Os 33 anos da ADEVA - adeva.org.br · na I Gincana Cultural Louis Braille; a comemoração dos 10...

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Nº 57 - out./nov./dez. de 2011 - ANO XII Associação de Deficientes Visuais e Amigos Silas cultiva a profissão de instrutor Profissão: p. 3 Rádio inaugura uma nova seção Mais! Para ouvir p. 11 Os 33 anos da ADEVA Editorial p. 2

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Nº 57 - out./nov./dez. de 2011 - ANO XII Associação de Deficientes Visuais e Amigos

Silas cultiva a profissão de instrutor

Profissão: p. 3

Rádio inaugura uma nova seção

Mais! Para ouvir p. 11

Os 33 anos da ADEVA

Editorial p. 2

Uma admirável jovem senhora Segundo a numerologia, 33 é um número mestre e tem como algumas de suas

características positivas o idealismo e a visão de futuro. 33 é a idade de Alexandre (356 a.C-323 a.C), rei da Macedônia e o mais célebre

conquistador do mundo antigo; 33 é a idade de Jesus, Rei dos reis, a figura central do Cristianismo, respectivamente, sinônimos de conquista e de fé.

33 também é a idade da ADEVA que, neste ano, comemora mais uma etapa de sua vitoriosa trajetória. Sempre visando à integração da pessoa com deficiência visual na sociedade, com o ideal de dirimir o preconceito que envolve o cego e a cegueira, ela conquista cada vez mais o espaço que lhe é devido, impulsionada pela fé que move montanhas.

Mais um ano de sucessos e vitórias só pode ser atribuído à crença e ao idealismo dos seus abnegados dirigentes, colaboradores e parceiros que, com muita perseverança, venceram mais uma fase da interminável jornada contra a segregação.

Eventos como o Carnadeva, já na terceira edição; sua I Festa Junina; a formação de novos instrutores de orientação e mobilidade; a participação vitoriosa da equipe Golfinhos na I Gincana Cultural Louis Braille; a comemoração dos 10 anos do Centro de Treinamento Mário Covas e do projeto Desenvolvendo Talentos; o lançamento de 700 exemplares em braille do livro infantil Rodrigo Bom de Bola, obra de Markiano Charan Filho, em parceria com a Sabesp [Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo]; a realização dos cursos de Cobol e de assistente administrativo, em parceria com a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho (Sert); o curso de operador de call center, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia / programa Via Rápida Emprego, são apenas alguns exemplos das várias atividades desenvolvidas durante este ano.

Com certeza, o público com deficiência visual pode esperar que ainda há muita coisa boa por vir, pois, independentemente de quaisquer características numerológicas, a ADEVA sempre buscará contar com suas principais virtudes – o entusiasmo, a ousadia e a determinação.

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“Acho que a Lei de Cotas é um bem. Por meio dela muitos deficientes tiveram a oportunidade de complementar seus estudos, ingressar no mercado de trabalho e mostrar sua competência. Desde criança, em consequência do glaucoma e pela necessidade de realizar constantes cirurgias (18 ao todo, entre meus seis e vinte anos), não tive oportunidade de cursar o ensino regular e, acredito, devem existir muitos outros casos semelhantes. Em 2007, com 36 anos, cursei o ensino fundamental no Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de São Paulo (Sinsaudesp), em um projeto iniciado para cumprimento da Lei de Cotas nos hospitais. Em 2009, pude participar de um programa semelhante na Federação Brasileira de Bancos (Febraban), onde concluí o ensino médio.

Paralelamente, realizei vários cursos de capacitação na ADEVA (informática, relacionamento interpessoal, atendimento ao cliente, postura profissional e como ministrar palestras), que atualmente me ajudam no desenvolvimento das minhas tarefas profissionais. A Lei de Cotas veio abrir as portas das empresas para as pessoas com deficiência. Não devemos, no entanto, nos acomodar com essa situação, mas, sim, buscar o crescimento profissional, com dedicação e esforço diário, mostrando que valeu a pena o investimento feito pelas empresas. Para obter sucesso, é necessário que cada um faça a sua parte. Os empresários contratam e as pessoas com deficiência mostram que podem fazer a diferença.”

Leila Alexandrino Batista (40) atua como assistente administrativo no Itaú Unibanco.

Lei de Cotas: bem ou mal?

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Por Márcio Spoladore,colaborador da ADEVA

Silas Fernandes Maciel é responsável pela independência de um número considerável de pessoas com deficiência visual. Como professor de orientação e mobilidade, ele preparou-as para enfrentar as calçadas e ruas de cidades até pouco amistosas como São Paulo.

Quando estagiava no departamento de Serviço Social da Fundação para o Livro do Cego no Brasil (hoje, Fundação Dorina Nowill), participou do curso de instrutores de orientação e mobilidade ministrado pelo norte-americano Joseph Asenjo, da American Foundation for the Blind, em 1958. Dentre os quinze alunos inscritos, foi escolhido para desenvolver esse trabalho na Fundação, sob a supervisão do prof. Joseph.

“Então, decidi cursar Serviço Social. Já estava inscrito para o vestibular de Filosofia da PUC [Pontifícia Universidade Católica de São Paulo], mas consegui a transferência com a autorização expressa do reitor”, conta. Passou a estagiar como assistente social na Fundação, foi contratado quando se formou e chegou a ocupar a chefia do departamento de Serviço Social.

O profissionalMestre e Doutor na área, sua

dissertação de mestrado aborda os conhecimentos necessários para se trabalhar com deficiência visual e a tese de doutorado foca os princípios básicos da Tiflologia, estudo da educação e da reabilitação de pessoas cegas.

É autor do Manual de Orientação para pais de crianças cegas e do Manual de Orientação e Mobilidade, recomendado para autotreinamento, disponível no site <www.cmdv.com.br>.

Em 1960, iniciou um projeto no Hospital das Clínicas (HC), em parceria com o Instituto Nacional de Reabilitação do Ministério da Saúde, como orientador

de mobilidade de pessoas com deficiência visual, “emprestado” pela Fundação. Tempos depois, prestou concurso, ingressou como instrutor e, por fim, se tornou professor da Faculdade de Medicina do HC, onde trabalhou por 31 anos. Deu aula sobre reabilitação em deficiência visual nos cursos de orientação e mobilidade, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Enfermagem.

Além disso, durante dez anos, o professor Silas ajudou a desenvolver um projeto para pessoas cegas sobre agricultura, na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Jabuticabal, além de um curso de inseminação artificial em bovinos.

Essa caminhada de sucesso tem alguns segredos. “Sou curioso e procuro ser prestativo. Se posso fazer algo por mim mesmo, não espero, nem solicito ajuda, mas nunca tive vergonha de pedir quando necessário. Para atingir objetivos, é preciso pensar grande, pois competência todos possuem; o que pode ser prejudicial é o medo, o pior inimigo do ser humano”, revela.

O homemNascido em Santos (SP), no dia 5

de março de 1937, Silas é filho de José Fernandes Samamede e de Maria da Conceição Maciel e tem nove irmãos. Sua infância foi tranquila, “não era briguento, mas não levava desaforo para casa, principalmente se me chamassem de ceguinho, caolho e coisa que o valha”.

A perda da visão com um ano de idade foi causada por sarampo. Com seis anos, uma cirurgia abriu uma pupila artificial que lhe deu 10% de visão. Enxergando tão pouco, “eu não conseguia ler na lousa sem levantar da carteira e três

escolas públicas de Santos recusaram minha matrícula”. Então, sua mãe, “uma heroína iluminada”, procurou o Juiz de menores da cidade, que a encaminhou para o Instituto de Cegos Padre Chico, em São Paulo, única escola para cegos na época. Lá, estudou do primário ao ginásio (ensino fundamental), foi alfabetizado em braille, em tinta e aprendeu datilografia, “o que foi de grande utilidade enquanto estudante e como profissional”.

Cursando o clássico (ensino médio) na E.E. Presidente Roosevelt, fez alguns cursos de massagem, passou a atender em domicílio e “cheguei até a trabalhar no Mercado Central como vendedor de peixe”. Mas por pouco tempo. “Quando soube da vaga de estágio como datilógrafo na Fundação, me candidatei”, lembra.

O pai e avôHoje, aposentado, mora em Assis

(SP). Atua ainda como instrutor e ministra cursos de formação de instrutores, “para que não se acabe essa atividade no Brasil”. No tempo livre, digitaliza livros para uso próprio, mas disponibiliza-os na internet. Viúvo desde 2009 de Hermínia, “com quem estive casado por 47 anos”, sua satisfação está também na convivência com os filhos, o Fernando, o Marcelo, a Cecília, a Rute e a Mariângela, e os netos Pedro, Bruno e Rodrigo.

Por Lúcia Nascimento, jornalista

Escritor, mestre, doutor... mas sempre instrutorSilas Maciel ensina orientação e mobilidade há mais de meio século

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“Eu sou um filho da luta!” Sérgio Fernandes Danna, sociólogo e professor de informática, assim se define para explicar suas batalhas e conquistas diante das limitações impostas pela cegueira congênita causada por rubéola, supostamente contraída pela mãe durante a gravidez.

Nascido em Presidente Prudente (SP), no dia 30 de agosto de 1949, ele é o filho caçula de Ernesto Danna e Ida Fernandes Danna, “minha principal incentivadora”. “Tive uma infância feliz, fazia loucuras em cima de um velocípede e até jogava futebol, com a vantagem de ser o único que podia tocar na bola com as mãos”, conta.

Depois de morar em Arapongas (PR), a família mudou para São Paulo. “Nossa situação financeira melhorou consideravelmente, pois meu pai passou a ser um empresário de autopeças e campainhas musicais.”

Na capital, fez o primário (ensino fundamental I) e aprendeu o braille no Instituto de Educação Caetano de Campos, e o ginásio (ensino fundamental II) em uma escola católica, a Santo Antônio do Pari, perto do bairro do Brás, onde morava. “Um dos padres aprendeu o braille para transcrever meus trabalhos. Passei, então, a ser o 1º da classe, porque valorizavam minhas capacidades ao invés de enfatizarem minhas dificuldades”, explica.

Apaixonado por futebol, aprendeu a caminhar sozinho por causa dos tricolores paulista e carioca. “Nos jogos do São Paulo ou do Fluminense, eu sempre dava um jeito de ir ao estádio. Meu pai me acompanhava, mas ele queria ficar na numerada e eu, na geral, na bagunça! Então, minha mãe contratou uma professora que me ensinou a usar a bengala.”

Na E.E. Brasílio Machado, na Vila Mariana, onde fez o clássico (ensino médio), “me entrosei com o pessoal de esquerda, com quem me sentia muito bem”. Esses amigos levaram-no ao curso de Ciências Sociais, na Universidade de São Paulo (USP). Estudou também inglês, francês e fez cursos de informática no Instituto Brasileiro de Incentivos Sociais (Ibis), que complementou nas aulas dadas por duas amigas, a Leda e a Sandra, atual vice-presidente da ADEVA.

O primeiro emprego ninguém esquece

“Foi na Casas Bahia, como programador de computadores.” Competente, mas imaturo, como ele reconhece, não entendeu a cultura da empresa. Discutiu com o chefe e foi demitido. Estava casado há apenas três meses.

Então, um amigo de seu pai, professor da Escola Técnica Federal de São Paulo, o indicou para o plantão de dúvidas e para atender um aluno cego, “o Markiano, atual presidente da ADEVA, que nunca precisou de ajuda”, conta Sérgio. Um ano depois, dava aulas de Cobol, como professor substituto. Em 1985, prestou concurso, foi aprovado e efetivado. Ficou por lá 28 anos, coordenou o curso de Informática por 11 anos, participou de algumas comissões e foi diretor do sindicato da categoria. Nos últimos quatro anos, também foi professor de Sociologia no, então, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.

Um bom filho a casa torna

Sua história com a ADEVA correu paralela. É um dos fundadores e atuava como secretário. “No começo, era apenas uma reunião de amigos que sonhavam fazer algo pelo deficiente visual”, lembra. “Eu me afastei por um tempo, mas antes ganhei um presente, minha esposa, a Vera Lúcia. Numa reunião, minha amiga, Edna Dias, mandou a Vera em seu lugar. Começamos a namorar uns 15 dias depois”, conta. Casados há 33 anos, eles têm uma filha, a Tatiana.

Hoje, de volta, constata a importância do trabalho que a ADEVA realiza e o peso do seu crescimento. “Este pode ser um momento decisivo, que talvez a transforme em uma organização média ou grande, passando a ser uma entidade padrão”, opina.

Desde agosto deste ano, é professor do curso de Cobol, “uma oportu-nidade oferecida pela Sandra Maciel, que me incentivou para que eu fosse programador e a quem devo muito como profissional. Nunca havia dado aulas para deficientes visuais; é uma experiência fascinante, na qual tenho contado com a ajuda do Carlos, um dos meus alunos, mas também professor da ADEVA”.

Por Lúcia Nascimento,jornalista

Cobol combina com futebol Sérgio equilibra didática e o cotidiano para ensinar linguagem de programação

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Signo: Virgem.Uma cor: Não tenho.Hobby: Ouvir rádio

e assistir TV.Um filme: Deus e o Diabo na Terra do Sol, do diretor Glauber Rocha.Um livro: Seara Vermelha, de Jorge Amado.

Uma música: Clarice, de Caetano Veloso.

Cantor preferido: Cauby Peixoto.

Cantora: Elis Regina.Sobre a deficiência:

Limita menos do que as pessoas pensam,

mas mais do que nós gostaríamos.

Religião: Não tenho.Deus: Não acredito.Amigos: Coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito.

Amor: É preciso amar para conseguir

fazer as coisas.Esporte preferido: Futebol e tênis.Time de futebol:

São Paulo, com uma simpatia muito grande

pelo Fluminense.Família: Se bem

estruturada, pode ser positiva.

Um sonho: Poder desfrutar da vida

sempre com saúde.O que fazer para viver

melhor? Conseguir entender o limite das coisas e poder amar o

ponto de interrogação. A dúvida é bem melhor do que a certeza, porque ela nos faz pensar e refletir.

Jogo rápido com

Sérgio F. Danna

Localizado no cruzamento das avenidas Ipiranga e São João, celebrado em Sampa, música de Caetano Veloso gravada em 1978, o Bar Brahma é ponto turístico na cidade de São Paulo.

É também o ponto de encontro dos amigos da ADEVA para o seu tradicional jantar de aniversário que, este ano, aconteceu dia 23 de novembro, com um show de Jair Rodrigues.

Essa parceria existe desde a reabertura do Bar Brahma em 2001, restaurado pelos atuais proprietários, Álvaro Aoás e Luis Marcelo Lacerda. E gerou atenção especial dos proprietários e funcionários no atendimento às pessoas com deficiência visual e às condições de acessibilidade do espaço.

Alguns desses cuidados foram provocados por situações até então inesperadas no Brahma. “Um dos associados da ADEVA reuniu amigos para uma festa em um sábado de feijoada. Alguns dos convidados vieram com seus cães-guia, o que causou uma confusão com o pessoal da segurança, que não tinha autorização para permitir a entrada de animais, e entre os garçons, que ficaram com receio de serem mordidos pelos animais. Mas, por fim, tudo se acertou e agora já estão incorporados na rotina da casa”, conta Luis Lacerda.

“Nesses dez anos de convivência aprendemos muito. É impressionante a garra e vontade que seus dirigentes demonstram na luta por seus interesses”, declara Luis. “Uma lição de vida para todos, pela força de ação e comprometimento com o trabalho que fazem. Aprendemos a respeitá-los cada vez mais e nossa parceria hoje se assenta sob condições de total respeito mútuo, sem nenhuma concessão de cunho paternalista”, completa.

A históriaO Bar Brahma foi fundado pelo imigrante alemão Henrique Hillebrecht em

1948, no mesmo prédio onde funcionava a Boate e Confeitaria Marabá. Nas décadas de 50 e 60, foi ponto de encontro de intelectuais, músicos, poetas, empresários e políticos.

Fechado desde o início da década de 90 por conta da decadência do centro paulistano, o bar reabriu em 1997 com o nome de São João 677. Teve vida curta, apenas um ano. Em 2000, arrematada pelos empresários Álvaro Aoás e Luis Lacerda, a casa foi totalmente restaurada, recuperando sua arquitetura original.

Reinaugurado em 9 de janeiro de 2001, hoje, o Bar Brahma é palco para artistas como Cauby Peixoto, Demônios da Garoa, Originais do Samba, algumas das atrações da programação musical que se desdobra de segunda a segunda. O cardápio de petiscos clássicos de botecos e o chopp, “tirado” na medida certa, lhe renderam destaque em revistas especializadas e a casa cheia toda noite.

Um ponto em comum Há dez anos, o Bar Brahma é palco da festa de aniversário da ADEVA

SERVIÇOBar Brahma – av. São João, 677, Centro, São Paulo (SP), tel.: 11 3333-3030 / 3367-3601. De terça a domingo, das 11h até o último cliente; segunda-feira, das 17h até o último cliente.

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AniversárioMais uma vez, o show contagiante

de Jair Rodrigues e os muitos amigos da ADEVA animaram o jantar de aniversário

desta respeitável jovem senhora de 33 anos. A festa, no dia 23 de novembro,

aconteceu no Bar Brahma, parceiro da entidade desde 2001 e homenageado

nesta edição do Conviva.

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Acompanhe a ADEVA!

VitóriaA equipe Golfinhos, representante da ADEVA na I Gincana Cultural promovida

pela Sociedade Amigos da Biblioteca Louis Braille, do Centro Cultural São Paulo, que aconteceu de 30 de julho a 29 de outubro, foi a vencedora da competição. Com um desempenho louvável, marcado pelo entusiasmo dos seus integrantes e por triunfos expressivos no torneio de xadrez; na criação, elaboração e leitura em braille da crônica Criança, escrava da mídia; na criação da peça publicitária sobre a Biblioteca Louis Braille; e na reportagem sobre tecnologias assistivas, os Golfinhos mereceram o primeiro prêmio, um notebook, entregue à entidade.

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HomenagemNo dia 17 de outubro, em sessão solene na Assembleia

Legislativa de São Paulo, foram comemorados os dez anos da inauguração do Centro de Treinamento da ADEVA, projeto concre-tizado em 2001 graças ao apoio do falecido governador Mário Covas. A iniciativa da homenagem partiu do deputado estadual Fernando Capez, presente à cerimônia ao lado dos dirigentes da entidade, do secretário municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Marcos Belizário, e de convidados. Durante o evento, o diretor-presidente da ADEVA, Markiano Charan Filho, fez o lançamento da versão em braille do livro de sua autoria, Rodrigo Bom de Bola, patrocinada pela Sabesp.

Markiano acompanhado do deputado Fernando Capez, do secretário Marcos Belizário e de Amélia Watanabe, representante do secretário estadual Bruno Covas

O Brasil é um destacado produtor de etanol derivado da cana-de-açúcar – cerca de 27 bilhões de litros de etanol por ano. O bagaço que sobra no processo de fabricação é, quase todo, queimado em caldeiras e o vapor usado para gerar energia elétrica.

E o que se faz com a cinza do bagaço da cana-de-açúcar, cujo volume anual é estimado em quatro milhões de toneladas? Pesquisadores brasileiros estão propondo uma destinação econômica e ambientalmente viável para esses rejeitos. Por exemplo, aproveitá-los como insumo na fabricação de argamassa e concreto para uso na construção civil.

A proposta do pesquisador da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Almir Sales, é substituir 30% a 50% em massa da areia natural pela cinza do bagaço de cana na produção. Segundo o pesquisador, essa mistura não apenas preserva as características físicas e mecânicas de um concreto de boa qualidade, mas também traz benefícios. “Nessa faixa de substituição, o concreto feito com cinzas pode ter um ganho de resistência 20% superior ao concreto convencional”. Além disso, esse tipo de concreto utilizará menos areia, diminuindo o impacto ambiental nos leitos dos rios, de onde é retirada. O concreto feito com cinzas de bagaço poderá ser empregado na fabricação de guias, sarjetas e bocas de lobo. “Várias prefeituras já trabalham com aplicação de outros resíduos para produção de artefatos de concreto”, ele acrescenta.

As pesquisas do físico Silvio Rainho Teixeira, da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), renderam pelo menos três aplicações para o rejeito: a produção de briquetes, de fritas e de vitrocerâmicas (cerâmicas vítreas).

Segundo Teixeira, o primeiro passo para a formulação desses novos produtos é a separação da fração orgânica da inorgânica das cinzas do bagaço. Os briquetes são fabricados a partir da porção orgânica, enquanto as fritas e as vitrocerâmicas utilizam a parte inorgânica, que é rica em dióxido de silício (SiO2), matéria-prima dos vidros mais comuns.

Já o engenheiro químico paulista Leonardo Glidiz, pesquisando as cinzas a fim de desenvolver fertilizantes, derrubou o composto na roupa e no chão. “Observei que o composto havia deixado marcas fortes, difíceis de sair”, recorda Glidiz. O material foi para análise e, assim, o negro de fumo orgânico foi inventado. Negro de fumo é um insumo presente em pneus, artigos de borracha, tintas, vernizes e adubo, entre outros produtos.

Essas pesquisas mostram que é possível um reaproveitamento de resíduos significativo e economicamente viável. O que não tem mais utilidade para nós pode servir para alguém, ou então pode ser reciclado, proporcionando a diminuição do uso de recursos naturais, o que é bom para o ambiente e para todos nós.

Por Sidney Tobias de Souza, analista de sistemas da Prodam

O resíduo do resíduo tem serventia Cinzas do bagaço de cana-de-açúcar geram novos produtos

BriquetesProduto feito de pó de carvão da cinza que é prensado e serve como alternativa ao carvão vegetal comum. Os briquetes apresentam maior densidade e poder calorífico igual ou superior ao do carvão de madeira. Podem ter aplicação industrial ou residencial.

Fritas Insumo semelhante a um vidro que se quebra em pedaços muito pequenos e é usado para fazer o acabamento vitrificado de peças cerâmicas como pisos, azulejos e vasos, entre outros.

VitrocerâmicasMaterial produzido a partir da cristalização controlada de materiais vítreos. Panelas e tampas de “vidro” de fogão elétrico são exemplos de utensílios vitrocerâmicos transparentes. As vitrocerâmicas apresentam propriedades importantes, como dureza superior à das pedras naturais, absorção zero de água e menor densidade. Por isso são usadas como revestimento interno e externo de edificações.

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Os Jogos Parapan-americanos, que aconteceram em Guadalajara de 12 a 20 de novembro, tiveram a participação de mais de 1.500 atletas disputando 13 modalidades: atletismo, basquete sobre rodas, bocha, ciclismo, futebol de 5 (futebol de cegos), goalball, haltero-filismo, judô, natação, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas e vôlei paraolímpico (vôlei sentado).

Representado por 223 atletas, o Brasil conquistou 197 medalhas: 55 de bronze, 61 de prata e as 81 de ouro que lhe deram o primeiro lugar no quadro de medalhas, com trinta a mais que o 2º colocado, os Estados Unidos.

Os esportes coletivos foram destaque. O basquete sobre rodas, o vôlei sentado e o goalball conseguiram se qualificar para os Jogos Paraolímpicos de Londres em 2012, onde, pela primeira vez, as equipes brasileiras feminina e masculina de goalball terão participação garantida.

Mesmo já classificado para Londres, o futebol de cinco deu um show na cidade mexicana. Jefinho e Ricardinho fizeram a diferença com seus dribles e arrancadas fulminantes. O Brasil venceu os adversários por placares fenomenais durante a fase classificatória, até a grande final com os eternos rivais argentinos. Numa partida difícil, chegou à prorrogação com o placar em 0 x 0. Mas a categoria e a habilidade brasileiras

falaram mais alto e Ricardinho fez a diferença. No final do segundo tempo da prorrogação, sofreu pênalti, bateu e garantiu o bicampeonato parapan--americano, credenciando a seleção brasileira como candidata também ao tricam-peonato paraolímpico. Que venha Londres!

A parte triste ficou por conta da mídia nacional. Indiferente à competição, foram raros e breves os vídeos e as

matérias sobre esse evento de importância maior que os Jogos Pan-americanos, pois a maioria das modalidades disputadas era classificatória para os Jogos Paraolímpicos de Londres.

Esperamos que no ano que vem o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), ao fechar contrato com uma empresa de comunicação televisiva, reserve um tempo minimamente satisfatório de transmissão, para que se possa apreciar o que há de melhor no nosso esporte. Não é de hoje que o paradesporto nacional supera, e muito, as marcas obtidas pelo esporte convencional em competições do mesmo nível. Somos uma potência paradesportiva internacional, status conquistado com a superação de estigmas e estereótipos de piedade e a demonstração de qualidade, raça, luta e demais quesitos exigidos pelo esporte de alto nível.

Por Ivan de Oliveira Freitas, professor da Universidade de Guarulhos e presidente da APADV

Paradesporto nacional supera limitesBrasil se destaca mais uma vez em competição paraolímpica

Viver sem limites

O governo federal lançou, no dia 17 de novembro, o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Viver sem Limites, que tem quatro áreas de atuação – educação, saúde, inclusão social e acessibilidade. As alterações na Lei Orgânica de Assistência Social (Loas) fazem parte do Plano, assim como a destinação de 150 vagas nos cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) a pessoas com deficiência. Até 2014, a meta é inserir na escola 378 mil pessoas de até 18 anos, adequar 42 mil escolas, adquirir 2,6 mil ônibus adaptados para o transporte escolar nos

municípios, atualizar e implantar salas multifuncionais e contratar tradutores e intérpretes de Libras [Linguagem Brasileira de Sinais] para as escolas. O Ministério da Educação (MEC) criará o curso superior de Letras em libras nas universidades.

O Viver sem Limites criará também 27 Centros de Referência da Pessoa com Deficiência para oferecer cuidados e promoção de autonomia às pessoas com deficiências graves e às suas famílias. Na área de saúde, as ações envolvem protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas no Sistema Único de Saúde (SUS); qualificação da rede de habilitação e reabilitação; implantação de centros de saúde com veículos acessíveis; qualificação e criação de oficinas de órteses e próteses; qualificação de centros odontológicos

e centros cirúrgicos especializados; e qualificação de seis mil equipes odonto-lógicas. O Minha Casa, Minha Vida disponibilizará 1,2 milhão de moradias adaptadas para cadeirantes e kits de acessibilidade conforme a deficiência do morador.

Também foram anunciados o estabe-lecimento de centros de treinamento para cães-guias em todos os estados até 2014; a liberação de microcrédito de até R$ 25 mil para aquisição de equipa-mentos, com juros de 8% ao ano; a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para equipa-mentos de acessibilidade; a destinação de recursos para inovação e pesquisa; e a criação da Secretaria Nacional da Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, a ser dirigida pelo deficiente visual Antônio José do Nascimento.

Paradesportistas brasileiros comemoram as vitórias.

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Felizes de nós quando pessoas colocam sua criatividade e competência em favor da Humanidade. Principalmente quando conseguem, por meio das novas tecnologias, democratizar informação e cultura. Foi o que fez o bibliotecário da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos (Library of Congress), James H. Billington, em junho de 2005, ao propor à Unesco [United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization / Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura] a criação de uma Biblioteca Digital Mundial (World Digital Library).

Em dezembro de 2006, a Unesco e a Biblioteca do Congresso copatrocinaram uma reunião de peritos com as principais partes interessadas de todas as regiões do mundo. O resultado foi a decisão de estabelecer grupos de trabalho que desenvolveriam normas e diretrizes para a seleção de conteúdos.

Em outubro de 2007, a Biblioteca do Congresso e cinco instituições parceiras apresentaram um protótipo da futura Biblioteca Digital Mundial na Conferência Geral da Unesco.

E, por fim, em abril de 2009, a Biblioteca Digital Mundial – www.wdl.org/ – é lançada para o público internacional, com conteúdo sobre cada Estado-membro da Unesco. Reunindo mapas, textos, fotos, gravações e filmes de todos os tempos, ela tem como objetivo tornar público informações sobre as joias e relíquias culturais de todas as bibliotecas do Planeta. O acesso é gratuito e sem necessidade de

cadastramento. Estão disponibilizados somente documentos “com valor de patrimônio”, que permitam apreciar e conhecer melhor as culturas do mundo. Sua estrutura foi baseada no projeto de digitalização da Library of Congress, iniciado em 1991, e que, atualmente, conta com 11 milhões de documentos.

Correta acessibilidade A Biblioteca Digital Mundial, inaugurada com 1.200

documentos, pode suportar um número ilimitado de informações. Cada documento tem uma breve explicação do seu conteúdo e significado. O material está digitalizado e incorporado no idioma original (podem ser encontrados documentos em mais de 50 línguas), mas as explicações aparecem em sete: árabe, chinês, inglês, francês, russo, espanhol e português. Entre as preciosidades disponíveis, encontram-se a Declaração de Independência dos Estados Unidos; constituições de numerosos países; um texto japonês do século XVI considerado a primeira impressão da história; o jornal de um estudioso veneziano que acompanhou Fernão de Magalhães na sua viagem ao redor do mundo; o original das Fábulas, de La Fontaine; o primeiro livro publicado nas Filipinas em espanhol e tagalog; a Bíblia de Gutemberg; e pinturas rupestres africanas que datam de 8.000 a.C.

A busca pode ser feita por épocas, zonas geográficas, tipo de documento e instituição. É possível, por exemplo, estudar em detalhe o Evangelho de São Mateus traduzido em aleutiano pelo missionário russo Ioann Veniamiov, em 1840.

Com um simples clique, pode-se passar as páginas de um livro, aproximar ou afastar os textos e movê-los em

todos os sentidos. A excelente definição das imagens permite uma leitura cômoda e minuciosa. O nível de

acessibilidade é muito bom, com alguns pequenos problemas que não comprometem a navegação.

A estrutura bem feita e pouco poluída favorece a rápida localização dos conteúdos com os leitores de tela. Para as pessoas idosas, ou disléxicas, ou com deficiência visual, ou até mesmo para quem quer uma alternativa à leitura, é possível clicar para ouvir o conteúdo consultado. A página, então, é falada em português com a “voz” da Fernanda, da Loquendo, um som sintético de muito boa qualidade.

Resta torcer para que tudo o que foi idealizado se torne realidade e usufruir

para justificar o investimento.Por Laercio Sant’Anna,

analista de sistemas da Prodam

Do mundo para o mundo A Biblioteca Digital Mundial dá acesso irrestrito e gratuito a patrimônios culturais

www.cliquemusic.uol.com.br

Banco de dados sobre artistas e a discografia da música bra-

sileira, abrangendo seus múltiplos gêneros e movimentos.

Quem se aventurar por esse universo infinito, tem espaço

para discutir sobre artistas e discos, ouvir clipes e trechos

das faixas de um disco específico, bem como saber um pouco

mais sobre quem o produziu.

www.centroruibianchi.sp.gov.br/

portal.php/institucional

O endereço abre as portas de uma vasta biblioteca virtual de artigos, trabalhos acadêmicos e bibliografia sobre os direitos da pessoa com deficiência. O Centro de Informação Rui Bianchi presta tributo a esse biblio-tecário e militante que priorizou a informação como instrumento de transformação.

www.cerebronosso.bio.br

O Cérebro Nosso de Cada Dia decodifica ludicamente os co-

nhecimentos da neurociência e dá dicas para sua aplicação no

dia a dia. A neurocientista carioca Suzana Herculano-Houzel

propõe para tanto jogos, charadas cerebrais, vídeos, imagens,

curiosidades, testes de atenção etc. Vá até lá e veja do que

seu cérebro é capaz.

Sintonize! Uma pessoa com deficiência visual sofre atrasos na concre-

tização de metas pessoais ou profissionais, muitas vezes, decorrentes do preconceito e da desinformação disseminadas pela sociedade. Isso acaba por demandar a utilização de suportes alternativos para a superação de diversos obstáculos.

Na minha trajetória pessoal, fui gradativamente descobrindo que o rádio me proporcionava não apenas momentos prazerosos de diversão e entretenimento, mas, sobretudo, a concretização de oportunidades crescentes e sucessivas de informação, conhecimentos gerais, amplitude da visão cósmica, bem como verdadeiro e dinâmico resgate do entusiasmo pela conquista de objetivos mais ousados.

Desde 1965, como aluno interno do Instituto Padre Chico, vindo de Maringá (PR), o rádio converteu-se numa ferramenta de uso imprescindível, para amenizar a distância da minha família e também como uma janela aberta para o mundo.

Pouco a pouco, fui libertando-me dos grilhões das fantasias consumadas pelos sonhos impossíveis do mundo das percepções visuais. Elas cediam às doces fantasias provenientes da imaginação criativa de um ouvinte contumaz. Todo dia, aguardava novas emoções, difundidas numa variada amplitude de programas musicais, rádio-teatro, noticiosos e coberturas esportivas memoráveis. Tornei-me um aficionado do dinamismo, da mobilidade e da funcionalidade operacional do rádio, que fazia história, espalhando ideias, sedimentando a unidade e a fraternidade entre os homens de todo o mundo.

A força e o poder incomensurável do rádio marcaram minha história e, certamente, a de muitos ouvintes deficientes visuais. Nesta nova seção, pretendo, com narrativas amenas e relevantes nos detalhes, prestar homenagem a um elenco de valores brilhantes, cujas atuações inesquecíveis protago-nizaram os momentos mais marcantes e encantadores de minha vida enquanto ouvinte assíduo. Aguardem, pois, as próximas edições.

Jornal do carro Programa apresentado pelo jornalista Elder Ferrari, aborda aspectos gerais do mercado automobilístico, peculiaridades tecnológicas dos automóveis atuais e, na seção “o carro da sua vida”, entrevista alguém de destaque no mundo artístico, esportivo, etc., sobre suas histórias com o primeiro carro ou aquele que marcou sua vida. Na antiga rádio Eldorado, atual ESPN 700 KHz AM, aos sábados, das 12h às 13h.

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Por Geraldo Pinheiro da Fonseca Filho, advogado, funcionário público estadual do Departamento de Inteligência da Polícia Civil de São Paulo.

EXPEDIENTE: Jornalista responsável: Liane Constantino (MTb 15.185). Colaboradores: Geraldo Pinheiro da Fonseca Filho, Ivan de Oliveira Freitas, Laercio Sant’Anna, Lothar Antenor Bazanella, Lúcia Nascimento (MTb 29.273), Márcio Spoladore, Markiano Charan Filho, Sandra Maciel, Sidney Tobias de Souza. Correspondência: rua São Samuel, 174, Vila Mariana, CEP 04120-030 - São Paulo (SP) - telefones: 11 5084-6693 / 5084-6695 - fax: 11 5084-6298 - e-mail: [email protected] - site: www.adeva.org.br. Editoração: Fernanda Lorenzo. Revisão: Célia Aparecida Ferreira. Fotolitos e Impressão: cortesia Garilli Artes Gráficas Ltda. - tel.: 11 2696-3288 - e-mail: [email protected] Tiragem: 1.000 exemplares. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA.

OPERAÇÃO PRESENTEO gênero animação dá colorido e encan-tamento a este filme, rodado na noite de Natal e que revela a resposta à pergunta de toda criança: “Como é que Papai Noel entrega todos os presentes em uma só noite?”. Sessão de cinema com audiodes-crição, patrocinada pela Sony Pictures e o Unibanco Arteplex. Shopping Frei Caneca, r. Frei Caneca, 569, 3º piso, dia 17 de dezembro, às 10h30. Entrada franca.

BEM-VIVERO projeto que leva esse nome, patrocinado pela ONG Yoga pela Paz, oferece conhecimento e práticas de yoga a leigos e aos já iniciados. Para participar das aulas gratuitas, recomenda-se apenas vestir roupas confortáveis e levar um “tapetinho” (uma canga ou uma esteira). Parque Ibirapuera, na Serraria, portão 7, av. República do Líbano, todas as terças-feiras, das 16h30 às 18h, e sábados, das 16h30 às 17h30.

ROTEIROS NATALINOSNatal Iluminado: passeios turístico-culturais especiais de Natal, feitos em ônibus e acompanhados de guia, explicando a história da cidade, promovidos pela Secretaria Municipal de Turismo (SPTuris). De 5 a 22 de dezembro, com saída da Praça Charles Miller, no Pacaembu, das 19h15 às 23h15. Ingresso: R$ 10,00. Mais informações: www.cidadedesaopaulo.com/natal.

Turismetrô Especial de Natal: este programa de roteiros turísticos populares da SPTuris que usa o metrô como meio de transporte oferece um itinerário especial neste mês de dezembro. De 3 a 24, aos sábados, às 9h e às 16h; aos domingos, às 9h, às 14h e às 16h, com saída da Estação Sé. Ingresso: valor dos bilhetes de metrô. Mais informações: www.cidadedesaopaulo.com/turismetro.

Um dedo de trova

Há muito tempo suspeitoda devoção aparente.Nem sempre uma cruz no peitopõe Cristo dentro da gente.

Lacy José Mundi Quando a mulher do vizinho cruza comigo na rua, diz o diabo, baixinho:“esta é melhor do que a tua!”

Durval Mendonça

Quando, à noite, fecho as portas,no nosso mundo afetivo,as chamadas “horas mortas” são as mais vivas que vivo...

Fernando Costa

O Acendedor de LampiõesLá vem o acendedor de lampiões de rua! Este mesmo que vem, infatigavelmente, Parodiar o Sol e associar-se à Lua Quando a sobra da noite enegrece o poente.

Um, dois, três lampiões, acende e continua Outros mais a acender imperturbavelmente, À medida que a noite, aos poucos, se acentua E a palidez da Lua apenas se pressente.

Triste ironia atroz que o senso humano irrita:Ele, que doira a noite e ilumina a cidade, Talvez não tenha luz na choupana em que habita.

Tanta gente também nos outros insinua Crenças, religiões, amor, felicidade Como este acendedor de lampiões de rua!

Jorge de Lima

Por Lothar Antenor Bazanella, analista de sistemas da Prodam