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SBN INFORMA Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Nefrologia edição de maio/junho de 2000 Entidade luta pela valorização dos honorários médicos R eafirmamos que todos os sócios da SBN devem lutar pela manutenção da tabela de honorários médicos e colocamos nosso jornal à disposição para denúncias de grupos que oferecem pacotes aviltantes”, afirma João Cezar Moreira, presidente da SBN, comentando a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica de punir a classe médica por impor a tabela da Associação Médica Brasileira (AMB) às empresas de planos de saúde. Ele lembra que, embora nem sem- pre existam mecanismos para a de- núncia de pessoas jurídicas, é possível denunciar o responsável técnico nefrologista. Horácio Ramalho, membro do De- partamento de Diálise e Transplante da SBN, afirma que as sociedades não respeitarão a punição e entrarão com recurso jurídico. “A sentença foi política e não econômica.” João Cezar afirma que a lista de procedimentos a ser seguida é a de 1999. A proposta para o tratamento do paciente renal crônico é que seja aplicada a planilha da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mais a HMAMB (Honorários Médicos da AMB), respectivamente 160 e 60 reais. Para o transplante renal o valor proposto para os honorários de equipes nefrológicas é de 3.520 reais para doador renal vivo, incluindo o acompanhamento nefrológico durante a internação. Para doador cadáver o honorário é de 4.576 reais. O acompanhamento ambulatorial pós-transplante seria de 90 reais nos dois primeiros meses (avaliação semanal). Do 3 o ao 6 o mês a avalia- ção seria quinzenal, do 7 o ao 24 o mensal e, após dois anos, trimestral. O valor total, incluindo honorários e serviços hospitalares seria em torno de 25 mil reais. Diretor comenta depoimento à CPI Ruy A. Barata, diretor de Defesa Profissional da SBN, depôs no dia 3 de maio na CPI dos Medicamentos. Em entrevista, ele expõe os principais pontos do seu depoimento e comenta a relação entre os médicos e as multinacionais envolvidas no setor de diálise. Pág. 5 Congresso de IRA no Rio de Janeiro Foi realizado de 17 a 19 de maio, no Rio de Janeiro, o 2 o Congresso Latino-americano de Insuficiência Renal Aguda. O SBNInforma traz a cobertura do evento e as principais novidades sobre a reorganização da força-tarefa em IRA para a América Latina, programada durante o evento. Pág. 7 Médicos repudiam decisão do Cade O parecer do Cade, emitido no dia 10 de maio, condena as entidades a uma multa de 6 mil Ufirs cada uma. A AMB, em carta a seus associados, afirmou que: “Se aceitarmos passivamente essa decisão, com certeza não haverá mais necessidade nem função para as entidades que envolvam as áreas conselhal, sindical, associativa e de especialidades”. A APM, em comunicado sobre o assunto, aponta a tabela como único referencial existente para qualquer tipo de negociação entre médicos, empresas e usuários. EDITORIAL E m junho comemorou-se o 20 o aniversário da CAPD. A diálise contínua sustentou-se na capacidade dialítica de uma membrana natural, sem problemas de biocompatibilidade, em contínua operação na busca de melhores padrões homeostáticos para o estado urêmico. Tal hipótese se tornou dogma para algumas indús- trias farmacêuticas, que apostaram pesado na sua comercialização. Sua introdução no Brasil se deu de cima para baixo, através do antigo Inamps, com o mote inicial de que “deveria custar 75% do valor da hemodiálise”. Ledo engano. Meses após a oficialização, os valores da hemodiálise foram reduzidos em 50% e os preços da CAPD passaram a ser 80% mais elevados do que os daquela. A incipiente organização da SBN naquele momento deu saltos de qualidade na medida em que teve que liderar a primeira movimentação pública dos nefrologistas. Na época imperava o regime militar que tudo podia e que, na área da saúde publica, tudo fazia através de seus prepostos, os quais não titubearam em cometer a ilegalidade de pagar o tratamento diretamente para as companhias produtoras dos insumos, situação que perdurou até há poucos meses. A posição da diretoria da SBN não é contra a CAPD mas sim contra a maneira como ela foi implantada no país, através de uma tabela que avilta o honorário médico e traz péssima remuneração para a área hospitalar. Em dezembro de 1998 o Ministério da Saúde publicou a Portaria 3998, na qual essa situação permanece. Protestamos junto ao ministro da Saúde e de nada adiantou. Sem uma revisão dessa portaria, inclusive com a contemplação do reembolso das complicações, o tratamento em si permanece prejudicado. Não foi e nem será possível aceitar as distorções praticadas na comercialização da CAPD em nosso meio. Não concordaremos nunca com a descaracterização do ato médico – fundamental para que a medicina guarde o seu caráter humanístico. Longa vida para a CAPD. Muito sucesso para as pesquisas técnicas que conduzam ao seu aperfeiçoamento. E, principalmente, melhor qualidade de vida para aqueles que a ela se submetem. 20 anos de CAPD SBN3.p65 09/02/01, 08:17 1

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Entidade luta pela valorizaçãodos honorários médicos

Reafirmamos que todos ossócios da SBN devem lutar pela manutenção da

tabela de honorários médicos ecolocamos nosso jornal à disposiçãopara denúncias de grupos queoferecem pacotes aviltantes”, afirmaJoão Cezar Moreira, presidente daSBN, comentando a decisão doConselho Administrativo de DefesaEconômica de punir a classe médicapor impor a tabela da AssociaçãoMédica Brasileira (AMB) àsempresas de planos de saúde.

Ele lembra que, embora nem sem-pre existam mecanismos para a de-núncia de pessoas jurídicas, é possíveldenunciar o responsável técniconefrologista.

Horácio Ramalho, membro do De-partamento de Diálise e Transplanteda SBN, afirma que as sociedadesnão respeitarão a punição e entrarãocom recurso jurídico. “A sentença foipolítica e não econômica.”

João Cezar afirma que a lista deprocedimentos a ser seguida é a de1999. A proposta para o tratamentodo paciente renal crônico é que sejaaplicada a planilha da Fipe(Fundação Instituto de PesquisasEconômicas) mais a HMAMB(Honorários Médicos da AMB),respectivamente 160 e 60 reais.

Para o transplante renal o valorproposto para os honorários deequipes nefrológicas é de 3.520 reaispara doador renal vivo, incluindo oacompanhamento nefrológico durantea internação. Para doador cadáver ohonorário é de 4.576 reais.

O acompanhamento ambulatorialpós-transplante seria de 90 reais nosdois primeiros meses (avaliaçãosemanal). Do 3o ao 6o mês a avalia-ção seria quinzenal, do 7o ao 24o

mensal e, após dois anos, trimestral.O valor total, incluindo honorários eserviços hospitalares seria em tornode 25 mil reais.

Diretor comenta depoimento à CPIRuy A. Barata, diretor de Defesa Profissional da SBN, depôs no dia 3

de maio na CPI dos Medicamentos. Em entrevista, ele expõe os principaispontos do seu depoimento e comenta a relação entre os médicos e asmultinacionais envolvidas no setor de diálise.

Pág. 5

Congresso de IRA no Rio de JaneiroFoi realizado de 17 a 19 de maio, no Rio de Janeiro, o 2o Congresso

Latino-americano de Insuficiência Renal Aguda. O SBNInforma traz acobertura do evento e as principais novidades sobre a reorganização daforça-tarefa em IRA para a América Latina, programada durante o evento.

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Médicos repudiam decisão do CadeO parecer do Cade, emitido no dia 10 de maio, condena as entidades

a uma multa de 6 mil Ufirs cada uma.A AMB, em carta a seus associados, afirmou que: “Se aceitarmos

passivamente essa decisão, com certeza não haverá mais necessidadenem função para as entidades que envolvam as áreas conselhal,sindical, associativa e de especialidades”.

A APM, em comunicado sobre o assunto, aponta a tabela comoúnico referencial existente para qualquer tipo de negociação entremédicos, empresas e usuários.

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E m junho comemorou-se o 20o aniversário da CAPD. A diálisecontínua sustentou-se na capacidade dialítica de umamembrana natural, sem problemas de biocompatibilidade, em

contínua operação na busca de melhores padrões homeostáticos parao estado urêmico. Tal hipótese se tornou dogma para algumas indús-trias farmacêuticas, que apostaram pesado na sua comercialização.

Sua introdução no Brasil se deu de cima para baixo, atravésdo antigo Inamps, com o mote inicial de que “deveria custar75% do valor da hemodiálise”. Ledo engano. Meses após aoficialização, os valores da hemodiálise foram reduzidos em 50%e os preços da CAPD passaram a ser 80% mais elevados do queos daquela. A incipiente organização da SBN naquele momentodeu saltos de qualidade na medida em que teve que liderar aprimeira movimentação pública dos nefrologistas.

Na época imperava o regime militar que tudo podia e que, naárea da saúde publica, tudo fazia através de seus prepostos, osquais não titubearam em cometer a ilegalidade de pagar otratamento diretamente para as companhias produtoras dosinsumos, situação que perdurou até há poucos meses.

A posição da diretoria da SBN não é contra a CAPD mas simcontra a maneira como ela foi implantada no país, através deuma tabela que avilta o honorário médico e traz péssimaremuneração para a área hospitalar. Em dezembro de 1998 oMinistério da Saúde publicou a Portaria 3998, na qual essasituação permanece. Protestamos junto ao ministro da Saúde ede nada adiantou. Sem uma revisão dessa portaria, inclusivecom a contemplação do reembolso das complicações, o tratamentoem si permanece prejudicado.

Não foi e nem será possível aceitar as distorções praticadasna comercialização da CAPD em nosso meio. Não concordaremosnunca com a descaracterização do ato médico – fundamentalpara que a medicina guarde o seu caráter humanístico. Longavida para a CAPD. Muito sucesso para as pesquisas técnicasque conduzam ao seu aperfeiçoamento. E, principalmente, melhorqualidade de vida para aqueles que a ela se submetem.

20 anos de CAPD“

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EDITOR

Ruy A. Barata

EDIÇÃO EXECUTIVA

Publishing Solutions

SECRETÁRIA

Adriana PaladiniRosalina Soares

SOCIEDADE BRASILEIRA DENEFROLOGIARua Machado Bittencourt, 2055o andar, conj. 53, V. ClementinoCEP 04044-000, São Paulo, SPFONES: (0xx11) 570-1242 e

(0xx11) 5080-3630FAX: (0xx11) 573-6000EMAIL: [email protected]: http://www.sbn.org.br

DIRETORIA

PRESIDENTE

João Cezar Mendes Moreira

VICE-PRESIDENTEWagner Moura Barbosa

SECRETÁRIA GERAL

Maria Almerinda Alves

1O SECRETÁRIO

Antonio Américo Alves

TESOUREIRO

Daniel Rinaldi dos Santos

DEPARTAMENTOS

DEFESA PROFISSIONAL

Ruy A. Barata

DIÁLISE E TRANSPLANTE

Hugo Abensur

ENSINO, RECICLAGEM E TITULAÇÃO

Nestor Schor

FISIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA

RENAL

Luis Yu

HIPERTENSÃO ARTERIAL

José Nery Praxedes

INFORMÁTICA EM SAÚDE

Daniel Sigulem

NEFROLOGIA CLÍNICA

Rui Toledo Barros

NEFROLOGIA PEDIÁTRICA

Júlio Toporoviski

PROJETO GRÁFICO, EDITORAÇÃO

ELETRÔNICA E ARTE-FINAL

Publishing Solutionsemail: [email protected]

PUBLICIDADE

Marcelo GonçalvesTelefone: (0xx11)214-2681Fax: (0xx11) 3159-0620

Os artigos assinados não refletem necessa-riamente a opinião do jornal.

CURTAS

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A Associação de PacientesRenais Crônicos tem, desde o dia19 de abril, uma nova diretoria.A antiga presidente, NeideBarriguelli, foi afastada sobacusações de improbidadeadministrativa. A nova diretoriaé composta por: João CarlosNascimento (presidente), Fábiodas Neves (vice-presidente),Carlos da Cruz (1o Secretário),Antônio da Silva ( 2o Secretário),

Associação de renais crônicostem nova diretoria

Rosana Nothen assumiu emmarço a coordenação do SistemaNacional de Transplantes (SNT).O SNT passará por mudanças derumo, principalmente com aimplementação do cadastro únicode pacientes para transplante dedoador cadavérico. “Essa semprefoi a nossa posição comorepresentantes da AMB noSNT”, diz João Cezar Moreira,presidente da SBN.

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SNT mudacoordenação

Durante o Seminário Internacional sobre a síndrome hemolítica urêmicae a E. Coli O157:H7, realizado no dia 31 de maio em São Paulo, a VigilânciaEpidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, sob acoordenação de Maria Bernadete de Paula Eduardo, propôs a vigilânciaativa da Síndrome Hemolítica Urêmica no Estado de São Paulo. Essavigilância contará com a participação da Organização Panamericana daSaúde, do Ministério da Saúde, de universidades e da Sociedade Brasileirade Nefrologia. A SBN terá como representante nesse grupo de trabalhoYvoty Alves Santos Sens, da Santa Casa de São Paulo.

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A SBN estará, em AssembléiaGeral Extraordinária no dia 26 desetembro, durante o XX Congres-so Brasileiro de Nefrologia, emNatal (RN), apresentando propos-tas de mudanças em seu estatuto.

A diretoria pede que todos oscolegas apresentem sugestões,que devem ser encaminhadas paraa secretaria da SBN até o dia 30de junho, pelo fax (0xx11) 573-6000 ou pelo [email protected]. As sugestõesserão analisadas por umacomissão e comunicadaspreviamente à assembléia.

O estatuto está disponível nahomepage da SBN: http://www.sbn.org.br/estatuto.htm

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A AMB está viabilizando umescritório em Brasília cujafinalidade é disponibilizar paraa classe médica um local detrabalho na capital que servirácomo assistência técnica eparlamentar para a AMB esuas federadas e para associedades de especialidade.Conforme aprovado em reuniãodo Conselho Científico daAMB realizado em 18 denovembro do ano passado, já foifirmado contrato de locação doimóvel. A SBN está par-ticipando e contribuindofinanceiramente.

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Manilson Macedo (1o

Tesoureiro), Gilson Canabrava(2o Tesoureiro) e José daConceição (Diretor Social).

Algumas das propostas danova diretoria são a elaboraçãode um abaixo-assinado a serenviado para a Secretaria deEstado da Saúde solicitando adistribuição gratuita de cálcio euma campanha de doação deórgãos prevista para outubro.

Um artigo publicado na edição de20 de maio do The Lancet analisouas causas de uma epidemia denefrite ocorrida em 1998 na regiãode Nova Serrana, MG. Epidemiasdesse tipo são raras desde os anos70. Em Nova Serrana foramidentificados 253 casos dedezembro de 1997 a julho de 1998.

O estudo foi realizado emparceria por cientistas do Centersfor Disease Control and Prevention

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de Atlanta (EUA), doDepartamento de Nefrologia doHospital São João de Deus emDivinópolis (MG), da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro e doCentro Nacional de Epidemiologia(Brasília). O estudo relacionou aepidemia com a presença dabactéria C Streptococcus equisubespécies Zooepidemicus emlaticínios não pasteurizadosconsumidos pela população local.

A AMB orienta seus associadoscom relação à obrigatoriedade deterem de alterar sua condição depessoa física para jurídica, porpressão de empresas de medicinade grupo e de auto-gestão.

Os médicos a só devem efetuara mudança se for do seu interesse.A entidade destaca como pontosnegativos da alteração, em notapublicada sobre o assunto, os custos

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de formação de uma empresajurídica e algumas complicaçõeslegais. E adverte: “Qualquerameaça de descredenciamento porparte destas empresas deverá sercomunicado aos departamentos dedefesa profissional das federadasda AMB e estas deverão forma-lizar denúncia contra os diretorestécnicos destas empresas nosconselhos de medicina”.

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A SBN está coordenandodiversas pesquisas com oobjetivo de traçar um perfil

da nefrologia no país. Entre osassuntos abordados estão aepidemiologia das doenças renais, operfil dos médicos nefrologistas e aresidência em nefrologia. Osresultados serão publicados no JornalBrasileiro de Nefrologia. OSBNInforma começa nesta ediçãouma série de reportagens queapresentará uma parte dessestrabalhos. Nesse número é abordadaa terapia renal substitutiva, com umaentrevista com Carlos Antônio doNascimento, membro do Depar-tamento de Defesa Profissional daSBN, e João Egidio Romão Jr.,membro do Conselho Fiscal da SBN.

Qual foi o objetivo da elaboraçãodesse documento?

Carlos Nascimento – Queríamos terum documento oficial que mostrassea situação atual do atendimentonefrológico no país e como ele temevoluído. Em negociações anteriorescom o governo para a reformulaçãodas políticas de financiamento alegou-se que não havia um retrato dasituação. Com esse documentopodemos definir para onde queremosir, e assim fazer nossas reinvidicações.

Como o dossiê foi elaborado?João Egidio – Casamos dados do

Ministério da Saúde com os resultadosde um censo realizado pela SBN em1999. Enviamos questionários para 524unidades de diálise.

E qual é a situação da terapia renalsubstitutiva no país?

JE – Apenas 40% dos pacientes

“Pacientes morrem por falta de diagnóstico”Pesquisa elabora um perfil da terapia renal substitutiva no país

renais crônicos têm acesso aotratamento. E o problema não é onúmero de unidades de diálise ou aqualidade do atendimento prestado,que é comparável ao de países deprimeiro mundo. Nossa taxa demortalidade, que é de 17%, é menorque a dos Estados Unidos.

A questão é que, dos 60% que nãotem acesso ao tratamento, boa partemorre sem saber que teve doença renal.A rede de saúde básica é precária enão faz o diagnóstico correto.

Como reverter essa situação?JE – Em nosso documento

apresentamos algumas sugestões.Uma é a criação de Centros Nefro-

lógicos que façam odiagnóstico precoce, oque diminuiria os custospara o governo e au-mentaria a sobrevida dospacientes. Além disso, é

imprescindível investir em prevenção.Destacamos também a importân-

cia de um registro brasileiro, quepossibilitaria a caracterização deta-lhada dos pacientes submetidos atratamento renal e mostraria ondeestão as falhas. Atualmente não hádados concretos, tudo é inferido.Com números poderíamos ter umadiscussão mais objetiva.

Qual seria o espaço dessadiscussão?

CN – Em 1999 foi criado umfórum para que esse debate fossefeito entre todas as instânciasinteressadas. No momento ele estáinativo e é urgente que seja reati-vado. Queremos criarum Comitê de Saúdeem Nefrologia, quecentralizará as reinvi-dicações e levará essesdados para o fórum.

Os dados do dossiê mostram quehouve um aumento no número depacientes em tratamento renal noBrasil. A que se deve esse aumento?

JE – Esse aumento deve-seprincipalmente aos baixos índices demortalidade. Por enquanto aindaestamos conseguindo absorver ademanda, mas no futuro comcerteza haverá problemas.

O número de pacientes em CAPDcaiu nos últimos anos. Por que?

CN – A CAPD apresenta umasérie de limitações. A sobrevida ébaixa e as complicações são muitas.O governo paga o tratamento masnão paga as complicações decor-rentes dele. Além disso, o mercadoé dominado por multinacionais,contrariando a constituição. Essasindústrias fizeram um lobby muitoforte entre os médicos para queutilizassem a técnica e isso prejudicoua criação de critérios de prescrição.

No documento os senhorescriticam a portaria 82/2000 dogoverno, que veio atualizar a portariade 1996 que regulava as terapiasrenais. Quais são os problemas?

CN – A portaria de 1996 foi aprimeira destinada a regular asterapias renais e já apresentavamuitos problemas. A discussão maisuma vez não foi levada para asociedade, e as exigências apre-sentadas eram claramenteelaboradas por alguém que nãoconhece a realidade nacional.

Não podemos ignorar a hete-rogeneidade do atendimento médicono país. Além disso, ela engessa oprocesso, pois retarda a entrada denovas técnicas.

João Egidio e Carlos Nascimento, autores do levantamento:estudo retrata a situação atual do atendimento nefrológico nopaís e permite que sejam elaboradas estratégias para o futuro

João Egidio: “Nosso atendimento écomparável aos dos países de primeiro

mundo”

Carlos Nascimento: “É imprescindívelinvestir em prevenção, o que hoje em dia

não é feito”

Ano/terapia 1997 1999

hemodiálise 30.061 38.250CAPD 3320 3650DPI/APD* 680/0 625/381transplante 1.710 2.027*técnica introduzida no país em 1998

Ano Pacientes

1994 4.3221995 4.1411996 3.6281997 3.3201998 3.4881999 3.572

Existem no país 42.695pacientes mantidos em diálise,distribuídos em 524 unidades.

120 mil pacientes deveriamestar recebendo tratamento

Pacientes em terapia renalsubstitutiva

Pacientes em CAPD nosúltimos quatro anos

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No dia 9 de junho de 2000, reuniu-se na sede da Sociedade Brasileira deNefrologia em São Paulo o Conselho Fiscal da entidade. Estiveram presentesJoão Egidio Romão Junior (Coordenador do Conselho Fiscal), João CarlosBiermat e Aparecido Pereira (membros do conselho), além de Daniel Rinaldi(Tesoureiro da SBN) e Edeno T. Tostes (contador da SBN). Foramapresentados os balanços patrimoniais levantados em 31 de dezembro de1998, 31 de dezembro de 1999 e o balancete de 30 de abril de 2000.

Conselho Fiscal aprova balançoFoi constatado que a documentação estava em perfeita ordem e que os

respectivos demonstrativos representam a fiel situação financeiro-patrimonial da SBN.

João Cezar M. Moreira (Presidente da SBN)Daniel Rinaldi dos Santos (Tesoureiro da SBN)

Edeno Teodoro Tostes (contador da SBN)

�����Circulante 214.326,62Disponibilidades 188.864,76Caixa 398,80Bancos(Conta em mvimento) 25.620,88Aplicações financeiras 162.845,08Créditos e valores 25.461,86Créditos diversos 25.461,86Permanente 246.274,77Imobilizado técnico 289.243,40Imóveis 229.036,41Outros bens 60.206,99(-) Depreciação (42.968,63)Eventos 2,54Eventos 2,54Total do ativo 460.603,93

BALANÇO PATRIMONIAL LEVANTADO EM 31/12/1999

"������Circulante 17.876,74Obrigações fiscais 1.433,92Obrigações sociais 2.980,96Contas a pagar 13.461,86Patrimônio líquido 442.727,19Superávit acumulado 562.476,52Déficit do exercício (119.749,33)Ajuste do exercícioanterior 429,38

Total do passivo 460.603,93

#�������Anuidades associados 205.734,75Veiculação de anúncios 47.450,00Receitas com eventos 2.147,16Financeiras 32.255,57Recuperaçãode despesas 32.213,18Diversas 9.122,08Ex. Tit. Especialista 14.345,00Receitas compublicações 92.009,03

Total das receitas 435.276,77

Total 435.276,77

$������Pessoal 110.620,77Administrativas 215.955,52Impostos e taxas 6.009,31Financeiras 22.461,14Publicações 75.552,89Despesas com eventos 124.426,47

Totaldas despesas 555.026,10Déficit do exercício (119.749,33)

Total 435.276,77

�����Circulante 379.590,86Disponibilidades 347.562,96Caixa 1.955,52Bancos(Conta em mvimento) 67.190,10Aplicações financeiras 278.417,34Créditos e valores 32.027,90Créditos diversos 32.027,90Permanente 245.135,69Imobilizado técnico 293.533,59Imóveis 230.736,60Outros bens 62.796,99(-) Depreciação (48.397,90)Eventos 2,54Eventos 2,54Total do ativo 624.729,09

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO EM 30/4/2000

"������Circulante 16.877,45Obrigações fiscais 1.554,66Obrigações sociais 2.355,78Contas a pagar 12.967,01Patrimônio líquido 607.851,64Superávit acumulado 442.727,19Superávit do período 165.124,45

Total do passivo 624.729,09

#�������Anuidades associados 252.226,63Patrocínios 26.000,00Financeiras 5.095,82Recuperaçãode despesas 12.000,00Diversas 150,00Ex. Tit. Especialista 859,85Receitas compublicações 25.829,29

Total das receitas 322.161,59

Total 322.161,59

$������Pessoal 26.656,22Administrativas 94.793,99Impostos e taxas 1.089,19Financeiras 4.019,36Publicações 30.478,38

Totaldas despesas 157.037,14Superávitdo período 165.124,45

Total 322.161,59

�����Circulante 284.708,43Disponibilidades 254.001,20Caixa 10.234,52Bancos(Conta em mvimento) 3.801,17Aplicações financeiras 239.965,51Créditos e valores 30.707,23Créditos diversos 32.027,90Permanente 241.037,52Imobilizado técnico 269.618,44Imóveis 229.036,41Outros bens 40.582,03(-) Depreciação (28.580,92)Eventos 81.493,73Eventos 81.493,73Total do ativo 607.239,68

BALANÇO PATRIMONIAL LEVANTADO EM 31/12/1998

"������Circulante 45.192,54Empréstimos efinanciamentos 39.869,52Obrigações fiscais 203,70Obrigações sociais 2.566,82Contas a pagar 2.552,50Patrimônio líquido 562.047,14Superávit acumulado 447.345,45Superávit do período 114.701,69

Total do passivo 607.239,68

#�������Anuidades associados 175.049,01Veiculação de anúncios 34.500,00Receitas com eventos 958.149,99Financeiras 12.652,23Recuperaçãode despesas 72.837,94Diversas 38.305,51Ex. Tit. Especialista 2.170,00Receitas compublicações 172.378,57

Total das receitas 1.466.043,25

Total 1.466.043,25

$������Pessoal 126.655,71Administrativas 219.436,14Impostos e taxas 5.691,48Financeiras 19.011,31Publicações 192.364,13Despesas com eventos 788.182,79

Totaldas despesas 1.351.341,56Superávitdo período 114.701,69

Total 1.466.043,25

DEMONSTRAÇÃO DE RECEITAS E DESPESAS EM 31/12/1998

DEMONSTRAÇÃO DE RECEITAS E DESPESAS EM 31/12/1999

DEMONSTRAÇÃO DE RECEITAS E DESPESAS EM 30/4/2000

SBN3.p65 09/02/01, 08:194

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A que o senhor atribui a suaconvocação para depor naCPI?

Ruy Barata – Desde 1995,inúmeros parlamentares, secretáriosde saúde (estaduais e municipais) eentidades médicas vêm seesforçando para colocar luz emquestão tão obscura como é aquestão da compra das unidades dediálise pelos grandes gruposinternacionais produtores de máquinase insumos para diálise. Entretanto, osobstáculos para a concretização deuma investigação mais eficiente têm

sido muito grandes. Infelizmente,nenhum fórum tão importante como aCPI dos Medicamentos havia seestabelecido desde então. Aconvocação da SBN se explica pelaatuação firme de seu presidente nosúltimos quatro anos, cujo trabalhovem trazendo como resultado orespeito e a independêncianecessários para se fazer ouvir emfóruns democráticos, semsubserviência aos interessescomerciais das grandes empresas.

Qual o significado político da CPIpara que se legisle sobre a questão?

Com todas as dificuldadesdecorrentes do enfrentamento dosgrandes cartéis, a CPI teve o méritode argüir, expor, debater e proporsoluções para amplas questões quetornam esse setor um verdadeiromercado persa, onde a moeda detroca é o paciente, principalmente osmenos favorecidos.

O senhor afirmou que as empresasestrangeiras já detêm mais de 30%do setor de hemodiálise. Isto procede?

Os dados do Datasus de marçodeste ano informavam que existiam nomomento em torno de 35 mil pacientesem hemodiálise no Brasil. Asinformações que temos obtido nosinduzem a estimar em cerca de 13.500o número de pacientes nas unidadessob o poder da RTS (Baxter) e daFMC (Fresenius), o que significa38,5% da população sob diálise. Some-se a isso o fato de que ainda é

Diretor de Defesa Profissional expõe pontosde seu depoimento à CPI dos Medicamentos

incipiente no Brasil a representaçãode outras empresas produtoras demáquinas e insumos e temos asunidades de diálise em delicadasituação de inferioridade em relaçãoa preços dos referidos produtos.

Como o senhor descreveria odepoimento das empresas à CPI?

A RTS esteve representada porDavid Neals, assessorado por MiguelRiela, ex-presidente da SBN. A FMCfoi representada por João Pedrinelli.Ambas negaram que controlassemunidades de diálise. O representante

semestre para dar continuidade àspropostas do relatório final da CPI.O que ficou claro é que asdificuldades para inibir a ação ilegaldas mega-empresas têm esbarradoem contratos de gaveta, nos quaisos antigos donos permanecem comoresponsáveis frente ao SUS,mantendo oculta a natureza datransação. Vários documentosforam anexados ao processo,comprovando a ação em foco.

Que falhas os órgãos regulamen-tadores da sociedade devem corrigir?

Por várias vezes, o atual presi-dente do Cade (Conselho Adminis-trativo de Defesa Econômica),Gesner de Oliveira, veio a públicopara dizer que o órgão por eledirigido não tem estrutura mínimapara investigar denúncias e nemmesmo para posicionar-se, a não sersob a forma de despachos inócuos.A Secretaria de AcompanhamentoEconômico do Ministério daFazenda é insuficiente e susceptívela um grande número de influênciasque passam por setores de grandepoder econômico e político. O de-saparelhamento do MinistérioPúblico e a morosidade da Justiça,por outro lado, tem facilitado aproliferação de irregularidades.Felizmente, o aparelhamento daVigilância Sanitária e a açãoeficiente de Gonçalo Vecina(presidente da Agência Nacional deVigilância Sanitária) constitui-seindubitável avanço.

E quanto à qualidade do tratamento?Documentos do Ministério da Saúde

e de entidades como o ConselhoRegional de Medicina de São Paulodemonstram a melhoria generalizadadas condições de tratamento nasunidades de diálise. Muito há quese melhorar, principalmente apossibilidade de receber ademanda crescente emcondições menos desfa-voráveis. Os avanços,entretanto, correm riscospelo subpagamento de

tabelas não atualizadas.

Que expectativas o senhor tem emrelação às iniciativas da CPI?

Esperamos que essa situação venhaa ter uma legislação específica, a servotada no Congresso Nacional, comoindicado no relatório da CPI. A posiçãoem bloco de vários parlamentares nosparece mais consolidada. Entretanto,temos clareza do poderio de taisempresas e da fragilidade dosorganismos da sociedade civil.

Que reflexos dessa situação estãopresentes dentro da SBN?

Embora seja inquestionável opoderio de tais empresas no seio daSBN, os nefrologistas brasileiroselegeram por dois mandatosconsecutivos o atual presidente,cuja posição contrária a essa açãodos grandes grupos é clara.Sabemos que a aproximação denovas eleições para a SBN jádesperta a ação dos gruposorganizados em torno dessesinteresses, mas temos clareza deque mais uma vez os nefrologistasbrasileiros saberão repudiar asmanobras que se articulam parafazer a entidade retornar à antigacondição de caixa de ressonânciadas megaempresas. A construçãode um novo patamar ético derelação entre médicos e indústriade produtos farmacêuticos,hospitalares e insumos é tarefa quevai exigir vigilância permanente dossetores mais conseqüentes.

da RTS declarou que sua empresaera de consultoria e administração eque recebia dividendos (royalties)pelo aluguel de equipamentos e porserviços administrativos. Na mesmalinha caminhou o representante daFMC, ao declarar que apenas seresponsabilizavam pelos “standards”técnicos das unidades.

Como posicionou-se a represen-tante da Aprec (Associação de Pa-cientes Renais Crônicos)?

Pessoalmente prefiro nãocomentar a atuação de NeideBarriguelli, cujo discurso semprefuncionou como linha auxiliar de em-presas estrangeiras. Aliás, Neide nãoé mais a presidente da Aprec,destituída que foi pelos seus pares,sob graves acusações que não noscabe revisar.

Como se comportaram os membrosda CPI em relação ao interrogatório?

Os parlamentares foram pertina-zes na busca de pistas e decla-rações. A quebra do sigilo bancárioe fiscal das referidas empresas foisolicitado e uma investigação maisacurada poderá ter início naComissão Permanente de Saúde quedeverá formar-se no próximo

“A construção de um novo patamar éticode relação entre médicos e indústria vaiexigir vigilância permanente dossetores mais conseqüentes”

“Uma investigação mais acurada poderá ter iníciona Comissão Permanente de Saúde que deverá

formar-se no próximo semestre”

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A Disciplina de Nefrologia daFaculdade de Medicina daUniversidade de São Paulo(FMUSP), com o apoio daSociedade Brasileira deNefrologia do Estado de SãoPaulo (Sonesp) e do Centro deEstudos de Nefrologia eHipertensão do Hospital dasClínicas da FMUSP, realiza de 16a 18 de agosto, pelo terceiro anoconsecutivo, o Nefro-USP 2000,Curso Anual de Nefrologia.

O objetivo do evento étransmitir aos interessados umarevisão sobre diversos tópicos emnefrologia, incluindo os maisrecentes dados publicados. Sãoesperados 40 palestrantes e 200inscritos.

O programa conta comatividades nos seguintes tópicos:distúrbios hídricos, distúrbioseletrolíticos e ácido-base,hipertensão arterial, glome-rulonefrites, insuficiência renalcrônica, métodos dialíticos,transplante renal, nefrologiaclínica, insuficiência renal agudae nefrologia intensiva, além deuma sessão anatomoclínica.

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Nefrologistasreunidos em NatalO XX Congresso Brasileiro de

Nefrologia, que acontece de 24 a27 de novembro em Nata, RN, trazcomo novidade uma telecon-ferência utilizando a Internet 2, redede alta velocidade. Além disso,durante o evento acontecem asassembléias ordinária e extraor-dinária da SBN

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De 17 a 19 de maio o Rio deJaneiro recebeu 650 pessoas que participaram do 2o

Congresso Latino-americano deInsuficiência Renal Aguda. O eventofoi promovido pela Sociedade deNefrologia do Estado do Rio deJaneiro (Sonerj) com apoio daSociedade Brasileira de Nefrologia,da Sociedade Latino-americana deNefrologia e Hipertensão(SLANH), da So-ciedade de Nefro-logia do Estado deSão Paulo (So-nesp) e da Socie-dade Internacionalde Nefrologia.

O evento marcou a continuidadedas Reuniões Científicas no Tema deInsuficiência Renal Aguda. “Esteseventos vêm reafirmando a impor-tância das contribuições da nossanefrologia para o conhecimento daInsuficiência Renal Aguda (IRA). Aparticipação da SLANH e denefrologistas de 16 países, sendo 10da América Latina, permitiuaprofundar as relações de respeito ede cordialidade que deve predominarentre os nefrologistas brasileiros enossos vizinhos da América Latina”,afirma Maurício Younes-Ibrahim,presidente do Congresso.

Além de dois cursos pré-congresso,

IRA no centro das atençõesNefrologistas latino-americanos reúnem-se no Rio de Janeiro

Balão da SBN, que foi lançado no Rio e que seguirá paraNatal, para o Congresso Brasileiro. A idéia é que ele sejacolocado nos locais onde aconteçam eventos da SBN,simbolizando a presença da SBN e de seus membros

o evento teve 33 sessões, entreconferências, mini-conferências emesas redondas, 41 posters e 2simpósios promovido pela indústria.

Compareceram, entre outros, osseguintes convidados internacionais:Joseph Bonventre, Bruce Molitoris,George Porter, José Arruda e WillianFinn (EUA); Kim Solez (Canadá);Bruno Van Vlem (Bélgica); MatheusPrata e Levy Guerra (Portugal);

Ezequiel BellorinFonte, presidenteda SLANH(Venezuela); eRaul Lombardi,presidente do pró-ximo congresso

(Uruguai).Durante o evento foi realizada uma

reunião para a formação de umaforça-tarefa em IRA na AméricaLatina, que contou com 31representantes de 9 países (vermatéria ao lado). Nessa ocasião foicriado, pelo presidente da SLANH, ocomitê de IRA da entidade, queorientará os trabalhos da força-tarefa.

Os abstracts já foram publicadosem um suplemento especial doJornal Brasileiro de Nefrologia,e todas as aulas do congresso (18palestras) poderão ser vistas eouvidas em um CD-Rom que estásendo preparado.

Sucesso do evento realizado na “Cidade Maravilhosa”culminou com um jantar na Ilha Fiscal

No dia 20 de maio, após o término do 2o Congresso Latino-americano de Insuficiência Renal Aguda, foi realizada a reunião paraa reorganização da força-tarefa em IRA para a América Latina.Estiveram presentes 31 representantes de nove países.

A discussão foi aberta com a apresentação de Kim Solez, da SociedadeInternacional de Nefrologia (ISN), e Bruno Van Vlem, da força-tarefaem IRA européia, que expuseram a história da Disaster Relief TaskForce da ISN. Em seguida, Nestor Schor, da Unifesp/EPM, fez uminforme sobre a criação da força-tarefa latino-americana, que aconteceuem 1996 durante o 1o Congresso Latino-americano de IRA.

Passou-se então para a discussão sobre a reestruturação. Uma dasresoluções foi a criação de um comitê de IRA, dentro da SLANH, coma missão de desenvolver um plano de atividades para promover oconhecimento da realidade da IRA na América-latina e planejarestratégias de prevenção e tratamento em situações de desastres naturais,endemias e epidemias. Esse comitê será responsável pela coordenaçãoda força-tarefa.

Foi eleita uma direção provisória composta por: Maurício Younes-Ibrahim (Brasil), Raúl Lombardi (Brasil), César Agost-Carreño(Argentina), Atílio Fernández (Venezuela), Sandra Rodríguez (RepúblicaDominicana) e Antonio Vukusich (Chile). Esse comitê provisórioelaborará um plano de trabalho para ser apresentado às sociedades

membros da SLANH nos próximos meses. Estabeleceu-se quedurante a próxima reunião desse comitê provisório deverá

ser constituído o comitê definitivo.Foi decidido também que os próximos congressos latino-

americanos de IRA serão uma atividade regular da SLANHe acontecerão a cada três anos. O Uruguai foi designadocomo próxima sede do congresso, em 2003.

Novo comitê será responsávelpela coordenação da força-tarefa

Todas as aulas docongresso estarão

disponíveis emCD-Rom

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Nestor Schor, da Unifesp/EPM, durante a reuniãopara a reestruturação da força-tarefa

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No dia 24 de abril co-comemorou-se o cente-nário de Jairo Ramos.

Mestre de várias gerações demédicos, emérito cultuador dapropedêutica como instrumentosoberano da Clínica, Jairo marcouépoca entre seus pares.

No princípio serviu à famosaenfermaria masculina da SantaCasa de Misericórdia de São Paulo,sob a liderança de Rubião Meira,em companhia de Lemos Torres,seu mestre, amigo e, mais tarde, seucolega de congregação.

Sua intensa atividade associativae seu claro perfil de liderançaempreendedora permitiu-lhemarcantes realizações no meiomédico, entre as quais a fundaçãoda Escola Paulista de Medicina aolado de Otavio Ribeiro e LemosTorres, em 1933.

Em seu longo período de gestãocomo presidente da AssociaçãoPaulista de Medicina (APM) – de1945 a 1952 e de 1955 a 1956 –foi construído o edifício de 12andares que sedia a APM. Em1951, juntamente com AlípioCorreia Neto e Hilton Rocha,liderou o processo de criação daAssociação Médica Brasileira(AMB) após longa peregrinaçãopelo país.

É significante sua contribuiçãopara a cardiologia brasileira, tendosido o primeiro diretor dos ArquivosBrasileiros de Cardiologia.

Seu perfil envolto em luminosaaura de sabedoria pairou comomolde para a moderna medicinaque começava a despontar. Éconhecida sua incansável labutapela valorização das queixas dosdoentes, registradas nos principaisinstrumentos de pesquisa médica:a anamnese e o exame físico. Nas

palavras de Pedro PauloMonteleone, presidente doConselho Regional de Medicina deSão Paulo e seu ex-aluno, oprofessor Jairo Ramos estava naenfermaria diariamente, à beira dosleitos, cercado de alunos eassistentes, trajando aventalimaculadamente branco eimpecavelmente engomado,sempre de gravata, discutindo oscasos à minúcia, cobrandoenfaticamente postura ética ecientífica dos alunos.

De sua pena brotaram frasesescritas ainda em 1949, que refletemsua antevisão das complexasquestões econômicas, filosóficas e

sociais que permeiam o impasseainda vivido pela classe médicaneste momento onde o jargão daglobalização oculta velhosproblemas

Em pensamento acabado Jairoprenuncia: “Reconhecemos o direitode assistência médica eficiente atodo homem. Reconhecemos anecessidade de organizar osserviços médicos em outras bases,pois a complexidade cada vez maiorde meios diagnósticos e dos recursosterapêuticos torna o serviço médicodemasiado caro, fora do alcance damaioria de nossa população.Combatemos entretanto a tendênciapara uma socialização unilateral, com

o objetivo precípuo e exclusivo depreservar o capitalismo industrial,bancário, comercial e agrário”.

Com Felício Cintra do Prado eRibeiro do Vale , editou um dosmais vendidos livros na área médica– Atualização Terapêutica –,o qualapós sua morte passou a ser editadopor Osvaldo Luiz Ramos, seu filhoe elo de ligação de Jairo com anefrologia.

Osvaldo, médico de raro talento,esteve entre os fundadores danefrologia no Brasil, faleceu no anopassado. Sua personalidade fez pormerecer a modesta homenagemque o SBN Informa lhe prestou, soba forma de Suplemento Especial.

No dia 24 de abril, a APM, aUniversidade Federal do Estado deSão Paulo/Escola Paulista deMedicina (Unifesp/EPM) e aAMB, em sessão solene,homenagearam o velho professor,representado na ocasião por seufilho Jairo Luiz, noras, netos ebisnetos. No auditório lotadoouvimos palavras dignificantespronunciadas por José Luiz Gomesdo Amaral (presidente da APM),Hélio Egídio Nogueira (reitor daUnifesp/EPM), Jair XavierGuimarães (Unifesp/EPM),Eleuses Paiva (presidente daAMB), Guido Palomba (APM) ePedro Paulo Monteleone(Conselho Regional de Medicinade São Paulo).

Na ocasião, Jairo Luiz anunciou acriação do prêmio “Jairo Ramos”.Com fundos provenientes de parteda arrecadação do livro“Atualidades Terapêuticas” quecaberiam aos herdeiros de JairoRamos, o prêmio distribuídoanualmente contemplará o maisdestacado residente de ClínicaMédica da Unifesp/EPM.

Jairo Ramos: um perfil profético

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