Os Calções Verdes Do Bruno

download Os Calções Verdes Do Bruno

of 3

description

Ficha de trabalho

Transcript of Os Calções Verdes Do Bruno

  • 7Ano Ficha Formativa 05 - 2011/12 M Jos Russo Pgina 1

    A. L o texto que se segue:

    Os cales verdes do Bruno At a camarada professora ficou espantada e interrompeu a aula quando o Bruno entrou

    na sala. No era s o que se via na mudana das roupas, mas tambm o que se podia cheirar com a chegada daquele Bruno to lavadinho.

    No intervalo, em vez de irmos todos brincar a correr, cada um ficou s espantado a passar perto do Bruno, mesmo a fingir que ia l fazer outra coisa qualquer. A antiga blusa vermelha tinha sido substituda por uma camisa de manga curta esverdeada e flores brancas tipo

    Havai. Mas o mais espantoso era o Bruno no trazer os cales dele verdes justos com duas barras brancas de lado. A pele cheirava a sabonete azul limpo, as orelhas no tinham cera,

    as unhas cortadas e limpas, o cabelo lavado e cheio de gel. At os culos estavam limpos. Tortos mas limpos.

    L fora a gritaria continuava. O Bruno, ao contrrio dos ltimos seis anos de partilha escolar, estava mais srio e mais triste.

    Fiquei no fundo da sala. Eu era grande amigo do Bruno e mesmo assim no consegui

    entender aquela transformao. Olhei o ptio onde as meninas brincavam trinta e cinco vitrias. Na porta, uma contraluz do meio-dia iluminava a cara espantada da Romina. Eu

    olhava a Romina, o sol na porta e o Bruno tambm. O mujimbo j tinha circulado l fora e eu nem sabia. Havia uma explicao para tanto

    banho e perfumaria. Parece que o Bruno estava apaixonado pela R. A me do Bruno tinha

    contado me do Helder todos os acontecimentos incrveis da tarde anterior: a procura dum bom perfume, o gel no cabelo, os sapatos limpos e brilhantes, a camisa de botes. A me do

    Bruno disse me do Helder, foi ele mesmo que me chamou para eu lhe esfregar as costas.

    Depois do intervalo o Bruno passou-me secretamente a carta. Comeava assim: Romina: nos ltimos dias j no consigo lanchar po com marmelada e manteiga,

    e mesmo que a minha me faa batatas fritas nunca tenho apetite de comer. Ainda por cima de noite s sonho com os caracis dos teus cabelos tipo cacho de uva...

    A carta continuava bonita como eu nunca soube que o Bruno sabia escrever assim. Ele

    tinha a cara afundada nos braos, parecia adormecido, eu lia a carta sem acreditar que o Bruno tinha escrito aquilo mas os erros de portugus eram muito dele mesmo. Era uma das

    cartas de amor mais bonitas que ia ler na minha vida, e eu prprio, anos mais tarde, ia escrever uma carta de amor tambm muito bonita, mas nunca to sincera como aquela.

    A camarada professora era muito m. Veio a correr e riu-se porque eu tinha lgrimas nos

    olhos. Pegou na carta e rasgou tudo em pedacinhos to pequenos como as minhas lgrimas e as do Bruno. A Romina desconfiou de alguma coisa, porque tambm tinha os olhos

    molhados. O sino tocou. Samos. Era o ltimo tempo.

    No dia seguinte, com um riso que era tambm de tristeza e uma espcie de saudade, o Bruno apareceu com a blusa dele vermelha e os cales verdes justos com duas riscas brancas de lado. Deu a gargalhada dele que incomodava a escola toda e veio brincar

    connosco. Na porta da sala, uma contraluz amarela do meio-dia iluminava a cara bonita da Romina e

    os olhos dela molhados com lgrimas de ternura. E o Bruno tambm. ONDJAKI, Os da Minha Rua, Editorial Caminho, 2007

    7ano

    01

    05

    10

    15

    20

    30

    35

    40

  • 7Ano Ficha Formativa 05 - 2011/12 M Jos Russo Pgina 2

    B. Escolhe a opo que completa corretamente cada uma das afirmaes.

    1. A professora ficou espantada porque o Bruno

    A. chegou atrasado aula. B. veio lavado, perfumado e com roupas diferentes.

    C. usava um perfume desagradvel.

    2. Antes de ir brincar para o recreio, cada aluno passou pelo Bruno para

    A. verificar se ele tinha uns culos novos. B. lhe dizer que no gostava da sua nova imagem.

    C. apreciar a grande mudana no seu visual.

    3. A grande transformao do Bruno deve-se ao facto de ele A. estar apaixonado pela Romina. B. pretender agradar professora.

    C. querer causar inveja aos colegas.

    4. O narrador convenceu-se de que a carta tinha sido realmente escrita pelo Bruno devido A. expresso sincera das emoes.

    B. aos erros ortogrficos. C. beleza da sua escrita.

    5. Para qualificar a carta do Bruno para a Romina, o narrador utilizou os adjetivos A. bonita e sincera.

    B. sincera e secreta. C. bonita e secreta.

    C. Embora no seja dito explicitamente, deduzimos a razo pela qual o ttulo do texto "Os cales verdes do Bruno".

    1. Indica-a.

    D. Vamos analisar o conto seguindo as categorias da narrativa abordadas nas ltimas aulas:

    1. Comea por ordenar as sequncias da narrativa de acordo com a leitura que fizeste do texto.

    O narrador seguiu o olhar de Bruno que olhava Romina.

    O contedo da missiva surpreende-o: uma belssima carta de amor!

    Porm a camarada professora pegou na carta e rasgou-a sem que Romina a lesse.

    No dia seguinte, Bruno chegou escola nos seus velhos cales verdes Bruno pede ao amigo que lhe entregue secretamente uma carta.

    Bruno deixou todos boquiabertos: Tinha renunciado aos cales verdes e sentia-se seu o cheiro a lavado com esmero.

    No intervalo, os colegas observaram-no cuidadosamente: roupa muito diferente e higiene cuidada ao detalhe.

    1.1. Como se organizam as sequncias da narrativa neste conto?

    2. Centra-te nas personagens do texto. 2.1. Classifica a me do Hlder quanto ao relevo. 2.2. Tendo em conta o passado e o presente no conto, caracteriza fsica e

    psicologicamente Bruno.

  • 7Ano Ficha Formativa 05 - 2011/12 M Jos Russo Pgina 3

    2.3. Diz quais os processos de caracterizao usados pelo narrador e transcreve um exemplo para cada um.

    3. Debrua-te agora sobre o narrador. 3.1. Classifica-o relativamente presena e justifica fazendo o levantamento de

    algumas marcas.

    3.2. Classifica-o quanto posio fundamentando a tua opinio com elementos textuais.

    4. Atenta no tempo e no espao em que decorre a ao. 4.1. Retira do texto marcas temporais que te indicam que os acontecimentos

    narrados decorreram ao longo de trs dias. 4.2. Localiza a ao no espao, indicando as respetivas marcas.

    E. Vamos agora considerar a interpretao do texto:

    1. Refere o acontecimento que provocou o espanto na aula. 1.1. Como se comportaram a professora e os colegas?

    2. O que ter motivado Bruno a mudar de aspeto naquele dia? Justifica com uma citao do texto.

    2.1. Qual era o seu estado de esprito? 2.2. Como se teve conhecimento?

    3. Considera a frase: Depois do intervalo o Bruno passou-me secretamente a carta. 3.1. Comenta o contedo da carta.

    3.1.1. Relaciona-o com o estado emocional do Bruno. 3.1.2. Como reage o narrador s palavras escritas pelo amigo?

    3.2. Mostra de que forma o eu adulto intervm nesta parte da narrativa.

    4. Atenta na frase: A camarada professora era muito m.

    4.1. Explica o motivo pelo qual o narrador faz esta afirmao. 4.2. Descreve a reao da Romina.

    4.2.1. Que concluso tiras da sua atitude?

    5. Na tua opinio, o que significar o facto de Bruno ter voltado a vestir os cales verdes

    no dia a seguir ao episdio da carta?

    6. Transcreve as palavras do texto que te permitem saber que:

    6.1. Habitualmente, o Bruno era um rapaz alegre; 6.2. O narrador e o Bruno j eram colegas de escola h alguns anos quando

    aconteceu o episdio narrado; 6.3. O narrador narra algo que aconteceu na sua infncia.

    7. Faz corresponder os vocbulos apresentados na coluna A ao respetivo significado na coluna B.

    Coluna A Coluna B A. Espantada (l. 1) B. Gritaria (l. 11)

    C. Mujimbo (1. 17) D. Incrveis (l. 19) E. Esfregar (l. 21)

    F. Intervalo (l. 23) G. Sincera (l.31) H. Apareceu (l. 38)

    I. Incomodava (l. 39)

    1. Boato 2. Extraordinrios

    3. Surgiu 4. Verdadeira S. admirada

    6. Barulheira 7. Irritava 8. Friccionar

    3. Interrupo