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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

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O MÉTODO DA PROBLEMATIZAÇÃO NA PROMOÇÃO DAALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Claudete Terezinha Morini Mello (autor)*Carlos Eduardo Rocha Garcia (orientador)**

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo apresentar a implementação do Método da Problematizaçãorelacionado com a temática da alimentação realizada por crianças e adolescentes e do excesso quecometem com os fast foods. Essa metodologia foi aplicada no Colégio Kletemberg, C E TeobaldoLeonardo, no município de Curitiba – Paraná, com os estudantes dos 8º anos do Ensino Fundamental doturno da manhã, na disciplina de Ciências quando evidenciava o conteúdo de alimentação e digestão. Otrabalho permitiu através das próprias expectativas dos mesmos, tornar as aulas mais interativas eaumentar a qualidade do processo de ensino-aprendizagem e alertá-los sobre os malefícios de umaalimentação rica em carboidratos, lipídios e açucares.

Palavras-chave: Arco de Maguerez; alimentação; fast food; saúde.

*Autor. Professor da Rede Estadual de Ensino – [email protected]. **Orientador. Professor do Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Paraná – [email protected].

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1. INTRODUÇÃO

Nos dias atuais tornou-se muito preocupante o estilo de vida das pessoas.

O stress diário faz com que se esqueçam dos cuidados com a alimentação, que só é

lembrada quando os problemas começam a aparecer. Uma questão que afeta crianças,

adolescentes e que vem se agravando a cada dia são os maus hábitos alimentares que

associados ao sedentarismo se torna um fator de preocupação à saúde pública.

Nossa população está consumindo uma variedade cada vez maior de alimentos,

mas quantidade não significa qualidade, logo observamos que os alimentos

industrializados e os fast foods estão cada vez mais presentes na alimentação,

principalmente de crianças e adolescentes. Hoje é comum a substituição das principais

refeições por lanches rápidos, questionáveis quanto ao valor nutricional por serem ricos

em componentes responsáveis por prejuízos à saúde, como sódio, gorduras saturadas,

açucarem e pobres em nutrientes.

A organização desse artigo busca facilitar a compreensão de atitudes benéficas

que poderão influenciar o cotidiano do educando no sentido de promover mudanças

nos hábitos alimentares propondo uma forma alternativa de abordar os conteúdos

relacionados a alimentação através de atividades diversas e utilizando uma

metodologia diferenciada, bem como fornecer subsídios necessários para que eles

possam fazer escolhas alimentares mais saudáveis.

A metodologia escolhida foi a teoria da problematizarão que é exemplificada pelo

arco de Charles Maguerez (BORDENAVE, 1989). Esta teoria trabalha a observação da

realidade, ressaltando o que é necessário modificar

Bordenave (1983), professor de grupos camponeses no Paraguai, desenvolveu

propostas educativas voltadas para a ampliação da capacidade técnica e da

consciência crítica de adultos. Problematizar, para ele, significa levantar os problemas

com seus diferentes aspectos e de acordo com o entendimento dos diferentes atores

sociais. Bordenave baseou-se em outro autor, Charles Maguerez, também instrutor de

agricultores e mineradores na Argélia, que desenvolveu o chamado ‘Método do Arco’.

Neste método o processo ensino-aprendizagem deve iniciar-se a partir da observação

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da realidade, permitindo que as pessoas expressem suas idéias e opiniões, fazendo,

assim, uma primeira leitura da situação concreta. Em um segundo momento, as

pessoas/grupos selecionam as informações e identificam os pontos-chave do(s)

problema(s), levantando suas relações/variáveis que determinam a situação concreta

A etapa seguinte consiste no levantamento de questões sobre as causas do

problema observado. Nessa etapa é necessário recorrer aos conhecimentos científicos

que auxiliem o raciocínio das pessoas na compreensão do problema. Quando a

realidade é confrontada com os conhecimentos existentes é que se viabiliza o início da

resolução do problema e os indivíduos se vêem naturalmente movidos a pensar em

alternativas de resolução. Dada aos mesmos a oportunidade de decidir, priorizar e

planejar ações. Na última fase, os participantes compreendem e praticam as soluções

que o grupo considerou viáveis e aplicáveis à realidade, preocupando-se em mudar sua

forma de agir, individual e/ou coletiva, contribuindo para a solução do(s) problemas(s). (

Bordenave,1982).

Figura 1- O Arco de Maguerez

A riqueza dessa metodologia está em suas características e etapas,

mobilizadoras de diferentes habilidades intelectuais dos sujeitos, demandando, no

entanto, disposição e esforços pelos que a mesma seja desenvolvida de forma

sistematizada visando o alcance dos resultados educativos pretendidos. Sendo assim,

a Metodologia da Problematização diferencia-se de outras metodologias de mesmo fim,

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e consiste em problematizar a realidade, em virtude da peculiaridade processual que

possui, ou seja, seus pontos de partida e de chegada; efetiva-se através da aplicação à

realidade na qual se observou o problema, ao retornar posteriormente a esta mesma

realidade, mas com novas informações e conhecimentos, visando à transformação.

“Trata-se de uma concepção que acredita na educação como uma prática social e não

individual ou individualizante” (BERBEL, 1998a, p. 36).

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Implementação

1ª etapa - Observação da Realidade Social

Na primeira etapa do Método da Problematização foi apresentado aos alunos o

questionamento: Porque mesmo sabendo dos problemas causados pela

alimentação inadequada, as pessoas continuam alimentando-se mal?

A partir do questionamento realizou-se um debate, onde os alunos puderam

expor suas opiniões e relatos sobre como se alimentam, o que é alimentação saudável,

porque devem adquirir hábitos saudáveis nas refeições, quais alimentos devem ser

consumidos com moderação. Em seguida foi apresentado a eles o seguinte texto para

leitura:

“OS MALEFÍCIOS DOS FAST FOODS”

Na maior parte das vezes as alimentações pautadas em lanches rápidos,

comumente conhecidos como fast food são desprovidos de nutrientes essenciais para o

bom funcionamento do corpo humano e fartos em componentes como gorduras e

açúcares. A atual sociedade, na qual as pessoas têm pouco tempo para realizar

atividades pessoais, inclusive para comer, produz, a cada dia, mais consumidores deste

tipo de alimento, e aumenta as taxas de obesidade e outros problemas alimentares,

como até mesmo a desnutrição.

Muitas crianças crescem em meio às redes de fast food, que vêem nos

pequenos um potencial grupo de consumidores. Comidas muito saborosas, com muitos

elementos como molhos, frituras, queijos e nas sobremesas sorvetes, caldas,

chocolates, enfim, uma enorme lista de ingredientes sedutores que fascinam até

mesmo adultos, o que faz das crianças alvos fáceis de serem persuadidos.

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A alimentação rápida e de baixo custo característica dos fast food está cada vez

mais incorporada aos hábitos alimentares do indivíduo pós-moderno, no entanto os

perigos envoltos neste tipo de prática estão gradativamente maiores. Os índices de

doenças coronarianas, obesidade e diabetes na atualidade aumentam a cada ano,

chegando a níveis preocupantes. O sedentarismo, atrelado à mesma falta de tempo

para realizar as refeições e outras atividades desvinculadas do ambiente profissional, é

mais um agravante da situação. A saúde do ser humano contemporâneo está sendo

deixada de lado em virtude do mercado de trabalho cada vez mais exigente e detentor

do tempo do indivíduo (PORTO, 2013).

Em sequência ouve um momento de reflexão, onde os estudantes registraram

suas percepções sobre a realidade referente à temática em questão, participaram de

forma aguçada e relataram problemas que conheciam ocasionados pela alimentação

inadequada.

2ª etapa – Identificação dos Pontos-chave

Nessa segunda etapa, os estudantes assistiram ao filme “Super Size me” – A

dieta do palhaço, com o objetivo de analisar as conseqüências que o organismo terá

com a ingestão demasiada de alimentos do tipo fast food. Após assistirem o filme, os

estudantes promoveram um debate onde ficou claro que a maioria deles se

surpreendeu com o resultado, pois não esperavam que uma dieta pautada em

alimentos gordurosos, como lanches, fizesse excessivo mal a saúde em reduzido

tempo. Os estudantes relataram que os lanches fazem parte das suas refeições diárias

e também a dificuldade em abandonar o hábito de consumir alimentações rápidas.

Após assistirem ao filme, também fizeram a leitura e análise da letra da seguintemúsica:

EU QUERO É MAIS

“Eu queria ter um diaPra comer só porcaria

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Três quilos de sorveteDentro de uma melancia

Mergulhar numa piscinaCheia de coca-cola

Uma caixa de bombomNo meu recreio da escola

Eu quero é mais, eu quero é mais,Eu quero é mais, mais, mais, mais, maisSe eu ficar gordo muito gordo, tudo certo

Tudo bem tanto faz, eu quero é maisQuero chegar na lanchoneteComer quinze sanduíches

Um pão de cada ladoE dentro tudo que existeEu quero cinco salsichas

Dentro de um cachorro-quenteCom creme e chantilly, só pra ficar diferente

Eu quero é mais, eu quero é maisEu quero mais, mais, mais, mais, mais

Se eu ficar gordo muito gordo, tudo certoTudo bem, tanto faz, eu quero é maisUma pizza gigante, enorme colossal

Grandona, bem servida de tamanho anormalUm saco de batatas, crocantes e super fritas

E só de falar nisso a barriga se agitaEu quero é mais, eu quero é mais

Eu quero mais, mais, mais, mais, maisSe eu ficar gordo muito gordo, tudo certo

Tudo bem, tanto faz”(KNAPP e COLLA, 2014)

Após ouvirem a música, foi ofertada aos alunos cópia da respectiva letra e

realizou-se uma leitura coletiva e crítica da mesma. Neste momento os estudantes

relataram a força que a mídia com seus aspectos visuais e sensoriais exercem sobre as

pessoas em relação ao consumo excessivo de alimentos, sem dar a importância aos

efeitos negativos que a alimentação errada pode ocasionar. Segundo os alunos, a

propaganda induz as pessoas a acreditarem que tais alimentos não sejam prejudiciais e

que, o que importa mesmo é consumir. Esse momento foi muito produtivo, pois

proporcionou um olhar mais abrangente sobre o tema. Vários estudantes fizeram

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comparações em relação a sua própria alimentação e situações expostas no filme e na

música alvos de discussão.

Dentro dos pontos chaves responsáveis por uma alimentação inadequada foram

elencados os seguintes aspectos:

Aspectos sensoriais;

Grande oferta de alimentos prontos;

Falta de tempo da família para o preparo dos alimentos;

Influência da mídia;

Desconhecimento dos valores nutricionais dos alimentos.

3ª etapa – Teorização

A pesquisa foi realizada com 32 alunos do 8ºano do ensino fundamental no

Colégio Estadual Teobaldo Leonardo Kletemberg, em cinco aulas de 50 minutos cada

na disciplina de Ciências.

Sob a orientação docente, os alunos foram divididos em quatro grupos de 8

alunos cada, em seguida, foram orientados a ampliar seus conhecimentos sobre o

assunto abordado, utilizando-se de jornais e internet como ferramentas de pesquisa.

Posteriormente, foram instigados a preparar o material para apresentação na feira

cultural da escola. Concluído o levantamento bibliográfico pautado nos

questionamentos elucidados na primeira e segunda etapa, os alunos elaboraram um

texto responsável por condensar as percepções de cada grupo.

Primeira aula

Em grupo e após pesquisa direcionada, foi construído o texto O perigo dos fast food:

A falta de tempo e o excesso de compromissos no dia a dia fazem com que

muitas pessoas abram mão de uma alimentação saudável e se rendam à praticidade

das refeições industrializadas ou aos fast foods.

A questão, não é comer ou não fast food. O problema é a freqüência com que se

recorre aos lanches, pizzas, batatas fritas e hambúrgueres. Esses alimentos até

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conseguem satisfazer as necessidades diárias de energia, proteínas e lipídios. Porém,

deixam a desejar quando o assunto se refere aos nutrientes.

O que tem de “mais” no fast foods?

Para esclarecer algumas dúvidas, abaixo seguem informações importantes sobre

as substâncias presentes nesses alimentos e o mal que podem fazer ao organismo:

Gordura Saturada - Os pratos compostos de frituras, com maionese e molhos,

têm excesso de gordura saturada. Esse componente pode aumentar a taxa de

colesterol sanguíneo, provocando câncer intestinal, entupimento de artérias, enfarto e

derrame cerebral.

É preciso tomar cuidado com os alimentos ricos em gordura saturada,

principalmente, quem já está acima do peso. É importante reavaliar a freqüência com

que estão consumindo essas refeições para não colocar em risco a saúde.

Sal - Como se já não bastasse o sal presente nesses alimentos, crianças e

adultos têm o costume de adicionar mostarda, ketchup e outros tipos de molhos. Esse

simples hábito pode desencadear a hipertensão arterial, sendo um dos fatores de risco

para os indivíduos com doenças do coração.

Açúcar - Geralmente, o refrigerante é a bebida escolhida para acompanhar esse

tipo de alimentação. E ele só faz engordar, além de provocar cáries.

O que tem de “menos” no fast foods:

Vitaminas - Essas substâncias têm a função de promover e manter o bom

equilíbrio vital. Como o corpo humano não é capaz de sintetizá-las, as vitaminas

precisam ser ingeridas diariamente. O funcionamento do organismo pode ser

comprometido caso a pessoa tenha o hábito de apenas consumir fast foods.

Sais minerais - São micronutrientes que contribuem para conservar e renovar os

tecidos do corpo humano, excitar as células nervosas e desencadear um bom número

de reações químicas no organismo. Por isso, é preciso ficar atento à presença de

algumas doenças, tais como anemia e raquitismo, que podem surgir devido à falta de

sais minerais.

Fibras - São importantes para o bom funcionamento do intestino e ajudam a

reduzir o nível de colesterol no sangue. Normalmente, os pratos instantâneos são

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pobres em fibras, pois utilizam poucos vegetais folhosos, frutas com casca e cereais

integrais.

Os estudantes relacionaram o texto com o filme assistido ( Super Size me) e

fazendo referências as conclusões do drástico resultado a saúde do ator ao final da

experiência

Através da observação livre, verificou-se que a maioria dos alunos entendeu os

malefícios que o consumo excessivo desse tipo de alimento faz mal a saúde e mais

uma vez se destacou a necessidade de evitar os fast food.

Outros, relataram que não se preocupam em saber quais nutrientes existiam nos

alimentos que consumiam e que é preciso manter uma alimentação equilibrada, apenas

estavam preocupados com o sabor.

Durante a pesquisa os estudantes também se surpreenderam ao conhecer a

pirâmide alimentar sugerida pela Organização Mundial de Saúde e constataram que

uma das maneiras de seguir uma boa alimentação é seguir suas orientações.

Segunda Aula

Através de aula expositiva, foi apresentado aos alunos a Pirâmide alimentar,

para que estes pudessem, a partir de um instrumento técnico, conhecer como são

classificados os alimentos em uma dieta alimentar correta.

A pirâmide alimentar é um instrumento de orientação da população para uma

alimentação saudável. É um modelo muito utilizado para indicar como os alimentos

estão agrupados, e mostra como deve ser uma alimentação adequada. Foi criada em

1992 pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e, desde então é uma das

ferramentas de educação nutricional mais utilizadas na pratica clinica .

A pirâmide foi desenvolvida para orientar as pessoas a fazerem escolhas

alimentares saudáveis, incentivando-as a ter uma alimentação rica em nutrientes com

funções benéficas para a saúde. Como nota importante é salientado que o exercício

físico e a água são considerados importantíssimos na dieta saudável.

Na base da pirâmide, encontramos os alimentos ricos em carboidratos como

massas, pães, cereais e arroz. Por estarem no maior grupo, devem ser consumidos em

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maiores quantidades durante o dia. Em seguida, encontramos o grupo das frutas,

verduras e legumes que fornecem vitaminas, minerais e fibras para nosso corpo.

No terceiro nível da pirâmide, estão os alimentos de fontes de proteínas, como

carnes, leguminosas, leite e derivados. No topo da pirâmide estão representados os

alimentos que devem ser consumidos com moderação, pois além de calóricos, podem

levar á obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e outras enfermidades. Neste

grupo estão os doces, açúcares, óleos e gorduras.

Terceira aula

Nesta aula, após as orientações realizadas para a melhor interpretação da

Pirâmide, os alunos foram instigados a analisar as informações disponíveis, principais

conseqüências resultantes de uma dieta desequilibrada e destacaram os problemas

mais graves de saúde que poderão ocorrer com as pessoas que não realizam uma

alimentação saudável.

Quarta aula

Após a analise realizada na aula anterior, cada grupo desenvolveu amplo estudo

sobre as mais importantes patologias conseqüentes da má alimentação.

Grupo I

Diabetes - O diabetes é uma síndrome metabólica de origem múltipla,

decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer

adequadamente seus efeitos, causando um aumento da glicose (açúcar) no

sangue. O diabetes acontece porque o pâncreas não é capaz de produzir o

hormônio insulina em quantidade suficiente para suprir as necessidades do

organismo, ou porque este hormônio não é capaz de agir de maneira adequada

(resistência à insulina).

Grupo II

Doenças cardiovasculares - As doenças cardiovasculares são um

conjunto de problemas que atingem o coração e os vasos sanguíneos, afetando,

geralmente, mais homens do que mulheres, em idades acima dos 50 anos. Por isso, o

excesso de sal, de gorduras, de álcool e de açúcares de absorção rápida na

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alimentação, por um lado, e a ausência de legumes, vegetais e frutos frescos, por outro,

são dois fatores de risco associados às doenças cardiovasculares.

Grupo III

Obesidade - A obesidade é uma doença caracterizada pelo acúmulo

excessivo de gordura corporal, associado a problemas de saúde. O consumo excessivo

de calorias e a diminuição do gasto energético, devem ser modificados para o controle

da doença.

Grupo IV

Colesterol alto: O colesterol pode ser considerado um tipo de lipídio

(gordura) produzido em nosso organismo. O colesterol está presente em alimentos de

origem animal (carne, leite integral, ovos etc.). Em nosso organismo, o colesterol

desempenha funções essenciais, como produção de hormônio e vitamina D. No

entanto, o excesso de colesterol no sangue é prejudicial e aumenta o risco de

desenvolver doenças cardiovasculares.

Quinta aula

Nesta aula, percebeu-se um consenso sobre as conseqüências da má

alimentação e a importância de bons hábitos de vida para uma vida mais saudável. Foi

possível verificar que os discentes conseguiram relacionar a má alimentação, pautada

principalmente em fast foods e uma gama grande de doenças.

Com o objetivo de alertar mais pessoas sobre os perigos de uma

alimentação errada, de socializar a pesquisa na comunidade escolar e apresentação na

Feira Cultural, foi disponibilizadas três aulas para a organização de um material sobre o

índice de massa corpórea (IMC),

Índice de massa corporal (IMC)

O IMC significa Indice de Massa Corporal. Esse índice é usado para indicar se a

pessoa está no seu peso ideal, com sobrepeso, obeso ou abaixo do peso ideal. Apesar

do IMC não calcular diretamente a gordura corporal, ele estatisticamente tem mostrado

correlacionar satisfatoriamente com medições diretas da gordura no corpo. Desta

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forma, o IMC é um método fácil e rápido de verificar se a pessoa está no peso ideal.

Cálculo do IMC. O IMC é calculado com a fórmula:IMC = peso /(altura)2 . Foi verificado

também diferenças para cálculo do IMC infantil e adulto.

IMC Infantil

O Índice de Massa Corporal (IMC) infantil é utilizado para avaliar se a criança ou

adolescente está no peso ideal, podendo ser feito nas consultas com o pediatra ou em

casa pelos pais. Se não houver controle de peso e adoção de hábitos de vida mais

saudáveis, a criança que está acima do peso pode se tornar obesa.

Vejam na tabela abaixo quais são os índices que determinam o sobrepeso ou a

obesidade, de acordo com o sexo e a idade, dos 6 aos 15 anos. Para chegar ao

resultado é necessário calcular o Índice de Massa Corpórea (IMC). O IMC é

determinado pela divisão da massa, em quilogramas, pela altura, em metros, ao

quadrado.

Por exemplo, uma menina de 10 anos com 1,30 m e 49 kg, tem IMC de 29,0

► 49: 1,302 = 29. Para essa idade, meninas com IMC de mais de 23,2 são

consideradas obesas.

Tabela 1: Índice de Massa Corporal Infantil

Fonte: OMS/WHO/2006 - Ministério da Saúde (MS)

Tabela 2: Índice de Massa Corporal de Adultos

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Fonte: http://www.medicone.com.br

Após o desenvolvimento da pesquisa, num grande grupo, foi construído pelos

alunos, 10 passos para ter uma alimentação saudável e manter um peso aceitável:

1. Mantenha um peso saudável e evite ganhar peso após os 20 anos;

2. Faça uma atividade física todos os dias. Inclua na sua rotina andar a pé, subir

escadas, jogar bola, dançar, passear e outras atividades que você goste de fazer;

3. Coma arroz e feijão todos os dias, acompanhados de carnes magras, legumes e

vegetais folhosos;

4. Coma frutas variadas todos os dias na forma natura;

5. Reduza o açúcar, evite tomar refrigerantes e sucos industrializados;

6. Para os lanches, coma frutas e legumes ao invés de biscoitos, bolos e

salgadinhos;

7. Consuma pouco sal. Evite alimentos enlatados e produtos como salame,

salsichas, mortadela e presunto que contém muito sal. Aumente o uso de alho, salsinha

e cebolinha.

8. Use azeites nos alimentos;

9. Tome leite e coma produtos lácteos com baixo teor de gordura.

10. Consuma alimentos variados, coma umas pequenas porções distribuídas em

seis refeições ao dia. Pular refeições não emagrece e prejudica a saúde.

Ao final os estudantes, destacaram também outros pontos importantes a serem

seguidos:

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A família, a escola e as indústrias devem contribuir para que a nossa

sociedade seja mais saudável, buscando divulgar os benefícios de

uma alimentação mais adequada às reais necessidades do organismo.

É necessário resgatarmos a nossa cultura alimentar, valorizando os

alimentos saudáveis da nossa região e resistindo aos apelos das

propagandas.

O alimento deve ser uma fonte de prazer e de saúde e não algo que

possa comprometer o nosso bem-estar por causa de abusos ou do

consumo inadequado.

Algumas atitudes favorecem a nossa saúde: comer sempre frutas e

verduras, beber muita água e praticar alguma atividade física.

4ª etapa - Hipóteses de Solução

Nessa etapa, após os estudantes terem realizado as pesquisas e destacado os

conteúdos mais importantes, foi construído um material para apresentação na feira

cultural da escola, entre eles:

Organização de vídeos elaborados com os materiais pesquisados

durante as pesquisas;

Classificação e demonstração de alimentos saudáveis;

Confecção de cartazes sobre alimentação saudável;

Construção do material e coleta de receitas saudáveis para ser

colocado no site da escola.

Separação do material para medir o IMC.

5ª etapa - Aplicação - Execução da ação

Após orientação docente, a turma toda organizou um material utilizando-se de

elementos da pesquisa, confecção de vídeos, relatos, medida do IMC e exposição de

informações na feira cultural da escola, no sentido de socializar os resultados da

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pesquisa e também alertar a comunidade em relação aos hábitos da alimentação

baseada em fast foods. Percebeu-se nesse momento que houve uma grande interação

e companheirismo entre eles. Os estudantes sentiram-se muito a vontade para explicar

o assunto, uma vez que já estavam acostumados com o assunto abordado.

O tema foi bem aceito por parte dos visitantes e verificou-se que a metodologia

atingiu seu objetivo, tornando os estudantes mais atentos e críticos em relação aos

cuidados que merecem ser reservados para a realização de uma alimentação saudável.

3. Conclusão

A metodologia da problematização se mostrou uma ferramenta viável para

estímulo e promoção do aprendizado. Embora não tenha sido alvo do projeto uma re-

avaliação dos hábitos alimentares dos alunos, foi observada uma grande preocupação

por parte destes em relação à qualidade de sua alimentação. Esta inquietação resultou

na iniciativa de ampliar a divulgação dos conteúdos desenvolvidos ao ambienta

extraclasse para a comunidade da escola, demonstrando que o método utilizado

estimulou o aprendizado e a preocupação dos estudantes com saúde e o autocuidado.

4. Referências bibliográficas

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