Orientações para a revitalização

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1 PASTORAL JUVENIL MARISTA ORIENTAÇÕES PARA A REVITALIZAÇÃO

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Pastoral Juvenil Marista orientaÇÕes Para a revitaliZaÇÃo

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Pastoral Juvenil Marista orientaÇÕes Para a revitaliZaÇÃo

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Este livro, ou parte dele, pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor, desde que mantida a referência e respeitados os direitos de autoria e edição de acordo com as Leis Brasileiras.

UMBRASILPresidente Ir. Wellington Mousinho de Medeiros

Diretor-Presidente Ir. ClaudianoTiecher

Secretário Executivo Ir. Valter Pedro Zancanaro, fms

Coordenação da publicação

Comissão de Evangelização – Grupo de Trabalho Pastoral Juvenil Marista

Organização da publicação

Área de Missão da UMBRASIL

União Marista do Brasil (UMBRASIL)SCS Quadra 4 – Bloco A – 2º andarEdifício Vera Cruz – Asa Sul – Brasília – DF – 70.304-913Telefax: (61) 3346-5058www.umbrasil.org.br – [email protected]

Brasília, 2015

U58p União Marista do Brasil Pastoral Juvenil Marista: orientações para a revitalização / União Marista do Brasil; [organização de] Área de Missão da UMBRASIL. – – Brasília: UMBRASIL, 2015. 55 p.: il. ; color. ISBN: 978-85-63200-31-0

1. Guias - Manuais 2. Grupos em teologia pastoral 3. Pastoral Juvenil Marista 4. Atividades pastorais I. União Marista do Brasil II. Título.

CDU 27-48 CDD 253

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A Pastoral Juvenil Marista (PJM) nasceu no ano de 2005, com o lançamento das

diretrizes nacionais, fruto de uma longa caminhada interprovincial dos Maristas do

Brasil no desejo de construir uma identidade comum para o processo de educação

na fé dos adolescentes e jovens estudantes das Unidades do Brasil Marista.

Esse desejo de uma identidade comum emergiu das diversas análises conjunturais e

das muitas partilhas realizadas com base nos processos de evangelização propostos

nas Províncias Maristas do Brasil. Haviam muitas experiências sendo vivenciadas,

diversas ações sendo realizadas, muitas pessoas envolvidas e um sonho de unidade.

introDuÇÃo

O QUE A MEMóRIA AMOU FICOU ETERnO”(Adélia Prado).

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A partir do ano de 2005, com os pés fincados na realidade presente e os olhos no

futuro, com suor e lágrimas, mas principalmente com muita esperança e ousadia,

cada Província, respeitando a metodologia dos Movimentos Juvenis já existentes

(Gamar, Eda-Remar e Jumar), e inspirado em outras Pastorais, deu vida à PJM, cada

qual ao seu tempo e no seu ritmo.

Passaram-se alguns anos do lançamento das Diretrizes nacionais da Pastoral Juvenil

Marista (DnPJM). Tempo suficiente para dar ao coração a oportunidade de revisitar

o caminho já trilhado e identificar os desafios e possibilidades para a revitalização

da PJM no Brasil.

A Comissão de Evangelização se coloca como responsável pelo acompanhamento

da PJM, compreende sua importância na vida dos adolescentes e jovens das Uni-

dades Maristas e percebe a urgência de uma retomada da caminhada no intuito

de fortalecer o presente e garantir o futuro. Diante disso, solicitou a criação de um

Grupo de Trabalho que revisitasse e discutisse a PJM em todos os seus contextos, a

fim de apresentar os diversos processos vivenciados nas Províncias no que se refere

aos eixos da Ação, da Formação e da Espiritualidade, de modo a pensar perspectivas

e propor novos cenários na ação evangelizadora com adolescentes e jovens.

Com o objetivo de fortalecer a unidade nos processos de evangelização de adoles-

centes e jovens das Províncias, considerando o alinhamento conceitual, a identidade

e as opções pedagógicas, o Grupo de Trabalho, com base em diferentes realidades

provinciais, elencou como pontos fortes da PJM: o aumento do número de partici-

pantes e de grupos de jovens acompanhado de uma preocupação com a qualidade

do processo; atenção em organizar espaços formativos para jovens e adultos, por

meio de videoconferências, encontros presenciais e construção de subsídios; valori-

zação da participação juvenil em âmbitos eclesiais, sociais e na PJM; e a viabilização

de estruturas que garantam o bom funcionamento das atividades com os jovens.

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Como desafios foram apontados: a necessidade de um alinhamento de conceitos

que permita a unidade nos processos, respeitando as especificidades das Provín-

cias; o estabelecimento de um processo de formação continuada que vá além dos

encontros pontuais; a preocupação com acompanhamento grupal e personalizado;

a constituição de orientações que contribuam para o diálogo ecumênico e inter-reli-

gioso; o desenvolvimento de um processo que fortaleça o trabalho de evangelização

com as juventudes no âmbito do Ensino Médio e Universitário; o fortalecimento de

processos que integrem ação e espiritualidade; e a criação de espaços que poten-

cializem a inserção dos adolescentes e dos jovens na tomada de decisões nos meios

eclesiais, sociais e no âmbito das estruturas Provinciais.

É possível perceber as lacunas e conquistas, e, desse modo, os horizontes que pre-

cisamos alcançar. Fica evidente que a PJM está consolidada em todas as Províncias,

sendo reconhecida como um meio eficaz de evangelização juvenil. Porém, é urgente

a necessidade de realizar o alinhamento conceitual, o aprofundamento da identi-

dade e das opções pedagógicas expressas nos aspectos da formação, organização e

acompanhamento, à luz dos documentos e das práticas cotidianas da PJM.

Tendo em vista os inúmeros desafios contemporâneos no trabalho de evangeliza-

ção das adolescências e juventudes, somos provocados a voltar nosso olhar para

as atividades da PJM. Essa atitude nos impele a vislumbrar novas possibilidades de

ação que garantam unidade e vitalidade da PJM no Brasil Marista.

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Daqui onde estamos não vemos o início do caminho,

mas temos como companheiras as pegadas

daqueles que fizeram a caminhada

e nos conduziram até aqui.

Muitos vieram, nós aqui estamos,

e tantos outros virão depois.

“O que vimos e ouvimos”, testemunhamos.

Com cantos de alegria e festa, celebramos.

Unidos em comunidade, marchamos:

porque a frente se estende o futuro,

que nos convoca e espera.

Lá, bem ao longe, não está a chegada,

Estamos a chegar a todo o momento.

Caminheiros do Caminho

“E JESUS RESPOnDEU: ‘EU SOU O CAMInHO A VERDADE E A VIDA.” (Jo 14, 6)

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Com olhar agradecido ao passado,

com os pés fincados na realidade presente

e construindo o futuro, que já nos presenteia

com suas novidades - porque nós também somos a novidade -

vamos espalhando muita vida,

oferecendo nossa jovem esperança

e transformando cada realidade que encontramos.

Estamos construindo o futuro passo a passo;

um futuro que vem e já chegou.

A emergência do novo nos convida a caminhar.

não a desprezar o passado, porém a ir de mãos dadas com ele.

Temos Maria e Marcelino que nos cuidam, carinhosamente,

nos caminhos do Caminho, nos caminhos da Vida que estamos a construir.

E nos apontam, tais como setas, o chão onde pisar,

as pessoas que devemos encontrar e os lugares onde queremos ir.

Porque nossa novidade não se esgota e o Caminho está conosco.

Porque somos e seremos sempre jovens caminhantes.

Se vamos juntos podemos chegar mais longe.

Se vamos juntos o Caminho não nos deixa desanimar.

Pois, se vamos juntos não deixaremos nunca de com Ele nos encontrar.

Irmão Gustavo Ribeiro, FMS

Belo Horizonte/MG

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Simplicidade, Humildade e Modéstia

São as sementes que queremos cultivar

Cheias de esperança e alegria

Cheias de nosso sonhar.

nossa fé

É cultivada junto as nossas ações

Com a memória viva de Jesus, Champagnat, Maria e Montagne

Junto a tantos corações

E a civilização do amor?

É feita com todos e todas

Com cada gota de amor

Onde juntos somos sempre mais

Sonho cultivado pela Pastoral Juvenil Marista

De um em um e mais um

Juntos somos construtores

Cultivadores de um sonho comum

Sonho de ser e viver nessa civilização do amor

Sonho sonhado entre e com os jovens

Onde nosso maior compromisso é ser evangelizador

Evangelizadores entre os jovens

Alexandre Oliveira C. Júnior

Animador da PJM do Colégio Marista São Pedro

Porto Alegre/RS

Cultivadores

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PJM: uma história a rememorar!

O bom de pôr-se a caminhar

É imaginar os possíveis encontros

Que ocasionalmente podem gerar.

O Marista, na doce travessia, acolheu e confiou

Aquele inevitável encontro entre jovens

Vindos do GAMAR, JUMAR

E também do EDA-REMAR

PJM: uma novidade que se pôs no ar!

Em 2005, iniciou-se essa ousada jornada,

Ocasionando alegria, mas também rebuliço.

Uma proposta que incluía a massa juvenil

naquela Pastoral oferecida

Com Carisma e jeito Marista.

PJM: três letras e um infinito a contemplar!

no “P” estão os tempos, Passado, Presente

E possibilidades de um potencial futuro melhor.

Do “M” vem nossas inspirações

Maria, Marcelino, Missão, Mundo.

E, em meio a tudo, encontra-se o “J”

nitidamente enganchado entre a Pastoral e o Marista

Para reforçar a importância daqueles que são

trilhas da PJM

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De fato os protagonistas.

As juventudes estão no centro

De nossa missão,

E até mesmo da logo em questão!

PJM: diversos valores a vivenciar!

na amizade, crianças e jovens partilham o amor

Com alegria, sensibilidade e determinação

São protagonistas despojados em ação e

Que mobilizam, se for preciso, toda uma nação

Sensibilidade, humildade e modéstia

São valores que Champagnat nos legou

E, com eles, cremos na esperança eterna

De uma juventude missionária

Que contribua com uma sociedade

Mais justa e fraterna

PJM: um futuro que iremos, juntos, caminhar!

Assim nossa jornada continua.

Para trás belos encontros

E, para frente, novos horizontes

Queremos transformar o mundo, refazer nossos atalhos.

Se faz necessário revisitar os sonhos,

Já que estamos em nosso décimo aniversário.

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PJM: é hora de reavivar e revitalizar!

O caminho se faz ao caminhar.

Vamos juntos cativar novos jovens

E contagiá-los com a mística que nos uniu.

Se somos todos PJM do Brasil

Vamos cada vez mais nos aproximar?

Ao próximo... Amar!

Em um maravilhoso encontro

De jovens sonhadores

Conectados por uma privilegiada

Pastoral Juvenil Marista do Brasil

Flávia Meirelles Israel e Diogo Luiz Galline

Ribeirão Preto/SP e Curitiba/PR

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1.1 Adolescências e Juven tudes

Falar de adolescência e juventude é sempre um desafio, pois os conceitos precisam

ser diferenciados.

Tratando de adolescência, o conceito que a Unicef usa no Relatório da Situação da

Adolescência Brasileira, em 2002, diz: “fase específica do desenvolvimento huma-

no caracterizada por mudanças e transformações múltiplas e fundamentais para

que o ser humano possa atingir a maturidade e se inserir na sociedade no papel de

adulto”; mais adiante acrescenta que é “muito mais que uma etapa de transição,

contemplando uma população que apresenta especificidades, das quais decorrem

uma riqueza e potencial únicos”.

CAPÍTULO 1 alinHaMento ConCeitual

COERênCIA É O ESFORçO DIÁRIO QUE FAZEMOS PARA APROxIMAR AQUILO QUE DIZEMOS DAQUILO QUE FAZEMOS.”(Paulo Freire).

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Já quando nos pronunciamos sobre juventude, buscamos em Groppo (2002), novaes

(2008) e Freitas (2007), a utilização do termo juventudes, a fim de ressaltar as dife-

renças e as diferentes situações em que se encontram os jovens. Para esses autores, a

importância de utilizar o termo no plural tem como objetivo alertar para a existência

de várias realidades juvenis que se expressam de diferentes formas e são marcadas por

diferenças culturais e desigualdades sociais. Segundo Abramo e Branco (2005, p. 37),

juventude é desses termos que parecem óbvios, dessas palavras que se explicam por elas mesmas e assunto a respeito do qual todo mundo tem algo a dizer, normalmente reclamações indignadas ou esperanças entusiasmadas. Afinal, todos nós somos ou fomos jovens, convivemos com jovens em relações mais ou menos próximas, e nas últimas décadas eles têm sido tema de alta exposição nos diferentes tipos de mídia que atravessam nosso cotidiano.

Para Freitas (2007, p. 19-50), “a juventude é singular e plural. É singular no que se

distingue a infância da maturidade, com conteúdos próprios. É plural nos diversos

jeitos de viver a juventude, que se diferenciam em razão da classe social, das relações

de gênero, da raça/etnia, do local de moradia, da escolaridade e das experiências

pessoais”.

De acordo com o Documento Evangelizadores entre os Jovens

é difícil, para nós, conceituar a juventude, pois é impossível abranger as diversas situações que os jovens vivem, dependendo de suas raízes e origens étnicas, das influências culturais de seus meios, ou das diferentes condições políticas, sociais e econômicas. Os jovens não constituem uma categoria homogênea. Eles se encontram imersos em uma rede de relações e de interações múltiplas e complexas que constituem um universo social descontínuo e sujeito a mudanças (IRMÃOS MARISTAS,

2011, p. 19).

Diante da diversidade juvenil e considerando os múltiplos significados atribuídos

pela sociedade ao período da vida denominado adolescência e juventude, é impres-

cindível considerar que esses sujeitos precisam ser acolhidos, respeitados, ouvidos

e reconhecidos em sua condição.

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nesse contexto, somos chamados a continuar sendo presença significativa junto

às adolescências e juventudes, somar nossa voz às suas e às vozes de outras pessoas

que também lutam por direitos.

Diante disso, é preciso:

• Assegurar a compreensão da pluralidade das adolescências e juventudes, utili-

zando esses conceitos em nossos discursos, documentos, nossas práxis (refle-

xões e práticas cotidianas) e com os diversos interlocutores, de acordo com o

que o Instituto Marista e os Marcos Regulatórios das políticas nacionais para

adolescências e juventudes estão propondo.

• Acompanhar, dialogar, incluir e respeitar as realidades juvenis nas dimensões de:

território, classe social, gênero, religiosidade, raça/etnia, sexualidade, cultura,

geração, biotipo etc., para gerar verdadeiras ações inclusivas e uma imagem

positiva das adolescências e juventudes.

• Estudar as adolescências e juventudes como uma forma de conhecê-las e me-

lhor acompanhá-las.

• Fortalecer e ampliar o diálogo sobre a PJM entre Gestores, Educadores, Irmãos,

Pastoralistas, Leigos/as Maristas e Famílias.

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1.2 A PJM como espaço privilegiado de evangelização das

adolescências e juventudes

Compreendemos que o processo de amadurecimento na fé que os adolescentes e

jovens vivenciam, necessariamente não começa e nem termina na PJM, uma vez que

a proposta da PJM atinge uma determinada faixa etária.

O documento Evangelizadores entre os Jovens (2011, p. 62), ao apresentar a Pastoral

Juvenil Marista, a entende como um lugar privilegiado de evangelização, como forma

de responder à “missão de Marcelino Champagnat de ‘tornar Jesus Cristo conhecido

e amado’, vendo na educação o meio de levar até os jovens a experiência de fé, e de

fazer deles ‘bons cristãos e virtuosos cidadãos’. nós, seus seguidores, assumimos

essa mesma missão, através de estruturas e projetos, um dos quais é a Pastoral Ju-

venil Marista. [...] A PJM representa o lugar privilegiado de encontro com os jovens

para acompanhá-los na sua experiência pessoal e comunitária de fé”, ajudando-os

a construírem o rosto de uma Igreja viva, jovem e próxima.

Esse rico espaço de evangelização se constitui também como lugar propício para a

valorização da vocação. De acordo com o documento Evangelizadores entre os Jovens,

A dimensão vocacional é parte essencial da pedagogia da PJM. [...] Essa integração ajuda os jovens a serem protagonistas de sua existência e oferece a oportunidade de construir seu projeto de vida [...]. A expe-riência nos diz que a evangelização dos jovens através da PJM é um dos melhores caminhos para fazer nascer e alimentar o interesse pela vocação marista, seja como pessoa laica ou como religioso com votos

(IRMÃOS MARISTAS, 2011, n. 135, p. 59).

Reconhecemos a Pastoral Juvenil Marista como um espaço privilegiado de evan-

gelização, contudo entendemos que os outros espaçotempos, cada qual com a sua

identidade, contribuem para a formação integral de adolescentes e jovens.

Diante disso, é preciso:

• Fortalecer a experiência grupal na PJM, reconhecendo-a como uma vivência

processual e um caminho no seguimento de Jesus de nazaré e seu projeto, por

meio do carisma Marista.

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• Fortalecer a cultura vocacional na PJM e intensificar a interface entre Setores/

Coordenações Provinciais (Vida Consagrada, Laicato, Solidariedade, Animação

Vocacional etc.) e os diferentes atores do contexto educativo, tomando por

base as realidades e culturas juvenis.

• Reforçar que os adolescentes e jovens requerem acompanhamento integral

com interfaces entre os diversos espaços (educacional, eclesial, comunitário,

social, cultural, esportivo...).

• Reconhecer que as outras manifestações juvenis dentro das Unidades Maristas

(grêmios estudantis, adolescência missionária, escolinhas, voluntariado, fé e

política, entre outros) e em seu entorno contribuem para o amadurecimento

na fé, mas não são experiências grupais da PJM.

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1.3 As funções na PJM

Segundo as Diretrizes nacionais da PJM (2005, p. 130) “há quatro modos de exercer

o ministério de serviço aos grupos de jovens: Participante de Grupo, Coordenador

de Grupo, como Animador e como Assessor”. Embora essa premissa conste em

nossos documentos, cada Província, atenta a própria realidade, adotou nomencla-

turas diferenciadas: participantes/ pejoteiros; coordenadores/monitores; assessores

jovens/animadores e assessores adultos/responsável adulto. Essa diversidade das

nomenclaturas diz respeito à história do trabalho das Províncias com as adolescên-

cias e juventudes. Queremos continuar respeitando essa diversidade, mas, ao mesmo

tempo, buscamos refletir sobre a unidade em relação às funções/nomenclaturas

para o Brasil Marista.

Diante disso, é preciso:

Divulgar e implementar as seguintes funções:

• Participante – São os adolescentes e jovens que, chamados a participar dos

grupos de PJM, assumem o compromisso de construir sua identidade pessoal,

grupal e a caminhada de amadurecimento na fé. Segundo as Diretrizes nacio-

nais da PJM, são aqueles que participam “[...] entrosando-se na dinamicidade

planejada do grupo, assumindo participação ativa na vivência cotidiana do

grupo” (DnPJM, n. 359, p. 130).

• Coordenador(a) – São adolescentes e jovens que se colocam a serviço do grupo,

assumindo a liderança na organização dos processos grupais no planejamento,

no acompanhamento do projeto de vida do grupo e dos participantes. nas

Diretrizes ele é visto como “[...] alguém que, de modo democrático, ‘organiza’

e ‘arranja’ o grupo. O coordenador, neste caso, é alguém que decide, assume o

papel de ‘representação’ do grupo. Essa ‘coordenação’ vale em nível de grupo,

de paróquia (colégio), de diocese etc. Representa e organiza, em diferentes

níveis. Imagina-se que esse ‘coordenador’ tenha de 15 a 29 anos” (DnPJM, n.

359, p. 130).

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• Animador(a) – São os jovens que, tendo uma trajetória grupal maior, se dis-

ponibilizam a acompanhar os grupos de PJM da Unidade. Sua contribuição se

dá, de modo mais intenso, junto aos coordenadores de grupo no sentido das

trocas de experiência, dos processos de formação e no acompanhamento do

projeto de vida dos grupos. nas Diretrizes ele é entendido como “[...] alguém que

está deixando de ser jovem, de ser coordenador, mas está disposto a prosseguir,

colaborando na vida dos grupos. Deixa de lado seu papel de ‘coordenador’,

para tornar-se, num segundo plano, alguém que continua aí simplesmente no

papel de ‘ajudar’. não é ele que ‘coordena’; não é ele que ‘representa’; não é ele

que ‘decide’. Ajuda, como João Batista, para que outros cresçam e ele diminua”

(DnPJM, n. 359, p. 130).

• Assessor(a) – Colaborador e/ou voluntário Marista da Unidade, adulto ou

jovem mais experiente que já possua experiência e testemunho autêntico de

vida cristã e que se disponibilize ao serviço de assessoria por meio do acompa-

nhamento dos grupos. nas Diretrizes esclarece-se que “[...] O que o diferencia

do ‘animador’ e do ‘coordenador’ é que ele, com o tempo e com a prática, está

mais adulto, adquiriu mais experiência, construiu sua personalidade, teve mais

tempo para cultivar-se na missão de servir. não se trata de ‘ser mais perfeito’,

de ‘ter mais poder’; trata-se de processo de amadurecimento no serviço. É uma

realidade interna que se vai descobrindo” (DnPJM, n. 359, p. 130).

• Articulador(a)1 – Colaborador Marista da Unidade responsável em garantir os

processos da PJM tendo por responsabilidade dinamizar a formação dos atores

da PJM; fazer a interlocução com a equipe pedagógica, gestora e provincial de

Pastoral; acompanhar a dinâmica dos grupos e a própria formação em vista do

Ministério da Assessoria.

• 1 Ainda que essa terminologia não esteja descrita nas Diretrizes nacionais da PJM, sentiu-se a necessidade de inserir essa função/nomenclatura em virtude dos processos vivenciados nas Províncias Brasil Centro-norte e Brasil Centro-Sul.

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2.1 Identidade da PJM

Pautados no Processo de Educação na Fé, buscamos fortalecer a identidade da PJM,

tanto por meio dos valores cristãos e Maristas, quanto pelas opções pedagógicas

vivenciadas na prática cotidiana. Dessa forma, o estudo dos documentos Maristas

ajudam a compreender e vivenciar a identidade da PJM.

O documento da Mística aborda a identidade da PJM, da seguinte forma:

As Diretrizes Nacionais da Pastoral Juvenil Marista recordam que o processo de educação na fé, mais do que um simples método ou técnica, tem originalidade e autenticidade que surgem do desejo do encontro e da descoberta de um Deus que se revela em Jesus Cristo, nas pessoas e na natureza. Esse processo deve ensejar que o jovem vivencie o projeto de Jesus Cristo, sendo apóstolo no meio de outros jovens, por meio da

CAPÍTULO 2 iDentiDaDe

SER O QUE SE É, FALAR O QUE SE CRê, CRER nO QUE SE PREGA, VIVER O QUE SE PROCLAMA ATÉ AS úLTIMAS COnSEQUênCIAS.” (Dom Pedro Casaldáliga).

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formação integral, com o jeito marista de ser, na construção de uma sociedade mais justa, ética e solidária, sinal da civilização do amor (UMBRASIL, 2008, n. 02, p. 20).

Dessa forma, o estudo dos documentos Maristas (Diretrizes nacionais da PJM, Pro-

cesso de Amadurecimento na Fé: Mística da PJM e Evangelizadores entre os Jovens)

ajudam a compreender e vivenciar a identidade da PJM.

Diante disso, é preciso:

• Revisitar, estudar e aprofundar os documentos da PJM.

• Produzir instrumentos adequados à linguagem juvenil para mediar o estudo e

o aprofundamento dos documentos.

• Realizar a reescrita das DnPJM com base na revitalização da PJM nas Províncias

(2017) em sintonia com a revitalização da PJM nas Américas (Subcomissão

Interamericana de Evangelização), a publicação Evangelizadores entre os Jovens

e demais documentos eclesiais que são inspiradores das DnPJM (Civilização do

Amor, Documento 85 da CnBB, entre outros).

• Prospectar a realização do Congresso nacional da PJM (2017, como parte da

agenda de comemoração do Bicentenário do Instituto).

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2.2 Princípios da PJM

Os princípios nascem de uma experiência que produz conhecimentos fundamen-

tais originando um modo de ser, atitudes, comportamentos... nesse sentido, os

princípios da PJM nascem da experiência de São Marcelino Champagnat e hoje

continuam sendo significativos para os seus seguidores quando: “somos Igreja,

povo de Deus, uma Igreja missionária que descobre, contempla, ama e agradece

a presença e a obra de Deus em cada ser humano [...]; uma Igreja dinâmica que se

sente em missão para que todos os homens e mulheres possam descobrir a ação e o

calor do Espírito [...]; [...] uma Igreja acolhedora, participativa, evangélica, profética

e fraterna” (Evangelizadores entre os Jovens, p. 53); somos uma Igreja profética, do

diálogo ecumênico e inter-religioso, sal da terra e luz do mundo e acolhedora das

adolescências e das juventudes.

Um dos princípios fundamentais do ser humano é a espiritualidade. A espiritualidade

é o jeito próprio de viver essa intimidade com Deus. É, sobretudo, uma capacidade

efetiva de viver voltados para Deus, de conectar-se com ele, de surpreender sua

presença dentro da gente – no mais fundo do nosso interior –, no rosto do próximo,

na dor e na luta dos pobres, nas faces da natureza, nas belezas das artes, sempre

(CASALDÁLIGA apud Marco Referencial da Pastoral Juvenil Marista, p. 23). O livro

da Mística da PJM (p. 25, n. 10), afirma que “uma pessoa espiritual é aquela que tem

a vida dentro dela e a exterioriza. É pessoa repleta de esperança, de solidariedade, de

sentido, de amor, de paz e justiça”. nas Constituições dos Irmãos Maristas encontra-

mos, no número 7: “a espiritualidade legada por Marcelino Champagnat é mariana e

apostólica. Brota do amor de Deus, cresce pelo dom de nós mesmos aos outros e nos

conduz ao Pai. Assim, harmonizam-se nossa vida apostólica, nossa vida de oração e

nossa vida comunitária. Como para Maria, Jesus é tudo em nossa vida. nossa ação,

como a de Maria, permanece discreta, delicada, respeitosa para com as pessoas”.

Tomando-se por base a Igreja Povo de Deus e o carisma Marista vivemos o Processo de

Educação na Fé, de adolescentes e jovens, que promove a solidariedade, a esperança,

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o protagonismo, a autonomia, a defesa de direitos, projetos de vida pautados nos va-

lores evangélicos, a cidadania, a inserção na realidade e a transformação da sociedade.

Diante disso, é preciso:

• Favorecer e incentivar o conhecimento e a vivência do modelo de Igreja Povo

de Deus.

• Fortalecer a pertença, a participação e a vivência dos adolescentes e jovens na

comunidade eclesial.

• Vivenciar a espiritualidade cristã do jeito Marista.

• Cultivar na PJM o encantamento por uma leitura bíblica rezada, aprofundada

e vivenciada no cotidiano.

• Potencializar a participação da PJM na articulação em espaços de defesa e pro-

moção dos direitos das adolescências e das juventudes.

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3.1 Organização

De acordo com as partilhas das Províncias sobre a organização da PJM, foi possível

constatar os diversos modos de organizar os processos provincialmente, seja em relação

às instâncias consultivas, nos modelos de vivenciar as etapas do processo grupal e nas

formas de articular; seja na utilização da metodologia dos Momentos, uma vez que cada

Província vivencia e compreende os Momentos em perspectivas diferentes; ou, ainda,

na quantidade de iniciativas existentes para o fortalecimento e consolidação do projeto

expresso nos encontros formativos e articulações externas. Assim, é necessário buscar

CAPÍTULO 3 oPÇÕes PeDaGÓGiCas

CADA VEZ QUE VOCê FAZ UMA OPçãO ESTÁ TRAnSFORMAnDO SUA ESSênCIA EM ALGUMA COISA UM POUCO DIFEREnTE DO QUE ERA AnTES.” (C. S. Lewis).

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os elementos positivos e os desafios expressos na vivência das opções pedagógicas da

PJM com vista à unidade levando em consideração a diversidade.

Diante disso, é preciso:

• Adotar a metodologia pastoral no processo de amadurecimento na fé de Par-

ticipantes, Coordenadores, Animadores, Assessores, Articuladores.

• Organizar os grupos da PJM por aproximação etária (12 a 14 anos, 15 a 17 anos,

18 a 29 anos) e não por série/ano escolar, garantindo a vivência da mística.

• Ressignificar a entrega dos Símbolos com base em um processo de acompa-

nhamento pessoal do Projeto de Vida.

• Conhecer as necessidades dos jovens universitários e ex-alunos/educandos

em relação ao amadurecimento na fé e sistematizar as experiências realizadas

com esses grupos.

• Proporcionar e potencializar a participação dos adolescentes e jovens nas ins-

tâncias consultivas na estrutura de evangelização das Províncias.

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37

3.2 Formação

Percebemos a Formação como um ponto comum e forte das experiências vividas

nas Províncias e, ao mesmo tempo, a necessidade de orientações comuns e da pos-

sibilidade para uma formação em conjunto.

Entendemos como formação integral uma formação que considera os desenvolvi-

mentos biológicos, sociológicos, antropológicos, culturais, psicológicos e teológicos

do jovem. Para tanto, é imprescindível considerar as dimensões da formação integral

propostas pela Civilização do Amor: a relação do jovem consigo mesmo; com o

grupo; com a sociedade; com Deus, Pai e Libertador; com a Igreja; com a natureza e

a ecologia; e com o meio educacional (cf. DnPJM p. 119).

Diante disso, é preciso:

• Promover formação específica para Participantes, Coordenadores, Animadores,

Assessores e Articuladores da PJM em nível provincial.

• Desenvolver aplicativos e subsídios para a formação específica dos Participantes,

Coordenadores, Animadores, Assessores e Articuladores da PJM.

• Propor a realização de formação para Assessores e Articuladores da PJM, em

nível nacional.

Page 38: Orientações para a revitalização

38

3.3 Acompanhamento

Constatamos a necessidade de garantir o acompanhamento nas diversas ins-

tâncias da PJM.

Outra opção pedagógica em que insistimos é o acompanhamento, incluído no

ministério da assessoria. O desenvolvimento de qualquer pessoa na fé requer a

presença e a ação de agentes capacitados, para que possam realizar um acompanha-

mento nos processos de amadurecimento na fé dos jovens. Esse acompanhamento,

de forma individual ou grupal, poderá ser feito pelos próprios jovens animadores

e coordenadores nos grupos de base, mas principalmente pelo assessor, leigo ou

religioso (DnPJM p. 121).

Diante disso, é preciso:

• Aprofundar a dimensão do acompanhamento pessoal e grupal nas diferentes ins-

tâncias: Participantes, Coordenadores, Animadores, Assessores e Articuladores.

• Garantir acompanhamento grupal e personalizado na PJM.

• Respeitar o processo grupal, o protagonismo e a identidade no acompanhamento.

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As informações contidas neste documento são fruto de um trabalho de consulta às

Unidades das Províncias e de construção coletiva do Grupo de Trabalho Pastoral Juvenil

Marista e da Comissão de Evangelização. nas Províncias do Brasil percebemos a riqueza

de tantas experiências e de tantos adolescentes, jovens, assessores, coordenadores,

pastoralistas, gestores, Leigos e Irmãos que contribuem para a consolidação e o cresci-

mento da PJM desde o início.

Este foi um momento importante de valorizar o que já temos, garantir a sinergia ao que

fazemos, e perceber o caminho percorrido na ação evangelizadora junto às adolescên-

cias e juventudes e fortalecer a Pastoral Juvenil Marista no Brasil Marista.

Somos convidados a propiciar novas oportunidades para que os adolescentes e jovens

sejam transformados pela experiência de conhecer e amar Jesus Cristo (Água da Rocha,

n. 155, p. 84). Sonhamos uma Pastoral Juvenil Marista mais atuante, com adolescentes

e jovens protagonistas, como sujeitos de direitos, em ambientes ainda inexplorados e

empoderados em seus espaços de atuação.

É HORA DE OUSAR nOVOS SOnHOS

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O Papa Francisco ressalta na sua Exortação Apostólica que devemos ser uma “Igreja em

saída, uma comunidade de discípulos missionários que ‘primeireiam’, que se envolvem,

que acompanham, que frutificam e festejam. Primeireiar significa tomar a iniciativa”!

(Evangelii Gaudium, 24). Desse modo a PJM deve sempre primeireiar os horizontes

da evangelização de adolescentes e jovens e responder ao convite que Francisco faz e

que também reflete a revitalização que queremos para a PJM: “Convido todos a serem

ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os

métodos evangelizadores”. (Evangelii Gaudium, 33).

Diante disso, conclamamos as Províncias a assumirem o compromisso de implementar

as deliberações descritas neste documento, de acordo com sua realidade e sua meto-

dologia de acompanhamento.

Que este documento seja inspirador e colabore com as Províncias para revitalizar a PJM.

Comissão de Evangelização da UMBRASIL

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Page 45: Orientações para a revitalização

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REFERênCIAS

ABRAMO, Helena Wendel. Condição juvenil no Brasil contemporâneo. In: ABRAMO,

H. W.; BRAnCO, P. P. M. (orgs.) Retratos da juventude brasileira: análises de uma

pesquisa nacional. 1 reimpr. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2008. p. 37.

CASALDÁLIGA, Pedro. Juventude com Espírito apud PROVÍnCIA MARISTA BRASIL

CEnTRO-nORTE. Pastoral Juvenil Marista: marco referencial. Taguatinga: UBEE/

UnBEC, 2008. p. 23.

FRAnCISCO. Evangelii Gaudium. 2013. Disponível em: <http://www.vatican.va>.

Acesso em: 4 fev. 2015.

FREITAS, Maria Virgínia de. Juventude mapeado a situação. In José Oscar Beozzo (org.),

Juventude: caminhos para outro mundo possível. São Paulo: Curso de Verão – Ano xxI.

Paulus, 2007. p. 19-50.

GROPPO, Luis Antônio. Juventude: ensaios sobre sociologia e história das juventudes

modernas. Rio de Janeiro: Difel, 2002.

InSTITUTO DOS IRMãOS MARISTAS. Água da Rocha. Espiritualidade Marista fluindo

da tradição de Marcelino Champagnat. São Paulo: Editora FTD, 2007.

______. Constituições e estatutos. Roma: Casa Generalícia dos Irmãos Maristas, 1986.

______. Evangelizadores entre os jovens: documento de referência para o Instituto

Marista, volume I. São Paulo: Editora FTD, 2011.

UMBRASIL. Caminho da educação e amadurecimento na fé: a mística da Pastoral

juvenil Marista. São Paulo: Editora FTD, 2008.

SECRETARIADO InTERPROVInCIAL MARISTA. Diretrizes Nacionais da Pastoral

Juvenil Marista. São Paulo: Editora FTD, 2006.

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46

Page 47: Orientações para a revitalização

47

Quando se fala de coisas “vividas”, não precisamos ser sérios. É que a vida já é séria

por si. Tão séria que é uma festa. Falo isso porque, de 2003 a 2004, fui convidado pela

Congregação dos Irmãos Maristas para assessorar um Grupo de Trabalho que desejava

pensar a evangelização da juventude e, para mim, isso era vida e era festa. O resultado

foi que, em 2005, num encontro nacional, num morro bonito de Florianópolis, eram

aprovadas as Diretrizes Nacionais da Pastoral Juvenil Marista. Além de tudo, um encon-

tro encantador. Algumas coisas deste evento estão no relato final de outro Grupo de

Trabalho intitulado Diálogo sobre a Caminhada da Pastoral Juvenil Marista, de abril de

2014. É que a Comissão de Evangelização dos Irmãos Maristas do Brasil foi desafiada,

COMENTANDO UMA REVISITAÇÃO...

AJUDAnDO A REVER A VIDA DA PASTORAL JUVEnIL MARISTA Hilário Dick, SJ

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novamente, a fazer uma avaliação da caminhada desta Pastoral Juvenil Marista (PJM).

Dizia-se que os anos vividos já eram um tempo suficiente para darmos ao nosso coração

a oportunidade de revisitar o caminho já trilhado e identificar os desafios e as possibi-

lidades para o fortalecimento da PJM. Para realizar isso um Grupo de Trabalho enviou

uma ferramenta a fim de obter informações acerca da vivência desta Pastoral nas três

Províncias brasileiras que procuram, muito, caminhar juntas.

no relato final do Grupo de Trabalho aparecem quatro “pontos fortes”: (a) o aumento

do número de participantes e de grupos, acompanhado de uma preocupação com a

qualidade do processo; (b) a atenção em organizar espaços formativos para jovens e

adultos, por meio de videoconferências, encontros presenciais e construção de sub-

sídios; (c) a valorização da participação juvenil em âmbitos eclesiais, sociais e na PJM;

e (d) a viabilização de estruturas que garantam o bom funcionamento das atividades

com os jovens. Como desafios, o relato aponta especialmente sete: (a) a necessidade

de um alinhamento de conceitos que permitam a unidade nos processos, respeitando

as especificidades das Províncias; (b) o estabelecimento de um processo de formação

continuada que vá além dos encontros pontuais; (c) a preocupação com acompa-

nhamento grupal e personalizado; (d) a constituição de orientações que contribuam

para o diálogo ecumênico e inter-religioso; (e) o desenvolvimento de um processo que

fortaleça o trabalho de evangelização com as juventudes no âmbito do ensino médio

e universitário; (f) o fortalecimento de processos que integrem ação e espiritualidade;

(g) a criação de espaços que potencialize a inserção dos jovens na tomada de decisões

nos meios eclesiais, sociais e no âmbito das estruturas Provinciais.

EMERGÊNCIA E PERCEPÇÃO

Uma das finalidades de qualquer pesquisa ou levantamento é a tentativa de perceber o

que está emergindo. Em nosso caso, são os Maristas do Brasil, a família Marista, querendo

perceber o que está emergindo, para a evangelização das adolescências e juventudes,

no mundo da PJM. Quer-se tomar nas mãos o anúncio da Boa-nova, ver como ela está

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e o que precisa melhorar. Está claro que é um investimento que vai muito além do eco-

nômico porque se quer atender melhor o gratuito da busca de sentido. Quer-se cuidar

de uma flor no meio do jardim, não só para embelezar a paisagem. Quer-se ficar novo;

não “envelhecer”. Quer-se ajudar a construir o encanto pelos adolescentes e jovens.

Uma das preocupações que aparece aqui e acolá não é só o respeito aos diversos tipos

de jovens, não esquecendo a importância de assegurar o protagonismo juvenil e a

construção da autonomia, mas é a necessidade que se sente, de diferentes maneiras, de

estudar mais o mundo juvenil. Por isso que o relato final fala de acompanhar, dialogar e

incluir as manifestações juvenis (território, classe social, gênero, religiosidade, raça/etnia,

sexualidade, cultural, geracional, biotipo etc.) para gerar verdadeiras ações inclusivas e

uma imagem positiva das adolescências e juventudes. É uma forma de ter mais clareza.

não se pode deixar de perceber que uma das discussões mais acaloradas se referia às

funções dentro da PJM, isto é, não só a questão do poder, mas a preocupação com a

autonomia e o protagonismo juvenil.

DISCURSO

A preocupação do Grupo de Trabalho sobre a PJM esconde um discurso institucional. É a

instituição que tem consciência que se trata de uma causa que está em jogo. Por isso que

são importantes os desafios. Importante a instituição dar-se conta desse discurso que

foi e é capaz de fazer. Avaliar a caminhada é querer trabalhar melhor; é ter mais respeito

às juventudes. É a busca da coerência, procurando afastar o demônio institucional da

esquizofrenia. Faz-se isso não na forma de um discurso “ligeiro”; trabalhou-se, neste

discurso, desde 2012, superando diferenças de Províncias evidentes em vários aspectos,

mas não recusando a caminhar juntos, uns de forma mais “racional”, outros de forma

mais “cordial”. Verifica-se isso, por exemplo, na forma como está a situação da dimensão

vocacional, com ou sem acompanhamento do Projeto de Vida.

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DIMENSÕES

Podemos dizer que a visitação aos 10 anos da PJM se concretiza em três dimensões ou

espaços: à acolhida às adolescências e juventudes, vendo de perto o lugar que elas têm

no caminhar da instituição; à identidade e aos princípios que regem a identidade e a

três opções pedagógicas (organização, formação e acompanhamento).

A percepção da identidade se deu, no instrumento, de modo quase exclusivo, em cima

dos documentos da PJM (os agentes os conhecem? eles contribuem? eles respondem?

eles são utilizados?). Embora as respostas digam que os documentos “respondem”,

também se diz que (ao menos numa das Províncias) que os documentos, em geral, não

são material de referência.

no capítulo dos Princípios da PJM, as reflexões sobre a espiritualidade (por exemplo)

são muito boas. Caso mais delicado é a vivência eclesial. A participação eclesial tem suas

dificuldades, mas afirma-se que se trata de um “processo” que está sendo encarado. Vale

a pena recordar duas afirmações de uma das Províncias: uma se refere à vivência eclesial,

onde se diz que procuramos não nos envolver muito com a comunidade eclesial, pois

temos nosso próprio jeito de evangelizar e outra que se refere à espiritualidade: diante

da diversidade religiosa, a espiritualidade precisa ser mais branda possível, com neutra-

lidade e expressão de amor e união. Se são afirmações “perigosas”, o mais importante

seria poder verificar se elas expressam somente uma realidade particular. Por outro

lado, chamam a atenção, igualmente, dois encaminhamentos: fortalecer a pertença e

a participação dos adolescentes e jovens na comunidade eclesial e cultivar na PJM o

encantamento por uma leitura bíblica rezada, aprofundada e vivenciada no cotidiano.

ORGANIZAÇÃO

Além das Diretrizes nacionais da PJM, outro documento reconhecido em sua riqueza e

novidade é “Caminho da Educação e Amadurecimento na Fé”. Quando se viu a necessi-

dade de aprofundar a caminhada feita, entre as seis opções pedagógicas assumidas pela

PJM, destacaram-se três: a organização, a formação e o acompanhamento. Encarando

a questão da organização, o que a ferramenta destaca, no entanto, é a “metodologia

dos momentos da PJM”, isto é, os cinco momentos que “Caminho da Educação e Ama-

Page 51: Orientações para a revitalização

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durecimento na Fé” apresenta, descrevendo o processo da educação ou, como diz o

documento, a mística da Pastoral Juvenil Marista. A pergunta era: “Há necessidade de

reorganizar a metodologia dos Momentos”? Importante ver o encaminhamento que

o Grupo de Trabalho faz, neste sentido.

Além dos Momentos, havia diferenças, igualmente, na forma de entregar os símbolos

que são sugeridos nesses diversos Momentos. Talvez tenha sido um dos assuntos de

maior conflito na avaliação. O problema não era, tanto, a organização, mas a termino-

logia e a execução de uma visão pedagógica. São significativos e decisivos, por isso, os

encaminhamentos dizendo que a PJM – em vista de certa leitura estática e serialista dos

Momentos – adota a metodologia pastoral focada no processo de amadurecimento

na fé, na vivência grupal e no acompanhamento desvinculando os Momentos da PJM

da organização por série/ano escolar, organizando os grupos por aproximação etária:

adolescentes (12 a 14 anos – 15 a 17 anos) e jovens (18 a 29 anos) e ressignificando a

entrega dos distintivos (símbolos) tomando-se por base um processo de acompanha-

mento pessoal de Projeto de Vida. Chegar a esta conclusão pareceu-nos um grande

amadurecimento da caminhada em comum.

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FORMAÇÃO

Quanto à formação, perguntava-se mais sobre a periodicidade dos momentos de forma-

ção – que é muito semelhante nas três Províncias. Embora se afirme positivamente que

a preparação responde às necessidades (73%), essa resposta pode ser melhorada (26%).

no capítulo da formação já se havia dito que se propunha a realização de formação, em

nível nacional, para Assessores da PJM, não esquecendo o atendimento à diversidade

local, bem como a prospecção de um Congresso nacional da PJM.

ACOMPANHAMENTO

Embora os relatórios das Províncias digam com muita evidência que, na questão do

acompanhamento, se respeita o protagonismo juvenil, o processo grupal e a identi-

dade da PJM, o acompanhamento como tal e o acompanhamento do Projeto de Vida

aparecem como um ponto sério a ser considerado. Fala-se tanto que não há trabalho

sistematizado como também que o acompanhamento é diversificado. Uma das Pro-

víncias destaca o núcleo de Animação Vocacional, outra aponta oito desafios para

o acompanhamento personalizado. Vale a pena recordá-los: ter proposta e intenção

claras; conhecer os adolescentes e os jovens; falta de tempo e horários disponíveis do

assessor e dos jovens; grande número de jovens e as inúmeras demandas dos assessores

locais; falta de tempo dos universitários e dos animadores; falta de formação; usar me-

lhor as ferramentas que estão disponíveis e registrar o acompanhamento realizado por

meio de ferramentas. Uma das Províncias fala, neste ponto, da resistência dos jovens/

adolescentes a esse acompanhamento.

Enfim, como encaminhamento, o Grupo de Trabalho aponta para três apelos: o aprofun-

damento da dimensão do acompanhamento pessoal e grupal nas diferentes instâncias:

Participantes, Coordenadores, Animadores, Assessores e Articuladores; a garantização

do acompanhamento grupal e personalizado na PJM e o respeito ao processo grupal,

ao protagonismo e à identidade no acompanhamento.

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CONCLUSÃO

Terminando esta leitura convido, aos que lerem o que está escrito, falando de adoles-

cências e juventudes, a ouvirem “Volver a los diecisiete”, de Violeta Parra, dizendo que

“Volver a los diecisiete después de vivir um siglo, es como descifrar signos sin ser sábio

competente. Volver a ser de repente, tan frágil como un segundo. Volver a sentir profundo

como un niño frente a Dios. Eso es lo que siento yo en este instante fecundo”. O universo

que a PJM atinge, em suas diversas atividades, são especialmente os adolescentes ou,

como diz o relato, as adolescências. É preciso, por isso, decifrar sinais, sentir-se diante

de um universo que é uma realidade teológica que precisa ser cuidada.

Qualquer leitura sempre é uma leitura. O que foi feito foi simplesmente falar da beleza

que é uma preocupação movida pelo gratuito. O relato de dois anos de buscas é prova,

igualmente, do encantamento que se faz necessário quando se deseja falar de boas-

novas para as adolescências e juventudes. Assim como é prova de encantamento, é

uma fotografia realista com suas sombras e luzes. O relato lança decisões e desafios

em diversos níveis: (a) de estruturas que precisam investir, mesmo que não esteja no

horizonte nenhum lucro material; (b) de adolescências e juventudes que anseiam ser

mais respeitadas e estudadas; e (c) de assessores ou de outros nomes de adultos que

precisam aprender a abraçar uma causa, realizando mais do que funções.

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ExPEDIEnTEDIRETORIA

Diretor-Presidente Ir. Claudiano Tiecher

Diretor-Secretário Ir. Vanderlei Siqueira dos Santos

Diretor-Tesoureiro Ir. Humberto Lima Gondim

SECRETARIADO EXECUTIVO

Secretário Executivo Ir. Valter Pedro Zancanaro

ÁREA DE MISSÃO

Coordenador Ricardo Spíndola Mariz

Assessores Divaneide Lira Lima Paixão

Ir. Ivonir Imperatori

João Carlos de Paula

Mércia Maria Silva Procópio

Michelle Jordão Machado

Analista Michelly Esperança de Souza

COMISSÃO DE EVANGELIZAÇÃO

César Leandro Ribeiro – Grupo Marista

Cleunice de Fátima Mota – UBEE/UnBEC

Ir. Valdícer Civa Fachi – SOME/USBEE/UBEA

Jorge Luís Vargas dos Santos – UBEE/UnBEC

José André de Azevedo – Grupo Marista

José Jair Ribeiro – SOME/USBEE/UBEA

Marilúcia Antônia de Resende – Grupo Marista

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GRUPO DE TRABALHO PASTORAL JUVENIL MARISTA

Gilson Prudêncio Júnior – UBEE/UnBEC

Hildete Emanuele nogueira de Souza – UBEE/UnBEC

Ir. João Batista Pereira – Grupo Marista

João Carlos de Paula – UMBRASIL

José Jair Ribeiro – SOME/USBEE/UBEA

Marcos José Broc – SOME/USBEE/UBEA

Marilúcia Antônia de Resende – Grupo Marista

Organização

Ricardo Spíndola Mariz

João Carlos de Paula

Assessoria

Hilário Dick, SJ

Revisão

Edna Gonçalves Luna

João Carlos de Paula

Leitura crítica

Ir. Iranilson Correia de Lima

nayraline Barbosa de Oliveira

Fotografia

Banco de Imagens da Coordenação de Evangelização da Província Marista

Brasil Centro-norte - páginas: 24, 25,28,36,37 e 43.

Banco de Imagens da UMBRASIL - páginas 16 e 17.

Bruno Manoel Socher - página 32.

Jaqueline Alves Debastiani - páginas 30, 33, 34, 46, 51 e 53.

João Borges - Capa e páginas 5, 21, 23, 26, 27 e 38.

Lucas Medeiros Saporiti - páginas 39 e 42.

Sophia Kath - página 18.

Projeto Gráfico e Diagramação

Jackson Willians

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