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ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

ENSINO FUNDAMENTAL 1º E 2º ANOS

FASCÍCULO I

ELABORADORES

Ana Maria Moraes Rosa

ELABORADORES

Edna Batista Siqueira

Maria da Conceição Gonçalves Ferreira

2019

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Prezado (a) Professor (a),

A partir da construção e publicação do Currículo de Pernambuco para o Ensino

Fundamental, a Secretaria de Educação e Esportes do Estado, em parceria com a

Undime, apresenta os Cadernos de Orientações Metodológicas como material

de apoio. Estes cadernos foram elaborados com o objetivo de proporcionar

sugestões didático-metodológicas que contribuam com a prática docente. Eles se

constituem em documentos complementares que abordam objetos de

conhecimento, unidades temáticas e temais contemporâneos, entre outros

aspectos, contemplando todos os componentes curriculares, com ênfase na

conexão entre a teoria e a prática, promovendo a articulação ora entre as

competências gerais e específicas, ora entre estas e as habilidades a serem

desenvolvidas a cada ano escolar. Ressaltamos que este é o primeiro fascículo de

uma série de outros cadernos que serão publicados posteriormente.

As atividades propostas no Caderno de Orientações Metodológicas poderão

servir de inspiração para a elaboração e o desenvolvimento de outras atividades

que busquem promover o engajamento dos estudantes no processo de ação e

reflexão, favorecendo a construção e sistematização dos conhecimentos.

Esperamos que este material contribua para enriquecer a sua prática de sala

de aula, auxiliando você, professor, no planejamento das atividades e fortalecendo

o processo de ensino-aprendizagem.

APRESENTAÇÃO

Ana Coelho Vieira Selva Sônia Regina Diógenes Tenório Coordenadora Estadual - SEE Coordenadora Estadual UNDIME/PE

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SUGESTÕES DE

SEQUÊNCIAS DE

ATIVIDADES

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À luz da BNCC, o Currículo de Pernambuco defende a ideia de que ao final

do 2º Ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, os estudantes leiam e produzam

pequenos textos, de acordo com o seu nível de escolaridade, e estejam no nível

alfabético (escrever com base em uma correspondência entre fonemas e grafemas

ainda que com ortografia não totalmente convencional). Nessa hipótese de escrita,

os estudantes aprenderam o valor sonoro convencional da maior parte dos

grafemas da língua na apropriação do sistema de escrita e que essa apropriação

acontece norteada pela perspectiva de alfabetizar e letrar. Assim, o ensino

sistemático e gradual do processo da alfabetização precisa se dar atrelado aos

usos que os estudantes fazem da língua, através das práticas sociais (leitura,

escrita, oralidade, produção textual e análise linguística/semiótica) para que

percebam, desde o início do processo escolar, que o sistema de escrita notacional

que estão estudando e se apropriando na escola representa a língua que usam

diariamente.

É necessário, portanto, que as atividades planejadas para o desenvolvimento

de habilidades deem conta dessas competências elencadas acima e, sobretudo, se

concretizem através de um trabalho sistemático de formação do leitor, do produtor

de textos e de atividades planejadas especificamente para que as crianças se

apropriem do sistema da escrita, bem como fundamentado pelo contato constante

e sistematizado com os gêneros textuais impressos e digitais que circulam na

sociedade contemporânea.

Metodologicamente, a ideia defendida aqui é que o trabalho de alfabetização,

de apropriação do sistema da escrita precisa ser planejado, sistematizado,

lançando desafios para que a criança perceba a complexa relação existente entre

a escrita e o que ela representa. Cabe aos professores elaborarem tarefas que

permitam aos estudantes refletirem sobre a aprendizagem desse sistema. Portanto,

essa aquisição não deve acontecer apenas pela memorização de letras e sons, ou

pela memorização de famílias silábicas descontextualizadas, mas como um

processo reflexivo sobre o funcionamento desse sistema, tanto nas especificidades

da alfabetização, como na sua relação com os gêneros que circulam socialmente.

Assume-se aqui, portanto, que só memorização e decodificação/codificação

não dão conta da aquisição desse sistema porque essa aprendizagem requer

questões conceituais que as crianças precisam compreender. Ou seja, as

especificidades da alfabetização. São essas especificidades que geram

inquietações para os estudantes e que o ensino precisa dar contar de respondê-

las, tais como: o que a escrita representa/nota? O que essa notação representa?

Para responder a esses questionamentos, os estudantes precisam

compreender propriedades do sistema notacional, tais como: se escreve com letras

1. ALFABETIZAR LETANDO: ORIENTAÇÃO PARA O

PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DO SITEMA DA ESCRITA

EM SALA DE AULA.

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e essas não podem ser inventadas; letras, números e outros símbolos são

diferentes; as letras têm formas fixas (p, q, b e d têm o mesmo formato, mas que a

posição não pode variar porque muda a letra); uma mesma letra tem vários

formatos (impressa, cursiva, manuscrita); quais combinações de letras podem vir

juntas e qual posição ela ocupa na palavra; há terminações e início de sílabas que

não são possíveis na língua portuguesa (não se termina palavras com “qu” e “que”

“rr” e “ss” não iniciam palavras); existem letras que têm valores sonoros fixos,

convencionalizados, mas várias letras como, por exemplo, /a, â, ã, á/ não têm e

que alguns sons são escritos por letras diferentes (o som do /s/ tem várias

representações gráficas S,C,SS,Ç,X,Z,SC, etc.) (MORAIS, 2005).

Como se pode perceber, apenas a decodificação e a codificação não dão conta

do processo de alfabetização e do letramento das crianças de forma reflexiva.

Entretanto, também é relevante entender que apenas o contato delas com a

diversidade de gêneros, sem sistematizar conhecimentos sobre as especificardes

do sistema de escrita alfabética, não garantirá, de forma alguma, a sua

alfabetização, comprometendo assim sua autonomia enquanto leitor e produtor de

textos, limitando sua ação social no mundo letrado. A perspectiva defendida pelo

Currículo de Pernambuco é a de que é preciso sistematizar o ensino das

propriedades do sistema, tendo como referência os gêneros que circulam

socialmente nos diversos campos onde o estudante atua.

Desta forma, as sequências didáticas foram pensadas na ideia de contribuir e

fortalecer o seu trabalho pedagógico na sala de aula pautado na perspectiva de

alfabetizar letrando. Nesse sentido, estamos propondo exemplos de sequências

didáticas explorando o gênero Lista para mobilizar habilidades de todas as práticas

de ensino e campos de atuação, considerando a gradação e complexidade

específicas para os 1º e 2º Anos, com o intuito de favorecer a aplicabilidade do

Currículo Pernambuco em sala de aula.

As listas podem ser consideradas como um gênero atemporal uma vez que é

muito utilizado em todos os tempos. Certamente, toda criança já viu, na família ou

em outro ambiente, pessoas escrevendo listas em vários contextos sociais. A

maioria dos falantes ainda fazem muito uso desse gênero, tanto nas formas

manuscritas, impressas, como digitais. Ou seja, é um gênero com função social

clara, porque são textos com propósitos específicos, que têm como função

organizar dados ou então servem de apoio à memória. Assim, é importante

trabalhar com listas que tenham também um propósito, necessidades reais de

escritas com as crianças. Além disso, os elementos de uma lista costumam estar

2. POR QUE TRABALHAR COM LISTAS EM CONTEXTO DE

ALFABETIZAR LETRANDO?

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organizados de acordo com um critério e esse critério precisa ser conhecido e

compreendido pelos estudantes.

Diariamente escrevemos e lemos listas de compras do mercado, de

convidados para um aniversário ou de atividades que temos programadas para o

dia, dentre outras. Portanto, se apropriar desse recurso de elencar conteúdo é

significativo para as crianças porque ele tem uma função social.

As listas de palavras são modelos estáveis de escrita e, por isso, servem

para que as crianças sempre recorram a elas quando necessário. Na perspectiva

de alfabetizar letrando, a escrita é vista como algo muito maior do que um código,

pois ela não serve só para ser decifrada, mas também para permitir que as pessoas

se comuniquem. Para que isso aconteça, o processo de alfabetização deve se

preocupar em ensinar o sistema de escrita alfabética e também a linguagem em

seus usos sociais. Nessa perspectiva, o gênero lista atende a esse propósito

porque as crianças se deparam com muitas listas no seu dia a dia.

Dentre as listas que o estudante convive diariamente estão as dos nomes dos

estudantes de uma mesma sala de aula. É muito interessante trabalhar listas dos

próprios nomes das crianças porque o nome é pessoal, então, faz sentido aprender

a ler e a escrevê-lo logo de início, fazendo com que essa lista seja a primeira a ser

construída no ano. A leitura, análise e escrita de listas é uma atividade que também

possibilita na sala de aula, os seguintes aspectos:

O conhecimento das letras – sua forma gráfica, seu valor sonoro e sua ordem

no alfabeto;

Auxilia as crianças na referência de memória visual e auditiva dos fonemas e

seus respectivos grafemas;

Favorece a aquisição da base alfabética;

Possibilita a reflexão entre as hipóteses de escrita dos estudantes e a escrita

convencional das palavras, promovendo o conflito cognitivo;

Concretiza na sala de aula a perspectiva do alfabetizar letrando, porque as

crianças refletem sobre o sistema de escrita alfabética a partir de um gênero

que faz parte do seu cotidiano (a lista dos nomes colegas da sala de aula, a

lista de supermercado, lista dos pacientes que serão atendidos em um

consultório, lista das atividades que serão realizadas na sala de aula,

playlists), ou seja, um gênero que tem funções reais na comunicação e no

cotidiano das crianças.

a) Seleção de práticas de linguagem, campos de atuação, objetos de

conhecimento, conteúdos e habilidades que serão exploradas na

sequência didática.

3. SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO GÊNERO LISTA

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Prática de Linguagem

Campo de Atuação

Objeto de conhecimento

Conteúdo Habilidades

Leitura/escuta (compartilhada e autônoma)

Todos os campos de

atuação

Reconstrução das condições de produção e recepção de

textos

Função social e comunicativa dos

textos

(EF15LP01PE) Identificar a função social de textos que circulam no cotidiano, nas mídias impressa, de massa e digital, reconhecendo para que foram produzidos, onde circulam, quem os produziu e a quem se destinam e que os gêneros possuem funções sociais relacionadas aos campos de atuação nos quais circulam.

Leitura/escuta (compartilhada e autônoma)

Todos os campos de

atuação

Estratégia de leitura

Informações explícitas

(EF12LPX01PE) Inferir

informações implícitas em textos lidos, ouvidos e/ou sinalizados.

Leitura/escuta (compartilhada e autônoma)

Todos os campos de

atuação

Estratégia de leitura

Expectativas e pressuposições

antecipadoras de sentido no texto

(EF15LP02PE) Estabelecer

expectativas em relação ao texto que vai ler (pressuposições antecipadoras dos sentidos, da forma e da função social do texto), apoiando-se em seus conhecimentos prévios sobre as condições de produção e recepção desse texto, o gênero, o suporte e o universo temático, bem como sobre saliências textuais, recursos gráficos, imagens, dados da própria obra (índice, prefácio etc.), confirmando antecipações e inferências realizadas antes e durante a leitura de textos, checando a adequação das hipóteses realizadas.

Leitura/escuta (compartilhada e autônoma)

Campo da vida

cotidiana

Compreensão em leitura

Funções sociodiscursivas

em textos da vida cotidiana

(EF12LP04PE) Ler, em

colaboração com os colegas e com a ajuda do professor, ou já com certa autonomia, listas, agendas, calendários, avisos, convites, receitas, instruções de montagem (digitais ou impressos), dentre outros gêneros do campo da vida cotidiana, considerando a situação comunicativa e o tema/assunto do texto e relacionando sua forma de organização à sua finalidade.

Escrita (compartilhada e autônoma)

Campo da

vida cotidiana

Escrita autônoma e compartilhada

Planejamento e produção de

gêneros da vida cotidiana

(EF01LP17PE) Planejar e

produzir, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor, listas, agendas, calendários, avisos, convites, receitas, instruções de montagem e legendas para álbuns, fotos ou ilustrações (digitais ou impressos), dentre outros gêneros do campo da vida cotidiana,

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considerando a situação comunicativa e o tema/assunto/ finalidade do texto.

Escrita (compartilhada e autônoma)

Todos os campos

de atuação

Correspondência Fonema grafema

Escrita de pequenos textos

em forma alfabética.

(EF01LP02PE) Escrever,

espontaneamente, ou por ditado, pequenos textos (listas, trecho de parlendas, estrofe de uma cantiga, receitas, títulos, legendas, dentre outros), de forma alfabética – usando letras/grafemas que representem fonemas.

Escrita

(compartilhada e autônoma)

Todos os campos

de atuação

Construção do sistema

alfabético/ Convenções

da escrita

Semelhanças e diferenças entre

escritas convencionais e

individuais

(EF01LP03PE) Observar

escritas convencionais, comparando-as as suas produções escritas, percebendo semelhanças e diferenças em listas (de nomes de colegas, de frutas, de brinquedos, textos de tradição oral, dentre outros), que possibilitem a reflexão sobre o sistema da escrita.

Oralidade Todos os campos

de atuação

Características da conversação espontânea

Conversão espontânea

(EF15LP11PE) Reconhecer

características da conversação espontânea presencial, respeitando os turnos de fala, selecionando e utilizando, durante a conversação, formas adequadas de tratamento de acordo com a situação e a posição do interlocutor.

Oralidade Campo da

vida cotidiana

Produção de texto oral

Planejamento e produção de

gêneros orais do campo da vida

cotidiana

(EF12LP06PE) Planejar e

produzir, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor, listas, recados, avisos, convites, receitas, instruções de montagem, dentre outros gêneros do campo da vida cotidiana, que possam ser repassados oralmente e/ou por meio de ferramentas digitais, em áudio ou vídeo, considerando a situação comunicativa e o tema/assunto/finalidade do texto.

Produção de textos (escrita

compartilhada e autônoma)

Todos os campos

de atuação

Planejamento de texto

Planejamento/ produção/ reescrita

textual/situação comunicativa

(EF15LP05PE) Planejar, com

a ajuda do professor, o texto que será produzido, considerando a situação comunicativa: (os interlocutores (quem escreve/para quem escreve); a finalidade ou o propósito (escrever para quê); a circulação (onde o texto vai circular; o suporte (qual é o portador do texto); a linguagem, organização e forma do texto e seu tema), pesquisando em meios

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impressos ou digitais, sempre que for preciso, informações necessárias à produção do texto, organizando em tópicos os dados e as fontes pesquisadas).

Produção de textos (escrita

compartilhada e autônoma)

Todos os campos de

atuação Revisão de texto

Releitura/ revisão/ reescrita

textual

(EF15LP06PE) Reler e

revisar o texto produzido, individualmente ou com a ajuda do professor e a colaboração dos colegas, para ajustá-lo e aprimorá-lo, fazendo cortes, acréscimos, reformulações, correções de ortografia e pontuação, visando aos efeitos de sentido pretendidos.

Produção de textos (escrita

compartilhada e autônoma)

Todos os campos

de atuação Edição de texto Edição de textos

(EF15LP07PE) Editar a

versão final do texto, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor, ilustrando, quando for o caso, em suporte adequado, manual ou digital.

Análise linguística/ semiótica

(Alfabetização)

Todos os campos

de atuação

Construção do sistema alfabético

Reconhecimento da escrita

alfabética como representação

dos sons da fala

(EF01LP05/PE) Reconhecer

o sistema de escrita alfabética como representação dos sons da fala, através da exploração de textos de tradição oral, listas, textos genuínos do repertório local, atentando para o interesse temático dos estudantes, explorando a comparação reflexiva entre as palavras (correspondência som/ letra, quantidade/qualidade de letras, ordem das letras, etc.).

Análise linguística/ semiótica

(Alfabetização)

Todos os campos

de atuação

Construção do sistema alfabético

e da ortografia

Comparação de semelhanças e diferenças de

sons em sílabas iniciais, mediais e

finais.

(EF01LP09PE) Comparar

palavras, identificando semelhanças e diferenças entre sons de sílabas iniciais, mediais e finais, a partir de textos conhecidos (crachás, listas dos nomes da sala, de objetos do mesmo campo semântico, parlendas, cantigas, dentre outros), que favoreçam a análise da relação fonema-grafema.

Análise linguística/ semiótica

(Alfabetização)

Todos os campos

de atuação

Conhecimento do alfabeto do

português do Brasil

Nomeação e ordem das letras

do alfabeto

(EF01LP10PE) Nomear as

letras do alfabeto, compreendendo a ordem das letras, através de práticas de ler e escrever textos (listas dos nomes dos colegas da classe em ordem alfabética, por exemplo), que contribuam para a relação existente entre leitura e escrita.

Análise linguística/ semiótica

(Alfabetização)

Campo da vida

cotidiana

Forma de composição

do texto

Identificação e reprodução

/formatação e

(EF01LP20PE) Identificar e

reproduzir, em listas, agendas, calendários, regras,

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Observe que, em uma sequência didática de um gênero textual

(lista), é possível articular habilidades de todas as práticas de

linguagem e de determinados campos de atuação (que,

geralmente, estão atrelados à esfera discursiva onde o gênero

selecionado circula) e objetos de ensino diferentes e várias

habilidades. O critério utilizado para a seleção foi elencar práticas

de linguagem e habilidade que estiverem atreladas à exploração

do gênero que será trabalhado. Já para selecionar as habilidades

de análise linguística, foram tomadas como referência aquelas

voltadas às especificidades da alfabetização para o 1º Ano e que

pudessem ser exploradas dentro do gênero lista, ou em qualquer

outro, uma vez que estão elencadas para serem trabalhadas em

todos os campos de atuação. Vale salientar que são habilidades

que permitem aos estudantes refletirem durante o processo de

aquisição do sistema de escrita alfabética e que representa

apenas uma das formas possíveis de desenvolver as habilidades

em sala de aula.

O desenvolvimento da sequência: após a seleção dos conhecimentos que

precisam ser sistematizados nessa sequência, apresentaremos uma proposta

para o seu desenvolvimento, que precisa, certamente, ser ajustada, analisada,

ampliada para que se adeque aos estudantes de sua turma.

b) Etapas da sequência didática do gênero lista

1ª etapa: sistematizando as práticas de linguagem de leitura

Antes de iniciar a sequência, é importante considerar que qualquer atividade

de leitura/escrita na sala de aula precisa partir do princípio de que para realizá-la

os estudantes coordenam e utilizam, nessas tarefas de ler ou de escrever,

informações que aprenderam em outras ocasiões. Ao mesmo tempo, ao escrever

de acordo com suas hipóteses, têm a possibilidade de se voltar para a análise da

palavra e refletir sobre o uso das letras. Fazendo isso, em vez de apenas copiar

palavras escritas corretamente, os estudantes terão condições de usar o que

sabem, refletir e ampliar seus conhecimentos.

diagramação específica

avisos, convites, receitas, instruções de montagem e legendas para álbuns, fotos ou ilustrações (digitais ou impressos), a formatação e diagramação específica de cada um desses gêneros, considerando a complexidade dos textos e a autonomia dos estudantes.

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Partindo dessa ideia, professor(a), inicie a sequência explorando os

conhecimentos prévios das crianças sobre o gênero lista, questionando:

Vocês sabem o que é uma lista?

Vocês já viram escreveram/leram/ alguma lista?

Já viu alguém escrevendo uma lista?

Você acham que as pessoas escreveram essas listas para quê?

Para quem elas escreveram?

Então, para que servem as listas?

Quem faz lista? Para quê?

Onde encontramos listas?

Que tipos de listas vocês conhecem?

Após ouvir e discutir todas as respostas dadas, amplie as discussões,

explicando para as crianças que escrevemos um texto por vários objetivos. Dentre

eles, escrevemos por uma necessidade de se comunicar com alguém, ou com nós

mesmos, e que, no caso das listas, elas atendem às duas funções: podem

comunicar algumas informações para outras pessoas ou para nós mesmos.

(EF15LP01PE e EF15LP02PE). Como essas habilidades são do bloco de

habilidades 15 e 12, podem ser aplicadas nos 1º e 2º Anos. Questione:

Quando as pessoas escrevem uma lista de compras antes de ir ao

supermercado, escrevem para quem? Para que escrevem?

Quando se escreve o nome dos estudantes numa sala de aula, escreve-se

para quem? Para que escreveram?

Informe às crianças que vai apresentar algumas listas. Use para isso

retroprojetor, folhas impressas ou mesmo no quadro listas só com os itens

elencados, sem dizer o tema/título das listas (você também pode apresentar outras

listas de interesse de sua turma), como:

Professor(a), após respostas dos estudantes, explique que as

listas são textos usados cotidianamente, geralmente, para

organizar dados (no caso da lista com o nome dos estudantes,

para organizar e informar quais estudantes devem estudar

naquele espaço. Já as listas de convidados de uma festa

servem para organizar espaço, alimentação, música, etc.) ou

então servem de apoio à memória (a lista das compras do

supermercado para não esquecer dos alimentos que precisam

ser comprados, lista de tarefas que precisam ser realizadas

durante um dia/semana, etc. ).

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Após a exposição, crie situações para verificar se as crianças conseguem ler

as palavras das listas, uma de cada vez. Você também pode ajudá-las a lê-las,

realizando leituras compartilhadas e autônomas (EF12LP04PE). Em seguida, pelo

campo semântico de cada lista, peça às crianças para tentar descobrir qual o

tema/título/assunto de cada lista, questionando: vocês acham que essas três listas

são de quê? (EF12LPX01E).

Nota: As listas acima foram pensadas com os seguintes temas: Lista A “Coisas para levar

para a Praia”; Lista B “ Coisas que detesto”; e Lista C “ Coisas que gosto de fazer”. As

crianças podem dar respostas próximas a essas temáticas, que podem ser aceitas, desde que o

campo semântico seja coerente.

Repelente

Protetor solar

Toalhas

Sandálias

Maiô

Guarda-sol

Boné

Água

Briga

Chatice

Falsidade

Atraso

Grito

Brabeza

Negatividade

Dentista

Viajar

Jogar

Dançar

Cantar

Dormir

Comer

Conversar

Caminhar

A B C

Professor(a), esta atividade é interessante porque, além de

proporcionar momentos para a realização de leitura

compartilhada e/ou autônoma (EF12LPX01PE), também

desenvolve a habilidade de realizar inferência

(EF12LPX01PE), uma vez que, para responder, as crianças

precisam estabelecer relação entre seus conhecimentos

prévios e as palavras de um mesmo campo semântico. Isso faz

com que elas percebam a necessidade de trabalhar com

palavras de um mesmo campo semântico, atreladas a um título.

É importante salientar que, geralmente, no dia a dia, quando

fazemos uma lista para nós mesmos, nem sempre precisamos

colocar um título. Mas quando a lista é direcionada a outras

pessoas, o título é indispensável, porque nem sempre

poderemos deduzir a intenção do produtor dela listas. Ou seja,

o que a lista pretende informar.

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Estimule os estudantes com questionamentos que contribuam para que surjam

temáticas que deem conta das palavras elencadas em cada lista. Se eles

encontrarem dificuldades para refletir e ler tais palavras, ofereça as informações

necessárias e dê dicas para ajudá-los a continuar o trabalho, com perguntas do

tipo: A palavra começa com qual letra? E com qual sílaba? E as sílabas seguintes?

Quais são as letras? Como se lê essas sílabas? Dentre outras questões que podem

ser levantadas, dependendo do nível de sua turma.

Para concluir o trabalho de leitura, apresente a lista com os nomes dos

estudantes da sala (você pode apresentar essa lista numa cartolina, num datashow,

no quadro ou onde você achar que fica interessante fazer essa exposição). Solicite

que cada estudante encontre o seu nome na lista. Depois faça a leitura

compartilhada dos nomes de todos os estudantes da turma. Em seguida, explique

que um nome não representa só um conjunto de letras e sons, mas que o nome

que está escrito/anotado traz consigo as características, a identidade da pessoa

nomeada, porque as palavras têm som, letras e significados. Nesse momento, disponibilize na sala de aula vários emojis com carinhas

diversas (triste, feliz, enfurecido, zangado, pensativo, apaixonado, anjinho, etc.

enfim, uma para cada criança (podem ser repetidos). Evite emoji depreciativo.

Professor (a), perceba que, na atividade de leitura, você

já está trabalhando questões da análise linguística, pois,

conforme já salientado aqui, a divisão das práticas de

linguagem tem um caráter meramente organizacional,

para que você perceba quando está desenvolvendo

habilidades de cada prática. Mas ao mesmo tempo que

você está nas habilidades da prática de leitura, já iniciou

também o trabalho com as habilidades de análise

linguística (EF01LP10PE), assim como já foram

introduzidas habilidades da prática da oralidade, durante

o momento de conversa e orientação com os estudantes,

com a habilidade (EF15LP11PE), porque, para entender

a exposição e os comandos, eles precisam estar atentos

e atendendo a todas as características de uma conversa.

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Em seguida, peça que cada criança escolha o nome de um colega e pegue

o emoji que melhor o caracteriza. Lembre-se de dizer que eles só levarão em

consideração as características boas, positivas dos colegas. Dando

prosseguimento, peça que expliquem o porquê de ter relacionado o colega àquele

emoji, explicando a característica positiva de seu colega de sala.

Observe todos os estudantes e verifique se todas as crianças estão

comtempladas. Se acontecer de alguma criança ter ficado de fora, você,

professor(a), fica responsável para pegar o emoji que represente a criança e as

apresentações começam por você. Essa atividade, nesse momento, tem como

objetivo levar a criança a identificar seu nome na lista, favorecer que as crianças

conheçam o nome dos colegas, fortalecer os laços de afetividade na sala, visto que

a análise do perfil através dos emojis traz só os aspectos que elevem a autoestima

das crianças da turma e leva as crianças a perceberem que as palavras têm

também significados.

2ª etapa: Fortalecendo o processo de alfabetização com a lista dos

nomes dos estudantes da sala de aula

Antes de propor que os estudantes escrevam listas, a sugestão é que você

professor(a), sistematize habilidades de análise linguística/semiótica para que

encontrem menos dificuldades para produzir outras listas nas etapas seguintes.

Nesse sentido, sugerimos que você selecione alguns nomes da lista da turma

seguindo a ordem alfabética de A a L (você pode optar por outros critérios), por

exemplo, selecionando só o primeiro nome. Explique para os estudantes que serão

estudados outros nomes em cada etapa do trabalho. Por exemplo:

Professor(a), assim como já salientamos que as

sequências podem comtemplar várias habilidades na

distribuição das tarefas, também não existe uma ordem

rígida para que as práticas de linguagem se

desenvolvam na sala de aula. A nossa sugestão é que

as sequências funcionam melhor quando se começa pela

leitura de vários textos, tendo sempre como assunto as

temáticas e os gêneros selecionados para serem

trabalhados. Acreditamos que o trabalho inicial de leitura

ajuda a definir melhor as condições de produção para o

estudante saberem o que vão dizer (assunto), para quem

vão dizer (seu interlocutor), como vão dizer (dimensões

do gênero) e para que vão dizer (finalidade da escrita do

texto). As demais práticas podem acontecer de acordo

com a necessidade que você observar na sua turma.

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Em seguida, leia os nomes um a um e peça para 10 estudantes (os quais não

são os donos do nome) que indiquem, se possível, pelo número, onde estão os

nomes que você vai ler. Essa tabela pode ser com os nomes que você preferir

para abordar as necessidades de sua turma sobre as propriedades da

alfabetização.

É interessante também usar o maior número possível de nomes das crianças,

levando-as a refletir sobre a escrita de cada um dos nomes, criando situações para

que reflitam sobre:

a) Quantos nomes começam com a mesma letra?

b) Quantas terminam com a mesma letra?

c) Quantos nomes têm o mesmo número de letras e de sons? Quais são esses

nomes?

d) Quais nomes têm número de letras diferente do número de sons? Quais são

esses nomes?

Você também pode selecionar alguns nomes que você considera

interessante para dividir sílabas, identificar padrões silábicos (CV, CCV, V, dentre

outros). Após essa divisão silábica, você pode repetir as perguntas acima.

Como é de seu conhecimento, professor(a), as atividades lúdicas favorecem

o interesse das crianças para realizar as tarefas e, consequentemente, promovem

as aprendizagens. Portanto, você poderá realizar a brincadeira “Responde ou

Passa”. Nessa brincadeira, você divide a turma em grupos de quatro ou três

estudantes. Coloque perguntas em um saquinho com questões específicas sobre

a consciência fonológica referentes aos nomes de estudantes trabalhados e outro

saquinho com o número dos grupos. Sorteie o número do grupo que vai responder

à pergunta. Retire uma pergunta do saquinho, e o grupo decide se vai responder

Lista dos estudantes do 1º Ano A

01 - Adriana

02 - Adriele

03 - Beatriz

04 - Breno

05 - Bruna

06 - Camila

07 - Catarina

08 - Laís

09 - Luciana

10 - Luiza

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17

ou passar para outro grupo, no tempo definido por você professor. Se o grupo

acerta, marca 10 pontos. Se não acertar, perde 10 pontos. Mas se repassar a

pergunta, não perde nem ganha pontos. Vence a brincadeira o grupo que marcar

mais pontos. Exemplo de questionamentos que podem ser feitos na brincadeira:

O que existe de igual entre os nomes Adriana e Adriele?

O nome Adriele tem --------- letras e -------------- fonemas (sons);

Quais nomes têm as primeiras sílabas iguais?

Existem nomes com as últimas sílabas iguais? Quais?

Existem na lista nomes que têm o mesmo número de letras e o mesmo

número de fonemas (sons)?

Quais outros nomes de pessoas é possível formar com as letras do nome

LUCIANA?

O que existe de igual entre os nomes CAMILA E CATARINA?

O que existe de igual nos nomes ADRIANA E LUCIANA?

JOGO RESPONDE OU PASSA

GRUPOS

PLACAR

1

2

3

4

5

Após essas atividades, disponibilize saquinhos com letras dos nomes de

colegas da sala (evite entregar o próprio nome, uma vez que as crianças podem ter

memorizado a disposição das letras do seu próprio nome) e peça que os estudantes

montem o nome que está no saquinho. Verifique as hipóteses apresentadas pelas

crianças, oriente-as, ajudando a refletir sobre a ordem correta das letras e, em

seguida, questione

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a) Ao ordenar as letrinhas, você encontrou o nome de qual colega?

b) Quantas letras tem esse nome?

c) Quantos sons têm esse nome?

d) Quantas sílabas tem esse nome?

e) Você consegue descobrir outras palavras/nomes usando as letrinhas do

nome do colega? Quais?

Outra sugestão é a realização de palavras cruzadas. Como o gênero

possibilita muitos desafios para as crianças, é importante deixar sempre dicas sobre

os nomes que serão cruzados.

Essas atividades têm como objetivo criar situações para que os estudantes

reflitam sobre o sistema da escrita alfabética e desenvolvam a consciência

fonológica através de gêneros que circulam em todos os campos de atuação e com

os quais eles interagem socialmente, como na sugestão abaixo. Exemplo:

Complete a palavra-cruzada com os nomes de:

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PALAVRAS PARA A CRUZADINHA ADRIANA, ADRIELE, BRUNA, BRENO, BEATRIZ, CAMILA, CATARINA,

LUCIANA, LUZIA, LAÍS

Caça – Palavras

A

C A M I L A

L

B

B L

A

M

A

H G B R U N A B J B

L

D

J Y E K H P F B T R

U

R

C S A A D R I E L E

Í

I

C A T A R I N A A N

Z

A

X B R N K H T X I O

A

N

L

E I N G K Z V S J

C

A

Z S Z M C A M I L A

ADRIANA

ADRIELE

BRUNA

BRENO

BEATRIZ

CATARINA

CAMILA

LUCIANA

LUÍZA

LAIS

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Bingo

Você poderá também fazer na sala o bingo dos nomes. Nessa brincadeira,

você distribui cartelas diferentes com os nomes dos colegas da sala e dita os nomes

para que os estudantes marquem em suas cartelas. Como as crianças estão em

processo de alfabetização, você pode repetir os nomes ditados e determinar um

espaço de tempo para que elas consigam fazer as relações entre os nomes “lidos”,

ditados por você e a escrita deles nas cartelas. Os dez primeiros que baterem,

podem ganhar uma bala, um pirulito. Como em todo bingo, é importante fazer a

conferência entre os nomes ditados e os marcados. É interessante você conferir os

que bateram e os que não bateram para que você possa verificar se os que não

bateram foi porque os nomes não foram chamados ou porque os estudantes não

conseguiram fazer a relação entre o nome chamado (lido) e a escrita do referido

nome. Exemplo:

Professor(a), essas atividades propostas sistematizam as

propriedades da alfabetização e são importantes nesse

processo porque auxiliam o desenvolvimento da

consciência fonológica dos estudantes e proporcionam

essa reflexão através de atividades lúdicas, levando-os a

aprender brincando, de forma leve, descontraída e

sinalizam para você o que eles já sabem, o que ainda

precisam aprender e quais propriedades você precisa

retomar para eles se apropriarem do sistema de escrita

alfabética.

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3ª Etapa: Integrando habilidades das práticas de linguagem de leitura,

da oralidade, da escrita e da produção textual lista

Após todo trabalho feito de leitura e de análise linguística/semiótica pode-se

fazer integração com outras habilidades de leitura, podendo seguir a sequência,

com atividades mais centradas na escrita e na oralidade. Nesse momento, você

professor(a), pode separar a turma em grupo. Aqui, você precisa ter o cuidado de

organizar os grupos com estudantes já avançados no processo de alfabetização e

outros que ainda encontram dificuldades. Essa integração é muito importante para

que troquem conhecimentos, questionamentos e reflexões sobre o que já sabem a

respeito do processo de apropriação do sistema de escrita alfabética e o que

precisam saber. O importante é que todos participem ativamente das atividades.

Após a divisão de grupo, distribua algumas temáticas de listas em tarjetas, que

terão uma função real na sala de aula, tais como: lista de atitudes que devemos

ter na sala de aula; lista de atitudes que não devemos ter na sala de aula; lista

de atitudes que o professor não deve ter; lista de atitudes que o professor

precisa ter. Você pode repetir as listas para mais de um grupo, dependendo da

quantidade de grupos formados.

Lista de atitudes que não devemos ter na sala de aula

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No primeiro momento, defina as condições de produção, explicando para

os estudantes que as listas serão produzidas para serem afixadas na sala de aula,

na perspectiva de orientarem diariamente as atitudes de estudantes e professores,

para que eles reflitam sobre suas atitudes (nesse momento, você estará propondo

o gênero lista, visando firmar com ele o gênero acordo didático). Explique que as

listas devem ser construídas só com uma palavra (para estudantes do 1º Ano (Ex.:

atitudes que devo ter (Ex.: ajudar, participar, aprender...), atitudes que não devo

ter (Ex.: brigar, bater, etc.). Para o 2º e 3º Anos, você pode propor a escrita de

frases curtas (Ex.: brigar com os colegas, prestar atenção às aulas, etc.).

Depois que os estudantes chegarem a um consenso sobre a construção de

suas listas, cada grupo deverá apresentá-la para professor (a) e demais colegas. A

lista pode ser apresentada oralmente pelos estudantes ou através de um vídeo

gravado na sala de aula e apresentado para todos. Essa gravação poderá ser

através de um celular do grupo ou do professor (a).

Após a produção oral, peça que cada grupo registre, anote no papel suas listas

escritas. Deixe-os à vontade para que escrevam suas representações mentais do

registro das palavras da lista. Em seguida, faça o arcabouço em branco das listas

só com o título, no quadro ou outro suporte onde todos possam visualizar e

participar da atividade. Trabalhe uma de cada vez. Peça que os representantes de

cada grupo ditem para você, professor(a), as atitudes positivas e negativas que

apontaram para estudantes e professor (nesse momento, esteja aberto para ouvir

a opinião da turma sobre o que pensam das atitudes que um professor deve ter ou

não) em sala de aula. É importante ouvi-los sempre. Geralmente, os estudantes

entendem muito de atitudes de professores, assim como os professores entendem

as dos estudantes.

Professor(a), é importante que os estudantes discutam

bastante sobre o que acham imprescindível estar nessas

listas (EF12LP06PE). Pesquisas apontam para a relevância

dos estudantes falarem, oralizarem, explicitarem, oralmente

para colegas e professores conhecimentos elaborados

mentalmente, como dimensões dos gêneros textuais. Tais

estudos indicam uma relação forte entre falar sobre os

gêneros e incluir conhecimentos explicitados no momento da

produção escrita deles, DOLZ E SCHNEUWLY (2010).

Dentre essas pesquisas, ROSA (2011) aponta a relação clara

entre a explicitação verbal das dimensões de gêneros

discursivos e o registro de tais dimensões no momento da

escrita. Portanto, é indispensável proporcionar momentos

para que as explicitações verbais aconteçam em contextos de

aprendizagem.

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Os estudantes dizem a forma como escreveram os nomes,

independentemente, se estão grafadas convencionalmente ou não. Por isso, peça

que digam as letras que usaram para escrever as palavras. Mesmo que apareçam

palavras repetidas, mas com escritas diferentes, é interessante tomar notas, para

que, ao concluir o trabalho com cada lista, se reflita sobre essas possibilidades de

escritas propostas pelos estudantes. Depois, questione se as palavras ditadas

estão escritas de forma convencional ou não. Você pode usar emojis (os mesmos

que você usou no início da sequência) para sinalizar palavras. Se a palavra estiver

com escrita convencional, usar uma carrinha feliz ou o sinal de legal. Se não estiver

escrita da maneira convencional, colocar uma carinha pensativa ou símbolo com o

dedinho para baixo. Reflita, em conjunto, com cada uma das palavras e, em

especial, as que não estão grafadas convencionalmente. Trabalhe com uma lista

de cada vez. E, antes de passar para a lista seguinte, sugerimos que você elabore,

juntos com eles, a tabela abaixo com cada palavra escrita de forma não

convencional, a fim de que seja retomada como objeto de análise e reflexão

(número de letras, de sons, padrões silábicos, número de sílabas e divisão silábica,

etc.).

TENTATIVA DE ESCRITA

ESCRITA CONVENCIONAL

BIGA (para brigar)

(carinha pensativa) BRIGAR

AUDA (para ajudar) AJUDAR

Essa lista/tabela pode ser afixada em sala de aula para que os estudantes

possam consultá-la sempre que necessário e ter espaço para a inserção de novas

palavras e/ou construção sempre de novas tabelas para afixar na sala de aula, de

forma que, aos poucos, os estudantes transitem entre o nível alfabético e caminhem

para o alfabético/ortográfico, de forma reflexiva.

Após a revisão de todas as palavras das listas construídas pelos estudantes,

divida a sala em quatro grupos (conforme o número de listas das atitudes positivas

que devem acontecer na sala de aula e negativas que não devem acontecer). Em

seguida, solicite que cada grupo revise, reescreva cada palavra (EF15LP06PE) e

faça a edição final das listas, incentivando para que cada grupo torne suas listas

interessantes, divertidas. Eles poderão usar imagens, símbolos, ou qualquer outro

recurso que torne suas listas diferentes, divertidas, alegres e instrutivas

(EF15LP07PE) para serem afixadas em sala de aula. Explique que elas servirão

de “acordos” feitos entre todos e que, constantemente, você, professor(a), e

estudantes se reportarão a elas para verificar se todos estão cumprindo os acordos

estabelecidos nas listas. Observe que as listas produzidas pelos estudantes terão

em sentido real, uma situação social concreta, dentro da sala de aula.

4ª Etapa: Avaliando, sistematizando aprendizagens e desenvolvendo

atitudes de colaboração com os estudantes

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Professor(a), além das listas que já estão afixadas nas salas, é importante que

você elabore mais atividades, inclusive voltando a usar o nome das crianças, para

que essa aprendizagem seja constantemente ativa e reflexiva e não apenas um

resultado da memória fotográfica fantástica da criança. Nesse sentido, você pode

organizar essa sistematização da seguinte forma:

a) Construa com eles uma tabela com espaços entrecortados para colocar os

nomes dos estudantes colaboradores por semana;

b) Corte tarjetas de cartolina em branco para que os estudantes possam

escrever, semanalmente, os nomes dos colegas colaboradores que serão

colocados na tabela;

c) Semanalmente, você, professor(a), escolhe 05 nomes dos estudantes

colaboradores que constarão na lista, de forma que, em cada dia da semana,

seja definido qual estudante desempenhará a função;

d) Após a escolha dos nomes, selecione também 05 estudantes para escrever

um dos nomes do colega colaborador (indique para escrever os estudantes

cuja escrita você quer observar). Evite indicar que o estudante escreva seu

próprio nome, uma vez que ele pode escrever apenas usando a memória

visual;

e) Após escolher os estudantes colaboradores, dite qual nome vai ser escrito

e quem vai escrever. De início, peça que escrevam no caderno. Após você

verificar se a escrita está correta, peça que escrevam na tarjeta e coloque

na tabela, conforme modelo abaixo e procure sempre colocar os nomes em

ordem alfabética, explicando aos estudantes as especificidades dessa

ordem:

Estudante colaborador SEMANA 04 a 08 de 02/2019

Dias da semana

ADRIANA 04/02

BRENO 05/02

CAMILA 06/02

LAÍS 07/02

LUÍZA 08/02

Professor(a), todas as sugestões dadas aqui nessa sequência podem ser desenvolvidas para estudantes do 1º e do 2º anos. Você pode ainda exercitar a interdisciplinaridade com o componente curricular de Matemática, incluindo conteúdos como tabelas, calendário, períodos, dentre outros.

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5ª etapa: Atividade específica para estudantes do 2º Ano do Ensino

Fundamental - Anos Iniciais

Para os professores do 2º Ano, sugerimos a construção do gênero textual das

músicas preferidas dos estudantes, denominada de “As 10 mais”, na

perspectiva de ampliar o gênero lista que já vem sendo trabalhado

anteriormente. Para essa atividade, sugerimos a seguinte sequência:

Pergunte aos estudantes da turma quais são as suas músicas preferidas.

Cada estudante só pode escolher uma música;

À medida que os estudantes vão falando, o professor vai elencando as

composições no quadro. Quando houver repetição, o professor vai anotando

os votos que a música vai tendo;

Observe se, no final das falas das crianças, já existem 10 músicas que mais

apareceram na relação delas. Caso não existam, diante de todas que foram

elencadas, faça uma votação aberta para que escolher as 10 mais votadas.

Explique para os estudantes que, juntos, irão construir uma playlist das 10

músicas mais bem votadas, para que, em momentos recreativos, de

realização de alguma tarefa quando possam usar a música, elas sejam

ouvidas para animar e motivar a realização das atividades;

Procure verificar se todos conhecem o gênero, se já o produziram;

Explique para os estudantes o que é uma playlist, qual sua funcionalidade

e apresente um tutorial para a construção da playlist, como no exemplo que

iremos disponibilizar aqui.

Passo a passo de como criar uma playlist de músicas:

1º Passo: Escolha qual aplicativo irá utilizar. Para Smarthphones Android e

iOS (gratuitos): Spotify, Deezer, Google Play Music, Palco MP3, etc.;

2º Passo: Se o usuário não possuir cadastro, será necessário fazer um;

3º Passo: Se for o primeiro acesso, o usuário deverá escolher suas

preferências musicais (gêneros, bandas, cantores);

4º Passo: Selecionar o perfil e no menu de opções “Playlists”;

5º Passo: Criar nova playlist e nomear como desejar;

6º Passo: Pesquisar dentro do aplicativo a música/álbum/cantor

preferida(o);

7º Passo: Após selecionar a música escolhida, em opções clica em

“Adicionar à Playlist”;

8º Passo: Automaticamente a música vai fazer parte da playlist criada.

OBS1: Esse passo a passo foi elaborado tendo como base o aplicativo Deezer.

Se o aplicativo usado é o Spotify, basta ir à biblioteca, criar a playlist e

adicionar músicas.

OBS2: Para uma Playlist de vídeos, usando o YouTube, selecionar o vídeo e

clicar em salvar, clicar em “Nova Playlist”, nomear e adicionar o vídeo.

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Você pode professor (a), à medida que vai falando sobre as etapas do tutorial,

já ir construindo a playlist com os estudantes, de forma que quando acabarem as

etapas, ela já esteja pronta. Coloque-a para tocar e peça que os estudantes opinem

sobre o que acharam da construção dela e da seleção das músicas.

Professor(a), lembre-se de que os gêneros midiáticos,

como a playlist, já são muito presentes e usados no

cotidiano dos estudantes. Portanto, é muito provável

que você tenha a colaboração direta e ativa deles na

construção desse gênero. Nesse momento, aproveite

para valorizar bastante a contribuição dos estudantes

nessa atividade e mostre a importância de professores

e estudantes construírem juntos o conhecimento, uma

vez que os estudantes precisam ser vistos como

protagonistas no processo ensino/aprendizagem. É

natural que eles tenham outros caminhos mais fáceis e

interessantes para construir playlists. Compartilhe com

eles e desenvolvam um trabalho interessante e

divertido. Procure sempre usar a playlist da turma em

várias situações na sala de aula, lembrando que,

durante o ano, você pode ir atualizando-a, de forma

que todos se sintam contemplados e contenha as

músicas que todos gostam de ouvir.

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DOLZ, J. SCHNEUWLY, B; Gêneros orais e escritos na escola. Tradução R. Rojo

e G. S. Cordeiro. Campinas/SP: Mercado das Letras, 2010.

MORAIS, A.G. Se a escrita alfabética é um sistema notacional (e não um código),

que implicações isso tem para a alfabetização? In: MORAIS, A. G.,

ALBUQUERQUE, B.C., LEAL, T. L. (org.) Alfabetização: apropriação do sistema de

escrita alfabética. MEC, UFPE/CEEL, 2005.

ROSA, A. M. M. A explicitação consciente-verbal de conhecimentos sobre o gênero

notícia e sua relação com o processo de produção de textos. Recife, UFPE, 2011.

REFERÊNCIAS

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