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SUGESTÃO E TESTE DE MUDANÇAS PARA OTIMIZAÇÃO ECONÔMICA DE UM PROJETO DE SISTEMA ELÉTRICO DE UMA INSTALAÇÃO INDUSTRIAL Pedro Bittencourt Ferreira Avila DRE:109096130 Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Heloi José Fernandes Moreira, D.Sc. Rio de Janeiro Janeiro de 2016

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SUGESTÃO E TESTE DE MUDANÇAS PARA OTIMIZAÇÃO ECONÔMICA DE UM PROJETO DE SISTEMA

ELÉTRICO DE UMA INSTALAÇÃO INDUSTRIAL

Pedro Bittencourt Ferreira Avila

DRE:109096130

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Heloi José Fernandes Moreira, D.Sc.

Rio de Janeiro

Janeiro de 2016

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SUGESTÃO E TESTE DE MUDANÇAS PARA OTIMIZAÇÃO ECONÔMICA DE UM PROJETO DE SISTEMA

ELÉTRICO DE UMA INSTALAÇÃO INDUSTRIAL

Pedro Bittencourt Ferreira Avila

PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA.

Aprovado por:

________________________________________

Prof. Heloi José Fernandes Moreira, D.Sc

(Orientador)

________________________________________

Prof. Sebastião Ércules Melo de Oliveira, D.Sc

________________________________________

Prof. Severino Fonseca da Silva Neto, D.Sc

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

Janeiro/2016

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JANEIRO DE 2016

AVILA, PEDRO BITTENCOURT FERREIRA

Sugestão e Teste de Mudanças para Otimização

Econômica de um Projeto de Sistema Elétrico de uma Instalação

Industrial/ Pedro Bittencourt Ferreira Avila. - Rio de Janeiro:

UFRJ/ Escola Politécnica, 2015.

X, 77 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Heloi José Fernandes Moreira, D.Sc.

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso

de Engenharia Elétrica, 2016.

Referências Bibliográficas: p. 77.

1. Introdução. 2. Visão Geral do Sistema Elétrico Estudado. 3.

Mudanças Sugeridas Para Otimização Econômica do Sistema

Elétrico Industrial. 4. Estudo de Fluxo de Potência. 5. Estudo de

Curto-Circuito. 6. Estudo de Partida de motores. 7. Conclusão. 8.

Referencia Bibliográfica I. Moreira, Heloi José Fernandes II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,

Curso de Engenharia Elétrica. III. Sugestão e Teste de Mudanças

para a Otimização Econômica de um Projeto de Sistema Elétrico

de uma Instalação Industrial

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Agradecimentos

Primeiramente gostaria de agradecer à minha família que sempre me deram suporte e

incentivo para que eu pudesse vencer os desafios que a vida me apresentou, tentando fazer

com que eu tivesse sempre um olhar positivo sobre tudo.

Esse trabalho que representa o fim de um ciclo na minha vida é uma conquista que foi

apoiada por muitos. Foram inúmeros amigos que me ajudaram nessa caminhada e seria

impossível citar todos. Alguns decidiram trilhar rumos diferentes, outros se mantiveram

presentes nos tempos mais difíceis e outros foram essenciais na reta final. Todos tiveram sua

contribuição. Nas vésperas das provas, em trabalhos complexos ou simplesmente com

motivação em dias difíceis, não me deixando perder o foco.

Gostaria agradecer à Paula pelo amor e apoio.

Aos mestres e à Kátia, meu sincero obrigado.

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“Do or Do Not, There is no Try”

-Mestre Yoda

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Resumo do Projeto Final apresentado ao Departamento de Engenharia Elétrica como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista

SUGESTÃO E TESTE DE MUDANÇAS PARA OTIMIZAÇÃO ECONÔMICA DE UM PROJETO DE SISTEMA

ELÉTRICO DE UMA INSTALAÇÃO INDUSTRIAL

Pedro Bittencourt Ferreira Avila

Janeiro/2016

Orientador: Heloi José Fernandes Moreira

Curso: Engenharia Elétrica

O presente trabalho tem como objetivo apresentar e propor mudanças em um projeto de

instalação industrial de modo a diminuir o investimento necessário para a sua construção. Esse novo

sistema elétrico será testado, através da realização de estudos elétricos. A partir disso, certos

equipamentos serão dimensionados.

Palavras-chave: Instalações Industriais, Otimização, Estudos Elétricos, Dimensionamento.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Electrical Engineer.

Suggestion and Test of Changes for Economic Optimization of an Electric System Design of an Industrial Installation

Pedro Bittencourt Ferreira Avila

January/2016

Advisors: Heloi José Fernandes Moreira, D.Sc.

Course: Electrical Engineering

This report has as objective to present and suggest changes at the design of an industrial

installation to decrease the investment needed to its construction. The new design will be tested by

performing electrical studies. Certain electric equipment will be sized.

Key-words: Industrial Installation, Optimization, Electric Studies, Sizing.

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Sumário

1. Introdução ..................................................................................................................................... 11

1.1. Breve Histórico Sobre a Utilização de Energia pelo Homem ................................................ 11

1.2. Objetivo ................................................................................................................................. 13

1.3. Motivação .............................................................................................................................. 13

1.4. Estrutura do trabalho ............................................................................................................ 13

2. Visão Geral do Sistema Elétrico Estudado .................................................................................... 15

2.1. Funcionamento em H e L ...................................................................................................... 17

2.2. Limitador de corrente (Fast-acting current limiting) ............................................................ 18

2.3. Reator limitador de curto ...................................................................................................... 21

2.4. Motores ................................................................................................................................. 21

2.5. Conversor de frequência (VSD) ............................................................................................. 23

2.6. Transformadores com comutação automática de Tap ......................................................... 24

2.7. Painéis Elétricos ..................................................................................................................... 24

2.8. Resistencia de Aquecimento ................................................................................................. 26

2.9. Redundância .......................................................................................................................... 27

2.10. Aterramento ...................................................................................................................... 27

2.10.1. Aterramento de transformadores ..................................................................................... 28

2.10.2. Aterramento dos Geradores ............................................................................................. 29

2.10.3. Aterramento das Cargas .................................................................................................... 30

2.11. Áreas Classificadas ............................................................................................................ 32

2.11.1. Classificações ..................................................................................................................... 34

2.11.2. Equipamentos apropriados para áreas classificadas ........................................................ 37

3. Mudanças Sugeridas Para Otimização Econômica do Sistema Elétrico Industrial. ....................... 39

3.1. Extinção do nível de tensão 4,16KV ...................................................................................... 39

3.2. Mudança nos Níveis de Tensão ............................................................................................. 39

3.3. Junção dos CCM’s e CDC’s de baixa tensão .......................................................................... 40

3.4. Pontos Negativos................................................................................................................... 41

4. Estudo de Fluxo de Potência ......................................................................................................... 43

4.1. Modelagem do Sistema ......................................................................................................... 43

4.2. Resultados ............................................................................................................................. 47

5. Estudo de Curto-Circuito ............................................................................................................... 51

5.1. Base Teórica .......................................................................................................................... 51

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5.2. Introdução a norma IEC 60909 .............................................................................................. 54

5.2.1. Definições segundo a norma: ............................................................................................ 55

5.2.2. Simplificações .................................................................................................................... 56

5.2.3. Grupos de motores de baixa tensão ................................................................................. 56

5.2.4. Inversores de frequência ................................................................................................... 58

5.2.5. Método de Cálculo ............................................................................................................ 58

5.3. Realização do Estudo de Curto circuito ................................................................................. 60

5.4. Resultados ............................................................................................................................. 62

6. Partida de motores ........................................................................................................................ 64

6.1. Introdução ............................................................................................................................. 64

6.2. Problemas que Podem Ocorrer ............................................................................................. 64

6.3. Queda de tensão ................................................................................................................... 64

6.4. Realização do Estudo ............................................................................................................. 67

6.5. Resultados. ............................................................................................................................ 72

7. Conclusão ...................................................................................................................................... 75

8. Referencias Bibliograficas ............................................................................................................. 77

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Lista de Ilustrações

Figura 1 - Diagrama Unifilar .................................................................................................................. 16

Figura 2 - Barramento com dupla alimentação..................................................................................... 17

Figura 3 - Limitador de Corrente ........................................................................................................... 18

Figura 4 - Esquema de Funcionamento do Limitador de Corrente ....................................................... 19

Figura 5 - Exemplo de Instalação de Limitador de Corrente ................................................................. 20

Figura 6 - Corrente de Curto-Circuito Limitada ..................................................................................... 21

Figura 7 - Motor de Indução .................................................................................................................. 23

Figura 8 - CCM de Baixa Tensão ............................................................................................................ 26

Figura 9 – Resistência de Aquecimento em um MIT ............................................................................. 27

Figura 10 - Circuitos equivalentes de transformadores para sequência zero ....................................... 28

Figura 11 - DSI ....................................................................................................................................... 30

Figura 12 - Principio de funcionamento do DSI ..................................................................................... 31

Figura 13 - Exemplo de um Motor Trifásico Apresentando Falha no Isolamento ................................ 31

Figura 14 - Sistema com Monitoração de Isolamento .......................................................................... 32

Figura 15 - Triângulo do Fogo ................................................................................................................ 33

Figura 16 – Abrangência das Classificações Quanto ao Tipo de Substância ......................................... 35

Figura 17 - Exemplo de Instalação Industrial ........................................................................................ 36

Figura 18 - Exemplo de um Interruptor Ex d para Zonas I e II para Grupos IIA e IIB............................. 38

Figura 19 - Novo Diagrama Unifilar ....................................................................................................... 41

Figura 20 - Curto Circuito Trifásico ........................................................................................................ 52

Figura 21 - Contribuição de Diferentes Máquinas Elétricas para o Curto-Circuito ............................... 53

Figura 22 - Corrente de Curto-Circuito .................................................................................................. 56

Figura 23 - Representação dos Grupos de Motores ............................................................................. 57

Figura 24 – Sistema Durante a Falta ..................................................................................................... 59

Figura 25 - Sistema Equivalente Usado para o Calculo da Corrente de Curto-Circuito ........................ 59

Figura 26 - Tabela para Escolha do Fator Multiplicativo C .................................................................... 60

Figura 27 - Dados referentes aos geradores ......................................................................................... 61

Figura 28 - Dados referentes aos motores de indução ......................................................................... 61

Figura 29 - Curva Torque x Velocidade ................................................................................................. 65

Figura 30 - Tensão Terminal do Gerador x Tempo ................................................................................ 67

Figura 31 - Modelo Gráfico de Motor ................................................................................................... 69

Figura 32 - Modelo Gráfico da Carga .................................................................................................... 70

Figura 33 - Constantes intrínsecas do Gerador ..................................................................................... 71

Figura 34 - Controle da excitatriz .......................................................................................................... 71

Figura 35 - Gráfico de Velocidade x Tempo .......................................................................................... 72

Figura 36 - Gráfico de Torque e velocidade x Tempo ........................................................................... 72

Figura 37 - Gráfico de Corrente fornecida pelo gerador e Tensão no barramento de média x Tempo 73

Figura 38 - Gráfico de tensão por tempo .............................................................................................. 74

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Lista de tabelas

Tabela 1 - Aterramento dos Transformadores ...................................................................................... 29

Tabela 2 - Classificações Quanto ao Tipo de Substância ....................................................................... 34

Tabela 3 – Classificação de temperatura .............................................................................................. 37

Tabela 4 - Dado dos Motores Modelados de Forma Individual ............................................................ 46

Tabela 5 - Equivalentes Motóricos ........................................................................................................ 47

Tabela 6 - Equivalentes Não Motóricos ................................................................................................ 47

Tabela 7 - Resultados Referentes aos Transformadores....................................................................... 48

Tabela 8 - Correntes nos Painéis ........................................................................................................... 49

Tabela 9 - Corrente Nominal dos Painéis .............................................................................................. 49

Tabela 10 – Geração .............................................................................................................................. 49

Tabela 11 – Comparação Entre Geração Máxima e Utilizada ............................................................... 50

Tabela 12 - Corrente Simétrica Inicial de Curto-Circuito....................................................................... 62

Tabela 13 - Corrente de Pico de Curto-Circuito .................................................................................... 63

Tabela 14 - Valores Nominais de Curto-Circuito para os Painéis .......................................................... 63

Tabela 15 – Mínima Tensão Permitida nos Terminais dos Motores ..................................................... 74

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1. Introdução

1.1. Breve Histórico Sobre a Utilização de Energias pelo Homem

A diversificação do trabalho, visando à otimização das tarefas e ao aumento do nível

de conforto, demandou novas formas de utilização de energia. Estas foram sendo descobertas

e aprimoradas, através do desenvolvimento da matemática, da geometria e da engenharia,

proporcionando a criação de dispositivos mecânicos complexos, empregados para o

aproveitamento da energia [1].

Na Antiguidade, em países como China e Pérsia, encontram-se registros de máquinas

desenvolvidas com a finalidade de utilizar a energia do vento para outros fins que não a

navegação, datando do ano de 644 A.C. Isso ocorria através da utilização de moinhos de

vento, que moíam grãos e faziam a irrigação, através do bombeamento de água.

Posteriormente, essas máquinas chegaram à Europa no século XIII, por meio de guerreiros

que voltavam das cruzadas. Nesse continente elas foram empregadas nas indústrias têxteis, de

madeira e metalúrgica.

A utilização das máquinas a vapor se deu inicialmente graças ao problema de

alagamento das minas de carvão e ferro na Inglaterra. Essas máquinas possuíam grandes rodas

de água para içar baldes d’agua e sua utilização chegava a ser equivalente a 500 cavalos. A

primeira máquina a vapor utilizável foi construída por Thomas Severy em 1698.

Posteriormente, o modelo proposto por Thomas Newcomen solucionou o problema das

minas, com o cilindro separado da caldeira. Esse modelo ficou operando por

aproximadamente 75 anos, caindo em desuso graças à sua incapacidade de operar em minas

profundas. Para solucionar esse problema, James Watt apareceu com um novo projeto de

máquina com eficiência aumentada, devido a um grande aprimoramento na forja dos cilindros

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retilíneos. A transformação do movimento alternado e linear do êmbolo em movimento

giratório permitiu a utilização da energia gerada dessa maneira como uma fonte universal.

Esse tipo de máquina começou a ser usada para acionar navios, locomotivas, ambientes

industriais, dentre outros. Uma geração após o grande invento de Watt, o domínio do vapor

conduzia a Inglaterra ao posto de primeira nação industrial do mundo.

A era dos combustíveis fósseis teve sua origem durante a revolução industrial. O

primeiro combustível fóssil a ser utilizado em grande escala foi o carvão mineral, substituindo

a lenha no abastecimento das maquinas a vapor. Em 1961, o petróleo ultrapassou o carvão

como principal fonte primária de energia. O petróleo também é transformado em refinarias

em produtos como: gás liquefeito, gasolina, óleo diesel, querosenes, asfaltos, lubrificantes,

solventes, entre outros. Por possuir diversos problemas como a possibilidade de causar

grandes impactos ambientais, além de grande instabilidade política no oriente médio, detentor

das maiores reservas de petróleo, essa fonte de energia está lentamente sendo substituída por

fontes alternativas.

A energia elétrica foi utilizada inicialmente no campo das comunicações, graças ao

telégrafo e telefone elétricos. As primeiras usinas geradoras em corrente contínua foram

construídas por Thomas Edson em 1882 para abastecer os sistemas de iluminação. A primeira

transmissão de energia elétrica em corrente alternada foi realizada em 1886 por George

Westhinghouse, graças ao uso da corrente alternada e sistemas polifásicos desenvolvidos por

Nikola Tesla, juntamente com o transformador eficiente de Willian Stanley. Esses avanços

possibilitaram à transmissão a longa distância, bem como o uso doméstico e industrial da

energia elétrica. O que diferenciava a eletricidade de outras formas de energia era sua

facilidade de transporte e conversão direta em qualquer outro tipo de energia. Isso conferiu a

energia elétrica o posto de principal insumo da presente era.

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1.2. Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo apresentar e propor mudanças em um projeto

de instalação industrial de modo a diminuir o investimento necessário para a sua construção.

O novo sistema elétrico deve ser testado e deve-se verificar também o seu funcionamento e a

possibilidade de sua construção com a tecnologia atual. Para tal, serão realizados estudos

elétricos, bem como o dimensionamento de alguns equipamentos elétricos de maior

relevância.

1.3. Motivação

Atualmente, com a baixa no preço das commodities como petróleo, minério de ferro,

ácido sulfúrico e outros, os engenheiros e empresários tem que utilizar a criatividade e

conhecimentos técnicos para reduzir os custos de produção desses recursos, além de se

esforçarem para obter o maior retorno possível com o capital investido. Neste sentido, são

realizados trabalhos de otimização e melhoramentos como o descrito no presente relatório.

Commodities são bens ou serviços que deixam de ter diferenciação quanto ao

fornecimento. Logo o seu preço é global, baseado nas flutuações diárias da oferta e da

demanda global.

1.4. Estrutura do trabalho

A distribuição dos capítulos é feita de maneira a dividir o conteúdo estudado em sete

partes.

No capítulo 2 é apresentado o sistema elétrico da instalação industrial estudada e

indicado as cargas mais comuns e os principais equipamentos que compõem o sistema

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elétrico, características de operação e peculiaridades da planta. Por fim, é apresentado o

diagrama unifilar do sistema com a intenção de proporcionar uma visão geral do mesmo.

No capítulo 3 serão descritas as mudanças propostas com o objetivo de promover uma

otimização do capital investido no projeto. Essas alterações são analisadas e são apontados os

seus prós e contras. Nos capítulos seguintes, 4,5 e 6, são apresentados os estudos de fluxo de

potência, curto circuito e partida de motores, respectivamente. Nesses capítulos são descritas

as motivações para a realização dos mesmos. Esses estudos são utilizados para o

dimensionamento de alguns equipamentos elétricos.

As conclusões pertinentes são mostradas no capítulo 7. Nesse capítulo são feitas

reflexões sobre a real utilização das mudanças propostas no presente trabalho e indicados os

próximos passos a serem tomados para a realização desse projeto.

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2. Visão Geral do Sistema Elétrico Estudado

Nesse capítulo é descrita e caracterizada a operação de um sistema elétrico industrial.

Trata-se do sistema mais utilizado e consagrado pela indústria brasileira em sua área de

atuação, possuindo instalações elétricas em funcionamento há um significativo quantitativo de

tempo e desempenhando sua função com excelência.

Esse tipo de instalação industrial possui como pontos críticos a falta de espaço físico,

a dificuldade de manutenção e a necessidade de gerar a sua própria energia elétrica, já que não

se encontra ligada ao Sistema Interligado Nacional (SIN). O fato da instalação industrial não

estar ligada ao SIN se deve ao fato dela se encontrar muito isolada geograficamente, como por

exemplo, as instalações offshore.

O sistema é composto por um barramento de 13,8 KV, nesse projeto chamado de

PNL01A/B, dividido ao meio por um limitador de corrente (Is-limiter), originando com isso

as denominações A e B, e alimentado por quatro Turbo-Geradores de 25 MW. Nesse

barramento encontram-se os maiores motores da instalação industrial ligados diretamente,

além de transformadores que irão alimentar os painéis de 480 V (PNL03A/B E PNL04A/B) e

de 4,16 KV (PNL02A/B). Esses painéis, por sua vez, são divididos por disjuntores tipo Bus-

TIE.

Todos os painéis alimentados pelo PNL01 recebem dupla alimentação e cada uma é

proveniente de uma das seções do barramento principal, A ou B, o que possibilita o seu

funcionamento em operação H ou em L.

Os painéis de 480 V alimentam outros painéis de 480 V conhecidos como centro de

controle de motores (CCM). A alimentação dos CCM’s possui um reator limitador para

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diminuir o nível de curto circuito. Nos CCM’s, podem-se encontrar pequenos motores e

transformadores e iluminação.

Essa instalação, mesmo possuindo quatro geradores, opera normalmente com somente

três desses geradores ligados. O quarto gerador existe com o objetivo de suprir picos de

demanda que possam ocorrer e de substituir qualquer um dos outros geradores caso ocorra

algum problema nos mesmos ou algum deles necessite de manutenção. Esse número de

geradores pode ser explicado pelo conceito de redundância que será explicado posteriormente.

Sabe-se então que os quatro geradores só estarão funcionando simultaneamente em casos de

pico de demanda ou transferência de cargas, quando um gerador esta saindo de operação e o

outro está entrando.

Figura 1 - Diagrama Unifilar

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2.1. Funcionamento em H e L

Esse tipo de arranjo é utilizado para que se tenha redundância na alimentação dos

painéis elétricos. Trata-se de um barramento dividido ao meio por um disjuntor denominado

Bus-TIE, onde as suas duas metades possuem alimentações distintas, como mostrado na

figura 2.

Figura 2 - Barramento com dupla alimentação

O funcionamento em H, operação normal, consiste nos disjuntores A e B fechados e o

TIE-C aberto e o funcionamento em L consiste no TIE-C fechado, um dos disjuntores A ou B

aberto e o outro disjuntor fechado. Desta forma, observa-se que sempre haverá dois

disjuntores fechados e um aberto. Esses disjuntores possuem intertravamento para que essa

condição sempre seja satisfeita.

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Para que essa alimentação seja redundante, os transformadores que alimentam esse

barramento tem que ser dimensionados para a sua maior carga, como no caso do

funcionamento em L.

O funcionamento em L é usado quando há algum defeito ou necessidade de

manutenção em um dos transformadores ou nos disjuntores que são ligados diretamente a ele.

Esse tipo de manobra permite que a instalação continue funcionando durante a manutenção,

otimizando a sua produção que não necessita parar por esse motivo.

2.2. Limitador de corrente (Fast-acting current limiting)

O limitador de corrente é uma combinação de uma barra de cobre e um fusível

limitador de corrente, como mostrado na figura 3. Durante a operação normal, a corrente flui

pela barra de cobre com eficiência, não afetando o funcionamento da planta. [2]

Figura 3 - Limitador de Corrente

Quando há uma falta, a corrente que passa pela barra de cobre tem que ser

interrompida de modo a forçar que a corrente passe somente pelo fusível e dessa forma,

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aciona-lo de maneira rápida. Esse processo deve acontecer antes da corrente de curto atingir o

seu pico, se quer-se limita-lo. Um dispositivo de acionamento rápido monitora a corrente e

atua sobre uma carga de explosivos, destruindo instantaneamente e controladamente o

caminho normal da corrente. Essa corrente passará pelo fusível que atuará em menos de meio

ciclo. Esse processo é ilustrado na figura 4.

Figura 4 - Esquema de Funcionamento do Limitador de Corrente

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Figura 5 - Exemplo de Instalação de Limitador de Corrente

Caso ocorra um curto na barra A da figura 5, uma porcentagem considerável dessa

corrente passará pelo TIE e o limitador de corrente irá reduzir de forma significativa a

corrente de curto. Abaixo o gráfico da figura 6 representa as correntes de curto no momento

da falta. Nesse caso, foi considerado que a contribuição de B era maior que a de A para

facilitar a visualização. As cores das curvas representam distintas situações, a saber:

- A curva rosa representa a corrente de curto sem a atuação do dispositivo em questão

- A curva azul claro mostra a contribuição da barra B ignorando a atuação do limitador

de corrente

- A curva laranja é a contribuição da barra A

- A curva azul escuro mostra a corrente de curto resultante com o dispositivo limitador

de curto atuando.

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Figura 6 - Corrente de Curto-Circuito Limitada

2.3. Reator limitador de curto

Nesse tipo de arranjo, todos os CCM’s de baixa são precedidos por reatores

limitadores de corrente de curto circuito em série. Esses reatores são os dispositivos de

tecnologia mais antiga utilizados na redução de correntes de curto circuito e são geralmente os

de mais baixo custo [3]. Trata-se de um dispositivo que permanece conectado ao sistema

continuamente, fazendo com que ele introduza perdas no sistema e possa causar problemas de

queda de tensão. A sua maior desvantagem nesse tipo de instalação é o espaço que ocupa.

2.4. Motores

Todos os motores elétricos da instalação são motores de indução trifásicos (MIT) e

todos aqueles utilizados nos processos de produção possuem Stand-by’s. Desse modo, esses

motores terão um par conectado em outra barra que, normalmente, encontra-se desligado. No

caso de uma manutenção ou defeito no motor principal, esse outro motor pode ser ligado sem

que a produção precise parar por muito tempo.

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Os MIT são utilizados para transformar energia elétrica em energia mecânica e

possuem como vantagem a necessidade de pouca manutenção por ser robusto, devido a sua

simples construção. Além disso, sua manutenção é fácil e possuem baixo custo quando

comparada aos motores síncronos [4]. Como desvantagem, pode-se ressaltar a alta corrente de

partida que podem gerar afundamento da tensão na barra em que o motor está conectado e

dependendo da potência do motor pode acabar impactando em toda a instalação industrial.

Os níveis de tensão em que os motores serão instalados são ditados pela sua potência.

A saber:

- Motores acima de 1200 KW são instalados em 13,8 kV;

- Motores entre 150 e 1200 KW são instalados nos barramentos de 4,16 KV;

- Motores menores são instalados em 480 V.

Podem existir exceções devido a problemas com o fornecimento, alguns motores

podem não ser encontrados no mercado em um nível de tensão específico.

Outro ponto a se destacar é a tensão nominal dos motores. São usados motores com

tensões nominais inferiores as nominais dos barramentos. Faz-se isso para minimizar os

problemas decorrentes das quedas de tensão nos cabos e reatores limitadores de curto circuito

e da partida dos MIT.

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Figura 7 - Motor de Indução

2.5. Conversor de frequência (VSD)

Os inversores de frequência configuram o método mais eficiente utilizado em

processos industriais quando se deseja efetuar o controle de velocidade de motores de

indução. Os inversores convertem a tensão da rede, de amplitude e frequência constantes, em

uma tensão de amplitude e frequência variáveis. Variando-se a frequência da tensão de

alimentação, varia-se também a velocidade do campo girante e, consequentemente, a

velocidade mecânica de rotação da máquina [4].

Para realizar essa tarefa, os inversores são compostos por retificadores, filtro

capacitivo ou barramento CC e pelo inversor. Os retificadores transformam o sinal alternado

de tensão em sinal contínuo, o filtro suaviza as variações na tensão CC e o inversor converte

essa tensão em CA, com a frequência e amplitude ajustáveis.

Como desvantagens esse método apresenta um pior rendimento do conjunto inversor

motor comparado ao motor puramente e pode gerar harmônicos indesejáveis para a rede.

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Além disso, para motores de alta potência quando comparado a um controlador mecânico de

velocidade, os inversores de frequência apresentam dimensões bem superiores.

Os seus pontos positivos são a drástica diminuição na corrente de partida do motor,

evitam picos de corrente e no caso do inversor não regenerativo podemos desconsiderar a sua

contribuição durante o curto-circuito. Alguns dispositivos podem possuir outras vantagens

como: Controle de fator de potência, controle de frequência e velocidade de operação,

controle do tempo de aceleração e desaceleração.

2.6. Transformadores com comutação automática de Tap

São transformadores que podem gerar um pequeno ajuste na tensão, usualmente na

faixa de +-10%. É importante comentar que praticamente todos os transformadores possuem

TAP’s para regular a tensão, mas necessitam estar desligados para haver a troca. A grande

vantagem desse tipo de transformador que ele pode mudar a posição do TAP sem ter que ser

desativado. Esse tipo de transformador é muito importante para a regulação da tensão

principalmente em barras que estejam localizadas a grandes distancias geográficas da geração

[5].

2.7. Painéis Elétricos

Os principais painéis desse tipo de instalação são os centros de distribuição de carga

(CDC) e centro de controle de motores (CCM).

Um CDC é associado a uma barra que tem a função de servir de ponto de origem de

distribuição de energia elétrica de todo ou parte de um sistema industrial, incluindo funções

de manobra, de proteção e, normalmente, de medição, também. Nesse caso específico ela será

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ligada a outra barra contígua, instalada no mesmo conjunto construtivo, por meio de um

disjuntor tipo Bus TIE. É muito comum um CDC apresentar níveis de correntes nominais de

regime e de curto circuito altos. Tanto em média quanto em baixa tensão são utilizados

disjuntores como elementos de manobra. Um CCM, por sua vez, está associado a uma barra

que concentra as funções relacionadas a operação, proteção e o controle dos circuitos

alimentadores de motores, tanto em MT quanto BT. Essa barra pode estar conectada ao

secundário de um transformador ou ser alimentada a partir de um CDC a montante. Esta barra

pode, também, ter recursos para ser ligada a outra contígua, instalada no mesmo conjunto

construtivo, por meio de um disjuntor do tipo Bus TIE. O CCM apresenta, em geral, uma

corrente nominal de regime baixa, se comparada com um CDC. Os níveis das correntes

nominais de curto-circuito são menores do que em um CDC. Logo os CDC’s e os CCM’s não

possuem grandes diferenças construtivas, mas suas funções os definem. [6]

Os painéis de Média tensão são construídos em módulos ou compartimentos, devido

ao sistema de isolamento e elevada classe de tensão. Já os CCM’s e CDC’s de Baixa tensão

são comumente compartimentados em gavetas, torna possível um rápido conserto com a troca

imediata da gaveta, além de permitir um intercâmbio entre os tipos de gaveta de painéis

diferentes [7].

Mesmo não tendo sido citados até agora existem painéis de baixa tensão, 220 V. Esses

painéis são usados para iluminação, alimentação de computadores, tomadas de escritórios e

outros. São alimentados por transformadores ligados aos CCM’s de baixa tensão.

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Figura 8 - CCM de Baixa Tensão

2.8. Resistencia de Aquecimento

Esse tipo de dispositivo é utilizado em motores instalados em ambientes úmidos. Tem

como objetivo manter aquecido o interior do motor, normalmente entre 5 e 10 graus a cima da

temperatura ambiente, enquanto o motor se encontrar desligado.

O objetivo de manter o motor aquecido, quando ele permanece durante algum tempo

fora de operação, é evitar a condensação de agua internamente, o que favorece a corrosão.

As resistências de aquecimento geralmente são alimentadas pela baixa tensão e tem

potencias que variam entre 8 e 160 W, dependendo do tamanho da carcaça. [8]

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Figura 9 - Resistencia de Aquecimento em um MIT

2.9. Redundância

O sistema de distribuição deve ser concebido com adequada redundância de modo que

uma falha em qualquer circuito ou secção do barramento não comprometa todo o sistema.

Essas falhas não devem causar a indisponibilidade de outros consumidores por longo período

de tempo [9].

2.10. Aterramento

Nesse tipo de instalação industrial o aterramento consiste na utilização de resistores de

alta impedância para aterrar geradores e alguns transformadores. Os motores e demais cargas

tem um sistema de neutro isolado. Deve-se manter em mente o caminho da corrente de

sequencia zero, essa corrente só possui continuidade caso o transformador seja estrela

aterrado-estrela aterrado, qualquer outro tipo de ligação impede sua circulação.

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Figura 10 - Circuitos equivalentes de transformadores para sequencia zero

2.10.1. Aterramento de transformadores

Nessa instalação industrial encontramos dois tipos de transformadores. O primeiro é o

que liga o barramento de 13,8KV ao barramento de 4,16KV. Nesses transformadores o

primário, 13,8KV, estará em delta e o secundário, 4,16KV, será configurado como estrela

aterrado por alta impedância. O segundo tipo de transformador são os que ligam o barramento

de 13,8KV aos barramentos de 480 V. Esses transformadores são delta-estrela isolado, os

transformadores de três enrolamentos 13,8KV/480/480 também são delta/estrela-

isolado/estrela isolado.

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Nome Primário Secundário Terciário

OBS Tensão Ligação Tensão Ligação Tensão Ligação

TF01A/B 13,8KV Delta 4,16KV Estrela Aterrado -- -- Aterrado com Impedância

TF02A/B 13,8KV Delta 480V Estrela Isolado 480V Estrela --

Tabela 1 - Aterramento dos Transformadores

Para efetuar o calculo da impedância de aterramento deve-se fixar um valor máximo

para a corrente de falta e com esse valor usar as equações básicas de circuitos para assim

calcularmos o valor desejado. Para o transformador TF01A/B será usada a corrente máxima

de 10 A.

𝑉𝑓𝑛 = 4160

√3 𝑒 𝐼𝑓 = 10 𝐴

Logo:

𝑅 = 𝑉𝑓𝑛

𝐼𝑓=

4160

√3 ∗ 10= 240,2 𝛺

2.10.2. Aterramento dos Geradores

Os geradores serão aterrados através de transformadores especiais. Esses

transformadores têm como finalidade limitar o valor de corrente de falta para a terra a valores

seguros, protegendo os equipamentos e fornecendo segurança aos operadores. Esses

transformadores tem uma tensão nominal de 13800-240V e limitam a corrente a 25 A. Para

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que limitem a corrente de curto a esse valor deve-se calcular a impedância total do

transformador usando-se a mesma forma apresentada para o aterramento de transformador.

𝑅 = 𝑉𝑓𝑛

𝐼𝑓=

13800

√3 ∗ 25= 318,7 𝛺

2.10.3. Aterramento das Cargas

Todas as cargas se encontram isoladas nesse projeto, logo não existirá circulação de

corrente entre elas e o ponto de aterramento do gerador ou transformador. Pelo fato de estar

sendo usado o sistema neutro isolado, a baixa tensão terá uma característica vantajosa: a

primeira falta de isolamento não provoca falha no sistema. Isto significa que processos

complexos e linhas de produção não são interrompidos inesperadamente. Ao contrário, a

continuidade da operação é garantida sob condições controladas e falhas podem ser corrigidas

posteriormente, sem os altos custos associados a paradas inesperadas. Posteriormente, utiliza-

se um equipamento DSI, dispositivo supervisor de isolamento, para localizar e eliminar a falta

o mais rápido possível, como previsto na NBR 5410 – 5.1.2.2.4.4. [10].

Figura 11 - DSI

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O DSI funciona aterrado e injetando permanentemente um sinal quadrado de baixa

frequência no sistema. Esse equipamento monitora a corrente que esta passando por ele e

como possui uma resistência variável consegue limita-la.

Figura 12 - Principio de funcionamento do DSI

Como em sistemas neutro isolado nenhuma carga esta conectada a terra, a ocorrência

de uma falha no isolamento só irá provocar uma pequena corrente que não irá ativar o

fusível/disjuntor a montante. O DSI irá monitorar o isolamento do sistema e irá apontar aonde

e quando ocorrer esse tipo de falha no isolamento.

Figura 13 - Exemplo de um Motor Trifásico Apresentando Falha no Isolamento

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Figura 14 - Sistema com Monitoração de Isolamento

Na figura a cima esta exposto um exemplo de arranjo para monitorar o isolamento de

um sistema. Os toroides que recebem o sinal injetado podem apontar precisamente em que

ramo esta ocorrendo a falha no isolamento. É importante ressaltar que os injetores de sinal

não podem trabalhar em hipótese nenhuma em paralelo, isso iria gerar interferência.

2.11. Áreas Classificadas

São regiões aonde há presença de gás inflamável ou aonde há uma provável ocorrência

dos mesmos, exigindo com isso precauções especiais para a utilização de equipamentos

elétricos, já que os mesmos podem produzir arcos elétricos que podem causar explosões [11].

No Brasil existe o Subcomitê SC-31 do COBEI que possui como uma de suas missões

elaborar, revisar e manter atualizadas, harmonizadas e equivalentes com a normalização

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internacional da IEC, as Normas Técnicas Brasileiras publicadas pela ABNT das Séries NBR

IEC 60079 e NBR ISO/IEC 80079, referentes aos equipamentos elétricos e mecânicos. [12]

Uma atmosfera explosiva é quando existe em contato com o oxigênio uma proporção

tal de gás, vapor, poeira ou fibras, onde uma faísca proveniente de um circuito elétrico ou o

aquecimento de um equipamento pode ser fonte de ignição e provocar uma explosão. Os

equipamentos elétricos a serem instalados nestes locais devem eliminar ou isolar a fonte de

ignição, evitando a ocorrência simultânea dos três componentes que formam o triângulo do

fogo.

Figura 15 - Triangulo do Fogo

Esse triângulo e consequentemente atmosferas explosivas podem ser encontrados em

vários tipos de indústria como: Petroquímico, Alimentícia, Usinas de Açúcar e Etanol,

Farmacêutico, Têxtil, Papel, Celulose entre outros.

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2.11.1. Classificações

A classificação de uma planta industrial segundo a ABNT/IEC esta relacionada

diretamente ao tipo de substancia inflamável presente no ambiente, as suas características, a

probabilidade com que essa substância será liberada para o meio externo e as condições

ambientais.

Quanto ao tipo de substancia pode-se basear na tabela abaixo. Essa classificação é

necessária devido a diferença de periculosidade entre as substancias.

Grupo segundo ABNT/IEC Definição

Grupo I Minas de Carvão. Prevalecem os gases da familia metano e poeiras de carvão

Grupo II Atimosfera explosiva de gás. Dividido em 3 categorias (A,B e C). Ocorre em

insdutrias quimicas, petroquimicas e farmacêuticas.

Grupo II A Áreas aonde prevalecem os gases daa familia Propano

Grupo II B Áreas aonde prevalecem os gases daa familia Etileno

Grupo II C Áreas aonde prevalecem os gases daa familia Acetileno/Hidrogênio

Grupo III Atimosfera explosiva de poeira. Dividido em 3 categorias (A,B e C).

Grupo III A Áreas aonde prevalecem as fibras combustíveis

Grupo III B Áreas aonde prevalecem as poeiras não condutivas

Grupo III C Áreas aonde prevalecem poeiras condutivas

Tabela 2 - Classificações Quanto ao Tipo de Substancia

Os equipamentos dimensionados para os níveis C atendem ainda aos níveis B e A e os

dimensionados para o nível B atendem ainda ao nível A como mostrado no gráfico abaixo.

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Figura 16 – Abrangência das Classificações Quanto ao Tipo de Substancia

Dentro de uma mesma planta industrial temos áreas com diferentes classificações.

Essa classificação se deve a probabilidade de ocorrência de uma mistura explosiva. Abaixo,

estão descritas as zonas usadas na classificação de gases e vapores inflamáveis.

Zona 0 ou Continuamente Presente - local onde a ocorrência de uma atmosfera

explosiva é continuamente ou frequentemente presente. Ex: interior de vaso separador,

superfície em contato com liquido inflamável.

Zona 1 ou Frequentemente presente - local onde a ocorrência de uma atmosfera

explosiva pode ocorrer ocasionalmente em condições normais de operação. Ex: respiro

de equipamento de processo.

Zona 2 ou acidentalmente presente - local onde a ocorrência de uma atmosfera

explosiva não é provável de ocorrer em condições normais de operação mas, se

ocorrer, irá persistir somente por um curto período.

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Figura 17 - Exemplo de Instalação Industrial

Na imagem 17, podem-se ver claramente as zonas classificadas sendo

utilizadas numa instalação industrial. A zona 0, em vermelho, está presente no interior de um

recipiente que possui liquido inflamável, logo é um local onde a ocorrência de uma atmosfera

explosiva é continuamente presente. A zona 1, em amarelo, é um local onde a atmosfera

explosiva ocorre em condições normais de operação e na zona 2, vemos que não é provável a

existência de atmosfera explosiva, mas devido aos exaustores não deve persistir por um longo

período.

Outra classificação importante é a classificação de temperatura. Ela regula a

temperatura máxima de uma superfície que o equipamento pode atingir, de forma a não

provocar a ignição da atmosfera explosiva para a qual ele foi projetado. Abaixo temos uma

tabela com as classificações.

Classe Temperatura máxima na superficie (ºC)

T1 450

T2 300

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T3 200

T4 135

T5 100

T6 85

Tabela 3 – Classificação de temperatura

2.11.2. Equipamentos apropriados para áreas classificadas

À prova de explosão - Ex d: tipo de proteção na qual as partes que podem causar a

ignição de uma atmosfera explosiva são confinadas em um invólucro capaz de suportar uma

explosão interna sem permitir que se propague para o meio externo.

Segurança Aumentada - Ex e: tipo de proteção na qual o equipamento elétrico, em

condições normais de operação, não produzirá arcos, faíscas ou aquecimento suficiente para

causar a ignição da atmosfera explosiva.

Não acendível - Ex n: tipo de proteção aplicada a equipamento elétrico de modo que,

em funcionamento normal e em certas condições anormais específicas, não possa inflamar o

ambiente explosivo.

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Figura 18 - Exemplo de um Interruptor Ex d para Zonas I e II para Grupos IIA e IIB

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3. Mudanças Sugeridas Para Otimização Econômica do Sistema

Elétrico Industrial.

Esse capítulo tem como objetivo apresentar mudanças no sistema elétrico apresentado

no capítulo 2. Tais mudanças têm como objetivo redução do custo desse sistema elétrico.

Posteriormente serão apresentados os problemas que podem ocorrer devido à implementação

de tais mudanças.

3.1. Extinção do nível de tensão 4,16KV

Reduzir a instalação a dois níveis de tensão. Com isso, não seriam mais necessários

dois grandes transformadores de 13,8/4,16KV. Esses transformadores além de possuírem

elevado custo também dispõem de grande volume. Além disso, vamos diminuir os numero de

saídas e entradas nos painéis necessárias para essa conexão, com isso diminuindo o volume

dos painéis. Os motores serão realocados nos outros níveis de tensão dependendo do seu nível

de Potência.

- Motores até 330V serão realocados nos barramentos de baixa tensão

- Motores acima de 330V serão realocados nos barramentos de média tensão

3.2. Mudança de Níveis de Tensão

O nível de tensão 13,8KV passa a ser 11KV. A grande vantagem dessa mudança é que

se pode encontrar no mercado conjuntos de Fusível-Contator para esse nível de tensão,

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enquanto para o nível anteriormente usado era obrigatório o uso de disjuntores, que possuem

um preço mais elevado.

O nível de tensão da baixa tensão também será alterado de 480V para 690V. Esta

mudança diminuirá o custo com cabos. Este aumento na tensão também favorece a instalação

dos motores de maior potencia que anteriormente se encontravam no barramento de 4,16kV.

O custo dos cabos irá diminuir já que o aumento da tensão para uma mesma potencia

gera uma diminuição na corrente de mesma proporção. Essa redução da corrente gera uma

redução da potencia dissipada em fator quadrático. Com a redução na corrente e nas perdas

ôhmicas associadas, tem-se margem para aumentar a resistência dos cabos mantendo as

perdas iguais Isso significa que como o material do cabo (ρ) e o comprimento dos cabos (L)

vão se manter pode-se diminuir as bitolas dos cabos (A), barateando o seu custo.

𝑃 = 𝑈 ∗ 𝐼

𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 = 𝐼² ∗ 𝑅

𝑅 =ρ ∗ 𝐿

𝐴

3.3. Junção dos CCM’s e CDC’s de baixa tensão

Com isso iriamos retirar os reatores limitadores e diminuir o numero de entradas e

saídas nesses barramentos. A grande importância de retirar os reatores é o ganho no espaço

físico na sala elétrica.

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Figura 19 - Novo Diagrama Unifilar

3.4. Pontos Negativos

Reduzir o nível de média tensão sem alterar a potência gera um aumento na corrente

nominal do circuito. Isto aumenta a corrente de curto-circuito do sistema. Isso se deve ao fato

da tensão ser alterada, mas, aproximadamente, a potência ser mantida. Outro fator que irá

contribuir com o aumento do nível de curto circuito no barramento de média tensão é o fato

dos maiores motores que se encontravam no nível de tensão 4,16KV serem conectados

diretamente ao barramento de 13,8KV/11KV, o que diminui a impedância relativa entre esses

motores e o barramento de maior tensão.

Na baixa tensão também se observa aumento na corrente de curto circuito já que ao

transformarmos os CCM’s e CDC’s em um só barramento, os motores que eram divididos

anteriormente em mais de um barramento e separados por reatores limitadores de curto, agora

se encontram conectados no mesmo barramento. Como no caso anterior, a impedância entre

os motores e o CDC irá diminuir. O simples aumento do nível de tensão deveria corresponder

à uma redução no nível de curto circuito mas, pelos fatores supracitados, um aumento é

esperado.

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Vemos que ao aumentar o nível de curto circuito podemos enfrentar problemas com a

custo de barramentos. Visto que os painéis são dimensionados para suportar níveis de curto

circuito nominais e painéis com níveis altos de curto circuito se tornam muito caros, deve-se

ter em mente que dependendo do nível de curto circuito pode-se enfrentar o problema de não

existir um barramento no mercado que suporte os valores desejados.

Outro ponto é o fato de termos que os transformadores que alimentam os painéis de

baixa terão um pequeno aumento na potencia nominal, já que serão acrescentados motores ao

mesmo.

O ultimo ponto que deve ser salientado é a partida de motores. Deve-se verificar como

o sistema reage à partida dos grandes motores conectados no barramento de média. Já que sua

partida pode gerar uma queda excessiva de tensão no sistema, acarretando problemas que

serão detalhados posteriormente.

Para investigar esses problemas iremos realizar alguns estudos elétricos com um

modelo do sistema. Serão realizados estudos de Fluxo de potência, Curto Circuito e Partida de

Motores. Com esses estudos feitos, alguns equipamentos serão dimensionados.

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4. Estudo de Fluxo de Potência

O estudo de fluxo de potencia apresenta como resultado os fluxos de potencia ativa e

reativa nos elementos da rede e as tensões e suas defasagens angulares. Esse estudo será feito

com o objetivo de dimensionar os transformadores e painéis elétricos para a distribuição de

energia elétrica, além de confirmar o dimensionamento da geração. Para realizar esse estudo

será utilizado o modulo Dapper do software PTW da empresa SKM. O método escolhido foi o

Newton-Raphson por ser um método bem robusto.

4.1. Modelagem do Sistema

Antes de começar a falar sobre a modelagem em si, algumas definições precisam ser

apresentadas.

BKW: Potência mecânica exigida pela carga.

Fator de Intermitência: Razão entre o tempo que a máquina permanece em uso sobre

tempo total. O equivalente ao seu ciclo de trabalho. Uma carga que se encontra em stand by

terá o FI de zero enquanto uma que passe metade do tempo ligada terá um FI de 0,5.

Rendimento (η): É a razão entre a potência mecânica gerada pela maquina pela

potencia elétrica que a alimenta.

Fator de carga: este fator é definido como a razão da demanda média pela demanda

máxima ocorrida no mesmo intervalo de tempo indicado.

É importante ressaltar que essa instalação industrial realiza diversos tipos de processos

e o modelo usado será baseado nos dados do processo crítico. Esse processo é o que demanda

mais potência, logo dimensionando o sistema para atender a esse pico os outros processos que

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exigem menos potência do sistema serão atendidos por um sistema superdimensionado, o que

não gera nenhum problema.

Foi feita uma tabela com as cargas de um projeto anterior. Para os motores, foram

listados potência nominal (KW), fator de potência, fator de intermitência, rendimento, fator de

carga, BKW e tensão nominal. Com esses dados podemos completar os inputs do software e

modelar de forma satisfatória os motores.

Para as cargas não motóricas (tomadas para solda, cargas de iluminação, resistências

de aquecimento, motores acionados por VSD’s e qualquer outra carga que não seja

considerada motor) precisa-se inserir o fator de carga, fator de potência, potência nominal e a

tensão nominal. Com a finalidade de facilitar a modelagem e a entrada de dados algumas

cargas serão representadas por equivalentes. Esses equivalentes serão divididos em dois

grupos, equivalentes motóricos e não motóricos. Embora esses dois equivalentes sejam

modelados como cargas de potência contínua durante o estudo de fluxo de potência, sua

divisão se mostrará muito importante para o estudo de curto circuito. Esses equivalentes

motóricos serão feitos através da soma da potência ativa, demandadas e nominais. Serão

adotados valores típicos para o rendimento e fator de potência. Para se ter uma maior precisão

alguns dos motores de maior potência não serão representados junto aos equivalentes. Esses

motores são os de média tensão e os maiores motores da baixa tensão. Além de se conhecer o

comportamento isolado de cada uma destas cargas, podemos futuramente realizar outras

análises como, por exemplo, estudos de partida de motores. Posteriormente, serão

apresentadas mais informações sobre esse tipo de estudo. Os equivalentes não motóricos são

calculados através da soma das potências ativas e reativas demandadas. A partir dessa soma

será obtido um fator de potência. As potências demandadas são obtidas através das seguintes

formulas.

Para motores:

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𝑃𝑑 =𝐵𝐾𝑊𝑥𝐹𝐶𝑥𝐹𝐼

𝜂

𝑄𝑑 = 𝑃𝑑𝑥𝑇𝑎𝑛(𝑎𝑟𝑐𝑜𝑠(𝐹𝑝))

Para cargas não motóricas:

𝑃𝑑 = 𝑃𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑥𝐹𝐶𝑥𝐹𝐼

𝑄𝑑 = 𝑃𝑑𝑥𝑇𝑎𝑛(𝑎𝑟𝑐𝑜𝑠(𝐹𝑝))

Abaixo, estão apresentados os dados dos motores discriminados na tabela 4. É

importante salientar que os motores que possuíam FI igual a zero não foram considerados, já

que são motores que se encontram desligados por servirem de Stand By para outros motores e

nunca estarão ligados ao mesmo tempo.

BARRAMENTO IDENTIFICAÇÃO TENSÃO INSTAL.

bkW

NOMINAL

Kw

pf FC

%

FI

%

PNL 01 A ME-01 A 11 kV 8.165,50 8.600,00 95,0% 0,88 100,0% 100%

PNL 01 A ME-02 A 11 kV 1.005,64 1.200,00 95,0% 0,88 100,0% 100%

PNL 01 A ME-03 A 11 kV 12.580,93 14.000,00 96,0% 0,89 100,0% 100%

PNL 01 A ME-04 A 11 kV 998,23 1.200,00 96,0% 0,89 100,0% 100%

PNL 01 A ME-05 A 11 kV 1.017,70 1.200,00 96,0% 0,89 100,0% 100%

PNL 01 A ME-06 A 11 kV 922,80 1.100,00 96,0% 0,89 100,0% 100%

PNL 01 A ME-07 A 11 kV 1.335,10 1.500,00 96,0% 0,89 100,0% 100%

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PNL 01 B ME-01B 11 kV 8.165,50 8.600,00 95,0% 0,88 100,0% 100%

PNL 01 B ME-02B 11 kV 1.005,64 1.200,00 95,0% 0,88 100,0% 100%

PNL 01 B ME-03B 11 kV 12.580,93 14.000,00 96,0% 0,89 100,0% 100%

PNL 01 B ME-04B 11 kV 998,23 1.200,00 96,0% 0,89 100,0% 100%

PNL 01 B ME-05B 11 kV 1.017,70 1.200,00 96,0% 0,89 100,0% 100%

PNL 01 B ME-08B 11 kV 1.173,82 1.400,00 95,0% 0,89 100,0% 100%

PNL 01 B ME-06B 11 kV 922,80 1.100,00 96,0% 0,89 100,0% 100%

PNL 01 B ME-07B 11 kV 1.335,10 1.500,00 96,0% 0,89 100,0% 100%

PNL 01 B ME-07C 11 kV 1.335,10 1.500,00 96,0% 0,89 100,0% 100%

PNL 03 B ME-08B 0,69 kV 178,88 220,00 95,0% 0,88 100,0% 100%

PNL 03 A ME-08 A 0,69 kV 178,88 220,00 95,0% 0,88 100,0% 100%

PNL 04 A ME-10 A 0,69 kV 299,02 330,00 95,0% 0,88 100,0% 20%

PNL 04 A ME-09 A 0,69 kV 300,00 330,00 95,0% 0,88 100,0% 100%

PNL 04 B ME-09 B 0,69 kV 300,00 330,00 95,0% 0,88 100,0% 100%

PNL 03 B ME-11 A 0,69 kV 138,75 150,00 95,0% 0,88 100,0% 100%

Tabela 4 - Dado dos Motores Modelados de Forma Individual

Abaixo vemos uma tabela 5 com os equivalentes que serão usados no modelo.

Lembrando-se que em alguns casos esses equivalentes chegam a reunir mais de 50 cargas.

IDETIFICAÇÃO TENSÃO NOMINAL

kW

DEMANDA

kW

Pf

PNL 03A MEQ-03 A 0,69 KV 733 144,6 0,95 0,85

PNL 03B MEQ-03 B 0,69 KV 520 216 0,95 0,85

PNL 04A MEQ-04 A 0,69 KV 539 323,4 0,95 0,85

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PNL 04B MEQ-04 B 0,69 KV 761 320 0,95 0,85

Tabela 5 - Equivalentes Motóricos

IDETIFICAÇÃO TENSÃO Demanda

kW

DEMANDA

kVAr Pf

PNL 03A NML-03 A 0,69 KV 1278,6 674,9 0,88

PNL 03B NML-03 B 0,69 KV 337,5 153,8 0,91

PNL 04A NML-04 A 0,69 KV 1253,5 426,6 0,94

PNL 04B NML-04 B 0,69 KV 315,5 141,8 0,91

Tabela 6 - Equivalentes Não Motóricos

Para os transformadores usaremos dados típicos retirados de outros projetos, os cabos

serão ignorados já que são altamente influenciados pelo arranjo da instalação industrial e

posteriormente podem interferir no estudo de curto circuito, gerando valores menos

conservativos.

Como o estudo será feito com a intenção de dimensionar os transformadores, o

sistema estará funcionando em L (um dos transformadores estará desligado). Já que nesse

caso os transformadores terão que alimentar um maior número de cargas, serão

dimensionados para o caso mais severo.

4.2. Resultados

Primário Secundário Terciário

P (KW) 4447,2 1826,8 2620,3

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Q (KVAr) 2385,6 1049,6 1336

S (KVA) 5046,6 2106,9 2941,2

PF 0,88 0,87 0,89

I (A) 266,0 1763,5 2461,9

V nominal 11KV 690V 690V

Tabela 7 - Resultados Referentes aos Transformadores

Adota-se um acréscimo de 25% nos valores de potência obtidos nesses cálculos, já que

assim o sistema estará prevenindo contra incrementos de cargas. Esse incremento pode ser

gerado por uma substituição de equipamentos, que pode acontecer em outras fases do projeto

ou em algum projeto de reforma que a instalação industrial venha a sofrer. Deve-se considerar

a possibilidade de instalação de novos equipamentos posteriormente.

Com esse acréscimo chegamos a um transformador de 7,5 MVA de potencia nominal.

Esse transformador atende a carga do primário, secundário e terciário acrescidas de 25%.

Os painéis elétricos são dimensionados, entre outros critérios, através de sua

capacidade de conduzir corrente continuamente, na frequência nominal, sem exceder os

limites de temperatura. Logo para dimensiona-los quanto à corrente nominal precisa-se obter

o quanto de corrente os painéis conduzem no funcionamento em L. Os painéis alimentados

pelos transformadores terão a mesma corrente do transformador que os alimenta, como pode-

se observar na tabela abaixo.

Corrente

PNL01A/B 3098 A

PNL03A/B 1763 A

PNL04A/B 2465 A

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Tabela 8 - Correntes nos Painéis

Para transformador iremos utilizar uma sobra de 25% pelos mesmos motivos citados

anteriormente. Chega-se assim aos valores comerciais mostrados na tabela abaixo.

Corrente

PNL01A/B 4000 A

PNL03A/B 3150 A

PNL04A/B 3150 A

Tabela 9 - Corrente Nominal dos Painéis

Por fim, será avaliado o dimensionamento dos geradores. Esse tópico não foi abordado

no presente trabalho já que foram utilizadas as cargas de outro projeto e como não foram

feitas alterações na demanda do projeto utilizou-se a mesma geração. Consideraram-se quatro

geradores de 25MW/31MVA para abastecer a instalação industrial. Para confirmar esse

dimensionamento, calculou-se a soma da potência gerada na situação modelada e essa

potência foi comparada com a capacidade máxima dos geradores.

GE A GE B GE C GE D TOTAL

P (KW) 20000 20000 20000 13511 73511

Q (KVAr) 15000 15000 15000 5848 50848

S (KVA) 25000 25000 25000 14722 92180

Tabela 10 – Geração

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A tabela 10 mostra a geração descriminada por equipamento e a soma dos valores

individuais. De posse desses valores é possível calcular o quanto da geração total esta sendo

utilizado.

Total - 1 Gerador Total - 4 Gerador Utilizada Comparação

P (KW) 25000 100000 73511 74%

Q (KVAr) 18750 75000 50848 68%

S (KVA) 31250 125000 92180 74%

Tabela 11 – Comparação Entre Geração Máxima e Utilizada

Analisando os resultados apresentados na tabela anterior, pode-se perceber que o

dimensionamento dos geradores foi feito adequadamente. Existe uma sobra de 26% no pico

de demanda. Isso indica que na operação normal essa indústria poderá funcionar com três

geradores ligados e um de stand-by. Os quatro geradores só serão ligados para suprir um

possível pico de demanda e na eventual transferência de carga entre dois geradores, devido à

mudança do gerador em stand-by por motivos de manutenção.

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5. Estudo de Curto-Circuito

5.1. Base Teórica

Estudos de curto circuito são extremamente importantes nas fases do projeto que se

precisa dimensionar o sistema elétrico. Segundo [13] deve-se fazer esse estudo para

dimensionar características dos equipamentos elétricos tais como:

Nivel de curto-circuito: é o valor de corrente de curto que equipamentos como painéis,

disjuntores, chaves e etc. tem que resistir em função da componente simétrica do curto

circuito. Esses equipamentos devem ser capazes de resistir a essas correntes por

períodos da ordem de 1 segundo.

Capacidade de condução de corrente: é o maior valor de corrente que os equipamentos

devem resistir. Esse valor é obtido através da corrente de pico. Esses valores

geralmente são muito superiores aos valores das componentes simétricas, mas os

equipamentos tem que resistir a essa corrente de pico por muito menos tempo.

Seleção e ajuste do equipamento de proteção.

Determinação das características mecânicas dos equipamentos para que eles possam

resistir as correntes de pico que podem causar grandes solicitações mecânicas.

O estudo de curto circuito nesse trabalho será feito para o dimensionamento do nível

de curto-circuito dos painéis. Com essas informações, verificar-se-á se é possível encontrar

painéis comerciais que sejam dimensionados para esses níveis de curto circuito exigidos pelo

sistema. Para isso, será seguida a norma IEC 60909 e serão obtidos como resultados a

corrente de pico e a corrente simétrica de curto circuito. Como é comum no meio industrial

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será considerado que o curto circuito trifásico é o mais severo e por isso será o único

estudado.

A escolha de uma norma internacional se deu graças à necessidade de atender aos

requisitos das seguradoras, algo que se torna necessário nesse tipo de empreendimento.

Não serão abordados os outros temas como ajuste e seleção de equipamentos de

proteção, entende-se que como este é o projeto básico e não um detalhamento não há

necessidade disso, já que ainda não existem dados definitivos sobre cabos e motores que

influenciarão muito o resultado.

Figura 20 - Curto Circuito Trifásico

Quando uma falta ocorre num sistema, os valores das correntes de curto circuito serão

diretamente relacionados à força eletromotriz das máquinas rotativas que compõem esse

sistema, à impedância das mesmas e à impedância entre essas máquinas e o ponto de falta.

Essas máquinas podem ser síncronas ou assíncronas. No sistema estudado vemos somente

dois tipos de máquinas, geradores síncronos e motores de indução.

Os geradores síncronos são acionados por turbinas movidas a gás. Quando ocorre um

curto-circuito, esses geradores continuam a produzir tensão, pois a sua excitação de campo se

mantém por meio de baterias e o acionamento mecânico continua a fornecer potência

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mecânica ao gerador. Logo, esse gerador irá contribuir com a corrente de curto circuito sendo

limitada somente pela sua própria impedância e impedância do sistema.

Os motores de indução também contribuem com as correntes de curto circuito, mas

sua contribuição difere bastante dos geradores síncronos devido aos seus aspectos

construtivos. Nos motores de indução não há excitação de campo por corrente contínua como

nas máquinas síncronas, pois o fluxo magnético do rotor é gerador por indução. Quando

ocorre uma falta e o motor deixa de ser alimentado, esse fluxo se mantem. Logo esse fluxo

começa a induzir tensão nos enrolamentos do estator até que a máquina pare completamente.

A corrente de curto circuito produzida dessa forma decai muito mais rápido que a produzida

pelos geradores síncronos.

Figura 21 - Contribuição de Diferentes Máquinas Elétricas para o Curto-Circuito

Nos gráficos a cima pode-se observar o que foi exposto anteriormente. A contribuição

dos motores de indução decaindo rapidamente, fazendo que a sua contribuição só afete a

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corrente de pico, e os geradores sendo os principais contribuintes da corrente simétrica de

curto-circuito.

A corrente de curto-circuito apresenta normalmente características simétricas e

assimétricas. Sendo assimétrica nos primeiros ciclos e decaindo para uma corrente simétrica

no estado permanente. Isso se deve a relação entre resistência e reatância (X/R) do circuito no

momento do curto-circuito.

Essa razão não é tão simples de ser encontrada visto que a reatância das máquinas

rotativas não é constante. O valor da corrente de curto-circuito de pico é bem diferente da

corrente sustentada, em razão da diferença nas reatâncias que se manifestam ao longo do

tempo. Existem três tipos de reatâncias nas máquinas rotativas que são caracterizadas pelo

estado da máquina de acordo com o tempo após a falta.

Reatância subtransitória de eixo direto 𝑋𝑑" valor da reatância do estator logo após a

falta. É responsável pelo maior valor de corrente de curto-circuito.

Reatância transitória de eixo direto 𝑋𝑑′ valor da reatância aparente inicial do estator,

se manifesta normalmente 0,5 segundos depois da falta

Reatância síncrona 𝑋𝑑 valor da reatância de regime permanente.

5.2. Introdução a norma IEC 60909

A IEC (Internation Electrotechnical Comission) é uma organização mundial com

objetivo de promover a cooperação internacional em todas as questões relacionadas à

regulamentação no campo da engenharia elétrica e eletrônica [14].

A norma IEC 60909 é aplicável a sistemas de corrente alternada de baixa a alta tensão

que operam em 50 ou 60 Hz. Sistemas com tensões iguais ou superiores a 550 KV com linhas

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de transmissão longas precisam de cuidados especiais, logo essa norma não se aplica nesses

casos. Essa norma estabelece práticas e procedimentos que levam a resultados que geralmente

possuem uma precisão aceitável.

Essa norma usa como método de cálculo a inserção de uma fonte de tensão

equivalente no local da falta, considerando a corrente de curto-circuito simultânea em todos

os polos. Investigação de curto-circuitos não simultâneos esta além do escopo dessa norma.

5.2.1. Definições segundo a norma:

- Curto circuito: Caminho condutivo, acidental ou intencional, entre dois ou mais

partes condutoras forçando a diferença de potencial elétrico entre elas a ser igual ou próximo

de zero.

- Corrente de curto circuito: Corrente resultante de um curto circuito num sistema

elétrico.

- Corrente de pico de curto circuito (Ip): Valor máximo instantâneo atingido pela

corrente de curto circuito disponível. Nota-se que o valor do pico varia de acordo com o

momento que o curto circuito ocorre. O calculo do pico do curto circuito trifásico é feito de

modo a gerar o maior valor possível. Curtos circuitos sequenciais não são considerados.

- Corrente simétrica inicial de curto circuito (Ik′′): Valor r.m.s da componente

simétrica de corrente alternada da corrente de curto circuito disponível no momento da falta.

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Figura 22 - Corrente de Curto-Circuito

5.2.2. Simplificações

Mesmo essas considerações não sendo sempre verdadeiras para os sistemas de

potência considerados, os resultados calculados atingem os objetivos com precisão adequada.

Durante o curto circuito não existe mudança em seu tipo. Se um curto circuito trifásico

ocorrer ele se manterá sendo um curto circuito trifásico durante o tempo estudado.

Não ocorre nenhuma alteração na configuração da rede durante o curto circuito.

A resistência de arco não é levada em consideração.

Todas as capacitâncias de linha, admitâncias shunt e cargas não motóricas, com

exceção do sistema de sequência zero, são negligenciadas.

5.2.3. Grupos de motores de baixa tensão

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Geralmente esses motores são diferentes entre si e são conectados ao barramento por

cabos de diferentes comprimentos e bitolas. Para a simplificação do cálculo, pode-se usar um

equivalente motórico que desconsidera os cabos e utiliza dados típicos para as características

do motor. A instalação estudada possui mais de cem motores o que torna o ato de inserir os

dados de todos eles individualmente algo muito trabalhoso. Sabendo-se que os resultados

mantém boa precisão com a utilização de equivalentes, os mesmos se tornam uma ótima

opção.

Figura 23 - Representação dos Grupos de Motores

Para esse equivalente serão usados:

𝐼𝑙𝑟 𝐼𝑟𝑚⁄ = 5

𝑅𝑚 𝑋𝑚⁄ = 0,42

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𝑃𝐹 = 0,85 𝑒 η = 0,95

𝑍𝑚 =1

𝐼𝑙𝑟 𝐼𝑟𝑚⁄.

𝑈𝑟𝑚

√3𝐼𝑟𝑚

Sabendo-se que Irm é a corrente nominal do grupo de motores, pode-se considera-la

igual ao somatório das correntes nominais dos motores.

5.2.4. Inversores de frequência

Os inversores de frequência não regenerativos são considerados cargas não motóricas,

já que não contribuem para o curto-circuito, logo serão desconsiderados nesse método.

5.2.5. Método de Cálculo

O método de cálculo de curto circuito da norma IEC 60909 é baseado na introdução de

uma fonte de tensão equivalente no local da falta. Essa fonte será a única fonte ativa de tensão

do sistema. Todos os alimentadores, motores síncronos e não síncronos são substituídos por

suas impedâncias internas.

Em todos os casos é possível determinar a corrente de falta com a ajuda de uma fonte

de tensão equivalente. Informações como tap de transformadores, carga dos consumidores,

excitação dos geradores e diferentes estudos de fluxo de carga são supérfluos para esses

cálculos.

No exemplo abaixo é mostrado como se calcular as correntes de curto de um sistema

com uma falta no ponto F. É introduzida uma fonte de tensão no ponto da falta e todas as

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outras fontes ativas de tensão são ignoradas. Como visto anteriormente as cargas não

motóricas são ignoradas e os alimentadores são representados somente pela sua impedância

interna. O fator multiplicativo c é escolhido de acordo com a tabela abaixo.

Figura 24 – Sistema Durante a Falta

Figura 25 - Sistema Equivalente Usado para o Calculo da Corrente de Curto-Circuito

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Figura 26 - Tabela para Escolha do Fator Multiplicativo C

5.3. Realização do Estudo de Curto circuito

Para realização desse estudo se utilizou o software Power Tools for Windows, usando

a norma IEC 60909 como base. O fator multiplicativo C usado foi 1,1 de maneira a obtermos

valores mais conservativos, seguindo a tabela da figura 26. Esse estudo será realizado para as

condições de operação L e H. Para o cálculo do valor de curto circuito no barramento de

11KV, será considerado o Is-Limiter acionado, de forma que o TIE será considerado aberto

nesse caso e os quatro geradores foram considerados em operação.

O base do modelo computacional utilizado para o sistema foi o mesmo do estudo de

fluxo de potência, sendo necessária a adição de outros dados, como demostrado nas figuras

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abaixo. Todos esses dados foram retirados de folhas de dados de máquinas reais. A razão

FLA/LRA significa Full Load Current e Locked Rotor Current, corrente de carga máxima

sobre corrente de rotor bloqueado respectivamente. Essa razão mostra como o motor de

indução irá contribuir para o curto circuito.

Figura 27 - Dados referentes aos geradores

Figura 28 - Dados referentes aos motores de indução

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5.4. Resultados

Essa primeira tabela contém os resultados dos valores encontrados para a corrente

simétrica inicial de curto circuito. São apresentados os valores para a operação em H e em L.

A coluna Comparação mostra o maior valor encontrado, contando os dois modos de operação.

Operação em L Operação em H Comparação

PNL01A 32,53 33,28 33,28

PNL01B 31,96 31,43 31,96

PNL03A 38,09 32,99 38,09

PNL03B 38,11 32,77 38,11

PNL04A 44,36 37,35 44,36

PNL04B 44,39 34,64 44,39

Tabela 12 - Corrente Simétrica Inicial de Curto-Circuito

Nessa segunda tabela vemos os valores para corrente de pico de curto circuito. Como

na primeira tabela a quarta coluna mostra o maior valor obtido da comparação das duas

primeiras colunas.

Operação em L Operação em H Comparação

PNL01A 82,63 84,31 84,31

PNL01B 80,83 79,59 80,83

PNL03A 93,82 80,85 93,82

PNL03B 92,44 80,58 92,44

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PNL04A 104,47 88,34 104,47

PNL04B 104,04 83,29 104,04

Tabela 13 - Corrente de Pico de Curto-Circuito

Com esses resultados foram feitas as especificações para os barramentos de acordo

com o seu nível de curto-circuito simétrico e de pico.

Ik'' Ip

PNL01A 40 KA 84 KA

PNL01B 40 KA 84 KA

PNL03A 40 KA 100 KA

PNL03B 40 KA 100 KA

PNL04A 50 KA 110 KA

PNL04B 50 KA 110 KA

Tabela 14 - Valores Nominais de Curto-Circuito para os Painéis

Pode-se perceber que nesse caso não foi considerado aumento de carga e no PNL 01 o

valor nominal é inferior ao calculado. Isso se deve ao fato do valor calculado ser

extremamente conservativo. Não esta sendo considerado nenhum dos cabos, o que aumenta o

nível de curto-circuito do sistema.

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6. Partida de motores

6.1. Introdução

Esse capítulo irá discutir os benefícios obtidos pelos estudos de partida de motores, os

problemas que a partida de motores pode ocasionar, como foi realizado esse estudo na planta

industrial em questão e os resultados serão apresentados e discutidos.

6.2. Problemas possíveis

Motores em ambientes industriais estão se tornando cada vez maiores, algumas vezes

sendo considerados grandes até mesmo em comparação com a carga total dos sistemas de

potência industriais. A partida de um grande motor pode causar perturbações nas cargas

conectadas próximas e distantes a ele [15].

6.3. Queda de tensão

O efeito mais crítico da partida de motores é a queda de tensão que os sistemas de

potência industriais sofrem como uma consequência direta.

Essa queda de tensão diminui consideravelmente o torque de aceleração, já que o

mesmo depende da tensão disponível no barramento em função quadrática e do torque

exercido pela carga, que só é função da velocidade. Com isso aumentando o tempo de partida

de um motor e às vezes o desempenho de sua partida como um todo.

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Figura 29 - Curva Torque x Velocidade

Nesse gráfico pode-se observar diversas curvas representando o torque em relação a

velocidade para diferentes tensões terminais dos motores de indução. A curva Fan Load

representa o torque exercido pela carga que só varia com relação a velocidade. Esse gráfico

ilustra a relação entre tensão terminal e curva de torque exposto à cima.

A queda de tensão admissível para a partida é diretamente relacionada com o motor e

suas características de torque e carga. Esses requisitos podem variar de 80%-95% da tensão,

dependendo do tipo de motor. Além da tensão deve-se verificar o tempo de partida, já que os

outros motores terão um menor torque durante esse intervalo de tempo.

Problemas mais graves podem ser causados pela diminuição da tensão no sistema

devido à partida de motores. Outros motores que estão funcionando normalmente no sistema

irão desacelerar devido à queda de tensão. Essas máquinas tem que ser capazes de acelerar

novamente após o motor que está partindo atingir o seu regime permanente. Quando essa

queda de tensão é muito acentuada, pode-se ter um motor em funcionamento excedendo o seu

Break-down torque (quando o torque exercido pela máquina é igual ao torque da carga) e isso

pode causar uma desaceleração significativa, podendo chegar até a parar antes que a partida

termine. Esses motores que estão desacelerando acabam demandando uma corrente maior que

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a nominal e com isso contribuindo com a queda de tensão. Esse efeito dominó pode levar a

perda de todas as cargas e do sistema como um todo. Deve-se manter em mente que muitas

instalações industriais possuem protocolos de religamento e algumas podem demorar até dias

para voltar ao seu funcionamento normal, logo esse desligamento forçado pode gerar muitas

perdas econômicas.

Além do efeito nos outros motores, a queda de tensão afeta componentes eletrônicos,

equipamentos de controle sensíveis e provoca flutuações na iluminação. Os limites de tensão

dos equipamentos devem ser obtidos com os seus devidos fabricantes para assegurar o seu

funcionamento pleno mesmo nessas condições adversas.

O sistema estudado não possui ligação com o SIN, funcionando com geração própria e

limitada. Isso pode intensificar os problemas com a partida de motores, especialmente quando

motores muito grandes estão envolvidos. Esse problema é agravado devido à alta impedância

dos geradores locais. O tipo de controle de tensão utilizado pelo(s) geradores terá grande

influencia nos resultados do estudo de partida de motores. Felizmente, com os adventos

tecnológicos existentes hoje em dia, esses estudos podem ser realizados com simuladores que

levam em consideração o controle usando pelos geradores, criando modelos precisos dos

sistemas.

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Figura 30 - Tensão Terminal do Gerador x Tempo

O gráfico a cima mostra o comportamento da tensão terminal de um gerador, com

diferentes sistemas de controle, em resposta a uma perturbação. Sem regulador, sua tensão

despenca e é perdido o sincronismo, logo o gerador não volta ao valor regime anterior. Com

um regulador lento, a tensão demora quase 2 segundos para voltar ao regime permanente,

apresenta um grande vale e oscilações. A linha pontilhada que mostra um sistema de controle

de resposta rápida. Esse regulador possui um tempo de acomodação inferior aos outros

controladores e apresente menos oscilações.

6.4. Realização do Estudo

O estudo de partida de motores foi realizado com um módulo do programa Power

Tools for Windows da SKM chamado TMS, Transient Motor Starting. Esse programa permite

que seja utilizado o modelo criado para os estudos de curto-circuito e fluxo de carga,

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necessitando somente de algumas informações dinâmicas sobre os motores estudados e os

geradores ou fontes de potência.

Essas informações foram retiradas de folhas de dados de equipamentos elétricos

similares que foram utilizados em projetos anteriores. É importante ressaltar que esses dados

são atualizados já que foram retirados de projetos que ocorreram há menos de 1 ano, com o

objetivo de dar veracidade ao presente trabalho.

Nesse estudo iremos estudar a partida direta do maior motor, ligado diretamente ao

barramento de média tensão. Esse motor possui uma potencia de 14 MW e serão considerados

somente três geradores de 25 MW ligados e o sistema estará funcionando em H, operação

normal. A norma IEEE 399 recomenda fazer um estudo de partida de motores para todo

motor que exceder entre 10-15% da capacidade dos geradores em KVA. Como o motor possui

fator de potência 0,89 e os geradores 0,8, pode-se obter a sua potência em KVA pela equação

abaixo:

14 𝑀𝑊

0,89= 15,73 𝑀𝑉𝐴

Para poder efetivar a comparação, deve-se calcular a potência de geração do sistema

elétrico com três geradores em funcionamento.

3 ∗25 𝑀𝑊

0,8= 93,75 𝑀𝑉𝐴

Agora, efetivando a comparação:

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15,73 𝑀𝑉𝐴

93,75 𝑀𝑉𝐴= 16,7%

Logo esse estudo é realmente necessário, já que esse valor excede os 15% definidos

pela norma.

Dando continuidade a inserção de dados, o motor foi modelado graficamente no

software.

Figura 31 - Modelo Gráfico de Motor

A linha vermelha representa a corrente do motor em relação à velocidade do mesmo

em porcentagem, a linha verde representa o torque gerado pelo motor, quando ele se encontra

com uma tensão terminal de 1 p.u., e a linha azul representa o fator de potência. Como

esperado observa-se que a corrente aumenta drasticamente e o torque diminui quando a

velocidade do motor diminui. Esse motor possui velocidade nominal de 1800 RPM. Também

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se pode observar que a corrente de partida do motor é relativamente baixa, quatro vezes a

nominal, comparada a corrente padrão de um motor de indução que é 6 a 8 vezes a nominal.

Figura 32 - Modelo Gráfico da Carga

Nota-se que a carga, como esperado, se mantem abaixo do torque nominal, chegando a

ter no máximo 16% do torque nominal do motor, 59100 Newton-Metro.

O gerador foi modelado de forma completa, desde suas constantes intrínsecas até seus

controles. Abaixo, estão representados telas do software utilizado que ilustram a modelagem

do gerador.

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Figura 33 - Constantes intrínsecas do Gerador

Figura 34 - Controle da excitatriz

A excitatriz possui como objetivo o controle da tensão de saída do gerador. É usado

um controle realimentado do tipo proporcional, integral e derivativo. Esse tipo de controle

possui uma boa resposta transitória, graças a sua parte derivativa, e permite que o erro de

regime permanente seja sempre zero, por causa de sua parte integral.

O modelo do governer, por ser muito mais lento que a excitatriz não foi modelado

com a mesma exatidão. Foi usado um modelo padrão do banco de dados do software

intitulado “Simple Gas Turbine Governer”.

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6.5. Resultados.

A simulação levou em conta que o motor de 14 MW estudado partiu no primeiro

segundo de simulação de forma direta. Assumiu-se que os geradores estavam operando com o

objetivo de manter a barra de média tensão PNL-01 com tensão de operação de 1,02 , para

facilitar a partida de grandes motores.

Figura 35 - Gráfico de Velocidade x Tempo

Na figura 35 pode-se ver como a velocidade do motor se desenvolve no tempo. O

motor parte no primeiro segundo e atinge sua velocidade final por volta do quarto segundo.

Um tempo de aceleração de aproximadamente 3 segundos é um bom resultado para um motor

de 14 MW em partida direta.

Figura 36 - Gráfico de Torque e velocidade x Tempo

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Na figura 36, observa-se em cor vermelha, a curva do torque mecânico gerado pelo

motor e, em cor azul, a velocidade do mesmo. Comparando esse gráfico com as características

do motor percebe-se que os dois coincidem. O torque de partida é bem próximo de 0,5 p.u. e o

torque máximo, atingido próximo da velocidade síncrona, é próximo de 1,6 p.u. Além disso,

percebe-se que, como esperado, no estado permanente o torque do motor se iguala ao torque

da carga que é 0,16 p.u. Isso se deve ao fato da carga não estar mais acelerando e o somatório

dos torques ter que ser igual à zero.

Figura 37 - Gráfico de Corrente fornecida pelo gerador e Tensão no barramento de média x Tempo

Em cor vermelha esta a contribuição de corrente de um dos três geradores e em azul a

tensão no barramento de média tensão. Percebe-se que as duas grandezas variam em modulo

de maneira oposta, como esperado. Quando o motor parte, o gerador tem que suprir essa

maior demanda de corrente e a tensão cai. Por volta dos 4 segundos quando o motor termina a

sua partida, a demanda de corrente diminui e a tensão aumenta. Com isso o sistema se

encaminha para o estado permanente.

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Figura 38 - Gráfico de tensão por tempo

Nesse ultimo gráfico pode-se observar a tensão do barramento de média tensão, em

azul, e a tensão do painel de baixa CDC2A, em vermelho. Esse resultado foi produzido com o

objetivo de mostrar como estariam reagindo os painéis de baixa, já que por se encontrarem

mais distantes dos geradores normalmente possuem tensões menores. O painel CDC2A foi o

painel da instalação industrial que apresentou maior queda de tensão, logo foi o único painel

de baixa tensão representado. Observou-se que mesmo sem a utilização de TAP’s no

transformador a tensão não chegou ao limite inferior de 0,8 p.u.. É curioso notar que mesmo o

motor demorando somente 4 segundos para partir o seu efeito é sentido por quase 30

segundos. Comparando os resultados obtidos com a tabela abaixo retirada da IEEE 399 sobre

mínima tensão permitida nos terminais, percebe-se que o motor deve partir sem causar

grandes problemas para o resto do sistema.

Tabela 15 – Mínima Tensão Permitida nos Terminais dos Motores

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7. Conclusão

O presente trabalho teve como foco introduzir um tipo de instalação industrial e

propor melhorias ao seu sistema elétrico. Com a finalidade de ilustrar o sistema elétrico

dessas instalações industriais, foram apresentadas suas peculiaridades e alguns dos

equipamentos elétricos utilizados. Essa apresentação foi de suma importância para que as

mudanças propostas e estudos elétricos fossem compreendidos pelo leitor.

Depois de apresentadas, as mudanças propostas foram modeladas no software de

engenharia SKM-Power Tools for Windows para que fossem realizados estudos de fluxo de

cargas, curto-circuito e partida de motores. Esse software se mostrou uma ferramenta

extremamente eficiente, apresentando resultados condizentes e de maneira rápida e prática.

Além de uma ferramenta bem completa, já que se pode realizar todos os estudos na mesma

plataforma sem a necessidade de retrabalho para a introdução dos dados.

Com os estudos de curto circuito e fluxo de potência em mãos pode-se dimensionar

diversos equipamentos elétricos e averiguar se os mesmos existam no mercado tornando

possível a realização desse projeto sem que exista a necessidade de se encomendar

equipamentos sob medida, o que pode encarecer demais o projeto fazendo com que o mesmo

não seja vantajoso. Felizmente, todos os equipamentos dimensionados podem ser encontrados

no mercado.

O estudo de partida de motores foi feito somente para o maior motor do sistema

industrial já que se considerou que o mesmo era o que apresentava maior criticidade. O

sistema elétrico respondeu bem a partida do mesmo, sem exceder os limites apontados pela

norma utilizada. É valido ressalta que esse estudo considerou os outros motores como cargas

de potência constante. Nas etapas mais avançadas do projeto devem-se modelar os maiores

motores de baixa tensão e todos os motores de média tensão através de suas curvas

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características: fator de potencia x velocidade, torque x velocidade, corrente x velocidade e

torque da carga x velocidade. Com isso pode-se analisar a influência da partida do motor em

questão nos outros motores. Além disso, na fase de detalhamento deve-se repetir esse mesmo

estudo para todos os maiores motores em diversas condições de operação que devem ser

sinalizadas pelo setor que irá lidar diretamente com a operação.

Para continuidade do projeto pode-se destacar a necessidade de um arranjo dos

equipamentos, o que irá determinar o comprimento dos cabos. Com o comprimento dos

cabos, serão calculadas as bitolas e quantidade de condutores em paralelo para que a queda de

tensão esteja dentro dos limites pretendidos. Esses valores devem ser adicionados ao modelo

do sistema e o estudo de fluxo de potência deve ser repetido em diversas condições de

operação para a determinação dos TAP’s dos transformadores e verificação das quedas de

tensões nos barramentos. Deve-se dar importância extra a tensão nos terminais dos motores

para que não existam problemas nos futuros estudos de partida de motores.

Os estudos de curto-circuito e partida de motores devem ser refeitos com as novas

informações provenientes do amadurecimento do projeto. A norma IEEE 399 também

recomenda que sejam realizados estudos de análise de harmônicos, estudos de estabilidade,

estudos de coordenação e seletividade da proteção e estudos de transitórios eletromagnéticos.

Por fim, pode-se perceber que com as modificações propostas o sistema se comportou

bem na etapa de projeto básico e essas modificações devem ser estudadas mais a fundo, já que

levarão a uma redução no capital necessário para projeto. Essas economias são principalmente

provenientes do aumento da tensão na baixa tensão que diminuirá o gasto com os cabos, visto

que os cabos representam a maior parte do custo da parte elétrica de uma instalação industrial

e eliminação de dois transformadores de grande porte.

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CIRCUITO COM ÊNFASE NO IPC,” COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ - Brasil, 2005.

[4] C. A. d. Oliveira e L. C. Gomes, “ESTUDO DO DESEMPENHO DO MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO

ACIONADO A VELOCIDADE VARIÁVEL COM UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DIGITAIS,” PROPP/UFU,

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[5] W. D. S. John J. Grainger, Power system analysis, McGraw-Hill, 1994.

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http://motoreseletricosweg.blogspot.com.br/2015/08/o-que-e-e-para-que-serve-resistencia-

de.html. [Acesso em 15 11 2015].

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[10] Bender GmbH & Co. KG, “ISOMETER and ISOSCAN - Product Overview,” Bender GmbH & Co. KG,

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[11] Weg, “Atmosferas Explosivas - Segurança e Confiabilidade,” Grupo Weg, Santa Catarina - Brasil.

[12] COBEI, “Subcomitê SC-31 do COBEI - Atmosferas Explosivas,” COBEI, [Online]. Available:

http://cobei-sc-31-atmosferas-explosivas.blogspot.com.br/. [Acesso em 10 12 2015].

[13] L. P. Isidoro, “Estudos Elétricos para um Sistema Industrial de uma Unidade de Produção

Offshore,” UFRJ, Rio de Janeiro - Brasil, 2006.

[14] International Electrotechnical Comission, “Short-Circuit in Three Phase AC Systems,” em IEC

60909, International Electrotechnical Comission, 1988.

[15] IEEE, “Motor-starting studies,” em IEEE Std 399-1997, IEEE Recommended Practice for Industrial

and Commercial Power Systems Analysis, IEEE, 1997, pp. 231-263.

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