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____________________________Profa. Dra. Patrícia Bulegon Brondani (@patyqmc)
https://patyqmc.paginas.ufsc.br/
1
As reações de substituição nucleofílica acílica ocorrem,
geralmente, em compostos carbonilados possuidores de um grupo que
pode servir como grupo abandonador (GA). Compostos que possuem
essa característica, possuem um heteroátomo ligado a carbonila e, são
os chamados derivados de ácidos carboxílicos.
Os derivados de ácidos carboxílicos também possuem a carbonila
como sítio eletrofílico. Sua reatividade varia de acordo com o grupo
contendo o heteroátomo ligado à carbonila. Para melhor entender o
comportamento destes compostos é importante conhecer a estrutura e,
ponderar sobre a eletrofilicidade do grupo carbonila e habilidade do
grupo abandonador em cada caso.
R OH
O
Ácido Carboxílico
R OR'
O
Éster
R O
O
Anidrido de ácido
R'
O
R Cl
O
Cloreto de acilaou cloreto de ácido
R Br
O
Brometo de acilaou brometo de ácido
Haletos de Acila
R NH2
O
Amidas
R NHR'
O
R NR'2
O
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A ordem geral de reatividade (eletrofilicidade) para
compostos carbonílicos (incluindo cetonas e aldeídos) pode ser
observada abaixo:
O grupo funcional ácido carboxílico (COOH) e os grupos funcionais
relacionados, como ésteres e amidas, são comumente encontrados na
estrutura de diversas biomoléculas essenciais à vida, de produtos
bioativos e de intermediários sintéticos muito utilizados em síntese
orgânica. Os haletos de acila, são muito reativos e não são encontrados
na natureza, sendo preparados antes de seu uso.
Em geral, quando existem grupos doadores de elétrons ligados a
carbonila, a eletrofilicidade diminui, ou seja, a reatividade frente a
nucleófilos diminui. Já, quando existem grupos retiradores de elétrons a
reatividade aumenta.
A Teoria do Orbital Molecular explica este aumento da
reatividade na presença de grupos retiradores pela diminuição da
energia do LUMO que é o orbital molecular p* da C=O. Como a
reatividade depende da diferença de energia entre HOMO do nucleófilo e
LUMO do eletrófilo, com a diminuição da energia do LUMO ocorre o
aumento da reatividade.
O mecanismo da reação de substituição nucleofílica acílica
ocorre como mostrado abaixo.
R OH
O
Ácidos Carboxílicos
R OR'
O
Ésteres
R O
O
Anidridos de ácido
R'
O
R Cl
O
Cloretos de acila
R H
O
Amidas
R NR'2
O> > > R R
O> ~ > > R O
O
Aldeídos Cetonas Carboxilatos
Reatividade Similar
Base conjugada de ácidos carboxílicos
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Quando um nucleófilo ataca o LUMO da C=O (OMp*), a ligação p
entre carbono e oxigênio se quebra e, um intermediário é formado. O
nucleófilo ataca o carbono formando uma nova ligação C-Nu. O carbono é
atacado, pois como foi visto anteriormente (material sobre adição
nucleofílica à carbonila) o orbital p* da C=O (LUMO) é mais pronunciado
nesse átomo, para compensar a maior participação do oxigênio no
orbital p ligante. Além disso, a diferença de eletronegatividade polariza
a ligação em favor do oxigênio, deixando uma carga parcial positiva no
carbono.
O intermediário formado por esse ataque é tetraédrico, ou seja, o
carbono passa de sp2 a sp3. Geralmente, um composto contendo um Csp3
ligado a um oxigênio será instável se este carbono estiver também
ligado a outro átomo eletronegativo. O intermediário tetraédrico é
instável, pois ambos Y e Nu são eletronegativos. O par de elétrons do
oxigênio reconstitui a ligação p C=O e, Y- ou Nu- é expelido com o par de
elétrons da ligação.
Quando Nu- é menos básico que Y-, o Nu- sai como grupo
abandonador, retornando ao reagente, ou seja, nenhum produto novo é
formado. Quando Y- é menos básico que Nu-, Y- sai como grupo
abandonador e um novo produto é formado.Quando a basicidade das
duas espécies for similar, a reação é um equilíbrio!
Outro ponto a ser observado é a carga do nucleófilo. Em reações
com ânions (nucleófilos carregados negativamente) o intermediário
tetraédrico fica com carga negativa no oxigênio da carbonila (como
mostrado no esquema acima). Esse tipo de reação, ocorre mais
rapidamente, pois o nucleófilo negativo é mais reativo.
R Y
O
Nu
Csp2
R
O
YNu
Csp3
R Nu
O
Csp2
Y
Etapa 1: adição do nucleófilo
Etapa 2: eliminação do grupo abandonador
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Em reações com nucleófilos neutros, o nucleófilo é mais fraco e,
geralmente, ocorre a necessidade de ativar-se a carboxila, protonando-a
em meio ácido. A protonação deixa a espécie mais eletrofílica.
1. Reações de Ácidos Carboxílicos
A substituição nucleofílica em ácidos carboxílicos, deve ocorrer
com o composto na sua forma ácida. A desprotonação, que ocorre em
meio básico, levaria ao carboxilato, que é uma espécie fracamente
nucleofílica.
Quando o nucleófilo é íon haleto ou carboxilato, a reação não
ocorre, pois estas espécies são melhores grupos abandonadores do que o
OH. Portanto, não há formação de cloretos de ácidos através da
utilização simples de um íon cloreto, nem de anidridos através da
utilização de um carboxilato como nucleófilo.
Y
OH
NuHYNuHHO
Nu neutro: necessita meio ácido
intermediário tetraédrico protonado
H
Nu
OHYH
Y sai com o H+
Nu
O
Controle do pH(Adição de base)
OH
O
Deve ser mantido ácido para ser eletrofílico
xO
O
Carboxilato(base conjugada)pouco eletrofílico
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No entanto, ácidos reagem com álcoois levando a ésteres,
segundo o mecanismo abaixo. Excesso de álcool desloca o equilíbrio para
a formação do éster, bem como a retirada de água, que sai como grupo
abandonador. A retirada de água pode ser realizada pela utilização de
sulfatos, peneiras moleculares ou Dean-Stark. As condições reacionais
devem ter meio ácido. O meio ácido tem função de catálise e de realizar
a manutenção da forma ácida do ácido carboxílico.
g-Hidroxiácidos ciclizam rapidamente em um processo
intramolecular, pois há um nucleófilo e um eletrófilo na mesma
molécula. Essa reação é entropicamente favorecida, caso o ciclo
formado seja estável.
OH
O
O
O
+ HClCl
O+ H2O
Não ocorre
OH
O O
O
O+ H2O
Não ocorre
OH
OH
OH
OH
CH3OH
OCH3
OHHO
H
excesso de álcoolNesse momento, o CH3OH
seria o melhor GA.Isso é um equilíbrio e o
prototropismo pode ocorrer.
OCH3
OH2HO
Agora água é melhor GA
OCH3
OHOCH3
OH2O
A retirada de água pode auxiliar o deslocamento do equilíbrio.
Prototropismo
-H
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Ácidos carboxílicos não reagem com aminas, para formar
amiDas, pois a basicidade das aminas os desprotonem, levando ao
carboxilato. O carboxilato é pouco eletrofílico e reage somente com
nucleófilos muito fortes. Nem mesmo em ácidos fortes esta reação
ocorre, pois protonaria a amina levando a sua inativação como
nucleófilo.
2. Reações de Ésteres
Ésteres contendo diferentes grupos OR podem ter reatividade
diferenciadas. Grupos OR onde R possui possibilidade de deslocalização
de carga negativa são bases mais fracas e, melhores grupos
abandonadores, sendo mais reativos para substituição acílica.
Similarmente ao que ocorre com ácidos carboxílicos, ésteres não
reagem com íons cloreto nem carboxilato para levar a cloretos de ácidos
ou anidridos, respectivamente.
No entanto, ésteres reagem com água para levar a ácidos
carboxílicos, em meio ácido ou básico.
OHOH
O
H2SO4(cat.)
O O
95%
+ H2O
O
OH NH2
O
O H3N
O
OH NH3
O
O NH4
O
OPhMais reativo do que
O
OMe
Acetato de Fenila Acetato de Metila
PhOH (pKa = 10) MeOH (pKa = 15,5)
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Em uma hidrólise catalisada por ácido a primeira etapa é a
protonação do oxigênio da carbonila. Esse átomo é protonado, porque é
o que tem maior densidade eletrônica. Na segunda etapa, a água ataca,
levando a um intermediário tetraédrico protonado, que está em
equilíbrio com a forma não protonada. Ambos OH ou OR podem estar
protonados, pois tem basicidade similar. A quantidade de cada
intermediário depende do pH da solução e dos valores de pKa dos
intermediários protonados. Quando o primeiro intermediário colapsa,
ele expele água, que é a base mais fraca (mais fraca que RO-), formando
o éster novamente. Quando o segundo intermediário colapsa, expele
ROH que é base mais fraca do que HO-, formando o ácido carboxílico. O
excesso de água dirige o equilíbrio para a formação do ácido carboxílico.
A hidrólise de ésteres também pode ser acelerada por
utilização de soluções básicas. Neste caso, o íon hidróxido formado no
meio básico acelera as etapas lentas da reação, pois é mais nucleofílico
do que a água. A última etapa, que é a formação do carboxilato, é uma
reação irreversível, pois esta espécie não é uma espécie eletrofílica.
Portanto, a hidrólise em meio básico, ao contrário do que ocorre em
meio ácido, não é reversível.
O íon hidróxido é consumido na reação e é, portanto, um reagente
e não um catalisador (hidrólise promovida por hidróxido).
OMe
OH
OMe
OH
H2O
OHOMeHO
HNesse momento, o H2O
seria o melhor GA.Isso é um equilíbrio e o
prototropismo pode ocorrer.
OHOHMeHO
Agora HOMe é melhor GA
OH
OHOH
OHOMe
A retirada de metanol pode auxiliar o deslocamento do equilíbrio.
Prototropismo
excesso de água pode deslocar o equilíbrio
-H
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A hidrólise ácida de ésteres contendo um grupo alquila terciário
em sua estrutura ocorre através de um mecanismo um pouco diferente
e, de maneira mais rápida. Ocorre uma SN1 na parte alquílica terciária.
Um éster pode ainda reagir com um álcool contendo grupo R
diferente, em meio ácido ou básico para levar a reações de
transesterificação. Esta reação é um equilíbrio. Novamente, excesso do
álcool no meio reacional desloca o equilíbrio para o produto.
Um ponto importante a ser destacado, é que tanto a hidrólise
quanto a transesterificação podem ser catalisadas por ácido. O meio
ácido acelera as etapas lentas: formação do intermediário tetraédrico e
seu colapso.
O
OMe-OH
O
OMeOH
HO- H2O
OH
OMeOH
Quanto mais básico estiver o meio, menor é a concentração dess espécie
O
OH CH3O-
O
O CH3OH
O
O+H+ OH
O
Meio ácido: protonação da carbonila.
SN1 OH
OPrimeira etapa da SN1:
formação do carbocátion.
H2O
Segunda etapa da SN1: Ataque do solvente como nucleófilo.
H2O- H+
HO
Ph
O
OMeEtOH
HClPh
O
OEtMeOH
Benzoato de metila Benzoato de etila
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Similarmente, transesterificações e esterificações podem ser
aceleradas por RO-, criado em meio básico.
A reação de ésteres com aminas é rápida, pois aminas são bem
nucleofílicas. Forman-se amiDas. A reação está deslocada no sentido do
produto, já que o grupo amina é pior grupo abandonador.
Esta metodologia não pode ser catalisada por ácido, pois isto
diminuiria a nucleofilicidade da amina utilizada como reagente, através
de protonação. Pode-se acelerar a reação pelo uso de excesso de amina e
destilação do álcool formado como sub-produto.
3. Reações de amidas
As amidas não são muito reativas e não reagem com íons
halogênio, íons carboxilatos e álcoois, pois todas estas espécies são
melhores grupos abandonadores do que aminas. Com água, reagem
somente aquecendo e na presença de ácido.
A protonação em meio ácido leva a protonação do oxigênio da
carbonila e não do nitrogênio, mesmo este sendo, geralmente, mais
básico. Isso ocorre, porque os pares de elétrons do nitrogênio estão
comprometidos com a deslocalização.
Ph
O
OMeEtOH
EtO-
Ph
O
OEtMeOH
Excesso
Ph
O
OMeEtNH2 Ph
O
NHEtMeOH
Excesso
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O mecanismo reacional é similar ao que já foi visto. Ocorre o
ataque do nucleófilo e a formação do intermediário tetraédrico e, após, a
formação do produto.
O intermediário pode estar protonado no oxigênio ou no
nitrogênio. A protonação do nitrogênio é favorecida, pois NH2 é base
mais forte. Dentre os dois possíveis grupos abandonadores para o
intermediário favorecido, HO- ou NH3, a amônia é base mais fraca e é
expelida formando o ácido carboxílico. Como NH3 ainda é básico e o H do
ácido carboxílico é acido, ocorre desprotonação levando ao carboxilato
prevenindo a reação reversa.
O
N
O
N
O par de elétrons do nitrogênio está comprometido.
O
N
H
XO
N H
deslocalização não é possível nessa espécie (N sp3)
Não ocorre a protonação no nitrogênio!
O
N
H
OH
N
OH
N
Protonação no oxigênio da carbonila
Deslocalização permanece possível!
NH2
OH
NH2
OH
H2O
OHNH2HO
HOHNH3HO
OH
OH
OH
O-HNH3
Prototropismo
excesso de água pode deslocar o equilíbrio
O
O+NH4
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4. Reações com cloretos de acila
Cloretos de acila ou cloretos de ácido são muito reativos. Estes
compostos reagem com carboxilato formando anidridos, com álcoois
formando ésteres, com água levando a ácidos carboxílicos e com
aminas formando amidas. Isso ocorre porque o Cl- é melhor grupo
abandonador em todos os casos.
O mecanismo é mesmo citado até então. Um exemplo, pode ser
observado abaixo, onde ocorre a produção de um éster por reação do
cloreto de acila com um álcool.
Com aminas, o HCl, formado como sub-produto, protona a amina
sem reagir. Cada equivalente que reage gera 1 equivalente de HCl que
protona 1 equivalente de amina. Esse fato desativa a amina como
nucleófilo, e geraria somente 50% de conversão ao produto. Com isso, é
necessário a utilização do dobro de amina no meio ou, a presença de
uma amina terciária (que age como base). Aminas terciárias não
formam produto estável de substituição nucleofílica acílica, pois
levariam a produto carregado no nitrogênio e ainda mais eletrofílico.
O
Cl MeOHO
ClMeOH
O
ClMeO
-H+O
OMeHCl
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5. Reações com Anidrido de ácido
Os anidridos de ácido não reagem com cloretos, pois o Cl- é
melhor grupo abandonador do que o carboxilato. No entanto, reagem
com água, álcoois e aminas, formando ácidos carboxílicos, ésteres e
amidas, respectivamente.
Levam sempre ao produto principal (ácido carboxílico, ésteres ou
amida) e um ácido carboxílico ou um carboxilato (no caso de reação com
aminas). Excesso de amina é necessário para formação de amida, já que
o ácido carboxílico, formado como sub-produto, protona a amina e a
desativa como nucleófilo (similar ao que ocorre com HCl).
O
Cl NH3
O
NH2HCl
NH3NH4 Cl
O
Cl MeNH2
O
NHMe HClNH3
NH3CH3 Cl
50% de conversão
50% de conversão
Solução:
Ph
O
Cl 2(MeNH2) Ph
O
NHMe NH3CH3 Cl
Ph
O
Cl MeNH2 Ph
O
NHMe ClN
Piridina
NH
O
O EtOHO
OEt
O O
OH
O
O H2OO
OH
O O
OHou 2
O
OH
O
O 2(MeNH2)O
NHMe
O O
O NH3Me
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Reações com anidridos não simétricos, dependem do melhor
grupo abandonador. No entanto, não é usual utilizar anidridos não
simétricos, pois levam a misturas.
6. Formação de Cloretos de Acila a partir de Ácidos Carboxílicos
Apesar de não reagir com o íon cloreto formando um cloreto de
ácido, caso o OH seja transformado em um bom grupo abandonador
(melhor do que Cl-), ácidos podem levar aos derivados cloretos. Isso
poderia acontecer em meio ácido, o que levaria a protonação levando a
eliminação de água. No entanto, o HCl não consegue sozinho
transformar ácidos em cloretos de ácidos. Por isso, geralmente, estas
reações são realizadas na presença de cloreto de tionila (SOCl2) ou
pentacloreto de fósforo (PCl5).
O SOCl2 é um líquido volátil com cheiro forte e, é eletrofílico no
átomo de enxofre. Esta espécie é ataca por ácidos carboxílicos levando a
uma espécie altamente eletrofílica e instável. A protonação do
intermediário pelo HCl formado na reação, faz com esse seja reativo
suficiente para reagir com o fraco nucleófilo Cl-. O intermediário
tetraédrico é transformado em cloreto de acila, dióxido de enxofre e
HCl. Esta etapa é irreversível, pois SO2 e HCl são gases perdidos na
reação.
O pentacloreto de fósforo é utilizado de maneira semelhante.
O
OH Cl SO
Cl
OH
O SO
Cl
Cl
O
O SO
ClCl
H O
Cl HCl SO2
Voláteis
O
OH
OH
O PCl4
Cl
O
O P ClCl
H O
ClClPCl4
ClCl
ClO PCl3 HCl
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7. Resumo das reações em derivados de ácidos carboxílicos
8. Como produzir uma cetona a partir de derivados de ácidos
carboxílicos: Reações com Organometálicos
Os derivados de ácidos carboxílicos, por serem eletrofílicos,
também reagem com organometálicos. A diferença é que a reação é uma
substituição, gerando a troca do grupo contendo heteroátomo (grupo
abandonador) pelo grupo orgânico do organometálico. O produto,
portanto, é uma cetona. Mas a cetona formada é mais reativa (mais
eletrofílica) do que a maioria dos derivados de ácidos carboxílicos e, na
sequência, o organometálico do meio reage com ela em adição à
carbonila. Com ésteres, por exemplo, o álcool é obtido como produto
principal.
R OH
O
Ácidos carboxílicos
H2OÁcido ou base
R1OH, H+
Ácido somente (manter o ácido carboxílico protonado)
R OR1
O
R Cl
O
O R1
OO
R NHR2
O
Mais reativo
Menos reativo
R1COO-
R1OH
NH2R2
Cloretos de Acila
Anidridos
Ésteres
Amidas
H2O
H2O
SOCl2 ouPCl5
R1OH
NH2R2
H2OÁcidos fortes
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A solução seria utilizar um cloreto de ácido como material de
partida, pois esse grupo funcional é mais eletrofílico do que cetonas e
aldeídos. Somente em caso de excesso de organometálico no meio a
reação continuaria até o correspondente álcool. Caso contrário, pode-se
controlar para ser obtida a cetona.
Outra alternativa é fazer um intermediário tetraédrico
suficientemente estável para não se transformar em cetona. Dessa
forma o intermediário não é reativo frente a nucleófilos. A cetona
somente é formada quando a reação é isolada e o nucleófilo destruído. A
reação de um ácido carboxílico com um organolítio, leva primeiro ao
carboxilato de lítio, ou seja, a base conjugada do ácido carboxílico. Essa
espécie é pouco eletrofílica, mas o organolítio no meio é suficientemente
nucleofílico para reagir (carboxilato só reagirá com nucleófilos muito
fortes). O produto é um diânion tetraédrico. Após o tratamento com
água, o oxigênio é protonado e leva a cetona. A água também destrói
qualquer organolítio que esteja sem reagir, não havendo possibilidade
de novo ataque nucleofílico.
OMe
O
BrMg Me
Não é um equilíbrio, pois o grupo alquila não é um grupo abandonador.
Somente -OMe pode sair comogrupo abandonador.
OMe
O
Me Me
O
BrMg MeCetona é mais
eletrofílica que éster(adição à carbonila)
Me
O
Me Me
OH
Me
Álcool secundário
MgBr Cl
O O
OMe
Composto multifuncional: cloreto mais reativo do que o éster, reage com o nucleófilo.
O O
OMe
Cloreto é ainda mais reativo que a cetona formada, o organometálico
prefere reagir com o cloreto.
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Abaixo podem ser observadas reações de organometálicos com
ésteres, cloretos de ácidos ou ácidos carboxílicos, de maneira resumida:
9. Reduções de derivados de ácidos carboxílicos
Ácidos carboxílicos, ésteres e cloretos de ácido são normalmente
reduzidos aos álcoois primários correspondentes, sendo que, sob
condições especiais, o aldeído intermediário pode ser obtido. Quando
aminas são reduzidas, obtêm-se normalmente bons rendimentos das
aminas correspondentes (não para em imina).
R O
O
Li Me
LiR O
O
HMeLi
*Reação ácido-base é a primeira a ocorrer;
* Organometálicos são nucleófilos e bases fortes.
R O
O
Me
Li
LiIntermediário tetraédrico estável em condições anidras e apróticas
H2OTratamento final da reação: só
então é adicionado solvente prótico
R OH
OH
Me R OH2
O
Me R Me
O
Cetona
OR
O R1LiR1
OH
R1
Cl
O R1Li
R1
O R1LiR1
OH
R1
OH
O R1LiO- Li+
O R1LiO-Li+
O-Li+
R1
Tratamento em meio aquoso
R1
O
Éster Álcool
Cloreto de Acila Cetona Álcool
Forma a cetona que é mais reativa e reage até o álcool terciário.
Forma a cetona (menos reativa do que o cloreto). Pode controlar para parar na cetona. Em caso de excesso de organometálico, pode levar ao álcool
terciário.
Ácido Carboxílico Carboxilato Cetona
Primeira reação é abstração do H ácido, formando o carboxilato. Este só reage, pois o nucleófilo é muito forte. Leva ao composto tetraédrico que só é transformado em
cetona após o tratamento em meio aquoso e destruição do organometálico.
REAÇÕES COM ORGANOMETÁLICOS
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A redução de ésteres com hidretos pode parar no aldeído, mas só
com reagentes especiais como, por exemplo, DIBAL-H, um redutor mais
fraco. Utilizando-se LiAlH4, que é muito reativo, não para em aldeído.
Reage com o aldeído formado levando ao álcool correspondente.
Para ácidos carboxílicos o DIBAL-H provoca a desprotonação,
levando ao carboxilato. Nesse caso, o reagente não é nucleofílico o
suficiente para continuar a reação. A única opção é usar LiAlH4, mais
forte, e levar ao álcool correspondente.
R X
O
X = OH, OR, Cl
RedutorR H
ORedutor
R H
OH
HAldeído
(Sob condições especiais pode parar aqui)Álcool
primário
R NR2
O
R = H, Alquila, arila
RedutorR NR2Aminas
HH
Redução de Ésteres e Cloretos de Ácido para o correspondente aldeído: DIBAL-H
O
OCH3Éster
1. DIBAL-H, -780C
2. H2O
O
HAldeído
O
ClCloreto de Ácido
1. DIBAL-H, -780C
2. H2O
O
HAldeído
DIBAL-H permite a adição somente de um hidreto. Isto ocorre por que a troca de substituintes por grupos R no LiAlH4 diminui a reatividade deste reagente.
AlH
DIBAL-H
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18
Similarmente, as amidas são reduzidas a aminas.
10. Bibliografia
Material baseado ou retirado de:
O
O
H H AlH3
Li
O
OAlH3
H2
O
O AlH H
HO
O AlH2
O
H
H
Aldeído
LiAlH4O
H HOH
Álcool
H3O+
Tratamento final
N
O
H H AlH3
Li
NMe
OAlH3
H2
NMe
O AlH H
HNMe
O AlH2
NMe
H
H
Imina
LiAlH4NMe
H HNHMe
Amina
H3O+
Tratamento final
Me
Segunda adição de hidreto