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TJPB | Prova Oral Anotações do Curso de Oratória da Rogéria Guida de 2016 www.cursonotarium.com @cursonotarium 1 ORATÓRIA Este material consiste nas anotações do Curso de Oratória da Rogéria Guida, feitas pela Professora Marfisa no ano de 2016. Estas anotações não substituem o curso – que é excepcional – mas dão uma boa ideia e dicas sobre oratória. Esperamos que seja de grande valia para a sua preparação e recomendamos que, caso você tenha disponibilidade, faça este curso. INTRODUÇÃO Vícios de linguagem. Os vícios de linguagem são inconscientes. Mas o sujeito não se escuta, porque o ser humano tende a falar no automático. Serão dados retornos sempre sobre a forma. “Você falou rápido, olhou para o teto, mexeu o pé, o gestual ficou preso”. Não existe certo ou errado em oratória, mas toda postura de voz ou de corpo diz respeito a algo emocional. Postura. A postura é o primeiro aspecto de uma oratória porque é a primeira imagem. Quem entra em um lugar sem falar nada produz um efeito. Um candidato entrou cabisbaixo. Ele com certeza tinha conteúdo, mas a forma de coitado com que ele se apresentou, não aprova ninguém. Esse candidato não sabia usar o microfone, não se colocou. A forma como entra, como anda, como olha, isso já tem um peso. Se estão em confinamento, a postura deve ser alinhada desde então, pois ela representa 55% da comunicação direta com o outro. 38% dos efeitos são causados pela voz, palavra, dicção, forma de falar. E apenas 7% pelo conteúdo. Apenas 7% é conteúdo. A forma ou valoriza o conteúda ou desvaloriza. Não adianta ter muito conteúdo se fico tão nervosa e não falo o conteúdo que tenho. Há pessoas que não se aprofundam, mas a forma como desenvolvem é segura, firma, com inicio meio e fim. Ela vai valorizar o conteúdo. Para quem olhar? Pode olhar mais para quem fez a pergunta, mas o ideal é distribuir o olhar por toda a banca. Não adianta fugir, não melhora em nada o estado de nervosismo. Quanto mais ele olhar e trocar, mais seguro ele fica, porque olhar é uma troca. Falar com uma postura alinhada, até mesmo para poder respirar melhor, pois quem respira melhor, pensa melhor. Fale consigo mesmo! A oratória não é apenas para falar em publico, reuniões, prova oral. Preciso primeiro falar bem comigo. A minha comunicação comigo precisa ser consciente, saber o que quero. Preciso falar bem comigo para falar bem com o outro. A consequência da minha comunicação com o outro parte da que tenho comigo.

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ORATÓRIA

Este material consiste nas anotações do Curso de Oratória da Rogéria Guida, feitas pela Professora Marfisa no ano de 2016. Estas anotações não substituem o curso – que é excepcional – mas dão uma boa ideia e dicas sobre oratória.

Esperamos que seja de grande valia para a sua preparação e

recomendamos que, caso você tenha disponibilidade, faça este curso.

INTRODUÇÃO

Vícios de linguagem. Os vícios de linguagem são inconscientes. Mas o

sujeito não se escuta, porque o ser humano tende a falar no automático. Serão dados retornos sempre sobre a forma. “Você falou rápido, olhou para o teto, mexeu o pé, o gestual ficou preso”. Não existe certo ou errado em oratória, mas toda postura de voz ou de corpo diz respeito a algo emocional.

Postura. A postura é o primeiro aspecto de uma oratória porque é a

primeira imagem. Quem entra em um lugar sem falar nada produz um efeito. Um candidato entrou cabisbaixo. Ele com certeza tinha conteúdo, mas a forma de coitado com que ele se apresentou, não aprova ninguém. Esse candidato não sabia usar o microfone, não se colocou. A forma como entra, como anda, como olha, isso já tem um peso. Se estão em confinamento, a postura deve ser alinhada desde então, pois ela representa 55% da comunicação direta com o outro. 38% dos efeitos são causados pela voz, palavra, dicção, forma de falar. E apenas 7% pelo conteúdo. Apenas 7% é conteúdo. A forma ou valoriza o conteúda ou desvaloriza. Não adianta ter muito conteúdo se fico tão nervosa e não falo o conteúdo que tenho. Há pessoas que não se aprofundam, mas a forma como desenvolvem é segura, firma, com inicio meio e fim. Ela vai valorizar o conteúdo.

Para quem olhar? Pode olhar mais para quem fez a pergunta, mas o ideal

é distribuir o olhar por toda a banca. Não adianta fugir, não melhora em nada o estado de nervosismo. Quanto mais ele olhar e trocar, mais seguro ele fica, porque olhar é uma troca. Falar com uma postura alinhada, até mesmo para poder respirar melhor, pois quem respira melhor, pensa melhor.

Fale consigo mesmo! A oratória não é apenas para falar em publico,

reuniões, prova oral. Preciso primeiro falar bem comigo. A minha comunicação comigo precisa ser consciente, saber o que quero. Preciso falar bem comigo para falar bem com o outro. A consequência da minha comunicação com o outro parte da que tenho comigo.

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Método de reconhecimento do sujeito. Reconhecer é reconhecer de novo o sujeito. Só posso reconhecer aquilo que já conheço. Para me conhecer, preciso ouvir a minha voz enquanto falo, ouvir a minha palavra que estou verbalizando para não me trair, preciso sentir os meus pés no chão, alinhar a coluna. A postura bonita é apenas consequência de um alinhamento interno. A postura passa efeitos. Toda postura interna e emocional moldam a voz e o corpo. A metodologia trabalha esse alinhamento. Ela é muito prática.

Respire! Faça pausas para respirar. A pausa é importante para o outro

receber a mensagem e para que ele possa organizar seu pensamento e ideias.

BEATRIZ ALMEIDA TÉCNICA 1 – RITMO

Método próprio: reconhecimento do sujeito, unidade e movimento. O orador deve buscar-se reconhecer. Reconhecer é conhecer

novamente. Conhecimento é a informação processada. Quando você vier o palco pela primeira vez, você vai receber alguns retornos, informações sobre aquilo que você transmitiu para nós e o que você pode melhorar. Quando você pegar essas informações, vai processar, perceber e as aplicar. A partir do momento que você consegue lidar com as informações que você passa e que você quer passar ao outro, você pode dizer que você se conhece. Esse ‘re’ na frente implica uma repetição. O orador se modifica através das experiências, das reflexões que ele tem. A Beatriz que se apresenta hoje é diferente da que estava na semana passada, pois as vivencias foram modificadas e sendo assim ela vai necessitar perceber o que mudou e a partir dai como ela quer passar a aplicar as técnicas de oratória.

Consciência da inteligência emocional. Ter a sabedoria de perceber como você funciona. Esse medo já impediu

de alcançar o seu querer? O medo pode ser paralisante. “Eu fico burro toda vez que começo a falar em público”. A pessoa começa a se enrolar com conceitos que já sabe, por que falta inteligência emocional. Inteligência emocional é quando me permito alinhar pensamento, junto com o meu sentimento e o meu corpo. Se tenho conhecimento, mas tenho o seguinte sentimento na minha cabeça: não vou conseguir, estou nervosa, com medo, ansiosa, raiva, etc. Esse sentimento vai influenciar no meu corpo. Sente dor de barriga, a boca seca... essa composição corporal vai influenciar na nossa fala. O sentimento pode atrapalhar como nós nos sentimos, falamos e pensamos. Quando os 3 fatores estão alinhados, passo a experimentar que eles ajudem o meu pensamento e a minha fala a fluir. Logo, o medo por exemplo não é ruim, mas ele não pode me dominar como sujeito, por que o sujeito ativo da minha vida sou eu. Se deixo o medo, raiva, alegria me dominar, tenho um desequilibro nessas forças, e o meu discurso acaba sendo em função do medo, do meu corpo. O corpo e o sentimento devem ajudar o pensamento a fluir.

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Quando o pensamento falta, vou usar recursos corporais: alinhar postura, soltar o ar, permitir recobrar o sentimento de segurança. Tudo isso gera um estado.

Toda vez que se fala, está se gerando na plateia uma sensação. É importante a sensação que se vai gerar na banca. Mas a oratória não tem como função gerar uma sensação positiva na sua banca. A função da oratória é fazer com que você se perceba e com que gere uma sensação: sei o que estou falando, com quem e como. Quando você tiver esse controle de o que, como e para quem. Quando você tiver conhecimento do seu querer, você vai poder gerar a sensação que você quiser na banca. Inclusive, se você quiser, você não gera uma sensação de simpatia. O orador passa a ter poder do querer dele. É esse controle que iremos ter aqui. O que o outro quer? Primeiro, vamos pensar no que quero gerar com o meu discurso.

TÉCNICA DE RITMO. Ritmo é a cadência que define o significado. Ela foi torcer para a Leão da

Ilha: ela é muito boa de ritma, mas ruim de velocidade. Ou está adiantada ou está atrasada. Mas ela sempre contornar isso com o ritmo. Dessa forma, a velocidade não é o ritmo. A velocidade é o tempo de articulação da palavra, mas o tempo entre as palavras. Já o ritmo consegue controlar a velocidade. Um samba é composto por uma batida forte e duas fracas. Jeremy começou a fazer 2 fortes e 2 fracas. O ritmo forte e fraco é o que define que temos um samba. E a batida do Jeremy influenciou. Posso ter um discurso rápido ou um discurso lento. O que vai definir a sensação desse discurso, se é um samba ou um bolero, é essa sequencia forte e fraco. Quando paro de fazer uma forte e duas fracas... posso passar a ter um bolero. É a mudança da cadência que vai mudar o significado. Quanto mais tiver isso marcado, mas consigo mudar a velocidade sem me embananar. Quando se mudou para a forte, estava bem marcado, mas quando desacelerou, não deu certo. A gente começa a perceber então que o ritmo define velocidade, que é essa sequencia de batida forte e fraca e ela vai definir o significado.

A professora falou de um ritmo forte. Gerou medo, autoritarismo, etc. Depois num ritmo meigo. E ela foi boazinha de mais. A marcação do ritmo vai definir o significado, o sentido da emoção que você vai dar no discurso. O ritmo vai evitar branco e vício de linguagem.

Essa batida forte e fraca pode ser aplicada numa palavra, frase ou discurso. Quando o discurso não tem o ritmo bem marcado e variado, ele se torna um discurso monótono. Todas as sílabas terão a mesma força. Essa força forte e fraca que nos temos que aplicar na palavra para o discurso não ficar monótono se chama... “sílaba tônica”. É a sílaba mais forte da palestra. A sílaba mais fraca se chama átona. Todo mundo aprendeu isso no colégio. O que a gente não aprendeu no colégio sobre silaba tônica é que ela será a responsável por definir significado. A partir do momento que tenho significado definido gero a associação mental e evito branco. “Sábia”. “Sabia”. Uma é passado de saber. “Sabiá”. Passarinho. Todas tem a mesma grafia, só que mudei a tônica e quando mu dei a tônica, mudei o significado. A partir do momento que tive o significado definido, isso gera na mente de todos associação. Secretária. Profissional. Secretaria. Ambiente.

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Mudar o significado. A tônica portanto é capaz de modificar o significado. Como? Faz de conta

que a nossa mente é um grande Google: tudo que você quiser de informação, vai lá. O Google é um grande arquivo mental. Se fosse fazer um arquivo com os cômodos da casa, como seria feita a divisão? Se pego um objeto e dou um copo, onde ele vai arquivar o copo? Na cozinha. O Lex, Google mental, divide sempre o conhecimento em campos semânticos. O assunto cozinha fica no campo da cozinha. “Copo”. O que vem na mente? Bebida, jogo de talheres, etc. Tudo que você associa a copo vem na mente. Quando defino a palavra, você dentro desse arquivo consegue acessar tudo que se tem relacionado aquilo. Se não defino a palavra, você cria essa imagem mental? “Cadeirá”. Pensa em que? Primeiro, em nada. Aí você pensa – ca-dei-ra. E entende que ela está falando sobre cadeira. O Google faz isso, vai juntar a palavra e dar uma resposta. No discurso, o tempo que sua mente leva para juntar as sílabas, jogar no léxio e criar uma associação por que você não definiu bem a tônica sobre o que estava falando aparece de que forma? “Ehhhh, ahhhh, então.... excelência....”. e quando finalmente o léxico de vocês acha a palavra, como o Google daria essa resposta? “Você quis dizer ‘cadeira’”. E quando ele faz isso, ele está te respondendo com dúvida. Se você não marca a tônica do discurso, não define aquela palavra, você até cria associação, o conteúdo vem, mas ele vem com dúvida, com dificuldade. E aí vem os vícios de linguagem.

Vícios de linguagem Vícios de linguagem são pedidos de confirmação sobre aquilo que estava

falando. É qualquer palavra, frase ou expressão que se repita no meu discurso de forma inconsciente. Posso até usar um ‘né’. Se eu tiver intenção, não é um vício de linguagem. Mas se estou ao tempo todo pedir a confirmação do discurso, por que não marquei a tônica e ela apareceu de forma inconsciente, teremos um vicio de linguagem. Logo, a marcação, a acentuação daquilo que estou falando, vai fazer com que crie associações, evitando o branco, o discurso vem, e evitando o vicio de linguagem. A marcação do ritmo e da tônica também contribui para a nossa fluência. Tenho dois caminhos dentro da minha mente, dentro do meu cérebro, que me conduzem a fluência.

Um desses caminhos se chama caminho medial, e ele fixa nos gânglios da base. E tenho também o caminho lateral. O medial é responsável pela frase de improviso, que não preciso pensar sobre ela: verborragia, o que vier no coração, você fala. Já o lateral é o responsável pela fala programada. Por exemplo: contar de 99 até 01. É uma fala programada por que preciso pensar sobre aquilo antes.

Você vai voltar e refazer o caminho. Se estou falando e esqueci o que ia falar, eu volto o recurso, e volto marcando, prestando atenção em cada ponto daquela fala para gerar a associação e lembrar. E é isso que vamos fazer. Se for um discurso grande (por exemplo, na aula), preciso começar a palestra desde o inicio? Não, volto no tópico anterior. Mas se for uma resposta de uma entrevista ou pergunta, começo de novo a resposta. “Melhor dizendo...”.

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Vamos aprender a marcar e acentuar a sílaba tônica. Para ter aquele efeito de emoção diferente, posso usar essa tônica de duas formas e exagerar ou não. Uma delas é prolongar a sílaba tônica, na outra, vou afirmar a sílaba tônica.

Quais os sentimentos que se passam? Amor, inteligência, carinho, calma. Prolongar a silaba tônica. “Vem cá meu fiiiiiilho”. A mãe fala conosco o tempo todo prolongando. “Eu te amooo. Meu amooor, é tão bom ter você comigo”. Ele aproxima a plateia. Apresentadora de programa matinal: “acooorda”. Qual a ideia dele com aquele discurso? Criar intimidade, apoiar, se sentir amigo. Quando devo fazer isso numa apresentação? Logo no começo, quando vou me apresentar o outro, posso prolongar o que estou falando. Não devo deixar cair muito o volume porque senão fica triste.

Para a prova oral, não se recomenda prolongar, porque as vezes a gente começa a exagerar. O exagero do prolongar pode passar falsidade, lerdeza. “Marcha lenta”- amigo da professora. “Oi Biaaa, adiivinhaaa quem está falandooo”. E o Marcha sempre falava dessa forma. Isso passa lerdeza, cansaço, preguiça. Por isso a gente evita o prolongar. Embora você possa e deva usar o prolongar se você quiser passar simpatia.

Prolongava, o povo se aproximava. Falava o que queria. Irritava. Depois o povo se acalmava. É uma técnica que funciona, mas que se você usar muito pode gerar uma sensação de falsidade.

Se coloco com ênfase a silaba tônica. A gente afirma com exagero e passa autoritarismo. Enéas. “Meu nome é Enéas!”. E por que ele fazia isso? Quando ele começou a falar em publico, ele tinha um tempo grande na TV: 5 segundos. O que ele decidiu? Só consigo passar o nome. Como ele exagerava, marcava com exagero, e a plateia decorou o nome dele. Quando ele exagerava, passava que acreditava no que falava. Mas em alguns momentos, ele passava um pouco de agressividade e descontrole. A professora descobriu que ele tinha um discurso muito ponderado, e tinha falas muito boas. Mas quando afirmava com exagero em alguns momentos a fala ficava agressiva e o publico com o tempo passou a se distanciar daquilo que ele falava. Afirmar como exagero pode passar um pouco de duvida.

Datena. Ele dá todas as noticias afirmando com exagero. Ao fazer isso, ele passa que aquela noticia é muito importante. Só que ele passa todas as noticias com a mesma ênfase: estourou uma guerra; a ponte Niterói está engarrafada. Com a mesma ênfase, o exagero na silaba tônica, depois de um tempo você começa a cansar. Mas tem um objetivo ali. Qual o publico alvo dele? Pessoas que chegam cansadas do trabalho e que não tem acesso a cultura e informação. E elas tem milhares de coisas para resolver. E ele precisa parar para ver o que está acontecendo quando ele usa aquele tom de voz – e acaba prestando atenção na propaganda. Mas com o tempo, chama-se esse jornalista de sensacionalista.

Se eu só a firmo a tônica, bem marcada, mas não exagero? Isso passa segurança, confiança. Eu me escuto falando assim e penso que estou falando bem. Com segurança. Isso vai afetar um outro ponto (pensamento, sentimento e corpo), quando me escuto falando bem, vou afetar o sentimento, vou me sentir mais confiante por que falo de forma mais confiante. Dá sensação de segurança e autoridade sobre o seu discurso.

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Palavra tônica. A silaba tônica define o significado da palavra. A palavra tônica define o significado da frase. “Matar o rei não é pecado, podemos matar o rei?”. “Podemos matar o rei, pecado não é”. Matar o rei não, é pecado”. Num texto escrito, como você faria para acentuar essa palavra tônica? Seria pela pontuação, virgula, ponto final, exclamação. A palavra tônica é definida no texto escrito pela pontuação. Quando dei destaque naquela palavra chave, defini o conteúdo e o significado daquela palavra.

Texto falado. “Matar o rei, não, é pecado”. Marquei as outras silabas tônicas, as outras palavras? Sim. Só que quando aumento a dicção nele e o volume, vou dar mais destaque para a palavra chave.

Exercício. Caso Nardoni. “Para pai”. “Para pááááái”. Qual foi a palavra chave? O pai, o herói. “Pááára, pai”. Coloco a ênfase no “para”. O pai é o algoz.

“Eu não matei aquele homem”. Tônica no eu: alguém matou. Tônica no “não”. Já disse que não matei aquele homem. Tônica no “matei”: eu não matei, eu esfaqueei, joguei da janela, etc.”. Tônica no aquele. Não matei aquele homem, mas matei outros. Tônica no “homem”. Mudo a palavra tônica, mudo o significado. Em algumas frases, isso funciona. Em outras, não necessariamente vai mudar o significado da palavra. Mas mesmo assim tenho que ter uma palavra chave.

Você é uma examinadora do mestrado, prova oral. Esta lá sentado, 700 pessoas falando. Depois de um tempo, você começa a se distrair. E se no discurso todas as palavras são marcadas do mesmo jeito, não estou prestando atenção em nada. Mas se ele dá ênfase a uma palavra chave... ela serve para reforçar aquilo que considero importante, que quero frisar para a minha plateia. “Quero ir ao MERCADO ainda hoje”. Quero ressaltar que quero ir ao mercado. “Quero ir ao mercado ainda HOJE”. Quero ressaltar que é hoje.

E a frase tônica do discurso. É a frase que vai definir o seu conteúdo. “Boa tarde, meu nome é Beatriz. Sou fonoaudióloga. Ritmo é a cadência que define o significado”. Todo bom discurso tem começo meio e fim.

Como não começar uma apresentação? “O tema é o mais difícil, mais cansativo, não sou o mais preparado para falar do tema”. Não devo começar me desqualificando no recurso. “O tema ainda é muito difícil, há várias doutrinas”. Também não devo fazer isso por que desqualifico o que vou falar a seguir.

Quais situações que não se apresenta logo no inicio da fala? Todos já me conhecem e convivem comigo diariamente. Mas se a gente não se vê diariamente e pode ser que alguém tenha esquecido o meu nome, nesse caso, falo de novo, por que posso perder a oportunidade de fazer um contato, a conexão, porque a pessoa não lembra meu nome. Outra situação que não preciso falar meu nome ao começar é quando outra pessoa já me apresentou.

A professora opta por não falar o nome inteiro. Falar na apresentação: [1] Nome. [2] Quem sou. “Sou fonoaudióloga,

especialista em neurociências, trabalho”. As vezes as pessoas dão um currículo um pouco extenso e isso faz com que a plateia perca um foco.

Para fechar o discurso. Deve-se ter cuidado com palavras ‘concluindo, para finalizar, etc.’. a não ser que realmente vá finalizar. Ao fechar o discurso, devo dar uma sensação de conclusão, mesmo que eu não tenha concluído nada. Mas ela

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pode deixar uma reflexão para a plateia. “Falei sobre isso. Deixo essa reflexão para plateia”. Não dá pra falar isso na prova oral!

Numa entrevista ou prova oral, você vai organizar a resposta de duas formas.

Se você já souber a resposta, responde diretamente e já garante seus pontos. E depois você prolonga o assunto, e reafirmo a reposta base. Garanto logo meus pontos, depois dou uma enrolada e ganho tempo no conteúdo que sei.

E se eu não sei o que vou responder? Tenho como começar sendo objetivo? Não. Então começo a falar sobre o assunto, porque ao falar sobre o assunto, fazemos associação e lembramos.

Plateia que dorme e não presta atenção. Quando vemos que a pessoa

está dormindo, começamos a achar que é por conta da gente. O examinador da prova oral vai tirar um cochilo. Tem um examinador no RJ que começa a roncar. Posso deixar que ele durma ali na frente? Primeiro, não posso associar que esse movimento seja comigo. Se for, tenho que marcar mais o ritmo. Mas pode ser que ele tenha tido um FDS agitado. Preciso chamar a atenção dele. Posso bater palma? “não quer assistir aula, vai embora”. Mas quando deixo que alguém da plateia fique constrangido, vou acabar afazendo com que todo mundo fique constrangido e com medo de mim. Não quero gerar essa sensação de constrangimento e medo. Então, deixo ele dormindo ali. Baixo o volume da minha voz... e de repente aumento o volume de voz. Ele acorda e eu estou olhando no olho dele. E se ele dormir de novo, pergunto para ele algo, mas não deixo ele responder, e jogo a pergunta para a plateia. Eu vi que ele não sabia, se ele continuar dormindo ou conversando, ele já sabe que vou fazer ele passar por esse constrangimento.

Isso vai ser feito com a banca? NÃO! Isso é só com discurso geral. A plateia não quer ver o orador vendo um texto que ele não conheça.

Mas as vezes, lemos um texto... Não é ideal que saiba que ele não sabe o que está lendo. É mais fácil segurar o papel com a direita, e com a mão esquerda venho marcando a linha que estou. Porque não vou marcar com o dedo palavra com palavra. Se estiver marcando linha por linha, na hora de soltar, solto a mão direita, e quando voltar dentro de uma linha, é fácil que me encontre.

Esse texto cobra da gente um exagero na afirmação daquilo que estou falando. Então vou tentar falar de prova...

Brutus mata Cesar na estada de Pompeu e tem que justificar para o povo por que fez aquilo. Em seguida, Marco Antônio fala para acusar Bruos. Brutos tem a treplica. Brutus foge, vai para o deserto e morre. Nesse discurso de Brutus, ele está falando pela sua vida. Você pode falar que teve alguma duvida naquilo? Não. É um discurso afirmado tempo todo. Ler com o máximo de energia e máximo de força.

A fluência corporal é ligada a verbal. Quando gesticulo muito, ajuda a marcar a tônica. Vamos exagerar.

A frase com voz baixada e bem firmada é o maior exemplo de silaba tônica. O jeito que a mãe fala com o filho no shopping que está fazendo escândalo.

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Alguma dessas formas de marcação de tônica foram corretas? Todas são corretas desde que tenha intenção na fala.

PRÁTICA. Vamos exercitar a tônica, a forma como quero praticar a

tônica. Exagere na afirmação, pois é mais fácil tirar os excessos. Pode falar um pouco exagerado sim.

26 DE JULHO DE 2016 - SIMULADOS

PERGUNTAS

O que diferencia o penhor da hipoteca?

Em que consiste a emancipação?

Quais são as modalidades de emancipação?

Meu filho é delinquente e resolvo emancipar o filho menor. Mantenho algum tipo de responsabilidade em relação aos atos praticados pelo meu filho?

A emancipação produz efeitos no âmbito penal?

Discorra sobre a boa-fé objetiva e suas principais funções.

O que seria a boa-fé subjetiva?

MARCELO

Discorra sobre o poder de polícia.

Quais são os ciclos do poder de polícia?

Quais os atributos do poder de polícia?

No que consiste a limitação administrativa?

A limitação administrativa gera direito a indenização?

Eficácia plena, contida e limitada. ALINE

Quais os instrumentos aptos ao exercício do controle concentrado de constitucionalidade?

Uma lei é objeto de ação de inconstitucionalidade no TJ e no STF. O que vai ocorrer nesses processos?

Quais os efeitos?

JULIANA

O que é obsolescência programada?

Em relação a uma demanda coletiva, o que se entende por execução impropria?

Qual a diferença de culpa própria e imprópria no direito penal?

O principio da insignificância se aplica ao tráfico de drogas?

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Qual a diferença do mandado de injunção e da ação direta de inconstitucionalidade por omissão?

O que são os créditos adicionais?

Diferença entre receita originária e derivada?

Os royalties se encaixam em qual classificação?

SAMUEL

No que consiste o federalismo?

Existe exceção a vedação da isenção heterônoma?

Nem em impostos municipais?

Diferencie bitributação do bis in idem.

Diferença entre imunidade, isenção e não incidência.

É possível o protesto da CDA para fins falimentares?

Qual o fundamento do STJ para tanto? ALINE

De que forma o poder público responde por suas omissões?

Sem o histórico, de que forma ele responde?

O que são precatórios?

Quais as modalidades de precatório?

Qual a taxa de juros e correção monetária dos precatórios?

Diferencia rescisão, capacidade e encampação.

É necessária uma lei autorizativa para encampação?

Diferença entre licitação deserta e fracassada?

Pode o brasileiro naturalizado vir a ser extraditado?

Diferencie erro de ilicitude ao erro de proibição.

Elementos da obrigação. Schuld. Raftung.

Há incidência de ISS sobre contrato de arrendamento mercantil?

O que seria o usucapião indígena previsto no estatuto do índio?

OBSERVAÇÕES – TÉCNICAS

MARFISA: Soltar as mãos. Respirar antes de responder.

Se você sabe a resposta, e fala muito, o examinador pode cortar, mas isso não significa que ele não esteja gostando.

Usar o “entende-se, pensa-se, acredita-se, advoga-se”. Não usar “você”.

Melhorar a postura.

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Não falar o “eh”.

É melhor errar com convicção do que acertar na dúvida.

Falar com firmeza para demonstrar que tem confiança e certeza.

“Excelência, com essa nomenclatura, não me recordo”.

Ter consciência da expiração. Na tensão, inspiramos, mas devemos expirar. Devemos soltar o ar pelo nariz, e a barriga para dentro, para não desenvolver tensão em cima. Encher o ar pela barriga. Pensar na expiração. Solta o ar discretamente pelo nariz e pensa na barriga indo para dentro.

O ideal é tentar responder.

Fazer a pausa inicial antes de responder a pergunta.

Abrir o peito.

Falar firme.

Fechar a boca ao esperar a pergunta.

Evitar falar perdão, desculpa. Usar apenas “reformulando”.

Soltar as mãos.

Evitar tomar café, porque ele resseca. Até meia hora antes, pode tomar. Mas meia hora antes da prova, só água.

Não falar “acredito”. Fala direto a resposta.

Não entendeu a pergunta: “Excelência, poderia repetir a pergunta?”.

Evitar entrar em confronto com o examinador. Deixa ele deixar de falar, e depois diz “excelência, me referia ao aspecto tal tal e tal”. O examinador começa a falar, silencia. Não fale em conjunto com ele.

Soltar o gestual. Soltar as mãos.

Falar com firmeza.

Olhar para as pessoas.

Tentar falar ao máximo sobre o que souber.

Não se aproximar do microfone.

Se não sabe a resposta: “Excelência, no momento não me recordo”.

Abrir mais a boca. Não se aproxima do microfone. Nem sempre tem microfone.

Postura. Falar com voz firme. Não se aproximar do microfone.

Não se deve corrigir o examinador. Fala apenas o correto.

Casa suja, chão sujo.

Ler o texto do Brutus. Básico de posturas. Postura em pé. Pés do lado do quadril. Postura sentada. Ísquios. Evitar basear a sua postura no encosto da

cadeira. A pessoa que é muito alta, se senta na ponta da cadeira, não é muito

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confortável. Se é menor, tem que ir para frente para apoiar os pés no chão. E se a prova durar 1,5h? Não posso encostar? Sim, posso. Mas o que não posso fazer é basear a minha postura no encosto. Pé paralelo ao quadril e ao ombro. Já para as mulheres posso cruzar os pés atrás. Se estiver de saia, não cruzar as pernas. Cruzo a perna embaixo, e coloca a perna para o ladinho. Quando você cruza a perna embaixo, se você não conseguir colocar para o lado, não tem problema. Mas tem que conseguir manter o joelho apontado para o chão. De saia, não vai se passar por constrangimento.

A mão em cima da mesa. A mão embaixo da mesa não é bom. Quando

escondo a mão, parece que estou me escondendo. Não pode deixar o ombro cair. Vou separar as mãos e deixar elas na largura do ombro. Não colocar a mão para cima – parece que está rezando. Para baixo, está agarrando desesperadamente. Colocar uma para o lado da outra. Não coloca o polegar levantado. Não preciso ficar apenas em cia da mesa. Trabalho a mão direita, a esquerda e depois as duas.

Altura do microfone. Homens. Na altura do gogó. Das mulheres, no meio

do pescoço. Um palmo de distancia, direcionado para a boca. Se não der para ajustar o microfone dessa forma, aumenta o tom da voz, e direciona para a banca. Se o microfone estiver na lateral, ele está apenas gravando a sua prova, e você ignora ele. Se o microfone estiver na frente, fala, gesticula, trabalha as duas mãos.

Tipos de examinadores. Objetivo. Outros não tem paciência para m

muita pergunta, ele gosta que você enrole. Para você agradar os dois, você começa sendo objetivo e se sentir que ele está dando brecha para continuar falando, continua a falar.

OBSERVAÇÕES – TÉCNICAS 2a parte - Articular melhor as palavras - Dar ênfase na sílaba tônica - Marcar as palavras, ênfase na sílaba tônica. - Não se deve prolongar a palavra, pois passa calma. Devemos marcar

ela, pois queremos assertividade. - MARFISA: Falar devagar. Não falar “excelência” sempre, mas apenas

no primeiro. E observar que alguns doutrinadores não gostam de ser chamados de excelência.

- Expressões: “como já havia dito anteriormente”. Você não prestou atenção, seu burro, vou repetir mais uma vez. Cuidado com essa expressão, porque você está lidando com ego.

- Expressão “ele e ela”: é informal. O testamento, ele é uma forma. ERRADO! O testamento é uma forma.

- Por que apertou aquele candidato? Por que ele não começou a cravar o ponto. Se você não souber a reposta, fala de assunto para lembrar.

- Sempre, as vezes, nunca. Ponho, antebraço, cotovelo.

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- MARFISA: Largar a mão do microfone. Não colocar a mão toda na mesa. Marcar a palavra. Não prolongar a palavra.

- Não falar que não lembra o nome certo para não pontuar o erro para o examinador.

PALESTRA – ROGERIA GUIDA

A prova oral é para incorporar o personagem. As vezes ele responde tudo

certo e faz cara de quem não sabe. Tem que manter a mesma cara quando sabe e quando no sabe. Você tem que manter cara de segurança, sabendo ou não a questão. Precisamos ter segurança mesmo em duvida ao defender as nossas ideias.

Conteúdo tem que estudar a vida inteira. Aperta o colega. ‘tem certeza, Doutor?’. “Doutor, se cada besteira que o senhor falou valesse dinheiro, você estaria milionário”. Ele passou com boa nota. Isso tudo é provocação no estado emocional.

Não devemos gastar energia com a plateia. Deve-se focar no discurso. Qual plateia mais assusta, a interna ou a externa? Falar em público é

uma necessidade. “Não preciso falar em público, porque no meu departamento é só eu”. Engano. Falar em público é expressar seu pensamento bem organizado quando se está diante dos olhos dos outros sejam esses outros dentro da sua casa, amigos, colegas de profissão, grandes ou pequenas plateias. Falar em público é expressar pensamento organizando diante dos olhos dos outros. O público representa o outro ou os outros. E os outros não são apenas que estão somente fora. Obviamente, começaram por eles. Porém, todos os outros ficaram registrados e dentro de nós temos todos os outros que passaram pela nossa vida. Até aquele que não tinha voz, passou a ter voz dentro de mim. Nos deparamos com vozes internas, vozes dos outros que estão dentro de nós. As vozes falam dentro do ser humano.

A oratória é a arte de falar em público. Qual é o som da sua voz, qual a palavra que você diz? Essa voz é sua ou ela representa as vozes dos outros? Os outros usam a sua traqueia para falar através de nos. E outros se apoderam da nossa vez, pensamos que somos nos falando, mas são os outros.

Na oratória, tratamos de algo que vai além do ‘falar em público’. Falar em público é ter você condição de ter voz, de expressar um pensamento organizado, ter inteligência emocional, diante de qualquer pessoa e qualquer plateia. Para isso, preciso aprender a falar comigo. Por isso, as técnicas de oratória são caminhos para eu me conhecer, me possuir, para que possa ser eu. Para que o som da minha voz possa emanar a vibração da minha presença.

“Desculpe, foi sem querer, não era isso o que queria dizer. Não foi a minha intenção”. Mas quem ala bem expressa bem o seu propósito, expressa o seu querer. A arte da oratória é a arte de descobrir o que queremos dizer. Num discurso em que outras vozes falam em nós, perdemos muitas vezes a própria voz. A arte da oratória vai além de se preocupar com aqueles que estão escutando, mas de se ocupar de si mesmo para enxergar e ouvir quem está escutando.

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Os dois maiores medos são o medo da morte e o de falar em publico. Porque o publico representa todos os outros que estão dentro de nós. Se você fizer uma apresentação e receber 100 elogios e uma frase desagradável de alguém, o que fica na sua cabeça? A frase desagradável. Não deveria, pois ela nos faz sentir desconforto. Ela nos gera frustração. E não aprendemos a nos retirar dessa frustração. O ser humano acumula energia e se torna prisioneiro dessa frustração. A oratória vai além de uma prova oral, porque ela leva o sujeito a subir num palco para romper com as suas couraças.

Sujeito encouraçado. Couraças são tensões que existem em nosso corpo

e que ao longo da vida por repetições de situações semelhantes voa se cristalizando armazenando as nossas historias. A nossa historia fica registrada no nosso corpo. O sujeito entra já desconfiado, embora ninguém tenha falado nada. Outro já entra agredindo.

Todos nós temos couraças e portanto a oratória é uma forma de romper com as nossas couraças, porque elas aprisionam a nossa energia vital. Quando possa reconhecer que embora o que vivi na vida não se apague, posso não alimentar o que vivi, e libertar energia desse lugar de tensão, para fazer a energia circular para aquilo que quero nesse momento.

A oratória é algo que faz com que tenhamos uma resposta rápida e terapêutica. O maior poder que existe é o de ser você em todas as situações da vida.

Você gosta de falar em publico? Não, de vez em quando, todos. Mas todos precisamos soltar a nossa voz para definir as ideias, interesses e aplicar as energias naquilo que nos faz feliz. Do contrário, o sujeito fica sofrendo internamente e vivendo o seu sofrimento. O que fazemos com o pensamento traidor? “Não me chama para ir, que isso é impossível”. Os pensamentos traidores consomem nossa energia e nós nos permitimos. E sentimentos consomem energia? Sim. Medo, raiva.

A oratória é a arte que o orador desenvolve de falar consigo quando sente medo, de colocar sua voz quando sente raiva para ele não implodir ou explodir. Isso é uma arte, um aprendizado constante.

“Orai e vigiai”. Esteja presente para saber o que você emana para as

pessoas. Pela palavra dita, pela vibração da voz, pelo tom da sua voz, pelo seu olhar, pela sua expressão facial. Nos expressamos o tempo todo. Se o sujeito não fica presente nele mesmo, ele reage a estímulos e respostas e funciona como se máquina fosse. E o processo de expressão passa desapercebido. Quando o sujeito consegue ser mais presente, ele é mais atento. O vigiai não significa censura, mas apenas ascensão.

Estou num palco e se não souber que isso é um palco, ao ficar nervosa, ao descer do palco posso cair. Quem está presente, percebe que é um palco, e sabe se auto conduzir.

Estudo da energia. Terapia da energia. Couraças. A energia cósmica é a

mesma que habita nosso corpo e o ser humano muitas vezes diante de estímulos desagradáveis, a energia expande e há uma entrega ao prazer. Quando é

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desagradável, a energia contrai, e gera um acumulo de energia num determinado musculo que chamamos de tensão. O acumulo de energia no ombro, alguém faz uma massagem, relaxa. Houve uma distribuição de energia, um maior equilibro da energia. Descobriu-se que temos viários pontos de tensão no corpo que acumulam nossa historia de vida. É possível liberar essa energia pois, embora essas histórias não se acabem, o sujeito não precisa ser prisioneiro delas. A cada contração devido a uma ameaça, ocorria uma tensão. Foram feitas experiências. A cada contração, acumulava uma energia em forma de tensão. Quando a ameaça, dor ou estimulo de dor passavam, aquele sujeito se expandia de novo. Com a repetição das ameaças, a ameba se contraia e demorava a se entregar na próxima expansão. E até que ela se contrai e não se entrega mais. Mais de 80% das doenças são psicossomáticas.

Quando ele fez essas experiências com vários seres vivos e percebeu que o sujeito se contraia e demorava a se expandir. Com a repetição das ameaças, aquele corpo contraia e demorava cada vez mais a se entregar numa próxima expansão. Ele contraia e demorava a se entregar. Por que? Medo. De que esse medo é feito?

Ideia inicial de Freud, energia vital, sexualidade. Então descobre-se que o corpo tem memoria. Embora não se falasse como na psicanalise, aquele corpo tem registros e armazenam a historia do sujeito. A memoria está também nas nossas células. Orgonoterapia. Função do orgasmo, da circulação de energia. Ele começa a falar da liberação dessa energia para não sermos prisioneiros dos nossos medos históricos.

Metodologia. A professora construiu uma metodologia chamada de

reconhecimento do sujeito, unidade e movimento. O sujeito é chamado para falar em público, nem chegou a hora. Vai falar

em público daqui a um mês, um ano. Mas como ele já foi avisado que vai falar, ele tem reação química no corpo. O que pode acontecer? Tremedeira, boca seca, dor de barriga. Então falar em publico passa a ser uma ameaça!? São os outros que estão dentro de nós que nos ameaçam. E precisamos nos liberar desses outros. São as nossas representações internas. O sujeito transpira, começa a acelerar o coração. Mando o coração sossegar e ele não obedece. Tenho que falar melhor com meu sistema nervoso. Autoconhecimento. Por isso que precisamos reconhecer o sujeito.

O sujeito nesse estado muitas vezes diz: ficou inibido, tímido, inseguro. Vários estados em que a pessoa se torna prisioneira de rótulos. Não importa o rótulo, mas o estado. Se ela diz que é timidez, nervosismo, etc. O estado fica em desequilíbrio. “Perdi o chão”. Chão significa o contato com a realidade. Quando o sujeito está diante dos olhos dos outros, ele vai perdendo o contato com a realidade porque ele começa a se envolver com as vozes internas de seus fantasmas. “Falei, mas não vi ninguém”. Tem olhos, mas não vê. “Nem sei o que falei naquela hora”. O sujeito fala, mas o que ele falou, nem mesmo ele sabe o que foi que ele disse. Ele não é um ser responsável por que não responde para o seu ser. Em seguida, completamente vulnerável, ele diz: “fiquei fora de mim, me perdi”. O sujeito que fica fora de si, fica desatento. O sujeito que fica fora de si, que se perde como emissor do seu discurso acaba por perder o seu querer. Quando o sujeito perde o seu querer,

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ele acaba por perder o seu proposito ou seus receptores. Portanto, preciso me reconhecer como emissor. Tornar-me presente como emissor do meu discurso, da minha mensagem, para estar junto da minha mensagem ‘orai e vigiai’. Sei o que falei e sei se essa palavra é adequada ou não. Quando o sujeito está conectado com o que ele diz, passa enxergar a sua plateia por que se faz presente. Ele vai podendo interagir com a sua plateia, enxergar a sua plateia e saber para quem ele fala.

O sujeito olha, não vê, fala, não escuta, o coração acelera. Ou seja, todo desequilibrado.

A metodologia é para que o sujeito se faça presente nele mesmo. como posso me organizar, me equilibrar diante de tantos tumultos internos. Há todo um processo, mediante as técnicas de oratória, em que o orador se faz por conhecer.

Preciso me reconhecer como sujeito, porque senão o sujeito diz: “nem lhe reconheci naquela hora”. Quero me reconhecer, é o meu querer.

Em todos os estados e países, os outros muitas vezes falam palavras para nós e que reprimem o nosso potencial. “Criança não tem querer”. É o inconsciente que passa por todos nós. “Cale a boca”. “Só abre a boca para falar bobagem”. Isso tudo deixa o sujeito amarrado nessas falar.

“Eu sei que você quer ir a praia, mas não posso te levar agora”. Mas dizer que ela não tem querer vai entrando dentro dessa criança.

Querer é poder. Se a criança é educada para não ter querer, constrói-se uma sociedade que não tem poder.

Orai e vigiai. Essas falas não podem me governar. Preciso me reconhecer, porque quero me reconhecer. Reconhecer é conhecer de novo. Vou me reconhecer como sujeito. A vida é uma constante oração. Na oração, sempre tem o tal do sujeito – embora haja oração sem sujeito. Quem é o sujeito? O sujeito é aquele que pratica a ação. Já guardou um objeto e não lembra onde suas mãos colocaram? Foi no automático. E no automático funcionamos como se máquinas fossemos. Quem quiser ser, é preciso se fazer ser.

Quando falamos em reconhecimento do sujeito, sujeito está ligado a ação, e o sujeito tem classificações. Estou junto da ação que pratico ou foi sem querer? “Ah, falei, mas nem percebi”.

O sujeito pode ser simples, composto, claro, oculto, indeterminado. Quem sou eu como sujeito?

O corpo sofre efeitos dos olhos dos outros sobre nós. A respiração sofre efeitos dos olhos dos outros? E a voz sofre efeitos dos olhos dos outros? Se você ficar me olhar muito, pode ficar infantilizada, tremula, etc. E a palavra, sofre efeito? Sim. O sujeito fala rápido, atropela, fala vícios de linguagem, fala palavras que não falou. O sujeito fala e não percebe muitas vezes o que falou.

“Ah, falei sem querer”. O que você quer dizer sofre efeitos dos olhos dos outros? Sim. Os pensamentos sofrem efeitos dos olhos dos outros? Sim. Os sentimentos? Também. O seu querer? Também. Mas não vai sofrer na hora do prazo.

Se o sentimento, palavra, voz, querer, tudo sofre efeito? Quem sofre o efeito? Sujeito da voz passiva. Voz passiva é aquela que sofre efeitos de todas as voz dos outros. Temos muitas vozes querendo nos comandar, vozes que conhecemos,

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que não lembramos mais, que ainda vamos conhecer. Ou tenho voz, ou como diz Chico Buarque, nem sempre a voz do dono gosta do dono da voz. Sejamos nós os donos da nossa voz. Ou você fala, ou você fala. Porque se você não falar, outros falarão por você. O sujeito que sofre a ação é o sujeito da voz passiva.

“Sofre”. O ser humano sofre, vive sofrendo. O ser humano sofre porque ele já foi condicionado a ficar na voz passiva.

A não ter voz, a não saber de si. Mesmo ele pensando que a voz é dele, muitas vezes não é. Voz ativa é a voz que comanda a ação, portanto. Quem deve comandar a minha voz sou eu. Quem deve comandar se vou respirar ou não, sou eu. Só que o ser humano prende a respiração, a voz não sai, como sofre o ser humano. Por meio das técnicas de oratória, o sujeito vai perceber que, quando a voz embargou, vai saber impostação da voz. Vai saber como fazer se ficar com o rosto vermelho, distribuir sua energia, soltar o ar, harmonizar sua respiração, circulação sanguínea. Vai saber como abrir a boca, como ter o comando para que ele possa soltar o ar e não ficar na tensão, prisioneiro, para que possa abrir a boca, articular a palavra, aplicar sua energia naquilo que é seu querer, no que quer dizer. A característica de um bom orador é o entusiasmo. Deus é vida. O orador que fala com vida ele emana vida para o outro. Como fica uma pessoa tímida, nervosa e insegura? Ela fica cheia de bloqueios e bloqueando a emoção da vida. Oratória é romper com as couraças para fazer a energia vital circular no corpo, na pensamento, no sentimento.

Dicção. Hoje, vamos falar como podemos nos reconhecer e liberar

energia por meio da dicção. Dicção vem do latim dictio, que significa dizer. Vou dizer com clareza o que eu quero dizer. A dicção na realidade é usar a palavra, ter o poder de usar a palavra para abrir a boca, articular a voz, articular a palavra, para dizer o que penso, o que sinto e o que quero. Sendo assim, a articulação da voz e da fala, sabemos que o ser humano se comunica e fala pelos olhos pelo corpo. Embora exista toda uma mensagem não verbal, iremos falar da mensagem que vem pela palavra.

A palavra tem poder. Ela traz a minha energia, a energia da minha voz. Se for escrita, também tem poder, porque a palavra representa um pensamento, um sentimento, um objeto. Pensamos de que forma? Por imagens ou por palavras. O sujeito vai trazendo as palavras para definir cheiros, paladar, objetos, formas. A palavra tem poder. A palavra sempre produz o efeito. A palavra tem o poder de aproximar as pessoas e também tem o mesmo poder de distanciar. A palavra tem o poder de construir e de destruir. Ela tem o poder de organizar e também de desorganizar. A palavra é um instrumento organizador do ser humano. As vezes o sujeito está angustiado e, quando desabafa, se sente melhor. Quando ele usa a palavra adequada, ele consegue se expressar, e isso dá um alivio e sensação de organização. A palavra organiza o sujeito tal como suas relações.

Quando você consegue falar exatamente o que você quer fazer da forma como você pensava em falar. Como você se sente? Felicidade, segurança, organização, aumento da auto estima, equilíbrio. Precisamos aprender a falar e dizer o que queremos dizer. Quando não falo o que quero, isso gera angustia, frustração, que gera raiva, medo, tristeza insegurança, baixa autoestima.

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A palavra me liberta, me transforma. Consigo libertar aquela energia que estava travada, desbloquear. A palavra me constrói, mas eu fui construída pela palavra. O sujeito passa a vida construindo o que os outros falam. A palavra constrói. Vou transformar as palavras, ressignificar os que os outros falaram para mim. Não sou burro e lerdo, quero ser assim, e preciso saber como vou falar comigo. A palavra tem poder. Uma flecha lançada, uma oportunidade perdida e uma palavra dita, não tem volta. Então preciso falar para construir de novo o que quero ser. O ato mais criativo que o ser humano pode ter é o de criar a si mesmo. Os outros foram nos construindo, mas eu posso me reconstruir, reinventar. Vou conviver com o que foi colocado para mim, mas vou me transformar, não vou alimentar com minha energia o que não quero.

A palavra tem poder, ela aproxima, ela constrói. Deus criou o mundo com o verbo. Todos somos deuses, e todos criamos o mundo com o verbo. O que falo constrói mundos que quero viver? Ou o que falo muitas vezes constrói mundos que não quero viver? A palavra quando é dita como quero, da forma adequada, é uma palavra bem dita. A bem dita é aquela que é dita de forma adequada. E ela produzira efeitos benditos. Uma palavra que não foi dita de forma adequada é maldita, e produzirá efeitos malditos.

A oratória portanto é a arte de saber os efeitos que você produz por meio da palavra. Orai e vigiai para que você seja o dono do seu discurso. Você tem que ser dono da sua prova, não pode deixar o examinador ser dono dela. A palavra vai produzir efeitos, e preciso qualificar meu discurso. Como faço isso? Falando bem, articulado que quero dizer, colocando energia naquilo que falo para dar vida a meu discurso. A palavra que tem vida, tem energia, produz efeitos. Essa é a qualificação, a sua presença faz com que você qualifique.

Ele trabalha reconhecimento que também pode ser chamado de conexão. O sujeito está conectado com aquilo que ele diz. Ele nem sabe o que falou como falou. A arte da oratória é me acompanhar na minha fala para saber exatamente o que quero dizer. Caso haja um descuido de atenção que me resgate e saiba o que fazer daqui para frente. O sujeito da voz passiva é o objeto de alguma voz ativa. Seja você objeto do seu próprio desejo e que você possa se construir como sujeito.

A construção do sujeito por ele mesmo. Quando falamos da palavra, anos e anos... a palavra é sagrada. Essa expressão vem do latim sacer sacra sacrum que significa inteiro, íntegro, aquilo que não é vulgar. Vulgar é fragmentos. Vulgar é o inconsciente, está o tempo todo atuando em nós. Se a palavra sagrada significa inteiro, o que falo precisa representar. Quero que represente o que falo, sinto, o que vou fazer. “Palavra de honra”. O sujeito não honra o que fala. Ou honra. Ele tem palavra, a palavra o representa. “sou um homem de palavra”: deu a palavra, cumpra.

A comunicação precisa ser clara para que não haja distorções. Preciso melhorar cada vez mais minha forma de falar para não dar a você a possibilidade de entender de outro jeito.

Se você quisesse vender o seu carro e eu quisesse comprar, iria falar: quero comprar seu carro, você vende para mim? “Vendo”. Mas só posso pagar semana que vem. Precisando do dinheiro, você poderia dizer: se ninguém comprar,

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te vendo. “Vende pra mim, quero muito, me dá sua palavra”. Você pode dizer: não dou a palavra, se ninguém comprar, o carro é teu. Então você não deu a sua palavra. Mas se você dissesse ‘você me dá sua palavra que me paga semana que vem?’. E você decide não anunciar o carro. “Negócio fechado”. A palavra tem poder. Mas depois as pessoas não foram honrando tanto assim o que falavam. “Ah, fulano não cumpriu a palavra dele, vendeu o carro”. E isso foi se repetindo. E aí disseram “assina aqui, só o vale o que está escrito”. E começou a era dos contratos. Hoje, nem palavra falada, nem palavra escrita. O que significa isso? Um mundo que não tem dono.

A palavra governa o mundo, nos governa. Ou governamos a habilidade de desenvolver as palavras, ou seremos governados por ela.

A palavra precisa ser bem articulada. “Tou sabendo”. “Estou sabendo”. Não é falar certo ou errado, mas o nível de presença no ato de falar. “Vou para casa”. “Vopacasa”. Fala assim por causa da pressa e não percebe. Estamos falando do nível e da qualidade de presença no orador no ato de falar.

Articular a palavra bem será tão mais forte quanto sua presença ao fazê-la. “Estou com pressa”. Já mostra a qualidade da presença e atenção.

Cortamos muito as palavras e depois ficamos viciados em cortar as palavras.

Seja presente na sua fala, escute sua voz enquanto fala. Aí reside o poder da oratória. Aquele que escuta a sua voz sabe a palavra que falou e o efeito que produziu. Quem não se escuta, é usado pela palavra que foi dita sem querer, que foi maldita. Aquele que se escuta pode articular melhor o que ele pensa, o que ele sente, o que ele quer.

E esse é o aspecto mais importante, que você seja o dono do seu discurso. A intenção é que se esteja presente naquilo que diz. E, portanto, a voz é uma massa de bolo, não tem forma. Cada vogal tem uma forma bocal. Cada consoante tem um ponto de articulação. Se quero um bolo redondo, preciso de forma redonda. Qualquer amassado que fizer na forma, vai sair uma forma amassada.

Qual o ponto articulatório do S? Postura de língua. Vamos falar de língua, de mandíbula. Fonética é como você produz o fonema. Há crianças que são

alfabetizadas no método fonético.

PALESTRA - 27-07-2016

Tenho que verbalizar. Mesmo que seja para comigo mesmo. A melhor

forma de trabalhar essa comunicação é o palco. A partir dai, desenvolveu-se outras 5 técnicas para que haja mais consciência da forma como estamos no palco: ritmo, dicção, respiração, postura, impostação da voz. O orador trabalha cada um desses aspectos de diferentes formas. Posso falar de uma forma mais assertiva ou prolongada e em ambas...

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Voz. Impostação da voz. Quem gosta da própria voz? Não temos o habito de ouvir a nossa voz. Por ela ter um padrão diferente daquele que pensamos, temos um sentimento de rejeição.

Não temos o hábito de escutar aquilo que estamos falando. Temos uma habilidade cognitiva que foi desenvolvida através da nossa evolução chamada de figura, fundo. Essa habilidade que temos de focar em algo e abstrair das outras informações se chama de figura fundo. Nossos ancestrais precisavam caçar. E então eles tinham uma habilidade de escolher a presa e focar naquela presa. Ela é mais desenvolvida no homem, porque ele desenvolvia o papel da caça. Por isso que quando o homem está focado em uma atividade, você pode derrubar a casa, e ela não percebe. A mulher também tem essa habilidade. Mas como ela dividia a atenção dela, ela tem uma capacidade maior de divisão de atenção consegue se concentrar em varias coisas ao mesmo tempo.

Quando converso com alguém, a voz do outro, por ser uma voz que não tenho tanta familiaridade, ela passa a ser a figura, o foco da minha atenção. E todo o resto se abstrai. A minha voz, que é o que escuto sempre, passa a ser o fundo de uma comunicação, passa a ser inconsciente.

O ar condicionado tem um barulho que não percebemos porque é o fundo de uma comunicação. As vezes, numa conversa, a voz do individuo passa a ser o fundo daquela comunicação, pois ele não se escuta falando.

Se essa voz é inconsciente, quando o inconsciente domina, o que ele pode trazer a tona? Medo, ansiedade, angustia. Tudo aquilo que não quero demonstrar pode vir a tona. E aí esse discurso passa a ser do medo, ansiedade, raiva.

Devemos movimentar. Unidade é a capacidade de movimentação de energia que todos temos. Nossa voz é uma energia, que quando está em movimento, pode ser escutada.

A voz aumentada ao fazer a concha é a mesma que os outros escutam. Quando fazemos isso, a voz vem apenas pela via aérea. A voz é diferente, porem não é diferente o suficiente para que você não consiga reconhecer essa voz.

Timbre, ressonância, tom e intensidade. Timbre vocal. Cada um tem a sua. Embora haja pessoas com digitais

parecidas. Significa que o registro da sua voz é único, embora você possa ter uma voz bem parecida com a de outra pessoa. Mas é igual? Não. Elas tem timbre diferente.

Pericia vocal. Por mais que esteja disfarçando a minha voz ao falar, e o

fonoaudiólogo elimine esses fatores que estejam camuflados, ele terá um gráfico com a voz base do individuo, que é o timbre. A partir disso, ele vai sobrepor com a voz que tem de amostra e pode dizer se aquela voz é do individuo.

Afinação. O violão de madeira não tem nenhum outro no mundo igual a

ele, por que a parte da madeira que ele foi retirada é única. Aquele violão tem um

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timbre, essência única. O mesmo violão pode se apresentar de forma agradável ou desagradável, dependendo da sua afinação.

A voz também pode ser mais agradável ou desagradável dependendo de como se afina a voz.

Prega vocal. Há 2. No homem, ficam na altura do gogó. Na mulher, no

meio do pescoço. Na hora que o ar passa por entre as pregas, elas estão paradas, e ela sofrerá um efeito. Quando o ar ou água passa por entre duas estruturas ou estrutura maleável, a tendência dessas estruturas é vibrar e se aproximar. Quando vejo isso na pratica?

Para que fale, é importante que tenha ar. Faltou ar, continuei insistindo em falar. Ela vai fazer esse fechamento, mas de forma forçada. E aí ela vai ficar vermelha, doída, inchada. Sua mão fica cheia de calo. A voz pode criar um calo de prega vocal, que os médicos chamam de nódulo e prega vocal. Com terapia fonaudiológica, você tira esse calo. Para que eu fale no discurso, devo fazer pausa. É a pausa que vai me dar esse ar. Tenho que fazer a virgula, o ponto final, para que respire e tenha voz.

Ressonância. É o outro fenômeno físico que é responsável pela onda no

ambiente. A ponte rio Niteroi se mexe, ela vibra, e essa onda é propagada. A nossa voz começa a reverberar nas cavidades que temos. São:

garganta, nariz, fundo da boca, boca como um todo para o ambiente. Se uso todas essas cavidades com equilíbrio, a voz sai de forma solta. Se prendo a ressonância em uma dessas cavidades, ela será...

Função da laringe. Boa respiração. Faz uma pausa, engole saliva, que ela

vai fazer esse movimento de subir e descer. Quando ela desce, ela vai se posicionar no ponto certo. Devo buscar trazer minha voz no ponto do lábio para o ambiente.

Tom. Grave e agudo. Prega vocal X Corda vocal. A voz pode ser aguda ou

grave, mas ela pode estar agudizada ou agravada. Como sei se ela está no tom errado para a minha fala? Você fala durante um tempo e começa a perceber de que depois de um tempo falando, dói falar. Sandy tem a voz aguda. A Xuxa tem a voz agudizada. É aguda, mas ela faz uma força para falar. Ela fala o tempo todo sorrindo. Quando ela sorri, ela pega a cavidade de ressonância e estica. A pessoa que fala o tempo todo sorrindo tem a tendência a ter uma voz agudizada.

Ivete tem uma voz grave. Marilia Gabriela tem a voz agravada, porque ela alonga a cavidade de ressonância. Qual o problema da voz agudizada ou agravada? Nenhum, depende do que quero transmitir. A voz agravada afasta a plateia da gente.

Intensidade. Respiração. É o volume da minha voz. Como faço pra regular

o volume da voz? Na prega vocal, forçando ela um pouco mais. Quem dá volume para a minha voz é a quantidade de ar que solto. É proporcional. Como ele era

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atleta, tinha uma capacidade pulmonar alta. Enchia o pulmão, falava alto, e não estava nem aí. Conseguia manter o volume alto por toda a peça.

A voz tem um efeito. A nossa voz é o nosso instrumento.

RECONHECIMENTO DO SUJEITO - CAMILA

Aprendemos que apenas algumas pessoas nascem com o dom de falar o

público. Se déssemos garantia de que você vai se sentir bem ao falar em público,

você ainda assim não iria querer falar em publico? Recebemos informações a vida toda que falar em público é algo negativo. Público pode ser até uma pessoa. “Ah, aquela pessoa sabe mais do que eu”. Então, entro numa tensão e já fico desesperada.

Você não precisa concordar mentalmente com algo para concordar com algo? O exemplo de falar em publico é socialmente ruim. As pessoas fogem de falar em público. As vezes, quando criança, a pessoa canta em público. Muitas vezes, sem ter a experiência, já conheço a situação como negativa.

Marketing trabalha com isso. Ele não espera que você concorde que o telefone touch vai mudar a sua vida. Ele simplesmente te bombardeia de informações e de repente você ‘nossa, o telefone tem teclas, não posso conviver com isso’. Uma informação bombardeada na mente do outro repetidas vezes pode se tornar um conhecimento, algo que sem querer concordo, acho que é assim e não sei bem por que.

“É porque ele é tímido”. A reação normal da criança é primeiro reconhecer o ambiente. Mas o adulto diz que ela é tímida. O adulto determina para a criança o que ela é. Isso não significa que a criança não tem querer. A criança tem muito querer, mas as vezes não tem a ferramenta para chegar no que ela quer, e as vezes usa da agressividade. O bebe com fome vai ao seio da mãe com agressividade. Muitas vezes desistimos antes de chegar.

“Não pode pegar, não é seu. Pede que a mamãe dá um relógio”. Tenho um querer, para chegar ao meu querer, tenho que pedir. Mas quando ela pede de novo, ele diz ‘não’, e não explica. Como se sente? Frustrada. Tinha um querer, uma forma de chegar ao meu querer, fico frustrada. Mas a criança não desiste. Ela quer aquilo e tenta pegar. O adulto diz ‘não’, e ela faz a ‘birra’. Ela tenta bater na pessoa, bate no chão. Sente raiva.

No palco “ah... né. Que raiva, não é para falar né, ‘ne”. Então, fico com raiva de mim e internalizo que não gosto de falar em público.

Para de chorar, engole o choro, engole a raiva! A criança foi ameaçada. Quem é ameaçado, sente medo. ‘Engole o choro’. Ela se sentiu ameaçada, medo, ela consegue parar de chorar? Não. Ela continua chorando, mas baixinho. E ela sente tristeza. Chega alguém para tentar tirar a criança da situação de tristeza. Pede para sorrir, etc. E a criança foi levada a vários estados emocionais, não aprendeu a

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reconhecer nenhum deles. Ela viveu muitas emoções e o querer dela é uma bobeira no final.

O que você acha que vai sentir na hora da prova? Medo, raiva, tristeza, esperança, expectativa, desafio pessoal. Se vocês não lembram de coisa boa, pensa: quantas pessoas estavam no provão maior? É menos de 10%. A pessoa chega na prova achando que “é a fraude do concurso”. Vou abrir a boca e todo mundo vai saber que sou uma fraude. Isso acontece em qualquer momento na vida e não apenas na prova oral.

Isso tudo vem dessas informações que recebemos ao longo da vida. Quando se trata de timidez, as pessoas assumem como se fosse identidade.

Todo mundo já ficou triste na vida. Por que deixamos isso nos definir? É preciso primeiro me reconhecer. Reconhecer é sair do automático. Saí da sala e não sei se desliguei o ar condicionado ou não. Quando volto, eu percebo que desliguei. Onde estava quando desliguei? Qualquer lugar, menos no tempo presente. “Ah, você falou isso. Falei!? Foi sem querer”. Automático é simplesmente ser refém das emoções, não percebo o que vivo e saio reagindo.

Se a plateia faz cara de que está gostando, fico confortável porque me sinto aceita o suficiente para me colocar com a segurança que queria. Mas, e se não houver o retorno da plateia? As vezes, a outra examinadora está só fazendo o papel de “bad cop”. E um candidato levantou e foi embora. O que é isso? Fuga emocional, não sei lidar com as minhas emoções. O cachorro ameaçado ou foge ou ataca. Nós, na hora das emoções à flor da pele, e de forma inconsciente, também temos essas duas opções: ou fujo ou ataco. “Sou uma pilha de nervos”, sou uma pilha de emoções. Precisamos exercer inteligência emocional. Eu me reconheço, me percebo, percebo como está o meu estado naquele momento. Isso é uma vitória. Chegar e trazer seu pensamento para o aqui e agora. A pessoa está falando, mas outro boceja, começa a escorregar na cadeira, e começo a pensar que minha palestra não está boa. Preciso exercer a inteligência emocional, já que sou um ser humano racional e não preciso ser refém das emoções, as emoções são minhas e não eu delas.

Será que na hora do medo, posso não agir com medo? Sim. Como? Para isso que serve as técnicas.

Aprendemos que falar em p publico é ruim e não aprendemos a falar em público. Preciso aprender a falar em publico como uma pessoa precisa aprender a dirigir. Não posso culpar a pessoa sentada no carro que não aprendeu a dirigir e chamar ela de burra, porque ela não foi ensinada.

“Eu devia saber, sou adulto”. Não, você deveria aprender. Fala mais alto, marca a tônica, se sente seguro, transmite segurança. O objetivo da oratória é dar as ferramentas do que é falar em público.

Conforme se aplica as ferramentas, vai se tornando cada vez mais natural, e legal. O grande problema de falar em público é o medo de sofrer em publico. Se tenho ferramentas que me ajudam a relaxar, a ser bem articulada, etc. Tudo que me fazia sofrer antes, de repente começa a ser deixado de lago, e ai vou substituindo essas inconsciências negativas por experiências positivas. E é assim com qualquer aprendizado.

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A bebê vai tentar andar, dá um passo, dois, cai no chão. E o que ele faz? Desiste de andar? Percebe que está viva e tenta outra vez. De repente ela cai no chão de novo. Quanto mais ela repete aquilo, mais ela vai criando associações. Essa repetição vai levando a assimilação.

Se quero me sentir segura ao falar, coloco ritmo. Tudo na nossa vida que tem ritmo, se organiza, tem chão e é seguro. Quando nossa respiração sai de ritmo, a gente se sente inseguro. Quando o nosso coração acelera, a gente se sente inseguro. O dia e noite é uma marcação de ritmo, e se a gente adentra a madrugada, também e sente inseguro. Então, o ritmo da minha fala também é segurança para mim.

Se estou me sentindo ansiosa, qual técnica aplico? Respiração. Se estou me sentindo infantil, qual técnica aplico? Impostação da voz. Tem gente que diz que não vai prestar atenção na técnica na hora da

prova. Com certeza você sabe o que está sentindo. E se você não está se sentindo da forma como queria se sentir, você sabe qual técnica aplica. Se você está inseguro, você vai direto para a tônica, marca a tônica firme, pois ela vai gerar segurança em você. Estou tendo branco, medo, ansiosa, estou com vontade de sair correndo: respiração. E conforme você aplica a técnica você se torna mais consciente de você outra vez. Quando você está mais consciente de você, é mais fácil fazer o que quer. O que chamamos disso é sujeito ativo.

Em todo momento que você estiver sofrendo em qualquer situação ou culpando o outro por te fazer sofrer ou se culpando por se fazer sofrer em alguma situação, o nome disso é sujeito da voz passiva.

“Queria isso, mas me obrigaram”. Não te obrigaram! Tem uma reunião do trabalho, não quero ir. Você pode não ir? Pode, mas é uma escolha sua. Você quer trabalhar lá? Quer. O que você quer mais? Um dia de folga ou continuar trabalhando lá? Então você quer ir para a reunião. É libertador você perceber o seu querer na vida.

Na prova, você vai lá porque quer. Tem algo melhor na vida do que fazer o que quer? Quando você está com muita vontade de comer aquela comida especifica? Compra o bolo de chocolate com a causa derretendo. Você não é a pessoa mais feliz do mundo? Sim. Quando você fala em publico, ninguém te arrastou até lá, não precisa ser um sofrimento, você já tem as técnicas.

Ah, mas se não lembrar de tudo? Tudo bem, você não é um livro. “Ah, mas o outro sabe mais do que eu”. Mas você sabe o suficiente, porque senão você não se colocaria naquela situação.

Musica é um grande teste de reconhecimento do sujeito. Ela erra. Quando erro, paro e conto pra todo mundo que errei... e começo a me dar desculpas. Quem falou antes de mim é melhor, não sou muito boa nesse negocio de oratória. Mas na musica, ela continua, ela não vai parar porque você errou uma nota.

Qual é meu querer? O que quero fazer aqui? É isso que vamos fazer aqui. Vamos errar? Sim. A Rogéria diz que é a aluna mais antiga da oratória, porque você nunca aprende a falar tudo, a falar 100% bem. Se você se reconhece, tem as ferramentas, vai colocar a forma de acordo com o que é adequado para o seu

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querer. E você não vai mais ficar cobrando perfeição. Percebi que estava insegura, comecei a marcar a tônica.

Já sei que nessa situação a minha tendência é não marcar a tônica, porque fico insegura, porque aprendi que o outro está me julgando, mas quero ser sujeito ativo. Estou aqui porque quero e quero me sentir bem. Não sou masoquista. Todo teste emocional está acontecendo aqui na aula, quando ainda não está valendo. Se acontecer algo, você já sabe como direcionar para o seu objetivo.

Reconhecimento do sujeito unidade em movimento. É algo continuo.

Sempre me percebo, me administro, me ajusto, não me julgo, não julgo o outro. Me ajusto se algo não estiver de acordo com o meu querer. Preciso saber o que quero. Se não sabe onde ir, qualquer lugar serve. Se já sei o que quero e tenho como chegar lá, é só ir. Quanto mais você aplica, mais você reconhece, é uma via de mão dupla.

Exercício de reconhecimento do sujeito. Se estou aqui, mas minha

cabeça está em outro lugar, não estou lá, nem aqui. Na técnica de postura, uma das dicas é sente seus pés no chão. Isso é reconhecimento do sujeito. Quando sinto meus pés no chão, estou aqui. Quando não estou aqui, estou nas nuvens. Só estou de corpo presente, é a pessoa no automático, não se percebe.

Na hora da prova, na hora de falar em publico, viu uma pergunta mais difícil, algum olhar que te abalou emocionalmente, você pode lidar com o querer do outro, colocando ali o seu querer. Já viu alguém que no começo você não gostou, e depois a pessoa te conquistou? Sim. Daqui a pouco, a pessoa tinha um querer que você fosse com a cara dela, e ela mudou o seu. Não é porque o examinador ou a pessoa que está te ouvindo fez uma expressão de reprovação que você vai ser reprovado. Tem gente que no “bom dia” já ganhou a prova. Você já espera que vai ser excelente. “Tem cara de juiz”. Se eu me vejo como profissional, não dou opção para o outro me ver de outra forma. Me coloco em toda a minha expressividade, em toda a minha fala como profissional. O outro me olha dessa forma, porque é a forma que estou me apresentando, é como me vejo. Não fale “eu quero ser”, fale “eu sou”. Se você se coloca assim, o outro te olha daquela forma, é a informação que você está passando para o outro.

Inclusive, quando passamos insegurança, dúvida, passamos porque queremos, de forma consciente ou inconsciente. A pessoa de repente surta “me desculpa, não aguento isso”. Mas dentro dela, isso estava acontecendo antes, e achou que todo mundo tinha percebido, e ela relaxou. Mas do lado de fora, não parecia. Você não precisa denunciar tudo que se passa dentro de você. Você pode selecionar o que passa dentro de você para você sentir só o que você quer. E para que o outro perceba.

Reconhecimento do sujeito é um exercício diário. Se percebam. Se

permitam errar sem se julgar. O erro é uma inconsciência. Eu fiquei inconsciente, fiz algo sem querer. Mas isso não quer dizer que seja realmente errado, pode se ajustar, ainda há tempo.

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William Haish. Ele falava sobre bioenergética e o rompimento de couraças. Couraças são essas tensões crônicas. O objetivo da oratória é que com cada prática você ressignifique o que o dia foi um trauma, algo ruim, hoje já vivenciei tantas vezes, já sei o que fazer, e ressignifiquei, não é mais ruim, não é mais sofrimento. Podemos fazer isso com tudo na vida. Reaprender. Podemos reaprender tudo na nossa vida, e ainda mais tendo a técnica. Você pula o sofrimento se você já sabe o que fazer, e já aplicou tantas vezes, na hora do vamos ver, aquilo vem com facilidade. Ninguém que aprendeu a dirigir... o que você aprendeu é seu, e você usa da forma que quiser. Ninguém tira de você o aprendizado. O objetivo é pegar o que aprendemos de forma inconsciente e reeducar o nosso pensamento através das nossas atitudes para educar o nosso sentimento e viver o prazer de falar em público.

29-07-2016 – PRÁTICA

Dia da prova. Exercício do Priiii. 5 minutos. Eleva até ficar grave. Exercício do Ihhh-Huuu.

TÉCNICA DE RESPIRAÇÃO – CAMILA

Escolho me perceber, viver esse momento e não meu medo, ansiedade

ou qualquer sentimento que não esteja de acordo com o meu querer. Como saio dessa situação de descontrole emocional? Me percebo, identifico o meu querer e ajo em direção ao meu querer através das técnicas. As técnicas são ferramentas práticas para me perceber enquanto falo.

A técnica de respiração está relacionada ao prazer de falar em público. O nosso corpo reage a tudo que sentimos. No momento em que você leva um susto, fica nervoso, a respiração fica rápida, curta, dá uma sensação de falta de ar. Normalmente, isso vem de um descontrole emocional.

Uma pessoa que te liga e manda mensagens o tempo todo. Porque você não respondeu? Porque você não respondeu? Porque você não respondeu? Isso passa a incomodar o outro, e ela diz: essa pessoa me sufoca, não me dá espaço para respirar. Estamos descrevendo uma situação emocional através das sensações de respiração.

Limpa no armário. O que se fala depois? Que alívio, parece que o ar ficou mais leve. Sem querer, as situações do lado de fora vão moldando a nossa respiração.

Hoje em dia a maioria das pessoas tem uma vida corrida. Normalmente, as pessoas são corridas, tem muita coisa para fazer, e isso vai alterando as pessoas. Muitas vezes, o falar rápido não vem da...

Na hora do nervosismo, o que a gente não percebe é que a nossa respiração tem duas etapas: inspirar e expirar. O nervosismo molda a minha respiração, modifica o estado em que eu estava e começo a ficar muito tensa. O

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amigo diz: respira. Só que sou tensa, sou uma pilha de nervos. Respiro e fico mais desesperada ainda.

Da mesma forma que quando estou nervosa, perco ar, se faço isso na montanha russa também, vou acumulando tensão. Acumular tensão no meu corpo significa mais adrenalina, mais cortisol, mais estresse. Viro literalmente uma pilha de nervos. Saio do palco e odiei fazer isso, nunca mais quero fazer isso na minha vida porque me faz sofrer absurdamente.

Quem grita em montanha russa está relaxando porque está soltando ar. Quando solto ar, libero endorfina no meu corpo, e acho que vai dar tudo certo. E isso também pode acontecer na nossa fala. Na hora do nervosismo, você nunca vai fazer isso de forma automática. Você tem que lembrar e querer soltar o ar e soltar o ar. A partir desse momento, você vai experimentar uma tranquilidade que vai refletir em seu emocional também.

Se solto o ar, começo a relaxar e idêntico como quero me sentir. Inspirar é reflexo. Não precisa se preocupar em inspirar profundamente. Se você se preocupa somente em soltar o ar, a inspiração já vai vir profunda.

No exercício físico, mesmo se desgastando, você relaxa. Quem gosta de falar em publico? O gostar de falar em publico tem muito a ver com perceber a sua respiração quando está diante dos outros. Quando considero que o outro é uma ameaça para mim, o outro está me julgando, é provável que tenha o sentimento de fuga e nesse sentimento eu prenda a minha respiração.

A sensação de fuga vem porque prendemos a respiração a tal ponto, não fez essa troca certa de inspirar e expirar de forma equilibrada e acumulamos estresse dentro de nós e dá vontade de sair correndo. E como qualquer animal ameaçado, preciso de adrenalina para fugir.

Se eu não respiro bem, as pessoas com quem falo, se não estiverem conscientes da respiração dela, irão entrar no meu ritmo. Qualquer filme que quer ter um momento de suspense faz você prender a respiração. A música tem essa sensação de dar o suspense.

Pense se alguém estiver anotando o que você fala. O seu texto teria vírgulas e palavras? O silencio faz me ter que lidar com os meus pensamentos que continuam falando bem alto até. E como não quero lidar com os meus pensamentos.

Tem gente que quando pausa fica tão tensa que começa a rir. O riso não deixa de ser uma descarga de energia. E a pessoa começou a chorar quando não viu que a plateia riu de volta. Descarga emocional, preciso trabalhar melhor a minha respiração para lidar com isso tudo.

Na nossa fala, temos vírgulas pontos e parágrafos. Se você está falando de tópicos, não lança o próximo tópico antes de fazer uma pausa maior de parágrafo. Se eu estou falando sobre um tema, coloco um tópico, não faço pausa e já insiro o próximo, eu deixo de usar minha pausa maior que faria sentido para todo mundo processar o que tenho que falar... e tenho que correr. Tenho aquela obrigação de preencher o silencio. Se não percebo isso, o que faço? “ehhhh, né?”. Começo a preencher o silencio com a minha insegurança em forma de fala.

Voz é ar saindo, quando solto ar, libero endorfina e relaxo. Se soltar o ar me ajuda relaxar, o que posso fazer com minha voz para relaxar. Fala alto. Pessoas

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tensas não falam alto. Tem momentos que a pessoa relaxa e fica bem. Porque relaxo mesmo que não tenha falado alto? Se comecei falando baixinho, provavelmente estava com ar preso, não tive volume de voz, queria correr, tive que ficar, continuei falando, continuei soltando ar e fui criando um padrão nessa fala de soltar o ar. Crio um certo padrão na minha respiração e uma hora relaxo.

Se não quero ter esses 5 min de sofrimento, posso antes de subir ao palco ou entrar na prova e fazer uma respiração longa, soltar o ar.

“BOM DIA, excelência”. No bom dia, já acha que ela já passou. Você já tem expectativas boas, a pessoa te cumprimentou com gosto, com vontade. E a pessoa já relaxa. SOLTA A VOZ!

Temos alguns tipos de respiração que vão ajudar quando estamos falando de voz em si. Esse tipo de respiração que dá um gás maior para nossa voz é diferente da que fazemos? O pulmão é mais estreito em cima e alargado em baixo. Se você respirar nessa respiração curta, terá problema de dor no final do dia. Se no inicio do seu dia, recebe uma notícia que te deixa estressado, e percebe que aquilo altera a sua respiração e de proposito muda a respiração para o jeito do bebê. O bebê não levanta o ombro. Ele inspira e você vê a barriguinha do bebe levantando.

Se os músculos de fora que consigo sentir fizerem um movimento para auxiliar essa respiração costa diafragmática, o diafragma obedece os que os de fora estão fazendo.

O que vai dar um impulso para esse ar sair? Abre as costelas, você se sente mais calmo e consegue soltar a voz. É consequência.

Na hora do nervosismo, você só precisa lembrar de uma das etapas da respiração: soltar o ar. Se não tenho uma troca equilibrada da respiração, não consigo ter uma troca equilibrada de emoções.

Para você ajustar a respiração, você tem que ajustar a postura. Abre o peito. É abrir a costela, solta o ar e não desmonta a postura, do contrario não vai conseguir manter a respiração profunda.

STEFANO – ENTREVISTA SOCIAL

Temos a capacidade de decidir o que queremos falar. Mas devemos estar

cientes dos efeitos que queremos produzir. É fundamental definir bem o nosso querer.

Você já definiu como quer ser visto na prova oral? Para que ele veja você dessa maneira, é preciso que você também se

veja assim. É preciso fazer de tudo para chegar nesse momento e se ver dessa forma. Quem está aí deve ser visto assim. Só falta se ver assim.

Vai ter gente que vai acertar na prova oral, mas o examinador não vai ouvir ela falando.

Quando você entrar naquela sala, não pode deixar que te vejam como mais um, como o próximo.

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Como diferenciar um candidato do outro, no meio de 900? Eles tem um número para aprovar. No TJ, cada examinador tem 15 minutos – média de 5 examinadores por prova.

Tem um valor grande quando se vai na frente para a ORG treinar. De 15, na prática sobra 3 minutos de atenção real, que é o tempo que o examinador vai ter de conteúdo para entrar na cabeça dele.

Entrevista social. Quando você falar, só deve falar exclusivamente o que

você lembrar. E não tudo o que você tem. Só o que se lembra, se pode usar. Como vou diferenciar os candidatos em 3 minutos de tão magnífico? Vou ouvir a mesma coisa de todo mundo. Mas há coisas que pesam.

Por que fazem a entrevista social? Todos tem investigação social. Uns mais, outros menos. Uns vem a saber, outros não.

Entrevista social. O que eles querem saber? Tem alguns lugares em que essas entrevistas são mais pesadas. Magistratura de SP é complicado com entrevista social. O CNJ teve que se meter, pois reprovaram muita gente na entrevista.

Cartório. Primeiro a entrevista e os examinadores ficam do lado ouvindo tudo. “Por conta de candidato como você, temos que fazer concurso todo ano”. De que adianta passar uma pessoa que sabe tudo se ela no dia seguinte for embora?

Não deve ter obstáculo para ir para a região, nem para ficar na instituição. Respondeu tudo certo, mas já descobri que não vou ficar aqui. Não minta na entrevista social. Mentira tem pernas curtas. Não pode mentir, mas você pode omitir. Se ninguém te perguntou, para que você vai falar? Você tem direito de ficar calado, se vier a falar, tudo que você falar pode ser usado contra você.

Não confunda entrevista social com terapia. Seja objetivo nas respostas. Fale pouco. Mas há coisas importantes a

serem ditas. Tem coisas que se falar já ganho pontos. Exemplo. Já tem membros magistrados na família. Mora no estado ou é do Estado. Já tem experiência na área.

Você quer ficar aqui? Temos que saber qual verdade falar. E temos que saber o que queremos.

Candidato do RJ e SP. Perguntaram se ele queria SP ou RJ, ele disse RJ. E ele foi reprovado. Ele foi honesto com a banca. Mas foi desonesto consigo mesmo. ele foi fazer o que em SP? Ele queria SP, menos, mais, mas queria. Mais vale um pássaro na mão, do que dois voando. Esse examinador tinha o poder de impedir o concurso de RJ? E tinha o poder de impedir em SP? Sim. Ele já foi juiz de SP para saber se não queria ficar lá? Ele lá sabe do futuro para saber se quer RJ ou SP? Tinha que chegar no horário da oral do RJ.

Se você mostrar dois brinquedos para uma criança, pergunta o que ela quer. Ela quer os dois. E se ele perguntar sobre os que fizeram no ano passado? Só pode um. Criança bota um bocado de brigadeiro na boca na festa de criança. Não consegue comer. Tem que cuspir.

Se ele falasse que queria SP ao invés de RJ, estaria mentindo? Para o professor, não. “Até que outro concurso os separe”.

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Sim, Dr. Já fiz vários outros concursos, aulas, muitas horas de estudos me preparei e eles me ajudaram na trajetória para chegar até aqui. Que o que quero é o de SP.

Mas ele me perguntou... pode responder o que você quer que ele ouça. “A vida inteira morou aqui e não gosta”. Mas porque você não faz concurso no Ceará? Falar do sonho de SP. Objetivo é falar do que você vai ficar. Foco nele. Esquece o outro.

Valoriza o que você vai. Por que você quer ali? - já fez estágio na instituição? - Já trabalhou na instituição? - Já teve professores na instituição? Ou conheceu alguém? - Monografia cuja matéria seja relativa? - Se tem gente na família na área jurídica? - Você conhece profissionais da área já? Tem amigos que já são?

Amigos que incentivaram você. - Já teve oportunidade de estar no cartório. - Experiência em gestão de pessoas? Além do concurso de remoção, é

que o cartório não tem um salario fixo, e meu potencial fará a diferença, e me esforçarei para aumentar a minha remuneração, se mantiver a presença no cartório e estar em dia com a minha equipe do lado, ele será muito melhor. A população está próxima, se eu mostrar o quanto posso desafogar o Judiciário com seus acessos, tenho certeza que posso melhorar isso. O que quero consegui, que é estar no estado de SP.

Da instituição. - É uma instituição promissora, em desenvolvimento, tem uma

estrutura que tenho certeza que vou poder usar para fazer um bom trabalho, viver da maneira que quero.

- A instituição já tem pessoas que não são do Estado, são de fora, e não saíram mais. ESSA É ÓTIMA! São muitos que vieram de fora, ficaram aqui e não saíram.

- Dizer que conhece o Estado. Conheço pessoas no Piauí. Tive contato com pessoas fora do Piauí que querem vir para cá. Estudei com pessoas de fora que estão no concurso e querem vir para cá. E não vejo a hora de começar a trabalhar no Estado. É um Estado promissor, que está em desenvolvimento. Temos seu ponto positivo.

- Dá uma entrada no Google e ver o que tem de coisas positivas. Olhar os valores da região que levam a um investimento e crescimento na região.

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- São muitas as pessoas que vem de fora para cá e não sai, tenho certeza que sou um desses.

- Foi onde investi, não foi fácil, não foi rápido, nem foi barato. Não vejo a hora de começar a trabalhar e focar no meu trabalho, por que estudar para concurso é muito cansativo e oneroso, e conquistando o que quero no estado que escolhi, é o que quero.

Essa é a ideia.

POSTURA Empoderamento. Ela influencia também nossos pensamentos. Fazer a

postura de empoderamento por 5 minutos da prova. Quando temos uma apresentação importante, é o dia para você buscar se alinhar e perceber os efeitos que essa postura irá gerar em você.

Sentir os pés no chão. A sensação de eu estou aqui e sinto meus pés no

chão. Cristiano Ronaldo colocou os pés no chão, ao jogarem a bola, e disse eu estou aqui. Esse é um exercício de estar presente. Quando ele fala: eu estou aqui, el sente os pés no chão e ele se coloca presente naquela situação. Temos a tendência de não sentir os pés no chão. Por isso as emoções gerarem frases do tipo “eu estou nas nuvens”, ou “perdi o chão”. Quando nos sentimos muito emocionados, somos dominados pelas nossas emoções, nós não sentimos os pés no chão. Quando Cristiano Ronaldo diz “eu estou aqui”, isso gera um efeito de presença. E isso gera um efeito no outro. Quando estou no time dele e vejo que Cristiano Ronaldo está presente no jogo, agora a gente pode ganhar. Se eu sou da arquibancada, também. Se adversário, também. Sentir os pés no chão é fundamental. Os pés são a base da casa de vocês, que é o corpo de vocês.

Pés sentindo o chão. Se eu falo e o tempo todo dou pulinhos, uma parte

quer ir embora, a outra fica. A base que se altera, gera em mim qual estado? Chegou na balada. A moça está lá e vira o pé de lado. O que você fez com a base do individuo? Ela desestabilizou. Quando você coloca a cabelo de lado, por favor me aceita. Mexer no cabelo, preocupada com a aparência. “Eu fiz e não funcionou”. Tem que virar a cabeça, o pezinho, o cabelo e olhar no olho dele. Se olhar para outro, a chance é do coleguinha.

Chego na entrevista de emprego, a pessoa pede para eu falar em pé na dinâmica e fico me mexendo. O outro não sabe dizer, mas não sabe por que. Passou uma certa insegurança. Se eu separo bem os pés.

Quando um animal se sente atacado, tem duas posturas de reação. Nos, como animais conscientes, conseguimos controlar essa postura. Porém quando essa postura está inconsciente, quando não me percebo, não consigo controlar isso. E uma das reações de medo é atacar de volta. O cachorro quando se sente ameaçado ou morde ou se encolhe. Temos uma tendência inconsciente e irracional quando

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somos ameaçados atacamos de volta ou encolher. Postura da bailarina é uma postura de encolher.

A postura de fragilidade não é errada. Posso fazer isso, mas tenho que saber com quem estou falando e qual efeito quero gerar. Com a banca examinadora não dá, por que ele não terá essa sensibilidade com você e com o seu discurso.

Se quiser deslocar o meu quadril para frente, o que gera? Desleixo, preguiça, cansaço.

Jeca Tatu, Nelson da Capetinga. Eles tem uma postura desleixada, de cansaço.

Cumprimento é olhar no olho e apertar a mão. Se não der para falar a todos, diz bom dia a todos abrindo as mãos.

Se falo com o quadril para trás, me afasto. Se coloco o quadril para o lado, fritando bolinho. Dependendo de como jogo o quadril para o lado, posso desvalorizar o meu conteúdo.

Mãos. Para que servem as mão. Na comunicação, as mãos servem para, conforme vou gesticulando, vou transmitindo emoções, sensações e sentimentos e vou complementando o conteúdo do meu discurso. A área do nosso cérebro responsável pela fluência verbal é responsável por esses movimentos finos. É comum que ao falar busque gesticular para complementar a fluência.

Atenção para alguns gestuais. Gesto de apontar. É uma forma de comunicação. Quando passa o dedo e acabo indicando a pessoa, indico ele.

O gestual associativo com palavrão, cuidado. A mão vai ser trabalhada a mão direita, esquerda, as duas. Direito, esquerda, duas. Direita, esquerda, duas. Com o tempo, vou desenvolvendo de acordo com a minha fala.

Para plateia de até 50 pessoas, acima da linha da cintura e abaixo do ombro. Acima de 50 pessoas, posso aumentar.

No caso da Marília Gabriela, não precisa ter o gestual tão amplo porque a câmara já está perto.

Postura da cabeça baixa. Desconfiança. O ambidestro é aquele em que dois lados do cérebro atua como

dominante. Nossa senhora é mãe, acolhe, não olha com o queixo para cima. Ela olha

para a gente com a cabeça levemente de lado. De lado, acolhe, para cima, encara para baixo, desconfia, reto, neutro.

Altura do microfone. Na altura do meio do pescoço do gogó dos homens

– no caso de mulher. O microfone é unidirecional, em que estar virado para a boca. Mas se ele estiver muito próximo, abafa.

Vou me movimentar, seguro o fio, paro e solto. Você só enrola se você for ficar se movimentando. A gente não, segura o microfone, anda, parou de andar, solta.

Microfone sem fio. Tem que reparar nas pilhas, pois elas acabam menos

de uma hora. Microfone de lapela, coloca o receptor, liga, usa. Se parou de usar,

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desliga e tira. As vezes a pessoa vai para o banheiro, fala do palestrante a seguir, e todo mundo escuta.

Microfone headfone é o mais ‘facil’, ele encaixa na orelha e vai até a

boca. Ele é de uso pessoal e intransferível. Você não deve compartilhar com outras pessoas. Ele pega na boca e está em contato direto com a saliva. Como ele é encaixado na orelha, se a pessoa estiver com uma otite ou micose pode ser transmitido ao próximo palestrante.

Empresa de telemarketing ficou om 70% do efetivo afastado por conta de otite. Um dia, uma pessoa chegou com uma infecção de ouvido, começou a trabalhar. Depois, voltou, sentou em outra mesa. E assim por diante. O ideal seria que cada um tivesse seu fone, ou que ao menos trocasse as esponjas.

Sentar. Quando sento nos isquius estimulo o tônus. Quando a gente

senta no sofá com a postura largada, ela propicia um cansaço, preguiça. É importante alinhar.

O encosto de cadeira é alto, quando se encosta atrás pode passar neutralidade. Se ele vai para traz, ele diminui o tamanho dele. Pode até encostar lá atrás, mas a postura dele não pode se basear no encosto, mas no alinhamento. Se ele puder levantar e sentar sem fazer nenhum reajuste, está certo. Se ele ficar relaxado, primeiro tem que jogar o corpo para frente.

Pés paralelos ao joelho e ao ombro. Postura mais neutra no homem. Postura do calcanhar sobre o joelho da outra perna. Em algumas culturas orientais é considerado ofensivo mostrar a sola do pé. Pés cruzados atrás. Pode, desde que esteja com o reforço alinhado. As mulheres podem fazer a base dos pés paralelos ao ombro. Pode cruzar as pernas, mas por mais que a saia não seja curta, a tendência é subir, e isso não é tão adequado.

O ideal é que o joelho esteja apontado para o chão. Se eu cruzo, fica ainda melhor, se coloco o pé para o lado, sigo o manual de etiqueta. Para entrar e sair de veículos, junta o joelho, puxa a perna junta, e vai.

Elegância. Elegância é a capacidade de adequação do individuo ao

ambiente. A roupa está elegante para dar aula? Sim, está adequada. Essa mesma roupa com o salto para ir a praia, está elegante? Não, está inadequada. Para ir para um casamento, está elegante? Não, está inadequada. A elegância te a ver com a adequação. Adequação do vocabulário com a plateia.

Médico afastado do serviço porque ele debochou da fala do paciente. E ele colocou na internet a fala do cliente debochando. Ele foi afastado do serviço dele. Muitas vezes, não temos acesso a informação que o outro tem. Ele não adequou o conteúdo dele a plateia. A falta de clareza nossa com a plateia é muitas vezes deselegante. Como juiz, é preciso ter uma adequação de vocabulário a depender de com quem esteja falando.

Essa elegância de adequação do vocabulário na plateia, também faz parte da postura.

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Sensualidade. E sensualidade, vocês acham que devem ser sensuais com a plateia? Sensualidade não tem nada a ver com jogar o cabelo de lado, seduzir a banca. Sensualidade, vem do latim sensos, da palavra sentido. O que sinto quais as sensações que aquela fala conduz. Ser sensual no palco é estar atento a se tem uma gravata torta, item aberto, se o cheiro está adequado, olhar a sua voz, perceber o seu olhar, quanto mais sentidos estimulamos da plateia, mais sensuais nós somos. A sensualidade é muitas vezes atrelada a sexualidade, mas não necessariamente.

“Como é agradável estar perto de fulano”. A pessoa olha nos olhos, te percebe, tem uma boa postura, está adequada ao ambiente. Essa adequação faz parte da sensualidade.

Tem que estar sensual na palestra. O ideal é falar como ele falou. Se ele sentir que o ego foi abalado por

algum motivo, pode não ser legar. Então, primeiro você repete igual ele diz, depois, no decorrer, pode repetir da forma correta.

Prova oral. 5 minutos do dia, adequa a postura, começa a falar diante do espelho o conteúdo. É bom para adequar a forma escrita a fala. Falar sobre aquilo que você estudou é perrengue. Você busca falar diante do espelho trabalhando as duas mãos, o alinhamento.

Chega na sala. Dar bom dia / boa tarde / boa noite. Esperar para sentar?