Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones...

33
Rio de Janeiro, outubro de 2008 Ano XIV – Nº 124 ISSN 1676-3220 R$ 10,90 A MAIOR MÍDIA DA COMUNIDADE ÍTALO-BRASILEIRA Piemonte dedica uma semana ao estado de Minas Gerais www.comunitaitaliana.com Ornella Muti A passagem da diva do cinema italiano pelo Brasil

Transcript of Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones...

Page 1: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

Rio de Janeiro, outubro de 2008 Ano XIV – Nº 124

ISS

N 1

676-

3220

R$

10,9

0

A m A i o r m í d i A d A c o m u n i d A d e í t A l o - b r A s i l e i r A

Piemonte dedica uma semana ao estado de Minas Gerais

www.comunitaitaliana.com

Eu indico!

Nepotismo

Ornella MutiA passagem da diva do

cinema italiano pelo Brasil

Page 2: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.
Page 3: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.
Page 4: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

CAPA Festivais de cinema realizados no Brasil e na Itália provocam um verdadeiro intercâmbio de artistas entre os dois países. Por aqui, a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani discutem se, afinal, o cinema italiano vive mesmo um renascimento.

EditorialRenascimento ...............................................................................08

Cose NostreCerca de 3,7 milhões de italianos moram fora do país, de acordo com senso da Fundação Migrantes. O levantamento revelou que cerca de 24 mil italianos nascem anualmente fora do país ...........................09

PoliticaI preparativi finali per la scelta dei partecipanti alla Prima Conferenza dei Giovani Italiani nel Mondo .....................18

NegóciosPré-sal aguça a presença de empresários italianos na feira Rio Oil & Gás, em busca de novos negócios .......................22

AtualidadeAndar de tamancos e fazer castelos de areia na praia são algumas das mais recentes leis italianas para regular comportamentos ........39

SaúdeA fibromialgia atinge quatro milhões de italianos e brasileiros, mas a maioria dessas pessoas nem imagina ser portadora da doença .......40

FotografiaEvento fotográfico criado por um italiano radicado no Brasil trouxe ao país o premiado Francesco Cito, especializado em fotos de guerra .....44

ModaDesfiles de Milão renovam a força dos vestidos para as mulheres como tendência da próxima temporada primavera/verão ................53

50 544846Literatura Beppe SevergniniJornalista italiano lança livro que ajuda a entender esse complicado e fascinante país chamado Itália

Arquitetura Bienal de VenezaNesta edição do evento, os debates serão em torno das casas modernas, tidas como um convite ao isolamento

Turismo TamandaréCidade no litoral sul de Pernambuco atrai cada vez mais italianos graças à sua beleza e tranqüilidade

Tv Francesca AlderisiA visita ao Brasil da ex-apresentadora do programa de TV Sportello Itália, tida como a musa dos italianos residentes no exterior

24

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Cla

udio

Cam

mar

ota

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 86

Page 5: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

entretenimento com cultura e informaçãoeditorial

FUNDADA EM MARÇO DE 1994

Julio Vanni

COSE NOSTRE

É fato que um editor é quem dá a palavra final sobre todos os assuntos que devem (ou não) ser incluídos em uma publicação. Mas, nem sempre é ele quem os escolhe. Às vezes, o próprio assunto se impõe. Um exemplo sobre o que estou falando é a capa

desta nossa edição. Não tinha como não ser sobre cinema. Foram vários eventos, tanto aqui quanto na Itália, relacionados ao assunto, que aconteceram no último mês. Filmes brasileiros venceram ou fizeram bonito em festivais na Itália. Além disso, o de Roma, que acontece agora em outubro, homenageia justamente a cinematografia verde e amarela.

Por aqui, a mais nova safra da produção cinematográfica italiana foi exibida também em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil. Comunità conversou com os dois e pode atestar: passam ao largo do estrelismo.

Ornella e Taviani são nomes que fazem parte da história do cinema italiano. Uma história que começa a ser reescrita pelas mãos de novos talentos a quem se atribui um renascimento da sétima arte, na Itália. Dois dos mais importantes diretores italianos do momento, Marco Bechis e Carmine Amoroso, também foram ouvidos com exclusividade pela Comunitá, lá mesmo na Itália. Curiosamente, eles não acreditam nesse tão falado renascimento do cinema italiano. É ler para saber o porquê dessa opinião.

Se deixássemos, a revista toda seria sobre cinema. Mas outro assunto também se impôs para nós: a intensa movimentação de empresários italianos em feiras brasileiras e vice e versa. O intercâmbio comercial entre os dois países está, como dizem os brasileiros, “bombando”. Muito dessa euforia deve-se ao pré-sal. Outro tanto deve-se a iniciativas como a do governador do estado brasileiro de Minas Gerais, Aécio Neves, que encabeça uma missão oficial à região italiana do Piemonte, em novembro. Nesta edição, adiantamos o objetivo do governador com essa viagem.

Para garantir completamente o sucesso de sua iniciativa, o governador mineiro bem que poderia ler A Cabeça do Italiano. O livro do jornalista e colunista do Corriere della Sera, Beppe Severgnini, funciona como um verdadeiro guia para ajudar os estrangeiros a entender melhor o modo de ser e agir do povo da Itália. Comunità conversou com Severgnini sobre sua obra e nós selecionamos algumas dicas para que todos se sintam felizes, na Itália.

Além disso, em outra reportagem, alertamos para as novas leis que têm surgido por lá e que podem causar transtornos a um turista desavisado. Afinal, agora, dependendo da cidade italiana em que estiver, fazer castelo de areia pode significar o pagamento de uma multa de até 250 euros.

Nesta edição, ainda conversamos com a ex-apresentadora de TV Francesca Alderisi, musa dos italianos residentes no exterior, por conta do tempo em que esteve à frente do programa Sportello Itália. Ela esteve no Brasil e confirmou seu carisma, mesmo por trás das câmeras. Quem também nos visitou foi o fotógrafo especializado em guerra Francesco Cito, convidado especial do evento Paraty em Foco. Em uma de nossas reportagens, ele fala sobre seu trabalho e a boa impressão que o Brasil lhe causou.

Este mês ainda contamos as novidades que foram apresentadas na Bienal de Arquitetura de Veneza e nas passarelas dos desfiles de moda de Milão. Não bastasse tudo isso, vamos revelar um segredo brasileiro que italianos descobriram antes de nós. Sobre o que se trata? É ler para descobrir.

Boa leitura!

Pietro Petraglia Editor

Mais de 3 milhões foraCerca de 3,7 milhões de italianos moram fora do país, de acordo

com o terceiro levantamento da Fundação Migrantes. A pes-quisa revelou também que a maioria desses italianos no exterior é jovem. Pouco mais de dois milhões (54%) têm menos de 35 anos. A maior parte deles está na Europa (56,7%) e nas Américas (37,9%). E mais: a maioria dos italianos emigrados é originária do sul da Itá-lia (36,2%) e das ilhas da Sicília e Sardenha (19,4%). Do total de italianos no exterior, 59% efetivamente migraram, enquanto 34,3% nasceram no exterior, e 2,5% adquiriram a cidadania por meio dos consulados. O levantamento revelou ainda que cerca de 24 mil ita-lianos nascem anualmente fora do país, o que representa 5% do total de nascimentos na Itália.

Culinária contra crise amorosaA partir de 13 de novem-

bro, em Turim, casais que sofrem com crises em seus relacionamentos terão uma aliada. Um curso de culinária promete unir os apaixonados no Museu Del Gusto di Frossasco. Segun-do os organizadores, pro-blemas financeiros, falta de atitude e uma cozinha que deixa a desejar são geral-mente as origens das pro-fundas crises entre casais. Em cinco lições, será possí-vel aprender a utilizar me-lhor os ingredientes bási-cos da cozinha tradicional. Um livro com as 30 receitas “indispensáveis” para uma culinária sóbria, mas nu-triente e gratificante tam-bém será distribuído.

PoderosaA filha mais velha do primei-

ro-ministro italiano Silvio Berlusconi, Marina, ficou com a oitava colocação na lista das 50 mulheres que mais se destaca-ram em atividades empresariais no mundo, realizada pela revista norte-americana Fortune. Presi-dente do grupo Fininvest, Mari-na Berlusconi, de 42 anos, foi a única italiana da lista. Ela está à frente dos negócios da famí-lia que giram em torno de 8,5 bilhões de dólares. Dentre esses negócios está o time do Milan.

Miss NonnaUma senhora de 76 anos

foi eleita Miss Nonna 2008 em Pisa. Marcella Saba-tini, viúva há dois anos, com dois filhos e três netos, de-clarou que adora tocar acor-deão. O concurso recebeu um público de 1,5 mil pessoas e inscrições de mulheres entre 51 e 76 anos de idade.

PatrimônioItália, Espanha, Grécia e Mar-

rocos formalizaram à Unesco a candidatura da dieta mediterrâ-nea a Patrimônio Cultural Imate-rial da Humanidade. A decisão sai no final de 2009. Até lá, os qua-tro países deverão elaborar ações conjuntas e individuais com o ob-jetivo de conseguir apoios para o pleito. O documento preparado apresenta o significado da dieta Mediterrânea do ponto de vista cultural, social, histórico, gas-tronômico, alimentar, ambiental, paisagístico e de costumes.

Davi em perigoEspecialistas da Universida-

de de Perugia querem prote-ger uma das obras mais famosas do artista renascentista Miche-langelo isolando-a de vibrações provocadas pelos turistas. De acordo com os pesquisadores, a estátua que fica exposta na Gal-leria dell’Accademia de Florença, corre perigo por causa de seu ta-manho, forma e da fragilidade do mármore em que foi esculpida. O projeto custaria cerca de 1 mi-lhão de euros.

Trem desafia aviãoAA partir de 14 de dezembro, a cada 15 minutos, um trem

fará a ligação Roma-Milão, sem qualquer parada. O anúncio foi feito pelo administrador da Ferrovia do Estado Mario Moret-ti. O percurso atual que é de quatro horas será reduzido a três permitindo uma concorrência com o transporte aéreo. Um vôo Roma-Milão tem a duração, hoje, de uma hora e dez minutos, sem considerar o tempo gasto para embarque e desembarque. E o trem ainda elimina o incômodo percurso entre o aeroporto e o centro das cidades, sempre congestionado no horário de pico. Moretti acredita que o trem vai conquistar 70% dos passageiros que fazem essa percurso.

Rapidinhas

DIRETOR-PRESIDENTE / EDITOR:Pietro Domenico Petraglia

(RJ23820JP)

DIRETOR: Julio Cezar Vanni

PUBlICAÇãO MENSAl E PRODUÇãO:Editora Comunità ltda.

TIRAGEM: 40.000 exemplares

ESTA EDIÇãO FOI CONClUíDA EM:05/10/2008 às 14:30h

DISTRIBUIÇãO: Brasil e Itália

REDAÇãO E ADMINISTRAÇãO:Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,

Centro, RJ CEP: 24030-050Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555

E-MAIl: [email protected]

SUBEDITORA: Sônia Apoliná[email protected]

REDAÇãO: Daniele Mengacci; Guilherme Aquino; Nayra Garofle;

Sarah Castro; Sílvia Souza; Tatiana Buff; Valquíria Rey

REVISãO / TRADUÇãO: Cristiana Cocco

PROJETO GRáFICO E DIAGRAMAÇãO:Alberto Carvalho

[email protected]

CAPA: Claudio Cammarota

COlABORADORES: Giorgio della Seta; Braz Maiolino; Pietro Polizzo; Venceslao

Soligo; Marco lucchesi; Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda Maranesi; Adroaldo Garani; Giuseppe Fusco; Beatriz Rassele;

Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Fernanda Miranda

CORRESPONDENTES: Guilherme Aquino (Milão);Janaína Cesar (Treviso);lisomar Silva (Roma); Valquíria Rey (Roma)

PUBlICIDADE: Philippe Rosenthal

Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) [email protected]

REPRESENTANTES: Brasília - Cláudia Thereza

C3 Comunicação & MarketingTel: (61) 3347-5981 / (61) 8414-9346

[email protected]

ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos

e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo

assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.

La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali

opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.

ISSN 1676-3220

● Vice-governador do estado de Minas Gerais, o professor Antonio Augusto Junho Anas-tasia recebeu o passaporte ita-liano e a medalha Italia Affari.● Presidente do lions Club Cambuci e do Comitato Tricole per gli Italiani nel Mondo, Anto-nio laspro recebeu o título de Cidadão Paulistano da Câmara Municipal de São Paulo.● A marca esportiva italiana Ellese comemora seus 40 anos

lançando Ellese, história de um mito do made in Italy. ● Um coquetel em São Paulo celebrou os 20 anos da presen-ça do Patronato Unione Italia-na del Lavoro no Brasil.● A astrofísica brasileira Bea-triz Barbury, da Universidade de São Paulo, recebeu em Trieste o prêmio “Trieste Science Prize, com aporte de 100 mil dólares. ● Morreu: a estilista Mila Schon, no mês passado.

Div

ulga

ção

Eis aí a Miss Itália 2008 Miriam leone. Aos 23 anos, a modelo nascida na Catânia mora em Acireale, com a família. De olhos

verdes, cabelos um tanto avermelhados, e 1,76 m de altura, a rainha se formou no liceo Clássico e faz Faculdade de letras, com ênfase em “artes e espetáculos”. Ela também trabalha em uma rádio local e, como hobby, escreve poesias e pratica trekking no Etna. Depois de ter sido descartada no primeiro turno e ter volta-do à competição numa repescagem, Miriam recebeu o prêmio das mãos dos atores Andy Garcia e Giancarlo Giannini.

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 88 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 9

Page 6: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

Solidariedade (aleSSandria – iT)A Província de Alessandria (Pie-monte) organiza a Casale Mon-ferrato de 17 a 19 outubro. A terceira edição de SolidALe: la Fiera per la solidarietà aconte-cerá no “Pala Fiera”. Mais de cem ONGs que operam no terri-tório provincial se encon trarão para debater alternativas e for-mas de trabalho. A programação inclui ainda espetáculos, anima-

ções e pales-tras. O es-critório Vo-lunta r iado

da Província de Alessandria pôs à disposição o telefone 0039-0131/304002 ou 0131/304005

além do e-mail: [email protected], para quem quiser mais infor-mações. Inscrições através do site www.fierasolidale.it.ConCurSo inTernaCional de VinhoS (rS)O IV Concurso Internacional de Vinhos do Brasil acontece de 3 a 6 de novembro, em Bento Gonçal-ves (RS). O evento, promovido pe-

la Associação Brasileira de Enolo-gia (ABE), é realizado a cada dois anos. Conta com a participação de vinícolas de mais de 13 países. O concurso tem a chancela da Or-ganização Internacional da Uva e do Vinho (O.I.V.) e da União In-ternacional de Enólogos (UIOE). Mais informações: Associação Brasileira de Enologia, (54) 3452-6289 ou [email protected] / www.enologia.org.brConTra a exploração Sexual (rJ)O Rio de Janeiro sediará o 3º Congresso Mundial de Enfrenta-mento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes entre 25 a 28 de novembro. O Congresso é organizado pelo governo brasi-

leiro (coordenado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos com a parceria dos Ministérios do Turismo, do Desenvolvimento Social e do Combate a Fome e das Relações Exteriores) e tem o Governo Italiano como parceiro. São esperadas mais de três mil pessoas, sendo 300 adolescen-tes. Durante os três dias de en-contro, serão realizadas oficinas, espaço de diálogo e painéis.

na estante

agenda

opinião serviço

click do leitor

“Vim para a Itália acompanhar a minha noiva que está fazendo

doutorado. Estamos juntos há três anos e morar aqui por seis meses está sendo uma experiência muito diferente. É cla-ro que aproveitamos para passear pelo país. Esta foi a nossa última viagem: Ve-neza. Um lugar romântico para um casal apaixonado!”

Professor CamIllo CavalCantI, Roma, Itália, por e-mail

Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: [email protected]

Arq

uivo

pes

soal

cartas“Achei muito interessante ler na revista uma matéria sobre a

iniciativa do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, de ofere-cer um espaço para deficientes visuais. É uma forma dessas pessoas conhecerem as belezas da vida e não se sentirem excluídas.”

tânIa maRa de albuqueRque – Itaperuna – RJ – por e-mail

“Bom saber que há italianos envolvidos em projetos susten-táveis na Amazônia. O governo brasileiro deve prestar mais

atenção nesse espaço rico que temos e dar mais valor ao combate à exploração dessa fonte de recursos naturais!”

João maRCos azevedo – São José dos Pinhais – PR – por e-mail

O primeiro a gente nunca esquece. O publicitário ítalo-brasileiro Washington Olivetto reúne alguns textos publi-cados pela imprensa desde o anúncio que fez para a Va-lisère, em 1987. A propaganda ficou famosa pela frase O primeiro sutiã a gente nunca esquece. No livro, Elio Gás-pari, Arnaldo Jabor, Ayrton Senna e Pelé são algumas das personalidades que tomaram emprestada essa frase para falar de sexo, esporte, moda e política. José Bonifácio de Oliveira Sobrinho é o autor do posfácio e conta como Oli-vetto o convenceu a veicular um comercial de 90 segundos durante a programação do Fantástico, o programa domini-cal da Rede Globo de televisão. Editora Planeta, 365 pá-ginas, 79,90 reais.

Na estrada com São Francisco de Assis. É um diário de duas viagens – a primeira, de São Francisco em bus-ca da santidade e a segunda, a da autora linda Bird Francke, que junto ao marido Harvey loomis, seguiu os passos do santo. A obra se baseia em textos medie-vais e não parte de uma natureza espiritual, por isso funciona como guia de viagens. Eles visitaram Siena, Bologna, Veneza, Gúbio e Roma. Na Toscana, conhe-ceram eremitérios escondidos no alto de montanhas. linda discorre sobre a relação de Francisco e Clara, descreve os milagres que ele operou e o amor do santo pela natureza. Editora Record, 322 páginas, 48 reais.

enquete

Não – 42,3% Não – 25%

Sim – 57,7% Sim – 75%

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 19 a 23 de setembro.

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 23 a 26 de setembro.

Inflação chega a 4,1% na Itália e bolsas despencam. Você acredita

numa grave crise mundial?

Itália estuda usar exército no combate à Camorra, no sul do país. Você concorda?

frases“Non dire mai più che ho fatto bene a dare quella testata. Non ho fatto bene e mi dispiace”,

zinédine zidane, ex-jogador de futebol francês sobre a “cabeçada” em Marco Materazzi na final da Copa de 2006 entre França e Itália.

“L’Italia non è neanche mai fu una grande forza militare, però siamo la maggiore forza

culturale del mondo”,

alfredo mantica, sottosegretario di Relazioni Esteriori nel discorso in cui ha parlato su un

riscatto della immigrazione italiana.

“Quando ho visitato Aushwitz, ho detto a me stesso: anch’io sono israeliano”,

silvio berlusconi a ricevere, a Parigi, il premio della Associazione Israeliano Keren Hayesod per i suoi

sforzi nela difesa di Israele e della pace nel mondo.

“Siamo nella presenza di una guerra civile, che la Camorra ha declaratto allo Stato e

lo Stato deve rispondere con tutti i mezzi per riaffermare o controli della legalità in

tutto territorio nazionale”,

Roberto maroni, ministro dell’Interiore italiano, sulla decisione del governo di inviare

500 militari alla regione di Campana.

“ Voglio uno sport límpido, nel quale vincono le squadre che meritano”,

Giorgio armani, stilista e proprietario della squadra di pallacanestro Olimpia Milano, sul il dederio di rivitalizzare la pratica di queto sport.

Errata: esta é a charge correta da crônica Con-fusões de língua publicada na edição 123.

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 810 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 11

Page 7: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

Franco Urani Ezio Maranesi

OpiNiONE [email protected]

Le alterne vicende dei

combustibili vegetaliIl problema potrà forse trovare la soluzione più razionale nelle alghe

Troppe polemiche per un’opera di pessimo gusto

La rana crocifissa

È obiettivamente difficile, nell’attuale burrascoso pe-riodo internazionale, for-mulare dei piani concreti

per la produzione dei combusti-bili vegetali. I fattori in gioco sono molteplici e ne citeremo al-cuni: la necessità di sostituire al più presto il petrolio, in quanto il progressivo riscaldamento at-mosferico sta provocando even-ti metereologici di eccezionale gravità; il prezzo del petrolio era praticamente raddoppiato negli ultimi 12 mesi per poi accusare una brusca caduta dal corrente Settembre, ed è difficile preve-dere la politica OPEC al riguardo; indubbiamente, i combustibili vegetali tolgono spazio all’ali-mentazione umana già carente per l’attuale popolazione del pia-neta; l’alcol USA – la cui produ-zione è già assai elevata – pro-viene in gran parte dal granotur-co il cui prezzo, così come quello dei cereali e leguminose in gene-re, era andato alle stelle, per poi ridursi sensibilmente in quest’ul-timo periodo; vi è poi il proble-ma dell’esaurimento dei terreni agricoli con la necessità di rein-tegrarne la fertilità con concimi chimici e dell’irrigazione con di-sponibilità decrescenti di acqua. Infine, le vicende mondiali sono pesantemente influenzate dalla nevrotica speculazione finanzia-ria, che prevale sullo studio e su una razionale pianificazione.

Quindi, nell’attuale caos è difficile districarsi, ma vale co-munque la pena citare alcuni settori su cui si sta lavorando.

Innanzitutto, la produzione del ricino (mamona) che era stato lanciato nel 2005 nel po-verissimo ed arido Piauì ed in cui speravano migliaia di famiglie di piccoli agricoltori. Nonostante i coordinamenti e finanziamenti governativi, i risultati sono sta-ti progressivamente negativi ri-ducendosi i raccolti iniziali, di circa 2 tonnellate per ettaro, di circa i 2/3 per esaurimento del suolo, siccità, attacchi parassi-tari. l’esperimento può quindi considerarsi fallito e forse potrà essere ritentato in strutture so-ciali e territoriali completamente diverse. Per il settore del biodie-

sel, la soluzione più convenien-te pare quella della soia, peraltro concentrata su paesi che presen-tino ancora vaste aree agricole da sfruttare o pascoli da trasfor-mare, come il caso del Brasile ed alcuni paesi del Sud Africa, spe-cie Angola ed Australia, ammes-so che il prezzo della soia non diventi eccessivo.

Analogamente, per l’alcol l’unica produzione razionale mondiale pare quella collauda-tissima brasiliana (forse esten-dibile anche a paesi sudafricani ed all’Australia) considerando le aree già piantate e le espansio-ni possibili in relazione a ter-reni ancora disponibili, specie sull’altipiano centrale. la tecno-logia del settore sta avanzando decisamente con l’ormai rapida sostituzione del taglio manuale (lavoro bestiale fatto dai cosid-detti “boias frias”) con moderne trebbiatrici e l’utilizzo dei resi-dui legnosi della canna (“ba-gaço”) da sempre considerati soprattutto un problema am-bientale, e inoltre la generazio-ne di energia elettrica mediante modernissime centrali termiche, la cui installazione è crescente in relazione alle generalmente grandi dimensioni delle “usine” che sono in Brasile oltre 400. I moderni impianti nazionali con-sentono costi contenuti, an-che se decisamente superiori, a quelli dell’energia idroelettrica ed un’emissione di anidride car-bonica assai inferiore alle cen-trali termoelettriche classiche. In tal modo, si soddisfa in modo

autonomo tutto il fabbisogno di energia elettrica della centrale ed eventuali eccedenze possono venire immesse in rete e vendu-te a terzi.

l’ultima novità attualmente in studio presso vari Enti inter-nazionali, tra cui l’ENEA italia-no, sono alcune specie di alghe che presentano rendimenti ener-getici altissimi e non hanno ap-parentemente controindicazio-ni: crescita rapidissima anche in condizioni climatiche avver-se, nessun impatto ambientale (il loro processo di crescita non produce CO² ma ne assorbe gran-di quantità), nessun rifiuto tos-sico ricavandosi anzi, dai residui vegetali, idrogeno prezioso e re-se altissime. Sono in corso espe-rimenti su specie di acqua dolce e salata (questi ultimi aprireb-bero prospettive immense) ed anche su vari tipi di terreni, con produzioni assai maggiori rispet-to alle coltivazioni tradizionali. Dalle alghe, oltre ai lipidi usati per la produzione del biodiesel, si possono ricavare proteine e soprattutto carboidrati da cui si può ottenere l’idrogeno.

Infine, sperimentazioni di grande interesse sono state con-dotte su alcune specie di micro-alghe che crescono particolar-mente bene nelle acque reflue ricche di nitrati e fosfati, costi-tuendo così efficaci filtri naturali per gli scarichi nocivi.

Il settore è quindi rivoluzio-nario e potrà costituire nel me-dio termine una risorsa fonda-mentale per l’umanità.

I l Museo di Arte Moderna di Bolzano ha acquista-to e esposto una scultura del 1990 di M. Kippenber-

ger, un artista tedesco morto recentemente. È un crocifisso. Al posto della figura di Cristo sofferente, l’artista ha messo in croce una rana con la lingua di fuori, un boccale di birra in una mano e un uovo nell’altra. Vogliono essere il pane e il vi-no eucaristici? I dirigenti del Museo hanno capito subito di avere fatto una fesseria. l’ope-ra infatti, esposta in un primo momento all’ingresso, è stata poi coperta da giornali e, dopo alcuni giorni, spostata al terzo piano. Finirà nei magazzini, co-me merita.

l’esposizione della scultu-ra ha sollevato le proteste del mondo cattolico. Papa Ratzin-ger, in vacanza a Bressanone, ha scritto una lettera alla direzio-ne del Museo chiedendo il ritiro dell’opera, che offende il senti-mento religioso di molta gente. Alle critiche papali si è associa-to il ministro dei Beni Culturali,

Sandro Bondi. In ambito locale la sgradevole rana è stata moti-vo di feroci polemiche tra forze politiche opposte, in vista delle prossime elezioni amministrati-ve. la direzione del Museo, riu-nita in consiglio, ha dovuto di-fendere la sua decisione iniziale, ed ha lasciato la rana dov’era. Naturalmente, la critica cattoli-ca o moderata ha ricevuto accu-se di censura, talora condite con coloriti insulti, anche blasfemi, indirizzati ai presunti censori. la polemica è quindi entrata in un campo scivoloso: può la cen-sura tarpare le ali all’arte? Al-la libertà di espressione? Mi ci avventuro anch’io, cercando di usare il buonsenso piuttosto che la cultura.

l’arte antica e rinascimenta-le cercava la bellezza assoluta. l’arte moderna vuole essere un mezzo per esprimere l’emozione interiore, l’angoscia, il disagio. Guardando la rana crocifissa si capisce perfettamente che Kip-penberger doveva essere molto turbato e angosciato quando immaginò l’opera. Scrive una

nota critica d’arte: “ l’opera ri-trae un conflitto interiore gran-de, una provocazione penetran-te negli archetipi più profondi dei linguaggi iconografici della comunicazione.” È chiarissimo, no? Provo a interpretare e porre in vernacolo la profonda osser-vazione. l’artista aveva le idee molto confuse; ha voluto farce-lo sapere attraverso una pun-gente e dolorosa provocazio-ne. l’arte moderna è prodiga di esempi di “conflitti interiori” e di provocazioni: per citarne al-cuni ben noti, si va dagli inno-centissimi “tagli” sulle tele di Fontana, alle sculture estrema-mente provocanti di Piero Man-zoni, alle innumerevoli tele e sculture blasfeme o pornogra-fiche. Esiste un ricco mercato di queste opere: per esempio “Merda d’artista”, inscatolata dal Manzoni, è stata venduta da Sotheby per 124.000 dollari nel 2007. Anche la fotografia arti-stica ha marcato la sua presen-za in questo giardino: ricordia-mo solo gli invidiabili falli scuri di Mapplethorpe, tormento in-

teriore del grande fotografo e forse di molte visitatrici delle sue mostre.

Essere riservati o esibire le nostre angoscie o tormen-ti interiori è scelta personale. Si suol dire che ciò che distin-gue l’artista dall’uomo comune sia l’assoluto bisogno, da parte dell’artista, di esternare i pro-pri travagli. la libertà che le culture occidentali hanno ma-turato garantisce all’artista che la sua opera non sarà censura-ta. Quindi, a mio avviso, la rana crocifissa non va censurata, ma è assolutamente lecito, se non doveroso, che il Papa o qualun-que cattolico si senta ferito nel guardarla e esprima il suo dis-senso. È ozioso e inutile discu-tere se la nostra rana, cosí come le scatolette di Manzoni e tan-te altre opere provocatorie, sia-no arte o no. Dovremmo invece chiederci se tali opere ci inte-ressano, ci dicono qualcosa, ci stimolano a pensare, oppure se non ci ricordano soltanto la de-bolezza che ciascuno di noi ha dentro di sé. In fondo, quando esprimiamo i nostri sentimenti, magari nelle forme più colorite, delicate o violente, siamo tut-ti artisti. Discutiamo piuttosto se la rana di Kippenberger sia di buon gusto: definitivamente non lo è.

I dirigenti del Museo di Bol-zano, che danno spazio ad una satira blasfema del crocefisso, sono in fondo fortunati di vi-vere in Italia. E se abitassero in Iran e scherzassero su Mao-metto?

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 812

Page 8: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

Fabio Porta

[email protected]

La prossima visita del Presidente Lula in Italia cade in un momento particolarmente difficile per l’economia italiana ed estremamente positivo per quella brasiliana.

È molto grande l’aspettativa per la prossima visita del Presidente lula in Italia.

Una visita “di Stato” co-me si definiscono in gergo diplo-matico le visite ufficiali di un Ca-po di Stato in un paese straniero.

Il viaggio di lula a Roma, in effetti, cade in un momento mol-to particolare e potrebbe rappre-sentare un’occasione unica per rilanciare i rapporti tra i due Pa-esi, soprattutto sul piano econo-mico e commerciale.

Un anno e mezzo fa era sta-to il Capo del Governo italiano, Romano Prodi, a venire in Brasi-le; in alcuni di noi è ancora vivo l’incontro con la comunità ita-liana a San Paolo e la successiva firma, a Brasilia, di un dettaglia-to protocollo di intesa composto da ventisei articoli; il documento poneva l’accento, nella sua pre-messa, sulla grande e storica presenza della collettività italia-na in Brasile e si articolava intor-no ai principali settori di svilup-po delle relazioni bilaterali, con una particolare enfasi su quello energetico e delle infrastrutture.

la visita di Prodi non era un fatto isolato, inserendosi nel quadro del grande impulso che il Governo italiano stava dando alle relazioni con il Sudamerica, dopo il precedente quinquennio guida-to dal centro-destra di Berlusco-ni (2001-2006) segnato da una scarsissima attenzione proprio ai rapporti con questo continente.

Oggi Berlusconi è nuovamente a Capo del Governo italiano e ci si aspetterebbe, anche alla luce della crisi italiana e della forte crescita del Brasile, un cambio di registro.

la speranza, cioè, è che an-che se la visita del Presidente brasiliano in Italia è in qualche modo il risultato del grande la-voro diplomatico portato avanti dall’allora ministro degli Esteri D’Alema, l’Italia del 2008 sappia cogliere appieno la grande op-portunità costituita dalle prossi-me giornate italiane di lula.

la scelta di visitare - oltre natu-ralmente a Roma - le città di Torino e Milano è indicativa del “taglio” che il Governo brasiliano vuole da-re a questo viaggio: un forte impul-so all’interscambio commerciale ed alle relazioni economiche tra i due Paesi, che - a detta di tutti gli os-servatori - possono andare molto al di là dell’attuale livello (significati-vo ma non straordinario).

È chiaro che ci si aspetta anche un nuovo impulso ai rapporti isti-tuzionali tra i due Paesi; e qui vo-gliamo sperare che l’Italia, contra-riamente a quanto fatto in questi ultimi mesi, voglia sostenere con forza l’ingresso delle nuove poten-ze emergenti – Brasile in testa – all’interno dell’ormai vecchio grup-po dei “G8”, non più rappresenta-tivo del nuovo scenario geopolitico e geoeconomico mondiale.

la recente drammatica espe-rienza dell’Alitalia dovrebbe poi avere insegnato al nostro Paese, una volta per tutte, che nessuno – e in primo luogo l’Italia, che non dispone di grandi risorse na-turali ed energetiche – può vivere più di rendita; soprattutto nes-suno può basare la propria cre-scita ed il proprio sviluppo sulle proprie forze e la propria storia, anche se si tratta di una nazione importante come l’Italia.

Per troppi anni l’Italia ha go-duto, in un certo qual modo, di tale posizione di rendita; la po-sizione geografica, la storia mil-lenaria, il possesso di gran par-te del patrimonio storico e cul-turale dell’umanità sembravano di per sé garantire allo “stivale” una fortuna perenne ed un ruolo sempre centrale nel novero delle potenze mondiali.

Oggi tutto questo non basta più, e non è nemmeno più suf-ficiente da sola la grande forza trascinante del sistema italiano delle piccole e medie imprese, vere protagoniste del “miracolo economico” che nei decenni tra-scorsi aveva sospinto in alto il nostro PIl.

Oggi, lo ripeto, sappiamo che questo non basta più.

la vicenda Alitalia ha confer-mato alcuni vizi antichi del “Si-stema Italia” e una certa fatalista e narcisistica tendenza al “fare da sé’”, quando non la napoletana fi-losofia del “tirammo innanze”…

l’Italia non ci sarebbe più, dal punto di vista economico, fuori dall’Euro e dall’Europa; e questo nonostante sia diffusissima tra gli italiani l’opinione contraria, ossia che la moneta unica europea ha fatto male e non bene al Paese.

l’Italia non ci sarà più, dal punto di vista economico e demo-grafico, se non saprà aprirsi con saggezza e intelligenza al Mondo.

E in questo sforzo, ci sia permesso di dirlo come italiani all’estero, sono proprio gli italia-ni che sono nel Mondo a poter dare un contributo decisivo.

Tanto alle politiche di inte-grazione a favore dei tanti stra-

nieri che entrano tutti gli an-ni all’interno dei nostri confini, quanto alle potenzialità di svi-luppo e di crescita, che potreb-bero essere accentuate da una positiva valorizzazione delle no-stre grandi comunità di italiani e italo-discendenti.

Purtroppo non sembra essere questa la strada imboccata dall’at-tuale governo italiano: la chiusura e, a volte, la repressione nei con-fronti dell’immigrazione straniera e la scarsissima attenzione data alle politiche per gli italiani nel mondo hanno caratterizzato nega-tivamente proprio i primi mesi del nuovo mandato di Berlusconi.

Noi che crediamo in questi valori non ci arrendiamo; e dico questo perché sono convinto che è in primo luogo l’Italia ad avere bisogno dei tanti milioni di italia-ni all’estero, più che il contrario.

Passare, lo abbiamo detto più volte, dalla voce “spese” a quel-la “investimenti”: solo così sarà possibile invertire una tendenza culturale, prima che di politica economica, che in questi mesi è apparsa quasi irreversibile.

la visita del Presidente lula potrebbe essere un tassello im-portante e forse decisivo per chi crede e porta avanti queste con-vinzioni: si tratta, in fin dei con-ti, del Presidente del Paese do-ve vive la più grande comunità di italo-discendenti al mondo e di una delle potenze economiche che più cresce e si sviluppa, in settori strategicamente interes-santi, se non addirittura comple-mentari, per l’economia italiana.

Buon viaggio, Presidente, e... In bocca al lupo!

E Lula va… anche in Italia !

PrivatizzazioneIl governatore di Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, ha avuto l’avallo

verde dal presidente luiz Inácio lula da Silva per iniziare il pro-cesso di privatizzazione dell’Aeroporto Internacional Tom Jobim. Attualmente, l’amministrazione dell’aeroporto è nelle mani della Infraero, impresa pubblica nazionale vincolata al ministero della Difesa. l’aeroporto di Viracopos, a Campinas (SP) seguirà la stessa strada. Da tempo Cabral rivendica la privatizzazione del Tom Jo-bim per migliorare il servizio dell’aeroporto, già paragonato da lui stesso ad una “stazione di quinta categoria”. Il governatore flumi-nense crede che i miglioramenti del vecchio Galeão aiuteranno Rio nella sua campagna per ospitare le Olimpiadi del 2016. In questo momento la Infraero amministra 67 aeroporti, che concentrano il 97% del movimento di trasporto aereo regolare del Brasile. Ciò equivale a due milioni di atterraggi e decolli di aerei nazionali e stranieri, che trasportano circa 110 milioni di passeggeri.

VaspLa Giustizia dello stato di São Paulo ha reso ufficiale ciò che

tutti già sapevano: la Vasp è fallita. Da tre anni fuori ope-razione, la compagnia aerea brasiliana è stata dichiarata falli-ta il mese scorso dalla I Vara de Falências e Recuperações Judi-ciais. Con circa 5 miliardi di reali di debiti, l’azienda era sotto il controllo della Justiça do Trabalho. Da più di due anni, i cura-tori fallimentari cercavano di mettere in pratica un piano per far ricominciare le attività della compagnia. l’imprenditore Wagner Canhedo è il maggior azionista della compagnia. Ha preso le re-dini dell’azienda nel 1990 dopo averla acquisita dal governo dello stato di São Paulo a un’asta presso la Bolsa de Valores paulista.

Solo in futuroIl Brasile continua ad essere il paese del futuro. Perlomeno per

chi crede alla conquista della felicità. Un sondaggio reso noto in settembre dalla Fundação Getúlio Vargas (FGV) ha rivelato che il Brasile è in vetta ad un ranking formato da 132 paesi in cui le per-sone intravedono la possibilità di ottenere “felicità futura”. Tradu-cendolo per il mondo dell’economia, ciò significa ottimismo per i prossimi cinque anni. Invece, nel ranking della “felicità presen-te”, in vetta c’è la Danimarca, mentre il Brasile occupa il 22° po-sto. Dall’altro capo, il paese meno ottimista è lo Zimbabwe, men-tre il meno infelice è il Togo, ambedue del continente africano.

LineaLa Fiat sta già fabbricando in Brasile il modello linea. la pre-

sentazione della nuova auto è stata fatta durante l’evento WTC Golden Hall, a São Paulo, ed è stato premiato da un concerto esclusivo di Caetano Veloso e Roberto Carlos. la macchina segna il ritorno della Fiat al segmento delle berline medie, che ha pre-sentato una crescita del 31% nel 2007.

— Vogliamo raggiungere con la linea il 15% di questo seg-mento, il che equivale a 30mila unità annue. È un segmento in grande crescita in Brasile, e molto competitivo — mette in risalto il presidente della Fiat in America latina, Cledorvino Belini.

la linea presenta due versioni: motore 1.9 16V Flex o 1.4 T-Jet con 152 cavalli di potenza. Secondo l’azienda, i test realizzati con il nuovo modello nella fabbrica della Fiat a Betim (MG) hanno richiesto 350mila ore di lavoro per arrivare alla linea specialmen-te adattata al mercato nazionale.

La fiNESTRaDaniele Mengacci

[email protected]

Il Congresso brasiliano l’anno scorso ha approvato un dispo-

sitivo, nel quadro del “pacchet-to sulla sicurezza”, che prevede l’imposizione, a seguito di esa-me psichiatrico e decisione del giudice, del braccialetto elettro-nico per i colpevoli di reati gra-vissimi, come stupro, omicidio, traffico di droga e sequestro, quando godono di qualche con-cessione moderatrice del regime di reclusione.

In Italia, fin dal 1975 con la legge 354, è previsto l’uso di mezzi di controllo, mai applicati, a parte una disastrosa sperimen-tazione condotta nel 2001 dal governo D’Alema, con una spesa di circa 11 milioni di euro. Nel-la scorsa legislatura l’allora Mi-nistro di Giustizia Castelli non riattivò la sperimentazione: ”il braccialetto non fu da me utiliz-zato a suo tempo perché costo-sissimo e perché più di una volta abbiamo appurato che il braccia-letto restava a casa mentre il de-tenuto era in giro”.

l’attuale Ministro, Alfano, nel suo piano per ridurre l’affol-lamento delle carceri, l’ha recen-temente riproposto, sollevando una serie di obiezioni, non solo dall’opposizione, che con Veltro-ni ha manifestato un sonoro, ma non motivato, rifiuto, ma anche dal Ministro degli Interni, Ma-roni, dicendosi a favore solo se l’apparecchietto garantirà eva-sione zero.

Destinato al controllo delle persone sottoposte alla deten-zione domiciliare, condannati per reati lievi, circa 4100 dete-nuti, si applica alla caviglia e dovrebbe permettere all’Autorità giudiziaria di verificare a distan-za e costantemente i movimen-ti del soggetto che lo indossa. Sostiene il sindacato di polizia SAPPE, che è una misura che po-trebbe almeno in parte svuotare le carceri, agevolare il lavoro del-le forze dell’ordine e far recupe-rare efficienza agli stessi organi

di polizia penitenziaria. la misu-ra è sicuramente interessante e utile, se applicata correttamente dalla Giustizia, ma può dare adi-to a pericolose evoluzioni.

Il dibattito in corso sembra trascurare un concetto fonda-mentale nell’applicazione della pena, quello di riabilitazione del reo, concetto enunciato da Cesa-re Beccaria, e che adesso sembra morire con l’ondata giustizialista di fine secolo.

Un ex detenuto ha forti dif-ficoltà a reinserirsi nel contesto sociale. Chi vorrà averlo come amico, quale donna lo vorrà co-me compagno se la sua condizio-ne è materialmente manifestata dalla presenza della cavigliera?

Il pericolo maggiore però è un altro, e sta nel consenso po-polare che la misura può avere.

Qualcuno potrebbe pensare di estendere la misura agli impu-tati in attesa di giudizio, demo-lendo definitivamente il concetto d’innocenza dell’inquisito fino a condanna definitiva, così come si fece nel periodo giustizialista.

l’ex ministro Mastella ha re-centemente dichiarato che: “I ti-fosi del Napoli che domenica han-no compiuto violenze inaccetta-bili meritano la massima condan-na possibile. Non solo morale ma anche penale. Metterei a tutti il braccialetto elettronico”.

Si comincia così, con appa-rente ragione. Poi qualcuno im-porrà ad altri di mettersi una stella gialla sulla giacca.

SiCurezza

notizie / articolo

Div

ulga

ção

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 814 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 15

Page 9: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

O jeitinho mineiro e suas delícias características, como o pão de queijo, vão invadir a Itália. Che-

fiada pelo governador Aécio Ne-ves, uma delegação composta por secretários e empresários de-sembarca em solo italiano, mais precisamente no Piemonte, no dia 18 de novembro. Capital da região, Turim vai dedicar uma se-mana ao estado de Minas Gerais. Na programação, manifestações artísticas, festival gastronômi-co, rodadas de negócios e visitas técnicas a empresas.

A iniciativa é uma parceria entre governo do estado, Federa-ção das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi), com apoio da Câmara ítalo-Brasileira de Comér-cio, Indústria e Artesanato de Mi-nas. O principal objetivo da comi-tiva brasileira é levar para Minas a implantação do Centro de Enge-nharia da Fiat no Brasil, ação que dobraria o espaço ocupado pela fábrica italiana no estado.

— O Piemonte é um Estado irmão de Minas. Temos uma com-plementaridade muito grande nas nossas economias e vamos con-solidar esse intercâmbio. Quere-mos que a região conheça Minas para analisar conosco a possibi-lidade de novas parcerias, de no-vos investimentos — explica o governador Aécio Neves.

Além do interesse imediato no setor econômico, a área de educa-ção não foi esquecida pelos brasi-leiros. A ampliação de projetos co-mo o “Jovens mineiros, cidadãos do mundo”, que envolve a Univer-sidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) e o Instituto Politécnico de Turim (Polito), por exemplo, faz parte da agenda da comitiva. E aproveitando sua estada na região, Neves fará palestra sobre biocom-bustíveis em um evento organiza-do pelo ex-presidente da Confin-dustria e presidente da Ferrari, lu-ca Cordero di Montezemolo.

Segundo dados divulgados pela secretaria estadual de De-senvolvimento Econômico de Mi-nas, a Itália aparece na sétima posição na lista dos países para os quais o estado mais exporta produtos. Mas é o quarto quando se fala em importação. Apoiados pelo relacionamento entre Fiat

e Minas, a região do Piemonte, com uma população de aproxi-madamente 4,3 milhões de habi-tantes e área total de 25,4 mil quilômetros quadrados, recebe olhar atento quando a intenção é fomentar o desenvolvimento de parcerias entre Minas e Itália.

— O mundo cobra, cada vez mais, esse intercâmbio. Não vi-vemos agora limitados por nos-sas fronteiras. E Minas Gerais po-

de ter na província de Piemonte, até pelas relações que temos com a Fiat, uma plataforma nova pa-ra que seus produtos e empresas avancem nos mercados europeus e vice-versa — completa o go-vernador que, em agosto, esteve em Turim para acertar detalhes sobre a Semana de Minas.

Nos últimos anos, a economia do Piemonte vem se transformando a partir de um planejamento volta-do para a diversificação industrial e tecnológica. Na agricultura, des-taca-se a produção de uva para vi-nhos e também a pecuária de ovi-nos, com um rebanho de mais de um milhão de cabeças, represen-tando 13% do total nacional.

Atualmente 149 mil indús-trias estão no Piemonte, que ex-porta principalmente máquinas e mecânica, metalurgia, alimentos e produtos têxteis e de vestuá-rio. Além de Turim, a atividade industrial também é desenvolvi-da nas províncias de Ivrea (ele-trônica), Biellese (têxtil), Novara (química e gráfica) e Ossola (si-derúrgica e mecânica).

Minas, mundoA idéia é fazer circular o conhecimento e permitir uma experi-

ência in loco em futuras situações de trabalho. Assim, o “Jo-vens mineiros, cidadãos do mundo” levou, no início do ano, 20 universitários a Piemonte. Eram alunos do último ano dos cursos de Design de Produto, Gráfico e de Ambientes da Uemg que foram a empresas, centros de pesquisa e universidades na área do design. Em 2009, o grupo deve ser composto por outras 30 pessoas. Nos 40 dias de programa, participaram de um treinamento no Instituto Politécnico de Torino (Polito), um estágio no Centro de Pesquisas da Fiat (CRF) e fizeram visitas técnicas a empresas e a Arranjos Produtivos locais (APl’s) organizadas pelo Polito. Para participar do intercâmbio, os alunos passaram por um processo seletivo cri-terioso. No primeiro grupo, 15 participantes eram mulheres.

No Piemonte, uai!Região italiana dedica, em novembro, uma semana ao estado brasileiro de Minas Gerais. Além de rodada de negócios, a programação inclui eventos de ordem cultural e de cooperação, impulsionados pela presença da Fiat tanto lá quanto cá

Sílvia Souza

Ao lado do presidente mundial da Fiat, Sergio Marchionne, Aécio Neves

visita o Centro Mira Siori, onde a empresa expôs seus novos produtos

política

Sor

aya

Urs

ine/

Impr

ensa

MG

16 C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 8

Page 10: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

Na BalançaDos 27 países membros da União Européia, a Itália ocupa a

segunda posição no ranking de exportações para a América latina e Caribe, com o correspondente a 11% do total, cerca de 11,2 bilhões. À sua frente, a Alemanha, com a cifra de 20,4 bi-lhões de euros (27%). Em terceiro lugar vem a Espanha, com 9,1 bilhões (12%). No caminho inverso, a Itália é o quarto país da UE que mais importa da América latina e Caribe (lAC), com 10,5 bilhões ou 11%. O maior importador é a Alemanha, com 16,2 bilhões (18%) seguida por Holanda, com 15,7 bilhões (17%) e Espanha, com 13,6 bilhões (14%). O Brasil é o maior exportador entre as 33 nações que compõem o lAC, com 35% dos números, o equivalente a 32,6 bilhões, seguido à distância pelo Chile e o Mé-xico. Ao mesmo tempo, o país é o principal importador entre os países do lAC, com 21,3 bilhões, cerca de 28% do total exporta-do pela União. O saldo é positivo na balança comercial brasileira, contribuindo com um superávit de quase 11 bilhões de euros.

TaTiana BuffCorrespondente • são paulo

O fiel da balança

Câmara de Mediação e Arbitragem da Eurocâmaras completa dez anos no Brasil quando se intensificam os negócios do país com a UE

No mundo dos negócios, tempo é dinheiro. No mundo jurídico, o tem-po parece não ter pressa.

Quando uma questão comercial “emperra” em uma instância judi-cial, o mundo dos negócios entra em uma verdadeira corrida contra o tempo para evitar grandes pre-juízos. É por isso que as câmaras de mediação e arbitragem se tor-nam cada vez mais importantes e estratégicas, uma vez que conse-guem resolver conflitos empresa-riais mais rapidamente do que a Justiça comum.

Entidade que reúne as câma-ras de comércio européias no Bra-

sil, a Eurocâmaras, acaba de com-pletar dez anos no país, onde ins-tituiu, em São Paulo, sua Câmara de Mediação e Arbitragem (CAE). A julgar pelo volume de negócios entre o Brasil e a UE, seu traba-lho mostra-se decisivo. Segundo dados do ministério do Desenvol-vimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, entre janeiro e julho deste ano, os negócios com a UE já somam 47 bilhões de dó-lares. No ano passado, ficou em 67 bilhões de dólares.

A Câmara ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura de São Paulo, membro-fundador da Eurocâmaras, passou, em ju-

lho, a presidência de turno anu-al à equivalente Portuguesa. Se-gundo o presidente da Italcam, Eduardo Pollastri, um dos princi-pais saldos da sua gestão foi a criação de estímulos para a ado-ção da arbitragem pela comuni-dade empresarial no país. Uma providência que, segundo ele, é tomada pela Europa há 20 anos.

Atual presidente da Eurocâ-maras, Antonio Pargana afirma que tem aumentado o uso da ar-bitragem pelas empresas, sejam elas de pequeno, médio ou gran-de porte, desde a decisão do Su-perior Tribunal Federal que, em 2001, reconheceu as câmaras co-mo opção legal às discussões nos fóruns do Judiciário. Isso inclui causas que envolvem concessões e obras do governo. A única área não permitida às câmaras é a di-reito patrimonial indisponível.

— A arbitragem tem tido uma grande aceitação porque propicia decisões no espaço de oito a qua-torze meses, face a uma senten-ça que pode demorar dez, quinze anos — exemplifica Pargana.

Na opinião da secretária-ge-ral da CAE, Ruth lunardelli, há um aumento na confiança das empresas em relação ao trabalho da câmara de arbitragem. Ela ex-plica que, na gestão dos litígios comerciais, o sigilo e a transpa-rência das decisões dos árbitros, escolhidos pelas partes em ques-tão, “são fundamentais”.

O corpo arbitral responsável pela condução e julgamento dos conflitos nos tribunais da CAE é composto por 49 juízes, eleitos pelas câmaras associadas à Eu-rocâmaras. Segundo o presidente da CAE, Jean François Jules Teis-

seire, em 2007 a entidade reali-zou cinco mediações com êxito, nas quais as empresas entraram em acordo em “processos eficien-tes, rápidos e definitivos, sem necessidade de apelação”.

Segundo Ruth, não existe um “produto ou tipo de empre-sa mais ou menos recorrente” nas arbitragens da Câmara. Mas ela informa que, em setores econô-micos estratégicos como energia, agropecuária e combustíveis, a utilização da arbitragem “tem sido significativa”. Ela explica

que há uma “propensão” à for-mação de centros arbitrais atre-lados a determinados setores, “o que permite maior especialização dos árbitros e qualidade nas de-cisões”. É isso que está aconte-cendo com o setor energético. O Instituto Brasileiro de Estudos do Direito da Energia (IBDE) ins-tituiu este ano a própria Câma-ra de Mediação e Arbitragem. O objetivo é resolver questões nas áreas de energia elétrica, gás na-tural, fontes renováveis, petróleo e biocombustíveis, que envolvem obras, serviços públicos de infra-estrutura e concessões.

Antonio Pargana e Ruth Lunardelli: arbitragem em crescimento e com

papel estratégico

economia

Sono arrivati l’ora e il tur-no degli italo-discendenti in tutto il mondo. A Roma sono attese 500 persone

venute dai cinque continenti per la Prima Conferenza dei Giovani Italiani nel Mondo, che avrà luo-go dal 12 al 14 dicembre presso la sede della FAO – Organizzazio-ne per l’Alimentazione e l’Agricol-tura delle Nazioni Unite.

la delegazione brasiliana sa-rà composta da circa 15 mem-bri, scelta in proporzione al nu-mero dei residenti all’estero per mezzo di selezioni effettuate dai Comites (Comitati degli Italiani all’Estero) in Brasile. I gruppi di giovani oriundi avranno l’incom-benza di presentare proposte a Roma per allargare la diffusione della cultura e della lingua italia-ne per poi trasmetterle alle future generazioni, e di rafforzare le co-munità nei Paesi dove risiedono.

— Ci aspettiamo molto da questo incontro. Vogliamo sen-tire i giovani. Saranno due gior-ni per loro, che parleranno, de-cideranno cosa vogliono fare per divulgare la cultura italiana a suo modo e linguaggio — dice uno dei rappresentanti del CGIE (Consiglio Generale degli Italiani all’Estero) in America latina, An-tonio laspro, anche consigliere del Comites, del CGIE a São Paulo

e presidente del Patronato ENA-SCO - Ente Nazionale di Assisten-za Sociale Per i Commercianti.

Dalla prima idea fino all’ap-provazione e organizzazione dell’evento sono passati cinque anni. laspro osserva che la Con-ferenza potrebbe veramente non essere solo un progetto, ma di-venire realtà “grazie all’impegno del governo anteriore e anche dell’attuale, che ha mantenuto gli impegni presi”.

l’approvazione finale per la messa in pratica dell’evento en-tro quest’anno è stata decisa nel febbraio scorso, a Roma, durante un’assemblea del CGIE presso il Ministero degli Affari Esteri. Ma il luogo dell’incontro è stato scelto solo di recente. Secondo laspro, la sede della FAO è “adeguata” perché “solo là si potrà ricevere un gran numero di persone”. Se-condo lui, ci si aspetta la parte-cipazione di 500 persone, tra gio-vani, parlamentari e comitive.

Il presidente del Consiglio, Silvio Berlusconi, il ministro de-gli Affari Esteri e presidente del CGIE, Franco Frattini, il sottose-gretario agli Affari Esteri, Alfredo Mantica, e il segretario generale del CGIE, Elio Carozza, non solo parleranno, ma ascolteranno an-che gli italo-discendenti durante la Conferenza. Anche deputati e

senatori eletti nelle circoscrizio-ni estere saranno presenti. Del CGIE brasiliano andranno quat-tro consiglieri: Antonio laspro e Claudio Pieroni (SP), Mario Araldi (MG) e Walter Petruzziello (PR).

Fin dall’inizio dell’anno, ogni Paese sta realizzando varie riu-nioni per “ascoltare e sentire ciò che i giovani vogliono e si aspet-tano da questa riunione”, raccon-ta laspro. la fascia d’età dei par-tecipanti sarà ampia, dai 18 ai 33 anni, così come il criterio di se-lezione, che accoglie i più diversi rami di attività: da professori a

imprenditori purché mantengano un vincolo reale e costante con la cultura della penisola.

— Riceveremo curriculum di persone interessate a partecipa-re all’evento fino alla fine di set-tembre. Sceglieremo quelli che, oltre alle origini italiane, parlino la lingua, frequentino associa-zioni, circoli di comunità e, spe-cialmente, che amino l’Italia, che non vogliano andare a Roma solo per una viaggio di piacere — af-ferma laspro.

Colaborou sílvia souza

Prima, a Rio...Per discutere temi che costantemente fanno parte dell’ordine

del giorno degli interessi degli italiani che vivono all’estero, ci sarà a Rio de Janeiro, dal 16 al 18 ottobre, la riunione della Comissão Continental do Conselho Geral dos Italianos no Exterior. Secondo il consigliere e responsabile dell’organizzazione dell’even-to, Claudio Pieroni, 23 membri del CGIE di Paesi come Messico, Colombia, Peru, Cile, Uruguay, Venezuela, Brasile e Argentina sa-ranno rappresentati. Oltre a questi, dovrebbero farsi presenti alla riunione sei presidenti di Comites e il vicesegretario del CGIE Ame-rica latina, Francisco Nardelli.

— Secondo la legge, questa riunione deve aver luogo due volte l’anno. Nel primo semestre siamo stati a Caracas. E ora si dovreb-be tenere in Argentina o in Brasile. È una comune riunione, in cui tracciamo un quadro per ogni paese su temi come quello del funzio-namento della rete consolare, l’assistenza agli italiani pensionati e contribuenti e la diffusione di lingua e cultura. Inoltre dedicheremo uno spazio di tempo alla Conferenza dei Giovani — informa Pieroni.

TaTiana BuffCorrespondente • são paulo

Giovani uniti a Roma

Preparativi per la scelta dei partecipanti alla Prima Conferenza dei Giovani Italiani nel Mondo sono in fase finale

politica

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 818 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 19

Page 11: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

economia negócios

Quarenta e três empresas brasileiras participaram pela primeira vez da Mi-cam, principal feira ita-

liana de calçados, realizada no mês passado, em Milão. Promovi-do pela criteriosa Associação das Indústrias de Calçados da Itália (ANCI), o evento é considerado a porta de entrada para as em-presas que almejam um lugar no concorrido mercado internacional da moda. Ao todo, a feira contou com a participação de 1629 ex-positores, sendo 531 do exterior.

Os brasileiros que foram a Mi-lão são integrantes do Brazilian Footwear - programa de promoção às exportações desenvolvido pela Associação Brasileira das Indús-trias de Calçados (Abicalçados) em parceria com a Apex-Brasil.

— Estamos com recorde de participacão. Somos a quarta co-mitiva, atrás apenas do Reino Unido, Portugal e Espanha — diz Heitor Klein, diretor de Abicalça-dos. — A produção brasileira fez

bonito. Nosso sucesso se deve a um significativo avanço do siste-ma produtivo e da rede de empre-sas brasileiras que, nestes últimos anos, evoluíram drasticamente.

Atualmente, os calçados bra-sileiros são vendidos em 146 países e geram 1,91 bilhões de dólares em negócios, o que re-presenta 177 milhões de sapatos vendidos no exterior. Na Mican, as peças exibidas foram bem re-cebidas pelo público. A design italiana Francesca Guidolin, por exemplo, diz ter gostado de vá-rias coleções e novidades apre-sentados pelos brasileiros.

— Fiquei bem surpresa e ad-mirei o que ví: produtos de qua-lidade a preços convenientes. Os brasileiros estão aprendendo que o preço, na hora de comprar, conta, mas a qualidade também — afirma Francesca.

Durante o evento, foi lembra-da a crise mundial no setor que

atingiu quase todos os países do mundo. A Itália, por exemplo, teve uma queda de 6% nas suas expor-tações, no ano passado. Vendeu “apenas” 107,6 milhões de pares de calçados, 6,9 milhões a menos em relação ao mesmo período do ano anterior. Mesmo assim, o fatu-ramento desse setor italiano cres-ceu em 3,2%, ao fechar os cinco meses com 2,8 bilhões de euros.

O Brasil perdeu 25% das ex-portações para os Estados Unidos, mas aumentou seus negócios com os países europeus. Portugal, por exemplo, foi responsável por um aumento 55,2%, das vendas brasi-leiras para o exterior, enquanto a Itália representou mais 51,7%. In-glaterra, Espanha e Alemanha tam-bém foram mercados significativos para o país. Atualmente, o Brasil conta com cerca de nove mil em-presas de calçados, concentradas principamente nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Ceará.

Realizar vendas diretas para o lojista, diminuido a influência

do distribuidor, foi o objetivo de muitos dos participantes brasi-leiros. Segundo o diretor do Stu-dio Ana Paula Juliano Schmidt os “alvos” eram os clientes de pe-queno e médio portes, “que nor-malmente não vão ao Brasil”.

Já as marcas Sylvie Quartara, luiza Barcelos e Cavage comemo-ram o fato de terem participado do Visitors, um dos espaços mais cobiçados da Micam, por concen-trar apenas grifes de alta moda. As coleções apresentadas por elas evidenciam a brasilidade com sal-tos de chifre e marchetaria, além de combinações de couros nobres e exóticos com outros materiais.

A julgar pelo que foi mostra-do na Micam, o verão 2009 segui-rá com muitas cores nos pés. Os sapatos femininos variam entre saltos altíssimos e rasteirinhas. O couro e o verniz continuam fortes, mostrando que se é para mulher, o sapato deve brilhar. Já as coleções masculinas apostam na casualida-de e o couro também reina garan-tindo conforto e elegância.

Protesto

Camere all’estero

O presidente da ANCI, Vito Artioli, aproveitou a Mican para fazer um alerta sobre a possível não renovação das regras anti-dumping

impostas para a China e Vietnam. No último dia 17 de setembro, os 27 países da Comunidade Econômica Européia se reuniram para discutir o assunto. Doze membros votaram contra a prorrogação das medidas.

— Ficamos chocados com a atitude da Comissão Anti-Dumping, que está protegendo os interesses de um pequeno e forte grupo priva-do de importadores — critica Artioli que conta com o apoio Confede-ração Européia das Indústrias de Calçados (CEC).

Tra l’11 e il 15 ottobre sarà realizzata la 17ª Convention Mondia-le delle Camere Italiane all’Estero. l’evento avrà luogo durante

la Fiera di Rimini (Emilia-Romagna) e, quest’anno, è stato organiz-zato dalla Unioncamere, dall’Associazione delle Camere di Commer-cio Italiane all’Estero (Assocamerestero) e dalla Camera di Rimini.

l’incontro riunisce 74 Camere di Commercio italiane operanti in 48 paesi. Il Brasile sarà rappresentato dalle sue quattro Camere con sede negli stati di Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

le maggiori personalità e autorità di istituzioni italiane, come il presidente dell’ICE, Umberto Vattani, e il presidente di Confin-dustria, Emma Marcegaglia, saranno presenti all’evento. l’obietti-vo principale della Convention è quello di presentare cosa c’è di nuovo nel Made in Italy e la nuova politica per l’internazionaliz-zazione delle imprese italiane.

— le Camere italo-brasiliane presenteranno ciò che c’è di interessante nelle rispettive aree per gli imprenditori italiani, e supporto per coloro che vogliono investire in Brasile. le aspet-tative sono molto positive perché, in questo momento, l’Italia si dimostra molto interessata al Brasile. Il paese si trova in una posizione privilegiata di sviluppo e tutti gli economisti stanno parlando molto bene dell’economia brasiliana — afferma il presi-dente della Câmara ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria di São Paulo e dell’Assocamerestero, Edoardo Pollastri.

De solaMaior feira de calçados da Itália, a Micam contou com a particpação de 43 empresas brasileiras. Italianos aproveitam o evento para protestar contra a Comunidade Econômica Européia, que não se mostra disposta a restringir ações anti-damping praticadas pelos asiáticos

Janaína CeSarCorrespondente • treviso

Estilo e ousadia marcaram produtos apresentados. Ao lado, folder

promocional da presença brasileira

Ren

ato

Gia

ntur

co

Ren

ato

Gia

ntur

co

Per presentare il Brasile come una buona alterna-tiva per gli investimenti, l’ambasciatore brasiliano

in Italia, Adhemar Bahadian, ha promosso un seminario sugli in-vestimenti italiani in Brasile.

Rappresentanti della Câmara de Comércio e Indústria di Caxias do Sul, della Federação das In-dústrias do Estado di São Paulo e il direttore del Banco do Bra-sil a londra hanno partecipato all’evento, che ha avuto luogo in settembre a Roma. Nella platea, circa 300 imprenditori italiani hanno seguito il seminario.

— Abbiamo presentato il potenziale economico della no-stra regione, con i dati della no-stra città, in cui siamo, per la maggior parte, discendenti di italiani. Tutto ciò mirando ad attrarre e captare sempre più investimenti italiani — spiega Milton Corlatti, presidente della Câmara de Comércio e Indústria di Caxias do Sul, che ha guidato una comitiva di 15 imprenditori gaúchos.

Secondo Corlatti, a Caxias do Sul già ci sono industrie che in-vestono nella regione, come la Pettinati, nell’area tessile, il cui presidente è italiano, e la OMP do Brasil, dell’industria di mo-bili. Oltre ai casi di piccole im-prese che fanno parte dell’area

dell’illuminazione pubblica, e di imprese che vendono macchinari all’imprenditorato locale.

Corlatti ricorda che a Caxias do Sul ci sono varie imprese di grandi dimensioni fondate da di-scendenti di italiani, com’è il ca-so della Randon e della Marcopo-lo, “che sono mondiali”. Inoltre, la città gaúcha è il secondo polo metalmeccanico del Brasile, su-perata solo da São Paulo.

— A Caxias do Sul abbiamo 31mila CNPJs. Su 11 persone, una è proprietaria di un’impresa. I discendenti di italiani, è pro-prio vero, sono grandi imprendi-tori — afferma Corlatti.

Per parlare dell’internaziona-lizzazione delle piccole industrie italiane, è stato invitato il vice presidente di Confindustria, Giu-

seppe Morandini. Durante l’even-to, è stata anche lanciata la Gui-da legale, un manuale elaborato dallo studio Noronha Advogados, con l’appoggio dell’Ambasciata brasiliana a Roma, destinato agli

Una scommessa chiamata Brasile

Ambasciata brasiliana a Roma promuove seminario per incentivare gli investimenti dell’imprenditorato italiano in Brasile

nayra Garofle

imprenditori italiani che si inte-ressino ad investire in Brasile.

— la Guida legale si occupa di diritto societario, tributazio-ne, accordi bilaterali, diritto del lavoro, struttura del Giudiziario, immigrazione, capitale straniero e cambio, così come del sistema finanziario in generale — spiega il presidente del Comitê Executi-vo de Noronha Advogados, Dur-val de Noronha Goyos Júnior.

l’idea di creare un manuale è stata dello stesso ambasciatore Bahadian. la proposta della Gui-da legale, che è stata distribuita durante il seminario, è quella di offrire informazioni su ambiente e sicurezza giuridici in Brasile, ol-tre a facilitare il processo deciso-rio e di installazione dei piccoli e medi imprenditori nel paese.

A sinistra, l’ambasciatore brasiliano in Italia, Adhemar Bahadian, apre l’evento

Vista aerea di Caxias do Sul

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 820 21o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a

Page 12: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

negócios

Até 2015, serão realizadas mais 175 licitações, além da encomenda de 55 son-das, sendo que 28 delas

serão construídas no Brasil. As informações, dadas pelo presi-dente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, no encerramento da feira Rio Oil & Gas explica o bur-burinho e superlotação entre os estandes, no Riocentro. O even-to atraiu investidores e empre-sas de diversas partes do mun-do ao Rio, em setembro. Entre eles, a ordem era manter olhos e ouvidos voltados para toda e qualquer informação a respeito da grande vedete do momento: a camada de pré-sal, sua explo-ração e os benefícios que a ope-ração local podem gerar. E um grupo de empresas italianas não ficou de fora dessa onda.

Das que participaram da feira, oito já atuam no Bra-sil (Allied International, Jas

Forwarding, Macchi, Metallur-gica Siderforge, Pietro Fioren-tini, Remosa, Techint, Torresin Titanio Metalli), nas áreas de off-shore, produção de válvulas, caldeiras e material para regula-gem e medição, além de trans-porte de cargas. Outras cinco (Douglas Chero, Soldo, Steeltra-

de, TesiGroup, Valdosider) vie-ram se aproximar do mercado.

— Ano passado também par-ticipamos de uma feira no Brasil. O problema do país consiste na não existência de barcos, ou se-ja, de produção. Todas as embar-cações vêm da França, Inglater-ra ou Estados Unidos. Nós que-remos fabricar aqui e estamos atentos a essas encomendas da Petrobras. Matéria-prima o Brasil tem e isso favorece o custo to-tal dos empreendimentos — diz o diretor técnico da Tesi Group, Ausonio Zubiani.

O próprio Gabrielli aqueceu as expectativas ao afirmar que, para o pré-sal, “os desafios envolvem logística, automação, desenvol-vimento de novos materiais e es-coamento de gás”. E mais: na área da descoberta de 112 mil quilô-

Na rota da energia

Trânsito livre

Empresas italianas vêm ao Rio em busca de novos negócios, de olho no pré-sal

Grupos italianos aportam no mercado brasileiro. Oportunidades são para setor de turismo, beleza e cosméticos, além de inovação tecnológica

Sílvia Souza

Sílvia Souza e TaTiana Buff

O que é o pré-sal?

O papel da Itália É uma faixa que se estende ao longo de 800 quilômetros en-tre os estados do Espírito Santo e Santa Catarina, abaixo do

leito do mar e engloba três bacias sedimentares (Espírito Santo, Campos e Santos). O petróleo encontrado nesta área está a pro-fundidades que superam os 7 mil metros, abaixo de uma extensa camada de sal que, segundo geólogos, conserva a qualidade do petróleo. Tupi, Guará, Bem-te-vi, Carioca, Jupiter e Iara são os campos e poços de petróleo já encontrados na área correspon-dente ao pré-sal. Considerado o principal no grupo, Tupi tem uma reserva estimada pela Petrobras entre 5 e 8 bilhões de barris de petróleo. Há expectativas de que a camada, no total, pode abri-gar 100 bilhões de barris de óleo, o que colocaria o Brasil entre os dez maiores produtores do mundo.

O petróleo é um produto que, na bota, foi capaz de reunir em seu entorno uma indústria de ponta na prospecção, extração

e beneficiamento desse recurso. Das 600 empresas do setor, 80% são exportadoras. Do faturamento anual em torno de 865 milhões de euros, 91% foram realizados em atividades no exterior. Uma das maiores empresas é a Eni, presente em cerca de 70 países. Com a Petrobras, em 2005, assinou contrato de 600 milhões de dólares para o fornecimento de uma plataforma para o projeto Golfinho (ES). A entrega está prevista para o final de 2008. O acordo dura nove anos e pode ser prorrogado por mais três.

metros quadrados, 62% ainda não estão sob concessão, sendo que 31% contam com participação da Petrobras. Isso significa dizer que a exploração do pré-sal ainda está sendo estudada pelo gover-no brasileiro, que não descarta a hipótese de criação de uma nova estatal para o setor.

A prova de que os italianos têm chances de saírem lucrando nessa jogada é o relacionamento entre a pretolífera brasileira e a Ente Nazionali Idrocarburi (Eni), que já atua por aqui. A empre-sa italiana assinou um contra-to para a cessão de uma sonda com capacidade de perfuração a 5 mil metros, justamente a pro-fundidade onde começa o pré-sal. Segundo o acordo, o apara-to pode ser utilizado no período de quatro anos.

— É difícil falar em núme-ros, pois muito do nosso traba-lho nesses eventos se concretiza de três a seis meses depois do primeiro contato. Mas é sempre muito bom tornar-se visível. No caso do Brasil ainda mais, pela gama de setores da economia em que já mantemos interseção e, especificamente por essa expan-são programada para os próximos anos — comenta Sandra Di Carlo, do departamento de desenvolvi-mento do ICE-Roma, enviada es-pecialmente para acompanhar as empresas italianas ao Rio.

Gabrielli: mercado aquecido pelos próximos dez anos

Foto

s: B

runo

de

Lim

a

O ano de 2008 ainda nem acabou, mas o saldo po-sitivo de trocas comer-ciais entre Itália e Brasil

já foi traçado. Nos últimos dois meses foram pelo menos cinco eventos brasileiros que contou com a participação de delega-ções italianas.

Em Minas Gerais, a 4ª Feira de Ciência, Tecnologia e Inova-ção (Inovatec) teve justamente a Itália como país convidado. Or-ganizado pela Minasplan, reuniu 14 empresas italianas dos setores automotivo, autopeças, teleco-municações, energia e seguran-ça, gerando uma movimentação de cerca de 15 milhões de reais em quatro dias. A ação tem como parceira a Câmara ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria de Minas e trouxe para o estado uma de-legação piemontesa, encabeçada pela diretora de Inovação, Pes-quisa e Universidade do Piemon-te Erica Gay:

— O Estado de Minas é um grande aliado do Piemonte. As du-as regiões possuem interesses co-muns como as fontes de energia renováveis, os projetos de bio-combustíveis e biotecnologia.

O investimento da Itália em design também foi um elemento motivador para o 1º Prêmio Se-brae Minas de Design. Com ele, estudantes e profissionais do se-tor apresentarão projetos inova-dores para micro e pequenas em-presas. Entre outros prêmios, os vencedores visitarão o Salone In-ternazionale del Mobile em Milão, em abril de 2009. O resultado sai em dezembro.

Brasil Central despertaDas lavouras no Sul e Sudeste no final do século 19 e início do 20 para a região central do país a partir da segunda metade do sé-culo passado. Essa foi uma se-gunda onda migratória feita por famílias de colonização italiana, no Brasil. A região que abriga o coração político do Brasil e faz divisa com outros países da Amé-rica latina tem sido vista com es-pecial atenção quando o assunto é a representação italiana hoje. Tanto que a colônia tem se esfor-çado para promover eventos que permitam essa aproximação.

Exemplo disso foi a partici-pação na Feira Agroindustrial de Anápolis (Faiana), no mês de se-

tembro. A cidade que fica entre Brasília e Goiânia vive um perí-odo propício ao desenvolvimen-to, conforme explica o empre-sário Giuseppe Ferrua, delegado da Câmara ítalo-Brasileira de Co-mércio de Goiás:

— Estamos inseridos em um contexto de valorização do agro-business para superar as crises mundiais tanto de alimentos, quanto energética. Isso sem falar que nos últimos dez anos, a cida-de passou por um grande desen-volvimento — afirma.

A Faiana contou com o apoio de empresas como Bauducco, Salton, Antonello Monardo, além da participação da Empresa Na-cional Italiana para o Turismo (Enit) e do Instituto Italiano pa-ra o Comercio Exterior (ICE). Fo-ram todos dispostos a “vender” as tradições e o modo italiano de viver, em particular o patrimônio cultural, paisagístico e eno-gas-tronômico da velha bota.

Outra iniciativa que ratifica as relações é a comenda outorgada a partir desse ano a uma persona-lidade de Anápolis, de origem ou descendência italiana, que tenha contribuído de maneira notável ao

desenvolvimento da cidade. O pri-meiro a receber o titulo foi o ex-secretário de Indústria e Comércio de Goiás, Ridoval Chiareloto.

— Com Ridoval, a secretaria de Indústria e Comércio conse-guiu impor um modelo de expan-são, com destaque para a con-quista da instalação da fábrica Hiunday. Agora nós italianos te-mos que aproveitar as chances também — comenta Ferrua.

Nascido em Pinerolo, a 38 quilômetros de Turim, ele mes-mo é um dos protagonistas dessa atração italiana pelo Brasil Cen-tral. Estabeleceu-se em São Pau-lo em 1969, mas há cinco anos trocou a capital paulista por Anápolis, onde abriu a empresa Sole Mio, dedicada ao negócio de tomates secos.

BelezaAs tendências de cabelo, estética e maquiagem para a primavera-verão 2009 foram a sensação da quarta edição da Feira latino-americana de Cosmética e Bele-za (Beauty Fair) realizada mês passado em São Paulo. A Promos, entidade especial da Câmara de Comércio de Milão, com apoio da Região lombardia, Unionca-mere lombardia (associação das câmaras de comércio da região) e lombardia Point, organizou a presença de onze empresas ita-lianas da região que mostraram novos produtos, equipamentos e serviços para profissionais do se-tor. Em toda a feira, o volume de negócios aumentou ao redor de 40% em relação a 2007 e o nú-mero de visitantes passou de 94 mil. Para 2009, 90% dos estan-des e pavilhões já estão reserva-dos. Vem mais italianos por aí.

negócios

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 822 23o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a

Page 13: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

capa

Quentin Tarantino, ano passado, durante o festival de Cannes declarou que os novos filmes italianos eram deprimentes,

que pareciam todos iguais e que fala-vam sempre sobre as mesmas coisas: adolescentes em crise, adolescentes em férias, família em crise e família em férias. Tarantino se perguntava o que tinha acontecido e dizia que isso era uma verdadeira tragédia. Apenas um ano após a polêmica declaração do cineasta americano, o cenário mudou completamente.

O mesmo festival de Cannes con-sagrou, este ano, os longas italianos Gomorra, de Matteo Garrone e O Divo, de Paolo Sorrentino. Cada um, a sua maneira, trata de questões como má-fia e corrupção política, um mal enrai-zado, principalmente, no sul da Itá-lia, a parte mais pobre do país. Desde 2001, o cinema italiano não recebia um prêmio em Cannes e essa dobradi-nha reanimou os ânimos tanto da crí-tica italiana - que na maioria das ve-zes não perdoa as produções – quanto do público.

E eis que chega o Festival de Vene-za e quem desponta é a co-produção ítalo-brasileira Birdwatchers - La Terra degli Uomini Rossi, dirigido e escrito por Marco Bechis (com colaboração de luiz Bolognesi, roteirista do brasileiro Bicho de Sete Cabeças) filmado no Ma-to Grosso do Sul, que foca sua lente no massacre dos povos indígenas.

De repente, a Itália e o resto do mundo “descobrem” filmes como Co-ver Boy de Carmine Amoroso, Giorni e Nuvole, de Silvio Soldini, A giusta distanza, de Carlo Mazzacurati, Lascia perdere, Jonhhy, de Fabrizio Bentivo-glio, Non pensarci, de Gianni Zanasi, Piano, solo, de Riccardo Milani, Tutta

Quando se pensa em cinema italiano, o que vem à men-te são nomes como Federico Fellini, Ettore Scola, Sophia Loren, neo-realismo. Nomes fundamentais para a cinema-tografia mundial. Mas e o ci-nema italiano moderno, existe? Existe, mas é como se fosse um

“fenômeno” recente tanto quan-to a nova onda de sucesso inter-nacional do cinema brasileiro. Os

dois países têm muito em comum.Foram unidos por um filme,

Birdwatchers, co-produção ítalo-brasileira que movimentou o último

festival de Veneza. Comunità conver-sou com seu diretor Marco Bechis e tam-

bém com o diretor do polêmico Cover Boy, Carmine Amoroso, produções exibidas no

Brasil, mês passado, graças a dois grandes even-tos cinematográficos.

Essa movimentação trouxe ao Brasil uma das gran-des divas italianas, Ornella Muti, que pôde ser vista ao vivo e a cores em São Paulo e, em película, no Rio, onde foi exibido Venha Dormir Lá Em Casa Esta Noi-te, filme de Dino Risi, de 1977, que fez parte de uma mostra do Festival de Cinema do Rio, que ainda ho-menageou os irmãos Taviani. Em retribuição, o Bra-sil mandará para Roma, a atriz Chirstiane Torloni, a musa brasileira do Festival de Roma que prestará uma homenagem ao Brasil. Os laços entre Brasil e

Itália tendem a se estreitar com a realização de mais co-produções. A lei que regulamenta a atividade

será ratificada, na Itália. A confererir.

Quando si pensa al cinema italiano, ven-gono in mente nomi come quello di Federico Fellini, Ettore Scola, Sophia Loren, Neo-realismo. Nomi fondamentali per la cine-matografia mondiale. Ma il cinema italia-no moderno, esiste? Esiste, ma è come se fosse un “fenomeno” recente, così come la nuova onda di successo internazionale del cinema brasiliano. I due paesi hanno mol-to in comune.

Sono stati uniti da un film, Bir-dwatchers, coproduzione italo-brasiliana, che riscosso grande successo all’ultimo festival di Venezia. Comunità ha parla-to con il suo regista Marco Bechis e an-che con il regista del polemico Cover Boy, di Carmine Amoroso, produzioni proietta-te in Brasile il mese scorso grazie a due grandi eventi cinematografici.

Questo movimento ha portato in Bra-sile una delle grandi dive italiane, Ornella Muti, che è stata vista dal vivo e a colori a São Paulo e, sugli schermi, a Rio, dov’è stato proiettato La stanza del vescovo, film di Dino Risi del 1977, che ha fatto parte di una mostra del Festival di Cinema di Rio che, inoltre, rende omaggio ai fratelli Taviani. In cambio, il Brasile manderà a Roma l’attrice Christiane Torloni, la musa brasiliana del Festival di Roma che rende-rà omaggio al Brasile. I legami tra Brasile e Italia tendono a farsi più stretti con la realizzazione di altre coproduzioni. La leg-ge che disciplina l’attività sarà ratificata in Italia. Vedremo.

Ação!Azione!

Janaína CeSar e TaTiana Buff

Q uentin Tarantino l’anno scor-so, durante il Festival di Can-nes, ha dichiarato che i nuo-vi film italiani erano depri-

menti, che sembravano tutti uguali e che parlavano sempre delle stesse cose: adolescenti in crisi, adolescenti in vacanza, famiglia in crisi e famiglia in vacanza. Tarantino si domandava cos’era successo e diceva che era una vera e propria tragedia. Appena un an-no dopo la polemica dichiarazione del cineasta americano, lo scenario è cam-biato completamente.

Lo stesso Festival di Cannes ha consacrato, quest’anno, i lungome-traggi italiani “Gomorra”, di Matteo Garrone, e “Il divo”, di Paolo Sorrenti-no. Ognuno a suo modo, si occupano di questioni come quelle della mafia e della corruzione politica, un male ra-dicato specialmente al sud d’Italia, la parte più povera del paese. Dal 2001, il cinema italiano non vinceva un pre-mio a Cannes e questi due film hanno riacceso gli animi tanto della critica italiana – che la maggior parte del-le volte non perdona le produzioni – quanto del pubblico.

Ed ecco che arriva il Festival di Venezia e chi spunta è la coproduzio-ne italo-brasiliana “Birdwatchers – La terra degli uomini rossi”, scritto e di-retto da Marco Bechis (in collabora-zione con Luiz Bolognesi, sceneggia-tore del brasiliano “Bicho de sete ca-beças”), girato in Mato Grosso do Sul, che mette a fuoco il suo obiettivo sul massacro dei popoli indigeni.

All’improvviso, in Italia e nel resto del mondo, “vengono scoperti” film come “Cover Boy”, di Carmine Amoro-so, “Giorni e nuvole”, di Silvio Soldi-ni, “La giusta distanza”, di Carlo Maz-zacurati, “Lascia perdere, Johnny”, di

Público aguarda em frente ao Odeon a abertura de Festival no Rio

Pubblico aspetta di fronte all’Odeon l’apertura del Festila a Rio

24 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 25C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 8

Page 14: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

la vita davanti, de Paolo Virzì e Tutto torna, de Enrico Pitzianti. O que houve? O cinema italiano saiu da mesmice citada por Ta-rantino e entrou em uma nova fa-se criativa? Sinais de um renas-cimento cinematográfico? Incên-dio ou fogo de palha?

O público brasileiro pode-rá fazer seu próprio julgamento a respeito, em breve. O que há da melhor safra do cinema ita-liano foi exibida, mês passado, em dois dos principais eventos cinematográficos brasileiros: o Festival do Rio e Quarta Semana de Cinema Contemporâneo Ita-liano, em São Paulo. Vários dos títulos exibidos começam a en-trar no circuito comercial brasi-leiro, em dezembro.

Por conta dos eventos, uma comitiva italiana, encabeçada pela atriz Ornella Muti desembar-cou no Brasil. Entre eles, reina o sentimento de que, sim, o cine-ma italiano começa a dar a volta por cima. Mas sem euforias.

— Fazemos agora um cine-ma mais corajoso, empenhado em mostrar a situação de insegu-rança em que vivemos por causa das máfias — afirma o ator Be-ppe Fiorello, de A Vida Roubada, de Graziano Diana, que tem como tema a criminalidade do país.

Esse quadro começou a par-tir do fenômeno Gabriele Mucci-no, diretor de Come te nessuno mai, L’ultimo bacio e Ricordati di me, que ficou conhecido mun-dialmente por ter dirigido o blo-ckbuster americano Em busca da felicidade, com Will Smith. Se-gundo o crítico Gianni Canova o retorno do cinema italiano come-çou há um ano e meio, com as produções médias de um lado e a afirmação do cinema de autor do outro.

— Era exatamente este o de-senho dos nossos anos de ouro. O único problema que vejo é se a indústria cinematográfica enten-derá a situação — diz Canova.

Docente na Universidade la Sapienza, em Roma, a crítica An-gela Prudenzi concorda com o colega. Segundo ela, há um mo-vimento de autores na faixa etá-ria entre 30 e 40 anos que, “de algum modo, está tentando re-novar a linguagem e contar com mais força a realidade italiana”. Na sua opinião, uma “carta na manga” desse processo é o retor-no das co-produções, que já fo-

ram muito comuns na Itália. Já a jornalista e crítica Marina San-na observa que a revitalização da sétima arte na península se deve não só ao “cinema de autor” co-mo às novas comédias, “que têm gerado lucros”.

Mas nem tudo são flores. A distribuição ainda é um “calca-nhar de Aquiles”, como lembra Edoardo Pollastri, presidente da Câmara ítalo-Brasileira de Comér-cio, Indústria e Agricultura de São Paulo que dividiu com a Pirelli a organização da Mostra paulista:

— A Itália produz 120 fil-mes por ano e apenas sete de-les foram exibidos no Brasil no ano passado. Isso é um ponto fraco que deve ser sanado — afirma Pollastri.

BrasilComo a Itália, o Brasil também vive um bom momento cinema-tográfico. Por aqui, porém, não se fala em ressurgimento, mas em manutenção do bom nível das produções. Cada vez mais, obras, atores e diretores bra-sileiros recebem o reconheci-mento internacional. No último festival de Cannes, Sandra Cor-verloni foi escolhida a melhor atriz pela sua atuação em Linha de Passe de Walter Salles Jr. e Daniela Thomas. Mês passado, o vencedor do festival de Milão foi o longa brasileiro Orango-tangos, do ítalo-brasileiro Gus-tavo Spolidoro. Em Veneza, a produção verde-amarela marcou presença para além do badalado Birdwatchers.

A Itália vai celebrar esse su-cesso este mês. Em outubro, o Brasil será o país homenageado no Festival de Roma. Por conta disso, uma comitiva brasileira estará na capital italiana. A atriz Christiane Torloni é a “embaixa-triz” do grupo formado também pelo ator lázaro Ramos e o ci-neasta André Sturm. Ela também defende a realização de co-pro-duções como um caminho a ser seguido pela indústria cinemato-gráfica brasileira.

— As co-produções são um caminho natural. Como estou entre os oriundi, percebo que a latinidade de nosso sangue faz com que a comunicação aconte-ça de maneira rápida e espon-tânea. Formalizar isso em um projeto cultural é ótimo. É bom para a paz mundial que a arte

capa

e a cultura fortaleçam os laços entre os povos. Estamos preci-sando – diz ela.

Integrante da delegação ita-liana que esteve no Brasil, o di-retor e roteirista Francesco Pa-tierno conta que filmes como Tropa de Elite, Cidade de Deus, Cidade Baixa e O Ano em que Meus Pais saíram de Férias vira-ram referência na Itália. Um de seus filmes, Deus Ajuda Quem Cedo Madruga, foi exibido na mostra paulista:

— As temáticas brasileiras e italianas são similares — avalia ele que assumiu ser fã dos dire-tores Fernando Meirelles e Cao Hamburger. — O gênero “docufic-tion” é uma vertente mundial que

Fabrizio Bentivoglio, “Non pen-sarci”, di Gianni Zanasi, “Piano solo”, di Riccardo Milani, “Tutta la vita davanti”, di Paolo Virzì” e “Tutto torna” di Enrico Pitzianti. Cos’è successo? Il cinema italia-no è venuto fuori dalla sua abi-tudinarietà citata da Tarantino ed è entrato in una nuova fase creativa? Segnali di una rinascita cinematografica? Incendio o fuo-co di paglia?

Il pubblico brasiliano potrà giudicarlo da solo, tra breve. Il meglio della stagione del cinema italiano è stato proiettato, il me-se scorso, in due dei principali eventi cinematografici brasilia-ni: il Festival di Rio e la Quarta Semana de Cinema Contemporâ-

neo Italiano, a São Paulo. Molti dei film proiettati cominciano ad entrare nel circuito commerciale brasiliano in dicembre.

Dovuto agli eventi, una comi-tiva italiana, guidata dall’attrice Ornella Muti, è sbarcata in Brasi-le. Tra di loro, regna la sensazio-ne di che, sì, il cinema sta rive-nendo a galla. Ma senza euforie.

— Ora facciamo un cinema più coraggioso, impegnato a far vedere la situazione di insicu-rezza in cui viviamo dovuto alle mafie — dice l’attore Beppe Fio-rello, di “La vita rubata”, di Gra-ziano Diana, che ha per tema la criminalità italiana.

Questo quadro è cominciato a delinearsi dal fenomeno Gabrie-

le Muccino, regista di “Come te nessuno mai”, “L’ultimo bacio” e “Ricordati di me”, conosciuto in tutto il mondo per aver diretto il blockbuster americano “La ricer-ca della felicità”, con Will Smith. Secondo il critico Gianni Cano-va, il ritorno del cinema italia-no è cominciato un anno e mezzo fa, con produzioni medie da una parte e l’affermazione del cinema d’autore dall’altra.

— Era proprio questo il dise-gno dei nostri anni dorati. L’uni-co problema è che non so se l’in-dustria cinematografica capirà la situazione — dice Canova.

Docente presso l’Università La Sapienza, a Roma, la critica Angela Prudenzi è d’accordo con il collega. Secondo lei, c’è un movimento di autori della fascia d’età tra i 30 e i 40 anni che, “in qualche modo, stanno cer-cando di rinnovare il linguaggio e di raccontare com più forza la realtà italiana”. Secondo lei, un “asso nella manica” di questo processo è la ripresa delle co-produzioni, che erano frequenti in Italia. Invece, la giornalista e critica Marina Sanna osserva che la ripresa della settima arte nel-la penisola si deve non solo al “cinema d’autore”, ma anche al-le nuove commedie, “che hanno fatto guadagnare”.

Ma non tutto è rose e fiori. La distribuzione è ancora un “tendine d’Achille”, come ricorda Edoardo Pollastri, presidente della Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, In-dústria e Agricultura di São Paulo, che ha diviso con la Pirelli l’orga-nizzazione della Mostra paulista:

— L’Italia produce 120 film l’anno e solo sette sono stati proiettati in Brasile l’anno scor-so. Questo è un punto debole da rivedere — afferma Pollastri.

BrasileCome l’Italia, anche il Brasile vi-ve un buon momento cinemato-grafico. Da queste parti, però, non si parla di rinascita, ma di manutenzione del buon livel-lo delle produzioni. Sempre più film, attori e registi brasiliani ri-cevono il riconoscimento inter-nazionale. Nell’ultimo Festival di Cannes, Sandra Corveloni è stata scelta com miglior attrice per il suo ruolo in “Linha de Passe”, di Walter Salles Jr. e Daniela Tho-mas. Il mese scorso, il vincito-re del Festival di Milano è sta-

to il brasiliano “Orangotangos”, dell’italo-brasiliano Gustavo Spo-lidoro. A Venezia, la produzione verde-gialla si è fatta presente con l’acclamato “Birdwatchers”.

L’Italia festeggia questo suc-cesso questo mese. In ottobre, il Brasile sarà il paese festeggiato al Festival di Roma. Per questo mo-tivo una comitiva brasiliana si re-cherà nella capitale italiana. L’at-trice Christiane Torloni è la “am-basciatrice” del gruppo, formato inoltre dall’attore Lázaro Ramos e dal cineasta André Sturm. Anche lei difende la realizzazione delle coproduzioni come una strada da essere seguita dall’industria cine-matografica brasiliana.

— Le coproduzioni sono una strada naturale. Siccome mi trovo tra oriundi, capisco che la latini-tà del nostro sangue fa sì che si abbia la comunicazione in modo rapido e spontaneo. Formalizzarlo in un progetto culturale è ottimo. È un bene per la pace mondiale che l’arte e la cultura rafforzino i legami tra i popoli. Ne abbiamo bisogno — dice l’attrice.

Membro della delegazione ita-liana che è venuta in Brasile, il re-gista e sceneggiatore Francesco Patierno racconta che film come “Tropa de élite”, “Cidade de Deus”, “Cidade baixa” e “O ano em que meus pais saìram de férias” sono divenuti punto di riferimento in Italia. Uno dei suoi film, “Il matti-no ha l’oro in bocca” è stato pro-iettato alla mostra paulista:

— Le tematiche brasiliane e italiane sono simili — valuta lui, che ammette di essere fan dei registi Fernando Meirelles e Cao Hamburger. — Il genere “docufic-tion” è una vertente mondiale che apre una gamma di possibilità al-le collaborazioni binazionali.

Di ritorno alla “ambasciatri-ce”, lei ci dice che sta seguen-do le “voci” sul rifiorimento del cinema in Italia. Secondo lei, si tratta di una “cinematografia for-matrice” perché crede sia impos-sibile “immaginare la nostra vi-ta senza Visconti o Fellini”. Del cinema brasiliano attuale, mette in risalto il “fragoroso successo” di Fernando Meirelles, regista col quale le piacerebbe lavorare:

— È interessante perché lui gira film che fanno eco in tutto il mondo. Il mondo è avido di talen-ti e novità. Meirelles non è più so-lo brasiliano e questo è bello per-ché l’arte non ha frontiere.

abre um leque de possibilidades para colaborações binacionais.

De volta à “embaixatriz” Torlo-ni, ela diz que tem acompanhado os “rumores” a respeito do flores-cimento do cinema da Itália. Para ela, trata-se de uma “cinemato-grafia formadora” por isso, acredi-ta ser impossível “imaginar nossa vida sem Visconti ou Fellini”. So-bre o cinema brasileiro atual, ela destaca o “retumbante sucesso” de Fernando Meirelles, diretor com quem gostaria de trabalhar:

— É interessante porque ele faz um filme que ecoa no mundo intei-ro. O mundo está ávido por talentos e novidades. Meirelles não é mais só brasileiro e isso é bonito porque a arte não tem fronteiras.

Entre cartazes atuais, o clássico protagonizado por Ornella Muti, exibido no Festival do Rio. O evento também apresentou O Divo e Gomorra, candidato italiano ao Oscar. À direita, a atriz Christiane

Torloni, “embaixadora” do Brasil no Festival de Roma

Tra locandine attuali, il classico di cui è stata protagonista Ornella Muti, proiettato al Festival di Rio. L’evento ha anche presentato Il Divo

e Gomorra, candidato italiano all’Oscar. A destra, l’attrice Christiane Torloni, “ambasciatrice” del Brasile al Festival di Roma.

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 826 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 27

Page 15: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

capa

O que esperar de uma diva do cinema italiano que desde seu primeiro traba-lho, aos 14 anos, é con-

siderada uma das mulheres mais lindas do mundo? Estrelismo, afetação, nariz empinado, certo? Errado, quando quem está em cena é Ornella Muti. A musa da comitiva italiana que esteve no Brasil por conta da Semana Pi-relli de Cinema Italiano é serena. Não por acaso, há oito anos se converteu ao budismo.

Que ninguém confunda isso com fragilidade. Os olhos de Or-nella não permitem isso. Eternos focos de atração, eles indicam que por trás da atriz há uma pes-soa convicta a respeito das pró-prias opiniões. E na maioria das vezes, são opiniões críticas.

— Penso que nestes últimos dez anos, a cada vez que vem um governo, nesse ‘bate-volta’, se destrói tudo o que o outro fez. Isso é cansativo para os italia-nos, submetidos a duras provas nesse período. É normal que ago-ra estejam mais sensíveis — ob-serva a atriz, filha de um jorna-lista napolitano e de uma escul-tora nascida na Estônia.

A romana Ornella cujo nome de batismo é Francesca Romana

Rivelli chega aos 53 anos envolvi-da em muitos trabalhos. Vivendo entre Roma e Montecarlo, lançou mês passado negócio próprio de jóias exclusivas, comercializadas pela internet. Em outubro, estará em Novo México (EUA), filmando um western com o diretor Giulio Base. Trata-se de uma co-produ-ção ítalo-americana, prevista pa-ra ser lançada no próximo ano, na qual interpreta uma jogadora. Seu trabalho mais recente, Il Sangue e la Rosa, para televisão, foi trans-mitido pelo canal 5 da Itália.

O que ela não gosta muito de fazer é teatro por obrigá-la a “ficar meses fora de casa”, lon-ge da família”. Ornella é mãe de três moças e avó. Todas as filhas moram com ela. A mais velha, Naike Rivelli, também é atriz. É possível que se beneficie da ex-periência mãe que se lançou na profissão quando tinha apenas 14 anos. Foi sob direção de Da-minano Damiani que protagoni-zou La Moglie Più Bella.

Ornella já esteve no Brasil se-te vezes e diz sentir-se “em casa” quando está por aqui. Quando fala sobre as praias brasileiras, seus belos olhos brilham:

— São de tirar o fôlego de tão belas — diz ela que cita co-mo seus lugares preferidos, no Brasil, Natal (RN), Angra dos Reis (RJ) e o arquipélago de Fer-nando de Noronha (PE)

Ela trabalhou por aqui com Walter lima Júnior e Reginaldo Farias em Um Crime Nobre. O pro-jeto de 2001 era uma co-produ-ção televisiva entre Brasil e Itá-lia, rodada no Rio de Janeiro. Or-nella afirma “admirar há tempos” a cinematografia brasileira.

— Fiquei muito comovida com Central do Brasil (Walter Salles Jú-nior, 1998). É grande cinema com grandes atores — diz — Sei que a produção brasileira teve seus mo-mentos de dificuldade, assim co-mo a italiana, uma vez que a tele-visão se impõe de tal modo que é difícil para as pessoas sair de ca-sa e pagar entrada. Mas o cinema dá possibilidade de escolher, algo que a tevê não te dá.

Ornella defende a realização de todos os tipos de filmes, se-jam eles “engajados” ou “esca-pistas”. Ela percebe que o cinema italiano atual está bastante vol-tado para as “temáticas nacio-nais” e isso, na sua opinião, está sendo uma das razões do sucesso

que vem obtendo essa nova safra cinematográfica. Ela cita Gomor-ra como exemplo:

— É bom que exista este ci-nema. Seu sucesso nos sensibiliza e, assim, toma-se consciência do que acontece para que se possa mudar — O cinema de denúncia deve existir, assim como a comé-dia. É justo que se escolha o que se vê sem sentir-se penalizado por preferir algo mais leve. Às ve-zes, há períodos na vida em que você não quer entrar em uma pro-blemática para distrair-se da tua.

A italianíssima Ornella não se furtou a “experimentar” Hollywood. Em 1990, ela partici-pou de Oscar – minha filha quer casar, com Sylvester Stallone.

— Nós nos perguntamos por que o cinema americano mangia todo o mundo. Ora, porque é uma indústria onde tudo é estudado. Há muito dinheiro em movimento, gente fazendo marketing do en-tretenimento. Na Itália, esse cine-ma de entretenimento não existe, há pouco dinheiro e muitos filmes não são distribuídos — afirma ela. — O cinema italiano passa por um bom momento, mas ele apenas se defende, o que não quer dizer ain-da que agrida comercialmente.

Na opinião da atriz, a Itália de-veria voltar a investir em co-pro-duções, “como fazia há 20 anos, com vários países”. Ornella acredi-ta que “o Brasil tem potencial para essa relação”. Ela evita se mostrar nostálgica mas admite que nomes como Marco Ferreri, Ettore Scola, Mario Monicelli e as comédias de Dino Risi, “fazem falta”.

TaTiana BuffCorrespondente • são paulo

Luz dos olhosEm rápida passagem pelo Brasil, a atriz italiana

Ornella Muti mostra que é muito mais do que uma linda mulher em entrevista à Comunità

In un breve viaggio in Brasile, l’attrice italiana Ornella Muti dimostra che è molto di più che una

bella donna in intervista a Comunità

Luce nello sguardo

C osa ci si può aspettare da una diva del cinema italiano che, fin dal suo primo lavoro, a 14 anni,

viene considerata una delle donne più belle del mondo? Arie da star, atteggiamento affettato, naso all’insù, giusto? Sbagliato, quando chi è in scena è Ornella Muti. La musa della comitiva italiana che è stata in Brasile dovuto alla Semana Pirelli de Cinema Italiano è serena. Non è un caso che, da otto anni, si sia convertita al buddismo.

Che nessuno confonda questo con fragilità. Gli occhi di Ornel-la non lo permettono. Eterno og-getto di attrazione, indicano che al di sotto della pelle dell’attri-ce c’è una persona convinta delle proprie opinioni. Che, nella loro maggior parte, sono critiche.

— Penso che negli ultimi dieci anni, ogni volta che cam-bia governo, in questo “viavai”, venga distrutto tutto ciò che l’al-tro ha fatto. Questo è stancante per gli italiani, sottomessi a dure prove in questo periodo. È nor-male che ora siano più sensibili — osserva l’attrice, figlia di un giornalista napoletano e di una scultrice nata in Estonia.

La romana Ornella, il cui nome di battesimo è Francesca Romana

Rivelli, arriva ai 53 anni coinvolta in molti lavori. Vivendo tra Roma e Montecarlo, ha lanciato il me-se scorso un proprio lavoro di gio-ielli esclusivi, venduti in internet. In ottobre sarà in Nuovo Messico (USA) a girare un western con il regista Giulio Base. Si tratta di una coproduzione italo-americana, la cui uscita nei cinema è prevista per l’anno prossimo e in cui lei in-terpreta una giocatrice d’azzardo. Il suo lavoro più recente, “Il San-gue e la Rosa”, per la televisione, è stato trasmesso da Canale 5.

Non le piace molto fare teatro perché viene obbligata a “rima-nere dei mesi fuori casa, lontano dalla famiglia”. Ornella è madre di tre ragazze e già nonna. Le figlie abitano con lei. Anche la più grande, Naike Rivelli, è attri-ce. Probabilmente trae vantaggio dall’esperienza della madre che ha iniziato la professione quando aveva soli 14 anni. È stato sot-to la regia di Damiano Damiani, quando è stata protagonista di “La moglie più bella”.

Ornella è già stata in Brasile sette volte e dice di sentirsi “a casa” quando è da queste parti. Quando parla delle spiagge brasi-liane, i suoi begli occhi brillano:

— Sono talmente belle da togliere il respiro — dice, citan-do come suoi luoghi preferiti, in Brasile, Natal (RN), Angra dos Reis (RJ) e l’arcipelago di Fer-nando de Noronha (PE).

Qui ha lavorato con Walter Lima Júnior e Reginaldo Farias in “Um Crime Nobre”. Il progetto del 2001 era una coproduzione tele-visiva tra Brasile e Italia, girata a Rio de Janeiro. Ornella dice che “ammira da tempo” la cinemato-grafia brasiliana.

— Mi ha commosso molto “Central do Brasil” (Walter Sal-

les Júnior, 1998). È grande cine-ma con grandi attori — dice. — So che la produzione brasiliana è passata per momenti difficili, così come quella italiana, visto che la televisione si impone in modo tale da rendere difficile che le persone escano di casa e pa-ghino il biglietto. Il cinema dà la possibilità di scegliere, cosa che la TV non ti dà.

Ornella difende la realizzazio-ne di tutti i tipi di film, sia “im-pegnati” che “di evasione”. Lei percepisce che il cinema italiano attuale è rivolto in modo conside-revole ai “temi nazionali” e questa è, secondo lei, una delle ragioni del successo che stanno ottenen-do le nuove leve cinematografiche. E cita “Gomorra” come esempio:

— È un bene che esista que-sto cinema. Il suo successo ci rende sensibili e, così, ci si ren-de consapevoli di ciò che suc-cede perché si possa cambiare. Il cinema di denuncia deve esi-stere, così come la commedia. È giusto che si scelga ciò che si vede senza sentirsi penalizzato col preferire qualcosa di più leg-gero. Alle volte, ci sono momen-ti nella vita in cui non si vuole entrare in una problematica per distrarsi dalla propria.

L’italianissima Ornella non ha rinunciato a “provare” Hollywood. Nel 1990 ha partecipato al film “Oscar – Un fidanzato per due fi-glie”, con Sylvester Stallone.

— Ci domandiamo perché il cinema americano “si mangi” tutti. Ma è perché è un’industria in cui tutto viene studiato. Ci so-no molti soldi in gioco, gente fa-cendo marketing dello svago. In Italia, questo cinema di svago non esiste, ci sono pochi soldi e molti film non vengono distribu-iti — dice lei. — Il cinema ita-liano sta passando per un buon momento, ma si sta solo difen-dendo, il che non significa che sia aggressivo dal punto di vista commerciale.

Secondo l’attrice, l’Italia do-vrebbe ricominciare ad investire in coproduzioni, “come faceva 20 anni fa, con vari paesi”. Or-nella dice che “il Brasile ha un potenziale per questa relazio-ne”. Inoltre, evita di mostrarsi nostalgica, ma ammette che di nomi come quello di Marco Fer-reri, Ettore Scola, Mario Monicel-li e delle commedie di Dino Risi, “sente la mancanza”.

Cônsul adjunto da Itália em SP Lucia Pattarino, Ornella Muti e o diretor

de Cinecittà Lamberto Mancini

Console aggiunto italiano a SP, Lucia Pattarino, Ornella Muti e il direttore

di Cinecittà Lamberto Mancini

Foto

s: C

laud

io C

amm

arot

a

28 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 29C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 8

Page 16: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

capa

O cineasta Carmine Amoroso dirigiu, em 1996, Come mi vuoi, uma co-produ-ção ítalo-francesa, que lançou a dupla Mônica Bellucci e Vincent Cassell. Apesar de Cover Boy – A ùltima revolução ter sido premiadíssimo em Festivais nacionais e internacionais, Amoroso encontrou mil dificuldades para distribuí-lo no país, tanto que somente dez salas se mostraram disponíveis para exibir o filme.

Cover Boy fala de imigração, emprego precário e homosexualismo. Três temas atuais difíceis de digerir, na Itália. O filme, que tinha recebido um financiamento de 3 milhões de euros da parte do governo Prodi, foi realizado com apenas 500 mil euros porque o governo Berlusconi diminuiu em 75% o montante destinado à produção. Em setembro, Comunità conversou com Amoroso para entender melhor a questão e saber dele como anda realmente o cinema italiano.

Il cineasta Carmine Amo-roso ha diretto, nel 1996, “Come mi vuoi”, una copro-duzione italo-francese che ha lanciato Monica Bellucci e Vincent Cassel. Malgrado “Cover Boy: l’ultima rivolu-zione” sia stato premiatissimo in Festival nazionali e inter-nazionali, Amoroso ha trova-to mille difficoltà per distribu-irlo in Italia. Infatti, solo dieci cinema si sono resi disponibili per proiettare il film.

“Cover Boy” parla d’im-migrazione, impiego precario e omosessualità. Tre temi attua-li difficili da digerire in Italia. Il film, che aveva ricevuto uno stanziamento di 3 milioni di euro dal governo Prodi, è stato realizzato con soli 500mila eu-ro perché il governo Berlusconi ha tagliato il 75% della som-ma destinata alla produzione. In settembre, Comunità ha parlato con Amoroso per capi-re meglio la situazione e sape-re da lui veramente come va il cinema italiano.

ComunitàItaliana - O que aconteceu com o financiamento que foi cortado?

Carmine Amoroso - Produtiva-mente foi um pesadelo. Em 2002, nós e o ministério do Espetáculo

tínhamos entrado em acordo para o financiamento mas,

em 2004, o governo Berlusconi, através do decreto Urbani, re-duziu de forma drás-tica o valor. Prati-camente recebemos

25% do que tinha sido prometido. Ti-

ve que mudar gran-de parte da cenogra-

fia. O mais grave foi ter que eliminar toda a parte histórica da Romênia de 1989, a qual o filme se refere. CI – O corte pode ter sido provocado pelo tema do filme, ou se-ja, censura?

CA - Não acredito que tenha sido uma censura planejada. Porém, de fato, cortando cruelmente o financiamento, me impediram de contar o que queria. É fato que a redução dos financiamentos dos outros filmes foi entre 20 a 30%, não 75% como o meu.CI – Ok, vamos falar de coisas bo-as. Como nasceu Cover Boy: A Úl-tima revolução?CA – Nasceu da minha experiênia na Romênia, onde morei por dois anos, no final dos anos 90. Além de viver diretamente o drama de quem queria imigrar em direção aos países ocidentais, vi que a revolução de 89 que tinha tirado do poder Ceausescu não era uma verdadeira revolução, mas um golpe de estado. Enfim, imigra-ção e revolução são os primeiros degrais da história. CI – O filme fala sobre imigração, revolução, homosexualismo e subemprego.CA – Fala de uma amizade en-tre Ioan, um jovem romeno, fi-lho daquela revolução, e do ita-liano Michele, um homem de 40 anos que passa de um emprego ao outro. CI – Fazendo uma comparação com teu filme Come Mi Vuoi, de 12 anos atrás, alguma coisa mu-dou na sociedade ou o precon-ceito ainda é o mesmo?CA – Em alguns países europeus a sociedade mudou muito, veja a Espanha, por exemplo. Mas aqui na Itália, a coisa não muda. Esta-mos vivendo um verdadeiro pro-cesso de descivilização, com uma tendência racista e classista que se vê a olhos nus. CI – E pela crítica italiana, como teu filme foi recebido?CA – No início senti um pouco de preconceito, não tanto em relação ao filme, mas em relação a mim mesmo. O fato é que não perten-ço a nenhum grupo em particu-lar e não tenho certas amizades. O cinema italiano é muito autár-quico. Não existe espaço nem lu-gar para quem não pertence a um grupo bem identificado. CI – Mas você acha que a crítica sustenta o cinema italiano?CA – Depende de qual cinema. Para alguns filmes e diretores o supor-te, às vezes, chega a ser excessivo. Mas, provavelmente, isso depende de várias pressões e amizades.CI – Como você considera o atu-al panorama cinematográfico italiano?

CA – Existem bons diretores e fil-mes, apesar das dificuldades que temos que enfrentar. CI – O cinema italiano vive um re-nascimento?CA – Essa história de renascimento do cinema italiano é um pouco ri-dícula. Foi decretada especialmen-te pela França. Se um filme italiano entra na salas francesas, faz um cer-to sucesso e vence alguns prêmios nos festivais francese, aí se fala de renascimento. Não é ridículo?CI – O que fazer para melhorar a distribuição dos filmes nas sa-las italianas?CA – Saindo do jogo Rai (TV estatal)-Mediaset (empresa de comunicação dona da agência italiana líder na distribuição de filmes) e criando um circuito em todo o território, com reais co-tas obrigatórias nas salas italia-nas e européias.

A última revolução

Janaína CeSarCorrespondente • treviso

L’ultima rivoluzioneCenas de Cover Boy. O filme toca em duas feridas

italianas atuais: desemprego e imigraçãoScene di Cover Boy. Il film tocca due ferite italiane

attuali: disoccupazione e immigrazione

C omunitàItaliana – Cos’è successo ai finanzia-menti che sono stati ta-gliati?

Carmine Amoroso - Dal pun-to di vista della produzione è stato un incubo. Nel 2002, noi e il ministero dello Spettacolo eravamo entrati in accordo per il finanziamento, ma nel 2004 il governo Berlusconi, per mez-zo del decreto Urbani, ha ri-dotto drasticamente il valore. Praticamente, abbiamo ricevu-to il 25% di ciò che era stato promesso. Ho dovuto cambiare gran parte della scenografia. La cosa più grave è stata dover eliminare tutta la parte storica della Romania del 1989, a cui il film si riferisce.CI – I tagli possono essere stati provocati dal tema del film, os-sia, censura?CA - Non credo sia stata una cen-sura prestabilita. Ma, di fatto, tagliando crudelmente i finan-ziamenti, mi hanno impedito di

raccontare quello che volevo. La realtà è che la riduzione dei fi-nanziamenti degli altri film è stata tra il 20 e il 30%, non co-me il 75% del mio.CI – Ok, parliamo di cose piace-voli. Com’è nato “Cover Boy: l’ul-tima rivoluzione”?CA – È nato dalla mia esperien-za in Romania, dove ho vissu-to due anni alla fine degli anni ’90. Oltre a vivere direttamen-te il dramma di chi voleva emi-grare verso paesi occidenta-li, ho visto che la rivoluzione del 1989, che aveva distituito Ceausescu, non era una vera e propria rivoluzione, ma un gol-pe. Insomma, immigrazione e rivoluzione sono i primi scalini della storia.CI – Il film parla di immigrazione, rivoluzione, omosessualità e di-soccupazione.

CA – Parla dell’amicizia tra Io-an, un giovane romeno, figlio di quella rivoluzione, e dell’italia-no Michele, un uomo 40enne che passa da un impego all’altro. CI – Facendo un paragone con il tuo film “Come mi vuoi”, di 12 an-ni fa, è cambiato qualcosa nella società o il preconcetto è anco-ra lo stesso?CA – In qualche paese europeo la società è cambiata molto, co-me in Spagna, per esempio. Ma qui in Italia le cose non cam-biano. Stiamo vivendo un vero e proprio processo di deciviliz-zazione, con una tendenza raz-zista e classista che si vede ad occhio nudo. CI – E dalla critica italiana, com’è stato accolto il film?CA – All’inizio ho percepito un po’ di preconcetto, non proprio verso il film, ma verso me stes-so. Il fatto è che non faccio par-te di nessun gruppo in partico-lare e non ho certe amicizie. Il cinema italiano è molto autar-chico. Non c’è spazio né luogo per chi non fa parte di un grup-po ben identificato.CI – Ma credi che la critica so-stenga il cinema italiano?CA – Dipende da quale cinema. Per dei film e registi, alle vol-te, gli aiuti sono pure ecces-sivi. Ma, probabilmente, ciò dipende da varie pressioni e amicizie.CI – Come consideri l’attuale panorama cinematografico ita-liano?CA – Ci sono buoni registi e film, malgrado le difficoltà che dob-biamo affrontare. CI – Il cinema italiano vive una rinascita?CA – Questa storia di rinascita del cinema italiano è un po’ ri-dicola. È stata decretata special-mente dalla Francia. Se un film italiano entra nei cinema france-si, fa un certo successo e vince dei premi nei festival francesi, subito si parla di rinascita. Non è ridicolo?CI – Cosa fare per migliorare la distribuzione dei film nei cine-ma italiani?CA – Uscendo dal gioco Rai (TV statale) – Mediaset (impresa di comunicazione proprietaria dell’agenzia leader in distribu-zione di film) e creando un cir-cuito su tutto il territorio, con reali quote obbligatorie nelle sa-le italiane ed europee.

30 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 31C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 8

Page 17: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

ComunitàItaliana – Qual a relação entre o título do filme e os índios? Marco Bechis - O título

foi escolhido a dedo. Quem pra-tica birdwatchers é para observar os pássaros. Nós brancos pratica-mos birdwatchers com os índios, ou seja, nós os observamos, prin-cipalmente os turistas, quando visitamos as regiões onde vivem. Mas depois de um tempo convi-vendo com eles, durante a pro-dução do filme, percebemos que eles também são birdwatchers no nosso confronto.CI – Como nasceu essa co-pro-dução?MB – O projeto todo nasceu na minha cabeça. Eu já tinha em mente fazer um filme sobre os ín-dios da América latina. Após uma viagem ao Brasil, me interessei particularmente pela história dos índios brasileiros. Eu era o único italiano em meio ao pessoal no Brasil. Passamos seis meses jun-tos no meio da floresta, na região do Mato Grosso. Eu queria que fosse exatamente assim, somente eu de italiano e a maioria absolu-ta de brasileiros no projeto. CI – E a entrada da Gullane Fil-mes, como foi?

MB - Eu estava procurando uma produtora de confiança no Brasil e conheci o Caio (Gullane) duran-te o Festival o Rio. Surgiu um fe-eling entre a gente e começamos a falar sobre o assunto. O Caio foi sempre super responsável e me deixou bem livre para trabalhar com quem eu quisesse, me apre-sentou todo mundo, desde o dire-tor de fotografia até os atores. CI – Nos teus filmes você sempre coloca a mão na ferida. Também foi assim com Garage Olimpo e Hijos. Porque esse empenho com temáticas sociais ?MB – Esse meu empenho nasce da necessidade de contar histó-rias. O mundo é vasto. Tem quem adore fazer comédia, tem quem

capa

Birdwatchers - la terra degli uomini rossi, é o título do último filme do diretor ítalo-chileno Marco Bechis. Recentemente ovacionado pela comovida platéia do Festival de Cinema de Veneza, o filme conta a história de alguns índios Guaranì-Kaiowà que, cansados da explo-ração do homem branco, tentam resgatar suas terras. Trata-se de uma co-produção Bra-sil/Itália entre a já conhecida produtora brasileira Gullane Filmes (Bicho de Sete Cabeças) com as italianas Classic, Karta e Rai Cinema. Está previsto para chegar ao circuito comer-cial brasileiro em dezembro.

La terra degli uomini rossi revelou um mundo completamente desconhecido para quem mora nesta parte européia do planeta. Bechis, aclamado pela crítica de todos os cantos do mundo, define o extermínio dos índios como “o maior genocídio da história”. Bechis está rodando a Itália para divulgar o filme. Comunità conversou rapidamente com ele, por te-lefone, no mês passado, enquanto ele dirigia seu carro rumo à Parma para mais um evento promocional de Birdwatcher.

Birdwatchers - la terra degli uomini rossi, è il titolo dell’ultimo film del regista italocile-no Marco Bechis. Acclamato da una commossa platea al Festival di Cinema di Venezia, il filme racconta la storia di un gruppo di indigeni Guaranì-Kaiowà che, stanchi di essere sfruttati dall’uomo bianco, cercano di riscattare le proprie terre. Si tratta di una coprodu-zione italo-brasiliana tra la famosa produzione brasiliana Gullane Filmes (Bicho de Sete Cabeças) e le italiane Classic, Karta e Rai Cinema. Il suo arrivo sugli schermi brasiliani è previsto per dicembre.

La terra degli uomini rossi ha rivelato un mondo completamente sconosciuto a chi abita nella regione europea del pianeta. Bechis, acclamato dalla critica di tutto il mondo, definisce lo sterminio degli indigeni come “il maggior genocidio della storia”. Bechis sta girando l’Italia per divulgare il film. Comunità ha parlato rapidamente con lui, per telefono, il mese scorso, men-tre guidava la macchina verso Parma per un altro evento promozionale di “Birdwatchers”.

Homens vermelhosJanaína CeSar

Correspondente • treviso

Uomini rossi

adore fazer documentário. Pode ser que um dia eu faça comédia. Mas tudo depende sempre de co-mo o filme é rodado, da serieda-de do diretor. Um filme bem fei-to será sempre atual mesmo de-pois de 20 anos.CI – O cinema italiano está re-nascendo como dizem?MB – Na verdade não. Enquanto o cinema italiano tiver uma ló-gica pequena, o interesse do pú-blico será tão pequeno quanto. Você pode falar de renascimento quando os filmes italianos come-çarem a render como uma grande produção, como era no passado. O percentual de filmes em exibi-ção é até razoável, mas os rendi-mentos ainda não são.

Marco Bechis orienta os índios atores de seu Birdwatchers. Acima, o

cartaz do filme

Marco Bechis dirige gli indigeni attori del suo

Birdwatchers. Sopra, la locandina del film

C omunitàItaliana – Qual è la relazione tra il titolo del film e gli indigeni? Marco Bechis - Il titolo

è stato scelto di proposito. Chi pratica il birdwatchers lo fa per osservare gli uccelli. Noi di pelle bianca pratichiamo il birdwatchers con gli indigeni, ossia, noi li os-serviamo, specialmente i turisti, quando visitiamo le regioni dove vivono. Ma dopo un certo periodo di convivenza con loro, durante la produzione del film, abbiamo capito che anche loro sono bir-dwatchers nei nostri confronti.CI – Com’è nata questa coprodu-zione?MB – Il progetto è stato una mia idea. Avevo già in mente di fare un film sugli indigeni dell’Ame-rica Latina. Dopo un viaggio in Brasile, mi ha particolarmente in-teressato la storia degli indigeni brasiliani. Io ero l’unico italiano

in mezzo a gente brasiliana. Ab-biamo passato sei mesi insieme nel mezzo della foresta, in Mato Grosso. Io volevo che fosse pro-prio così, solo io come italiano e la maggior parte assoluta di bra-siliani nel progetto.CI – E l’entrata della Gullane Fil-mes, com’è successa?MB – Stavo cercando una produ-zione di fiducia in Brasile ed ho conosciuto Caio (Gullane) duran-te il Festival a Rio. Ne è sorto un feeling tra di noi e abbiamo co-minciato a parlarne. Caio è sem-pre stato molto responsabile e mi ha lasciato libero di lavorare con chi volessi, mi ha presentato tutti, dal direttore di fotografia agli attori.CI – Nei tuoi film metti sempre le mani nella ferita. È stato così an-che con Garage Olimpo e Hijos. Perché questo impegno con te-matiche sociali?MB – Questo mio impegno nasce dal bisogno di raccontare sto-rie. Il mondo è vasto. C’è gente a cui piace fare commedie, e a chi piace fare documentari. Può essere che un giorno farò com-medie. Ma tutto dipende da come un film viene girato, dalla serie-tà del regista. Un film ben fatto sarà sempre attuale, anche dopo 20 anni.CI – Il cinema italiano sta rina-scendo come dicono?MB – In realtà, no. Finché il ci-nema italiano vivrà in una lo-gica mediocre, gli interessi del pubblico saranno altrettanto mediocri. Si potrà parlare di ri-nascita quando i film comince-ranno a rendere come una gran-de produzione, come era in pas-sato. La percentuale di film nei cinema può pure essere ragione-vole, ma gli incassi ancora non lo sono.

32 33o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n aC o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 8

Page 18: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

Desde 1970 existe um acordo de co-produção cinematografica entre Brasil e Itália. Mas ele

só saiu do papel 30 anos depois. Foi usado pela primeira vez so-mente em 2007 para a realiza-ção do filme Estômago, do bra-sileiro Marco Jorge, vencedor do Festival do Rio 2007 com quatro prêmios. Em seguida vieram Ani-ta - Amores & Histórias, do di-retor italiano Aurélio Grimaldi e Birdwatchers, de Bechis.

As produtoras do filme Estô-mago, Indiana Production Com-pany (Italia) & Zencrane Filmes (Brasil), foram as primeiras a se beneficiarem do acordo, e, justa-mente por isso, a produção ita-

na carreira de um filme no quesito visibilidade. Segundo ela, o ponto negativo do atual acordo é o esta-belecido pelas próprias fronteiras dos estados nacionais, já que não há regras para regular e facilitar a burocracia alfandegária e o paga-mento de serviços no exterior pa-ra as produções cinematográficas em regimes de co-produção.

— Não temos facilitações. Nu-ma co-produção há muitas trocas, muito transporte de material. Con-tudo, sem um regime especial, o filme acaba circulando nos países como uma mercadoria ou serviço, o que incorre muita burocracia e no pagamento de impostos mui-to altos, decorrente do sistema de proteção de mercado — diz.

Isso pode explicar porque es-se acordo entre Brasil e Itália de-morou tanto para ser utilizado. O futuro, porém, é promissor. O

Stupendo! Era isso o que diziam os italianos que integraram uma comitiva liderada pelo diretor-geral de Cinecittà, lamberto Man-

cini, durante uma visita aos estúdios da Rede Globo, o Projac, no Rio de Janeiro. Recebidos pelo diretor da Globo Filmes, Carlos Edu-ardo Rodrigues, eles se maravilharam com a área: 1,65 milhão de metros quadrados.

— O Projac é quatro vezes maior que Cinecittà. É quase totalmente focado em ficção televisiva. Nós fazemos filmes, a ce-nografia é diferente e há diversos tipos de produção. O Projac é uma máquina produ-tiva potente para fazer um produto espe-cializado. Além de ser grande e extraordi-nário — afirma Mancini.

Cinecittà é um complexo de estúdios de 400 mil metros quadrados onde foram rea-lizadas criações como E la nave va, de Fe-derico Fellini e Belíssima, luchino Viscon-ti. localizada a nove quilômetros do Cen-tro de Roma, Cinecittà também abrigou as filmagens de Ben-Hur, Amarcord e Gangues de Nova Iorque.

— As diferenças entre Hollywood e Ci-necittà são enormes porque a primeira é a maior indústria do mundo, podendo utili-zar 140 mercados, enquanto na Itália há dificuldades de exportar os próprios filmes. Mas hospedamos vários filmes hollywoo-dianos — explica Mancini, a exemplo dos três anos em que Cinecittà esteve a servi-ço da HBO e da BBC para a realização da série Roma.

A comitiva visitou também os estúdios da Record, de 44 mil metros quadrados. A emissora começou a produzir uma novela sobre a Itália, Vendetta, de lauro Cesar Muniz. Mas, segundo Manci-ni, “ainda” não há projetos de co-produção entre a Record, a Globo ou alguma produtora brasileira e Cinecittà.

Stupendo! Questo era ciò che dicevano gli italiani facenti par-te di una comitiva guidata dal direttore generale di Cinecittà,

lamberto Mancini, durante una visita ai teatri di posa della Rede Globo, il Projac, a Rio de Janeiro. Ricevuti dal direttore della Glo-bo Filmes, Carlos Eduardo Rodrigues, si sono meravigliati dell’area: 1,65 milioni di metri quadrati.

— Il Projac è quattro volte più gran-de di Cinecittà. È quasi totalmente rivol-to alla fiction televisiva. Noi facciamo film, la scenografia è diversa e ci sono vari ti-pi di produzione. Il Projac è una macchina di produzione potente per fare un prodotto specializzato. Oltre ad essere grande e stra-ordinario — afirma Mancini.

Cinecittà è un complesso di teatri di posa di 400mila metri quadrati, dove sono state realizzate creazioni come “E la na-ve va” di Federico Fellini, e “Bellissima” di luchino Visconti. Sita a nove chilome-tri dal centro di Roma, Cinecittà ha anche ospitato le riprese di “Ben Hur”, “Amar-cord” e “le gang di New York”.

— le differenze tra Hollywood e Cine-città sono enormi, perché la prima è la mag-gior industria del mondo, che può usufruire di 140 mercati, mentre in Italia ci sono dif-foltà di esportare persino i propri film. Ma ospitiamo vari film hollywoodiani — spiega Mancini, e come esempio parla dei tre anni in cui Cinecittà è stata a servizio della HBO e della BBC per la rea lizzazione della serie televisiva “Roma”.

la comitiva ha anche visitato i teatri di posa della Record, di 44mila metri qua-drati. l’emittente ha cominciato a produrre

una telenovela sull’Italia, “Vendetta”, di lauro Cesar Muniz. Ma, se-condo Mancini, “ancora” non ci sono progetti di coproduzione tra la Record, la Globo o qualunque produzione brasiliana e Cinecittà.

Nos estúdios Nei teatri di posa

A quatro mãos

Brasil e Itália revitalizam o antigo acordo de co-produção cinematográfica entre os dois países

Brasile e Italia riprendono un vecchio accordo di coproduzione cinematografica tra i due paesi

A quattro mani

Janaína CeSar e nayra Garofle

to molto più agile — dice Ales-sandro Mascheroni, direttore di produzione della Indiana Pro-duction Company.

Preventivato in 900mila eu-ro, “Estômago” ha ricevuto il 50% degli investimenti da ogni paese. Secondo Mascheroni, in termini di cinema “questo va-lore non è una grande somma”. E racconta di “essersi sorpreso con il grande professionalismo dei brasiliani della troupe, non solo degli attori”.

Da parte brasiliana, la pro-duttrice Cláudia da Nativida-de dice che una coproduzione “aiuta molto” la carriera di un film per ciò che riguarda la sua visibilità. Secondo lei, il neo dell’attuale accordo è quello stabilito dalle stesse frontiere degli stati nazionali, visto che non ci sono regole per discipli-nare e facilitare la burocrazia

doganale e il pagamento di ser-vizi all’estero per le produzioni cinematografiche in regime di coproduzione.

— Non riceviamo facilita-zioni. In una coproduzione ci sono molti scambi, molto tra-sporto di materiale. Malgrado questo, senza un regime spe-ciale, il film finisce col circola-re nei paesi come una merce o un servizio, e incappa in mol-ta burocrazia e nel pagamento di tasse molto alte, provenien-ti dal sistema di protezione del mercato — dice.

Questo potrebbe spiegare perché questo accordo tra Bra-sile e Italia ci ha messo tanto ad essere usato. Ma il futuro è promettente. L’accordo stabilito nel 1970 è stato modificato l’an-no scorso e sarà ratificato dal-le autorità cinematografiche dei

due paesi durante la terza edi-zione del Festival Internazionale del Film di Roma. La brasiliana Ancine (Agência Nacional do Ci-nema) e le statali italiane Isti-tuto Luce e Cinecittà Holding stanno lavorando alle voci del nuovo testo. Tra le novità ci so-no una maggior flessibilità nelle percentuali di partecipazione di ogni paese nelle coproduzioni.

Un’altra novità per i futu-ri produttori è l’accordo di co-produzione firmato alla fine del 2007 dall’Ambasciata brasilia-na a Roma e dalla Câmara Íta-lo-Brasileira de Comércio, In-dústria e Agricultura (Italcam). Questo nuovo accordo fa parte del progetto Cinema Contempo-raneo Italo-Brasiliano e ha per obiettivo quello di diffondere la cultura e di rafforzare le relazio-ni tra i due paesi.

estabelecido em 1970 foi modi-ficado no ano passado e deve ser ratificado pelas autoridades cine-matográficas dos dois países du-rante a terceira edição do Festival Internacional de Cinema de Ro-ma. A brasileira Ancine (Agência Nacional do Cinema) e as estatais italianas Instituto luce e Cinecit-tà Holding negociaram os itens do novo texto. Entre as novidades estão uma maior flexibilidade nas porcentagens de participação de cada país nas co-produções.

Outra novidade é o acordo de co-produção assinado no final de 2007 pela Embaixada do Bra-sil em Roma e pela Câmara ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria (Italcam). Este novo acordo faz parte do projeto Cinema Contem-porâneo Ítalo-Brasileiro e visa di-fundir a cultura e reforçar as rela-ções entre os dois países.

capa

liana encontrou algumas dificul-dades burocráticas.

— A burocracia surgiu na Itália. O ministério da Cultura no Brasil foi bem mais ágil — diz Alessandro Mascheroni, diretor de produção da Indiana Produc-tion Company.

Orçado em 900 mil euros, Es-tômago, recebeu 50% de inves-timento de cada país. Segundo Mascheroni, quando se fala em cinema, “esse valor não é uma grande quantia”. Ele conta ter se “surpreendido com o alto pro-fissionalismo dos brasileiros da equipe, não só dos atores”.

Do lado brasileiro, a produto-ra Cláudia da Natividade diz que uma co-produção “ajuda muito”

F in dal 1970 c’è un accor-do di coproduzione cine-matografica tra Brasile e Italia. Ma è stato messo

in pratica solo 30 anni dopo. È stato usato per la prima volta solo nel 2007 per la realizzazio-ne del film Estômago, del brasi-liano Marco Jorge, vincitore del Festival di Rio 2007 con quattro premi. Dopo sono venuti “ Anita – Una vita per Garibaldi”, del re-gista italiano Aurelio Grimaldi, e “Birdwatchers”, di Bechis.

Le case produttrici del film “Estômago”, Indiana Production Company (Italia) & Zencrane Fil-mes (Brasile), sono state le pri-me a beneficiarsi dell’accordo e, proprio per questo, la produzione italiana si è scontrata con diffi-coltà burocratiche.

— La burocrazia è venu-ta fuori in Italia. Il ministero della Cultura in Brasile è sta-

A comitiva italiana visita o PROJAC. Abaixo, o ator Nicola Siri mostra a Record para o diretor-

geral de Cinecittà, Roberto Mancini

La comitiva italiana visita il PROJAC. Sotto, l’attore Nicola Siri fa vedere la Record al direttore

generale di Cinecittà, Roberto Mancini

Cinecittà: a nove quilômetros do centro de Roma e com 400 mil metros quadradosCinecittà: a nove chilometri dal centro di Roma e con 400mila metri quadrati

Foto

s: B

runo

de

Lim

a

Div

ulga

ção

Tatia

na F

antti

nati

34 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 35C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 8

Page 19: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

capa

Ao mestre, com carinho

Grande homenageado do Festival do Rio, o diretor Paolo Taviani participa do evento que exibiu várias de suas obras, feitas em parceria com o irmão Vittorio. Ícone do cinema italiano e mundial, foi um simpático e solícito diretor que falou à Comunità

Grande festeggiato al Festival di Rio, il regista Paolo Taviani partecipa all’evento in cui sono stati proiettati i suoi film, girati insieme al fratello Vittorio. Icona del cinema italiano e mondiale, il regista ha parlato con Comunità ed è stato simpatico e premuroso

Al maestro,con affetto

nayra Garofle

Ele estava preste a deixar o Rio de Janeiro quando foi convidado a dar uma pales-tra aos alunos da Escola de

Cinema Darcy Ribeiro, no centro da cidade. Poucas horas antes de embarcar de volta à Itália, o di-retor Paolo Taviani, de 76 anos, mostrou ainda muita disposição depois de encarar uma maratona de cinco dias de compromissos, como convidado ilustre do Festival do Rio. Ele veio para o Brasil sem a sua outra “metade criativa”, o irmão Vittorio, três anos mais ve-lho, que, na mesma época, repre-sentou a dupla em outro evento na Europa. Antes de começar a fa-lar, ele solicitou um cigarro, sabo-reado em longas baforadas.

O festival homenageou os ir-mãos diretores com uma mostra paralela formada por 11 filmes. Entre eles, Pai Patrão, uma das obras-primas do cinema italia-no, ganhador da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1977. Fez parte também La masseria

delle Allodole, de 2007, o mais recente longa realizado pelos irmãos, inédito no circuito co-mercial brasileiro.

Trata-se de um drama base-ado no livro de Antonia Arslan, escritora italiana descendente de armênios. A história é inspirada em um episódio de 1915, quan-do o governo turco promoveu um genocídio do povo armênio. O fil-me mostra uma família armênia que vive em paz na Turquia. Pou-co a pouco, porém, começa a ser criado um clima de racismo, de confronto com o povo armênio até que acontece o massacre.

A escolha do tema, segundo Taviani, foi pelo fato de os ir-mãos acreditarem que contar es-ta história é também um modo de falar das tragédias similares que acontecem atualmente.

— Os horrores são idênticos aos que acontecem hoje, em es-pecial, na áfrica. É um filme que conta uma história do passado, mas que é completamente con-temporâneo — afirma.

Do ponto de vista econômi-co, muitas foram as dificuldades encontradas para a realização do longa. O filme, uma co-produção entre a Itália, França, Alemanha e Espanha, teve de ser rodado na Bulgária, já que não houve per-missão para ser feito na Turquia. Segundo Taviani, porém, do pon-to de vista político, os obstácu-los foram ainda maiores.

— A Bulgária é um país que esteve sob a dominação turca por muitos anos. Com isso, há muitas casas que permanecem como eram naquele tempo. Mas o governo turco procurou influenciar o go-verno italiano tentando conven-cê-lo de que não devíamos fazer

este filme. Devo dizer que o então ministro dos Bens Culturais, (Roc-co) Buttiglione, disse que na Itá-lia pode haver opiniões diversas, mas a arte é livre — diz.

Para Taviani, trabalhar com um irmão não é mais novidade no mundo do cinema. Ele lembra que há cada vez mais irmãos fil-mando juntos como a dupla An-dy e larry Wachowski (Matrix) e Jean-Pierre e luc Dardenne (O si-lêncio de Lorna).

— Não somos mais os únicos. No nosso caso, um faz a cena e o outro acompanha no vídeo. De-pois trocamos. Quando um es-tá dirigindo, o outro não se in-tromete. Em Cannes, na exibição de Allonsanfan (1974), (Marcello) Mastroianni foi questionado por um jornalista como havia sido tra-balhar com dois diretores. Ele res-pondeu: “Eram dois?” — conta.

Ao analisar a atual situação do cinema italiano, Taviani, é um dos que engrossam o coro de que, há sim, um renascimento. Para o diretor, o momento atual do setor, na Itália, “é muito belo e pode ficar ainda melhor”.

Sobre o cinema brasileiro, Taviani faz elogios, mas lamenta ter visto pouca coisa:

— Infelizmente só vi filmes de (Bruno) Barreto, que me agra-daram muito. Mas não foi no cine-ma. Na Itália essas produções ain-da não chegaram, somente os de Walter Salles, que é também um outro diretor muito bom. O cine-ma brasileiro não chega na Itália assim como o italiano não chega no Brasil. Isso se deve à dura lei da distribuição — afirma ele que disse ter ficado “muito agradeci-do” com a homenagem que lhe foi prestada pelo Festival do Rio.

S tava quasi lasciando Rio de Janeiro quando è sta-to invitato a tenere una conferenza per gli allievi

della Escola de Cinema Darcy Ri-beiro, al centro della città. Poche ore prima di imbarcare di ritorno in Italia, il regista Paolo Taviani, 76 anni, ha dimostrato ancora grande forza dopo aver affrontato una maratona di cinque giorni di impegni come invitato illustre del Festival di Rio. È venuto in Brasi-le senza la sua altra “metà crea-tiva”, il fratello Vittorio, tre anni più grande di lui, che si trovava, negli stessi giorni, a rappresen-tare la coppia in un altro evento, in Europa. Prima di cominciare a parlare, ha chiesto una sigaretta, assaporata a lunghe tirate.

Il Festival ha festeggiato i fratelli registi con una mostra parallela composta da 11 film. Tra questi, “Padre Padrone”, uno dei capolavori del cinema italia-no, vincitore della Palma d’Oro al Festival di Cannes nel 1977. Tra

gli altri film c’era anche “La mas-seria delle allodole”, del 2007, il più recente lungometraggio gira-to dai fratelli, inedito nel circui-to commerciale brasiliano.

Si tratta di un dramma tratto dal libro di Antonia Arslan, scrittri-ce italiana discendente di armeni. La storia è ispirata ad un episodio del 1915, quando il governo turco mise in pratica il genocidio del po-polo armeno. Il film mostra una fa-miglia armena che vive in pace in Turchia. Ma, poco a poco, comin-cia a crescere un clima di razzismo, di confronto con il popolo armeno, fino ad arrivare al massacro.

La scelta del tema, secondo Taviani, è dovuta al fatto che i fratelli credono che raccontare questa storia sia anche un mo-do di parlare delle tragedie simili che accadono ai nostri giorni.

— Gli orrori sono identici a quelli che accadono oggi, spe-cialmente in Africa. È un film che racconta una storia del passato, ma che è completamente con-temporaneo — afferma.

Dal punto di vista economico, sono state affrontate molte diffi-coltà per la realizzazione del lun-gometraggio. Il film, una coprodu-zione tra Italia, Francia, Germania e Spagna, ha dovuto essere girato in Bulgaria, visto che non è sta-to ottenuto il permesso di farlo in Turchia. Ma, secondo Taviani, dal punto di vista politico gli ostacoli sono stati ancora maggiori.

— La Bulgaria è stata sotto-messa a dominazione turca per molti anni. Per questo ci sono molte case rimaste com’erano a quel tempo. Ma il governo turco ha cercato di influenzare il go-verno italiano per convincerlo che non dovevamo fare questo

film. Devo dire che l’allora mini-stro dei Beni Culturali, (Rocco) Buttiglione, ha detto che in Ita-lia si possono avere opinioni di-verse, ma l’arte è libera — dice.

Per Taviani lavorare con un fratello non è più una novità nel mondo del cinema. E ricorda che ci sono sempre più fratelli che gi-rano insieme, come la coppia An-dy e Larry Wachowski (“Matrix”) e Jean-Pierre e Luc Dardenne (“Il matrimonio di Lorna”).

— Non siamo più gli unici. Nel nostro caso, uno fa la scena e l’altro la segue sul monitor. Dopo ci scambiamo i ruoli. Quando uno sta girando, l’altro non si intro-mette. A Cannes, alla proiezione di “Allonsanfan” (1974), un gior-nalista chiese a (Marcello) Ma-stroianni com’era stato lavoraa-re con due registi. E lui rispose: “Erano in due?” — racconta.

Analizzando l’attuale situazio-ne del cinema italiano, Taviani si unisce al coro di coloro che dicono che, sì, c’è una rinascita. Secondo il regista, l’attuale momento del settore, in Italia, “è molto bello è può essere ancora migliore”.

Taviani ammira il cinema brasiliano, ma gli dispiace aver visto poco:

— Purtroppo ho visto solo dei film di (Bruno) Barreto, che mi so-no piaciuti molto. Ma non è stato al cinema. In Italia queste produ-zioni non sono ancora arrivate, so-lo quelle di Walter Salles, che è un altro bravo regista. Il cinema brasi-liano non arriva in Italia, così come quello italiano non arriva in Brasile. Questo si deve alla dura legge del-la distribuzione — afferma Taviani, che dice di essere rimasto “vera-mente riconoscente” dell’omaggio resogli dal Festival di Rio.

O filme Pai Patrão, ganhador da Palma de Ouro do Festival de Cannes, em 1977. Vittorio e Paolo posam em Cinecittà e em ação no início da carreiraIl film Padre Padrone, vincitore della Palma d’Oro al Festival di Cannes nel 1977. Vittorio e Paolo posano a Cinecittà e in azione agli inizi della carriera

36 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 37C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 8

Page 20: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

Isabela Grillo

ROMa

Para as criançasPara quem viaja com filhos peque-

nos, uma boa sugestão de passeio é o museu para crianças Explora (Via Fla-minia, 82). Situado em pleno centro, o espaço é estruturado como uma cidade, dividida em cinco áreas, onde as crian-ças podem tocar e experimentar tudo. Entre as atrações mais interessantes es-tá a “barriga da mamãe”, onde os peque-nos entram e sentem as batidas de um coração, como se estivessem de volta ao útero materno. Na “boca aberta”, eles podem escovar seus dentes com escovas gigantes. No supermercado, se divertem com carrinhos em miniatura e uma caixa de verdade, para que possam fazer suas comprinhas. Os maiores vão adorar a sa-la da comunicação, que tem estúdio de TV, banco (com caixa eletrônico) e labo-ratório multimídia com jogos à disposi-ção. Difícil vai ser tirar seu filho de lá. O museu fica aberto todos os dias, exce-to segunda-feira. As visitas são divididas em quatro turnos. Para maiores informa-ções, consulte o site www.mdbr.it

Tudo pronto para a terceira edição do Festival Internacional de Cine-ma de Roma, que acontece entre

os dias 22 e 31 de outubro. No auditó-rio Parco della Musica, complexo arquite-tônico criado pelo famoso arquiteto Ren-zo Piano, estrelas de calibre internacional como Monica Bellucci e Al Pacino desfila-rão pelo tapete vermelho romano. A mos-tra competitiva vai exibir 14 filmes. Os diretores Francis Ford Coppola e Martin Scorsese estarão na cidade para partici-par de debates. Na abertura do evento, a estréia do filme italiano Uomo che Ama de Maria Sole Tognazzi, com Monica Bellucci e Pierfrancesco Favino.

A mostra Focus, que a cada ano divul-ga a cultura de algum país emergente, este ano é dedicada ao Brasil. Nela serão apre-sentadas novas produções cinematográficas brasileiras, como Coração Vagabundo de Fer-nando Grostein Andrade, que conta a vida do cantor Caetano Veloso. Como “participa-ção especial” estão Michelangelo Antonioni e Pedro Almodovar, amigos do artista, em registros antigos. Após a apresentação, Ca-etano fará um show só voz e violão. Haverá ainda espaço para que diretores, artistas e intelectuais brasileiros conversem com ita-lianos sobre nosso país e uma mostra fo-tográfica inédita do etnólogo Pierre Verger, especialista da cultura afro-brasileira.

Mais cinema

PicassoO Complexo Vittoriano (Via San Pietro in

Carcere), monumento construído em homenagem ao Rei Vittorio Emanuele, na suntuosa Piazza Venezia, abre as portas do seu museu a partir deste mês, para as obras do grande artista espanhol Pablo Picasso. A mostra, que se intitula “Picasso 1917- 1937”, expõe as obras feitas pelo mestre da pintura em um momento contraditório de sua carreira: os anos entre as duas guerras. Nes-te período, Picasso transitou por várias fases artísticas, sem se fixar em nenhuma. Dessa forma, mostrou sua própria interpretação pa-ra diferentes estilos, como o neoclassicismo, o surrealismo e o expressionismo. Entre as obras expostas, destaque para a tela “Arle-quim musicista”, de 1924. A mostra fica em cartaz até fevereiro de 2009.

Villa BorghesePara aproveitar o finalzinho do verão, na-

da melhor do que um passeio pelo maior parque de Roma, a Villa Borghese. Nessa épo-ca, as famílias romanas aproveitam para fa-zer piqueniques pelos amplos jardins. Além disso, é possível alugar bicicletas ou fazer o tradicional passeio de charrete. Para os pe-quenos, a atração é o laboratório “A casinha de Raffaelo”, que propõe atividades criativas em vários turnos ao longo do dia. Se a op-ção for por um programa cultural, a Galeria Borghese, situada no interior do parque, pos-sui uma preciosa coleção de obras de grandes pintores, como Caravaggio, Raffaelo, Tiziano e muitos outros.

CromossomosEsse é o nome da primeira mostra artísti-

ca do diretor de cinema David Cronenberg, conhecido por filmes como A Mosca, Video-drom, eXsistenZ e outros clássicos do cinema moderno de horror. A exposição se realiza pa-ralelamente e com a colaboração do Festival de Cinema de Roma. É coordenada por luca Massi-mo Barbero, curador do Museu Guggenheim de Veneza. Serão exibidas 50 fotos escolhidas pelo próprio diretor, algumas tiradas de seus filmes mais famosos e reproduzidas digitalmente em tela. Outras foram criadas e produzidas espe-cialmente para a mostra. Serão ainda exibidas cenas dos filmes de Cronenberg. O mestre do cinema também participa de um dos encontros promovidos pelo festival. A mostra vai de 22 de outubro a 16 de novembro no Palazzo delle Esposizione (Via Nazionale, 194).

Div

ulga

ção

atualidade

País do não podeGoverno Berlusconi deu mais poder aos prefeitos para legislar e uma série de proibições pipocam por toda a Itália, para desespero de turistas e dos próprios italianos

Janaína CeSarCorrespondente • treviso

Parece brincadeira ou coi-sa de mãe chata que vive dizendo ao filho: “não fa-ça isso”, mas a Itália vi-

rou o país do não, onde tudo é proibido. Graças a uma nova nor-ma do decreto segurança que foi aprovado pelo ministro do Inter-no Roberto Marroni, em agosto passado, os prefeitos italianos conquistaram maior autonomia e poder para garantir a ordem e a segurança pública de suas ci-dades. Resultado: prefeitos-xe-rifes promoveram um festival de leis bizarras e multas altíssimas. Maroni pertece à liga do Norte, partido que sempre lutou pela independência dos estados.

As absurdas proibições vão de norte a sul do país. Um turis-ta que vai à Capri ou Positano e passeia pelas charmosas ruas do centro da cidade com tamancos, pode levar uma multa de 50 eu-ros por causa do barulho emiti-do quando caminha. Em Veneza, é proibido dar milho aos pom-bos. Também lá e em Taormina, Capri, Amalfi, Riccione, Forte dei Marmi, Veneza e Alassio é proi-bido andar sem camisa fora da praia. Ainda em Capri e Posita-no, Ravello e Veneza, é proibido comer tramezzino, um tipo de sanduíche, na praia. Quem for flagrado em plena mordida paga multa de 25 a 30 euros. Em As-sis, Pescara, Bolonha, Florença, Pádua, Verona, Turim, Trieste e Cortina é proibido pedir esmolas e em Florença também é proi-bido deitar na rua, lavar-se nas fontes públicas, prender bicicle-ta em bancos e bater toalhas na janela. A multa, nesses casos, é de até 500 euros.

Em Bolzano é proibido pisar em cogumelos que se encontrem em terrenos públicos (multa de 41 a 113 euros) e, assim como Nápo-les, fumar em parques públicos dá multa de 25 a 500 euros. Já em Verona quem for pego com pros-

tituta leva uma multa de 500 eu-ros. Os “flanelinhas” de Florença, além de multados, têm o dinheiro ganho apreendido pela polícia. No centro de Viareggio é proibido an-dar de skate (multa de 25 a 500 euros). Em Forte de Marmi só é permitido cortar grama do jardim somente de segunda à sexta, na parte da manhã. Quem fizer isso no sábado ou domingo, pode pa-gar multa de até 500 euros.

O delírio dos prefeitos não tem limites. Adeus castelos de areia na praia, pelo menos em Eraclea, que fica perto de Ve-neza. lá, essa é a regra e quem desobedecer leva uma multa de 25 a 250 euros. Em Novara e Go-rizia, após às 23h30 e à meia-noite, respectivamente, é proi-bido circular em grupo de mais de duas pessoas nos parques pú-blicos, senão, multa de até 500 euros. E atenção casais: beijar dentro do carro em Eboli, sul da Itália, também da multa de até 500 euros. Em Vicenza é proibido sentar nos bancos públicos des-tinados aos idosos, mesmo que estes estejam vazios (multa de 25 a 500 euros). E a última que entrará em vigor dia 1 de outu-bro: para garantir a limpeza dos trens, o Trenitalia proibiu a en-trada de cães com mais de 6 qui-los. Cachorros sujos e pulguen-tos mais leves, podem.

O problema não existe só pa-ra o turista que vem de fora e não conhece as novas leis, mas também para os próprios italia-nos. Até porque, o simples des-locamento de uma cidade para outra, ou mesmo de bairro pa-ra outro pode se transformar em multa pesada. Afinal, em Gêno-va, o prefeito decidiu que algu-mas ruas são destinadas à cer-veja e outras, ao suco de laran-

ja. Traduzindo, se você for pego pela polícia municipal tomando uma cerveja na rua do suco de laranja pode ter certeza que será multado. Será que essas leis se-rão respeitadas? Periga virar hino de protesto na Itália uma antiga música do compositor brasileiro Caetano Veloso, Proibido Proibir. É melhor os italianos ouvirem lo-go, antes que a canção seja proi-bida de ser tocada no país.

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 838 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 39

Page 21: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

SaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute

A fibromialgia atinge quatro milhões de italianos e brasileiros, mas a maioria dessas pessoas nem imagina ser portadora de uma doença que não tem cura

Pouco conhecida, muito sentida

Pomodoro neroAlém de terem inventado inúmeras

receitas com o tomate, os italianos acabaram de criar uma variedade que po-tencializa os efeitos positivos do produto. Trata-se do pomodoro nero ou Sun Black, um fruto que, quando amadurece, assume uma coloração violeta, tendendo ao preto graças à presença acentuada de antioxi-dantes, importantes para combater a for-mação dos radicais livres e retardar o pro-cesso de envelhecimento. A criação une, em um único alimento, os componentes nutricionais de muitos frutos, como os da uva preta e do mirtilo.

Teste de HIV nas universidadesEstudantes e professores de 41 uni-

versidades de todo o Brasil poderão fazer teste rápido de HIV sem sair das instituições de ensino. O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de DST e Aids, levará o estande “Fique Sabendo” – estratégia de mobilização para estimular a realização do exame – a todas as cidades por onde a Caravana da União Nacional dos Estudantes (UNE) passará, até novembro. Com o teste rá-pido, o sangue é coletado no local e o resultado sai em até meia hora. Também serão distribuídos camisinhas e materiais educativos sobre prevenção da Aids e de outras doenças sexualmente transmissí-veis (DST). A expectativa da UNE é que 120 mil universitários se beneficiem de atividades de saúde, educação e cultura previstas na programação da Caravana.

Abra os olhosO sonho de ter uma visão perfeita e sem

óculos não é para todo mundo. Para ser candidato à cirurgia de miopia é preciso aten-der a algumas condições. Quem tem outro problema como o astigmatismo, por exemplo, pode acabar enxergando pior do que antes da operação. Há 15 anos os médicos fazem esse tipo de cirurgia no Brasil. Só em São Paulo, um hospital já operou 60 mil pacientes. Segundo o oftalmologista paulista Mauro Campos, a ci-rurgia é indicada para pessoas com mais de 21 anos. “Quando a pessoa tem um grau de mio-pia, hipermetropia ou astigmatismo bastante estável, o olho é saudável e a córnea apresen-ta características que permitam a realização da cirurgia”, explica o especialista.

Pílula “traidora”Pesquisadores da Universidade de li-

verpool, na Inglaterra, descobriram que a pílula anticoncepcional pode in-terferir no olfato das mulheres, levando-as a escolher o parceiro errado. Segundo os especialistas, a escolha de um parcei-ro é determinada por feromônios, sinais químicos quase sem cheiro. Na pesquisa, pediu-se a mulheres que cheirassem odo-res corporais masculinos e indicassem suas preferências. Os resultados mostra-ram que as mulheres que tomavam o an-ticoncepcional escolheram homens ge-neticamente mais similares a elas.

Corrida contra o tempoSegundo um estudo realizado nos Estados

Unidos, correr com freqüência pode re-tardar os efeitos do envelhecimento. A pes-quisa analisou 500 idosos com mais de 50 anos que tiveram o hábito de correr, durante um período de 20 anos, e comparou a saúde e bem-estar físico desses participantes com um grupo similar de não-corredores. De-pois de 19 anos, os pesquisadores da Stan-ford University Medical Center identificaram que 34% dos idosos que não corriam haviam morrido, comparados com apenas 15% entre os que corriam com freqüência.

Gru

po K

eyst

one

nayra Garofle

Dieta MediterrâneaUma equipe de pesquisadores da Univer-

sidade de Florença, na Itália, examinou 12 estudos de vários países sobre a dieta me-diterrânea que, juntos, reuniam mais de 1,5 milhão de participantes e acompanharam os hábitos alimentares e a saúde deles por perí-odos de três a 18 anos. Os cientistas usaram uma pontuação para quantificar o rigor na adoção da dieta. Os participantes com alta pontuação (mais adeptos da dieta mediterrâ-nea) apresentavam condições de saúde me-lhores, uma taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares 9% mais baixa, uma inci-dência 13% mais baixa do Mal de Parkin-son e de Alzheimer e 6% de redução nos casos de câncer.

PiercingEspecialistas da Universidade de Ohio

(EUA) alertam: quanto mais tempo um piercing permanecer no lábio, maior a pos-sibilidade da pessoa desenvolver uma doen-ça periodontal. Isso porque o adorno, quando colocado nos lábios, roça na região próxima aos dentes, o que provoca a retração da gen-giva. Uma opção é utilizar os falsos piercin-gs, que não têm a parte posterior que fica em contato com os dentes.

Div

ulga

ção

Gru

po K

eyst

one

Gru

po K

eyst

one

Gru

po K

eyst

one

Gru

po K

eyst

oneDores musculares e crô-

nicas por todo o corpo. Dificuldades para dormir, cansaço, ansiedade, de-

pressão e problemas gastrintes-tinais. Sintomas como esse, iso-ladamente, podem ser atribuídos ao estresse da vida moderna. Juntos, porém, expressam uma doença: fibromialgia. Apesar de pouco conhecida, atinge cerca de quatro milhões de brasileiros e o mesmo número de italianos. Na Itália, foi até criado um site es-pecializado no esclarecimento da doença (www.fibromyalgia.it).

Ao todo, de 3 a 5% da popu-lação mundial sofrem da doença. O maior problema é que a maio-ria dessas pessoas nem imagina o quanto estão doentes. Membro da Sociedade Brasileira de Reumato-logia, o médico Roberto Heymann informa que a fibromialgia ataca mais as mulheres do que os ho-mens, na proporção de oito para um. O porquê, não se sabe.

Na verdade, ainda há muitos mistérios a respeito dessa doença que se esconde por trás da dificul-dade em se diagnosticá-la. Hey-mann observa que é muito comum

o paciente procurar um cardiolo-gista porque sente palpitação ou um gastroenterologista porque sente desconforto gástrico.

Um estudo da Faculdade de Medicina, da Universidade de São Paulo, realizado no municí-pio de Embú das Artes, na grande São Paulo, revelou que 24% da população estavam propensos a desenvolver a fibromialgia, mas nenhum paciente tinha conheci-mento sobre a doença.

— Fizemos contato via te-lefone e conseguimos preencher 768 questionários das 3109 pes-soas cadastradas na faixa etária de 35 a 60 anos. Ao convidarmos estas pessoas para participar da avaliação, apenas 304 compare-ceram. Avaliamos a qualidade de vida, a qualidade do sono, fadiga, ansiedade e depressão — explica a fisioterapeuta e uma das cinco pesquisadores que participaram do estudo, Cristina Capela.

Com esta pesquisa, chegou-se ao resultado de que 4,4% da popu-lação de Embu já tinham fibromial-gia, mas 20% podem desenvolver a doença por apresentar dores di-fusas e crônicas e forte correlação com os sintomas associados.

A fibromialgia não tem cura. Mas o seu diagnóstico precoce é importante. Afinal, são mui-tos desconfortos que podem ser, pelo menos, aliviados e, com is-so, melhorar um pouco a vida de quem sofre da doença.

Segundo Heymann , atividade física, de preferência aeróbica, de 30 a 60 minutos diários, com intensidade adequada ao doente, uso de medicamentos para alívio da dor, como antidepressivos e neuromoduladores, além de su-porte psicológico, são as princi-pais opções.

— Cada paciente deve ter seu tratamento individualizado e o objetivo é o alívio dos sinto-mas — esclarece Heymann.

Cristina Capela afirma que a fisioterapia também dispõe de recursos que minimizam o im-pacto na qualidade de vida dos fibromiálgicos. Massoterapia à base de Shiatsu, Do-in ou a pró-pria massagem ajudam a aliviar as dores musculares.

— A laserterapia nos pon-tos dolorosos também se mostra eficaz. Da mesma forma, a acu-puntura costuma aliviar as dores, assim como os efeitos da água através da hidroterapia. Alonga-mentos obtidos através do méto-do Pilates e Reeducação Postural Global (RPG) se mostram muito efetivos também — informa.

A doença é caracterizada co-mo uma síndrome de amplifica-ção dolorosa. Ou seja, os meca-nismos neuroendócrinos que con-trolam a dor funcionam de forma inadequada e, conseqüentemen-te, a sensação de dor torna-se maior do que deveria ser.

— Esse paciente passa a sen-tir mais dor proveniente de estí-mulos dolorosos e, também, passa a sentir dor mesmo de estímulos que normalmente não causariam dor. Um carinho, por exemplo, pode se tornar doloroso para es-sas pessoas — afirma Heymann.

O reumatologista acrescen-ta que não é necessário nenhum exame para identificar a fibro-mialgia, já que o diagnóstico é totalmente clínico. Isso signifi-ca que não adianta recorrer ao raio-X, ao ultra-som ou à resso-nância magnética.

Para Heymann, muitas pessoas ainda não conhecem a doença

porque, apesar de antiga, ela é descrita há pouco tempo - cerca de 30 anos. Além disso, é pouco entendida porque a medicina ain-da não conhece adequa-damente os mecanismos que controlam a dor.

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 840 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 41

Page 22: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

Giordano Iapalucci

fiRENzE

PraiaTransferir de Miami (EUA) para o Rio de Janeiro o posto de

capital mundial de moda praia. Esse é o objetivo do Rio Sum-mer 2008, que acontecerá de 5 a 8 de novembro, no Forte de Co-pacabana. O evento reunirá as principais marcas de moda praia do Brasil em desfiles de coleções inéditas. Idealizador e organizador do projeto, o publicitário Nizan Guanaes informou que, para a sua realização, serão investidos 10 milhões de reais.

ParaolimpíadasDepois de ocuparem respectivamente a nona e a 23ª posição

no quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos, Itália e Bra-sil apresentaram um desempenho distinto nas Paraolimpíadas de Pequim. Este ano, a delegação brasileira teve a melhor parti-cipação brasileira na história dos Jogos. Conquistou 47 me-dalhas, sendo 16 de ouro. Ter-minou a competição na nona colocação geral. Em 28° lugar, a Itália conseguiu 14 medalhas (quatro de ouro). O ciclista Fa-bio Triboli, com um ouro e dois bronzes, foi o grande nome da Itália na competição. Já o nadador Daniel Dias foi o Michael Phelps brasileiro. Ele conquistou nada menos que nove medalhas, sendo quatro delas de ouro. Em sua primeira participação nos Jogos, ele subiu ao pódio em todas as provas que disputou e bateu três recordes mundiais. Dias tem má formação congênita nos braços e pernas.

Flora brasileira ameaçadaEspécie de interesse madeireiro, o Peltogyne maranhensis,

também conhecido como pau-roxo e encontrado na Amazô-nia, corre risco de extinção. O palmito ou juçara (de uso alimen-tício), o jaborandi (medicinal) e o pau-rosa (cosmético) também. Todas essas e outras espécies de plantas figuram na lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção, elabora-da pela Fundação Biodiversitas sob encomenda do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Os biomas com maior número de espécies ameaçadas são a Mata Atlântica (276), o Cerrado (131) e a Caatinga (46). A Ama-zônia aparece com 24 espécies, o Pampa com 17 e o Pantanal com duas. O último relatório desse tipo era de 1992.

No que se refere às regiões brasileiras, o Sudeste apresenta o maior número de espécies ameaçadas (348), seguido do Nordeste (168), do Sul (84), do Norte (46) e do Centro-Oeste (44). Neste contexto, Minas Gerais (126), Rio de Janeiro (107), Bahia (93), Espírito Santo (63) e São Paulo (52) são os estados com maior número de espécies ameaçadas.

JazzO Tim Festival traz, para sua sexta edição, dez atrações nacio-

nais e 19 internacionais. The Catz é a maneira como músicos jazzistas costumam se tratar e é também o nome da noite que reunirá três dos grandes nomes do jazz internacional: o america-no Bill Frisell, o trompetista polonês Tomasz Stanko e o pianista compositor e arranjador italiano Enrico Pieranunzi. Este tem se revelado um músico muito original e talentoso, com idéias pró-prias e sensibilidade musical apurada. Inspirador de uma nova vi-da no jazz contemporâneo, trabalhou com um grande número de bandas, tanto italianas como unidades lideradas por americanos. Já trabalhou com muitos dos grandes nomes do jazz como Johnny Griffin, Chet Baker, Art Farmer, lee Konitz e Jim Hall. Pieranunzi é hoje uma referência como um dos pianistas “top” mundiais. O Tim Festival acontece entre os dias 21 e 27 de outubro nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória.

Museu do futebolEsporte número um no coração da maioria dos brasileiros, o

futebol agora tem um lugar cativo para contar suas histórias e, junto a elas, narrar a evolução de um país. Inaugurado no dia 1º de outubro, o Museu do Futebol, instalado nas dependências do Estádio do Pacaembu, em São Paulo, apresenta fotos, fatos e personagens da modalidade desde a década de 1950.

O projeto, assinado pelo arquiteto paulista Roberto Munhoz, é orça-do em 32,5 milhões de reais. O Museu tem sa-las com tema de Copas do Mundo, Gols e Heróis e foi construído com o mesmo conceito do Mu-seu da língua Portugue-sa, também em São Pau-lo e que recebe mensal-mente cerca de 50 mil visitantes. Dentre as curiosidasdes, a história da primeira partida em que os 22 jogadores foram expulsos. Daniela Thomas, co-di-retora do aclamado filme linha de Passe é a responsável pela ce-nografia. O museu funciona das 10h às 17h, de terça a domingo (com exceção dos dias em que houver jogos, quando não abrirá). O ingresso sai a seis reais.

PedaladasEstá previsto para este mês o início de um novo serviço pa-

ra turistas e moradores do Rio. São as bicicletas de aluguel. Oito estações públicas serão inauguradas. Os terminais serão ins-talados em quatro pontos da orla de Copacabana e leme, no Par-que da Garota de Ipanema e nas estações de metrô de Cantagalo, Siqueira Campos e Cardeal Arcoverde. Em cada ponto do proje-to Solução Alternativa para Mobilidade por Bicicletas de Aluguel (Samba) haverá até 20 bicicletas. Operada pela empresa Serttel, o projeto é orçado em cinco milhões de reais. Computadorizadas, as estações serão controladas à distância por uma central. Os usu-ários deverão se cadastrar via internet e contarão com três tipos de passes (anual, semanal ou diário). A primeira meia hora de uso será gratuita. Ainda não há limitação na idade dos usuários, mas a exemplo do que ocorre em Paris, a empresa responsável pelo empreendimento sugere que os clientes tenham mais de 13 anos. Segundo a prefeitura, os ciclistas representam hoje 4% do total de 11 milhões de viagens diárias realizadas na cidade.

notas

Jonas Mekas a LuccaPresso la Fondazione Centro Studi sull’Arte

Ragghianti di lucca, da venerdì 10 otto-bre a domenica 2 novembre sarà presente una mostra dedicata ad un personaggio di spicco del cinema sperimentale di livello mondiale, Jonas Mekas. Il critico, di origine lituana ma residente a New York, viene considerato uno dei padri dell’innovazione e sperimentazione del linguaggio cinematografico contempora-neo. Si inserisce però non nel contesto della distribuzione commerciale e di larga scala di Hollywood, ma all’interno del cinema dichia-ratamente d’avanguardia ed indipendente. A lucca saranno presenti varie proiezioni di video dell’ampia produzione artistica di Me-kas. Orario 10-13, 1-19. lunedì chiuso. Info: www.fondazioneragghianti.it

DeGustiBooks 2008All’interno del Festival della Creatività sarà

presente l’iniziativa “DeGustiBooks”, un percorso dove il connubio tra buon cibo, de-gustazioni e presentazioni di libri sarà il filo conduttore per tutti i quattro giorni dell’even-to: dal 23 al 26 ottobre. Sarà presente una ricchissima libreria con laboratori tematici, spettacoli teatrali e grandi chef alle prese con la propria inventiva nelle preparazioni di sfi-ziosi piatti. Rispetto alle precedenti edizioni, la novità sarà il “food design”, dove saranno messi in risalto le forme e i colori per le at-trezzature e l’oggettistica in funzione del con-sumo alimentare. Per i più piccoli e non solo, è disponibile il workshop di disegno creativo e la realizzazione di ricette tratte da film e li-bri. Info: www.degustibooks.it

Festival della CreativitàSotto il tema dei “Viaggi, visioni e scoper-

te” si apre il 23 ottobre la terza edizio-ne del Festival della Creatività 2008. Un te-ma questo che anticipa, e allo stesso tempo apre, le celebrazioni del 2009 nei confronti di un grande scenziato come Galileo Galilei (400 anni dalla scoperta del telescopio). Nel suo stile sobrio e creativo, indirizzato alla

valorizzazione dell’ingegno, il Festival proporrà viaggi più o meno virtuali verso mondi futuri nel tempo e nello spa-

zio attraverso nuove tecnolo-gie. Spazio ai laboratori e scien-ziati di tutta Europa e dagli Stati Uniti con la presenza della Nasa.

Il Brasile, ospite d’onore, avrà il suo proprio padiglione dove saranno presen-ti istituzioni, enti culturali e aziende

brasiliane. Info www.festivaldellacreativita.it

Il calcio al museoIl progetto di un museo per gli appas-

sionati del calcio è nata durante i la-vori per i mondiali organizzati in Italia nel 1990. l’idea era quella di creare un centro di documentazione storica e cul-turale del gioco del calcio come espres-sione del patrimonio culturale e sporti-vo italiano: una collezione di oggetti e reperti della Federazione Italiana Giuoco Calcio costituita da coppe, palloni, ma-glie, scarpe e molto altro per cercare di rivivere la storia dei grandi campioni at-traverso gli eventi sportivi più importan-ti. Il museo è stato inaugurato nel 2000. Ingresso 3 euro. Informazioni e prenota-zioni: www.museodelcalcio.it.

Cercate di ricordare tutte le “due ruote” presenti nei film più cele-bri di Hollywood ed europei. Ecco,

per chi visita lucca dal 18 ottobre al 2 no-vembre sarà possibile toccare con mano ta-li cimeli: dalla Vespa Piaggio di “Vacanze Romane”, dove Gregory Peck porta a spas-so per Roma Audrey Hepburn, alla Harley-

Davidson di “Easy Rider”, dal sidecar di In-diana Jones in “Ultima Crociata” fino alla Moto Guzzi nel film “Zampanò”, di Federico Fellini. In totale saranno 27 incredibili re-pliche perfettamente funzionanti accompa-gnate da circa 200 immagini tra locandine, foto di scena e manifesti di film. Presso il “Punto Fiera” di lucca, Via delle Tagliate.

Moto&Cinema a Lucca

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 842 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 43

Page 23: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

fotografia

ra mostrar um pouco de sua obra, mas para ministrar o workshop A idéia atrás da foto, sobre co-mo a evolução tecnológica e as pressões do mercado influenciam o olhar do fotógrafo. Para Cito, a imagem se constrói atrás da câ-mera, na mente do profissional.

— Não basta ter uma câme-ra e fotografar. A fotografia se constrói antes, é preciso criá-la, imaginá-la antes de fotografar — afirma.

Com 59 anos, sendo 33 deles dedicado à carreira, Cito costu-ma ver suas fotos em publicações como as revistas Panorama e Life e jornais como Corriere della Sera e Sunday Times, para citar só al-guns. Da mesma forma como ele, hoje, “constrói” sua imagem an-tes de clicá-la, o fazer fotográfico foi sendo construído aos poucos, na mente de Cito. Tudo começou com um fascínio infantil.

Quando menino, sempre lia sobre as aventuras de Walter Bo-natti, alpinista e repórter italiano. Eram os tempos de ouro do foto-jornalismo na Itália. Por meio da-quelas fotos e daquelas estórias, Cito sonhava com a aventura.

— Eu entendia a fotografia como um discurso de aventura pa-ra conhecer o mundo. Hoje ela é tudo para mim: o saber, o conhe-cimento, meu modo de ser, meu trabalho — revela. — No início, fotografava sem saber bem o que queria fotografar, fotografava de tudo. Até que senti necessidade de ver até que ponto iria minha capacidade. Foi quando comecei a documentar as guerras.

Autodidata, o italiano come-çou a fotografar em 1972. Na-quela época, apontava suas len-tes para músicos e concertos rea-lizados, geralmente, em londres. Três anos depois, passou a atuar como repórter fotográfico pro-fissional. Ele conta que sempre

optou por trabalhar como free-lancer, para se “sentir livre”. Ci-to admite que sua relação, hoje, com os jornais “é péssima” por acreditar que “os jornais deixa-ram de produzir informação”.

O fotógrafo mora em Milão, um lugar que, confessa, não o atrai fotograficamente. Já na sua Nápo-les natal, sempre trabalhou muito, apesar de manter com a cidade um “caso de amor e ódio”. Na Itália, seus principais trabalhos foram os que registraram o Palio de Siena, a Sardegna, a máfia (mais expli-citamente a Camorra), a pesca de atum e casamentos.

Com o Brasil, o fotógrafo teve somente uma “relação de amor”. Ele conta ter ficado encantado com “a hospitalidade recebida, a gentileza das pessoas e a beleza do país”.

— Foi maravilhoso poder participar do evento. Desde que cheguei a Paraty, conheci pesso-as simpáticas e gentis. É um país muito belo — afirma ele que, da-qui, voltou para a Itália para dar continuidade ao trabalho que es-tá priorizando, no momento. — É um trabalho que sempre quis começar, mas sempre deixava de lado. É uma pesquisa sobre pes-soas que vivem em coma perma-nente — conta.

Paraty em FocoAo conhecer a Festa literária de Paraty (Flip), o fotógrafo italiano Giancarlo Mecarelli pensou: “Se há uma festa dedicada à literatu-ra, por que não pode haver uma outra dedicada à fotografia?”.

Foi a partir desta idéia que surgiu, em 2005, o Festival In-ternacional de Fotografia – Para-ty em Foco. Desde então, jorna-listas, curadores, editores, críti-cos, interessados em fotografia

e, claro, fotógrafos marcam pre-sença no evento que este ano trouxe, além de Francesco Cito, o fotógrafo americano Jay Col-ton, e nomes consagrados como Bruce Gilden, Machiel Botman, Evandro Teixeira, Ralph Gibson, luiz Braga, Orlando Azevedo, Pierre Devin, Nair Benedict e Ro-gério Reis.

— Fiquei encantado com a Flip e com o charme da cidade. Então, decidi abrir a Galeria Zoom em 2004 e, a partir dali, dei iní-cio ao Paraty em Foco. A cidade recebeu quase três mil pessoas este ano — diz Mecarelli.

Italiano de Trevi, na Úmbria, Mecarelli foi criado em São Pau-lo, desde os cinco anos de idade. Estudou e trabalhou no Brasil até que foi para a Europa, em 1967. Ficou por lá durante cinco anos, onde atuou como diretor de arte de grandes agências de publici-dade como McCann Erickson, Ma-sius e Young & Rubican. Vários de seus trabalhos foram assina-dos por fotógrafos do porte de Oliviero Toscani.

Nos anos 70, ele voltou pa-ra o Brasil, mas desembarcou no

Evento fotográfico criado por um italiano radicado no Brasil, Paraty em Foco trouxe ao país, pela primeira vez, o premiado Francesco Cito, especializado em fotos de guerra

Por trás da câmera

nayra Garofle

Rio de Janeiro, onde trabalhou como diretor de arte das agên-cias DPZ, Esquire, SGB e Denison, as maiores daqui. Em 1981, re-tornou outra vez para a Europa. Morou em Barcelona e Milão. Na cidade italiana, fez parte de um novo grupo de criação da agência Young & Rubican comandado por Gavino Sanna.

Esse convívio com grandes nomes da fotografia fez Mecarelli decidir ser um fotógrafo freelan-cer. Desde 1987, passou a ter fo-tos publicadas em importantes revistas e jornais italianos, entre os quais L’Espresso, Panorama, Max, Máxime e Moda.

Hoje, morador de Paraty, Me-carelli afirma que o principal ob-jetivo do evento que organiza é a divulgação da arte de fotografar que hoje “está se perdendo devi-do ao método digital”.

— Eu uso digital, mas uso digital como meio e não como a salvação do meu trabalho. Eu uso pela facilidade, pois traba-lho com computador já que, na minha origem, sou ilustrador. Mas muitos começam hoje com câmera digital e já acham que

são fotógrafos. A fotografia não é fazer fotos. É procurar a foto — explica.

A Galeria Zoom, agora com patrocínio da Fnac, está em sua 15ª exposição e já conta com mais de 40 mil visitas. Além dis-so e do Paraty em Foco, Mecarelli vai relançar, este mês, na Itália, o livro City Angel, feito em 2004 com retratos de personalidades no meio artístico, popular e po-lítico italiano. A renda desse li-vro será destinada a jovens pa-cientes terminais da cidade de Brescia. Entre as personalidades fotografadas para o livro estão o então prefeito de Milão, Gabriele Albertini, o estilista Fiorucci e o próprio Francesco Cito.

Pensar em voltar para a Itá-lia não está nos planos de Meca-relli, pelo menos, por enquanto. Envolvido com projetos no Brasil e apaixonado por Paraty, o fotó-grafo pretende ficar por aqui.

— Não vou dizer que não vou morar mais na Itália. Por agora, tenho projetos para levar à fren-te no Brasil e acho que é impor-tante acreditar no que faço neste momento — afirma.

go para imagens como a de um Matrimoni napoletani. Foi justa-mente essa foto que lhe rendeu um World Press Photo.

Celebrado em todo o mundo, Cito conhece grande parte do nos-so planeta, mas nunca tinha pisa-do no Brasil, até o mês passado. Ele foi a grande estrela da 4ª edi-ção do Festival Internacional de Fotografia - Paraty em Foco, re-alizado na costa verde fluminen-se. Foi convidado não apenas pa-

O napolitano Franceso Cito foi o único fotógrafo pro-fissional a documentar a queda de Beddawi, a úl-

tima fortaleza do líder palestino Yasser Arafat, no líbano. Também registrou os horrores dos sangren-tos conflitos dos Bálcãs, Bósnia e Kosovo. Ele tem se especializado em fotos de guerra. Mas isso não o embruteceu a ponto de ficar ce-

Acima, fotos de Francesco Cito tiradas no Afeganistão, em 1989 e um flagrante da prisão de dois ladrões, em Nápoles, em 1983. Abaixo, Cito posa para Giancarlo Mecarelli, para o livro City Angel

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

Fran

cesc

o C

ito

44 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 45C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 8

Page 24: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

literatura

Um lugar que te aborrece e te leva ao êxtase no arco de dez minutos e num raio de cem metros. Assim é a

Itália, segundo o escritor e jorna-lista Beppe Severgnini. Colunista de um dos maiores jornais italia-nos, o Corriere della Sera, ele lan-çou seu olhar apurado em direção ao próprio país na tentativa de en-tendê-lo. Muito do que captou está no livro A cabeça do italiano, lan-çado por lá em 2005 e que só agora chega por aqui (editora Record).

Três anos depois, o livro não poderia ser mais atual. Quando foi lançado na Itália, era Berlusconi quem estava no comando do país. Em entrevista por e-mail à Comu-nità, Severgnini afirma não ter se surpreendido com a volta do Ca-valiere ao poder, após um breve período em que a Itália teve como premier Romano Prodi. Na opinião do jornalista, Berlusconi é “mais parecido com os italianos” do que Walter Veltroni que disputou com ele as últimas eleições, em abril.

— Berlusconi conhece as en-tranhas dos italianos — diz Se-vergnini que, no seu livro, afirma que a “incômoda posição de Ber-lusconi (de ser primeiro-ministro e também dono dos principais meios de comunicação do país) não será enfrentada enquanto os italianos não a considerarem um problema”. E não é um problema, segundo o autor, porque “as únicas institui-ções políticas nativas da Itália são a municipalidade e o senhorio feudal”. Sendo assim, ele observa que, para os italianos ”é melhor adular o signore ou aproveitar-se dele, do que lhe pedir que aja com lisura e imparcialidade”.

Severgnini não passa a mão na cabeça dos seus compatriotas. Mas deixa claro, no livro, que ele só pode fazer isso porque ama e admira profundamente seu país. Ele conta que esse “conflito” foi a principal dificuldade que en-frentou para realizar seu “dese-jo de explicar uma nação difícil como a Itália”, justamente por perceber que não seria uma tare-fa fácil “falar com objetividade e amor do próprio país”.

— Foi mais fácil escrever sobre os americanos nos Esta-dos Unidos e sobre os ingleses. Sobre os brasileiros, eu gostaria de escrever, mas conheço vocês pouco demais para isso — admi-te ele que é o autor do best sel-ler internacional Ciao, America e lança, em novembro, Italians: a volta ao mundo em 80 pizzas so-bre seus compatriotas que vivem no exterior levados para fora do país pela última onda de emigra-ção profissional.

Em A cabeça do italiano, Se-vergnini se propôs a fazer um guia. Mas ao invés de roteiros e sugestões do que se visitar na Itália, ele descreve as situações com as quais um “estrangeiro” vai se deparar conforme se deslo-ca pelo país. Sua viagem começa em Milão, cruza a Toscana, passa por Roma, Nápoles, Sardenha e,

“sobe” de volta a Milão, passando antes por Crema, a cidade natal do escritor e onde ainda mora, con-siderada por ele uma “obra-prima do ponto de vista urbanístico, so-cial, econômico e político”.

Os lugares por onde o au-tor passa servem como desculpa para ele falar da forma como os italianos agem nas praias, res-taurantes, aeroportos, condo-mínios, piazzas, jardins e escri-tórios. Severgnini faz também alguns bem humorados tratados sobre a relação dos compatriotas com o telefone celular, o carro, a TV e a família.

logo nas linhas iniciais do li-vro, o autor dá sua primeira reco-mendação: “Não confiem nos sor-risos fáceis, nos olhares brilhantes e na elegância de muitos italianos. Desconfiem da pose de todos”. De-pois, deixa claro que a “nossa” Itá-lia não é a mesma dos italianos. Ele é categórico ao afirmar que se trata de um país “sedutor, mas complicado” e emenda: “Na Itália, pode-se andar em círculos durante anos a fio. E isso, naturalmente, é muito divertido”. Mais: “A Itália é a única oficina do mundo que pode produzir, ao mesmo tempo, Botti-cellis e Berlusconis”.

Para o “estrangeiro” que não desistiu de “conhecer” o país e continuou na leitura, Severgnini

passa para algumas dicas úteis, necessárias, mesmo, para se so-breviver na Itália. “Para nós, é um insulto à inteligência obedecer a um regulamento”, alerta. A partir daí, ele explica porque um sinal de trânsito vermelho não signifi-ca, necessariamente, que um mo-torista italiano vá parar o seu car-ro. Afinal, como todas as leis, na Itália, o que nos diz um semáforo “depende de interpretações”.

— Os italianos adoram as ex-ceções e as emergências. E ficam muito entediados com a rotina — explica Severgnini.

É por conta disso que ele afirma que, “até um certo pon-to”, não se pode chamar de exa-gero cenas de filmes como o da comédia romântica norte-ameri-cana Only You que mostra a mo-cinha (Marisa Tomei) atrasando a partida de um avião em um ae-roporto italiano, sob a alegação de que precisa embarcar para se juntar ao amor de sua vida (Ro-bert Downey Jr.), que está na ae-ronave. E ela consegue chegar a bordo, graças à cumplicidade de toda a companhia aérea, italia-na, é claro.

Uma vez na Toscana, o “estran-geiro” precisa ter muita cautela. No livro, Severgnini informa que essa região “é a síntese das prin-cipais concepções errôneas sobre a Itália – a gentileza é espinho-sa, mas achamos melhor ignorar os espinhos”. Na capital, Florença, os prestadores de serviço são mal humorados. Seriam os florentinos os parisienses da Itália?

— Florença é uma cidade as-sediada pelo turismo. É difícil manter o bom humor. É também uma cidade sui generis, linda e

Lançado no Brasil o livro do jornalista italiano Beppe Severgnini que ajuda a entender esse complicado e fascinante país chamado Itália

Entre Botticellis e Berlusconis

Sônia apolinário

inteligente, mas com um defei-to: se considera auto-suficiente. Hoje em dia não é mais assim — afirma o escritor.

Um dos assuntos mais discu-tidos na Itália, neste ano, tam-bém é abordado no livro de Se-vergnini: a imigração. É quando está na Sardenha que ele fala so-bre o tema. O autor informa que, no país, vivem “dois milhões e meio de imigrantes com papéis em dia e um número impreciso de clandestinos”. E que a agricul-tura do sul da Itália vive dessa mão-de-obra temporária. O autor conta que “pessoas insuspeitas” se utilizam dos ilegais para ter empregados descartáveis. Mas diz que “a maioria dos italianos” age de forma “honesta” com os imi-grantes. Neste caso, são “italia-nos que lembram como nós éra-mos, até não muito tempo atrás, os emigrantes necessitados”.

No livro, Severgnini defen-de a regularização da imigração para evitar o que acontece ho-je: “damos aos que chegam um trabalho, mas negamos respeito e direitos; prometemos um pas-saporte, e, em troca, não pedi-mos nem mesmo que aprendam a língua, que permanece o colante mais eficaz da nação”.

— O pacote de segurança não é perfeito, mas alguma coisa pre-cisava ser feita e a esquerda não entendeu isso — afirma o escri-tor que considera “embaraçosa” a lei “salva premier”, recentemen-te aprovada pelo Parlamento, por bloquear cem mil processos. — A alternativa proposta pelo gover-no para salvar o chefe era pior. Agora, Berlusconi não tem mais álibi: ele que governe. A Itália precisava disso.

É por essas e outras situa-ções que o autor está certo que o italiano é, sim, um povo dife-rente a ponto de precisar de al-guém que o decifre. Na opinião de Severgnini, o maior defeito do italiano “é ser inteligente”. E esse “defeito” também se aplica aos brasileiros. Que outras seme-lhanças temos?

— Temos em comum genti-leza, generosidade, gênio e gos-to. Infelizmente, também temos em comum um pouco de falta de confiabilidade e inteligência de-mais. Como já disse, inteligência é um problema.

Colaborou Cristiana Cocco

Para ser feliz na Itália, segundo Severgnini“Julgamos os livros pela capa, os políticos pelo sorriso, as lâmpa-das pelo design, os carros pelo estilo e as pessoas pelos títulos”.

“Preferimos os gestos bonitos ao bom comportamento”.

“Depois das dez da manhã, é contra a ética pedir um cappucino. Bebericá-lo depois de uma refeição é coisa de americano”.

“Pizza ao meio-dia é para estudantes. Massa com carne é constrangedor. Parmesão ralado sobre marisco é uma ofensa”.

“Não espere ser paparicado ou agradado nas butiques de Milão”.

“Na Toscana, o debate é esporte profissional. Não caia na tentação de participar”.

“Se um estrangeiro fechar os olhos e pensar na Itália, não virá à mente o Coliseu, mas a imagem de um sujeito que fala alto com a mão na orelha”.

“Intalliamento: prática que consiste em parar no meio da calçada enquanto se decide o que fazer. Muitos estrangeiros a confundem com indecisão, mas é uma forma de antecipação do prazer, que requer certa maestria”.

“Se a Itália não deixá-los perplexos é porque os enganou”.

“O caos agradável é a nossa aspiração”.

46 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 47C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 8

Page 25: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

arquitetura

A moradia está sendo mal cuidada pelos seus habi-tantes. Essa atual rela-ção entre o ser humano e

sua casa será o alicerce para os principais debates que serão tra-vados durante a Bienal Interna-cional de Arquitetura de Veneza. Essa cidade italiana de constru-ções praticamente imutáveis será palco, até novembro, da edição 2008 desse que é o maior evento do mundo dedicado ao assunto.

Este ano, participam cem ar-quitetos convidados - entre eles nomes como Frank O. Ghery, Zaha Hadid, An Te liu, Herzog & Me-de Meuron. Ao todo, espalhados entre os 56 pavilhões de vários países, estarão 300 profissionais do setor. Da Bienal se espera que sejam lançadas luzes sobre os novos modelos arquitetônicos a se seguir.

A recuperação de áreas ver-des, o resgate e a modificação de prédios inteiros são alguns dos pontos de convergência do evento deste ano. A implanta-ção de jardins suspensos em fa-

chadas “cegas” e em parapeitos de viadutos é uma idéia que ga-nha espaço. Ao contrário dos anos anteriores, a atual edição privilegia a experiência de vida de quem vive nos apartamen-tos e o seu construtor e “pen-sador”, o arquiteto. Os organi-zadores têm como objetivo au-mentar a consciência de quem

trabalha com arquitetura e de quem depende dela para viver melhor, ou seja, a maioria dos pobres mortais.

A Bienal pretende resgatar os valores tradicionais da arqui-tetura que muitos profissionais consideram atualmente enterra-dos nos “túmulos de cimento” em que se tornaram os edifícios

modernos. Túmulos esses que estariam matando a principal razão de ser da moradia: aquele momento quando chegamos em casa e...nos sentimos em casa - e não em um simples dormitó-rio, que não sentimos o menor prazer em cuidar.

Para conhecer o que muita gente pelo mundo está fazendo para viver melhor, os visitantes poderão visitar a Out There: Ar-chitecture Beyond Buildings.

BrasilO pavilhão do Brasil fica num can-tinho dos Giardini, entre um pe-queno canal e o Grande Canal de Veneza. Para chegar até lá é ne-cessário atravessar uma ponte. Quem entra se surpreende ao per-ceber que o próprio prédio em ci-mento armado se transformou em parte do projeto. O curador Rober-to loeb criou no ambiente uma biblioteca. Ele montou duas salas de leitura. Os livros fazem parte do projeto brasileiro para a Bie-nal. As suas páginas contam as histórias de 86 pessoas e suas re-lações com o meio ambiente onde vivem, incluindo, claro, a arquite-tura. Em entrevista à Comunità, o arquiteto explica o projeto.

Comunità Italiana - O que o Bra-sil apresenta nesta Bienal?Roberto Loeb - Trouxemos o de-poimento de pessoas comuns

como taxistas, enfermeiras, de-legados de policia e médicos. Eles formam um conjunto de pensamento sobre o que signi-fica o “morar”. Cada um lembra das coisas mais importantes das suas vidas e muitos vão além ao dar propostas de soluções ar-quitetônicas para as cidades. CI - Como nasceu a idéia deste projeto para a Bienal?

Loeb – Tivemos pouco tempo para executar o projeto. Tudo foi feito em um mês e meio. Quando rece-bemos o convite, a primeira idéia foi a de não trabalhar com ar-quitetos, mas com o que a maio-ria da população pensa a respei-to das moradias onde vive. Pedi-mos aos entrevistados que antes dos depoimentos, nos indicassem uma foto que representasse o seu pensamento. O Tunga, um artista plástico, escolheu uma escultu-ra de pedra. Ele diz que o Rio de Janeiro é um prato belíssimo com uma salada de fruta medíocre. Ou seja, a cidade é muito bonita, mas as construções são mal cuidadas.CI - Por que o senhor optou pelos “clientes” dos arquitetos?Loeb - Temos arquitetos muito criativos, mas a mídia já se ocu-pa muito deles. Achei que era um momento de reflexão. Por exem-plo, temos uma bailarina do Rio de Janeiro cuja memória mais importante é a da praia. Ela es-colheu esta profissão, mas no fundo, é uma moça de praia e o

Guilherme aquinoCorrespondente • Milão

Brasil leva o morador comum para a Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza. Nesta edição, o evento vai discutir as casas modernas, tidas como um convite ao isolamento

Solidão no túmulo de cimento

movimento, o espaço e paisagem são o que estão mais dentro do inconsciente dela e isso mobiliza uma pessoa a vida inteira.CI - Os arquitetos brasileiros es-cutam os clientes?Loeb - Os arquitetos estão pre-parados, escutam e fazem um enorme esforço para desenvolver e mudar a cara das cidades. Mas sozinhos, não podem fazer isso. Penso que arquitetura deve se abrir, em termos da participação das comunidades, através de uma intervenção direta com a qual as pessoas possam projetar e cons-truir com o auxilio de especia-listas, arquitetos, engenheiros e

Robô

Pesquisa

Tendência

Protestos

A Suíça vai apresentar o equipamento de construção mais avança-do do mundo. Trata-se de um robô criado por técnicos do estú-

dio Gramazio & Kohler for Archi-tecture and Digital Fabrication, do departamento de Arquitetura da ETH de Zurique. Ele usa a lei da ação e da reação ao limite da possibilidade concreta. Esse “pe-dreiro cibernético” realiza com-plicados cálculos matemáticos para empilhar, em 20 segundos, tijolos em angulações e alturas diferentes – um trabalho impossível para um homem, segundo Nadine Jerchau, da Digital Fabrication.

Vem da Austrália o resultado de um estudo que prevê uma

humanidade solitária se o proble-ma da moradia não apontar pa-ra projetos que unam e integrem mais as pessoas. Segundo o Autra-lian Bureau of Statistcs, 3,1 mi-lhões de pessoas irão viver sozi-nhas em 2026. Uma solidão que faz bem ao mercado de consumo, mas que isola cada vez mais o ser humano do seu vizinho de porta.

Fora do próprio pavilhão, a arquitetura brasileira ganhou des-taque no espaço francês. Tudo por causa de um escritório

franco-brasileiro responsável pela construção de dois prédios no bairro de Vila Madalena, em São Paulo: o edifício Harmonia e uma residência na rua Fidalga. Os projetos fogem dos padrões, apos-tam na ecologia, no mo-vimento de fachadas e em diferentes disposições dos apartamentos, conceitos muito em voga para a “ar-quitetura de amanhã”.

— Percebemos que já existe um movimento de modificação dos atuais pré-dios através de mudanças nas fachadas, transforma-ção de edifícios através das paredes derrubadas com a abertura de varandas fechadas, o que dá uma nova vida às antigas construções — diz o arquiteto por-tuguês João luiz Fera, do escritório Promontório.

A Estônia trouxe uma tu-bulação de gás para de-

nunciar a dependência da Europa do gás russo. Tem 63 metros de comprimento e se perde pelo bosque da expo-sição. Já a Suíça colocou um casal nu em uma cama, den-tro do Arsenale, local onde acontece boa parte da Bie-nal. Trata-se de uma instala-ção animada que representa a “desconstrução” da atual arquitetura e prega uma vol-ta às origens mais simples do homem.

ecologistas. A arquitetura tem es-ta face interessante que permite o trabalho entre grandes equipes. CI - A mostra abre com o barraco de uma sem teto em São Paulo. Por quê?Loeb - Nosso artista, o Cabelo, fo-tografou embaixo de um viaduto, um morador de rua que coletou restos e fez um palácio. Ele mos-tra que através da reciclagem, do amor, da simplicidade e do pra-zer você pode fazer muito, mes-mo com pouca coisa. Ele pegou móveis antigos e pintou detalhes em dourado. Pegou tapetes joga-dos fora, reciclou e fez um belo canto para ele.

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 848 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 49

Page 26: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

No litoral de Pernambuco, o conhecido balneário de Porto de Galinhas garan-te a badalação não ape-

nas no verão, como durante todo o ano. Porém, a menos de uma hora de carro de lá, existe um pequeno paraíso que os brasi-leiros quase não conhecem, mas que já deixou de ser segredo para muitos italianos, há mais de dez anos. Trata-se de Tamandaré, um segredo que começou a ser espa-lhado pela Itália por um padre.

A rústica vila “reina” ao lon-go de 16 quilômetros de mar, que brinda o visitante com praias de areia branca e água morna e cris-talina. Nos últimos anos, tem atraído para lá pessoas em busca de um outro ritmo de vida. Todas vítimas de uma fulminante pai-xão à primeira vista.

O município é novo. Com me-nos de 20 mil habitantes, somen-te há 11 anos se emancipou de

Rio Formoso. As praias de Cam-pas, Tamandaré e Carneiros agora começam a atrair mais turistas. Ouvir pessoas falando em italia-no por ali é comum. Na maioria das vezes, quem fala não é um turista, mas um “local”.

— Eu era dono de uma pou-sada na Puglia, no sul da Itália, e uma amiga que já conhecia Taman-daré me informou que havia uma pousada à venda, por aqui. Vim para conhecer, gostei e comprei — diz o italiano de Verona, Alber-to Altiere, de 59 anos, que vive na cidade desde 2002 e é o proprietá-rio da pousada Porto Bello.

É a partir de setembro que os italianos começam a desembar-car em Tamandaré. Foi por essa época, em 1997, que Ilario Ca-pelli visitou a vila pela primeira vez. Chegou como turista e, na-quele mesmo ano, casou-se com a pernambucana Eliane Chagas. Em 2004, depois de morar por um

tempo na Inglaterra, voltaram ao “ponto de partida”, já dispostos a montar um negócio. E assim criaram a Pizzeria Farol.

— Muita gente ainda não co-nhece Tamandaré, mas os italia-nos adoram vir para cá. Só neste último mês de agosto recebemos um grupo de 15. Isso aqui é um paraíso — afirma Capelli, nasci-do na Brescia.

Ele tem como “concorrente” a Almirante, a primeira pizzaria da cidade, onde a proprietária Nadir Coimbra atende os clien-

tes com toda a simpatia pernam-bucana. E deliciosas fornadas do “quitute” italiano.

Além dos estrangeiros, a cida-de tem abrigado brasileiros de ou-tros estados que se encantam com a beleza selvagem do lugar e dei-xam a vida dos grandes centros ur-banos em troca de paz e qualidade de vida. Foi isso o que aconteceu com luciana Maioli, que saiu do Rio Grande do Sul há 11 anos.

— Minha irmã morava no Re-cife e eu vim para visitá-la. Co-nheci meu marido e nunca mais voltei para o Sul. Viemos morar em Tamandaré e investimos no local. É um verdadeiro caso de amor — diz luciana que abriu, com o marido, há um ano, a úni-ca cafeteria da cidade, a Degutti Cafés e Sorvetes.

A gaúcha Themis Nayla tam-bém escolheu Tamandaré para vi-ver. No Rio Grande do Sul, deixou seu emprego como administrado-ra de empresas e, junto ao mari-do já aposentado, percorreu to-do o litoral brasileiro em busca de um lugar para abrir a pousada Recanto dos Corais.

— Nós passamos alguns anos viajando pelo Brasil em busca deste paraíso. Foram 85 mil qui-lômetros de carro e mais alguns mil de avião — conta Themis.

O restaurante de Tamandaré conhecido pelos saborosos pra-tos especializados em frutos do mar atende pelo nome de O pes-cador. A proprietária Maria de Je-sus, de 54 anos, realizou o anti-go sonho depois de viver 10 anos em Portugal. lá, ela trabalhou como faxineira e juntou o di-nheiro necessário para construir

o restaurante que se tornou o mais famoso da cidade.

— Isso aqui é fruto de muito esforço e um sonho que eu tinha desde nova, de ter o meu próprio restaurante. Recebo muitos ita-lianos aqui e eles adoram a co-mida — conta.

HistóriaA Vila Tamandaré nasceu no sé-culo 16 e cresceu junto com a agroindústria açucareira de Per-nambuco. O turismo é, hoje, uma das principais atividades econô-micas do município, cujas praias estão em uma área de proteção ambiental federal. A praia mais famosa do lugar é Carneiros. Foi assim batizada porque os primei-ros portugueses que chegaram ao local tinham este sobreno-me. Um cenário paradisíaco, com grandes coqueirais e cinco quilô-metros de areia branca. O lugar ainda tem pouca infra-estrutura turística. Mas já conta com uma ampla rede hoteleira que vai des-de as pousadas mais simples aos mais exuberantes resorts.

Imperdíveis são os passeios de catamarã pelos rios Ariquin-dá e Formoso. Com duração mé-dia de uma hora e meia, é possí-vel avistar as praias, o encontro dos rios, aproveitar o banho de argila e se banhar nas piscinas formadas pelos bancos de areia e recifes de corais quando a ma-ré está baixa. Na beira da praia, logo depois de aproveitar o pas-seio, a dica é almoçar no restau-rante Bora Bora.

Além das praiasO nordeste brasileiro é conheci-do pelas suas belas praias, mas também por ser a região mais carente do país. Foi por isso que, em 1982, desembarcou em São José do Egito (PE) o padre italiano Enzo Rizzo. Depois de suas experiências como voluntá-rio na áfrica, ele optou por atu-ar na América latina e veio para o Brasil.

Em 1994, chegou em Taman-daré e criou a Paróquia São Pe-dro. Na visão do padre Rizzo, as crianças da comunidade precisa-vam de uma família. Esta foi a base inicial para o seu projeto que teve início em 1995. Com a ajuda de um grupo de amigos italianos, foi construído o Asilo Solidariedade, para atender 40 crianças do local.

O asilo se transformou em cre-che e hoje se chama Associação Padre Enzo Solidariedade para Ta-mandaré. Com a ajuda do Gruppo Italiano Sviluppo in America Lati-na que faz a captação de novos “padrinhos” e doadores, a creche já atende cerca de 500 crianças.

— Cerca de 90% dos padri-nhos que adotam nossas crian-ças, ou seja, que enviam di-nheiro para ajudar a mantê-las na creche, são italianos. Muitas vezes, um padrinho tem mais de um afilhado — explica Irmã As-sunta Dacanal, enfermeira-chefe da creche.

As crianças recebem cinco re-feições diárias e reforço escolar. Quando fazem 14 anos ou com-pletam a quarta série primária, precisam deixar a creche. Mas podem continuar a freqüentá-la para aprender costura, bordado, pintura e panificação.

Padre Rizzo morreu em 2000. Sua obra perdura até os dias atu-ais graças à ajuda dos padrinhos italianos e da boa vontade da-queles que trabalham na creche.

— Se hoje sou este homem agradeço ao padre, a quem tive a felicidade de conhecer. A creche

foi fundamental na minha forma-ção e tenho orgulho de trabalhar hoje aqui — afirma o pedagogo Ivaldo Júnior, de 28 anos.

Para conhecer uma nova cul-tura e, paralelamente, trabalhar como voluntário, o italiano Da-niele Bellocchio, de 19 anos, dei-xou a província de lodi, na lom-bardia, para passar 20 dias na creche, no mês passado.

— Meu pai tem um amigo que é padrinho de umas crianças da creche e eu resolvi vir conhecer.

Está sendo útil e muito importan-te para mim — diz Daniele.

Apostando em TamandaréHá cinco anos, Silvana Visin, de 56 anos, chegou em Tamandaré para conhecer a cidade. Acabou conhecendo a creche e sentiu vontade de dar continuidade ao trabalho desenvolvido na região. Optou por abrir uma confecção de roupas, onde oferece oportu-nidades de emprego.

— Quando trouxe as máqui-nas da Itália, elas se “perderam” no porto de Fortaleza. Perdi 60 mil euros. Não desisti. Investi mais 50 mil, comprei novas má-quinas e criei a confecção. Mas nem todos querem, de fato, tra-balhar — conta Silvana.

Pela sua fábrica já passaram cerca de 100 pessoas ao longo deste ano. Apesar das dificulda-des, a Italian Style Industry for-nece roupas para três grandes lo-jas do Recife.

— Quero deixar a fábrica pa-ra o povo daqui quando encon-trar alguém que continue este trabalho — afirma a italiana, ex-plicando que a confecção ainda não se sustenta sozinha.

turismo

ServiçoOnde comer:Bora Bora - (81) 3676-1482; Degutti Cafés e sorvetes - (81) 3676-2348; Pizzaria Almirante - (81)3676-1324; Pizzeria Farol - (81) 3676-1556; Restaurante O Pescador - (81) 3676-1345

Onde ficar:Pousada Beira-Mar - (81) 3676-1567; Recanto dos Corais - (81) 3676-2115; Pousada Porto Bello - (81) 3676-1572

Passeios Náuticos:(81) 8741-0144 / 8738-1600 / 8759-7520

A repórter viajou a convite da Golden Way Tour Operator (81) 3466-9100

Cidade no litoral sul de Pernambuco transforma italianos de turistas em ‘nativos’, graças à sua beleza e tranqüilidade

Tamandaré à vista

nayra Garofle

O pedagogo Ivaldo Júnior cuida das crianças da Associação Padre Enzo Solidariedade para Tamandaré que oferece curso de costura para os jovens. Na praia de Carneiros, a igreja de

São Benedito é uma atração à parte

Div

ulga

ção

Foto

s: N

ayra

Gar

ofle

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 850 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 51

Page 27: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

Guilherme Aquino

MiLãO

Semana da moda de Milão confirma a força do vestido para as mulheres na próxima temporada primavera/verão

Janaína CeSarCorrespondente • treviso

Verde e amareloO filme Orangotangos, do brasileiro

Gustavo Spoglidoro, venceu o Mila-no Cinema Festival. O longa-metragem, feito com apenas um plano-seqüência, conquistou o público e a critica. A câ-mera - que se adapta ao movimento dos personagens e da cidade de Porto Alegre e que transporta o espectador para den-tro das histórias - hipnotizou a platéia que lotou o teatro Strehler, no centro de Milão, no mês passado. Agora, Spoglido-ro, neto de italianos, procura um distri-buidor para poder exibir o filme nos ci-nemas do país de seus antepassados.

Giorgio Armani abriu uma nova boutique em via Montenapole-one. A inauguração foi discre-

ta, sem festa nababesca, mas o estilista aproveitou para fazer uma reclamação pú-blica. Ele lamentou que a rua, a principal passarela da moda italiana e, por tabela, da moda internacional, não tem vida no-turna. É verdade. Depois das oito da noi-

te, a mais famosa rua milanesa fica deser-ta. A assessora do comune, Tiziana Maiolo, concordou com a crítica, mas disse que a culpa era também dos comerciantes que fecham as portas cedo e não participam de iniciativas da prefeitura como a Notte Bianca, quando as lojas ficam abertas até mais tarde. Resultado: Tiziana Maiolo foi afastada do cargo.

Armani polêmico

EspionagemA tenção: a cidade de Milão está cheia de

detetives particulares e todo o cuidado é pouco quando se pensa em dar um passo em falso na capital da lombardia. O mercado dos agentes secretos cresceu 12% no último ano. E o aumento é devido não apenas aos tradicionais casos de adultério, mas também à vigilância dos filhos adolescentes e jovens adultos. Com quem andam, aonde vão e o que fazem são as respostas que os pais querem dos espiões, última saída para quando o diá-logo e a confiança em casa deixam de existir. O custo é salgado, cerca de 70 euros a hora.

Van Gogh em BresciaCem obras de Van Gogh podem se admi-

radas, a partir deste mês, até janeiro do próximo ano, no museu de Santa Giulia, em Brescia. Com 15 quadros e 85 desenhos, a mostra apresenta obras conservadas no Krol-ler-Muller Museum e revela toda a genialida-de do artista holandes. O desenho sempre foi o carro-chefe do pintor desde os trinta anos, quando abraçou as cores e as telas. Através do desenho se pode mergulhar na criativida-de profunda do artista. A mostra é imperdivel para quem visita Milão. Afinal, Brescia fica aqui ao lado. Mais informações no site www.bresciamusei.com

Quase de graçaDurante o happy hour, Milão oferece uma

verdadeira distribuição de riqueza gas-tronômica. Entre 18 e 21 horas, os bares da cidade abrem as portas para os clientes que pagam apenas a bebida e comem de graça. Simples assim. Você chega, senta numa me-sinha, escolhe o drinque e paga entre 5 e 8 euros. Depois se levanta, vai ao buffet e pode se servir de massa, frios, salgados e sa-ladas. Resumo da opera: se janta por muito pouco em ambientes divertidos e acolhedo-res como o Casanova, le Pecore, Caffe Am-brosiano, De’ Cherubini.

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

moda

Chiffon é uma palavra fran-cesa que significa “trapo”. Mas, na semana de moda de Milão, ganhou novo

significado: tendência. Esse teci-do extremamente leve e fino com um toque creponado foi a grande vedete das passarelas. Ele esteve presente na maioria dos cem des-files que, em setembro, antecipa-ram o que será a moda feminina para a primavera/verão de 2009-2010. O recado das passarelas mi-lanesas é que os vestidos conti-nuam sendo os hits da estação – quanto mais esvoaçantes, melhor. De preferência, para serem usados com saltos altíssimos.

O evento deste ano esteve sortido de novos estilistas. Entre os futuros “Armanis” se apresen-taram os italianos leitmotiv e Be-eQueen by Chicca lualdi, o inglês Jean Pierre Braganza, o russo Ki-ra Plastinina, o finlândes laitinen e a belga Sandrina Fasoli. Eles fa-zem parte do projeto Incubador da Moda, realizado pelo segundo ano consecutivo pela Câmera Na-cional da Moda Italiana, com fi-nanciamento da prefeitura de Mi-lão. Eles dividiram as atenções com os consagrados Just Cavalli, Empório Armani, Ermanno Scervi-

no, Moschino, Blumarine, Ferra-gamo, Kiriza, Prada, Fendi, Ver-sace, lorenzo Riva, Enrico Coveri, Rocco Barocco, Miss Bikini luxe e Seduzione Diamonds.

O sempre esperado Armani apresentou uma coleção românti-ca com saias esvoaçantes de chi-ffon, é claro. Já D&G deu um tom rock’n’roll para suas roupas, com cores escuras e acessórios cheios de rebites. A transparência domi-nou em quase todos os desfiles co-mo nas coleções apresentadas pe-las marcas C’N’C Costume National e Roberto Cavalli. Enquanto isso, a estilista laura Biagiotti se ins-pirou nas cores do mar Mediterrâ-neo para apresentar uma coleção

com looks multi-formas, mistu-rando o mundo urbano a cores e formas do mar – mesma tendência apresentada no Fashion Week do Rio de Janeiro, em junho, por vá-rios estilistas cariocas.

Enrico Coveri mostrou uma co-leção colorida recheada de mini-vestidos, além de uma linha de sapatos sensacionais, com as iniciais do seu nome no salto. Aliás, mulheres, preparem-se! A próxima estação pede sal-to muito, mas muito alto. lorenzo Riva, inspirado no costureiro francês Yves Saint laurent - fa-lecido em junho passa-do - apresentou uma coleção cheia de vesti-dos justos, de cinturas bem marcadas, onde predominavam os tons claros como branco, ouro e azul.

O branco também foi a cor predominante na coleção de Rocco Barocco, repleta de vestidos de chiffon super transparen-tes. Destaque para o maravilhoso tail-ler branco com um mega decote. Rober-ta Scarpa se inspirou nas famosas praias do lido veneziano para criar sua coleção, como o es-voaçante (claro) ves-tido tomara-que-caia em chiffon (claro, claro) azul turquesa e os enormes brin-cos usados pelas modelos que não tinham como pas-sar despercebido.

BadalaçãoO que faz de Milão a cidade mais cool de setembro, além dos des-

files, são as festas e as badalações. Mesmo quem não tem con-vite para as festas particulares como as de Roberto Cavalli e Armani, consegue se divertir na infinidade de locais espalhados por todos as regiões. Um dos mais bacanas é o Gasoline. Fica no Corso Como, local de moda muito freqüentado por modelos e artistas que, cansados de serem estrelas, buscam um pouco de vida comum. Para quem quer só bebericar um bom vinho ou um spritz – bebida de moda aqui na Itália que mistura vinho branco com outras bebidas como Campari - uma op-ção é o Planeta 50, que fica na região do Naviglio Pavese.

‘Trapos’ esvoaçantes

No desfile da Miss Bikini lu-xe, a surpresa ficou por conta da atriz e cantora americana Ju-liette lewis que abriu o desfile. A atriz exibiu, entre saltinhos e pose rock’n’roll - como costuma fazer no palco quando se apre-senta com sua banda Juliette and the licks - uma micro-saia e uma blusa com um decote que termi-nava no umbigo.

Inspirada na musa Brigitte Bardot, a marca Seduzione Dia-monds da socialite italiana Valeria Marini apresentou...vestidos esvo-açantes de chiffon. Todos muito coloridos, com cortes laterais que terminavam quase na cintura. O destaque foi a saída de banho fei-ta em renda com brilhantes.

Foto

s: R

enat

o G

iant

urco

A atriz e cantora Juliete

Lewis segura a pose. Acima,

um modelo Enrico Coveri

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 852 53o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a

Page 28: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

Exuberante é um adjetivo ca-paz de descrever parte da personalidade de Francesca Alderisi que, durante sete

anos, apresentou o Sportello Ita-lia, programa de televisão exibi-do pela RAI International. No mês passado, ela esteve no Brasil pe-la primeira vez para conhecer um pouco da vida e da história de seus fiéis telespectadores emigrantes.

Sua passagem pelo Circolo Ita-liano, em São Paulo, atraiu a aten-ção dos principais representantes da comunidade ítalo-brasileira no estado. Foram ao encontro da apresentadora o cônsul Marco Marsilli, o deputado Fabio Porta, a presidente e a secretária do Co-mites São Paulo, respectivamente Rita Blasioli Costa e Natalina Ber-to, o conselheiro do CGIE, Antonio laspro, além do presidente do pró-prio Circolo, Giuseppe Cappellano.

Aos 40 anos, a conduttrice, como ela prefere se definir – “não sou jornalista, fiz o liceu Clássi-co e sou mestre em televisão”, observa –, iniciou a carreira em 1989, na Radio Televisione Italia-na, no programa Domenica In e passou pelo Telegiornale 1, antes de apresentar o Sportello Itália.

Foram realizados 1,2 mil pro-gramas sob seu comando. Nele, Francesca entrevistava personali-dades representativas dos italia-nos no exterior em todo o mundo. Também ouvia, recebia e respon-dia milhares de sugestões e recla-mações que lhe chegavam por te-lefone, internet ou cartas. Tratava de assuntos como pensões, dupla cidadania e política. Ela, porém, avisa que se tratava de um “pro-grama além da política”.

A própria Alderisi, contudo, não escapou da política. Segun-do ela, sua demissão da RAI foi conseqüência do chamado spoil system – estrangeirismo em in-glês cada vez mais usado na Itá-

lia que ela diz não suportar – que significa um tipo de prática se-gundo a qual grupos políticos do governo da vez distribuem car-gos e posições de poder a simpa-tizantes e “afilhados”.

— Após a aprovação da lei do voto no exterior, a RAI Interna-tional, que era uma ilha de tran-qüilidade em relação aos outros canais, se transformou em alvo politicamente muito importante com seus 30 milhões de assinan-tes, entre eles ao menos 3,5 mi-lhões de eleitores — explica.

Com uma equipe de 30 pes-soas sob sua coordenação, Alde-risi era “âncora” do Sportello Ita-lia sob a direção geral de Mas-simo Magliaro, substituído por Piero Badaloni no final de 2006, em plena turbulência do governo Prodi. Segundo a apresentadora, os “diferentes alinhamentos à es-querda e à direita” dos diretores definiram seu destino na RAI.

A prima donna da TV italiana no exterior hesita um pouco para expor a própria posição política. Nascida em Treviso, ela se define como uma “nacional-popular”, em resposta a indagações sobre uma

possível candidatura sua à Câmara em uma circunscrição estrangeira. Apesar de dizer que não quer “na-da com política”, afirma que se viesse a se candidatar seria pela Austrália por considerá-lo um “país do futuro”.

Após a última trans-missão de seu pro-grama, em julho de 2007, Alderi-si, já chamada pela imprensa “a mais amada apresentadora dos italianos no exterior”, deci-diu fazer uma volta ao mun-do. Explicou que utilizou suas “econo-mias feitas ao longo de sua trajetória na rede”, para

aproximar-se de sua cara audi-ência internacional. Já esteve no Canadá, Estados Unidos, Austrá-lia, Argentina e, agora, no Brasil. “Se tudo der certo”, quer prosse-guir no tema e elaborar um pro-grama especial sobre os italianos no mundo, que seria transmitido pela própria RAI, Uno ou Due ou em um canal privado.

— Quem sabe, poderíamos ter até um Sportello Brasile — brinca ela que, no entanto, con-fessou que tinha preconceitos em relação ao país. — Como a maio-ria dos italianos que nunca es-tiveram aqui, eu só pensava em ladrões, que era um país que fi-cou para trás. Fiquei surpresa em ver como São Paulo é uma cidade enorme, com tantos helicópteros pelos ares, tantos arranha-céus e com tão boa comida.

Ela ficou na cidade quase uma semana. Sua programação incluiu uma visita ao Memorial do Imi-grante, uma participação na tra-dicional festa de San Gennaro e uma viagem a Jundiaí, onde co-nheceu uma tradicional fazenda de café. Depois, passou alguns dias no Rio de Janeiro, onde tam-bém se encontrou com a comuni-dade italiana no Consulado.

TaTiana BuffCorrespondente • são paulo

Fora do arTida como a musa dos italianos residentes no exterior, a apresentadora de TV Francesca Alderisi visita o Brasil e confirma seu carisma junto ao público ítalo-brasileiro, apesar de não estar mais à frente do Sportello Italia

Alderisi com o deputado Fabio Porta durante um dos eventos em

que participou, em São PauloFo

tos:

Cla

udio

Cam

mar

ota

televisão

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 854

Page 29: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

Para esquentar A elegância e o fascínio de uma lareira, sem o incômodo da fumaça e das cinzas!

Esta lareira elétrica é perfeita para ser utilizada, sem exigir nenhum tipo de montagem, chaminé ou uma instalação cara: basta inserir o plug na tomada, ligar para esquentar o ambiente e, ao mesmo tempo, obter um magnífico “efeito chama”. $ 99 www.dmail.it

italian style

Os produtos acima mencionados estão disponíveis no mercado italiano.

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

Para laptop Evite o superaquecimento do seu laptop graças a esse suporte! Ele dispersa o calor acumulado no seu computador permitindo a circulação de ar. A altura é regulável para se ter uma posição de trabalho cômoda e correta e ele ainda é dotado de uma plataforma giratória, para se posicionar o laptop na direção desejada. Além disso, o suporte não desliza graças a uma fita de borracha que fixa o computador. $ 8,90 www.dmail.it

Praticidade na cozinha Cozinhar será fácil e veloz com essa potente

máquina de massas! Ela prepara, em pouco tempo, uma grande quantidade de massas de

pizza e de pães, como também pastefrolle, biscoitos e massas para tortas. O motor é silencioso, regulável eletronicamente e é

dotado de uma tecla turbo. Graças à balança eletrônica incorporada na base, você não vai

mais enlouquecer com quantidades e medidas. € 129,90 www.dmail.it

Cremalatte Cremì

Cremì é um produto novo que permite obter leite quente, com ou sem creme, de modo veloz e com resultados excelentes. Sua utilização é muito simples e há duas funções para o aparelho: na posição “campainha”, um

som avisará quando o leite tiver atingido a temperatura

ideal, evitando fervura e desagradáveis derrames; na função “taça”, logo depois

de apitar, automaticamente o batedor começa a funcionar e,

em poucos segundos, produzirá um creme suave, ideal para preparar, com acréscimo de

café, ótimos capuccinos. € 29,90 www.dmail.it

Giorno dell’ImmigranteUna cena, l’inaugurazione della Sala Roma di cinema e il lan-

cio della Guida Consolare 2008 hanno segnato i festeggia-menti del Giorno dell’Immigrazione nello stato di Rio de Janeiro. l’evento ha avuto luogo il 4 settembre presso il Con-solato di Rio e ha contato sulla presenza dei cantan-ti Mafalda Minozzi e lu-ciano Bruno, oltre all’at-tore Nicola Siri e al presi-dente del Comites, Franco Perrotta. Durante l’avve-nimento, il console Mas-simo Bellelli ha messo in risalto l’importanza, per la cultura italiana, rap-presentata dall’esistenza di una sala che proietti opere cinematografiche riconosciute nel mondo. la Sala Roma rimane al 2° piano del Consolato e pro-ietterà tutte le settimane film italiani. Invece la Guida, alla sua terza edizione, presenta dati aggiornati e curiosità per gli italia-ni che visitano Rio.

Festa d’ItaliaL’antica Companhia Petropolitana de Tecidos, a Cascatinha, nel-

la città di montagna Petrópolis (RJ) è stata sede della V Festa da Itália. Realizzato il mese scorso, l’evento ha contato sulla parte-cipazione dei cantanti Jerry Adriani e Francesco Del, oltre allo show con il gruppo E la Nave Va. la festa è un omaggio ai coloni italiani arrivati a Petrópolis nella seconda metà del XIX secolo. Cascatinha è stato il principale quartiere ad accogliere le famiglie di immigranti. Gli italiani sono stati coloro che hanno contribuito di più alla cresci-ta agricola, artigianale, industriale e culturale del comune.

OmaggioÈ stato reso omaggio al chirurgo plastico italo-brasiliano, Ivo

Pitanguy, durante il I Simpósio Internacional di Oncologia, Estetica e Ricostruzione Mammaria, realizzato in settembre a Rio de Janeiro. È stata la prima volta che il Brasile riceveva un evento internazionale su questi temi e ha contato sulla partecipazione di 500 professionisti dell’area. Così come Pitanguy, è stato reso omaggio anche all’oncologo italiano Umberto Veronesi, che è sta-to rappresentato dal medico dell’Istituto di Chirurgia Plastica e di Mammella di Milano, Maurizio Nava.

Premiato Pietro PolizzoIl Presidente dell’Associazione Nazionale Carabinieri di Pao-

la (Calabria), comandante Elio Rocca, ha premiato, lo scorso 20 agosto, l’imprenditore Pietro Polizzo che, insieme alla mo-glie, ha preso parte ad una cerimonia organizzata in suo onore quale “calabre-se che, lontano dalla terra natia, ha portato avanti il buon nome della Calabria”.

Polizzo ha lasciato la Calabria circa 50 anni fa. Oggi è un affermato imprenditore nel campo della distribuzione di stampe e giornali. Vive a Niterói, nello stato di Rio de Janeiro, dove rappresenta un punto di riferimento per i tanti calabresi.

Nel corso dell’evento, alla presenza dei sindaci di sei località del-la costa tirrenica calabrese e del generale dell’Arma dei Carabinieri, Roberto Conforti, Elio Rocca ed il sindaco di Paola, Roberto Perrotta, hanno premiato un emozionatissimo Pietro Polizzo conferendogli un attestato di merito per tutto ciò che è riuscito a realizzare, per come ha portato e porta avanti le sue origini calabresi e per l’attaccamento alle sue radici ed alla sua terra, dove ritorna in visita ogni anno.

RallyIl più popolare reality show d’Italia potrebbe avere una versio-

ne brasiliana, se qualche emittente se ne interessasse. Chi lo dice è il produttore e ideatore di Donnavventura, Maurizio Rossi. Il programma viene trasmesso da 20 anni in Italia. Fa vedere un rally fatto da sei donne. Il programma è già passato per varie re-gioni del mondo. Per la prima volta, il Brasile farà da scenario. la partenza è stata a São Paulo il mese scorso. la spedizione dura cento giorni e finisce ai Caraibi. l’itinerario include: esplorazione di foreste, traversate di fiumi e contatto con tribù indigene. In questa edizione le ‘avventuriere’ saranno: Alice Russolo, Barbara Chiodini, Ilaria Cervelli, Marta Salvi, Noemi Campironi e Shirley Falcone. le donne hanno affrontato un processo di selezione tra 50mila iscritte, 5 mila interviste, 1,2 mila test e fase finale di test svariati nell’interno della penisola italiana. Tutto accom-pagnato in tempo reale dall’emittente Rete4, che appartiene al gruppo Mediaset, della famiglia Berlusconi. la produzione costa 1,2 milioni di euro.

Terra MadreDue esempi del Programa Nacional de Educação na Reforma

Agrária (Pronera) saranno mostrati al 3º Terra Madre, che avrà luogo a Torino tra il 23 e il 27 ottobre. Uno dei casi presentati sarà sul Projeto de Assentamento (PA) Pátria livre, nel comune di Barra do Choça, nella regione sud-est della Bahia. la classe che ha fatto il lavoro ha diagnosticato 31 Pas in varie regioni dello stato ed ha pre-parato un Plano de Ação fino al 2010. Un altro è della studentessa Roselândia de Oliveira Ferraz, che vive nel PA Mutum, nel comune di Vitória da Conquista. lei mostrerà il progetto ‘Pronera e Uesb, seme-ando educação e colhendo cidadania’. Il Terra Madre riunisce comuni-tà formate da chef di cucina, docenti e giovani di tutto il mondo per motivare e rendere nota la produzione di alimenti sostenibili.

In pistaLa Pirelli ha rinnovato fino al 2011 il contratto di sponsor per

la Formula 3 sudamericana. Con ciò, è previsto il rifornimen-to di 2500 treni di gomme per ogni stagione e il lavoro di uno staff con più di 30 professionisti dell’azienda. la marca italiana ha iniziato la sua storia legata alla tradizione nelle gare da più di 100 anni, quando ha gareggiato il Rally Parigi-Pechino la prima volta, nel 1907. la Formula 3 è riconosciuta come la principale categoria di base dell’automobilismo, quella che di fatto rivela i futuri talenti per le principali categorie dell’automobilismo mon-diale. È stata creata nel 1987 e, da allora, ha rivelato piloti come Nelsinho Piquet, Christian Fittipaldi, Cristiano da Matta, Hélio Castroneves, Ricardo Zonta, Ricardo e Rodrigo Sperafico, tra gli altri. Il regolamento tecnico e sportivo è di responsabilità della FIA (Federazione Internazionale dell’Automobilismo), che inoltre concede al campione della stagione una “Superlicenza” che gli permette l’ingresso nella Formula 1.

notizie

Multiuso Útil e cômodo para cortar, moer e misturar as ervas aromáticas frescas e secas, pimenta-do-reino em grãos ou especiarias. Basta inserir os ingredientes no recipiente e girar o botão para obter, em poucos segundos, o condimento que mais se adapta a suas saladas, assados e peixes. Na embalagem há também uma tampa, cômoda para conservar o condimento dentro do recipiente, diretamente na geladeira ou congelá-lo no freezer. € 10,90 www.dmail.it

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 856 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 57

Page 30: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

Sapori d’ItaliaTaTiana Buff

Restaurante paulista dá água na boca aos apaixonados pela cozinha mediterrânea típica do sul da Itália

Serviço: Taormina riSToranTe - alameda iTu, 251 JardinS – SP. Tel: (11) 3253-6276

São Paulo – Pouco antes do meio-dia, em qualquer dia da sema-na, uma pequena fila se forma na porta do Taormina Ristorante, fincado no coração dos Jardins, próximo à Avenida Paulista. São executivos, atores, médicos, jornalistas, deputados e au-

toridades dos governos italiano e brasileiro em busca de algo além de uma refeição. Estão em busca de uma breve viagem a um dos mais be-los destinos do mundo, a Sicília. Helena, co-proprietária do Taormina junto com o marido, o jornalista Salvatore Morici, conta que muitos saem de lá sonhando em conhecer, de verdade, aquele cantinho da Itália. Vários retornam para dividir com eles o encantamento de co-nhecer Taormina, a cidade siciliana da província de Messina.

Na Alameda Itu há dois anos, após oito de funcionamento na rua Peixoto Gomide, o Taormina ampliou seu espaço e o sucesso. São 120 lugares – 80 a mais que no antigo endereço – distribuídos em dois andares, onde se comem pastas e sugos sicilianos finalizados com il dolce cannoli, um pitéu mundialmente famoso da ilha, acompanhado pelo café de caffettiera.

Pode-se dizer que o restaurante começou “a pedidos”, como diz dona Helena, filha de italianos da região do Vêneto, de Vicenza e Rovigo. Ela e Salvatore, nascido em Palermo, se conheceram em São Paulo pouco depois da chegada dele à cidade, em 1961. Salvatore Morici, atual presi-dente da seção brasileira da Associação dos Sicilianos no Mundo, então com 27 anos, trabalhava para o diário italiano L’Ora, da capital siciliana. Na época, veio a trabalho, para fazer uma reportagem na Amazônia, por fim não concretizada. A viagem se transformou em um casamento de nord e sud que soma hoje 45 anos, quatro filhos e cinco netos.

Após breve retorno de dois anos à Itália, a família Morici abriu, na primeira metade dos anos 80, uma rotisseria na zona sul de São Paulo, na região do aeroporto de Congonhas, a Dolce Vita. De lá, se mudaram para a Peixoto Gomide na década passada, quando ainda comerciali-zavam apenas pratos prontos, não suficientes para o voraz apetite do rápido boca-a-boca que espalhou o deleite das receitas ensinadas a Helena pela sogra siciliana, dona Antonina, sua maestra.

— Um dia, uma freguesa pediu para aquecer uma pasta e comer lá mesmo. E eu não podia deixar de atendê-la – lembra Hele-na. — No dia seguinte, não teve jeito. Tivemos de aten-der os amigos dela. Daí em diante, não paramos mais.

São 200 quilos de to-mates do tipo Débora por semana – “tem que ser a mesma ‘noiva’, somos fiéis”, brinca Helena – sem pele e sem sementes e muito azei-

a Sicília é aqui

te de oliva italiano extra-virgem para preparar o perfumado molho que atrai comensais igualmente fiéis ao Taormina. O sugo é a base de uma das receitas mais solicitadas, o apelidado “mafioso” ou Ditalini alla Norma - em homenagem à ópera de Vincenzo Bellini - pasta de sêmola de granoduro siciliana.

Outros hits são o Tagliatellle a Campagnola (massa fresca bicolor com fundo de alcachofras, tomate cereja, amêndoas e salsinha), o mediterraníssimo espaguete Ai Frutti di Mare e o sofisticado Nero di Seppia, com tinta de uma espécie de lula.

— Temos um fornecedor de confiança que nos traz vôngoles, cama-rões, lulas e outros frutos do mar toda sexta-feira, fresquíssimos, direta-mente do litoral norte — afirma a proprietária, homenageada e por três vezes convidada a participar do programa da TV Globo comandado por Ana Maria Braga, uma integrante da fila de fãs do restaurante. As atrizes luana Piovani, Jussara Freire e Pepita Rodrigues, o apresentador lucia-no do Valle, a soprano Gabriella Pacce e o próprio cônsul geral da Itália em São Paulo, Marco Marsilli e família, também são freqüentadores da casa, decorada no estilo leve e caloroso da atmosfera mediterrânea.

A novidade prevista para este mês é a abertura da pizzaria Taor-mina, que funcionará à noite com sabores sicilianos típicos. Segundo Giovannino Colombini, responsável pelo novo negócio, a nova casa terá “ingredientes especiais e receitas exclusivas”. A conferir.

Ditalini alla norma ou “Mafioso”

Massa importada da Itália - SicíliaArgolas pequenas de trigo duro.

Modo de Fazer: Cozinhar a massa por 7 minutos para ficar al dente.Molho ao sugo, o verdadeiro molho da Mamma com tomates Dé-bora, sem pele e sem sementes e muito azeite extra-virgem. Co-zinhar durante 2 horas.Juntar quadradinhos de berinjelas fritas e muitas folhinhas de manjericão fresco.Salpicar com ricota seca defumada.Degustação típica siciliana com colher.

Salvatori e Helena: casamento e boa mesa

Foto

s: C

laud

io C

amm

arot

a

Mande sua história com material fotográfico para: [email protected]

para isso, precisaria ter a carteira de fascista, que não queria tirar, nem lhe seria dada, por seus an-tecedentes políticos. A saída seria viajar para o Brasil, onde já esti-vera em 1920.

Para isso, porém, passaportes seriam necessários. Os documen-tos, porém, foram negados, por ser Francesco considerado um inimi-go do governo - indesejável quan-do perto e incontrolável quando longe. O médico da família, tam-bém cardiologista de Mussolini, propõe-se a buscar uma solução e, durante uma consulta de rotina ao ditador, arrisca: “A mulher de Bianco morreu”.

“Eu sei”, respondeu o Duce, frio, mas não inamistoso. O médico ar-riscou mais: “Ele quer três passapor-tes, para ele e as duas crianças”. Um novo e prolongado silêncio e, Mus-solini responde: “Pois que preencha os papéis, que eu autorizo a emissão”.

Assim, em 1937, Enrico Bian-co chegou ao Rio de Janeiro, acom-panhado do pai e da irmã Rena-ta, estabelecendo-se para sempre no Brasil. Seis meses depois, um encon-tro marcaria para sempre sua vi-da. O pintor Paulo Rossi lhe sugeriu visitar uma obra que Portinari pre-parava na sede do Ministério da Educação. Ele foi, mas só encontrou três ajudantes: Burle Marx, Inês e Ruben Cassa. Atento às dificuldades que eles tinham com a ampliação em afresco da mão de um garimpeiro, pediu que o deixassem tentar. Pouco depois chegou Portinari que perce-bendo a interferência, perguntou com irritação: “Quem é que fez aque-la mão ali?” Os discípulos aponta-ram para Bianco. Decidido a voltar para casa, ele se despediu. Portina-ri estendeu-lhe a mão, com cara

de zangado e lhe perguntou: “Mas amanhã você volta, não volta?”

A aproximação entre Bianco e Portinari, lhe trouxe orgulho, mas também problemas, notoriamen-te pela aversão de alguns políticos brasileiros à Portinari, principal-mente por sua ideologia e posições políticas. O simples fato do mestre demonstrar simpatias ao comunismo o colocava sob a mira macartista e, com ele, todos os que o seguiam.

Em 1960, o México cuidava da organização de sua 2ª Bienal de Ar-te e, desejando incluir artistas bra-sileiros, convidou Enrico Bianco para participar. Como o Itamarati paga-ria as despesas de viagem, barrou sua ida sob a alegação de que era italiano e não representaria a arte brasilei-ra. O célebre cronista Rubem Braga saiu em sua defesa, em artigo publi-cado pela revista Manchete:

“Vi os quadros. São bons quadros de pintura moderna em qualquer parte do país e do mundo, e são os quadros de um pintor formado no Brasil e sensível ao sentimento da vida brasileira. São quadros repre-sentativos da pintura brasileira em qualquer mostra internacional. Eu vi; e os críticos não podem discutir comigo, porque não viram”.

Não adiantou. Quando o Estado interfere na arte, a arte sempre leva a pior. Enrico Bianco se ca-sou com a descendente de italiana Marina Alves de Souza, com quem teve dois filhos: Maria e Paulo. Vi-úvo, mora em São Conrado, no Rio de Janeiro..

Paulo Victorino, Rio de Janeiro, RJ

Roma, 1935. Na sala do velho casarão, o som de um pia-no transmite ao ambien-te os acordes de um no-

turno de Chopin. Sentado à mesa, um adolescente, nos seus 17 anos, man-tém espalhados lápis coloridos, tintas e folhas com esboços de desenhos. Ao lado, um senhor de meia idade con-fere rascunhos de um texto que ter-minara há pouco e espera colocar no correio antes do fim do dia.

O homem é Francesco Bian-co, correspondente internacional do Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro. A pianista é sua mulher Maria Bianco-Lanzi e o rapaz, é o filho dos dois, Enrico Bianco que, desde os seis anos de idade, estu-dava desenho e pintura, tendo en-tre seus mestres Deoclécio Redig de Campos, que chegou a diretor do Museu do Vaticano e, Dante Ricci, outrora professor da família real.

Essa cena se repetiria por di-versas vezes, até que o piano se cala. Perderam Maria e os problemas se acumulavam. Francesco havia sido deputado pela democracia cristã e, com a ascensão do fascismo na Itá-lia, caiu em desgraça. O Jornal do Brasil, vivendo a crise dos anos 30, o demitiu. Ele poderia arru-mar novo emprego, na Itália, mas

il lettore racconta

a vida do arTiSTa PláSTico enrico Bianco é daquelaS que renderia um livro ou filme. como noS conTa o críTico Paulo vicTorino, Teve auTorização eSPecial de muSSolini Para vir Para o rio, Tornou-Se amigo de candido PorTinari e, aoS 90 anoS, inTegra a liSTa de PinToreS em Plena aTividade, no BraSil. em dePoimenTo à rePórTer Silvia Souza.

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 858 o u t u b r o 2 0 0 8 / C o m u n i t à i t a l i a n a 59

Page 31: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.

Claudia Monteiro de Castro

La gENTE, iL pOSTO

Cristo de Maratea“Cristo Redentor, braços aber-

tos sobre a Guanabara”, canta Tom Jobim no seu Samba do

Avião. Se nós brasileiros temos o nosso Cris-to, no Rio de Janeiro, uma das recém-eleitas sete maravilhas do mundo, a Itália também tem o seu. Fica na pitoresca cidadezinha de Maratea, na Basilicata, no sul do país. Mara-tea é dividida em duas partes. Tem a cida-de, que fica na parte alta, com seu gracioso centro histórico composto por 44 igrejas. E a parte baixa, onde ficam as praias, com um dos mares mais transparentes da Itália, lím-pido como uma ilha do Caribe.

O Cristo Redentor italiano fica de braços abertos, erguidos para o alto, de frente para Golfo di Policastro.

Tudo começou em 1941, quando foi elevada uma cruz monumental de pedra e cimento no alto do Monte San Biagio, em homenagem aos soldados que participavam

da guerra. Essa cruz permaneu por lá durante 20 anos, quando o conde Stefano Rivetti di Valcervo resolveu homenagear os cidadãos de Maratea com um Cristo no lugar onde ficava a cruz. Em 1965, o Cristo ficou pronto. Com seus 22 metros de altura, realizado pelo escultor Bruno Innocenti, perde em grandeza só para o Redentor brasileiro. Mas apesar de menos conhecido mundialmente, não deixa de ter seu charme, imponente no céu azulzinho de Maratea, saudando seus habitantes e turistas.

O que no Brasil é chamado de feira, aqui na Itália se chama mercato. Também ao ar livre, funciona de segunda a sába-do, pelas manhãs, mas é mais organizado, com as barraqui-

nhas, ou seja, bancarelle, fixas, mais ou menos do mesmo tamanho, feitas de ferro.

Os produtos são diferentes dos nossos. Para começar, é claro, há menos variedade de frutas. E um quilo de mamão, que é importado do Brasil ou de outros países, vale ouro. É possível até pa-gar 8 euros! Abacate também é pra quem pode. Algumas fru-tas são praticamente impossíveis de achar, como maracujá e fruta-do-conde - que saudades!

Em compensação, existem muitos tipos de verduras, de frios e de queijos, inclusive a tão fes-tejada burrata, uma espécie de muzzarella mais molinha, que derrete na boca. No mercado per-to de casa, ao longo da via An-drea Doria, tem uma bancarella com diversos tipos de massas fresquinhas, feitas na hora, em versão branca e verde, esta última feita com espinafre: nhoque, tonnarelli, fettucci-ne, ravioli etc. .

Sinto saudades do nosso pastel de feira, que por aqui não tem. No mercado italiano, eles vendem a pizza, a foccaccia. Uma delas, a pugliese, com tomate e orégano, é uma delícia. Mas o que mais sinto falta é dos co-mentários dos feirantes, como por exemplo: “Moça bonita não paga, mas também não leva”. A feira no Brasil é mais sonora, musical e brincalhona.

Mas também na Itália dá para se divertir no mercado. Basta dizer ao “feirante” que você quer fazer um

determinado prato para o jantar e tem dúvidas em como prepará-lo. Pode ter certeza que o vendedor ou o dono da bancarella vai ex-plicar tudo tim-tim-por-tim-tim e o modo de preparação será dita-do nos mínimos detalhes, pois você pegou no ponto fraco de-

le: cozinha é papo sério e qua-se todo italiano tem no coração uma alma de chef. Por exem-plo, para a massa alla carbo-

nara, cada um tem um detalhe em sua receita que garante o suces-

so absoluto e, sempre, a sua é a melhor receita possível. O

mercado na Itália pode não ter a sinfonia de sons que tem no Brasil, mas tem um quê de pitoresco que vale a pena a visita.

O mercado

C o m u n i t à i t a l i a n a / o u t u b r o 2 0 0 860

Page 32: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.
Page 33: Ornella Muti Eu indico! - comunitaitaliana.com.br · em festivais. Graças a esses eventos, ícones como a diva Ornella Muti e o grande diretor Paolo Taviani estiveram no Brasil.