OS BENEFÍCIOS DA DANÇA DE SALÂO PARA IDOSOS: UM...
Transcript of OS BENEFÍCIOS DA DANÇA DE SALÂO PARA IDOSOS: UM...
OS BENEFÍCIOS DA DANÇA DE SALÂO PARA IDOSOS:
UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO
DANÇA DE SALÃO E ENVELHECIMENTO
Autoras: Daniela Pinto de Souza RA.001200601221
Dausilei Teixeira RA.001200601322
Orientadora Científica: Prof.(a).Dra. Mônica de Ávila Todaro
Universidade São Francisco
Curso de Educação Física – Licenciatura
Avenida São Francisco de Assis, 218
Jardim São José
CEP 12916-900
Bragança Paulista-SP
e-mail: [email protected]
Resumo
O presente trabalho objetivou estudar o valor da dança de salão para
idosos, bem como, a promoção da saúde na 3ª idade. É importante saber a
função da ação promotora da dança dentro do conhecimento teórico e prático
como estratégia que favorece melhor aproveitamento de vida. Muitos idosos
sentem dificuldade na comunicação efetiva em determinados momentos da
vida e o fluxo das atividades da dança é reconhecido, também, como recurso
facilitador da saúde na velhice. Parte-se de uma análise evolutiva do
surgimento desta estratégia e questiona-se o papel das práticas habituais em
relação ao desempenho dos idosos na evolução desta dinâmica. Esta pesquisa
sugere a busca de conhecimentos preciosos para o processo de ativação de
energia dentro da própria vida, através de uma interação entre idosos e
atividades por meio da dança. Portanto, os benefícios da atividade física por
meio da dança contribuem para um estilo de vida independente e saudável,
melhorando a capacidade funcional e a qualidade de vida para essa
população.
Palavras – chave: Dança de salão – idosos – saúde – desenvolvimento físico
Abstract
This work aims to study the value of the dance hall for the elderly and
health promotion in the third age. It is important to know the function of action
promoter of dance within the theoretical and practical knowledge as a strategy
that promotes better use of life. Many elderly have difficulty in communicating
effectively at certain points in life and the flow of the activities of dance is
recognized also as a resource facilitator of health in old age. Part is an
3
evolutionary analysis of the appearance of this strategy and is questioning the
role of practice in relation to the performance of the elderly in the evolution of
this dynamic. This research suggests the search for knowledge valuable to the
process of activation of energy within the life through offering the elderly the
opportunity of dance experiences. So the benefits of physical activity through
dance contribute to a style of living independent and healthy, much to improving
functional capacity and quality of life for this population.
Keywords: Ballroom dance – elderly – health – physical development
1
1. INTRODUÇÃO
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) a
população de idosos no Brasil deve triplicar até 2050 e o país precisará investir
em instituições para cuidar dessa grande parcela da população, que passará a
representar cerca de 13% do povo brasileiro (IPEA, 2007).
A Constituição Federal menciona o limite de 65 anos para a terceira idade,
mas na Política Nacional do Idoso esse limite é de 60 anos, conforme é
adotado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), enquanto que o código
penal brasileiro menciona a idade de 70 anos. Apesar de toda essa discussão,
a Organização Mundial de Saúde considera a idade de 65 anos, como limite
inicial, caracterizador da velhice, para os moradores de países desenvolvidos,
enquanto a ONU considera a partir dos 60 anos de idade para os idosos que
vivem em países em desenvolvimento como o Brasil (OMS, 2008).
Ultimamente são usados vários rótulos para denominar as pessoas que
chegaram ou passaram dos 60/65 anos, porém no intuito de minimizar um fato
comum e bem normal da humanidade, resolveram rotular as pessoas de
“terceira idade” ou ainda “melhor idade" (OMS, 2006).
Nesse contexto, nos próximos anos as pessoas da terceira idade terão
uma idade maior, tendo em vista o seguinte comparativo de expectativa de
vida: Em 2006, a esperança de vida do brasileiro ao nascer era de 72,3 anos.
Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2008). Em relação à de 1960 (54,6 anos), este número é maior em
32,4% (ou 17 anos, 8 meses e 1 dia).
Em média, no Brasil, no período de 2006 a 2007, houve um aumento de
quatro meses e 18 dias quanto à expectativa de vida, sendo de quatro meses
2
para os homens e de cinco meses e 7 dias para as mulheres. Em 2005, a
esperança de vida era de 71, 9 anos, sendo a masculina 68,2 e a feminina 75,8.
Nesses 46 anos, a esperança de vida das mulheres teve a maior alta
(35,7%), chegando 76,1 anos, contra 68,5 anos para os homens (28,9%). Em
relação a 1960, elas estão vivendo a mais, em média, 20 anos e 34 dias, e eles,
15 anos, 10 meses e 14 dias. Alguns dos fatores que contribuíram para esta
mudança foram à melhoria no acesso da população aos serviços de saúde, as
campanhas de vacinação, o aumento da escolaridade, a prevenção de doenças
e os avanços da medicina (BRASIL, 1996).
Para Moragas (1997), cada vez mais, a prática regular de atividade física
vem sendo recomendada como elemento de promoção de saúde. Vive-se um
período de desenvolvimento tecnológico que gera conforto e comodidades da
realização de nossas tarefas diárias e, conseqüentemente, um estilo de vida
mais sedentário.
Para Todaro e Jacob Filho (2006) nas instituições asilares, pela freqüente
denominação eufemista de “Casa de Repouso”, o conseqüente “direito ao
descanso” se transforma naturalmente em abstinência de atividades físicas.
A dança como atividade física ajuda a garantir a independência funcional
do indivíduo através da manutenção da sua força muscular, principalmente de
sustentação, equilíbrio, potência aeróbica, movimentos corporais totais e
mudança no estilo de vida.
Segundo Ribeiro (1995), a dança se destaca porque permite que o
praticante sinta a leveza, fluência, alegria, liberdade. Distrai, colocando a
pessoa em contato a sua verdadeira essência, o que é uma estratégia
3
particularmente eficaz no combate ao estresse, à ansiedade, tensão muscular;
na busca da autoconfiança, da melhora do autoconceito e da imagem corporal.
Barbosa (2000) relata ainda a forte associação entre qualidades físicas
(tais como: resistências, coordenação, velocidade, força, equilíbrio, flexibilidade,
relaxamento, ritmo, agilidade etc) e habilidades motoras (movimentos mais
precisos como receber, passar, quicar, arremessar, costurar, cortar, escrever
etc).
De acordo com Corazza (2001, p.28)
Os profissionais que trabalham com idosos têm como
funções básicas: orientar e conhecer seus idosos em toda
a concepção "biopsicossocial", saber falar com respeito,
saber ouvir, respeitar a individualidade "psicofísica",
sempre considerar as opiniões e as críticas, saber elogiar
naturalmente, demonstrar confiança e segurança em sua
metodologia.
Todas as explicações e informações que tenha a passar para os idosos, a
ensinar, nem sempre serão absorvidas em um primeiro momento. Dessa forma,
sempre serão passíveis de várias repetições para perfeito entendimento e
assimilação do grupo. Nesses casos, não se deve demonstrar enfado ou
descontentamento, repetindo-se quantas vezes se fizerem necessárias e,
sempre, como se fora à primeira vez (BARBOSA, 2000).
2. OBJETIVO
Estudar o valor da dança de salão para idosos, bem como a promoção
da saúde na 3ª idade.
4
3. DESENVOLVIMENTO
O envelhecimento da população mundial é um fenômeno novo ao qual
mesmo os países desenvolvidos estão tentando se adaptar, o que era marca
de alguns países passou a ser crescente em todo mundo. O conceito de
capacidade funcional é particularmente útil no contexto do envelhecimento.
Quando a capacidade funcional começa a se deteriorar é que os problemas
começam a surgir (PAPALIA, 2002).
O conceito está intimamente ligado à manutenção da autonomia,
dependência e a transferência do idoso para uma instituição, caso não seja
possível mobilizar recursos financeiros e familiares para cuidar do idoso em
sua própria casa, recorrendo à internação quando a sobrecarga torna-se
insuportável ou supõem que o idoso não está recebendo assistência
adequada (PAPALIA, 2002).
O envelhecimento é marcado por fases onde muitas transformações
ocorrem na vida dos indivíduos. Os sentidos não têm a mesma eficiência, os
ossos e músculos começam a ficar comprometidos e outros órgãos começam
a sofrer dificuldades para exercer sua função com eficácia. Cabem as
instituições que asilam idosos, cuidar para que essas qualidades restantes
sejam preservadas ou melhoradas e para que o processo de envelhecimento
não seja só visto como o fim de uma vida (WALDOW, 1998a; WALDOW,
2001) e sim como um processo natural e inevitável.
Papaleo Netto (2002, p.122), afirma que:
[...] uma das formas de conceituar o envelhecimento
seria um processo dinâmico e progressivo, onde
ocorrerá alteração morfológica, funcional e bioquímica
5
que vão alterando progressivamente o organismo,
tornando mais suscetível às agressões intrínsecas e
extrínsecas.
Inerente a qualquer organismo, a memória vem fascinando vários
pesquisadores. Ao mesmo tempo em que são feitas novas descobertas mais
nos questionamos sobre o funcionamento desta atividade tão fundamental para
adaptação do indivíduo ao ambiente que o cerca (VIUDE, TAMAI e BORSOI,
2003). Assim sendo os indivíduos envelhecerem mantendo-se autônomos e
independentes, as dificuldades serão mínimas para eles, sua família e a
sociedade (ABREU et al, 2003).
A longevidade humana propõe aos idosos a preservação da qualidade
de vida, na presença das ameaças de restrição da autonomia e da
independência, causadas pela depleção da saúde e pelo empobrecimento da
vida social (DUARTE e DIOGO, 2000).
Para prevenir ou minimizar os efeitos do envelhecimento, é necessário
que se inclua a atividade física. Essa preocupação tem sido abordada não
somente nos países desenvolvidos, como também nos países em
desenvolvimento, como é o caso do Brasil (MATSUDO, 2002).
A prática de exercício físico, além de combater o sedentarismo, contribui
de maneira significativa para a manutenção da aptidão física do idoso, seja na
sua vertente da saúde como nas capacidades funcionais (PASSARO, 1996).
A atividade física aeróbia regular é capaz de promover um aumento na
capacidade física a um nível pelo menos moderado, pode ser benéfica, tanto
para a prevenção, como para o tratamento da hipertensão. No entanto, os
efeitos do treinamento não persistem por mais de duas semanas, após a
interrupção da atividade física regula (PASSARO, 1996).
6
Nesse contexto pode-se dizer que os exercícios físicos minimizam os
efeitos advindos do envelhecimento e permitem prevenir possíveis
complicações.
3.1 Idosos institucionalizados
Institucionalização é o ato ou efeito de institucionalizar. Institucionalizar,
por sua vez, é dar o caráter de instituição, adquirir o caráter de instituição
(HOLANDA, 1999, p.323).
Para os idosos institucionalizados é importante que as instituições de
caráter asilar, que muitas vezes tornam-se a única opção para os idosos e suas
famílias, possuam aparatos infra-estruturais, recursos humanos e materiais,
para atender, convenientemente, a essa clientela, dadas as especificidades
relacionadas à faixa etária (PAPALIA, 2002).
Salgado (1982) revela que as instituições para idosos contam com um
novo tipo de clientela: o idoso independente. Mas nem sempre essas
instituições estão prontas para recebê-lo, já que as mesmas não suprem suas
necessidades sociais mais comuns levando-o a apressar o seu declínio
psicofísico até a morte. Ressalta ainda que a vida institucional não seja
característica de nossa cultura, pois violenta todas as conquistas do processo
de vida e traumatiza a existência.
O idoso, ao entrar para uma instituição, é levado a um mundo à parte,
perde sua individualidade, entra aos poucos num processo de isolamento e
deixa de existir. Negam-se as possibilidades de elaboração de projetos já que
está vivendo num mundo sem significado pessoal (SALGADO, 1982).
7
Fica claro que o idoso ao perder (total ou parcial) as suas construções
simbólicas, conseqüentemente sofrerá um corte com o seu mundo de relações
e com sua história (PIMENTEL, 2001).
3.2 Idosos não institucionalizados
Entende-se por idosos não institucionalizados aqueles que não recebem
assistência de entidade asilar (PAPALIA, 2002).
Considerando este aspecto para os idosos não institucionalizados, na
maioria dos casos é a família que assume o cuidado do idoso. Esta, muitas
vezes sem recursos econômicos, ou de conhecimentos específicos,
necessários a esta ação, pois as políticas de saúde não oferecem recursos e
suporte a assistência/cuidado da população idosa e, menos ainda, à família
cuidadora (KARSCH apud CREUTZBERGE e SANTOS, 2000).
Com relação às idosos não institucionalizados e que praticam atividades
físicas, tem-se observado que a capacidade cognitiva, bem como a memória
ainda está bem preservada, o que pode indicar que a institucionalização aliada
ao sedentarismo pode levar a uma perda significativa da memória (PAPALIA,
2002).
Nesse contexto faz-se necessário conceituar a dança para que se possa
ter melhor conhecimento de seus benefícios para as pessoas idosas, é o que
se enfoca no capítulo a seguir.
3.2.0 Dança
A dança, por se tratar de uma forma de expressão corporal e muitas vezes
por não fazer parte do cotidiano de muitas pessoas, deve ser encarada como
8
uma nova situação e como tal deve ser analisada e executada com harmonia
entre cérebro e corpo (FREITAS, 2008). Como qualquer nova atividade física
que exija uma comunicação entre corpo e cérebro, só será efetuada com
exatidão quando o corpo estiver recebendo corretamente os dados que lhe
estiverem sendo enviado (FREITAS, 2008).
Deve-se estar consciente de que a expressão corporal é de fundamental
importância para o ser humano, fazendo com que se aperfeiçoe a coordenação
motora, trazendo ao cotidiano uma grande paz de espírito; quando efetuada em
grupo proporciona a convivência social saudável, além de se estar fazendo
exercícios físicos que com certeza beneficiarão o organismo (FREITAS, 2008).
A dança como qualquer outra situação inusitada, às vezes nos causa exaustão,
no entanto deve-se sobrepor a este fator os benefícios que ela pode nos trazer
(FARO, 1986).
3.2.1 Conceito de dança
Segundo Houaiss (2001, p.907) “a dança é o conjunto organizado de
movimentos ritmados do corpo, acompanhados por música; bailado”. A arte da
dança faz parte das culturas humanas e sempre integrou o trabalho, as religiões
e as atividades de lazer.
A dança, tal como todas as manifestações artísticas, é fruto da
necessidade de expressão do homem, de maneira que seu aparecimento se liga
tanto às necessidades mais concretas dos homens quanto àquelas mais
subjetivas (FARO, 1986).
A atividade da dança pode desenvolver no ser humano a compreensão de
sua capacidade de movimento, mediante um maior entendimento de como seu
9
corpo funciona. Assim, poderá usá-lo expressivamente com maior inteligência,
autonomia, responsabilidade e sensibilidade (BRASIL, 1996).
3.2.2 Tipos de dança
Quando se fala em dança, pode-se pensar em vários tipos de dança, por
exemplo: dança de salão, samba, forró, pagode, jazz, sapateado, balé clássico,
afros, modernos, contemporâneos, dança folclórica, dança popular, maxixe,
quadrilha, valsa, entre outras. Na dança social, os participantes dançam para o
seu próprio prazer. Todos os tipos de dança envolvem movimento, energia,
ritmo e criação (FREIRE, 1999).
Quando se refere à dança para pessoas cujo corpo apresenta uma
deficiência, a primeira idéia que talvez passe pela nossa cabeça seja a dança
terapêutica, ou a dança expressiva ou livre, usada geralmente para se soltar
(FREIRE, 1999).
3.2.3 Dança de salão
Desde a Antigüidade, a humanidade já tinha na expressão corporal,
através da dança, uma forma de se comunicar. Encontramos influências
culturais dos países onde são dançados e de onde são originários os ritmos.
Cada cultura transporta seu conteúdo às mais diferentes áreas, dentre estas, as
danças absorvem grande parte desta transferência, pois sempre foi de grande
importância nas sociedades através dos tempos, seja como uma forma de
expressão artística, como objeto de culto aos deuses ou como simples
entretenimento. No entanto em tempos mais remotos o sentido da dança tinha
10
um caráter místico, pois era muito difundida em ritos religiosos e raramente era
dançada em festas comemorativas (FREITAS, 2008).
O Renascimento cultural dos séculos XV/XVI trouxe diversas mudanças no
campo das artes, cultura, política, dentre outras. Dentro deste contexto, a dança
também sofreu profundas alterações que já vinham se arrastando através dos
anos (FREITAS, 2008).
Desde então a dança social foi se transformando e aos poucos se tornou
acessível às camadas menos privilegiadas da sociedade que já desenvolviam
outro tipo de dança: as danças populares; que, inevitavelmente, com estas
alterações de comportamento foram se unindo às danças sociais, dando origem
assim a uma nova vertente da música, dançada por casais, que mais tarde seria
denominada Danças de Salão (FREITAS, 2008).
A dança de salão está presente no Brasil antes da vinda da família real,
mas foi após a vinda da família real, que ela se intensificou profundamente, pois
trouxe toda a cultura da corte para o Brasil (PERNA, 2002).
Com relação aos benefícios, a dança de salão pode proporcionar um
conhecimento mais profundo dos corpos das pessoas: seus limites, a beleza de
seus movimentos, a alegria da expressão corporal (PERNA, 2002).
Mas, além disto, a dança trabalha a coordenação motora, agilidade, ritmo
e percepção espacial, desenvolve a musculatura corporal de forma integrada e
natural, permite uma melhora na auto-estima e quebra de diversos bloqueios
psicológicos, possibilita convívio e aumento do rol de relações sociais, torna-se
uma opção de lazer e promove inclusive melhora de doenças e outros
problemas (PERNA, 2002).
11
Nesse contexto a dança de salão é muito importante para o
desenvolvimento dos idosos, principalmente em relação às atividades física,
afetivas, entre outras, que serão abordadas no capítulo a seguir.
3.2.4 A dança e o desenvolvimento humano dos idosos
São muitas as modalidades de atividades físicas que podem ser praticadas
pelos idosos. Entretanto, algumas são mais convenientes nesta faixa etária, pois
fazem com que as pessoas se sintam melhor fisicamente. Hermida (2000)
afirma que as atividades físicas mais indicadas aos idosos são: a caminhada, a
natação, a ginástica, o golfe e a dança. O mesmo autor ainda destaca que a
dança é uma ótima atividade física e terapêutica para os idosos que se sentem
solitários, e não só, pois alia o movimento à música, explora a expressão
corporal e a coordenação motora.
Para Papalia e Olds (2000 p.26)
Um dos motivos do desenvolvimento humano ser tão
complexo é que as mudanças ocorrem em muitos
aspectos diferentes do eu. Para simplificar a discussão, os
autores falam separadamente sobre o desenvolvimento
físico, cognitivo e psicossocial em cada período da vida,
mas na verdade esses aspectos estão entrelaçados. Cada
um deles afeta os outros.
3.2.5 A dança e o desenvolvimento físico na terceira idade
Algumas mudanças tipicamente associadas com o envelhecimento são
evidentes até para o observador mais causal (PAPALIA, OLDS, 2000). No
entanto para Todaro e Jacob Filho (2006) nas instituições asilares, pela
12
freqüente denominação eufemista de “Casa de Repouso”, o conseqüente
“direito ao descanso” se transforma naturalmente em abstinência de atividades
físicas.
É importante que as atividades oferecidas estejam de acordo com as
expectativas dos participantes, o que confirma que a velhice, por ser um
fenômeno heterogêneo, permite que as escolhas nessa etapa da vida também
o sejam (TODARO e JACOB FILHO, 2006).
As pessoas mais velhas podem fazer a maioria das coisas que os jovens
são capazes, porém mais lentamente (BIRREN, WOODS & WILLIAMS, 1980;
SALTHOUSE, 1985, apud PAPALIA e OLDS, 2000). Elas têm menos força do
que tinham antes e são limitadas em atividades que requerem resistência ou
capacidade de carregar cargas pesadas (BIRREN, WOODS & WILLIAMS,
1980; SALTHOUSE, 1985, apud PAPALIA e OLDS, 2000).
Segundo diferentes autores (RIBEIRO, 1993; NANNI, 1995; MARQUES,
1999; CARLI, 2000), a dança, quando praticada regularmente, possibilita a
aquisição de habilidades e auxilia na melhora de aspectos físicos.
Dançar faz com que as pessoas se sintam bem, pois dá prazer e produz
alegria. Em relação à importância da dança na vida dos idosos, podemos
observar que muitas delas disseram que faz bem aos aspectos físicos e para a
saúde (RIBEIRO, 1993; NANNI, 1995; MARQUES, 1999; CARLI, 2000).
A manutenção da boa forma física e de uma vida social ativa é
fundamental para a saúde e a longevidade do idoso. Na terceira idade, a dança
pode ser considerada uma verdadeira terapia. Ela proporciona movimento
regular e sem grande esforço aliado ao convívio saudável com outras pessoas,
13
em ambiente estimulante, repleto de música e alegria (RIBEIRO, 1993; NANNI,
1995; MARQUES, 1999; CARLI, 2000),
3.2.6 A dança e o desenvolvimento cognitivo na terceira idade
A idade muitas vezes traz mudanças no funcionamento cognitivo, mas
nem todas são prejudiciais.
Uma questão fundamental que divide os psicólogos com
uma visão relativamente otimista do desenvolvimento
cognitivo na terceira idade daqueles com uma visão
menos positiva é a plasticidade, ou modificamento: se o
desempenho cognitivo em adultos mais velhos pode ser
aperfeiçoado com treinamentos e prático (PAPALIA E
OLDS, 2000, p. 513).
Idosos tendem a aperfeiçoar o uso prático da dança como fonte de
informações e conhecimento prático que armazenam com a educação, o
trabalho e a experiência de vida. A dança para a terceira idade tem boa
aceitação por parte dos que a praticam e, também, que a idade não se
constitui em obstáculo para sua prática (PRADO et al, 2000).
3.2.7 A dança e o desenvolvimento psicossocial na terceira
Idade
Desde que a sociedade foi se organizando, é observada uma minoria
comandando uma grande maioria. Assim, a participação do idoso na
sociedade não é um espaço que preexiste como se fosse algo natural
(SCANDIAN,1992).
14
A participação social deve ser entendida como um componente da prática
social vivenciada pelo homem em relação com outros homens para a
determinação de si mesmo e da sociedade (SCANDIAN,1992).
A dança tem forte caráter sociabilizador e motivador; seja em par ou
sozinho, seja velho ou criança, seja homem ou mulher, dançando todos nos
sentimos bem. É uma prática para toda a vida, que desperta sentimentos e
desenvolve capacidades anteriormente inimagináveis (ROBATTO,1994).
Não apenas os aspectos sociais são despertados nos idosos em
relação à dança, mas também os processos de afetividade, os quais dão
melhores condições de um envelhecer saudável (ROBATTO,1994).
3.2.8 Os benefícios da dança como atividade para idosos
A dança como atividade física ajuda a garantir a independência
funcional do indivíduo através da manutenção de sua força muscular,
principalmente de sustentação, equilíbrio, potência aeróbica, movimentos
corporais totais e mudanças do estilo de vida (REZENDE,2003).
É importante que o idoso experimente a existência de suas articulações,
o limite de sua força, o prazer de transformar o seu corpo num instrumento
para extravasar suas emoções, seus sentimentos (PEREIRA,2000).
A prática da dança de salão proporciona inúmeros benefícios aos que a
ela se dedicam. Quando praticada com regularidade é uma espécie de
ginástica aeróbia de baixo impacto, excelente para manter a forma física de
pessoas de todas as idades e condicionamentos físicos diferenciados
(GOMES,2007).
15
Na terceira idade, a dança pode ser considerada uma verdadeira terapia.
Ela proporciona movimento regular e sem grande esforço aliado ao convívio
saudável com outras pessoas, em ambiente estimulante, repleto de música e
alegria (GOMES,2007).
Os bailes voltados para a terceira idade são organizados, geralmente,
em horários propícios (por exemplo, à tarde), de forma que as pessoas
possam manter sua independência, indo e vindo da atividade sem a
necessidade de acompanhantes e não tendo prejudicado seu necessário
horário de sono (GOMES,2007).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O principal benefício da dança de salão, enquanto atividade física, são a
mobilidade articular e a coordenação motora, o contato com o movimento,
poder pensar o que está fazendo e realizar o movimento desejado. O processo
de aprendizado de dança de salão passa pelo conhecimento articulado, ou
seja, associam conhecimentos e definições, físicos e até mesmo filosóficos,
com experimentação, vivência e percepção. Integra corpo/mente, razão e
emoção no pleno exercício do prazer. Para tanto é importante saber envelhecer
e saber descobrir o encanto de cada idade. Feliz de quem envelhece
crescendo em compreensão para com tudo e para com todos.
Entretanto, no processo do envelhecimento é importante freqüentar
salões de dança que é por si só, uma boa forma de buscar a convivência.
Dançar a dois, na maioria dos casos desperta alegrias muitas vezes
adormecidas como se divertir à noite inteira gastando bem pouco dinheiro (na
maioria dos casos os bailes são atividades de lazer consideradas populares de
16
baixo custo) ocupar-se com problemas cotidianos, sem risco ou conseqüências
muito graves tal como realizar um passo mais complexo e ter a oportunidade
de conhecer e se aproximar de várias pessoas, principalmente do sexo oposto.
A dança como atividade física ajuda a garantir a independência funcional
do indivíduo através da manutenção da sua força muscular, principalmente de
sustentação, equilíbrio, potência aeróbia, movimentos corporais totais e
mudanças do estilo de vida. A dança de salão é um recurso interessante capaz
de contribuir para a autonomia e independência do indivíduo idoso, para que
estes se mantenham ativos e participativos socialmente. Desta forma, é
possível caracterizá-la como uma atividade importante em programas de
atividades voltados para a terceira idade.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, Flávia M.C; DANTAS, Estélio H. M; LEITE, Wânderson de O. D;
BAPTISTA, Márcio R; ARAGÃO, Jani C. B. de. Perfil da autonomia de um grupo
de idosos institucionalizados. Fórum brasileiro de educação física e ciências do
esporte-Revista Mineira de Educação Física. Viçosa: Gráfica Universitária, v.
10, p. 455-455, 2002.
BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Lei n. 9.394, de 20
de dezembro de 1996.
BARBOSA, R.M. Educação Física Gerontológica. Rio de Janeiro: Sprint,
2000.
17
CARLI, S. C. O idoso e a dança: aptidão física, auto-imagem e auto-estima.
Monografia de especialização. UFSC, Florianópolis. 2000.
CREUTZBERG, M; SANTOS, B.R.L. “... se a gente não tem família, não tem
vida!" Concepções de famílias de classe popular cuidadoras de pessoa idoso
fragilizada. Revista. Gaúcha Enfermagem. Porto Alegre: v.21, n.esp, p. 101-12,
2000.
DUARTE, Yeda Aparecida de O; DIOGO, Maria José D’elboux. Atendimento
Domiciliar: um enfoque gerontológico. São Paulo: Ed. Atheneu, 2000.
FARO, A. J. Pequena História da dança. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.
FERREIRA, A.B.H: Novo Aurélio Século XXI. O dicionário da língua portuguesa.
Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1999.
FREIRE, I. M. Compasso ou descompasso: O corpo diferente no mundo da
Dança. Ponto de Vista, vol. 1, Florianópolis: UFSC/ NUP-CED, 1999.
FREITAS, Rinaldo Donizete de. Danças de salão. Disponível em:
<http://www.francanet.com.br >Acesso em: 23 Abr. 2008.
18
GOMES, Jussara Vieira. Dança de salão na terceira idade. Artigo, 2007.
Disponível em: <http://www.danceadois.com.br/portal/cultura/danca-de-salao-
na-terceira-idade.html> Acesso em: 5 Abr. 2008.
HERMIDA, J. F. O lugar da Educação Física na nova Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional: trajetória, limites e perspectivas. Revista paranaense
de educação física, Curitiba, PR BRASIL, v. 1, n. 1, p. 55-65, 2000.
HOUAISS, Antonio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. São Paulo:
Objetiva, 2001.
IPA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.<http://www.ipea.gov.br> Acesso
em 20 Abr. 2008.
MARQUES, I. Ensino da dança hoje: textos e contextos. São Paulo: Cortez,
1999.
MATSUDO, Sandra M. Envelhecimento, atividade física e saúde. Revista
Mineira de Educação Física, Viçosa: MG, vol.10, nº 1, p.193-207, 2002.
MORAGAS, R. M., Gerontologia social: envelhecimento e qualidade de
vida. São Paulo: Paulinas, 1997.
NANNI, D. A dança educação: princípios, métodos e técnicas. Rio de
Janeiro: Sprint, 1995.
19
OMS. Organização mundial de saúde. <http://www.omsdive.com> Acesso em:
20 Abr. 2008
PAPALEO NETTO, Matheus. Gerontologia: a velhice e o envelhecimento em
visão globalizada. São Paulo: Atheneu, 2002.
PAPALIA, Diane E; OLDS, Sally Wendkos. Desenvolvimento humano. Porto
Alegre: Artmed, 2000.
PEREIRA, J.B.B. A linguagem do corpo na sociedade brasileira: do ético ao
estético. In: QUEIROZ, R.S. (Org.). O corpo do brasileiro. São Paulo: SENAC,
2000.
PASSARO, L.C. & GODOY, M. Reabilitação cardiovascular na hipertensão
arterial. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo p. 41-68. Exercício e coração.
São Paulo: SOCESP. 1996.
PERNA, Marco Antônio. Samba de Gafieira, a História da Dança de Salão
Brasileira. Rio de Janeiro, 2002.
PIMENTEL, L.M.G. O lugar do idoso na família: contextos e trajetórias.
Coimbra: Quarteto, 2001.
20
PRADO, T. P. et al. A terceira idade da dança. In: Produção dos acadêmicos
do Centro de Educa cão Física e Desportos da Universidade Federal de Santa
Maria no ano de 2000. Universidade Federal de Santa Maria, 2000. p. 30-31
RESENDE, A. In: HASHIZUMI, M. Hashizumi, et al. Idosos: dança para a
terceira idade. Artigo, 2004. Disponível em:
<http://www.cdof.com.br/idosos10.htm> Acesso em 05 Abr. 2008.
RIBEIRO, M. G. C. O idoso, a atividade física e a dança. Dissertação
(Mestrado) – UFRJ, Rio de Janeiro, 1993.
ROBATTO, L. Dança em processo: a linguagem do indizível. Salvador:
UFBA, 1994.
SALGADO, M.A. Velhice, uma nova questão social. São Paulo: SESC, 1982.
SCANDIAN, Maria Noélia de O. O conceito de participação social na perspectiva
de integração e transformação social. In: Serviço Social e Sociedade, Ano III,
n. º 9 São Paulo: Cortez, 1992.
TODARO, Mônica de Ávila e FILHO, Jacob Wilson. Atividade Física e
Envelhecimento Saudável. Cap. 10, p.109-209, São Paulo: Atheneu, 2006.
VIUDE, Andréa; TAMAI, Sérgio e BORSOI, Silvia Affini T. Screening de
memória. Gerontologia, vol. 11, nº 1-4, p.21-25, 2003.