmãos da luz e das sombras

abriam exceções e se toleravam para receberem uns aos

outros.

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Capí tuló II – O cóntinente de Aether

Com uma civilização bem organizada, e com vasto

conhecimento, Aether surge como um território ameno, com

plantas muito adaptáveis, terras férteis, grande pastos

verdes, árvores frutíferas e um solo bem diferente, com a

textura próxima de argila.

Os Emissários da Luz, o povo de Solara, lembram

sua criadora por serem leves, resistentes e esguios. Com asas

de coloração variada e aspecto

de aves diversas.

Possuem em si um

pequeno poder de criação,

conseguindo materializar

pequenos objetos, isso tornou a

sociedade bem simples e

autossuficiente.

Seu povo se engana ao

acreditar que se alimentam de

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plantas, na realidade sempre se alimentaram da luz de fogo

solara que foi absorvida pelas plantas. Por isso vivem mais

que as outras raças, muitos e muitos anos a mais, pois seus

corpos são sutis e leves, como de uma planta.

De dia, o céu de Aether se destaca pelo profundo

azul e à noite é repleto de pontos de luz, criados por Solara

para sempre estar presente junto à sua criação. Entre os

animais de Aether existem os Polados, Arguins, várias raças

de macacos, Peixes Bolha e baleias no oceano mais

próximo. Os Arguins são tipos de Harpias bem

desenvolvidas. Não muito fáceis de serem treinadas, porém

extremamente inteligentes.

Criaram o hábito de caçar tanto em alto mar quanto

na terra. São seres de constante vigília e desconfiados, em

Aether muitos foram treinados e passaram a viver entre a

população, porém sempre com certo distanciamento.

Quanto aos macacos, como sabe, existem vários

tipos, cores e jeitos, mas dentre eles houve uma

diferenciação, um dia um macaco branco... Acredito que já

deve saber de quem falo, então vou contar sua origem.

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Orb tinha conhecimento sobre todas as coisas, porém

era muito difícil para ele espalhar o conhecimento, portanto,

criou na última montanha do continente uma grande árvore,

na qual cada fruto continha um conhecimento que tomava

certa cor, formato e sabor. Quanto mais conhecimentos

surgiam, mais frutos a árvore produzia. Neles surgiram os

conhecimentos de agricultura, metalurgia, medicina, ciência,

tecnologias, magias, linguagens, e muitos outros.

Essa árvore tornou-se um presente sagrado aos

Emissários da Luz, que a ela prestavam cuidados e proteção,

porém, uma vez, durante a noite, o tal macaco branco subiu

na árvore da sabedoria e deliciou-se.

Pela manhã já

havia consumido todos

os seus frutos. Isso o

tornou muito sábio.

Orb refletindo sobre o

corrido, o nomeou

Oráculo de Aether,

conhecido como Azão,

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O Macaco da Sabedoria, que ficou vivendo no polo, como

jardineiro e guardião da árvore. Seu conhecimento tornou-se

tão elevado que também atua como sacerdote, realizando

cerimonias de casamento, nascimento e morte em Aether.

Solara, percebendo esse descuido, mas não querendo

interferir no que já havia ocorrido, para manter a segurança

da arvore cria a grande Águia-guardiã Caçadora, para

sobrevoar a árvore, para protegê-la de intrusos,

principalmente seres sombrios.

Agora, para chegar à árvore

todos precisam passar pelo

julgamento da Águia-guardiã,

provando que são dignos de comer

um fruto. E todo fruto, antes de ser

concedido é escolhido por Azão.

Lembro que Kirion não se

dedicou muito para criar vidas

aquáticas, isso explica a enorme quantidade de Peixes

Bolha, esses peixes esféricos, pequenos e ágeis, que nadam

em grandes cardumes redondos. Alimentam-se de plantas

dos mares e sua população é a maior dentre os seres da água.

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Por isso, o Peixe Bolha é uma ótima forma de alimentação,

pois não tem espinhos, além de serem usados geralmente

como iscas ou estratégias para treinar outros animais.

Porém, é importante lembrá-lo que nem todos os

animais podem ser domados em Uranion. É o caso das

Baleias Gigantes. Seres colossais, indomáveis, ariscos, que

se alimentam de Peixes Bolha, é maior e mais forte criatura

do mar. Kirion as fez para

reduzir a população de

peixes. Podem chegar a ter

o tamanho de uma grande

embarcação até uma

pequena vila.

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As baleias gigantes são, com certeza, os seres mais

fortes dos mares, mas as Sereias são consideravelmente as

mais perigosas. Estes seres foram a primeira ideia de Kirion

para uma raça marinha. Mas foi um

desastre. São raras, meio mulheres

meio peixes, muito belas, que tem

uma fome interminável por carne.

E apenas comer Peixes Bolha

nunca as deixa satisfeitas, por isso,

com o tempo, passaram a usar suas

vozes para pedir socorro e fingir

que estão se afogando, atraindo suas vítimas, e tornando-se

seres cada vez mais selvagens.

Os Polados são uma raça de pequenos equinos,

pôneis com asas, versáteis, que se adaptaram bem em todos

os ambientes de Uranion. Recordo de sua criação, como eu

gostava de observá-los, a cada mudança, a cada

comportamento novo, a inteligência desses pequenos para

mim sempre foi fascinante.

O Polado da Terra é o animal mais rápido de

Uranion, ele também fica invisível como defesa e faz ficar

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invisível juntamente a pessoa que o monta. Esse poder faz

desaparecer tudo, inclusive celas e equipamentos.

O Polado da Terra percebe os sentimentos da

pessoa que chega perto. Você pode treiná-lo só se você não

tiver medo dele e se sentir bem perto desse animal. Eles

precisam sentir seus treinadores amigáveis e assim vão

deixar serem treinados. O Polado da Terra em geral é branco

com asas marrons, e habita o Deserto de Desdeuz, pois ele

se alimenta de cactos e flores, afinal, o cacto do deserto

subterrâneo não tem espinhos. O defeito desses Polados é

terem longos períodos de descanso.

O Polado

de Fogo é um

tipo que cospe

fogo e também

usa tornados

para lançar

chamas, ele é um animal que só pode ser montado por

habitantes da Terra do Caos, pois vivem lá e criaram grande

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afinidade com o local e os Emissários das Sombras. Ele é

bem rebelde e precisa de muitos cuidados para ser montado.

Ele se alimenta dos Pássaros da Luz. O defeito do Polado de

Fogo é sua baixa imunidade ao Polado de Água e à água de

qualquer espécie. Sua qualidade são seus ótimos ataques,

pois são mais nocivos que os dos demais, e foram, desde sua

criação, treinados para combate. Costumam ter a pelagem

mais escura, variando de marrom a cinza e até negro.

O Polado da Água habita o grande Oceano de Naga,

que fica entre Desdeuz e Aether, ele pode ser domado

utilizando Peixes Bolha cozidos, que são muito mais

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atrativos que sua refeição

convencional. Alimenta-

se naturalmente de Peixes

Bolha e plankitons. Sua

grande habilidade é fazer

um tornado de água que

deixa seus adversários

sem rumo e desnorteados.

Ele também usa

essa habilidade para

caçar. Seu grande defeito

é ele ter dificuldades de

respirar na terra. Ele é

verde florescente e não tem asas, mas tem nadadeiras,

escamas e guelras que usam para respirar. São o principal

alvo dos Camaleursos.

O Polado do Ar é o mais conhecido em nossa região,

habita o território de Aether. Ele se alimenta de pastos

verdes, frutas e capins e ele pode ser domado com flores.

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Em geral existem algumas espécies que são preferidas, mas

isso costuma variar um pouco entre os Polados.

Geralmente recomenda-se consultar um florista. Ele

tem ótimos ataques, mas o melhor ataque são os tornados de

pedras, areia e terra, que fazem para se defenderem. Eles

costumam ser preguiçosos e bastante pacíficos, por isso é

difícil fazer com que ataquem alguém ou possam ser

treinados para a guerra.

Em Aether, os emissários da luz estruturaram sua

sociedade como uma monarquia, Erguendo duas grandes

cidades-estados, com dois grandes Deuses como seus

regentes: Koussen, Deus da Força e Rei de Craft, a cidade

guerreira e Orb, Deus da Sabedoria e Rei de Ark, a cidade

do conhecimento.

Craft foi a primeira cidade criada no continente, uma

cidade de guerreiros prontos para lutar, que eram os grandes

protetores do continente. Possui construções altas e ruas

bem largas, além de grande fluxo de pessoas, que

desenvolvem diversas atividades. Entre elas, sabe-se que os

melhores guerreiros de Aether vêm de Craft. Lá há um

grande castelo com um brasão com duas asas e espadas que

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se cruzam, esse é o símbolo da cidade. O castelo fica na

Praça da Liberdade, que ganhou esse nome pelo grande peso

desse valor para os moradores.

O Deus da Justiça, Shanmá, não desejando criar para

si um reino, realizou a tarefa constante de proteger o

continente, tornou-se o guardião da muralha de Aether,

sendo que Solara o confiou essa missão. As entradas criadas

nesse grande muro de luz também ficaram sob a

responsabilidade de Shanmá.

Já na segunda cidade, Ark, existem muitas árvores de

porte grande e florestas mais densas, nelas habitam seus

moradores, em construções que têm pontes entre as árvores,

para se comunicarem, são casas modernas feitas de bamboo.

No centro da cidade há um espaço para meditação e

treinamento de artes marciais aliadas com magia,

conhecidas no conjunto como Quisan. Essa arte, apesar de

muito conhecida em todo o continente é bem marcante em

Ark, um conjunto de ensinamentos passados pela Deusa

Solara, para fortalecer os Emissários da Luz e treinar o seu

uso de magia. Trata-se do treino de meditação, movimentos

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corporais e o comando de poderes combinados. Serve tanto

à guerra como ao aprimoramento pessoal.

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Capí tuló III – As Terras dó Caós

Regidas pela Morte, o Medo e o Ódio, as Terras do

Caos são uma região composta de tribos selvagens, de

caçadores e guerras, cheia de perigos como os Venenões, os

Lobos do Caos e os Camaleursos.

Nas Terras do Caos, o clima é nublado

constantemente, muito quente e abafado, tornando difícil

respirar e, quando qualquer humano pisa na terra, sente

automaticamente a sensação de perigo. O solo é rachado e

todas as cidades um dia construídas tornam-se ruínas, por

disputas de territórios. Também é o lar dos Emissários das

Sombras, que vivem solitários ou em tribos de bárbaros

nômades. Por enxergarem no escuro, costumam viver entre

ruínas e destroços, local propício para assaltos. São

naturalmente gananciosos.

Suas cidades de pedra tem uma cor cinza, existem lá

muitos rios de sangue para afugentar todos que se

aproximam, feitos por influencia da Deusa do Medo, e que

são alimentados com o sangue derramado no solo. Assim, o

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céu se tornou vermelho e assustador por refletir a cor dos

rios.

Quando os Deuses da Luz criam a Árvore da

Sabedoria, a Trindade da Sombra resolveu reagir e, sabendo

que todo aquele conhecimento era restrito aos emissários da

luz, planejam destruí-lo. O Deus das Sombras cria então o

Machado da Destruição, com a intensão de derrubar a

Árvore da Sabedoria assim que houvesse uma chance

propícia e o colocam no alto de uma montanha do Polo Sul,

um lugar com o solo completamente negro e arenoso, oposto

ao polo tomado por Aether.

Os Deuses Sombrios divertem-se ao testar os

melhores guerreiros do Reino, dizendo que é possível

conquistá-lo. Muitos tentam, mas nenhum consegue se

aproximar dos perigos que cercam essa poderosa arma.

Corre a lenda que esse Machado poderia combater qualquer

oponente, vencendo até deuses com um único golpe.

Uma curiosidade familiar, que talvez explique um

pouco o porquê de tanto caos no reino dos meus primeiros

filhos é que Maroth foi a primeira Deusa a nascer, sendo a

irmã mais velha de todos. Saiba que, antes de ser nomeada

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Deusa do Medo, justamente por ser a mais medrosa de

todos, foi a primeira divindade da morte, era constantemente

cruel e trazia o medo da morte a todos os seres, fazendo a

morte ser algo terrível, a qual todos os seres começaram a

temer. Então o Deus Supremo a destitui desta função e

entrega o domínio da morte para Kizake. Todos os medos

criados pelas ações de Maroth são selados em cartas e

banidas para o Deserto de Desdeuz.

Isso deixou Maroth tão apavorada que arrancou um

dos seus chifres, fazendo dele a primeira arma entre os meus

filhos. Dizia que era para sua proteção, pois sempre tinha

medo de ser atacada. Mesmo estando em família. Blazak se

aproveitou disso, e a lhe deu uma bússola para rastrear

novamente os medos e assim, reunir as cartas banidas. Ela

as encontra, e assim Maroth torna-se a Deusa do Medo,

infelizmente nunca foi imune ao medo, e em posse das

cartas, acabou se amaldiçoando de senti-los eternamente.

Nunca mais a vi, ela se esconde em seu castelo escuro, presa

em seus próprios temores.

Mas Kizake, antes de se tornar o Deus da Morte, foi

o Deus dos Felinos. Quando ele nasceu, seu pai lhe deu a

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guarda de um animal que havia sido criado para viver em

Uranion, mas devido à sua aparente fragilidade, não estava

pronto. Kizake se afeiçoou e desenvolveu a criação de seu

pai. O Deus também aprende a se comunicar com esse

animal.

Quando Kirion dá a seus filhos a tarefa de ocupar

Uranion e terem seus próprios reinos e criações, Kizake cria

felinos de todos os tipos. Dos mais simples até os mais

complexos, inclusive foi responsável pela criação do temido

Venenão, o leão venenoso da

Terra do Caos. Kizake é

imune ao veneno dessa e de

outras criaturas. Após a

destituição de sua irmã

Maroth, Kizake continua

com suas ligações e poderes

sobre os felinos e ainda

assume todas as atribuições

da Morte. Às vezes ele se

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olha no espelho e se chama de gato preto da morte.

Acho que ele não é mais tão normal quanto já foi,

desde que despencou do Reino dos Deuses acreditando que

sabia cair de pé. O resultado foi uma queda digna de estrela

cadente, abrindo uma cratera no chão que está lá até hoje,

conhecida (entre os Deuses) como Cratera da Morte.

Felizmente foi encontrado inconsciente por uma garota

humana das Terras do Caos, chamada Selia, que vivia em

uma pequena tribo bárbara.

Sua barbaridade caótica conquistou o coração de

Kizake, que foi cuidado por ela até sua total recuperação.

Depois desse período, o Deus da Morte reluta em partir e se

hospeda na tenda de Selia durante algum tempo, sem revelar

sua identidade. Claro que esconder rabo e orelhas foi uma

tarefa tão difícil quanto cair de pé. Sua felicidade ao lado de

Selia era tanta que enquanto os dois estavam juntos,

ninguém morria em Uranion...

No entanto, para sua eterna mágoa, enquanto curtia a

irresponsabilidade no acampamento bárbaro, outras tribos

invadem o local, deixando largos rastros de destruição. O

acampamento acaba incendiado, e mesmo com todos os

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esforços, Kizake não consegue salvar a breve e futura ex-

mãe dos seus filhotes.

Ele sobrevive ao terror da guerra e aprende que a

morte vem para todos, e que sua função é mais penosa e

responsável do que imaginava. Durante a noite, enterra Selia

e segue pela madrugada com lamentos e miados sofridos. Eu

fui ao seu encontro, o vi diferente, seus olhos estavam

mudados, ele parecia ter perdido a sanidade.

Só então ele havia percebido que parte da sua tarefa

não era reinar sobre a morte, mas administrá-la, e que desde

que se tornara Deus da Morte, as almas dos mortais estavam

se perdendo pelo planeta graças à sua desorganização.

Mesmo com a existência do Reino dos Mortos em Mondak,

Blazak não desempenhava a tarefa de encaminhar todas as

almas, nunca se interessou por isso. Coletava esses pobres

coitados quando queria ou precisava apenas, em números

variados.

E foi assim que Kizake perdeu também Selia, que foi

mais uma vítima de sua negligência. Desde então ele vaga

paranoico por Uranion, com atenção especial para as Terras

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do Caos, dessa vez com uma agenda, onde registra todas as

mortes e conduz as almas todas para Mondak.

Assim, começou a conhecer as formas de

organização dos habitantes das Terras do Caos. Eles se

dividiam entre humanos e emissários das Sombras, criações

de Blazak. Alguns humanos e emissários optavam por viver

nas conhecidas tribos bárbaras, como a família de Selia,

enquanto outros se tornavam nômades solitários.

Ainda com algum grau de proximidade ou

semelhança entre os habitantes desse local, existia pouca

harmonia em sua convivência, permeando o território de

incansáveis conflitos e disputas. Todas as tribos eram

fanáticas pela trindade sombria e Blazak, sendo esse um dos

motivos de seus conflitos: a disputa cega sobre quem seria o

maior e mais forte Deus.

Os bárbaros sempre foram facilmente reconhecidos

por utilizarem o cabelo arrepiado com uma mistura feita de

lama, um vestuário escuro e com muitas peças de couro.

Além de carregarem sempre um cinto com a Marca das

Sombras e um colar com dentes de felinos, que recebem um

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a um segundo seus feitos, como um tipo de contagem de sua

bravura.

São fortes, velozes e resistentes, treinados para a

guerra. Utilizam armas simples e comuns, como machados,

espadas e escudos e são essencialmente maus. As principais

funções hierárquicas dentro de todas as tribos são: os Tecnaê

(pajés), os Sijucy (cacique), os Tendai (guerreiros) e Roods

(caçadores). Normalmente cavalgam Polados do Fogo ou

Venenões.

Nas Terras do Caos, embora seja mais difícil

encontrar registro de qualquer coisa, uma vez que os

ensinamentos são passados oralmente, algum manuscrito ou

outro já descreveu os animais existentes.

Os Camaleursos são grandes animais capazes de

viver tanto em terra firma como em água, misto de camaleão

com urso, tem patas

largas e com garras um

pouco retráteis. É o

principal predador de

Polados de todo tipo,

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tendo preferência pelos Polados da Água, pois eles têm a

faculdade de serem luminescentes de noite.

Os Camaleursos hibernam parte do ano. Pouco se

conhece sobre eles, por serem animais raros, o seu período

de hibernação é estimado no período do ano em que menos

aparecem, mas vez ou outra relatos de suas aparições já

foram feito o ano todo.

Existem muitas plantas medicinais da Terra do Caos,

elas não conseguem se desenvolver em nenhum lugar além

do continente sombrio. Com os conhecimentos adequados é

possível produzir muitas coisas com elas, desde comidas,

remédios, venenos, papel, fibras e até armas. Praticamente

todas são plantas são venenosas para os seres da luz e, ao

mesmo tempo, poderosos remédios para os emissários da

escuridão.

Durante os períodos críticos de guerra, montam-se

tendas de socorro com

essas plantas. A poção de

cura mais comum era

feita através da mistura

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de determinadas flores com sangue de Camaleurso, essa

especialmente, combate o veneno do Venenão.

Os Lobos Caóticos, são extremamente selvagens e

sanguinários, matam com facilidade seres humanos ou

emissários das sombras. No geral são solitários, mas podem

andar em pequenos bandos de no máximo quatro lobos. Não

é possível domesticá-los, mas se pode adestrá-los

minimamente com métodos mágicos.

Para isso é preciso ter a Pedra da Lua, um artefato

mágico usado para controlar os lobos. Essa preciosidade foi

descoberta no Deserto de Desdeuz e toda primeira noite que

Mondak se faz visível no céu como lua cheia, essas pedras

tornam-se luminosas. Seu efeito sobre os lobos dura até que

a pedra seja destruída. A única coisa que pode destruir essas

pedras é o metal de Lupikina3, encontrado em algumas

regiões das Terras do Caos.

3Lupikina foi um dos primeiros humanos, devoto ao Deus Supremo, a

sair de seu jardim, e conhecer o mundo. Descobriu metais preciosos e

começou as primeiras rotas de comércio. Por sua ousadia e inteligência,

trouxe conhecimentos de forja às tribos bárbaras e tornou-se um grande

explorador e conhecedor das Terras do Caos. Claro, não de uma maneira

pacifica. Por causa dele muitos humanos começaram a se instalar nas

Terras do Caos. – Créditos a Fernando Raidek e Rafael Rocha

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Capí tuló IV – O Jardim dó Supremó

Nessa época, separando os continentes de Aether e as

Terras do Caos, Kirion cria uma faixa de terra firme que

atravessa Uranion, e nela um belíssimo jardim, o Jardim de

Desdeuz, inclusive com a intenção de demonstrar a seus

filhos todas as belezas que poderiam ser feitas com o uso

disciplinado e organizado do poder da criação.

Espero que ainda esteja bem atento, Henon. – Diz a

Deusa fazendo uma pausa depois de muito tempo em sua

narrativa. – Hoje essa região é a mesma que vocês

conhecem como Deserto, mas nem sempre foi assim.

Algumas coisas começarão a ficar mais fáceis agora, e

outras mais difíceis. Ele assente e ela continua – Pois bem...

Entre cada continente habitado pelos Deuses e o

Jardim, estabeleceu-se uma faixa de água de mar. Dessa

forma, entre Aether e Desdeuz, fica o oceano de Naga, e

entre as Terras do Caos e o belo Jardim, aparece o oceano de

Thagan.

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Desdeuz era um ambiente cheio de árvores, arbustos,

rios, lagos, cavernas e montanhas, o qual o Deus Supremo

produz inspirado, após as criações da Luz e das Sombras,

sua principal criação, alegórica à sua imagem: os humanos.

Seres simples e mortais, que vivem da caça e da colheita,

abrigando-se em cavernas, onde faziam seus templos para

cultuar os Deuses. Kirion cria frutos diversos, e animais

simples no início, mas depois começa a combiná-los,

criando quimeras.

Essas quimeras, após algum tempo, começam a sair

do controle, então Kirion pede ajuda a seu Filho Koussen, o

Deus da Força, para exterminá-las e doar a carne como

alimento aos humanos, como uma dádiva. O Deus Supremo

então deu a seu filho uma poderosa espada criada pela

Deusa da Luz, a Deusa da Alergia e o Deus supremo: A

Espada Jasólis. Com ela, era possível absorver uma

imensurável quantidade de luz e depois liberá-la em uma

grande explosão. Essa espada viria a ser a chave de grandes

mudanças para Uranion e seus Deuses.

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Capí tuló V – O Deus Caí dó

Koussen foi treinado pelo Deus supremo e Solara

para ser o protetor de Uranion. Quanto mais treinava,

continuamente se superava e maior força física desenvolvia,

porém sem muito controle mental. Era conhecido por sua

rebeldia e indisciplina.

Como protetor, auxiliou seus irmãos mais jovens,

Orb e Shanmá, auxiliando a criação das cidades-estados de

Craft e Ark, e também fundou e treinou o exército de

Aether, composto de Emissários da Luz. Shanmá, Deusa da

Justiça, delimitava as leis. O Deus da Sabedoria, Orb,

orientava todas as decisões e Koussen promovia a ordem

pela Força, fazendo com que as leis fossem cumpridas.

A Existência de Koussen se pautava em procurar

desafios cada vez maiores, para provar sua força. Mesmo

depois de se tornar Rei de Craft, sua ânsia por força e poder

nunca conheceu limites.

Até que certo dia, caminhando com Orb pelo

mercado de Ark, procurava recolher montarias para seu

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exército. Foi quando conheceu a jovem emissária da luz

Júlia, uma criadora de Polados do Ar. Tinha olhos azuis e

grandes asas brancas, e seus cabelos negros com pontas

avermelhadas encantaram o Deus. E pela primeira vez,

Koussen estava diante de um tipo diferente de força, estava

encantado por Júlia, por isso a tornou rainha de Craft. Sua

companheira de reinado... Realizando seu casamento com

todas as festividades entre Deuses e Emissários, diante da

Árvore da Sabedoria.

Koussen parecia ter encontrado mais equilíbrio e paz.

Os anos se passaram e surgem os primeiros semideuses a

partir desse casamento: Derik, Guerreiro Emissário da Luz,

primeiro comandante dos Exércitos de Aether, junto com

seu Pai, e Isla, uma encantadora estudante de Aether. Isla

herda, como poder divino, a força de Koussen.

Porém, o Deus das Sombras, preocupado com o

desenvolvimento da trindade da Luz, contamina uma

quimera com seus poderes sombrios, tornando-a um

monstro gigantesco que começa a destruir o jardim e caçar

humanos e todas as criaturas criadas pelo Deus supremo.

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Kirion envia Koussen para derrotar a Quimera monstruosa

com sua armadura dourada e a espada Jasólis.

O Deus das Sombras, Blazak, desconfiado da

vaidade e do orgulho de Koussen, viu nisso uma grandiosa

oportunidade e preparou uma estratégia para envergonhar o

Deus da Força através de suas próprias falhas morais.

Começou a guiar a quimera em uma luta devastadora

contra Koussen, dando-lhe cada vez mais poder. Blazak

nesta batalha consegue quebrar propositalmente, com a

ferroada de seu monstro, praticamente toda a armadura de

Koussen, quase destruindo o Deus da Força.

Sem dosar mais o seu poder, e totalmente cego de

ódio, descontrolando-se em proporções catastróficas,

Koussen usa todo o poder de Jasólis para destruir o monstro.

Ele reuniu tanta luz em sua espada que o dia tornou-se noite

por um breve momento. Seguiu-se depois um clarão.

Uranion estremeceu e, depois disso, o Jardim de

Desdeuz desapareceu levando junto quase toda a população

humana. O jardim se tornou um grande deserto, sem plantas,

sem animais, rios ou lagos. Os poucos humanos que

sobreviveram estavam no fundo de suas cavernas.

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Depois disso, Kirion nunca foi mais o mesmo. E

houve o primeiro rompimento de sua família. Vendo a

Destruição de seu precioso jardim e seus amados humanos

perdendo a fé nele, o Deus supremo remove os poderes de

Koussen, selando-os na Espada Jasólis, e a esconde, para

que tamanho poder jamais seja liberado novamente.

Além disso, para ensinar humildade e benevolência

ao Deus da Força, tornou-o humano e imortal, jogando-o no

deserto de Desdeuz, para que passasse a eternidade vendo o

resultado de sua imprudência, esperando que um dia seja

digno de seus poderes novamente.

Kirion acreditava que Koussen pudesse ajudar a

reconstruir o Jardim e a humanidade dos destroços, mas

sentindo-se injustiçado pelo pai, o filho revolta-se

amargamente e chama atenção do Deus das Sombras, que

começa a tentá-lo no deserto, aproveita seu sofrimento como

a oportunidade para trazê-lo para o lado dos deuses

sombrios, unindo-se a Maroth, Sãne e Kizake.

Blazak lhe oferece um castelo, servos, exércitos e

armas. Com promessas que irá ajuda-lo a encontrar a Espada

Jasólis e recuperar seu poder. Koussen, enfurecido e

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magoado, cai sobre a influência de Blazak e recebe a Marca

das Sombras, um brasão místico que sela o pacto de todos os

Deuses que aceitam a doutrina das sombras e submissão a

Blazak.

Segundo esse pacto, os portadores do selo devem

obediência absoluta às sombras, sem poder jamais voltar

atrás. Aqueles que forem mortais se tornam imunes à morte

e caso decidam trair o pacto ou fugir, estão condenados à

destruição por petrificação imediata, assim que cometem um

ato direto contra as sombras. Dessa maneira, inicia-se um

treinamento rigoroso de força e concentração para Koussen

durante muitos anos.

O exército de Koussen é composto pelas almas

escravizadas de Uranion. Essa força destrutiva ficou

conhecida como o Exercito Sombrio e o antigo Deus da

Força começou a ser conhecido entre os mortais como o

Deus Caído. Depois disso, ele marchou com suas tropas em

toda cidade, vilarejo e acampamento de Uranion, tomando

tudo à força como real herdeiro de Kirion.

Koussen desejava retomar seus poderes, encontrar a

espada Jasólis e quando conquistasse novamente o que

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acreditava ser dele, teria chegado a hora de enfrentar seu

pai.

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Capí tuló VI – O Renascimentó

Kirion, decepcionado e frustrado após enviar seu

filho ao deserto, pensa o quanto será difícil reconstruir todo

seu belo Jardim. Cansado e amargurado, sente pela primeira

vez a tristeza, e com esse novo sentimento cria um ser de

poderes divinos, mas com aspectos bestiais, batiza-o de

Dragalot.

Kirion desenvolve sua nova criação com poderes de

absorver, transformar e criar o mundo. Dragalot surge como

a sombra de Kirion, um servo de sua vontade, com tarefa de

recriar o Jardim, e manter a ordem de Uranion.

Porém, essa criação lhe suga muito poder, o que o

deixa enfraquecido. Kirion se encontrava esgotado, quase

sem os seus poderes, e desmotivado para continuar

existindo, fica com apenas uma leve fagulha divina. Neste

momento, os filhos desejaram tomar o lugar do pai,

assumindo seu trono e poderes de criação, para se tornarem

o novo Deus Supremo.

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Vendo a fragilidade de meu amado, o transformei em

uma semente pequena, do tamanho de um grão de areia, e o

depositei na Fonte das Almas, localizada no Reino dos

Deuses, para que em breve ele assumisse a forma de uma

nova vida mortal em Uranion, e assim tivesse tempo de

recuperar pouco a pouco seus poderes.

Esse lindo Reino é um vasto território feito sobre

vapores de nuvens, com um grande e suntuoso castelo

flutuante, onde Kirion deixou guardada a essência divina de

onde surgem todas as Almas. De tempos em tempos, quando

estão maduras, as almas descem à Uranion como gotas de

chuva, encontrando o ventre das mulheres que estão prestes

a ser mães, dando origem a novas vidas.

Assim, tomei controle do reino dos Deuses e fechei a

entrada a todas as divindades sem minha permissão. Nesse

momento delicado, Henon, é que você entra nesse cenário,

pois agora, o retorno do Deus Supremo precisa de você.

Escolhi alguns subterrâneos mais devotos a mim, e criarei

uma ordem secreta que protegerá a espada Jasólis.

Vocês também receberão a missão de encontrar e

proteger a nova forma de vida do Deus supremo, que em

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breve, surgirá na face de Uranion como uma criança

destinada a retomar toda a sua grandeza.

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Capí tuló VII - Dragalót: ó iní ció dó fim

Eu, Henon, retomo agora a história. A vocês que

ainda me acompanham, devo dizer que aceitei a missão

confiada a mim pela Grande Yryz, depois de me recuperar

de tudo que ouvira. A Ordem a que ela se referiu foi criada a

partir do momento em que renunciei a toda a vida que tinha

antes para dedicar minha existência ao retorno de Kirion.

Fomos chamados de A Ordem de Henon, por

benevolência da Deusa Mãe do Universo. Ainda assim, ela

seguiu descrevendo para mim o que estávamos prestes a

enfrentar. Ajeitando suas vestes com delicadeza, Yryz

continuou:

-Todo esse reboliço em Uranion permitiu que Deus

das Sombras agisse despercebido. Aproximou-se do

Dragalot, e buscou convertê-lo com sua influência e assim,

conquistar mais poder. Porém, como Dragalot tinha uma

inteligência limitada em comparação a todo seu poder, era

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restrito a realizar suas funções sem questionar, quase como

uma máquina.

Isso fez com que Blazak se frustrasse por não

conseguir desvirtuá-lo com promessas e barganhas, então o

marca com seu Brasão das Sombras, como último recurso

para manipular sua mente. Essa ação desencadeou o grande

terror de Uranion.

O maior servo do Deus Supremo, Dragalot,

responsável pela recriação e organização do mundo é

tomado por tamanho caos interno que para sua função de

criador e, pela natureza da tristeza de onde havia se

formado, aliada à influência das sombras, começa a

consumir todos os seres criados pelo Deus Supremo, pela

Luz e pelas Sombras, assimilando suas as caraterísticas e

habilidades de suas vítimas, crescendo e acumulando forças.

Resistente à energia da escuridão, mas não à luz.

Dragalot chega ao Reino dos Deuses, o destrói e faz

ali seu ninho no antigo palácio onde eu e Kirion vivíamos. A

partir daí, nenhum lugar era mais seguro, bem como nenhum

Deus estava a salvo. Não se sabe mais o tamanho do

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Dragalot, pois a cada criatura consumida, ele cresce mais e

mais.

O Deus das Sombras, vendo o desastre que causou,

foge para Mondak, imaginando que lá estaria seguro. De lá,

envia o Deus do Ódio, Sãne, seu principal general, armado

com o Escudo Sombrio, capaz de devolver qualquer tipo de

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dado e ataque ao seu ofensor, para combater a criatura

quando ela surgisse em Uranion. O improvável acontece, e

Sãne é consumido pela criatura, que assimila os poderes do

Ódio e torna-se mais forte, inteligente e com sentimento de

desprezo por tudo ao seu redor.

Também passa a utilizar um sopro de destruição,

agindo com longas pausas quando se sente saciado em

consumir a criação. Blazak, percebendo novamente seu erro,

rapidamente consegue esconder seu escudo sombrio para

que não fosse consumido, e dá ordens para Koussen

aprofundar a busca atrás da espada Jasólis, na esperança de

que ela pudesse ser usada para derrotar a criatura.

Quando Sãne é destruído, a Deusa da Justiça,

Shanmá começa a gritar dolorosamente em Aether, sofrendo

as consequências de uma ligação que até então ninguém

sabia que poderia existir. Para equilibrar o universo, cada

vez que um Deus das Sombras ou da Luz morre, um Deus

do lado oposto também seria desintegrado. Foi assim que,

entre lágrimas e gemidos, o Continente da Luz perde a

Deusa que regia suas leis, normas e proteção. Nesse

momento as barreiras da Grande Muralha de Luz também

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começam a desaparecer, deixando todos em Aether ainda

mais amedrontados e receosos do que estaria por vir.

Kizake, por sua vez, compreende que sem a vida não

poderia existir a morte, e que sem esse equilíbrio nada mais

restaria no Terceiro Universo, que seria consumido pela

dominação das Sombras. Sabendo que o Deus supremo é o

maior responsável pela criação dos seres, e agora que os

Deuses também morrem, o Deus da Morte se une

secretamente à Yryz e Solara para buscar uma solução para

vencer o Dragalot.

A sorte de Kizake foi fazer parte da trindade original

das sombras, que como acompanhava Blazak desde o início,

não recebera o selo que condenava os demais seres que se

tornaram submissos posteriormente. Dessa forma, sua

traição não seria descoberta e nem ele sofreria a destruição

imediata prevista para aqueles que viravam as costas ao

Deus das Sombras. Ele teria tempo, só não sabia o quanto.

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Capí tuló VIII – O Desertó de Desdeuz

Após a grande devastação, os poucos humanos que

restaram em Desdeuz saíram à superfície e demoraram certo

tempo pra compreender o que havia acontecido. Era como

se tivessem sido transportados para outro planeta. Já não

havia nada ao seu redor, tudo, absolutamente tudo havia

desaparecido: rios, plantas, flores, árvores, pássaros,

animais, casas, ruas e pessoas. Então, imergiram em um luto

e trauma que perdurou por anos, atravessando as gerações

de Desdeuz através de histórias.

Os sobreviventes se tornaram um povo forte,

inteligente e destemido, pela ausência dos benefícios da

floresta, estavam sem recursos e comida de fácil acesso, por

isso muitos morreram de fome, mas durante as escavações

foram encontrados metais preciosos.

Naquele momento de reconstrução, tudo poderia ser

útil, então tornaram-se comerciantes, vendendo mercadorias

variadas que podiam conseguir, trocar ou produzir. Em

alguns casos também roubar de forasteiros, embora Desdeuz

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ainda mantivesse leis de grande importância e peso moral

para seus cidadãos. Dessa forma, rotas de comércio e

navegação começaram a surgir até o Continente de Aether e

também para a Terra do Caos.

Partindo das próprias necessidades, começaram a

criar e desenvolver máquinas e mecanismos que

funcionavam com vapor. Sugiram lâmpadas, trens, carros,

usinas, toda uma cultura de vapor e metal. Abandonaram o

nome “humanos”, que recordava o belo jardim de Desdeuz,

e incorporaram o título de Subterrâneos, uma civilização que

não dependia dos Deuses para sobreviver.

Os Subterrâneos também conseguiram encontrar

lençóis freáticos e expandir poços já existentes, originando

algumas lagoas e fontes que passaram a correr embaixo da

terra. Desenvolvem sistemas para redirecionar a luz do sol

através de espelhos e túneis. Muitas espécies de plantas

também foram salvas através de mudas e sementes. Essas

passam a ser cuidadas com a nova tecnologia de Desdeuz e

crescerem com as mesmas propriedades e pouca luz.

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Tornam-se muito detalhistas e caprichosos. Além de

especialistas em camuflagem, defesa e sobrevivência no

deserto. Algumas vezes, em lugares escondidos e

longínquos de Desdeuz, podem ser encontradas claraboias,

no entanto são muito raras. Erguem embaixo do solo não

somente grandes túneis e saguões, mas construções feitas

com barro, pedras e matéria prima natural.

Surge a fundação oficial da primeira grande cidade

Subterrânea: Bigodáh, sendo motivo de orgulho e resistência

de seu povo, que transformou a data dessa conquista em

uma grande festa comemorativa, celebrada todos os anos,

sempre do dia seguinte ao aniversário da Grande

Devastação. Vários rituais de renascimento são celebrados,

os poucos templos que restaram aos Deuses se enchem de

oferendas buscando novas dádivas e vitórias.

Bigodáh torna-se central do comércio de todo o

mundo, cheia de feiras de compra e venda. Ela trouxe

riqueza aos subterrâneos, que começaram a escavar túneis

por todo deserto para transportar e distribuir seus produtos.

Sugiram também outras cidades subterrâneas menores, que

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eram propriedades produtivas e que faziam comércio com

Bigodáh. A maioria dos subterrâneos começou a dar mais

valor aos Tostões (moeda local, feita de metal, quase do

tamanho de um punho) do que aos deuses.

Os animais que restaram passam a ser criados

também embaixo da terra, principalmente os Polados da

Terra, que já tinham a habilidade de desaparecer quando

ameaçados.

Nas Terras do Caos os subterrâneos só encontraram

guerra após guerra, um lugar em que o Deus das Sombras

induzia o terror entre todos os seres. Era um ambiente muito

hostil, um território cheio de selvagens Polados do Fogo,

que só não invadiam o resto de Uranion por terem medo de

água, fazendo com que nunca sobrevoassem os oceanos.

Porém, um dia, algo que não devia acontecer

aconteceu, tenho certeza que por influencia de Blazak. Sem

o Deus supremo, suas criações ficaram desprotegidas e os

bárbaros capturaram um navio de comércio dos

subterrâneos, se aventuraram ao mar e chegaram até o

Deserto. Como o povo subterrâneo não era hábil para a

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guerra, os bárbaros começaram a capturá-los como escravos,

vendendo-os nas Terras do Caos. Desde então, os

subterrâneos cortaram relações com os habitantes das Terras

do Caos.

Com Aether as relações foram mais fáceis, apesar de

os próprios humanos estarem resistentes em aceitar qualquer

ajuda dos Deuses, afinal, foram as disputas entre eles que

quase haviam arruinado sua raça. Mas o Deus da Justiça

abriu caminho para esse contato, percebendo como

importante a troca de produtos, alimentos, sementes,

animais, magias e saberes ainda mais variados, culminando

até mesmo no ponto dos subterrâneos assimilarem técnicas

básicas do Quisan, sem que nunca os Deuses tivessem se

disposto ensiná-los.

Com toda a gama de saberes e objetos adquiridos,

além da estrutura que já tinham conseguido reerguer, os

humanos refizeram escolas e centros de pesquisa, ampliando

as atividades profissionais que tinham restado da velha

devastação, e resgatando as que haviam desaparecido. As

primeiras que entraram em atividade foram as de guerreiros,

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caçadores, ferreiros, curandeiros, fazendeiros, agricultores,

floristas e inventores.

Considerando a importância de não haver mais

ensinamentos separados por áreas ou idades, surge a

ocupação de Prostudantes, que seriam ao mesmo tempo

estudantes e professores, repassando constantemente suas

descobertas, aquisições e estudos, fazendo com que o povo

de Bigodáh tivesse, independente de suas profissões, um

vasto conhecimento sobre muitas áreas.

Lembro que, em alguns casos, ocorriam acidentes

com experiências de botânica ou alquimia, então os

laboratórios, estufas e algumas áreas dos centros de pesquisa

começaram a se mudar para saguões subterrâneos mais

afastados, com aberturas rápidas para a superfície, acionadas

por alavancas altamente protegidas e reforçadas.

Foi em um desses incidentes que surgiu a Planta

Caçadora do Deserto, uma tentativa de criar uma espécie

que combatesse insetos e pragas, mas que acabou devorando

a mão de seu criador, um experiente Prostudante de quinto

nível, conhecido por Mestre Zardo.

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No mesmo acidente, ao tentar acionar a alavanca,

esporos da nova espécie foram lançados para o Deserto de

Desdeuz, o que fez com que elas se espalhassem por muitas

milhas, criando uma ameaça que podia se locomover

rapidamente e ainda utilizar ferormônios alucinógenos para

caçar humanos e, raras vezes, filhotes de Polados ou

Quimeras. Algumas dessas plantas se desenvolveram

criando ferormônios que promoviam todo tipo de efeito

como: alergia, surto de riso, diarreia, pânico, sono,

agressividade. Isso fez com que o deserto se tornasse uma

área a ser evitada.

Desde então, o Mestre Zardo passou a ser, além de

cientista botânico, atirador do deserto, fazendo com que

nenhuma Planta Caçadora pudesse ser mais rápida do que

sua mão mecânica, com dispositivo de encaixe em um rifle

personalizado movido a vapor e pólvora. Combatendo o mal

que tinha criado, e em muitos casos, sendo chamado para

orientar os caçadores e guerreiros de Bigodáh, que o viam

como mais um símbolo de superação, força e inspiração.

Como você sabe, Henon, eu o fiz melhor possível

para ajudar o povo de Bigodáh em muitas situações,

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principalmente através de nossa Ordem. Porque acredito que

entre seus membros ressurgirá meu amado Kirion.

Assim, concedi a meus seguidores a magia de cura,

como forma de sobrevivência à hostilidade desse mundo

sem direção certa. Mas isso criou apenas mais inveja aos

outros deuses, que quiseram competir pela atenção dos

mortais. Informe todos da Ordem sobre os perigos que virão

disso.

Solara passou a ensinar aos seus devotos a poderosa

Rajada Solara: uma poderosa rajada de luz vinda

diretamente de Fogo Solara, um cilindro luminoso que

queima o adversário. Blazak gerou em seus seguidores,

olhos negros que enxergam no escuro com a mesma clareza

do dia. Maroth removeu o medo do coração de seus

seguidores e Kizake, concedeu a Visão da Morte,

permitindo aos seus servos enxergar o ponto fraco de

alguém, e assim lançar raios devastadores.

Agora, Henon, meu fiel servo, tenha olhos atentos

para Bigodáh, nosso maior tesouro esta lá. Saiba que eu a vi

e vou trazê-la para Aether, para que a proteja. Você agora

carrega a história dos tempos, desde o inicio de tudo,

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recorde de tudo que lhe falei e use esse conhecimento para

que seja possível devolver o equilíbrio a Uranion.

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Segunda Parte

Narrativa das Personagens

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Capí tuló IX – A Invasa ó de Bigóda h

Dhemy Bec: A Fazendeira

Eu estava trabalhando na

minha fazenda, na verdade na

fazenda subterrânea de meus pais,

que é uma fazenda de Polados da

Terra, e era mais um dia como

todos os outros.

Foi quando algo me

preocupou: vi de longe minha irmã

correndo desesperada e gritando

loucamente em direção à prefeitura da cidade. Temi,

mesmo assim tentei me recompor e correr atrás dela, mas foi

uma tentativa fútil. Uma grande pedra caiu do teto

bloqueando minha saída por aquele lado. Não era eu que

temia, mas toda caverna e pedras caiam sem parar, os

Polados naturalmente começaram a desaparecer.

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Bem ao longe, pude ver pessoas correndo e soldados,

muitos soldados avançando sobre Bigodáh. A população

corria desesperadamente, e eu assustada, também corri, mas

alguns soldados me surpreenderam entrando em minha

fazenda. Tentei fugir, mas eles tinham me cercado.

Eu fechei meus olhos e torci para que aquele

momento não fosse muito doloroso, mas naquela situação

em que eu estava apenas esperando minha morte ouvi

alguém gritando:

- Já pode abrir os olhos.

Quando abri meus olhos tinha um homem segurando

uma arma de vapor e todos os soldados estavam caídos no

chão. O homem desconhecido veio em minha direção e me

cumprimentou, foi quando ele baixou a guarda, e fomos

surpreendidos por mais soldados que estavam espalhados

pela fazenda. Nós fomos arrastados até a prefeitura eu fiquei

totalmente desorientada. Minha irmã e meus pais, onde

estariam nessa confusão? E a Fazenda?

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Zarnnos: O Assassino

Minha família foi assassinada, por

isso aprendi a ser um assassino, para

assassinar os assassinos que assassinaram

minha família. Como é possível perceber,

minha vida é cheia de assassinos e

assassinatos. Mas isso se tornou rotina

na vida de muitos, desde que o exército

sombrio devastou o mundo.

Quando descobri que o Deus

Caído estava se dirigindo a Bigodáh, meu

plano era chegar mais rápido que ele, avisar a todos, e quem

sabe poderia armar uma armadilha. Quando ele chegasse

estaria tudo pronto, ninguém seria pego de surpresa.

Por isso, saí das Terras do Caos e encontrarei o

responsável por toda a destruição, estou indo para Bigodáh

para confrontar minhas habilidades contra as dele, ter meu

teste final. Pegarei um barco, mas a viagem não será nada

fácil, nunca é, pois o oceano é cheio de perigos. Tantos

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perigos que, quando atravessei a noite tempestuosa, uma

grande baleia encontrou meu barco e me perdi.

Naufraguei. Quando recuperei a consciência estava na praia,

machucado. Caminhei muito e encontrei uma caravana de

comerciantes que me levaram a Bigodáh. Lá pude me curar,

passei alguns dias na cidade e comecei a conseguir dinheiro

lutando nas áreas do mercado de armas. Estava conhecendo

a cidade aos poucos, investigando.

Localizei a casa do prefeito da cidade, um

subterrâneo simples, que vivia em uma fazenda de Polados.

Fui à sua casa, mas antes que chegasse a bater em sua porta,

os tremores começaram. O exército chegou antes do

previsto. Em pouco tempo a cidade estava cercada, e os

subterrâneos corriam para sobreviver. Foi quando vi, bem a

minha frente, uma jovem na fazenda, próxima a casa do

prefeito, sendo cercada pelos soldados. Ninguém havia me

percebido, foi nesse momento que resolvi agir.

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Anna Bec: A Florista

Eu estava aguando minhas

florezinhas, que tinha conseguido

plantar com ajuda da terra que tinha

comprado, com o pouco dinheiro que

guardei. Foi quando escutei o barulho

de um Polado, mas não se tratava de

um qualquer e sim um Polado de

Fogo. Essa espécie não existe no

deserto de Desdeuz.

Quando me virei para trás lá estava um bárbaro

montado, ele tentou me agarrar pelos meus cabelos, mas fui

rápida e consegui me esquivar, ele tentou novamente me

agarrar pelos cabelos, mas novamente consegui me esquivar.

Aproveitando que o polado estava voando bem baixo

tentei por o pé na frente para ele tropeçar, mas não tive

sucesso e acabei quebrando minha perna.

Foi então que percebi o bárbaro e o polado,

começaram a parar de me atacar, estavam ficando cada vez

mais pálidos, e caíram no chão, mortos. Assustada, corri,

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corri muito, mas logo percebi que em volta deles haviam

sombras estranhas, e que delas a figura de um homem muito

estranho estava se formando, com roupas e uma espada

escuras como as sombras de onde saiu. Ele começou a falar

comigo:

- Olá.

- Quem é você? – Respondi assustada.

- Estou sentindo o cheiro de morte, ela esta no ar,

vindo para sua cidade. O que vai fazer sobre Isso Anna Bec?

Vai ficar aqui? Vai fugir? No mínimo, se mantenha viva se

puder.

-Quem é você? Como me conhece?

-Eu sou alguém que não quer que algumas coisas

aconteçam da maneira que podem acontecer. Mas você que

tem que se preocupar com você e com seus pais, será que

eles ainda estão bem? É, acho que sim, talvez não.

- Você é estranho, tchau.

Quando eu estava indo embora ele lança a espada

que cai na minha frente

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-Seria bom se você tivesse uma chance qualquer de

sobreviver.

Ele some e eu, com muita dor, pego a espada e subo

em cima do meu Polado para voltar a Bigodáh. Quando

cheguei na entrada da cidade, um grande portão com uma

viseira que desce ao subsolo, encontrei um homem, que

aparentava ser um caçador, conversando com um guarda

tentando entrar para procurar meu pai. Ao me aproximar, ele

me encara e pergunta:

- Você está bem? Parece estar bem machucada.

- Eu fui atacada por um bárbaro, louco e estranho,

saído do nada, acabei machucando minha perna. Tenho que

avisar meu pai que, para que os guardas fiquem a postos.

- Precisa de ajuda?

- Se não for te atrapalhar.

- Para onde você vai quando se machuca?

- Vamos para a enfermaria.

Chegando lá, encontramos outras pessoas também

aguardando ajuda. Ao meu lado, em mais duas macas

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haviam indivíduos que tinham acabado de se enfrentar uma

batalha numa arena de apostas em no centro da cidade.

- Oi, a senhorita precisa de alguma coisa? -Disse

uma emissária da luz que estava ao meu lado.

- Sim minha perna está bem machucada. Pode fazer

alguma coisa?

- Sim.

Ela disse algumas palavras e tocou na minha perna e

naquele momento ela parou de doer e minhas feridas

externar e internas sumiram. Agora já estava de pé, mas

aquele dia, tão estranho, só havia começado. De repente a

terra, de toda caverna de Bigodáh começou a tremer e

pedras começaram a cair em todos os lugares da cidade.

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Arye: A Guer reira

Nasce em Aether, na cidade de Craft,

uma figura peculiar, uma emissária da luz

diferente da natureza de sua raça pacífica,

harmoniosa e sempre apta para magia.

Arye, não tinha nenhuma conexão

com magia, sem dons ou talentos especiais,

era agitada e não conseguia prestar atenção

em nada. O que a fez sempre diferente dos

demais, tão diferente que se isolou, morando

distante de todos nos arredores de Craft,

sozinha.

Gerou, por sua condição, um desejo constante de se

destacar, muitas vezes falando quando não devia, e

desejando provar que era melhor que todos. Na maioria das

vezes falhava ao tentar, mas nunca desistia, sempre foi

persistente. Vendo seu continente ser dominado pelo poder

do Deus Caído, determinou que faria a diferença.

Criou duas metas ambiciosas para si mesma:

primeiro, ser reconhecida como a melhor guerreira de

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Aether e conquistar uma das feras mais temidas do mundo,

o Lobo do Caos. Por muitos anos treinou, apanhou, treinou

de novo, apanhou de novo, continuou apanhando, e de tanto

apanhar e treinar (não que isso tenha sido proporcional)

resolveu que, era mais fácil procurar o Lobo primeiro.

Soube que, para conseguir seu lobo, era necessário

ter uma pedra da lua, um metal que quando banhado na luz

da lua cheia, produzia um brilho hipnótico para os animais

do Caos. Arye conseguiu uma dessas pedras em Aether, e a

preparou, mas faltava-lhe encontrar o lobo. Partiu com

animação em um barco até o deserto e, logo, para as Terras

do Caos.

Chegando a esse ambiente hostil era noite, Arye

levantou voo e procurou, procurou, procurou, demorou

quase a noite toda. Segurava a pedra da lua que brilhava e

sua mão, enquanto observava o ambiente. Guiado pela luz

da pedra, um lobo atento já a seguia. Arye, notando-o, o

atraiu para seu barco, e o levou para casa. Onde o treinou

por 5 anos. Phofujô, o lobo, tornou-se a melhor companhia

de Arye, ajudou sua auto estima e com o tempo, ela nem

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apanhava tanto assim (mas ainda apanhava) dos desafios

que surgiam.

Caminhando pelas partes mais seguras de Craft, após

a passagem do exército do Deus Caído, a cidade estava em

ruínas, Arye ficou sabendo, conversando com uma caravana

de comércio dos subterrâneos (em tempos de guerra ou de

paz, subterrâneos sempre tem o que vender), que em

Bigodáh existia uma Ferreira famosa que fazia armas

poderosas, que mesmo nas mãos dos simples subterrâneos,

destacavam-se no combate e eram leves e afiadas.

Arye duvidou dessa informação, mas ficou tentada a

descobri até onde isso seria verdade. Deixou Phofujô

tomando conta de sua casa e fez um voo longo para chegar

até o deserto, atravessando o oceano da luz, chegando com

suas asas doloridas, dormiu um pouco no primeiro porto que

encontrou. Quando acordou, seguiu caminho pelos trilhos

subterrâneos e foi direto para as tendas de armas de

Bigodáh.

Arye nunca havia visto tantas armas exóticas e de

qualidade, até existiam armas a vapor. Guerreiros de muita

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habilidade testavam armas em ringues de combates, onde

haviam muitas apostas. Enquanto caminhava pelas tendas,

uma figura sombria em um manto negro a seguia, Arye

havia percebido, era um Emissário das sombras, seu povo

tinha instintivo ódio pelos Emissários da luz. A cada

momento, ele se aproximava mais e mais, Arye então tomou

coragem, segurou a primeira espada que encontrou, virou-se

para o estranho e disse:

- Venha para a arena comigo.

O estranho, sem demonstrar expressão nenhuma

(característica de sua raça) faz sinal com a cabeça,

concordando com o pedido. Ambos se encaminham para a

inscrição na arena, um local de lutas e apostas. Eles descem

em uma espécie de fosso, onde várias armas ficam

espalhadas a sua volta. Um subterrâneo gordo gritou:

- Façam suas apostas: luz e sombras! Quem vai

ganhar? Quem tem as melhores armas, com certeza... Temos

aqui representando o continente de Aether, a bela Arye e em

oposição, pelo continente do Caos, Bug Vikus, o

prostudante e assassino do mercado!

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Arye percebeu o erro que cometera, prostudantes são

diferentes de guerreiros, são conhecidos por pesquisarem

tudo, inclusive fraquezas de seus adversários, além de serem

grandes conhecedores de magias, o que reduzia muito suas

chances de vencer.

Mas respirou fundo e acreditou em todo seu esforço

dos últimos anos. A valente guerreira começou atacando

com sua espada e acertou o adversário, rompendo parte de

sua armadura, escondida por debaixo de seu manto.

Arye pode ver então o seu novo problema, sob o manto, o

assassino escondia dezenas de

adagas de arremesso, curtas e

rápidas, as quais nunca havia

enfrentado. Bug se afastou,

lançou a primeira adaga,

acertou a asa direita de Arye.

Ela se afastou, e olhou

ao redor, viu uma pequena

lança no chão, entre outras

armas espalhadas no campo.

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Atirou-a contra ele e feriu sua perna esquerda. Bug estava

em desvantagem, já não podia se movimentar direito.

O assassino lançou sua adaga novamente, atingindo

Arye no peito, próximo de seu coração. Ela sentiu o grande

“tremor da derrota”, mas não era isso problema. O teto

começou a ruir mesmo, Bigodáh estava tremendo, as

pessoas começaram a se agitar no mercado. Neste momento

Arye e Bug, viram o teto desabar sobre eles.

Arye abriu os olhos novamente, estava viva, e a

contra gosto Bug também, haviam sido levados à enfermaria

e curados por magia de uma grupo de enfermeiras

prostudantes, já acostumadas a atender os mutilados das

arenas. Ao redor haviam muitas macas, cheias de feridos por

combates e alguns aparentemente pela queda de pedras, e

entre elas, uma maca parecia ter recebido mais atenção, mas

antes de Arye pudesse compreender mais sobre tudo que

ocorrera, retornaram os tremores. Agora pedras maiores

começaram a cair, nas ruas e até mesmo dentro da

enfermaria.

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Os que tinham condições de correr, assim fizeram.

Foi quando se ouviu o barulho característico de marcha, e

gritos anunciando a invasão, os soldados haviam chagado. A

cidade estava cercada, sendo tomada. Arye já havia visto

isso antes, o exercito do Deus Caído havia deixado Craft e

marchado pelo mundo. Bigodáh não era mais segura.

Em desespero, Arye fugiu da enfermaria, voou para a

principal saída da cidade. Mas os soldados haviam fechado a

saída, seria um extermínio, Arye sem pensar nas

consequências se lançou contra os soldados, eram seis que

guardavam o portão. Ferozmente ela derrubou três soldados,

dois seguraram suas asas a prendendo e tiveram o mesmo

fim dos primeiros. Arye tornou-se até mais confiante, sentiu

que seu treinamento teve efeito, mas a confiança lhe trouxe

distração, foi atacada pelas costas pelo último soldado, caiu,

perdeu os sentidos e seu desejo de ser a maior guerreira de

Aether morreu com ela.

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O Deus da Morte (Que Adorava Gatos)

Arye

Tudo era escuridão, Arye não sentia

mais seu próprio corpo, foi quando apareceu

uma luz, uma luz no fim do túnel que como

um holofote a iluminava em um grande

palco. Surge então uma figura gigantesca e

sombria, meio homem, meio gato, com uma

voz cavernosa a recepciona:

- Bem vinda a Mondak, o Reino dos

Mortos, fique a vontade, é aqui e para toda a

eternidade que você está para me servir.

Arye se recusou, balançando a cabeça, era uma

guerreira e não uma serva. Questionou quem era aquele ser e

porque acreditava ter poder sobre ela. O felino,

aproximando-se, respondeu:

- Eu sou Kizake, o Deus dos Mortos e Felinos, está

em meus domínios e, portanto, deve seguir minhas ordens. É

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assim que funciona, todos se submetem a morte. Ninguém

escapa de mim.

Arye não queria estar morta, pediu clemência e

contou sua história. Kizake se mostrou pensativo, e disse:

- Existe uma fila de pessoas que preciso atender, em

tempos de guerra aqui fica uma loucura. Não posso me

dispor a devolver seres à vida sem um bom motivo, estava

esperando morrer um grande guerreiro para me prestar

serviços, mas não encontrei ninguém, então você vai ter que

servir.

Arye tentou aproveitar o momento da melhor forma:

- Então Deus Kizake, eu sou uma grande guerreira,

mas grandes guerreiros precisam de boas armas para lutar.

O Deus da Morte e dos Felinos pensou e deu razão a

Arye:

- Não posso lhe dar a mesma vida que tinha antes,

retornará a Uranion com uma nova forma e um novo

propósito, terá as armas sagradas de Kizake.

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Ele então estendeu sua grande pata (sim, ele tem

patas de gato) sobre Arye, e seu corpo começou a mudar,

suas asas caíram, pelos se espalharam por seu corpo, sua

audição, visão e olfato tornam-se mais aguçadas, sentiu-se

leve. De suas mãos brotaram garras e uma calda

surgiu. Arye se assustou e retrucou:

- Mas o que é isso?

- São as armas mais poderosas dos felinos, os felinos

são os melhores guerreiros.

Arye começou a ficar irritada e gritou:

- Mas eu quero uma armadura também!

Sentiu então seu pescoço ser preso e apertado, uma

coleira de espinhos agora o envolvia

- Uma excelente armadura agora você tem. E

pedidos a mais não serão atendidos, muito já te foi dado e

agora vem as cobranças. Responsabilidades sobre seu novo

dever. Existe uma jovem, a qual deve ser protegida a todo

custo, ela será sua dona e a ela que deve obedecer.

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Arye ficou frustrada, não gostava de felinos, tanto

que tinha do Phofujô como melhor amigo, mas não tinha

mais escolha, olhou para trás e viu uma fila interminável de

seres mortos caminhando aparentemente sem consciência

para uma audiência com o Deus dos Mortos. Abaixou a

cabeça e se deixou levar. Tudo escureceu novamente.

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Capí tuló X - A Prefeitura

Anna Bec

Eu saí correndo da enfermaria, gritando, avisando

que os soldados estavam invadindo, corri até a prefeitura

para encontrar meu pai, a prostudante que cuidou de minha

perna correu atrás de mim, tentando me parar. Mas não foi

rápida o suficiente.

Quando cheguei lá, tinham vários soldados de

aparência estranha, armados, ameaçando todos que estavam

na sala, e o pior é que havia um homem forte, alto, com

varias cicatrizes e armas. Ele estava segurando meu pai pelo

pescoço. Quando vi essa cena, eu gritei:

-Pai!!! Solta ele seu monstro!!!

O brutamontes riu de mim, quando disse:

- Quando ele me falar onde está minha espada e como tirá-la

da bainha. Apenas vim pegar o que é meu por direito. E

ninguém ficará no meu caminho.

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Eu, com toda minha força peguei a espada negra que

tinha comigo e tentei acertá-lo, mas ele teve uma rápida

percepção e me arremessou longe. Quando me levantei

estava cercada por vários soldados. Peguei minha espada e

fui batendo neles.

Quando consegui sair de perto dos soldados, vi que

ele estava dando vários socos no meu pai. Mas não estava

mais tão sozinha, os soldados haviam trazido minha irmã

Dhemy e aquele homem estranho que havia encontrado na

entrada da cidade.

Dhemy tentou se soltar várias vezes, desesperada

sem conseguir, começou a chorar vendo toda aquela

situação. Aquele estranho, por outro lado, conseguiu se

soltar. Engatilhou sua arma e disparou sete vezes contra o

grandalhão. Nunca antes havia visto alguém errar tantos

tiros em um alvo, ao mesmo tempo em que nunca havia vi

alguém acertando tantos soldados.

Pensei que ou sua arma teria sido danificada ou

realmente não sabia usá-la. Olhei em volta e percebi que

além dos muitos soldados e o brutamontes, havia alguns

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rostos conhecidos e outros estranhos, que estavam lutando

contra aquela invasão, vi a prostudante da enfermaria, o

homem que havia me encontrada na entrada da cidade e dois

emissários das sombras. Não entendi muito bem o que

estava acontecendo, era tudo muito confuso, uma luta pela

sobrevivência.

Foi quando, ao ver os soldados derrubados por

aquela arma estranha, consegui uma brecha para atacar, com

raiva consegui acertar o grandalhão e ele soltou meu pai,

mas era tarde, meu pai já não me respondia, parecia

inconsciente. Naquele momento a terra tremeu novamente.

O homem se levantou e pegou minha mãe que estava

encolhida em um canto da prefeitura. Ele a agarrou pelo

pescoço e a arremessou contra uma parede.

-Não!!! - eu gritei.

Mas não adiantou esse monstro tinha matado meu

pai e minha mãe e tudo o que eu podia fazer naquele

momento era chorar. Então escutei, a voz da prostudante que

tinha vindo lá da enfermaria, havia me esquecido dela, mas

parece que era isso que ela queria, não chamar atenção para

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que pudesse se concentrar em uma magia. Sua voz ecoou em

toda prefeitura, e dela sugiram palavras poderosas.

- Yryz, eu convoco sua presença, manifeste sua vontade,

traga a chuva de luz!

Todo o ambiente começou a ficar iluminado, tão iluminado,

que não enxerguei mais nada. Não via mais meus pais,

minha irmã nem nosso agressor. A luz me cegou naquele

momento.

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Capí tuló XI – Nó Desertó De Desdeuz

Arye

Iluminada novamente pela luz de Fogo Solara, Arye

encontrava-se agora no deserto de Desdeuz, ao lado de

algumas pessoas não totalmente desconhecidas por seu

olhar, e de frente três figuras grandes como gigantes e

altivas como divindades, Kizake era uma delas. Segurava

uma corrente que prendia sua coleira, em um aspecto

sombrio de escravidão. Mas as outras duas, apreciam

diferentes, uma delas, muito bela e com aura luminar,

iniciava um discurso de orientação aos presentes no

desolado deserto:

-Sou Solara, Deusa da Luz que ilumina toda

Uranion, graças a minha devota Emissária da Luz Mahie

Glom pude resgatá-los da escuridão de Bigodáh. Estamos

em tempos de guerra, as sombras se estendem por Uranion,

muito em breve forças aliadas chegarão, mas até lá devem

cumprir uma missão. Protejam Anna Bec, saibam que olho

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por todos vocês durante o dia. Mas nada posso fazer à noite.

Por isso a protejam. É necessário chegar a Aether, lá os

seguidores de Yryz lhe aguardam e tudo será esclarecido,

mas neste momento precisam atravessar os perigos do

deserto sem serem percebidos.

-Vocês não são os melhores, mas são os mais

dispostos e adequados a estarem nessa aventura. Digo

porque contamos com dois prostudantes, um caçador, um

assassino e uma guerreira para protegerem uma florista e sua

irmã fazendeira. Cada um tem um treinamento próprio para

esse caminho. Separados não fazem muita coisa, mas juntos

podem chegar mais longe. Mesmo as mais simples ações

podem resolver o mais difícil dos problemas. Primeiro,

vocês devem ir até a ordem de Henon. Alguma pergunta?

- Mas que melancia4, e o que é esse tal Henon?

Questiona Dhemy.

4 Existia uma aluna que falava muito palavrão na sala de aula, e toda vez que fazia isso, o professor dizia “sem palavrão” e ela tinha que substituir as palavras. Assim surgiram a expressões: melancia, ponte que caiu, filho de uma fruta... entre outros.

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- Henon é a sociedade de proteção à espada que

aquele homem acabou de levar. São meus seguidores

fiéis - Respondeu a Deusa da Alegria.

Todos se entreolharam com dúvidas, com exceção das

irmãs, todos eram estranhos. Mas, além disso, quem era a

guerreira? Mas tudo continuou acontecendo muito rápido,

Yryz então se aproxima com um novo presente.

-Anna, sou a legitima Yryz, Deusa da alegria, venho

lhe acompanhando desde seu nascimento, como guardiã e

como amiga, por muitas vezes nos encontramos em

diferentes formas e agora chegou o momento urgente e

necessário, é preciso que se lembre de quem foi, você

existiu em uma vida anterior, quando existia equilíbrio sobre

o mundo, precisamos de sua ajuda, precisamos que se

lembre. Pegue esse livro e essa pulseira, você queria que ele

chegasse até você agora.

Anna Bec franziu a testa e sem pensar disse

- Ãhn? Acho que não entendi – Pegou os objetos,

colocou a pulseira, que achou linda, mas não prestou tanta

atenção ao livro.

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- Mas vai entender - reforçou a nobre amiga.

- Mas não é só isso - interrompe o Deus da morte – ela

ainda ganha inteiramente grátis e sem taxa de entrega, uma

escrava-guerreira-gata.

Kizake então aponta para Arye, e retoma a palavra

- É apenas um presentinho modesto, uma lembrancinha

do seu fi… Amigo aqui, pelos velhos tempos. Sempre que

quiser bata palmas e ela virá ao seu encontro. Ainda não esta

adestrada, mas ela não morde. Mas se

morder me avise.

Desconfortável e contrariada, a

guerreira felina olhou para Anna Bec

e os demais, alguns desses rostos

eram conhecidos da enfermaria, mas

o mais preocupante era que Zarnnos, estava entre eles.

Kizake, bem humorado, ainda fala – Para dar sorte,

levem um gato preto, esse é meu gato da sorte favorito, pode

ser de grande ajuda se souberem cuidar dele – retira o

pequeno filhote de seu manto e entrega ao caçador.

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Iremos à frente, precisamos conversar com nosso

irmão Orb em Ark - diz Solara - sigam na direção do mar,

próximos a grande montanha do norte, lá um aliado os

levará para Aether em segurança.

E assim, as divindades partiram, Kizake se afundou

em sombras e Yryz e Solara, tornaram-se luz e retornaram

aos céus. Arye estava revoltada, não queria ser escrava, não

sabia quem era a Anna Bec e já não gostava dela. Enquanto

o grupo começava a conversar e decidir como iria seguir

esse caminho. Arye, irritada, decidiu não sair do lugar e

curiosamente não estava sozinha, Dhemy Bec, uma

fazendeira que havia perdido tudo também estava frustrada.

Ambas se afastaram do grupo, pois sentiram uma

vontade imensa de reclamar dessa situação imposta pelos

Deuses. Caminharam poucos metros até um conjunto de

pedras, eram cerca de sete, formando um acampamento

improvisado. Queriam pensar o que poderiam fazer, mas lá

um aroma estranho chegou às suas narinas, um cheiro de

podridão, que lhes embrulhou o estômago, do qual não

conseguiram identificar a fonte.

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Foi quando uma força do fundo de suas entranhas

desencadeou uma diarreia incontrolável. Dhemy sabia o que

era aquilo, plantas carnívoras do deserto produzem esse odor

para espantar predadores ou para enfraquecer suas vítimas.

O estranho é que não haviam visto ou atacado

nenhuma planta. Foi inevitável, ainda bem que estavam

longe dos demais. “Que vergonha”, pensaram as duas em

sincronia.

Dhemy Bec

Dhemy se apoiou em uma pedra, enquanto Arye,

sem pensar ficou em uma posição felina característica,

instintivamente buscou esconder a melancia que fez na

areia. Mal sabia que uma melancia maior estava para

acontecer. Os resquícios de seus dejetos junto à areia se

chocaram com uma espécie de parede invisível, que

começou a tomar sua forma, tornando-se visível. Grande,

peludo e de olhos esbugalhados, urra furioso, um dos

predadores mais vorazes de toda Uranion. O Camaleurso.

Dhemy pensou três coisas importantes neste momento:

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1. Melancia, vou morrer!

2. Fruta que caiu, Não devia ter me separado de minha

irmã e vou morrerrrr!!!

3. Vou morrer, cagando, mas que melancia.

Arye, vendo que o confronto era inevitável, se

atracou com a fera, como um instinto de proteção. E em

poucos segundos (e com duas patadas), o Camaleurso

mostrou quem mandava ali. Dhemy aproveitou a distração e

usou uma rajada de luz (a única magia que conhecia) para

tentar afastar ao máximo a fera e correu, mas correu, mas

coooorrrreeuuuu, aleatoriamente pelo deserto, assustada,

sem saber onde estava sua irmã.

Arye pensou neste momento, que seu retorno ao

mundo dos vivos seria breve, e começou a rezar para todos

os Deuses que lembrava na esperança de socorro. Foi

quando escutou um barulho estrondoso de palmas, seu corpo

começou a tremer, enquanto afundava no chão do deserto

sob as patas do Camaleurso. Fechou os olhos.

Foi nesse momento que, se sentiu leve, sentiu o

vento, sentiu que não estava mais naquela situação

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desfavorável, que triste engano foi esse. Arye, tinha sido tele

transportada, e estava em queda livre. Sozinha? Não, o

Camaleurso, estava logo atrás, igualmente em queda. Que

tortura era essa? Que tipo de capricho cruel do destino

(narrador), teria a condenado a esse desfecho?

Ela pensou, estando nesta forma felina, que cairia de

pé, mas não aconteceu. Alguma coisa macia e pequena

estava no lugar que caíra, atrapalhando seu pouso. Não

havendo suficiente tormento, o Camaleurso caiu sobre ela,

como a sentença de um dia fadado ao fracasso. Perdeu sua

consciência e com ela seu orgulho de guerreira.

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Capí tuló XII - Um Nóvó Ataque

Zarnnos

Anna caminhou pelo deserto pensativa e

desconcertada, era tudo muito novo e confuso, atrás dela,

seus protetores, Nisussuri, o caçador, Zarnnos, o assassino,

Mahie Gloom e Bug Vikus, os prostudantes. Mahie tinha

um claro motivo de segui-la, era uma missão sagrada para

ela. Mas Zarnnos estava apenas querendo caminhar um

pouco e pensar no que errou, como e porque tudo aconteceu

daquela forma, como aquela menina pode lutar com o Deus

caído e ele mal conseguiu lhe acertar um tiro? Foi uma

caminhada de dúvidas.

Vikus, por sua natureza curiosa, seu objetivo de vida

sempre foi ser o maior conhecedor de magias de Uranion, e

agora, estava diante de uma novo mistério, por que aquela

florista seria tão preciosa aos deuses? Nisussuri, por outro

lado, se lamentava por ter perdido sua chance de se vingar, o

Deus caído também havia destruído sua família. Ele fazia

parte, assim como muitos outros, da geração dos órfãos.

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Caminharam por muito tempo no deserto, Desdeuz é um

deserto de pedras, algumas muito pequenas outras imensas.

E no meio destas pedras imensas, Zarnnos percebeu que não

estavam sozinhos.

Entre as pedras, pequenos movimentos sorrateiros

passavam quase despercebidos. Foi quando destacou-se

subindo aos céus a sombra de um dragão. Zarnnos, já sabia

o que era aquilo. Magia das sombras. Gritou:

– Cuidado, espalhem-se. Essa magia pode nos cegar!

Mas já era tarde, a sombra do dragão espalhou-se

diante deles e tudo ficou escuro. Quando recuperaram a

visão após alguns instantes, já estavam cercados de

Bárbaros. Os Bárbaros vinham das Terras do Caos e não era

a primeira vez que Anna Bec os encontrava.

Montados em seus Polados de Fogo, com corpos

sujos de barro e seus cabelos bagunçados arrepiados. Eram

pessoas perigosas. Todos ficarão preocupados e tensos,

recuaram um pouco, escondendo Anna Bec. Foi quando

atacaram. Nessa hora não houve como recuar, era preciso

lutar.

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Zarnnos preparou sua arma a vapor e começou a

atirar, Mahie Gloom correu para longe, se escondendo atrás

de uma grande pedra para preparar o melhor momento de

usar sua magia novamente. Bug Vikus arremessou suas

adagas e Nisussuri lançou flechas. Anna Bec, preocupada,

tentou se proteger, mas eles eram muitos. Muito mais que

poderiam enfrentar.

Foi quando Nisussuri, percebendo que o combate

seria perdido subiu em uma pedra, ergueu sua espada

fazendo símbolos no ar, e

por fim começou uma

invocação:

Devastação do céu,

Dragão de Fogo eu te

invoco!

Assim, formou-se

no céu a imagem de um

grande dragão feito de

fogo, que sobrevoou os

bárbaros e em plano ar se

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preparou para expelir suas chamas nos adversários.

Teria sido uma ótima ideia, se fosse um trabalho em

grupo, pois atrás da mesma pedra que o caçador subiu,

Mahie estava escondida recitando

- Yryz, eu convoco sua presença, manifeste sua

vontade, traga a chuva de luz!

Magias assim não deveriam se misturar... De longe,

Dhemy sentiu um tremor e viu uma explosão luminosa de

chamas que se

destacou na paisagem

do deserto. Sentiu um

aperto no peito, correu

na direção da explosão,

que era longe, mas

correu com todas as

forças até que, por

infelicidade, tropeçou.

Quando tentou

se levantar, percebeu

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que havia tropeçado em algo que estava se movendo, que

estava siando da areia. Uma Quimera do Deserto. Nesse

momento, reunindo todas as suas forças, Dhemy correu

desesperadamente, pensando:

– Ponte que caiu! Agora eu morro mesmo, nunca mais deixo

minha irmã sozinha, juro por todos os Deuses!

Mas todas as suas forças, não foram o bastante, a

quimera lançou sua teia e prendeu as pernas de Dhemy, que

no desespero, lembrou e gritou única magia que recordava:

– Conceda sua luz do dia para mim, SOLARA!

Concentrando a luz de Fogo Solara nas mãos, lançou

um faixo de luz contra a quimera e... Acertou uma pedra

logo atrás dela! A quimera logo se apressou, fez com ela um

pequeno rolo de teias, deixando somente a cabeça de sua

presa de fora, e começou a arrastá-la pelo deserto.

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Capí tuló XIII - Sóbreviventes

Anna Bec

Quando acordei, encostada em uma pedra, vi que

todos já estavam de pé, menos minha irmã. Parecia que os

bárbaros ainda não haviam sido vencidos, a explosão nos

lançou para uma parte do deserto com grandes pedras, onde

podíamos nos esconder.

Estava machucada e com o corpo dolorido, então

pensei em bater palmas, para saber como Arye iria aparecer

e assim fiz. No primeiro momento nada aconteceu, foi

quando olhei para o lado. E fui muito curioso: ao lado da

pedra existia um gatinho preto, um lindo filhote. Era o

presente do Deus da Morte. Realmente era um gato de sorte

por ter sobrevivido à explosão.

Olhando para ele comecei a me levantar, mais

confiante, pensando que, se essa pequena criatura havia

sobrevivido a explosão, com certeza o Deus da morte estava

nos protegendo. Foi quando Arye chegou, ela literalmente

caiu do céu, bem em cima do gatinho do Deus da Morte. E

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logo em cima dela caiu outra coisa, que não consegui ver

direito, mas fedia muito. Esse imediatamente deixou de ser o

dia de sorte do gato! Percebi, depois dessa tragédia que os

bárbaros começaram a correr e gritar – correm todos, voltem

ao navio, agora!

Navio? - pensei – devemos estar perto do mar, mais

próximos do fim desse deserto. Foi quando vi que todos os

meus companheiros estavam voltando e se reunindo comigo.

- Mas que praga! Menina besta, porque você fez

isso? – Gritou Arye – Não sou sua criada.

- Não há tempo para discutir agora – disse Nisussuri

– algo assustou os bárbaros e não fomos nós, temos que

continuar.

Fiquei com muita raiva da Arye, muito estúpida

aquele bicho, mas concordei com Nisussuri. Nós decidimos

deixá-los para trás, pois tínhamos que sair, pois estávamos

em uma zona de risco. Nós saímos andando e percebemos

que estávamos em um lugar estranho, alguns dos meninos

perceberam movimentos suspeitos, mas quando

percebemos, já estávamos sendo cercados por quimeras

gigantes! Só tinha visto uma dessas morta.

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Elas começaram a nós atacar, eu rapidamente tentei me

defender e consegui, mas de repente vi minha irmã correndo

na minha direção e atrás dela uma quimera ainda maior que

as outras:

- Irmã cuidado!!! Não!!! - Ela tinha sido pega por

uma quimera.

A quimera a encheu de teias e a levou para uma

montanha, eu e meus amigos íamos correr atrás dela e da

quimera, mas fomos cercados por outras teias e monstros.

Eu comecei a lutar com as gigantes quimeras, sendo

envolvida por muitos fios de teia. Um dos meus amigos

conseguiu se soltar e me soltou, eu então peguei minha

espada e corri na direção da Quimera, cortando a cauda dela.

Todos estavam lutando, então Mahie abriu suas asas

e resgatou minha irmã, levando-a para cima. Quando

acreditávamos em uma vantagem nossa, algo assustador

aconteceu. De repente uma enorme sombra surgiu. Quando

nós olhamos para cima, havia um dragão enorme que bufou

com muita força! Eu consegui escapar, mas alguns dos meus

amigos não conseguiram e foram arremessados para muito

longe.

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Gatas nem sempre caem de pé

Ao recobrar seus sentidos após sua queda, Arye

percebeu que a morte não havia chegado novamente,

embora estivesse toda quebrada depois do confronto com o

Camaleurso. Sentia como se a criatura não só tivesse lhe

espancado, mas caído em cima dela.

Viu-se mais uma vez cercada com os demais

companheiros de jornada e aquela peste da Anna Bec.

Pessoa com a qual já nutria fortíssima antipatia, tinha voz

estridente, falava alto, mandona, era tão cheia de defeitos

aos olhos de Arye que não sabia porque aquela peça deveria

se manter protegida no mundo. Gritou e esbravejou várias

vezes, estava furiosa!

Mas acabou engoliu seu orgulho um pouco mais, e

em silêncio acompanhou o grupo, caminhando por algum

tempo no deserto até se aproximarem de algumas montanhas

e o cheiro de maresia invadir o ar. Por todo o caminho ficou

ouvindo murmurinhos sobre Dhemy Bec, combates,

bárbaros, gatos, quimeras...

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-QUIMERAS! -alguém gritou.

Estavam imediatamente cercados por monstros! Três...

Cinco... ou quatro? O susto e o medo limitaram o

conhecimento matemático de Arye. Olhou ao redor, um

novo combate iria se iniciar. A vida se apresentava para ela

como uma luta constante.

Anna Bec avançou contra uma quimera, que tinha

aprisionado sua irmã, mas por um descuido, ela deixa cair

sua espada, e antes que pudesse ser ferida, Bug Vikus a

salva.

A espada de Anna Bec era feita de um metal negro, e

uma aura escura, não era uma arma convencional. Arye

pensou o que poderia ser aquilo, por curiosidade correu e a

pegou, tentou então enfrentar a quimera.

Percebeu naquele momento que com todo aquele

tempo de azar, não havia se acostumado com seu novo

corpo ainda, mas que agora, começava a perceber como

gatos poderiam ser ágeis. Em um movimento preciso

decepou a calda de uma quimera, fazendo com que o ferrão

perfurasse a carapaça com o terrível veneno.

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Começou então o combate de sobrevivência, Mahie

levantou voo, se preparou para salvar Dhemy, logo depois

Nisussuri e Arye avançaram com suas espadas, enquanto

Zarnnos atirava na cauda de criatura. Conseguiram cortar

uma pinça, era a chance de Mahie que no ar, novamente

recita as palavras

– Como a luz eu vou, da luz eu vim, a luz eu sou!

A jovem prostudante ficou iluminada com uma aura

clara como Fogo Solara, ganhando uma velocidade

incomparável. Em um instante, riscou o céu, e pegou

Dhemy, levando-a próxima do mar.

Nisussuri, Arye e Zarnnos, cercaram uma quimera,

atacaram suas pinças e calda. Venceram, mas havia mais.

Foi quando viram pontos no céu, vários deles, e escutaram a

voz tenebrosa de Vikus

– Pelo poder que vem dos Céus, destrua meus inimigos.

METEORO DA DESTRUIÇÃO!

As quimeras foram exterminadas por grandes pedras

que caíram sobre elas, esmagando-as, abrindo crateras no

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deserto. Bug Vikus não deixou sobreviventes, apresentava-

se como um postulante tão poderoso quanto ambicioso.

Após o confronto, Arye pegou a cauda da quimera,

pensando que poderia ser útil futuramente e todos puderam

finalmente descansar um pouco. Anna Bec e a irmã se

encontraram, o Fogo Solara estava se pondo. Foi quando a

sombra e o vento mudaram, então o grande dragão do

deserto pousou sobre a montanha.

-É o dragão de Desdeuz, aquele que protege o

deserto, não lutem, corram! – grita Nisussuri.

Mahie e Dhemy fugiram voando apavoradas e os

demais ficaram em posição de combate, mas já estavam

exaustos. De toda forma era inútil resistir, a colossal criatura

nem se importou com as irrelevantes e minúsculas criaturas

abaixo dele, apenas se aproximou, levantando suas garras

como se fosse esmagar a todos. Mas o Dragão tinha um

propósito além da compreensão momentânea dos

sobreviventes de Bigodáh.

Enterrou suas garras no solo, arrancando o pedaço do

terreno onde todos se encontravam. Todos estavam erguidos

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em um imenso pedaço de chão. Exceto Dhemy e Mahie que

conseguiram fugir voando. Arye lamentou muito não ter

mais suas asas naquele momento. O Dragão voou por horas,

atravessou a noite e o mar, levando todos, que adormeceram

exaustos de sua jornada.

Mahie Gloom veio voando carregando Dhemy bem

atrás, era difícil para ela acompanhar o ritmo do dragão,

ainda mais suportando o peso da fazendeira. Foi um esforço

verdadeiramente mágico.

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Capí tuló XIV – Caminhós de Aether

Arye acordou junto com todos, com o pouso do

dragão em uma praia de Aether. Tinha retornado para sua

terra natal, que infelizmente já estava devastada pela guerra.

Há muito tempo se tornara um ambiente hostil, uma ditadura

opressiva, local sempre patrulhado por soldados. Felizmente

a praia estava deserta. Era o início da madrugada. Arye e os

outros ficaram tentando compreender o que aconteceria a

seguir. À frente, o mar, e atrás deles uma floresta densa.

Olharam para o dragão, na esperança de compreender para

onde deveriam ir, mas este os desprezou, erguendo-se aos

céus novamente.

Anna Bec

Ao pararmos na margem, eu fiquei à espera de minha irmã e

Mahie, enquanto os meninos entraram na floresta. Quando

minha elas finalmente chegaram, Mahie desmaiou de

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cansaço por ter voado a noite toda, então eu virei para minha

irmã e perguntei:

- E agora? O que vamos fazer com ela?

-Vamos deixá-la em um canto e tirá-la de perto da

margem.

Eu e minha irmã custamos a levantá-la e a

colocamos em um canto. Eu saí na frente e minha irmã ficou

para trás, pois estava escondendo Mahie. Quando eu cheguei

até os meninos eles estavam conversando com um homem

com aparência sombria. Ele começou a falar com todos de

uma maneira que eu estranhei muito...

Na floresta

Neste momento, perdidos no frio da noite, vozes começaram

a ecoar da floresta, desconexas e aparentemente sem

propósito claro: Socorro! Podem me ajudar? Vocês não!

saiam! Por que você? Ei, não vamos por ai, venham por

aqui!

Arye, Vikus, Nisussuri e Zarnnos, curiosos, e de

maneira corajosamente irresponsável, resolveram encontrar

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as vozes na floresta. Cada vez mais se infiltravam na mata

escura.

Mesmo Bug e Zarnnos como emissários das sombras

tiveram dificuldade de enxergar naquele breu, logo,

Nisussuri acendeu uma tocha. Conforme caminhava, pouco

a pouco desapareciam na escuridão da floresta. As vozes se

afastavam conforme mais se aproximavam, foi quando a

tocha tomou uma coloração azulada.

Nisussuri se assustou, tinha ouvido histórias de

Mondak, o mundo dos mortos, onde o fogo era azul e

gelado.

-Parem! - disse ele - Estamos entrando no reino dos

mortos ou já morremos sem perceber.

O fogo azul tremula e entre as sombras da floresta,

um ser de manto escuro e de grande estatura começa a tomar

forma, aproximou-se do pequeno grupo com sua face

obscura. Sua voz rouca se destacou enquanto todas as vozes

se calaram.

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- Esperava por vocês, todos vocês e seus desejos.

Todos queremos alguma coisa, mas tudo… tudo tem um

preço. Eu escuto vocês todas as noites, sei o que desejam.

Zarnnos e Nisussuri procuram vingança, posso dar-lhes a

força e meios para alcança-la, Bug é vaidoso e quer ser

conhecedor de todas as magias do mundo, posso realizar seu

desejo. E Arye, sua ambição também pode ser saciada,

posso torná-la a melhor de todas as guerreiras. Tudo isso é

possível para mim.

Nisussuri, mais atento ao perigo, segurou sua adaga

com uma mão enquanto apertava fortemente a tocha. Era um

momento tenso, infelizmente não tenso o suficiente para que

Arye prestasse atenção. Ela estava ainda com sono e

confusa, sem saber ao certo porque estava lá. Ah... Anna

Bec! Era isso, recordou. Falando nela, da escuridão também

surgem as irmãs Bec.

- Onde vocês estavam? – pergunta Nisussuri tenso

com a figura medonha.

Anna Bec, sem entender o que estava acontecendo,

responde:

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- Fiquei na praia, à espera de minha irmã e a Mahie,

não podia deixá-las para trás. Achei muito perigoso vocês

entrarem na floresta assim. A Mahie desmaiou de cansaço,

voou a noite inteira enquanto dormimos. A deixamos

próxima à floresta, longe da margem, e viemos aqui pedir

ajuda para carregá-la. Acharam alguma coisa? Quem é esse

aí de preto?

A figura sinistra aproxima-se das duas irmãs e fala a

Dhemy:

- Eu sou alguém que quer algo, como todos querem.

O que deseja? – O sombrio respondeu

- Eu? – Dhemy fica intimidada – O que eu quero,

não é possível, quero meus pais de volta.

- Tudo tem um preço – Aproxima-se mais o ser

obscuro – olhe nas sombras, seus desejos podem se realizar.

Erguendo parte de seu manto em um tribular de sombras,

Dhemy pode ver seus pais e sua casa, em um jogo de

sombras.

- Sei de tudo que desejam, e posso dar tudo a vocês,

o meu preço é Anna Bec. Desejo-a, mas não quero nem essa

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espada, muito menos esse bracelete. Desejo-a como preço

de todos os seus desejos.

Nesse momento Anna ficou com medo. Zarnnos e

Dhemy se colocaram a sua frente. Arye confusa e tagarela

perguntou:

- Mas por que você a quer?

O ser sombrio, respondeu com tom irônico:

– Por que você quer ser a guerreira mais forte de

Aether?

- Porque é legal ser forte, não depender de ninguém.

E você faria tudo para ser forte e não depender de

ninguém?

- Claro que sim

- Então entregue Anna Bec, e assim será.

Anna aproveitou a falta de bom senso de Arye para

se acalmar, talvez pensar em algum jeito de fugir de lá.

Agachou-se e fechou os olhos, se escondendo atrás de sua

irmã protetora. E lá, no escuro, ouviu um sussurro próximo

de seu ouvido, de uma voz familiar: “Invoque-o... invoque-

o... o supremo pássaro de luz, invoque-o.”

Dhemy e Zarnnos retrucaram

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- Não confiamos em você e em suas promessas –

Zarnnos segura forte sua adaga deixando-a bem a amostra.

O ser das sombras começou a andar em círculos, em volta

do jovem grupo, e um novo jogo de sombras começou a se

formar a seu redor, silhuetas de monstros e exércitos, de

perigos e aflições começaram a povoar a floresta.

- Eu terei o que desejo, a qualquer preço! –Avançou

com pesados passos em direção a Anna Bec.

- Espere – Falou bem alto Anna Bec – eu vou dizer o

meu preço. Então escute bem:

- Pelo poder que há em mim, supremo pássaro de

luz, eu te invoco, contra as sombras!

Das mãos luminosas da jovem florista, fluidos

radiantes começaram a tomar forma de um imenso pássaro,

e sua luz se espalhou em todo o ambiente. Era mais forte

que todas as magias de luz conhecidas, com seu bater de

asas rompeu a escuridão da floresta e da própria noite. Não

se via mais nada, e nesta luz desapareceu todo medo e

sombras, e assim a sinistra figura também se foi.

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Capí tuló XV - Na Ordem de Henón

Anna Bec tinha salvo a todos. Quando a luz

diminuiu, foi encontrada desmaiada. A escuridão se desfez e

os primeiros raios do dia abriam a floresta. E sons mais

amistosos tomaram o ambiente, com eles surgiram novas

personagens.

- Quem são vocês? - disse um emissário da luz de

manto cinza, junto a outros três.

- Digam primeiro, quem são vocês! – Fala Arye. Os

emissários mostram-se supressos com sua forma felina, e

conversam entre si. “é essa a mulher gato com certeza”.

- Vocês estão com a mulher gato? Quem entre vocês

é Anna Bec?

Dhemy retruca:

- Ô filho de uma fruta, fala logo quem é você! Seu

Melancia.

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Os emissários, assustados com a hostilidade, falam

mais abertamente.

- Estivemos a noite toda à procura de vocês, somos

os servos de Yryz, aliados na causa do Supremo. Venham

conosco, temos comida e abrigo e não faremos mal algum,

somos a Ordem de Henon.

Os olhos de Arye brilharam de alegria como grandes

olhos de gatos de animes de baixo orçamento. Alimento era

algo que lhe fazia falta desde o dia anterior e mal podia

esperar para se deliciar com a boa comida de Aether.

- Mas esperem! – Dhemy disse – Uma grande amiga

nossa, emissária da luz, está na praia, desmaiada, temos que

levá-la junto.

E assim a Ordem de Henon fez. Resgataram-na e a

levaram em segurança. Tomando o caminho pelas estradas

do continente em uma carruagem modesta, levada por

Polados da Terra. Seguiram por um bom tempo até que

realizaram um desvio por um pequena trilha, até chegarem a

uma clareira na floresta, com três grandes tendas bem

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camufladas, e várias menores. Era um acampamento que

formava um pequeno exército totalmente escondido.

O pequeno grupo foi guiado até a tenda central, cheia

de mapas e ilustrações de Yryz, onde se dispunha uma mesa

farta com frutos, verduras e pratos típicos de Aether. Dhemy

levou Anna Bec ainda inconsciente deixando-a a seu lado.

Arye desavergonhadamente se pôs a comer,

enquanto os demais, ainda sem entender muito bem o que

estava ocorrendo, se acomodaram em torno da mesa, e

aguardaram. Um Emissário da Luz, idoso, de longas barbas

brancas, senta-se na ponta da mesa, cercado por quatro

grandes guardas e apoiado sobre uma espada. Ele os

recepciona:

- Sou Henon, bem vindos a minha tenda, que a

proteção de Yryz esteja sobre todos. Vocês são escolhidos

dela nestes tempos de guerra. O Deus Caído, por sua

ambição, dominou a cidade de Ark e Craft, espalhando seus

exércitos com tirania. Conseguiu aprisionar Orb, o Deus

sábio, verdadeiro regente de Ark. E Após a morte do Deus

da justiça, as muralhas de luz caíram e Koussen espalhou

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suas tropas por Uranion, a procura de sua espada. Sempre

foi nosso dever proteger a espada, por isso a entreguei a meu

melhor discípulo para guardá-la em segurança.

Todos de olhos atentos e orelhas em pé, escutavam

estas palavras. Bem... todos menos Arye que já estava de

boca cheia de tanta comida e fazendo uma imensa bagunça

na mesa, nem prestando atenção no que Henon apresentava.

- Jon Bec, era como se chamava o Guardião da

espada. E também responsável pelo grande ressurgimento de

Kirion. Por muitos anos a fonte das almas manteve a

semente do Supremo, até que ela retornasse em uma nova

forma. Forma essa que você conhecem como Anna Bec.

Todos olharam assustados para Anna Bec, ainda

inconsciente ao lado de sua irmã. Arye no impulso, e de

boca cheia grita:

- Essa praga? Claro que isso não é possível! Ela me

trata mal e eu só ajudo.

Henon, ao presenciar tal insulto à forma mortal de

Kirion, muda sua feição e dirige sua palavra a Arye:

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- Não posso tolerar esse tipo de ofensa ao criador de

tudo! Emissários, cortem a língua desta criatura, para que

apreenda o valor do silêncio e ponderação.

Rapidamente quatro soldados cercam Arye, a

imobilizam e a gata perdeu sua língua. Arye supervalorizava

tudo o que fazia, não enxergando quando ofendia alguém,

sua arrogância era tão incontrolável quanto sua língua, ou o

que sobrou dela. Arye havia cometido um erro, sem

perceber. Henon, com firmeza continuou:

-O objetivo de vocês é proteger Anna Bec, pois ela

possui a semente do Deus Supremo. Grandes guerras e

destruição virão e a única forma de conter essa destruição é

fazer a semente do Deus Supremo despertar no corpo de

Anna Bec, e só existe uma forma de fazer isso. Por isso,

preparem-se, estejam em ordem, existe uma tenda de armas

atrás da minha, vão! Partiremos em breve. Para a Árvore da

sabedoria.

Zarnnos, Arye, Nisussuri, Bug Vikus e Mahie,

saíram da tenda, deixando Anna Bec descansar, junto com

sua irmã que a amparava. Irritada, Arye deixa a espada de

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Anna Bec para trás, sai da tenda e vai até tenda de armas,

passa o veneno da calda da Quimera em uma nova espada e

desiste de tudo, corre de volta para sua casa.

Não quer mais estar junto de ninguém, não quer mais

proteger ninguém, quer só voltar e estar com Phofujô. Havia

virado as costas para o grande momento de sua vida e

esquecido de tudo, inclusive que Anna Bec poderia bater

palmas a qualquer momento. Ela parte e no meio do

caminho, encontra Yryz, que lhe diz:

- Arye, você deve aprender com seus erros.

Devolverei sua língua como um voto de confiança. Saiba

que existe mais que ambição pessoal nesta jornada.

Arye sente sua língua de volta, mas não muda seu

caminho. Segue pelas matas, quer voltar para casa. Mesmo

que agora ela possa não mais existir.

Pouco tempo para treinar

Após visitarem a tenda das armas e se equiparem,

Zarnnos e Nisussuri se afastaram do acompanhamento.

Percebendo que suas habilidades até então não eram

suficientes, começaram a treinar. Por horas treinaram,

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chegando a quase desmaiar de cansaço. Foi quando Mahie

apareceu, ela trazia água e comida. Aproximando-se

olhando para Nisussuri diz:

- Vi o quanto é corajoso, mas um treino de um dia

não irá resolver nosso problema. Yryz me disse que o

Dragão do Deserto foi morto pelo Dragalot, perdemos mais

um aliado. Se essa criatura consegue derrotar um monstro a

que nem conseguimos nos

comparar, de que serve todo esse

treinamento?

- Não acredito que isso

aconteceu – responde Nisussuri.

- Mas aconteceu, e o que

acontecerá conosco até que

cheguemos a nosso destino

ninguém sabe. Agora coma, você precisará de forças para a

viagem. Devemos nos proteger, lembre-se disso.

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Capí tuló XVI – Estradas

Anna Bec

Lembro que quando acordei eu estava numa tenda e

me assustei, pois junto de nós estava a deusa da Alegria

conversando com minha irmã e os outros, mas logo saíram,

e eu não consegui entender sobre o que conversavam.

Só recordo de me dizerem para me preparar para a

viagem, me mostraram a tenda de armas onde peguei 2

aljavas, 64 flechas, 1 arco longo e 2 botas de armadura e 2

adagas. Nós então fomos chamados para entrar em uma

carruagem guiada por Polados, para irmos até a Árvore da

Sabedoria.

Henon havia preparado três carruagens, duas seriam

distrações para a carruagem que eu iria. Isso era necessário

pois os soldados patrulhavam as estradas e era preciso

passar próximo da estrada principal de Ark para chegar à

árvore.

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A Jornada

Assim foi feito, uma carruagem pelo caminho do

norte, uma pelo sul e uma ao centro para o leste. Foi um

caminho tranquilo até que cruzamos com uma caravana de

comércio. E todos resolveram sair e fazer compras. Era a

conhecida caravana de Aether, de Salim Salabim, o

comerciante errante.

Vendia todo tipo de animais, armas, ferramentas,

tudo de tudo e mais um pouco. Como não tinham muito

dinheiro começaram a fazer trocas. Anna Bec, já estava

ficando impaciente, junto com os membros da Ordem de

Henon, por aquela demora. Penso que deveria fazer alguma

coisa. Bateu palmas, convocando Arye na esperança de lhe

ajudar com isso. Mas Arye começou a comprar também

compulsivamente, parecia que Salim Salabin tinha alguma

magia naquelas carroças.

Saiam! É uma armadilha – Descendo do céu com um

faixo de luz, Yryz aparece – Carruagens como essas formam

enviadas para atrasá-los, estão nas três estradas. As tropas

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do exército sombrio já sabem que estamos aqui. Entrem na

carruagem, rápido!

- Não – Disse Vikus ao fechar a porta da Carruagem

- Ficarei aqui, posso atrasar o exército.

- Faça o melhor – respondeu Yryz, ao tomar as rédeas da

carruagem, e partir.

Ela foi rápida, tão rápida que sentíamos a carroça

quase desmontar. Quando chegamos ao topo de uma enorme

montanha, Mahie voou levando Dhemy e Anna. Nisussuri e

Zarnnos subiram com cordas. Yryz subiu como um faixo de

luz. Depois disso, Anna Bec, bateu palmas para trazer seu

bichinho de volta.

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Capí tuló XVII - A Móntanha

Chegando próximo do topo,

um vento diferente passou por

pelos viajantes, eles haviam

esquecido da Águia Guardiã da

árvore. Ela pousou em uma

pedra que dava início ao

caminho até a árvore e esperou

que todos chegassem. Era uma

água gigante, metade branca, metade preta. Respirou e disse:

- Como que eu vou fazer pra saber se vocês são

dignos de estar aqui?

Quase todos falaram que eram porque protegeram a

Anna Bec. Mas Arye, fazendo mal uso de sua língua, disse:

- Eu deveria ir primeiro e direto, pois eu salvei essa

menina uma 3 ou 4 vezes e mesmo assim ela me odeia.

A Águia-guardiã olhando todos disse:

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-Não posso permitir que tamanha presunção entre

nos domínios da sabedoria, não são dignos. Proteger a

semente não foi mais que um dever e uma honra.

-Mas eu suplico – Yryz fica à frente – existe alguma

forma de passarmos, pois entre nós existem os dignos e os

indignos, mas somos um único grupo.

A Águia Guardiã pensou bem e disse:

- Sejam responsáveis uns pelos outros, mostrem-se

dignos cuidando uns dos outros. Caso não se respeitem os

retirarei da montanha. Caso se respeitem chegarão a atingir

seu objetivo.

A água abriu passagem, um caminho pequeno e

íngreme nos esperava à frente, uma árvore gigantesca de

frutos coloridos de diversas formas se apresentou. Mas de

repente, apareceu em nossa frente um macaco que pulava de

um lado para outro. Era Azão, o macaco da Sabedoria.

Ele carregava um cajado e tinha uma longa barba,

curioso e esperto se aproximou. Observou a todos, chegou

perto de Dhemy, a olhou nos olhos e fez 3 perguntas:

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-Qual é o objetivo da sua vida?

- Proteger minha irmã – Dhemy respondeu assustada.

-O que você vai ganhar com isso?

-Ela vai salvar o mundo e transformar Uranion em

um lugar melhor. – Falou ainda com dúvidas.

-Se você quisesse saber alguma coisa o que seria?

- Saber como vingar meus pais.

- Esse conhecimento fará o mundo melhor?

- Não... – disse olhando para baixo

Esperem aqui – disse o macaco disse, voltando para

árvore. Ele subiu e foi pegando alguns frutos, mas de

repente uma sombra escura começou a sair do chão e tomar

formas humanas.

Apareceram então três homens, um deles era o felino

Deus da morte, o outro Anna Bec conhecia bem, era o

homem que matou seu pai, estava com feição furiosa

segurando duas grandes espadas, enquanto a espada que

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custou a vida do pai e mãe das irmãs Bec estava em suas

costas, ainda na bainha. O terceiro era o homem estranho da

floresta e ele estava com um machado enorme.

Anna Bec

Antes que pudesse falar ou fazer qualquer coisa, ele

usou o machado contra a árvore e ela começou a cair, e com

ela o macaco e todos os frutos. Azão, em um movimento

rápido, segura dois frutos e os arremessa contra a figura

sombria, que os absorve em seu corpo, como uma gosma

escura. No perigo de ser esmagada, eu corri, eu e meus

amigos nos espalhamos.

De repente, o homem deu outra machadada na árvore

e ela caiu de vez, eu fui rápida e consegui fugir, mas minha

irmã e Zarnnos ficaram presos embaixo dela. Nisussuri por

pouco escapou de ser esmagado, graças à ajuda de Mahie,

que o empurrou. Nesse momento, o Deus dos Mortos passou

pela árvore caminhando calmamente, com uma espécie de

caderno, e fez uma anotação sussurrando baixinho:

– Árvore da Sabedoria: morta.

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Em seguida, uma luz intensa recaiu pela montanha, e

dela sugiram a Deusa Solara e o Deus Orb, acreditei que

estavam lá para nos defender ou queria

acreditar. Não estava das mais erradas, pois

Solara avançou mortalmente contra o

brutamontes que atacou minha família. Ela

o espancou de tantas maneiras e tão rápido

que ela chegou quebrar parte da montanha

jogando ele de um lado para o outro.

Estava eu lá no pico do mundo, para

ver que o mundo estava desabando. Muitos

estavam caindo da montanha, até mesmo o

macaco da sabedoria. Ele sabia muitas

coisas, menos como voar. Mahie,

percebendo a situação bateu suas asas e o

pegou, e em gratidão o sábio falou a seu

ouvido segredos e verdades, quando pousou deixando-o a

salvo, corri curiosa até ela, e quando cheguei, perguntei:

- O que o macaco disse?

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-Ele disse que todos tem sua própria fruta, cada uma

com uma cor e que sua cor é azul e roxo.

Então se aproximou o sábio-Deus Orb

- Irei atrás da fruta azul, mas saiba, jovem, que não

basta o conhecimento, deve saber usá-lo.

- E eu irei até a fruta roxa, depois penso em como

usar o que aprender.

Orb se distanciou. Percebi que foi em direção a

Arye, e não o vi mais. Bati palmas para ela retornar e

continuei correndo, esperando que ela aparecesse mas ela é

uma péssima mascote.

Enquanto corria, o mundo continuava desabando,

cada vez menos via rostos conhecidos, estava perdendo

todos. Vi Mahie e Nisussuri correndo em direção do Deus

das Sombras enquanto uma grande força destrutiva estava

devastando a montanha. Tudo estava desmoronando.

Enquanto procurava entre os frutos espalhados, me virei vi

que Nisussuri avançou contra o Deus das Sombras, correu

muito e saltou com sua espada buscando golpeá-lo. Mas

Blazak, apenas com uma mão, o segurou e arremessou

contra Mahie, derrubando os dois. Nisussuri caiu nos braços

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de Mahie, e ao abrir os olhos após a queda, viu o Deus das

sombras erguendo seu machado, coberto de chamas para

executá-lo.

Foi quando Mahie se sacrificou, largando o amigo

ela saltou em direção do Deus das sombras e segurou seu

machado. Era a oportunidade que Nisussuri precisava,

também investiu com sua espada. O que eles não contavam,

era que Blazak fosse forte o suficiente para levantar Mahie

junto com o próprio machado e golpear Nisussuri, que caiu

em chamas no chão.

Mahie assustada correu em sua direção, sem poder

fazer muita coisa, pois não conseguia tocá-lo pelas chamas,

e sem perceber, acabou por virar as costas para o machado

que já estava em sua direção. A Deusa da Alegria quis

protegê-los, mas o machado a atravessou, e o fogo azul do

estava tomando conta do corpo dela.

Assustada com tudo aquilo, ainda consegui achar a

fruta roxa, peguei e comi. Naquele instante, eu senti que o

conhecimento do mundo todo estava em mim. Eu sabia de

tudo. Depois de comer, corri até a deusa da Alegria e usei

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meu toque de cura nela. Fui então em direção do deus das

Sombras, mas Orb me parou e me entregou a fruta azul:

- Nunca vá sem conhecimento, nunca haja com

dúvidas, pois isso dá força às sombras.

Foi quando mordi a fruta e me senti mais forte, mais

saudável, mais tudo. Eu então me senti corajosa o suficiente

para enfrentar tudo o que viesse. Cheguei perto do homem

que segurava o machado e me lembrei quem ele era, Blazak,

o Deus das Sombras. E de frente e ele, perguntei:

- Porque você está fazendo isso?

- Porque eu quero tudo, eu quero o mundo, quero o

domínio sobre todos os seres, como antes, em meu universo.

- Mas este é meu universo! E em meus domínios

você não tem poder!

Invoquei então uma grande tempestade de luz, tão

intensa que o deixou cego e de repente, galhos começaram a

sair de dentro dele e crescer por todo o seu corpo. Recordei

que ele havia absorvido os frutos jogados por Azão, e com

isso, as sementes da Árvore da Sabedoria. Ela começou a

consumi-lo de dentro para fora, e o antigo e temido Blazak,

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Deus das sombras, se tornou, a nova Árvore da Sabedoria.

Uma árvore negra e contorcida, mas até que bonita.

A montanha continuava com tremores ritmados,

então me virei-me e fui em direção a Orb, quando o olhei, o

vi apenas fazendo um gesto, apontando para cima. Quando

olhei, rapidamente fui erguida em direção ao céu.

Arye

Quando Anna Bec saiu de perto, corri para próximo

de Mahie, que perguntou para o macaco qual era a fruta de

cada um, a minha parecia ser a azul. Então eu a comi, e vi

todo o passado, então sabia de tudo e de todos, compreendi

que para ser a guerreira mais forte de Aether, deveria

derrotar o Guerreiro mais forte, a fruta me ensinou como

vencer o Deus da Força.

Fui correndo toda confiante, quando encontrei uma

cratera iluminada, com a Deusa da Luz saindo dela com a

espada do Deus da Força. Enquanto o Deus gato, anotava

em seu caderno: - Koussen: morto.

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Cai de joelhos pelo peso da tristeza, nunca seria a

guerreira mais forte de Aether, perdi meu objetivo de vida.

Foi quando, fui agarrada pela Águia Guardiã pela segunda

vez... Eu não falei da primeira, né?

Na primeira foi assim: todos atacaram, eu falei meio

alto pro Deus da Força matar o caçador, que acho que não

devia estar lá, pois ele é da Terra do Caos. Mas ele era a

minha dupla, por quem eu jurei à Águia Guardiã que iria me

responsabilizar... Sabe o que é... É que eu esqueço das

coisas. Foi a primeira vez que a Águia-guardiã me pegou.

Estava me levando para longe da montanha, foi

quando eu vi, não acreditei, mas eu vi: um dragão grande

como a montanha subindo por ela, e em quanto subia ela

começava a desmoronar. E eu não podia fazer nada. Pude

ver muita coisa lá do alto, vi o Bug Vikus comendo todas as

frutas vermelhas, sem ajudar ninguém, se escondendo do

Deus das Sombras. Vi o Deus das Sombras atacando a

Deusa da Alegria, vi ela caindo, sendo queimada por chamas

azuis.

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Quando estava bem longe, a Águia Guardiã me

soltou e eu comecei a cair. Ia cair no meio da floresta, mas

fui trazida de volta com as palmas da Anna Bec. Agora, ao

invés de cair na floresta, estava caindo em direção à

montanha, iria me arrebentar de todo jeito. Foi quando um

dos deuses me segurou e disse:

- Pegue Anna Bec, e jogue-a na boca do Dragalot,

antes que consuma mais Deuses. Dragalot só pode ser

parado pela força que o criou. Agora a semente desperta

pode destruí-lo.

- Dragaque? Você pode repetir? É que eu não estava

prestando atençãooooooooooo....!!!

Essa foi a segunda vez, que a Águia Guardiã me

pegou, eu quase vomitei de tão rápido, mas dessa vez, eu

não era mais a inimiga. Acho que foi o Deus da Sabedoria

me deu a tarefa de matar o Dragalot, que havia visto abaixo

da montanha, pois na minha mente ouvia sua voz que me

dava confiança.

Sabia no fundo do meu coração que eu tinha que me

sacrificar. Subi até o pescoço da Águia Guardiã e comecei a

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montá-la, desci rapidamente e peguei Anna Bec pelo braço.

Ela gritou um pouco, mas não tinha tempo para explicar.

Assim, fomos, eu e ela, parar dentro da boca do monstro.

Tudo ficou branco, não vi mais nada. Pude ser, nesse último

momento, a guerreira que salvou o mundo. Fiz a diferença,

mesmo não sendo tão boa ou perfeita assim.

Kirion, antes Anna Bec

Senti Ayre me erguendo pelo ar, montada na Águia

Guardiã. Ela me jogou na boca do Dragalot, que estava

quase no pico da montanha, foi quando senti, lá dentro, uma

grande tristeza. E pensei:

“Sou o Deus Supremo do Universo”

Então, surgiu um grande clarão, o Dragalot explodiu

e eu me libertei. O mundo estava acabado o que eu iria

fazer? Com minhas magias restaurei o mundo tornando-o

melhor. Destruí os reinos de Aether, as Terras do Caos e o

Deserto, transformei todo planeta em um único, com clima

tropical e, finalmente, refiz meu jardim.

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Depois levei todos os

Deuses para o reino dos

Deuses – tivemos uma

conversinha divina - depois

criei três leis para todos os

Deuses:

1° Todos os Deuses podiam

se casar e ter família. Mas se

assim o fizessem teriam que viver exclusivamente para elas.

2° A família jamais poderia se separar, ficando reservada a

morar no reino dos Deuses.

3° Tornava-se proibido que os Deuses tenham domínios em

Uranion.

Eu, por fim, decidi aceitar minha nova existência,

não moraria no reino dos deuses e sim com minha irmã e

não retornaria à minha antiga forma de Deus Supremo. Eu

continuaria sendo humana como era. Separei-me da Deusa

da Alegria, deixei-a cuidando do Reino dos Deuses e

continuamos sendo apenas amigas.

Fim.

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Supremó Sistema de Regras De RPG

Descrevemos aqui, de maneira breve, como se

funciona o sistema de RPG criado nas aulas, pelo qual é

possível compreender regras básicas aplicadas ao Role

Playing Game. Em seguida, também explicamos

particularidades utilizadas durante a experiência de jogo,

como magias, atributos específicos e outros.

Inicialmente, cada jogador elabora uma ficha com

características e histórico de suas respectivas personagens.

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Para representar o que os personagens fizeram ou

que querem fazer, o narrador dá o obstáculo e os

personagens tentam conseguir sucesso em suas ações tirando

números altos no dado. O resultado do dado é somado com

o valor do atributo ou habilidade que está sendo usado e que

tem seu valor determinado na ficha. Utilizamos um dado de

20 faces durante os jogos e dividimos os resultados na

seguinte relação:

• Para desafios fáceis – resultados de 1 a 8

• Para desafios médios – resultados de 9 a 14

• Para desafios difíceis – resultados de 15 a 18

• Para desafios supremos – resultados de 19 a 20

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Atributos Supremos

Os valores dos atributos supremos vão de 1 a 5 para mortais

e de 6 a 10 para deuses. Inicie o jogo com a distribuição de

10 pontos à escolha dos jogadores.

• Força: serve para levantar coisas, atacar, empurrar, fazer

bullying!

• Agilidade: serve para subir e desviar de coisas, dar

mortais, correr. Ou seja, para não morrer.

• Percepção: Serve como a visão e audição, até onde se

que pode se alcançar para conseguir perceber o ambiente.

• Memória: Serve para lembrar-se de coisas importantes e

fazer magias.

• Resistência: Serve como a saúde do personagem: vigor

físico, sua resistência a doenças, venenos e situações

difíceis.

• Mana: é energia que usamos para fazer magia.

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Conceitos Importantes

Turno: Um turno dura 10 segundos, nele é possível correr,

falar, bater, chorar, rir, fugir e... O que sua imaginação

permitir, a ficha deixar e o dado aceitar.

Vida: Valor de 100 a 0, em que cada ataque recebido

diminui um nível ou mais de acordo com a força. Ex.: Força

4, diminui 40% de vida ou magia de poder 5 (P5) diminui

50%.

Desmaio: Ao chegar a 0% de vida, o personagem desmaia.

Morte: Apenas com golpe final, com o personagem

desmaiado.

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Caderninho de Magias dos Prostudantes

Além das magias apresentadas aqui, existem os

poderes concedidos pelos Deuses: cada Deus pode dar um

poder especial para quem acreditar nele, orar, fazer uma

oferenda ou se comprometer com uma missão. Um exemplo

de referência são os poderes descritos na página 67. As

magias a seguir podem ser aprendidas durante o jogo.

Como fazer: Para fazer magia precisa-se fazer um teste de

memória dificuldade 9, somado ao nível da magia. Ou seja,

se a personagem possui 3 de memória e tira 7 no dado, seu

resultado foi 10, superando a dificuldade do teste e obtendo

resultado positivo.

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Custo das magias: Cada magia tem o gasto de seu nível em

pontos de mana.

Duração: Cada magia dura 15 minutos por nível. Ex: nível

2 garante 30 minutos de efeito em tempo de jogo.

Recuperando mana: A cada dia, o valor de mana é

renovado (créditos de mana por dia). Pode-se considerar

dias em tempo de jogo ou cada dia como uma sessão, à

escolha do narrador.

Dano: Cada ponto de mana gasto na magia reduz 10% na

vida do adversário, caso a personagem acerte o ataque.

Quantidade de mana por personagem

• Subterrâneos tem 3 pontos de mana.

• Emissários da luz ou sombras tem 5 pontos de mana.

• Prostudantes ganham +3 pontos de mana, podendo

acumular mesmo que sejam subterrâneos.

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Quantidade de magias por personagem

Quantas puderem aprender (O narrador define como

aprender e os jogadores definem quais magias existem no

jogo).

Magias da Destruição5

Rajada de Chamas: Lança uma rajada de energia em forma

de chamas. Atinge um alvo até 4 metros. (P1)

Meteoro: invoca um único meteoro que cai e explode uma

área de 10m². (P5)

Furacão de Chamas: surge um furacão de 10 metros de

altura, que a cada turno aumenta mais, a critério do narrador.

(P7)

Dragão de Chamas: Invoca um dragão de chamas que pode

chegar a 10 metros de largura, mas quanto mais mana usar

maior fica. Ele sopra um cone de fogo por mais 10 metros

em uma única direção e depois desaparece. (P8)

5 Ver Vida, página 148.

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Explosão de Lava: golpeando o chão, a terra começa a

tremer e ocorrem erupções de lava, cobrindo uma área de

50m². (P10)

Magias de Guardião

Guardião da Força: cria um guerreiro de 1,50m e 80kg,

que veste uma tanguinha e ataca gritando Biiirrr (força 1 e

agilidade 2).

Guardião da Velocidade: cria uma corredora linda,

magrela e ágil, de 1,55m e 40kg que corre muito, muito,

muito rápido (força 2 e agilidade 3).

Guardião Dragão: Cria um dragão pequeno, que serve

como meio de transporte, de 3m de altura e 7 de

comprimento.

Guardião Cavaleiro: Cria um guerreiro montado em lobo

gigante, carregando 2 machados. (força 4 e agilidade 4). A

cada turno, realiza 2 ataques com os machados ou corre com

o lobo.

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Magias da Luz6

Pássaro de Luz: cria uma ave de luz que voa até um alvo e

explode em luz. (P1)

Chuva de Luz: uma nuvem luminosa despeja gotas de luz,

em uma área de 20 m², deixando todos os seres na área, que

sejam vulneráveis às sombras, cegos até o final do turno.

Velocidade da Luz: permite ficar muito, muito, muito

rápido, recebendo +3 pontos de agilidade, nos próximos 3

turnos.

Magias da Escuridão

Encantamento das Sombras: Usado em armas, armaduras

e roupas, dá um aspecto sombrio ao objeto, aumentando sua

força e vitalidade em 2 pontos, mas diminui 1 ponto de

memória para quem estiver usando.

Dragão das Sombras: cria um dragão feito das sombras do

prostudante, que sopra uma nuvem escura que deixa todos

6 Ver Vida, página 148.

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os adversários na área cegos. (Jogue um dado e o resultado é

a quantidade de turnos que o alvo fica cego).

Escudo de Sombras: cria uma esfera de sombras que

protege o personagem de ataques físicos. Mas é destruído

com qualquer magia.

Magias da Mutação

Zumbi: Ao morder um adversário, esse vira um zumbi às

ordens do prostudante, durante 3 turnos.

Mutante: Pode moldar o corpo do prostudante e de outras

pessoas, criando asas, chifres, olhos, escamas, garras, bicos,

nadadeiras, enfim, tudo que a imaginação pedir. Mas não é

possível mudar o corpo todo, apenas partes dele.

Super: aumenta a força e agilidade em 2 pontos, até que o

jogador use uma nova magia.

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Magias do Deus Supremo7

Efasen: Poder de dar vida à matéria bruta, mas não criá-la.

Nível 1 – Da vida, porém não consciência.

Nível 2 – Da vida e força, porém não consciência.

Nível 3 – Cria seres com vida, força, consciência e poderes.

Triz: Poder de criar matéria bruta e também dar ou tirar a

consciência de um ser

Nível 1 – Cria matéria bruta.

Nível 2 – Da consciência a seres vivos.

Nível 3 – Tira a consciência.

Tordez: Dá força quando um ser está fraco

Nível 1 – Aumenta os níveis de 0% para 25%

Nível 2 – Aumenta o nível de 25% para 50/%

Nível 3 – 50% para 75%

Nível 4 – 75% para 100%

Nível 5 – Dá poder total ao ser que o invoca.

7 Magias atribuídas apenas ao Deus Supremo e Deusa da Alegria, sendo usadas pelo narrador.

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Atitordez: Ajuda a controlar os fortes poderes do Tordez e

não deixa o Tordez levar seus poderes.

Nível 1 – Reduz os níveis de força de 0% para 25%

Nível 2 – Reduz o nível de força de 25% para 50/%

Nível 3 – Reduz o nível de força de 50% para 75%

Nível 4 – Reduz o nível de força de 75% para 100%

Nível 5 – Retira o poder total do ser afetado pelo Tordez ou

faz com que a pessoa fique sem poderes.

Logan: Magia de controlar todos os seres vivos do bem ou

do mal

N1 – O único meio de controlar apenas um ser.

N2 – Controla um bando ou tribo.

N3 – Controla uma sociedade ou um reino.

Anti for Forever: Magia muito forte que drena os poderes

do oponente e permite utilizá-los, ETERNAMENTE!

Anti All: Controla todos os poderes divinos concedidos aos

mortais, no sentido de potencializá-los ou anulá-los.

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Ingab: Poder de criar ou destruir elementos da Terra

N1 – Cria os elementos.

N2 – Controla os elementos.

N3 – Destrói os elementos.

Cad: Dá o poder de controlar o clima e temperaturas

N1 – Controla clima e temperaturas na cidade.

N2 – Controla clima e temperaturas no continente.

N3 – Controla clima e temperaturas no mundo.

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