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DEBATER, A urstona

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DEBATER, A

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REPORTAGEM

Os cem.itériosprotestantes de LisboaFRANCISCO QUEIROZ

Em 31 de Maio de 2014, decorreu uma inéd i­

ta visita ao Cem ité rio Alemão e ao Cemitério

Britânico, ambos em Lisboa. Conta ndo com a

recept ividade das respect ivas comu nidades, e

com a organização da "Eu Amo Lisboa - visitas

& passeios", a visita foi gu iada pelo aut or deste

texto, no qu al desvela um pou co destes qua­

se desconhecidos espaços de Lisboa, situados

muito próxim o um do out ro.

Cemitério Britânico de Lisboa:o mais antigo em Portugal

Até ao século XIX, as comun idades não cató li­

cas,em espec ial as protestantes, estavam im pe­

did as de exercer culto livrem ente em Portugal.

Consequente me nte, não possuíam tem plos

própri os ju nto aos qu ais pudessem ente rrar

os seus mor tos. Estes t inham de ser, po is, inu­

mados ao ar livre, em locais afastados das po ­

voações, de fo rma a não provocar escândalo à

ordem cató lica vigente. No Funchal, hou ve cor­

pos de súbd itos br itânicos falecidos na pr imeira

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metade do século XVIII (e de est range iros não

cató licos em ge ral) at irado s ao mar. No Porto,

vários foram enterrados nas areias lodosas da

foz do Rio Douro, em maré baixa.

A cedê nc ia de "um lugar idóneo" às comunida­

des britânicas residentes em Portugal, para o

caso de pretenderem um cem ité rio privativo,

tinha sido já prevista no art igo 14° do tratado

assinado em 1654 ent re Cromwell e D. João IV.

Porém, a into lerância religiosa sobrepôs-se aos

aco rdos ent re as duas nações e só no século

XVIII foi possível concret izar-se essa aspi ração.

O prime iro cemitério prot estante em Portu gal

fo i o de Lisboa, sendo hoje o mais ant igo qu e

ainda funcion a no nosso país. Este cemité rio

foi co locado nu ma zona, à altura, relativamente

afastada do cent ro da cidade.

Em 1717, fo i emprazada a primeira parcela de

terreno do qu e viria a ser este cemité rio, em­

bora só a part ir de 1721, com a criação de um

im posto que reverti a para as com unidades br i­

tânicas residentes fora da sua pát ria, a de Lisboa

pôde obte r autonom ia fin anceira para const ruir

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po r casamento) pod iam ter sepultura noscem i­

térios ditos "britânicos". Éclaro que os cató licosde Lisboa que fossem parentes de protestantes

(ou até de origem britânica/holandesa) acaba­

vam por ser sepultados nos tradicionais locaisde inumação cató lica.

Refira-se que, em Portugal, exist iram também

cemitérios britânicos na Figueira da Foz,em Via­

na do Castelo, em Setúbal, e em Ponta Delgada,

sem falar nos cemitérios britânicos de caracte­

rísticas especiais, como o de Elvas (exclusiva­mente militar), ou o das minas de S. Domi ngos.

Porém, todos eles são posteriores ao de Lisboa.

o cemitério. Curiosamente, em

1723, a comunidade holandesa ad­

quire terreno cont íguo ao que os

britân icos haviam emprazado, com

frente para a Travessa dos Ladrões

(posterior Rua da Estrela), onde

fico u colocada a po rta do cemi­

tério. Parece, pois, ter havido uma

atitude concertada. Mesmo sendo

conhecido como Cemitério Britâni­

co de Lisboa, prat icamente desde

o início foi tamb ém um cemitério

holandês. Aliás, em 1729, ambas

as comunidades tom aram de em­

prazamento mais um pedaço de

terreno, confinante com a cerca do

convento benediti no, pedaço esse

que, em parte, seria expropriado

no século XX, para a abertura da

Rua de S. Jorge, ta l como sucedeu

a uma boa parte do terreno inicial­

mente adquirido pelos holandeses.

Apesar de ser propri edade britâ­

nica e holandesa, era facultada asepultura a finados não cató licos Entrada actual do Cemitério Britânico de Lisboa

de outras nacionalidades, sendo

necessário, embora as taxas de enterramento

pudessem ser maiores para tod os os não bri­tânicos e não holandeses.A mais ant iga lápide

neste cemitério conju nto é a da sepultura de

Francis Laroche, um refugiado huguenote fale­

cido em Fevereiro de 1724.Todavia, no cemité­rio há também inscrições em alemão, russo, e

até em hebraico (e latim, por força da t radição

clássica). Situação semelhante sucedeu com

os cemitérios britânico s do Funchal e do Por­

to , onde pod em ser encon t radas sepulturasde norteamericanos, e de nórd icos. Em teor ia,

mesmo católicos portuguesesque fossem apa­

rentados com protestantes (nomeadam ente,

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o que distingue o Cemitério Britânico de Lisboae quais os seus principais pontos de interesse

Um dos principais factores que diferencia os ce­mité rios protestantes em Portugal, e o Cemité ­rio Britânico de Lisboa em part icular,dos cemi­térios cató licos portugueses, é a manutençãodos restos mortais no mesmo local de sepultu­ra, intocados sempre que possível. Os motivoseram de ordem religiosa, e relacionavam-secom a negação da existência do Purgatório.Aliás, muitos dos churchyards britânicos eram

geridos pela comunidade e não pela paróquia,pois os próprios sacerdotes angl icanos desen­corajavam qualquer t ipo de culto aos mortos,até como form a de se demarcarem das práticascató licas.Os ofícios fúnebreseram simp les, sen­do o defunto quase abandona do logo após o

enterramento.

Túmulos no Cemitério Britânico de Lisboa

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Contudo, vários autores sustentam que, fora

da sua pátria, os britânicos foram menos co­medidos no culto aos mortos e, além do mais,

como nos seus cemité rios eram sepultados

falecidos de outras nacionalidades, os cemité­

rios britânicos fora da Grâ-Bretanha tendi am aser proporcionalment e mais monument ais, e a

' receber túmulos de certo aparato em datas re­

lativamente recuadas, dependendo da data da

sua fund ação.

No caso do Cemitério Britânico de Lisboa, po­demos aqui encont rar diversos monumentos

do século XVIII, const ituindo o único núcleo

de túmulos barrocos ao ar livre,

em Portu gal, e possivelmente omaior núcleo de túmulos barro­

cos no nosso país, mesmo con­

tando com os núcleos existentes

no interior de igrejase conventos.

Tendo sido fund ado no século

XVIII, o Cemitério Britânico de

Lisboa foi concebido quase àmaneira de um churchyard in­

glês, com a excepção de nãoter sido planeado em função

de qualquer igreja anexa. Ainda

hoje, os túmu los não se apresen­

tam dispostos com uma orga­

nização geo métrica clara, mes­

mo salvaguardando o facto de

algumas sepult uras terem sido

removidas para outros locais do

cemitério, como consequência

da abertura da Rua de S. Jorge,

na década de 1940. Cont udo, o

Cemitério Britânico de Lisboa

recebeu uma capela anglicana,

que foi edificada no século XIX,muito tempo depois da funda ­

ção do cemitério, uma vez que a

permi ssão concedida aos britânicos, para terem

cemitério próp rio, não se estendia inicialmen­

te a espaços de culto, que só mais tarde foram

tolerados pela ordem cató lica portuguesa e,

mesmo assim, em edifícios que tinh am de ser

invisíveis a part ir da via pública, e sem campa­

nário - conforme o clausulado do tratado de

amizade celebrado em 1810 ent re o Regente D.

João VI e o Rei George III, no contexto de gran­

de fragilidade da coroa portuguesa perante os

franceses, estando a Corte no Brasil.

Cape la do Cem itério Britânico de Lisboa

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Henry Fielding e o seu túmulo

A colocação dos templos dentro dos cemité­

rios britânicos, eles próprios cercado s de muros

bem altos por imposição legal ante rior, foi a so­

lução adoptada em Lisboa, e também no Porto.

Pa ra além de mu ros altos, o Cemité rio Britânico

de Lisboa havia levado também uma fi leira de

ciprestes alinhados com o muro da parte ant i­

ga, que impediam ainda maisa visibilidade para

o interior. Por outro lado, as capelas ang licanas,

como deviam ser construídas em terreno bri­

tânico, mais facilm ent e seriam const ruídas no

terreno dos cemitér ios que já pertenciam ànação britânica. Mesmo assim, antes de haver

uma capela para culto dentro do Cemité rio

Britânico de Lisboa, exist ia já um a capela mor­

tu ária de gosto neopaladiano, ainda dos fin aisdo século XVIII, ao passo que a capela ang li­

cana, pensada em 1814 e concluída em 1822

dentro do mesmo gosto da capela mortuária,

foi reconstruída e ampliada num a linguagem

neom edieval. A capela angl icana original ar-

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deu em 1886 e a actual data de 1889. Quanto àcapela mortuária, financiada pelos holandeses,

não se enco ntra no local original. Situava-se nazona do cemitério onde hoje está a esquina da

entrada da Rua de S. Jorge. De facto, em 1941,depois do célebre ciclone, que aqui derrubou

cerca de 90 dos primitivos ciprestes do cemi­

tério e danifico u 20 sepultu ras, Duarte Pachecodete rm inou a aquisição de parte do terreno do

cemité rio, para abrir a dita rua. A comunidade

britânica conseguiu protelar alguns anos, mas

acabaria por ter de ceder,a troco de 600 contos:

Além de ter sido necessário reerguer a capelamortuária, a casa dos zeladores do cemité rio

teve de ser demolida e transferida, e cerca de

35 sepult uras, várias das qu ais supostamentede jud eus, foram trasladadas. Adelina Pires, que

cuido u do cemitério duran te mu itas décadas,

tendo ultrapassado os 100 anos e merecido

uma condeco ração por parte da Ra inha Isabel

II, relatava a suposta maldição que recaía sobre

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quem pertu rbasse campas hebraicas. De facto,

cerca de doze meses depois do despacho queimpl icava as t rasladações, Duarte Pacheco mor­

reria num acidente de viação.Apesar da sua zona mais antig a ter sido ob lite­

rada, e várias lápides e mo numentos estaremfora do local original, o Cemitério Britânico de

Lisboa apresenta um zonamento com certa ló­

gica, havendo até uma parte maioritariamente

destinada às víti mas de naufrágios,a qual,origi­

nalmente fora um talhão destinado a militaresfalecidos na Guerra Peninsular do início do sé­

culo XIX, precisamente ond e viria a ser também

edificada a prim it iva capela ang licana.

Dent ro do recinto do Cemitério Britânico deLisboa, avultam túmulos de numerosas per­

sonalidades ligadas à cidade, em especial aos

negócios. Porém, o mais célebre sepultado no

Cemitério Britânico de Lisboa é o romancista

sat írico e dramaturgo Henry Fielding, "the most

singular geniu s which [England] ever produ­ced', como afirmou o viajan te George Borrow,

ou "the iather of the English ncve l', segundo a

opinião de Sir Walter Scott. Em 1754, ano do

seu falecimento, Fielding chamo u a Lisboa "ttie

nastiest city in the wortd", talvez por não corres­

ponder ao sít io arejado, salubre e calmo que ele

precisava para convalescer das suas maleitas.

, Dentro do recinto do Cemitério Bri­

tânico de Lisboa, avultam túmulos denumerosas personalidades ligadas à ci­dade, em especial aos negócios.

Porque morreu pobre e porque a sua família

não vivia em Portugal, durante anos os seus

restos ficaram sob um a sepultura simples. Ora,

com a cada vez maior quant idade de viajantes

est rangeiros, e britânicos em particular, que

passavam por Lisboa; com o despontar do espí­

rito românt ico, tornava-se part icu larmente difí­

cil de conceber que uma fig ura tão im portante

das Letras não tivesse um mo numento decente

no cemitério:

"the foreign devotees among them never failed

to pour scorn on English indifference towards

their greatest men. 'Is this how the British ho­

nour their best and brightest?' they asked with

a sneer. How can it be that philistine merchants

and money-men erected 'marble monuments

with long, potnpous, flattering inscriptions' tothemselves and their vulgar wives, while a man

ofproven genius and fame was left to rot and be

forgotten in a frosty hole?The most bloodthirs­

ty of theseBloody Foreigners went even iurther,

and threatened to raise a splendid monument

paid for out of their own unworthy continental

pockets, and chisel a mocking epitaph anta it!Thecheek !"

Finalmente, em 1830 a comunidade britânica,

impu lsionada pelo capelão, Christopher Ne­

ville, subst ituiu a primitiva sepultura po r um

verdadeiro monument o, o qual fo i abraçado e

beijado em 1835, pelo dito George Borrow, que

exortou os visitant es do cemité rio a fazerem o

mesmo - prát ica que ainda hoje parece ser se­

guida por adm iradores do escritor (e não só).Out ras personalidades ligadas à história do

Cemitério Britânico de Lisboa são: Philipp 00­dd rige (teólogo, autor de sermões e hinos, que

tamb ém veio para Lisboa em 1751, para tentar

curar a sua doe nça, mas acabaria por falecer 13

dias depoi s, datando o seu túmulo apenas de

1828, po r iniciativa de Thomas Taylor, que seconsiderava "dos seus numerosos admiradores,

o único ainda vivo"), os Stephens (da Rea l Fá­brica de Vidros da Marinha Grande), o Barão de

Purry, David (banqueiro suíço, um dos maiores

beneficiados com os monopólios pombalinos),

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Gerard DeVisme (inglês cuja família era hugue­note de origem francesa,e que ficou conhecidopela sua quinta em Benfica e pelo seu paláciode Monserrate, em Sint ra, tendo també m fun­dado um hospital junto ao Cemitério Britânicode Lisboa, concluído em 1794), ou o cônsulholandês Daniel Gildemeester (detentor domonopólio dos diamantes, homem próximodo Marquês de Pom bal, e que ficou conhecidopelo seu Pa lácio de Seteais,em Sint ra). Em 1779,Daniel Gildemeester ent rou em confl ito com acomunidade britânica, por ter desejado que otúmulo do filho, John Gildemeester, ficasse aofundo da avenida principal do cemitério, invia­

bilizando a abertura de uma segunda entradapara o mesmo, como os britânicos pretend iam.Daniel Gildemeeste r foi quem financiou depoisa capela mortuária do Cemitério Britânico deLisboa, concluída em 1794, cerca de um anoapós a sua mort e.Embora o túm ulo sobre a sepultura de DanielGildemeester seja imponente, o maior destecemitério foi dedicado a outro não britânico:Christian August, 30Príncipe de Waldeck.Gene­ral germânico que esteve uma curta tempora­da ao serviço de Portugal (desde Maio de 1797)e coadjuvou o Duque de Lafões no comandoe reorganização do exército, ao que parece,seria famoso, hábil e influente, tendo privadocom o soberano português. Para além disso,

era também afável com os seus subalte rnos,de modo que adquiriu a estima geral e a suamorte deixou saudosa memória. O Regente D.João VI mandou erigir-lhe o monu mento comotestemunho público de reconhecimento , mu i­to embora tenha ficado escondido dos olharesdo povo. Este interessante monumento fune­rário - o maior que até então se t inha erigidoao ar livre em Portugal e o único existente noCemitério Britânico de Lisboa com o retrato do

Ent rada do Cemitério Alemão de Lisboa

finado em relevo - foi desenhado por Francisco

Xavier Fabri e construído em 1799, por Antó nioJoaquim de Faria, mestre canteiro que t rabalha­va no telheiro da Estrela.Custou 2.158$900, va­lor então equivalente ao de um prédio urbano.O Cemitério Britânico de Lisboa apresenta nu­merosos out ros mo numentos, sendo de desta­car que aqui estão os mais ant igos monumen­tostum ularesem Portugal dedicados acrianças,e os primeiros dedicados a mulheres dentro doespírito românt ico. George Borrow, que visito uo Cemitério Britânico de Lisboa em Novembro

de 1835, numa altura em que o Cemitério dosPrazeres ainda só cont inha algumas lápides ­curiosamente, inspiradas nas que o CemitérioBritânico de Lisboa albergava - chamou-lhe"Pêre-la-chaise in miniatu re". E, de facto, é tãogrande a importância do Cemité rio Britânico deLisboa, em termos históricos, e como mod elopara os cemité rios lisboetas fund ados mais tar­de, que foi um dos trêspropostos em 2003 paraclassificação como "Monumento Nacional':

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o Cemitério Alemão de Lisboa

Túmulos no Cemitério Aiemão de Lisboa

capela, podemos ver o retrato a óleo do doador

do terreno, mostrando-o à frente do cemitério

que fundou. O seu túmulo encont ra-se ao cen­

tro do cemitério, que é bem mais pequeno que

o Cemitério Britânico de Lisboa, mas que alber­

ga mo numento s interessantes, num ambiente

de jardim rom ântico.Curiosamente, neste cemi­tério alemão existem algumas sepulturas com

capelas por cima, o que o aproxima mais dosmodelos doscemitérios católicos de Lisboa. _

A tendendo a dive rsos factores, desde circuns­

tâncias nacionalistas ao preço das sepulturas

mais elevado para os não britânicos e não ho­landeses, seria natural que out rascomun idades

protestantes su fic i en teme~te grandes desejas­sem um cemitério pró prio. Em concre to, a co­

munid ade evangélica alemã de Lisboa, graçasa um benfeito r, pôde abrir cemitério próprio, na

Rua do Patrocín io.

Terá sido em 1821 que o abastado comercian­

te Nicolaus Berend Schlick, oriund o de Lübeck,

doou à dita comunidade um terreno com perto

de 3.000 m2 de área. O cemitério fo i inaugurado

a 25 de Janeiro de 1822, servindo aquela que

se considera ser a segunda mais antiga comu­

nidade protestante no exterior da Alemanha.

Comerciantes, conselheiros reais, médicos, es­

critores, escultores e num erosos diplom atas

encontraram aqui a sua últ ima morada.

Embora seja ainda proprie dade da Igreja Evan­gélica Alemã de Lisboa, hoje acolhe como úl­

t ima morada tanto os alemães - sejam prote s­

tant es,cató licos ou judeus - como também os

portuguesescasados com alemães.Na pequenaL...---------------.lJIBIBLIOGRAFIA

History of the Lisbon Chaplaincy, by John o.Hampton, w;th tevisions by Rev. E. N. Staines.Published by order of t he Church Council, 1965

(2nd edit ion, 1989).

QUEIROZ, JoséFrancisco Ferreira - OsCemitériosdo Porto e a arte funerária oitocentis ta em Por­tugal. Consolidação da vivência romântica naperpetuação da memória.Tese de Doutoramen­

to em História da Arte apresentada à Faculdade

de Letras da Universidade do Porto. Porto, 2002.

http://georgeborrowstud ies.net/fath er-of- the­

novellfathecoUhe_novel_by_petecmissler.pdf

oautoré Doutorem HistóriadaArte pelaUniversidadedo Porto. Investigador PrincipaidaLinhaTemática "Herlta­ge,Cuiture, andTourism"doCEPESE- Centro de Estudosda População, Economiae Sociedade.Texto elaboradono âmbitodo seu projecto"ArteTumular do Romantismoem Portuçal"Todasasfotografias sâo do autor.