ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS - ppac.ufc.br · organizations assign importance to human...

766
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JÚNIOR ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS – ONGs COMO ESPAÇO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL FORTALEZA 2006

Transcript of ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS - ppac.ufc.br · organizations assign importance to human...

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO, ATURIA E CONTABILIDADE CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAO

    CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JNIOR ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS ONGs COMO ESPAO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL

    FORTALEZA 2006

  • CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JNIOR

    ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS - ONGs COMO ESPAO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal do Cear, como

    requisito parcial para obteno do Ttulo de Mestre.

    rea de Concentrao

    Gesto Estratgica e Instrumental de Recursos Humanos

    Orientador

    Prof. Dr. Serafim Firmo de Souza Ferraz

    FORTALEZA 2006

  • CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JNIOR

    ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS - ONGs COMO ESPAO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal do Cear, como requisito parcial para obteno do Ttulo de Mestre, na rea de concentrao Gesto Estratgica e Instrumental de Recursos Humanos.

    Aprovada em: 17/11/ 2006

    Banca examinadora

    ___________________________________ Prof. Dr. Serafim Firmo de Souza Ferraz Universidade Federal do Cear UFC

    (Orientador)

    ___________________________________ Prof.a Dr. a Maria Vilma Coelho Moreira Universidade de Fortaleza - UNIFOR

    ___________________________________ Prof. a Dr.a Vernica Moraes Ximenes Universidade Federal do Cear UFC

  • Aos meus pais, Carlos e Ceclia, em agradecimento

    ddiva da vida, fruto do sonho e do amor dessa unio.

    Aos queridos amigos e amigas de caminhada, na luz a na sombra!

    A Deus, que est sempre comigo, quando vou surfar cedinho

    na praia do futuro.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo, em especial, aos queridos amigos ngela Sampaio e Guilherme Sampaio, por terem me proporcionado, por meio do Barracrdito, o primeiro contato com o universo das ONGs e com outra Fortaleza at ento desconhecida por mim. Obrigado ao meu orientador, Prof. Dr. Serafim Firmo de Souza Ferraz, que acolheu minhas inexperincias, mas no foi conivente com minhas resistncias, e que soube, nos momentos mais difceis, mostrar uma luz no fim do tnel. Aos meus colegas de trabalho, equipe do Programa Autogesto, Heliane Cpua Dallapcula, Rafael H.P. Vilela, Andr Fontenelle, Audenice Pires e demais colaboradores. Obrigado pelos estmulos nas horas difceis, pela escuta e pelo apoio nos momentos de minhas ausncias. Agradeo aos colegas da turma do Mestrado em Administrao 2004, nas pessoas de Eloisa, Maria do Cu, Mrcio, Michele, Joo Batista, Adriana, Fabrcio e demais colegas, com quem tive a grata oportunidade de aprender e compartilhar conhecimentos e experincias profissionais e pessoais. Agradeo tambm ao meu amigo Joo da Motta Prado da Silva, pelo incentivo e o estimulo a ingressar nessa jornada! Aos dirigentes, coordenadores, gestores e colaboradores das ONGs pesquisadas. Muito obrigado pela disponibilizao das informaes to relevantes para esta pesquisa. Agradeo aos professores do Mestrado Profissional em Administrao, em especial, ao professor coordenador doutor Augusto Cabral, com quem pude aprender outras possibilidades do estudo e aplicao da Administrao: que no como brao armado da Economia. Agradeo as minhas irms Denise e Renata, pelo exemplo de dedicao, responsabilidade e entrega que vocs dedicam ao magistrio, seja dentro ou fora de sala de aula. Agradeo a minha querida sobrinha Gabriela, por me haver possibilitado o acesso e a consulta de obras relevantes para o meu estudo, bem como pelo apoio tecnolgico necessrio coleta de dados. Aos amigos do Pathwork, Rino Marconi, Elza, Francisco Antnio (Jnior), Guilherme, Marco Antnio (Marquinhos), Francisco Jos (Fran), Gustavo, ngela e Silvana. Vocs so muito importantes na minha vida.

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO, ATURIA E CONTABILIDADE CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAO

    CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JNIOR ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS ONGs COMO ESPAO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL

    FORTALEZA 2006

  • CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JNIOR

    ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS - ONGs COMO ESPAO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal do Cear, como

    requisito parcial para obteno do Ttulo de Mestre.

    rea de Concentrao

    Gesto Estratgica e Instrumental de Recursos Humanos

    Orientador

    Prof. Dr. Serafim Firmo de Souza Ferraz

    FORTALEZA 2006

  • CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JNIOR

    ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS - ONGs COMO ESPAO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal do Cear, como requisito parcial para obteno do Ttulo de Mestre, na rea de concentrao Gesto Estratgica e Instrumental de Recursos Humanos.

    Aprovada em: 17/11/ 2006

    Banca examinadora

    ___________________________________ Prof. Dr. Serafim Firmo de Souza Ferraz Universidade Federal do Cear UFC

    (Orientador)

    ___________________________________ Prof.a Dr. a Maria Vilma Coelho Moreira Universidade de Fortaleza - UNIFOR

    ___________________________________ Prof. a Dr.a Vernica Moraes Ximenes Universidade Federal do Cear UFC

  • Aos meus pais, Carlos e Ceclia, em agradecimento

    ddiva da vida, fruto do sonho e do amor dessa unio.

    Aos queridos amigos e amigas de caminhada, na luz a na sombra!

    A Deus, que est sempre comigo, quando vou surfar cedinho

    na praia do futuro.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo, em especial, aos queridos amigos ngela Sampaio e Guilherme Sampaio, por terem me proporcionado, por meio do Barracrdito, o primeiro contato com o universo das ONGs e com outra Fortaleza at ento desconhecida por mim. Obrigado ao meu orientador, Prof. Dr. Serafim Firmo de Souza Ferraz, que acolheu minhas inexperincias, mas no foi conivente com minhas resistncias, e que soube, nos momentos mais difceis, mostrar uma luz no fim do tnel. Aos meus colegas de trabalho, equipe do Programa Autogesto, Heliane Cpua Dallapcula, Rafael H.P. Vilela, Andr Fontenelle, Audenice Pires e demais colaboradores. Obrigado pelos estmulos nas horas difceis, pela escuta e pelo apoio nos momentos de minhas ausncias. Agradeo aos colegas da turma do Mestrado em Administrao 2004, nas pessoas de Eloisa, Maria do Cu, Mrcio, Michele, Joo Batista, Adriana, Fabrcio e demais colegas, com quem tive a grata oportunidade de aprender e compartilhar conhecimentos e experincias profissionais e pessoais. Agradeo tambm ao meu amigo Joo da Motta Prado da Silva, pelo incentivo e o estimulo a ingressar nessa jornada! Aos dirigentes, coordenadores, gestores e colaboradores das ONGs pesquisadas. Muito obrigado pela disponibilizao das informaes to relevantes para esta pesquisa. Agradeo aos professores do Mestrado Profissional em Administrao, em especial, ao professor coordenador doutor Augusto Cabral, com quem pude aprender outras possibilidades do estudo e aplicao da Administrao: que no como brao armado da Economia. Agradeo as minhas irms Denise e Renata, pelo exemplo de dedicao, responsabilidade e entrega que vocs dedicam ao magistrio, seja dentro ou fora de sala de aula. Agradeo a minha querida sobrinha Gabriela, por me haver possibilitado o acesso e a consulta de obras relevantes para o meu estudo, bem como pelo apoio tecnolgico necessrio coleta de dados. Aos amigos do Pathwork, Rino Marconi, Elza, Francisco Antnio (Jnior), Guilherme, Marco Antnio (Marquinhos), Francisco Jos (Fran), Gustavo, ngela e Silvana. Vocs so muito importantes na minha vida.

  • RESUMO

    As organizaes no governamentais - ONGs cada vez mais se expandem e assumem papel relevante na sociedade contempornea. Com o crescimento das ONGs no contexto brasileiro e mundial aumenta tambm o interesses das pessoas de ingressarem no universo de trabalho das ONGs, pressupe-se, movidas por um forte senso de dedicao a causas sociais, mas tambm de obter reconhecimento pessoal e profissional pelo exerccio de um trabalho que lhes faa sentido. Por outro lado, a expanso das ONGs traz alguns desafios, dentre esses a necessidade de se adotarem prticas e procedimentos de gesto que visem atrair, desenvolver e reter profissionais competentes e mobilizados, com fins a obter resultados efetivos em suas aes, sobretudo num contexto de intensa concorrncia por recursos financeiros. O presente estudo tem por objetivo investigar se as ONGs constituem espao de investimento profissional, a partir da anlise terica dos conceitos de ingresso, permanncia e evaso de profissionais, na perspectiva das pessoas que atuam nas ONGs e delas prprias, mediante abordagem crtica-reflexiva dos subsistemas de gesto de pessoas eventualmente adotados. Esta pesquisa se caracteriza como exploratria e descritiva, por meio de estudo de caso mltiplo, e valeu-se da aplicao de 12 (doze) entrevistas e 19 (dezenove) questionrios, junto aos gestores e colaboradores, respectivamente, de 3 (trs) das maiores ONGs do Estado do Cear. As informaes foram tratadas qualitativamente com emprego de instrumentos quantitativos. A pesquisa permitiu constatar que as organizaes estudadas atribuem importncia gesto de pessoas, entretanto no adotam prticas estruturadas que visem a promover sua permanncia, percebendo-se que seu ingresso e permanncia ocorrem a partir do desejo de se capacitarem profissionalmente, de encontrarem nessas organizaes um espao de identificao com as causas sociais que defendem e nos quais acreditam, e pelo ambiente de trabalho (clima organizacional) proporcionado. Palavras-chave: ONGs; gesto nas ONGs; motivaes profissionais; gesto de pessoas nas ONGs; carreira.

  • ABSTRACT

    The Non-governmental organizations (NGOs) progressively expand and assume a relevant role in contemporary society. With NGOs expansion in Brazil and the rest of the world, also increases people interest to enter this universe, motivated by a strong sense of dedication to social causes, as well as to achieve personal and professional recognition through the exercise of a labor that could make sense to him or her. On the other hand, NGOs expansion brings some challenges, among them the adoption of managerial practices and procedures aiming to attract, develop and retain competent and dedicated professionals, in order to achieve effective results in its actions, especially in a context of intensive competition for financial resources. This study aims to investigate whether NGOs represent opportunity for professional investment, and was based on theoretical analysis of concepts such as people hiring, keeping and resigning, in the perspective of people employed with them and in NGOs own perspective, through a critical-reflexive approach of human management subsystems, eventually adopted. This is an explanatory and descriptive research, managed through a multiple case study, subsided by 12 (twelve) interviews and 19 (nineteen) questionnaires answered by managers and collaborators of 3 (three) most prominent NGO in Brazilian state of Cear. Data were treated qualitatively employing quantitative instruments. The research allowed to evidence that surveyed organizations assign importance to human management, nevertheless not adopting structured practices in order to promote the collaborators permanence, discerning that hiring and permanence of them proceeds from the desire of professional qualification, of joining in these organizations an space of identification with the social causes that he/she protect and believe, and by the work environment (organizational climate) provided. Key-words: NGOs; NGOs management; motivation of professionals; human management in NGOs; career.

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO, ATURIA E CONTABILIDADE CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAO

    CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JNIOR ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS ONGs COMO ESPAO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL

    FORTALEZA 2006

  • CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JNIOR

    ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS - ONGs COMO ESPAO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal do Cear, como

    requisito parcial para obteno do Ttulo de Mestre.

    rea de Concentrao

    Gesto Estratgica e Instrumental de Recursos Humanos

    Orientador

    Prof. Dr. Serafim Firmo de Souza Ferraz

    FORTALEZA 2006

  • CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JNIOR

    ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS - ONGs COMO ESPAO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal do Cear, como requisito parcial para obteno do Ttulo de Mestre, na rea de concentrao Gesto Estratgica e Instrumental de Recursos Humanos.

    Aprovada em: 17/11/ 2006

    Banca examinadora

    ___________________________________ Prof. Dr. Serafim Firmo de Souza Ferraz Universidade Federal do Cear UFC

    (Orientador)

    ___________________________________ Prof.a Dr. a Maria Vilma Coelho Moreira Universidade de Fortaleza - UNIFOR

    ___________________________________ Prof. a Dr.a Vernica Moraes Ximenes Universidade Federal do Cear UFC

  • Aos meus pais, Carlos e Ceclia, em agradecimento

    ddiva da vida, fruto do sonho e do amor dessa unio.

    Aos queridos amigos e amigas de caminhada, na luz a na sombra!

    A Deus, que est sempre comigo, quando vou surfar cedinho

    na praia do futuro.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo, em especial, aos queridos amigos ngela Sampaio e Guilherme Sampaio, por terem me proporcionado, por meio do Barracrdito, o primeiro contato com o universo das ONGs e com outra Fortaleza at ento desconhecida por mim. Obrigado ao meu orientador, Prof. Dr. Serafim Firmo de Souza Ferraz, que acolheu minhas inexperincias, mas no foi conivente com minhas resistncias, e que soube, nos momentos mais difceis, mostrar uma luz no fim do tnel. Aos meus colegas de trabalho, equipe do Programa Autogesto, Heliane Cpua Dallapcula, Rafael H.P. Vilela, Andr Fontenelle, Audenice Pires e demais colaboradores. Obrigado pelos estmulos nas horas difceis, pela escuta e pelo apoio nos momentos de minhas ausncias. Agradeo aos colegas da turma do Mestrado em Administrao 2004, nas pessoas de Eloisa, Maria do Cu, Mrcio, Michele, Joo Batista, Adriana, Fabrcio e demais colegas, com quem tive a grata oportunidade de aprender e compartilhar conhecimentos e experincias profissionais e pessoais. Agradeo tambm ao meu amigo Joo da Motta Prado da Silva, pelo incentivo e o estimulo a ingressar nessa jornada! Aos dirigentes, coordenadores, gestores e colaboradores das ONGs pesquisadas. Muito obrigado pela disponibilizao das informaes to relevantes para esta pesquisa. Agradeo aos professores do Mestrado Profissional em Administrao, em especial, ao professor coordenador doutor Augusto Cabral, com quem pude aprender outras possibilidades do estudo e aplicao da Administrao: que no como brao armado da Economia. Agradeo as minhas irms Denise e Renata, pelo exemplo de dedicao, responsabilidade e entrega que vocs dedicam ao magistrio, seja dentro ou fora de sala de aula. Agradeo a minha querida sobrinha Gabriela, por me haver possibilitado o acesso e a consulta de obras relevantes para o meu estudo, bem como pelo apoio tecnolgico necessrio coleta de dados. Aos amigos do Pathwork, Rino Marconi, Elza, Francisco Antnio (Jnior), Guilherme, Marco Antnio (Marquinhos), Francisco Jos (Fran), Gustavo, ngela e Silvana. Vocs so muito importantes na minha vida.

  • RESUMO

    As organizaes no governamentais - ONGs cada vez mais se expandem e assumem papel relevante na sociedade contempornea. Com o crescimento das ONGs no contexto brasileiro e mundial aumenta tambm o interesses das pessoas de ingressarem no universo de trabalho das ONGs, pressupe-se, movidas por um forte senso de dedicao a causas sociais, mas tambm de obter reconhecimento pessoal e profissional pelo exerccio de um trabalho que lhes faa sentido. Por outro lado, a expanso das ONGs traz alguns desafios, dentre esses a necessidade de se adotarem prticas e procedimentos de gesto que visem atrair, desenvolver e reter profissionais competentes e mobilizados, com fins a obter resultados efetivos em suas aes, sobretudo num contexto de intensa concorrncia por recursos financeiros. O presente estudo tem por objetivo investigar se as ONGs constituem espao de investimento profissional, a partir da anlise terica dos conceitos de ingresso, permanncia e evaso de profissionais, na perspectiva das pessoas que atuam nas ONGs e delas prprias, mediante abordagem crtica-reflexiva dos subsistemas de gesto de pessoas eventualmente adotados. Esta pesquisa se caracteriza como exploratria e descritiva, por meio de estudo de caso mltiplo, e valeu-se da aplicao de 12 (doze) entrevistas e 19 (dezenove) questionrios, junto aos gestores e colaboradores, respectivamente, de 3 (trs) das maiores ONGs do Estado do Cear. As informaes foram tratadas qualitativamente com emprego de instrumentos quantitativos. A pesquisa permitiu constatar que as organizaes estudadas atribuem importncia gesto de pessoas, entretanto no adotam prticas estruturadas que visem a promover sua permanncia, percebendo-se que seu ingresso e permanncia ocorrem a partir do desejo de se capacitarem profissionalmente, de encontrarem nessas organizaes um espao de identificao com as causas sociais que defendem e nos quais acreditam, e pelo ambiente de trabalho (clima organizacional) proporcionado. Palavras-chave: ONGs; gesto nas ONGs; motivaes profissionais; gesto de pessoas nas ONGs; carreira.

  • ABSTRACT

    The Non-governmental organizations (NGOs) progressively expand and assume a relevant role in contemporary society. With NGOs expansion in Brazil and the rest of the world, also increases people interest to enter this universe, motivated by a strong sense of dedication to social causes, as well as to achieve personal and professional recognition through the exercise of a labor that could make sense to him or her. On the other hand, NGOs expansion brings some challenges, among them the adoption of managerial practices and procedures aiming to attract, develop and retain competent and dedicated professionals, in order to achieve effective results in its actions, especially in a context of intensive competition for financial resources. This study aims to investigate whether NGOs represent opportunity for professional investment, and was based on theoretical analysis of concepts such as people hiring, keeping and resigning, in the perspective of people employed with them and in NGOs own perspective, through a critical-reflexive approach of human management subsystems, eventually adopted. This is an explanatory and descriptive research, managed through a multiple case study, subsided by 12 (twelve) interviews and 19 (nineteen) questionnaires answered by managers and collaborators of 3 (three) most prominent NGO in Brazilian state of Cear. Data were treated qualitatively employing quantitative instruments. The research allowed to evidence that surveyed organizations assign importance to human management, nevertheless not adopting structured practices in order to promote the collaborators permanence, discerning that hiring and permanence of them proceeds from the desire of professional qualification, of joining in these organizations an space of identification with the social causes that he/she protect and believe, and by the work environment (organizational climate) provided. Key-words: NGOs; NGOs management; motivation of professionals; human management in NGOs; career.

  • SUMRIO 1 INTRODUO............................................................................................... 10 2 AS ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS ONGs......................... 2.1 Breves histricos e conceituaes das ONGs.......................................... 2.2 Do chamado terceiro setor........................................................................ 2.3 Denominaes e ideologias das ONGs e do terceiro setor...................... 2.4 Aspectos jurdico-legais............................................................................ 2.5 ONGs: natureza de suas atividades e atuaes....................................... 2.6 A organizao do campo das ONGs........................................................ 2.7 A emergncia das ONGs como campo de trabalho................................. 2.8 A emergncia das ONGs como campo de estudo....................................

    20 20 27 34 40 43 46 49 51

    3 A GESTO NAS ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS................ 3.1 Caractersticas do modelo de gesto....................................................... 3.2 Gesto da estratgia................................................................................. 3.3 Gesto de pessoas................................................................................... 3.4 Gesto Financeira e noes de resultados .............................................

    54 54 60 62

    65 4 GESTO DE PESSOAS E ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS 4.1 As ONGs e o mercado de trabalho........................................................... 4.2 A gesto de pessoas e os modelos de gesto de pessoas na

    consecuo dos objetivos das ONGs....................................................... 4.3 Recrutamento e seleo........................................................................... 4.4 Perfil / Competncias individuais dos ongueiros.................................... 4.5 Carreira investimento profissional.......................................................... 4.5.1 Carreira tradicional................................................................................... 4.5.2 Carreira proteana...................................................................................... 4.5.3 ncoras de carreira................................................................................... 4.6 Capacitao e desenvolvimento............................................................... 4.7 Polticas de remunerao e benefcios..................................................... 4.8 Clima organizacional.................................................................................

    69 69

    73 77 80 82 83 86 88 93 95 98

    5 ASPECTOS METODOLGICOS................................................................. 5.1 Tipo de pesquisa....................................................................................... 5.2 Critrios de escolhas................................................................................ 5.3 Critrios de representatividade dos sujeitos pesquisados........................ 5.4 Perodo de levantamento da pesquisa..................................................... 5.5 Coleta de dados........................................................................................ 5.6 Tratamento e anlise de dados................................................................ 5.7 Problemas e limitaes metodolgicas....................................................

    100 100 103 105 107 107 111 112

  • 6 ANLISE E INTERPRETAO DOS DADOS............................................. 6.1 Caracterizao das organizaes e sujeitos pesquisadas....................... 6.1.1 ESPLAR.................................................................................................... 6.1.2 Comunicao e Cultura............................................................................ 6.1.3 CETRA...................................................................................................... 6.2 A relevncia da gesto de pessoas na viso dos gestores...................... 6.2.1 ESPLAR.................................................................................................... 6.2.2 Comunicao e Cultura............................................................................ 6.2.3 CETRA...................................................................................................... 6.3 Fatores de ingresso, permanncia e evaso nas ONGs.......................... 6.3.1 Fatores de ingresso.................................................................................. 6.3.2 Fatores de permanncia........................................................................... 6.3.3 Fatores de evaso.................................................................................... 6.4 Prticas de gesto de pessoas................................................................. 6.4.1 Recrutamento e seleo........................................................................... 6.4.2 Carreira..................................................................................................... 6.4.3 Capacitao.............................................................................................. 6.4.4 Remunerao e polticas de benefcios adicionais................................... 6.4.5 Clima organizacional................................................................................. 6.5 Concluso.................................................................................................

    114 115 115 121 126 132 133 138 142 146 147 152 154 156 157 162 167 171 174 178

    7 CONSIDERAES FINAIS.......................................................................... 7.1 Quanto ao objetivo e pressuposto gerais................................................. 7.2 Quanto pergunta orientadora................................................................. 7.3 Quanto ao prosseguimento da pesquisa..................................................

    182 182 185 187

    REFERNCIAS...................................................................................................

    188

    APNDICES........................................................................................................

    199

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro n. 1 Quadro n. 2 Quadro n. 3 Quadro n. 4 Quadro n. 5 Quadro n. 6 Quadro n. 7

    Combinaes entre agentes................................................... Caractersticas do Terceiro Setor, segundo Salamon e Anheier.................................................................................... Publicaes sobre ONGs como mercado de trabalho............ Tipologia das entidades no governamentais em conformidade com seu grau de modernizao da gesto de recursos humanos................................................................... Modelo de administrao de pessoal...................................... Demonstrativo dos critrios da amostra intencional............... Demonstrativo dos sujeitos da pesquisa.................................

    32

    33 73

    76 77

    105 106

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura n. 1 - Habilidades do trabalhador social.................................................... 82 Figura n. 2 - Organograma CETRA................................................................... 129

  • LISTA DE GRFICOS

    Grficos n. 1 Grficos n. 2 Grficos n. 3

    Escolaridade dos colaboradores respondentes do ESPLAR......... Escolaridade dos colaboradores respondentes da Comunicao e Cultura........................................................................................ Escolaridade dos colaboradores respondentes do CETRA...........

    120

    125 131

  • LISTA DE TABELAS

    Tabelas n. 1 Tabelas n. 2 Tabelas n. 3 Tabelas n. 4 Tabelas n. 5 Tabelas n. 6 Tabelas n. 7 Tabelas n. 8 Tabelas n. 9 Tabelas n. 10 Tabelas n. 11 Tabelas n. 12 Tabelas n. 13 Tabelas n. 14

    Principais reas temticas de atuao das ONGs.................... Fontes de financiamento das ONGs ABONG 2002................ Fontes de financiamento e sua proporo no oramento total ABONG 2002.......................................................................... Faixa salarial dos colaboradores respondentes do ESPLAR.... Faixa salarial dos colaboradores respondentes da Comunicao e Cultura............................................................. Faixa salarial dos colaboradores respondentes do CETRA...... Fatores de ingresso dos colaboradores respondentes.............. Fatores de permanncia dos colaboradores respondentes...... Fatores de retirada dos colaboradores respondentes............... Contratao de pessoas............................................................ Carreira......................................................................................Capacitao............................................................................... Remunerao e poltica de benefcios...................................... Clima organizacional.................................................................

    45 65

    66

    121

    126 131 147 152 154 161 167 169 173 177

  • LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABONG Associao Brasileira de Organizaes no Governamentais ANPAD Associao Nacional de Ps-Graduao em Administrao CEATS Centro de Pesquisa em Assuntos do Terceiro Setor CETRA Centro de Estudos do Trabalho e Assessoria ao Trabalhador FGV Fundao Getlio Vargas FMI Fundo Monetrio Internacional FUNCAP Fundao Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico GIFE Grupo de Institutos, Fundaes e Empresas IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica OMC Organizao Mundial do Comrcio ONGs Organizaes no governamentais ONU Organizao das Naes Unidas OSCIP Organizao da sociedade civil de interesse pblico PIB Produto interno bruto RH Recursos Humanos UECE Universidade Estadual do Cear UFC Universidade Federal do Cear WWF World Wide Fundations

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO, ATURIA E CONTABILIDADE CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAO

    CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JNIOR ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS ONGs COMO ESPAO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL

    FORTALEZA 2006

  • CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JNIOR

    ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS - ONGs COMO ESPAO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal do Cear, como

    requisito parcial para obteno do Ttulo de Mestre.

    rea de Concentrao

    Gesto Estratgica e Instrumental de Recursos Humanos

    Orientador

    Prof. Dr. Serafim Firmo de Souza Ferraz

    FORTALEZA 2006

  • CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JNIOR

    ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS - ONGs COMO ESPAO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal do Cear, como requisito parcial para obteno do Ttulo de Mestre, na rea de concentrao Gesto Estratgica e Instrumental de Recursos Humanos.

    Aprovada em: 17/11/ 2006

    Banca examinadora

    ___________________________________ Prof. Dr. Serafim Firmo de Souza Ferraz Universidade Federal do Cear UFC

    (Orientador)

    ___________________________________ Prof.a Dr. a Maria Vilma Coelho Moreira Universidade de Fortaleza - UNIFOR

    ___________________________________ Prof. a Dr.a Vernica Moraes Ximenes Universidade Federal do Cear UFC

  • Aos meus pais, Carlos e Ceclia, em agradecimento

    ddiva da vida, fruto do sonho e do amor dessa unio.

    Aos queridos amigos e amigas de caminhada, na luz a na sombra!

    A Deus, que est sempre comigo, quando vou surfar cedinho

    na praia do futuro.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo, em especial, aos queridos amigos ngela Sampaio e Guilherme Sampaio, por terem me proporcionado, por meio do Barracrdito, o primeiro contato com o universo das ONGs e com outra Fortaleza at ento desconhecida por mim. Obrigado ao meu orientador, Prof. Dr. Serafim Firmo de Souza Ferraz, que acolheu minhas inexperincias, mas no foi conivente com minhas resistncias, e que soube, nos momentos mais difceis, mostrar uma luz no fim do tnel. Aos meus colegas de trabalho, equipe do Programa Autogesto, Heliane Cpua Dallapcula, Rafael H.P. Vilela, Andr Fontenelle, Audenice Pires e demais colaboradores. Obrigado pelos estmulos nas horas difceis, pela escuta e pelo apoio nos momentos de minhas ausncias. Agradeo aos colegas da turma do Mestrado em Administrao 2004, nas pessoas de Eloisa, Maria do Cu, Mrcio, Michele, Joo Batista, Adriana, Fabrcio e demais colegas, com quem tive a grata oportunidade de aprender e compartilhar conhecimentos e experincias profissionais e pessoais. Agradeo tambm ao meu amigo Joo da Motta Prado da Silva, pelo incentivo e o estimulo a ingressar nessa jornada! Aos dirigentes, coordenadores, gestores e colaboradores das ONGs pesquisadas. Muito obrigado pela disponibilizao das informaes to relevantes para esta pesquisa. Agradeo aos professores do Mestrado Profissional em Administrao, em especial, ao professor coordenador doutor Augusto Cabral, com quem pude aprender outras possibilidades do estudo e aplicao da Administrao: que no como brao armado da Economia. Agradeo as minhas irms Denise e Renata, pelo exemplo de dedicao, responsabilidade e entrega que vocs dedicam ao magistrio, seja dentro ou fora de sala de aula. Agradeo a minha querida sobrinha Gabriela, por me haver possibilitado o acesso e a consulta de obras relevantes para o meu estudo, bem como pelo apoio tecnolgico necessrio coleta de dados. Aos amigos do Pathwork, Rino Marconi, Elza, Francisco Antnio (Jnior), Guilherme, Marco Antnio (Marquinhos), Francisco Jos (Fran), Gustavo, ngela e Silvana. Vocs so muito importantes na minha vida.

  • RESUMO

    As organizaes no governamentais - ONGs cada vez mais se expandem e assumem papel relevante na sociedade contempornea. Com o crescimento das ONGs no contexto brasileiro e mundial aumenta tambm o interesses das pessoas de ingressarem no universo de trabalho das ONGs, pressupe-se, movidas por um forte senso de dedicao a causas sociais, mas tambm de obter reconhecimento pessoal e profissional pelo exerccio de um trabalho que lhes faa sentido. Por outro lado, a expanso das ONGs traz alguns desafios, dentre esses a necessidade de se adotarem prticas e procedimentos de gesto que visem atrair, desenvolver e reter profissionais competentes e mobilizados, com fins a obter resultados efetivos em suas aes, sobretudo num contexto de intensa concorrncia por recursos financeiros. O presente estudo tem por objetivo investigar se as ONGs constituem espao de investimento profissional, a partir da anlise terica dos conceitos de ingresso, permanncia e evaso de profissionais, na perspectiva das pessoas que atuam nas ONGs e delas prprias, mediante abordagem crtica-reflexiva dos subsistemas de gesto de pessoas eventualmente adotados. Esta pesquisa se caracteriza como exploratria e descritiva, por meio de estudo de caso mltiplo, e valeu-se da aplicao de 12 (doze) entrevistas e 19 (dezenove) questionrios, junto aos gestores e colaboradores, respectivamente, de 3 (trs) das maiores ONGs do Estado do Cear. As informaes foram tratadas qualitativamente com emprego de instrumentos quantitativos. A pesquisa permitiu constatar que as organizaes estudadas atribuem importncia gesto de pessoas, entretanto no adotam prticas estruturadas que visem a promover sua permanncia, percebendo-se que seu ingresso e permanncia ocorrem a partir do desejo de se capacitarem profissionalmente, de encontrarem nessas organizaes um espao de identificao com as causas sociais que defendem e nos quais acreditam, e pelo ambiente de trabalho (clima organizacional) proporcionado. Palavras-chave: ONGs; gesto nas ONGs; motivaes profissionais; gesto de pessoas nas ONGs; carreira.

  • ABSTRACT

    The Non-governmental organizations (NGOs) progressively expand and assume a relevant role in contemporary society. With NGOs expansion in Brazil and the rest of the world, also increases people interest to enter this universe, motivated by a strong sense of dedication to social causes, as well as to achieve personal and professional recognition through the exercise of a labor that could make sense to him or her. On the other hand, NGOs expansion brings some challenges, among them the adoption of managerial practices and procedures aiming to attract, develop and retain competent and dedicated professionals, in order to achieve effective results in its actions, especially in a context of intensive competition for financial resources. This study aims to investigate whether NGOs represent opportunity for professional investment, and was based on theoretical analysis of concepts such as people hiring, keeping and resigning, in the perspective of people employed with them and in NGOs own perspective, through a critical-reflexive approach of human management subsystems, eventually adopted. This is an explanatory and descriptive research, managed through a multiple case study, subsided by 12 (twelve) interviews and 19 (nineteen) questionnaires answered by managers and collaborators of 3 (three) most prominent NGO in Brazilian state of Cear. Data were treated qualitatively employing quantitative instruments. The research allowed to evidence that surveyed organizations assign importance to human management, nevertheless not adopting structured practices in order to promote the collaborators permanence, discerning that hiring and permanence of them proceeds from the desire of professional qualification, of joining in these organizations an space of identification with the social causes that he/she protect and believe, and by the work environment (organizational climate) provided. Key-words: NGOs; NGOs management; motivation of professionals; human management in NGOs; career.

  • SUMRIO 1 INTRODUO............................................................................................... 10 2 AS ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS ONGs......................... 2.1 Breves histricos e conceituaes das ONGs.......................................... 2.2 Do chamado terceiro setor........................................................................ 2.3 Denominaes e ideologias das ONGs e do terceiro setor...................... 2.4 Aspectos jurdico-legais............................................................................ 2.5 ONGs: natureza de suas atividades e atuaes....................................... 2.6 A organizao do campo das ONGs........................................................ 2.7 A emergncia das ONGs como campo de trabalho................................. 2.8 A emergncia das ONGs como campo de estudo....................................

    20 20 27 34 40 43 46 49 51

    3 A GESTO NAS ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS................ 3.1 Caractersticas do modelo de gesto....................................................... 3.2 Gesto da estratgia................................................................................. 3.3 Gesto de pessoas................................................................................... 3.4 Gesto Financeira e noes de resultados .............................................

    54 54 60 62

    65 4 GESTO DE PESSOAS E ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS 4.1 As ONGs e o mercado de trabalho........................................................... 4.2 A gesto de pessoas e os modelos de gesto de pessoas na

    consecuo dos objetivos das ONGs....................................................... 4.3 Recrutamento e seleo........................................................................... 4.4 Perfil / Competncias individuais dos ongueiros.................................... 4.5 Carreira investimento profissional.......................................................... 4.5.1 Carreira tradicional................................................................................... 4.5.2 Carreira proteana...................................................................................... 4.5.3 ncoras de carreira................................................................................... 4.6 Capacitao e desenvolvimento............................................................... 4.7 Polticas de remunerao e benefcios..................................................... 4.8 Clima organizacional.................................................................................

    69 69

    73 77 80 82 83 86 88 93 95 98

    5 ASPECTOS METODOLGICOS................................................................. 5.1 Tipo de pesquisa....................................................................................... 5.2 Critrios de escolhas................................................................................ 5.3 Critrios de representatividade dos sujeitos pesquisados........................ 5.4 Perodo de levantamento da pesquisa..................................................... 5.5 Coleta de dados........................................................................................ 5.6 Tratamento e anlise de dados................................................................ 5.7 Problemas e limitaes metodolgicas....................................................

    100 100 103 105 107 107 111 112

  • 6 ANLISE E INTERPRETAO DOS DADOS............................................. 6.1 Caracterizao das organizaes e sujeitos pesquisadas....................... 6.1.1 ESPLAR.................................................................................................... 6.1.2 Comunicao e Cultura............................................................................ 6.1.3 CETRA...................................................................................................... 6.2 A relevncia da gesto de pessoas na viso dos gestores...................... 6.2.1 ESPLAR.................................................................................................... 6.2.2 Comunicao e Cultura............................................................................ 6.2.3 CETRA...................................................................................................... 6.3 Fatores de ingresso, permanncia e evaso nas ONGs.......................... 6.3.1 Fatores de ingresso.................................................................................. 6.3.2 Fatores de permanncia........................................................................... 6.3.3 Fatores de evaso.................................................................................... 6.4 Prticas de gesto de pessoas................................................................. 6.4.1 Recrutamento e seleo........................................................................... 6.4.2 Carreira..................................................................................................... 6.4.3 Capacitao.............................................................................................. 6.4.4 Remunerao e polticas de benefcios adicionais................................... 6.4.5 Clima organizacional................................................................................. 6.5 Concluso.................................................................................................

    114 115 115 121 126 132 133 138 142 146 147 152 154 156 157 162 167 171 174 178

    7 CONSIDERAES FINAIS.......................................................................... 7.1 Quanto ao objetivo e pressuposto gerais................................................. 7.2 Quanto pergunta orientadora................................................................. 7.3 Quanto ao prosseguimento da pesquisa..................................................

    182 182 185 187

    REFERNCIAS...................................................................................................

    188

    APNDICES........................................................................................................

    199

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro n. 1 Quadro n. 2 Quadro n. 3 Quadro n. 4 Quadro n. 5 Quadro n. 6 Quadro n. 7

    Combinaes entre agentes................................................... Caractersticas do Terceiro Setor, segundo Salamon e Anheier.................................................................................... Publicaes sobre ONGs como mercado de trabalho............ Tipologia das entidades no governamentais em conformidade com seu grau de modernizao da gesto de recursos humanos................................................................... Modelo de administrao de pessoal...................................... Demonstrativo dos critrios da amostra intencional............... Demonstrativo dos sujeitos da pesquisa.................................

    32

    33 73

    76 77

    105 106

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura n. 1 - Habilidades do trabalhador social.................................................... 82 Figura n. 2 - Organograma CETRA................................................................... 129

  • LISTA DE GRFICOS

    Grficos n. 1 Grficos n. 2 Grficos n. 3

    Escolaridade dos colaboradores respondentes do ESPLAR......... Escolaridade dos colaboradores respondentes da Comunicao e Cultura........................................................................................ Escolaridade dos colaboradores respondentes do CETRA...........

    120

    125 131

  • LISTA DE TABELAS

    Tabelas n. 1 Tabelas n. 2 Tabelas n. 3 Tabelas n. 4 Tabelas n. 5 Tabelas n. 6 Tabelas n. 7 Tabelas n. 8 Tabelas n. 9 Tabelas n. 10 Tabelas n. 11 Tabelas n. 12 Tabelas n. 13 Tabelas n. 14

    Principais reas temticas de atuao das ONGs.................... Fontes de financiamento das ONGs ABONG 2002................ Fontes de financiamento e sua proporo no oramento total ABONG 2002.......................................................................... Faixa salarial dos colaboradores respondentes do ESPLAR.... Faixa salarial dos colaboradores respondentes da Comunicao e Cultura............................................................. Faixa salarial dos colaboradores respondentes do CETRA...... Fatores de ingresso dos colaboradores respondentes.............. Fatores de permanncia dos colaboradores respondentes...... Fatores de retirada dos colaboradores respondentes............... Contratao de pessoas............................................................ Carreira......................................................................................Capacitao............................................................................... Remunerao e poltica de benefcios...................................... Clima organizacional.................................................................

    45 65

    66

    121

    126 131 147 152 154 161 167 169 173 177

  • LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABONG Associao Brasileira de Organizaes no Governamentais ANPAD Associao Nacional de Ps-Graduao em Administrao CEATS Centro de Pesquisa em Assuntos do Terceiro Setor CETRA Centro de Estudos do Trabalho e Assessoria ao Trabalhador FGV Fundao Getlio Vargas FMI Fundo Monetrio Internacional FUNCAP Fundao Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico GIFE Grupo de Institutos, Fundaes e Empresas IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica OMC Organizao Mundial do Comrcio ONGs Organizaes no governamentais ONU Organizao das Naes Unidas OSCIP Organizao da sociedade civil de interesse pblico PIB Produto interno bruto RH Recursos Humanos UECE Universidade Estadual do Cear UFC Universidade Federal do Cear WWF World Wide Fundations

  • 10

    1 INTRODUO

    A partir da dcada de 1990, assistimos a uma expanso das chamadas

    organizaes no governamentais - ONGs. expressiva a relevncia que as ONGs

    exercem no mundo (FALCONER; FISCHER, 1998; LANDIM, 2002). Como diz Rifkin

    (1995), o setor empregava poca 9% da mo-de-obra e originava 7% do PIB nos

    Estados Unidos. No Reino Unido eram mais de 350 mil organizaes voluntrias,

    produzindo receita de 17 bilhes de libras esterlinas, correspondendo a 4% do PIB

    ingls.

    De modo geral, as ONGs podem se definidas como um grupo de pessoas

    que se organizam, formal e autonomamente, para executar aes no campo das

    polticas pblicas, ou seja, para buscarem resposta a problemas da sociedade nas

    mais diversas reas: educacional, poltica, econmica, cultural, de sade etc., e pelo

    legtimo exerccio de presses polticas em proveito de populaes excludas das

    condies da cidadania, sem objetivo de fins lucrativos (CICONELLO, 2003).

    Embora faam parte do chamado terceiro setor, as ONGs, se diferenciam

    deste uma vez que o terceiro setor se caracteriza por uma esfera ampla de atuao

    pblica no-estatal, formado a partir de iniciativas privadas, voluntrias, sem fins

    lucrativos, no sentido do bem comum, agregando-se, estatstica e conceitualmente,

    um conjunto altamente diversificado de instituies, no qual se incluem ONGs,

    fundaes e institutos empresariais, associaes comunitrias, entidades

    assistenciais e filantrpicas, assim como vrias outras instituies sem fins lucrativos

    (BNDES, 2001).

    As ONGs no se expandem apenas quantitativamente, mas tambm

    como relevante agente social no cenrio contemporneo, ocupando espaos onde

    os governos e empresas mercantis no conseguem ou no se propem a atuar com

    efetividade nas respostas aos problemas sociais que assolam nossa sociedade.

    Pode-se claramente observar acontecimentos em todo o mundo que

    formam um cenrio de crise, como, por exemplo: no aquecimento global que avana

  • 11

    a pleno vapor; no comrcio de drogas que esto destruindo centenas de milhares de

    vtimas; e nas 3 bilhes de pessoas que vivem com menos de dois dlares por dia

    (DOWBOR, 2002).

    Como diz Stiglitz (2002), em que pese os benefcios da globalizao

    prometidos pelas principais instituies globais Organizao Mundial do Comrcio

    - OMC, Fundo Monetrio Internacional - FMI, Banco Mundial -, para muitos pases a

    globalizao agravou a desigualdade econmica e social existente. Diante disso,

    Aktouf (2004) assevera que a entrada da humanidade no sculo XXI exige mudana

    radical nas maneiras de ver nosso mundo e de nele atuar.

    Com o crescimento das ONGs em quantidade e relevncia no contexto

    brasileiro e mundial aumenta tambm o interesses das pessoas de ingressarem no

    universo de trabalho das ONGs, pressupe-se, movidas por um forte senso de

    dedicao a causas sociais, como tambm de obter reconhecimento pessoal e

    profissional pelo exerccio de um trabalho que lhes faa sentido.

    Para tanto, as ONGs se deparam com uma questo relevante, quanto

    adoo de prticas e procedimentos de gesto que visem a atrair, desenvolver e

    reter profissionais competentes e mobilizados, para desenvolvimento e

    implementao das aes e objetivos dessas organizaes, que cada vez mais

    necessitam ser eficientes, eficazes, produzir e transparecer resultados efetivos de

    suas aes, haja vista a concorrncia cada vez maior para obteno de recursos

    financeiros.

    1.1 O problema da pesquisa

    O terceiro setor e as ONGs se configuram como uma das opes vlidas

    de carreira profissional nas sociedades ps-industriais (RIFKIN, 1995). Segundo

    Landim (1993), trabalhar em uma ONG nos dias de hoje j uma ocupao

    profissional que se apresente. Assim, o crescimento das ONGs vem proporcionar a

    realizao de mais investimento na rea, fazendo com que este seja um espao de

    trabalho mais atrativo para profissionais especializados (OKUMURA, 2006).

  • 12

    O momento atual das ONGs de expressiva concorrncia pelos recursos

    e por pessoas (FALCONER, 1999). Por outro lado, segundo o referido autor (1999),

    o aumento do nmero de ONGs atuando no espao das polticas pblicas traz

    pauta novos desafios de atuao para estas organizaes e exige maior

    profissionalismo, o que, por conseguinte, as torna uma alternativa de carreira cada

    vez mais atraente no mercado de trabalho. Entretanto, para outros autores, como

    Geliski e Ramos (2005), o campo das ONGs apenas uma opo ao desemprego.

    Sendo assim, a indagao desta pesquisa se compreende na seguinte

    questo: os indivduos que trabalham nas ONGs percebem essas organizaes

    como um espao de investimento profissional? Para responder est pergunta, so

    pesquisados os motivos de ingresso, permanncia e suposta evaso dos

    colaboradores das ONGs, assim como as eventuais prticas de gesto de pessoas

    desenvolvidas pelas ONGs, especificamente em seus subprocessos de

    recrutamento, seleo, carreira, treinamento e desenvolvimento e clima

    organizacional.

    Do dicionrio Aurlio (2004) investimento, como substantivo, a ao ou

    efeito de investir, uma investida. Portanto, como espao de investimento

    profissional entende-se a soma de especficas competncias nas quais as pessoas

    investem seu tempo, energia e conhecimentos com fim a obter concretas chances

    de auto-realizao, carreira, reconhecimento social e recompensas objetivas,

    minimizando os riscos em torno do seu futuro profissional (BOURDIEU, 1989).

    1.2 Justificativa da pesquisa e engajamento pessoal do autor

    Observa-se uma srie de matrias publicadas sobre emprego e carreira

    no terceiro setor no Brasil, a exemplo do artigo Emprego no Terceiro Setor: Uma

    Viso do Brasil e do Mundo, de Engel Paschoal (2001), em revistas e jornais, no

    sentido de reforar a idia de que as ONGs e o terceiro setor constituem um espao

    emergente de atuao profissional.

  • 13

    De fato h um aumento do nmero de pessoas atuantes nas ONGs o

    nmero de empregados aumentou em 500 mil trabalhadores entre 1996 e 2002,

    saltando para 1,5 milho (IBGE, 2004). Tambm so conhecidos os elevados nveis

    de motivao dos colaboradores que trabalham nestas organizaes (RAPOSO,

    2000), entretanto, questiona-se se isso o suficiente para permitir o investimento e a

    permanncia de pessoas nas ONGs de modo a garantir e produzir sustentabilidade

    e resultados efetivos nas suas aes.

    Assim, o fortalecimento das ONGs implica a formulao de respostas a

    grandes desafios hoje postos expanso e qualificao de suas atividades, dentre

    esses, a atrao e reteno de pessoas que buscam ser reconhecidas como

    profissionais e prestadoras de servios sociedade. A investigao de conceitos e

    prticas que contribuam para o aperfeioamento da gesto de pessoas nas ONGs

    uma importante contribuio para o desenvolvimento organizacional dessas

    organizaes.

    H que se registrar, tambm, que a temtica das ONGs no campo da

    Administrao ainda carece de pesquisas, tanto no Brasil quanto no resto do mundo,

    restando muito a ser estudado e pesquisado nesse sentido. Muito embora j se

    tenha evoludo nas pesquisas sobre ONGs e gesto, ainda h muito a ser explorado

    (FALCONER, 1999).

    Por fim, ressalte-se o engajamento pessoal do autor, de onde surgiu a

    motivao inicial de pesquisar essa temtica. Como colaborador de uma ONG da

    cidade de Fortaleza, intitulada Barracrdito (ONG, voltada ao trabalho de

    microcrdito junto comunidade da barra do Rio Coc), teve a oportunidade de

    observar a evaso de colaboradores dessa organizao, o que acarretou a

    descontinuidade de aes e alguns problemas nos resultados da Instituio.

    1.3 Delimitao do objeto de estudo: ONGs

    As ONGs e o chamado terceiro setor no so designaes diferentes

    para o mesmo fenmeno. Em relao s ONGs, Landim (2003) assevera que este

  • 14

    subconjunto de organizaes se distingue e se diferencia do terceiro setor a partir de

    seus iderios, papis, alianas na sociedade, enquanto a idia de setor

    abrangente, tendendo homogeneizao ou minimizao das diferenas que podem

    ser sociais e politicamente significativas, segundos os contextos e critrios de

    anlise.

    Assim, no foram alvo desta pesquisa organizaes tidas como

    pertencentes ao espectro do terceiro setor, tais como: instituies filantrpicas;

    fundaes; Igrejas e seitas; projetos sociais desenvolvidos por empresas, sindicatos,

    cooperativas etc. (BNDES, 2001; TEODSIO, 2002).

    O terceiro setor compreendido como um campo de ao em elaborao,

    com base nas noes de campo adotada Pierre Bourdieu (1989). Da mesma forma,

    as diversas organizaes sem fins lucrativos que fazem parte do terceiro setor so

    identificadas como seus subcampos (CARVALHO, 2002). Conforme a referida

    autora, essa opo terica e, conseqentemente, conceitual, decorre tambm da

    posio adotada por Landim e Beres (1999): a da problemtica de discutir a

    discutvel idia de setor.

    Carvalho (2002) anota que as diferenas entre os subcampos das

    organizaes do terceiro setor so relevantes: enquanto as entidades sociais e

    filantrpicas mantm um carter assistencialista, prestando atendimento direto a

    crianas e idosos, por exemplo: as ONGs tm como principais finalidades, nos dias

    de hoje, elaborar projetos de apoio s camadas sociais marginalizadas e de combate

    a problemas sociais em geral (ecolgicos, das mulheres, educacionais etc.),

    promover e apoiar alguns movimentos sociais, bem como promover e influir nas

    polticas pblicas.

    Embora um subcampo do terceiro setor, as ONG constituem tambm um

    campo (LANDIM, 1993), com suas relaes de fora e monoplios, lutas e

    estratgias (BOURDIEU, 1989), configurando-se socialmente e se disseminando,

    antes de mais nada, em funo de lgicas prprias ao espao de relaes

    internacionalizadas em que se insere esse conjunto de organizaes de

    caractersticas particulares.

  • 15

    Assim, somente foram alvo de nossa pesquisa as organizaes identificas

    como ONGs que, embora se enquadrem como uma espcie organizacional

    abrangida no amplo conceito de terceiro setor, diferenciam-se deste uma vez que

    possuem caractersticas particulares, que sero tratadas adiante neste estudo.

    1.4 Objetivos da pesquisa e pressupostos

    O objetivo geral desta pesquisa foi investigar se as ONGs se constituem

    espao de investimento profissional.

    Como objetivos especficos, tm-se:

    1 analisar a relevncia atribuda pelas ONGs gesto de pessoas na

    consecuo de seus objetivos;

    2 investigar as motivaes das pessoas para ingressar, permanecer e

    eventualmente sarem das ONGs; e

    3 identificar as aes e prticas de atrao, reteno e desenvolvimento

    de pessoas desenvolvidas pelas ONGs, tanto na viso de seus

    gestores como dos colaboradores.

    A fim de verificar e responder aos objetivos da pesquisa, levantaram-se os

    seguintes pressupostos:

    1 as ONGs atribuem pouca relevncia gesto de pessoas na

    consecuo de seus objetivos;

    2 os colaboradores so motivados por um senso de dedicao a causas

    sociais; e

    3 as ONGs possuem prticas desestruturadas e informais de gesto de

    pessoas, e os seus colaboradores no vem essas organizaes

    investindo em prticas e aes de atrao, desenvolvimento e reteno

    de pessoas.

    A anlise do objetivo compreende a investigao dos processos de gesto

  • 16

    das ONGs, relativamente a captao, desenvolvimento e reteno de colaboradores,

    das motivaes e expectativas profissionais dos colaboradores e da viso destes em

    relao s prticas de gesto de pessoas eventualmente desenvolvidas pelas

    ONGs.

    Espera-se com o presente estudo contribuir para o fortalecimento das

    ONGs como emergente ator social, bem assim, com a produo de conhecimento

    cientfico numa seara ainda escassa de pesquisas produzidas no Cear, e no Brasil,

    relativamente a aspectos da gesto das ONGs, como tambm no tocante s

    expectativas profissionais dos colaboradores dessas organizaes.

    1.5 Metodologia

    Este estudo tem como abordagem metodolgica a anlise qualitativa, com

    emprego de tcnicas de coleta e anlise de dados quantitativa. A pesquisa

    qualitativa desperta cada vez mais o interesse dos pesquisadores, por aprofundar-se

    no mundo dos significados das aes e relaes humanas, um lado no perceptvel

    e no captvel em equaes, mdias e estatsticas. (MINAYO, 1994, p. 22).

    As pesquisas de natureza qualitativa intentam analisar as relaes que

    permeiam a sociedade, as organizaes, os grupos e os indivduos, na sua

    complexidade e unicidade. Ela lida com percepes e no com elementos

    quantificveis da vida intra e extra-organizao das pessoas.

    A abordagem quantitativa caracterizou-se pelo emprego de instrumentos

    estatsticos, tanto na coleta quanto no tratamento de dados recolhidos pelo emprego

    do questionrio fechado junto aos colaboradores pesquisados. A pesquisa

    quantitativa tem utilizao secundria neste estudo.

    A investigao das prticas de gesto de pessoas nas ONGs e a busca

    das expectativas e motivaes profissionais que mobilizam as pessoas a ocuparem

    o campo de trabalho das ONGs fazem com que esta pesquisa se insira na

    classificao dos estudos denominados exploratrios, sobretudo por sua natureza

  • 17

    investigativa e de sondagem (COOPER; SCHINDLER, 2003; VERGARA, 2004).

    Alm do mais, esta pesquisa aborda um campo de estudo com pouco conhecimento

    produzido, mormente em sua dimenso administrativa e profissional.

    A descrio de prticas e procedimentos adotados na atualidade pelas

    ONGs para atrair, reter e desenvolver colaboradores, e a pesquisa acerca das

    percepes dos colaboradores a respeito dessas prticas e procedimentos que

    so objetivos especficos desta pesquisa, determinam o enquadramento deste

    estudo numa categoria tipificada como descritiva (GIL, 1999; VERGARA, 2004), ou

    seja, pesquisas com objetivos de descrever as caractersticas de um determinado

    fenmeno, levantar opinies e percepes de certa populao acerca de um fato,

    situao ou fenmeno, ou mesmo descobrir associaes entre as variveis que

    constituem o problema estudado.

    Foram realizadas pesquisas de campo, nos locais onde se dispem dos

    elementos para explic-lo, classificada como estudo de caso mltiplo. Realizaram-

    se, tambm, pesquisas bibliogrfica e documental. As organizaes escolhidas so

    3 (trs) das maiores e mais conhecidas ONGs sediadas na cidade de Fortaleza-

    Cear-Brasil. A escolha foi intencional, com base em critrios eleitos mediante

    informaes extradas de rgos da imprensa, de obras e pesquisas sobre as

    ONGs, tais como: informaes da ABONG, Anurio do Cear (JORNAL O POVO,

    2005), da obra: As ONGs do Brasil, da Fundao Konrad Adenauer (2003).

    Foram escolhidas as organizaes: ESPLAR Centro de Estudos e

    Assessoria, Comunicao e Cultura, e o CETRA Centro de Estudos do Trabalho e

    de Assessoria ao Trabalhador.

    Foram pesquisados os gestores das 3 (trs) ONGs e uma amostra

    significativa dos colaboradores que executam as aes operacionais nas ONGs. A

    coleta de dados foi divida em dois momentos: primeiro foram aplicadas entrevistas

    semi-estruturadas com os gestores e questionrio fechado com os colaboradores.

    Em um segundo momento foram realizadas entrevistas abertas com os

    colaboradores pesquisados, a fim de confirmar ou no os dados obtidos mediante o

  • 18

    questionrio, e qualificar os dados anteriormente obtidos. Assim, as informaes

    colhidas foram tratadas na sua dimenso qualitativa e quantitativa, esta ltima

    mediante a utilizao de anlises quantitativas para melhor apreenso,

    sistematizao e compreenso dos dados.

    1.6 Estrutura de dissertao

    O presente trabalho tem como primeiro captulo esta introduo, na qual

    esto apresentadas a problemtica do estudo, a delimitao do campo a ser

    estudado, a justificativa da pesquisa, inserindo, outrossim, o leitor nos objetivos

    perseguidos e nos respectivos pressupostos, alm de trazer breve descrio da

    metodologia adotada. Alm desta introduo consultada, este trabalho apresenta os

    seguintes captulos.

    Para uma melhor compreenso do assunto, o segundo foi dividido em

    tpicos. Inicialmente, sero abordadas as conceituaes e os breves histricos do

    surgimento das ONGs e do chamado terceiro setor, fazendo-se uma sinttica

    meno s questes que envolvem as referidas denominaes. Em seguida, trata-se

    da identidade e da organizao do campo das ONGs, assim como de sua

    emergncia como espao de trabalho e estudo.

    No terceiro segmento, sero tratadas as questes ligadas gesto das

    ONGs, enfocando-se as dimenses e reas de estratgia, finanas, recursos

    humanos e de resultados.

    No captulo quarto, sero abordados o mercado de trabalho das ONGs, o

    perfil dos ongueiros, alm da gesto de pessoas nessas organizaes, discutindo-

    se a importncia atribuda por estas organizaes s prticas e polticas de recursos

    humanos, especificamente no que se refere s aes de atrao, reteno e

    desenvolvimento de pessoas, onde sero desenvolvidos os conceitos de

    recrutamento e seleo, carreira, motivao, remunerao, clima organizacional,

    treinamento e desenvolvimento.

  • 19

    Na quinta parte, ser apresentada a metodologia da pesquisa, com a

    classificao para o tipo de busca utilizado, universo e amostra envolvidos, seleo

    de sujeitos, perodo da pesquisa, coleta de dados, como foram tratadas e analisadas

    as informaes e dados e os problemas e as limitaes metodolgicas.

    O sexto mdulo traz a anlise e a interpretao dos resultados,

    apresentados mediante a caracterizao geral das organizaes e sujeitos

    pesquisados; os comentrios acerca da relevncia da gesto de pessoas na

    consecuo dos resultados das ONGs; a identificao das motivaes e

    expectativas profissionais dos colaboradores dessas organizaes; e a exposio

    das prticas de atrao, desenvolvimento e reteno de pessoas desenvolvidas

    pelas ONGs, na viso dos gestores e colaboradores.

    O segmento de fecho trata das consideraes finais, no qual se procura

    responder aos quesitos quanto aos objetivos propostos, em face dos pressupostos

    levantados e, por fim, quanto ao prosseguimento da pesquisa, uma vez que as

    anlises no se exaurem no presente estudo.

    Por fim, so apresentadas as referncias bibliogrficas, e os roteiros de

    entrevista com gestores e colaboradores, bem como o questionrio, que

    compreendem os instrumentos utilizados na aplicao da pesquisa, os quais

    constam nos apndices desta dissertao.

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO, ATURIA E CONTABILIDADE CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAO

    CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JNIOR ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS ONGs COMO ESPAO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL

    FORTALEZA 2006

  • CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JNIOR

    ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS - ONGs COMO ESPAO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal do Cear, como

    requisito parcial para obteno do Ttulo de Mestre.

    rea de Concentrao

    Gesto Estratgica e Instrumental de Recursos Humanos

    Orientador

    Prof. Dr. Serafim Firmo de Souza Ferraz

    FORTALEZA 2006

  • CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA JNIOR

    ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS - ONGs COMO ESPAO DE INVESTIMENTO PROFISSIONAL

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal do Cear, como requisito parcial para obteno do Ttulo de Mestre, na rea de concentrao Gesto Estratgica e Instrumental de Recursos Humanos.

    Aprovada em: 17/11/ 2006

    Banca examinadora

    ___________________________________ Prof. Dr. Serafim Firmo de Souza Ferraz Universidade Federal do Cear UFC

    (Orientador)

    ___________________________________ Prof.a Dr. a Maria Vilma Coelho Moreira Universidade de Fortaleza - UNIFOR

    ___________________________________ Prof. a Dr.a Vernica Moraes Ximenes Universidade Federal do Cear UFC

  • Aos meus pais, Carlos e Ceclia, em agradecimento

    ddiva da vida, fruto do sonho e do amor dessa unio.

    Aos queridos amigos e amigas de caminhada, na luz a na sombra!

    A Deus, que est sempre comigo, quando vou surfar cedinho

    na praia do futuro.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo, em especial, aos queridos amigos ngela Sampaio e Guilherme Sampaio, por terem me proporcionado, por meio do Barracrdito, o primeiro contato com o universo das ONGs e com outra Fortaleza at ento desconhecida por mim. Obrigado ao meu orientador, Prof. Dr. Serafim Firmo de Souza Ferraz, que acolheu minhas inexperincias, mas no foi conivente com minhas resistncias, e que soube, nos momentos mais difceis, mostrar uma luz no fim do tnel. Aos meus colegas de trabalho, equipe do Programa Autogesto, Heliane Cpua Dallapcula, Rafael H.P. Vilela, Andr Fontenelle, Audenice Pires e demais colaboradores. Obrigado pelos estmulos nas horas difceis, pela escuta e pelo apoio nos momentos de minhas ausncias. Agradeo aos colegas da turma do Mestrado em Administrao 2004, nas pessoas de Eloisa, Maria do Cu, Mrcio, Michele, Joo Batista, Adriana, Fabrcio e demais colegas, com quem tive a grata oportunidade de aprender e compartilhar conhecimentos e experincias profissionais e pessoais. Agradeo tambm ao meu amigo Joo da Motta Prado da Silva, pelo incentivo e o estimulo a ingressar nessa jornada! Aos dirigentes, coordenadores, gestores e colaboradores das ONGs pesquisadas. Muito obrigado pela disponibilizao das informaes to relevantes para esta pesquisa. Agradeo aos professores do Mestrado Profissional em Administrao, em especial, ao professor coordenador doutor Augusto Cabral, com quem pude aprender outras possibilidades do estudo e aplicao da Administrao: que no como brao armado da Economia. Agradeo as minhas irms Denise e Renata, pelo exemplo de dedicao, responsabilidade e entrega que vocs dedicam ao magistrio, seja dentro ou fora de sala de aula. Agradeo a minha querida sobrinha Gabriela, por me haver possibilitado o acesso e a consulta de obras relevantes para o meu estudo, bem como pelo apoio tecnolgico necessrio coleta de dados. Aos amigos do Pathwork, Rino Marconi, Elza, Francisco Antnio (Jnior), Guilherme, Marco Antnio (Marquinhos), Francisco Jos (Fran), Gustavo, ngela e Silvana. Vocs so muito importantes na minha vida.

  • RESUMO

    As organizaes no governamentais - ONGs cada vez mais se expandem e assumem papel relevante na sociedade contempornea. Com o crescimento das ONGs no contexto brasileiro e mundial aumenta tambm o interesses das pessoas de ingressarem no universo de trabalho das ONGs, pressupe-se, movidas por um forte senso de dedicao a causas sociais, mas tambm de obter reconhecimento pessoal e profissional pelo exerccio de um trabalho que lhes faa sentido. Por outro lado, a expanso das ONGs traz alguns desafios, dentre esses a necessidade de se adotarem prticas e procedimentos de gesto que visem atrair, desenvolver e reter profissionais competentes e mobilizados, com fins a obter resultados efetivos em suas aes, sobretudo num contexto de intensa concorrncia por recursos financeiros. O presente estudo tem por objetivo investigar se as ONGs constituem espao de investimento profissional, a partir da anlise terica dos conceitos de ingresso, permanncia e evaso de profissionais, na perspectiva das pessoas que atuam nas ONGs e delas prprias, mediante abordagem crtica-reflexiva dos subsistemas de gesto de pessoas eventualmente adotados. Esta pesquisa se caracteriza como exploratria e descritiva, por meio de estudo de caso mltiplo, e valeu-se da aplicao de 12 (doze) entrevistas e 19 (dezenove) questionrios, junto aos gestores e colaboradores, respectivamente, de 3 (trs) das maiores ONGs do Estado do Cear. As informaes foram tratadas qualitativamente com emprego de instrumentos quantitativos. A pesquisa permitiu constatar que as organizaes estudadas atribuem importncia gesto de pessoas, entretanto no adotam prticas estruturadas que visem a promover sua permanncia, percebendo-se que seu ingresso e permanncia ocorrem a partir do desejo de se capacitarem profissionalmente, de encontrarem nessas organizaes um espao de identificao com as causas sociais que defendem e nos quais acreditam, e pelo ambiente de trabalho (clima organizacional) proporcionado. Palavras-chave: ONGs; gesto nas ONGs; motivaes profissionais; gesto de pessoas nas ONGs; carreira.

  • ABSTRACT

    The Non-governmental organizations (NGOs) progressively expand and assume a relevant role in contemporary society. With NGOs expansion in Brazil and the rest of the world, also increases people interest to enter this universe, motivated by a strong sense of dedication to social causes, as well as to achieve personal and professional recognition through the exercise of a labor that could make sense to him or her. On the other hand, NGOs expansion brings some challenges, among them the adoption of managerial practices and procedures aiming to attract, develop and retain competent and dedicated professionals, in order to achieve effective results in its actions, especially in a context of intensive competition for financial resources. This study aims to investigate whether NGOs represent opportunity for professional investment, and was based on theoretical analysis of concepts such as people hiring, keeping and resigning, in the perspective of people employed with them and in NGOs own perspective, through a critical-reflexive approach of human management subsystems, eventually adopted. This is an explanatory and descriptive research, managed through a multiple case study, subsided by 12 (twelve) interviews and 19 (nineteen) questionnaires answered by managers and collaborators of 3 (three) most prominent NGO in Brazilian state of Cear. Data were treated qualitatively employing quantitative instruments. The research allowed to evidence that surveyed organizations assign importance to human management, nevertheless not adopting structured practices in order to promote the collaborators permanence, discerning that hiring and permanence of them proceeds from the desire of professional qualification, of joining in these organizations an space of identification with the social causes that he/she protect and believe, and by the work environment (organizational climate) provided. Key-words: NGOs; NGOs management; motivation of professionals; human management in NGOs; career.

  • SUMRIO 1 INTRODUO............................................................................................... 10 2 AS ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS ONGs......................... 2.1 Breves histricos e conceituaes das ONGs.......................................... 2.2 Do chamado terceiro setor........................................................................ 2.3 Denominaes e ideologias das ONGs e do terceiro setor...................... 2.4 Aspectos jurdico-legais............................................................................ 2.5 ONGs: natureza de suas atividades e atuaes....................................... 2.6 A organizao do campo das ONGs........................................................ 2.7 A emergncia das ONGs como campo de trabalho................................. 2.8 A emergncia das ONGs como campo de estudo....................................

    20 20 27 34 40 43 46 49 51

    3 A GESTO NAS ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS................ 3.1 Caractersticas do modelo de gesto....................................................... 3.2 Gesto da estratgia................................................................................. 3.3 Gesto de pessoas................................................................................... 3.4 Gesto Financeira e noes de resultados .............................................

    54 54 60 62

    65 4 GESTO DE PESSOAS E ORGANIZAES NO GOVERNAMENTAIS 4.1 As ONGs e o mercado de trabalho........................................................... 4.2 A gesto de pessoas e os modelos de gesto de pessoas na

    consecuo dos objetivos das ONGs....................................................... 4.3 Recrutamento e seleo........................................................................... 4.4 Perfil / Competncias individuais dos ongueiros.................................... 4.5 Carreira investimento profissional.......................................................... 4.5.1 Carreira tradicional................................................................................... 4.5.2 Carreira proteana...................................................................................... 4.5.3 ncoras de carreira................................................................................... 4.6 Capacitao e desenvolvimento............................................................... 4.7 Polticas de remunerao e benefcios..................................................... 4.8 Clima organizacional.................................................................................

    69 69

    73 77 80 82 83 86 88 93 95 98

    5 ASPECTOS METODOLGICOS................................................................. 5.1 Tipo de pesquisa....................................................................................... 5.2 Critrios de escolhas................................................................................ 5.3 Critrios de representatividade dos sujeitos pesquisados........................ 5.4 Perodo de levantamento da pesquisa..................................................... 5.5 Coleta de dados........................................................................................ 5.6 Tratamento e anlise de dados................................................................ 5.7 Problemas e limitaes metodolgicas....................................................

    100 100 103 105 107 107 111 112

  • 6 ANLISE E INTERPRETAO DOS DADOS............................................. 6.1 Caracterizao das organizaes e sujeitos pesquisadas....................... 6.1.1 ESPLAR.................................................................................................... 6.1.2 Comunicao e Cultura............................................................................ 6.1.3 CETRA...................................................................................................... 6.2 A relevncia da gesto de pessoas na viso dos gestores...................... 6.2.1 ESPLAR.................................................................................................... 6.2.2 Comunicao e Cultura............................................................................ 6.2.3 CETRA...................................................................................................... 6.3 Fatores de ingresso, permanncia e evaso nas ONGs.......................... 6.3.1 Fatores de ingresso.................................................................................. 6.3.2 Fatores de permanncia........................................................................... 6.3.3 Fatores de evaso.................................................................................... 6.4 Prticas de gesto de pessoas................................................................. 6.4.1 Recrutamento e seleo........................................................................... 6.4.2 Carreira..................................................................................................... 6.4.3 Capacitao.............................................................................................. 6.4.4 Remunerao e polticas de benefcios adicionais................................... 6.4.5 Clima organizacional................................................................................. 6.5 Concluso.................................................................................................

    114 115 115 121 126 132 133 138 142 146 147 152 154 156 157 162 167 171 174 178

    7 CONSIDERAES FINAIS.......................................................................... 7.1 Quanto ao objetivo e pressuposto gerais................................................. 7.2 Quanto pergunta orientadora................................................................. 7.3 Quanto ao prosseguimento da pesquisa..................................................

    182 182 185 187

    REFERNCIAS...................................................................................................

    188

    APNDICES........................................................................................................

    199

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro n. 1 Quadro n. 2 Quadro n. 3 Quadro n. 4 Quadro n. 5 Quadro n. 6 Quadro n. 7

    Combinaes entre agentes................................................... Caractersticas do Terceiro Setor, segundo Salamon e Anheier.................................................................................... Publicaes sobre ONGs como mercado de trabalho............ Tipologia das entidades no governamentais em conformidade com seu grau de modernizao da gesto de recursos humanos................................................................... Modelo de administrao de pessoal...................................... Demonstrativo dos critrios da amostra intencional............... Demonstrativo dos sujeitos da pesquisa.................................

    32

    33 73

    76 77

    105 106

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura n. 1 - Habilidades do trabalhador social.................................................... 82 Figura n. 2 - Organograma CETRA................................................................... 129

  • LISTA DE GRFICOS

    Grficos n. 1 Grficos n. 2 Grficos n. 3

    Escolaridade dos colaboradores respondentes do ESPLAR......... Escolaridade dos colaboradores respondentes da Comunicao e Cultura........................................................................................ Escolaridade dos colaboradores respondentes do CETRA...........

    120

    125 131

  • LISTA DE TABELAS

    Tabelas n. 1 Tabelas n. 2 Tabelas n. 3 Tabelas n. 4 Tabelas n. 5 Tabelas n. 6 Tabelas n. 7 Tabelas n. 8 Tabelas n. 9 Tabelas n. 10 Tabelas n. 11 Tabelas n. 12 Tabelas n. 13 Tabelas n. 14

    Principais reas temticas de atuao das ONGs.................... Fontes de financiamento das ONGs ABONG 2002................ Fontes de financiamento e sua proporo no oramento total ABONG 2002.......................................................................... Faixa salarial dos colaboradores respondentes do ESPLAR.... Faixa salarial dos colaboradores respondentes da Comunicao e Cultura............................................................. Faixa salarial dos colaboradores respondentes do CETRA...... Fatores de ingresso dos colaboradores respondentes.............. Fatores de permanncia dos colaboradores respondentes...... Fatores de retirada dos colaboradores respondentes............... Contratao de pessoas............................................................ Carreira......................................................................................Capacitao............................................................................... Remunerao e poltica de benefcios...................................... Clima organizacional.................................................................

    45 65

    66

    121

    126 131 147 152 154 161 167 169 173 177

  • LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABONG Associao Brasileira de Organizaes no Governamentais ANPAD Associao Nacional de Ps-Graduao em Administrao CEATS Centro de Pesquisa em Assuntos do Terceiro Setor CETRA Centro de Estudos do Trabalho e Assessoria ao Trabalhador FGV Fundao Getlio Vargas FMI Fundo Monetrio Internacional FUNCAP Fundao Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico GIFE Grupo de Institutos, Fundaes e Empresas IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica OMC Organizao Mundial do Comrcio ONGs Organizaes no governamentais ONU Organizao das Naes Unidas OSCIP Organizao da sociedade civil de interesse pblico PIB Produto interno bruto RH Recursos Humanos UECE Universidade Estadual do Cear UFC Universidade Federal do Cear WWF World Wide Fundations

  • 10

    1 INTRODUO

    A partir da dcada de 1990, assistimos a uma expanso das chamadas

    organizaes no governamentais - ONGs. expressiva a relevncia que as ONGs

    exercem no mundo (FALCONER; FISCHER, 1998; LANDIM, 2002). Como diz Rifkin

    (1995), o setor empregava poca 9% da mo-de-obra e originava 7% do PIB nos

    Estados Unidos. No Reino Unido eram mais de 350 mil organizaes voluntrias,

    produzindo receita de 17 bilhes de libras esterlinas, correspondendo a 4% do PIB

    ingls.

    De modo geral, as ONGs podem se definidas como um grupo de pessoas

    que se organizam, formal e autonomamente, para executar aes no campo das

    polticas pblicas, ou seja, para buscarem resposta a problemas da sociedade nas

    mais diversas reas: educacional, poltica, econmica, cultural, de sade etc., e pelo

    legtimo exerccio de presses polticas em proveito de populaes excludas das

    condies da cidadania, sem objetivo de fins lucrativos (CICONELLO, 2003).

    Embora faam parte do chamado terceiro setor, as ONGs, se diferenciam

    deste uma vez que o terceiro setor se caracteriza por uma esfera ampla de atuao

    pblica no-estatal, formado a partir de iniciativas privadas, voluntrias, sem fins

    lucrativos, no sentido do bem comum, agregando-se, estatstica e conceitualmente,

    um conjunto altamente diversificado de instituies, no qual se incluem ONGs,

    fundaes e institutos empresariais, associaes comunitrias, entidades

    assistenciais e filantrpicas, assim como vrias outras instituies sem fins lucrativos

    (BNDES, 2001).

    As ONGs no se expandem apenas quantitativamente, mas tambm

    como relevante agente social no cenrio contemporneo, ocupando espaos onde

    os governos e empresas mercantis no conseguem ou no se propem a atuar com

    efetividade nas respostas aos problemas sociais que assolam nossa sociedade.

    Pode-se claramente observar acontecimentos em todo o mundo que

    formam um cenrio de crise, como, por exemplo: no aquecimento global que avana

  • 11

    a pleno vapor; no comrcio de drogas que esto destruindo centenas de milhares de

    vtimas; e nas 3 bilhes de pessoas que vivem com menos de dois dlares por dia

    (DOWBOR, 2002).

    Como diz Stiglitz (2002), em que pese os benefcios da globalizao

    prometidos pelas principais instituies globais Organizao Mundial do Comrcio

    - OMC, Fundo Monetrio Internacional - FMI, Banco Mundial -, para muitos pases a

    globalizao agravou a desigualdade econmica e social existente. Diante disso,

    Aktouf (2004) assevera que a entrada da humanidade no sculo XXI exige mudana

    radical nas maneiras de