OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · 2016-06-10 · “Chico Buarque e as...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Título: Chico Buarque e a representação de gêneros na poética musical: comportamento e papel social na atualidade e no passado
no que tange as relações de trabalho, sexualidade e cidadania.
Clarinda Antonelli da Maia1
Drº Jefferson William Gohl2
Resumo Esta pesquisa foi realizada com alunos da EJA, um público de jovens e adultos que
vivenciam suas próprias representações e comportamentos sociais voltados ao trabalho, sexualidade e cidadania, e busca investigar as relações de gênero e como elas ocorrem na sociedade. Utilizando de uma seleção cancional do repertório de Chico Buarque e algumas canções referentes às preferências dos alunos que fizeram parte da implementação, analisou-se comportamentos e papéis desempenhados por homens e mulheres na sociedade. O objetivo geral dessa foi refletir sobre o comportamento da mulher e do homem e a influência de aspectos socioculturais relacionados com a cidadania, sexualidade e trabalho Através das atividades práticas desenvolvidas pelos alunos no decorrer da pesquisa foi possível desenvolver habilidades e construir novos conhecimentos. Várias canções de Chico Buarque selecionadas foram ouvidas, analisadas dentro de seu contexto e na atualidade e outras composições musicais apresentadas pelos alunos também tornaram-se parte das atividades. A apresentação das canções trazidas pelos discentes e as atividades que realizaram possibilitou identificar como as relações de gênero são construídas e refletir sobre formas de mudança na sociedade em que vivem.
Palavras chave: Chico Buarque; gênero; cidadania; canções
Introdução:
Muitos momentos marcam mudanças sobre a representação de gênero em
nossa sociedade e encontramos situações que precisam ser estudadas em várias
áreas da ciência. Assim, com o objetivo de refletir sobre comportamento e papel
social na atualidade e no passado relacionado a trabalho, sexualidade e cidadania
referente à representação de gênero, desenvolvemos uma pesquisa intitulada:
“Chico Buarque e as representações de gêneros na poética musical: comportamento
e papel social na atualidade e no passado no que tange as relações de trabalho,
sexualidade e cidadania”.
Na sociedade atual, muito se fala sobre a conquista das mulheres em relação
a seus papéis na sociedade, na família e no trabalho. Com base nestas mudanças
1Professora da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná. E-mail de contato: [email protected] PDE da UNESPAR- campus de União da Vitória. E-mail de contato: [email protected]
que ocorreram em diferentes períodos históricos, homens e mulheres demostram
reações estabelecidas por padrões de comportamento social de diversos contextos
e também apresentados na mídia, que silenciosamente influenciam na maneira de
pensar, ofertando modelos e representações comportamentais do homem e da
mulher. As relações entre homens e mulheres são resultado de uma história
pregressa e com aspectos culturais em que ambos participam como sujeitos ativos
das relações humanas na construção de sua própria história.
Ao fazer um estudo sobre questões ligadas à cidadania e aos papéis de
gêneros na escola buscou-se perceber qual é considerado o comportamento
adequado na sociedade em relação a aspectos como: cidadania, trabalho,
sexualidade. Um de nossos objetivos fundamentais foi refletir sobre o
comportamento da mulher e do homem e a influência de aspectos socioculturais
relacionados com a cidadania, sexualidade e trabalho, e compreender a forma como
os alunos da EJA perceberam a partir das letras das canções de Chico Buarque e
outros artistas essas representações de comportamento. Vinculado a essa reflexão
pensamos nas suas próprias representações envolvendo as relações de gêneros
dentro dos espaços de vivência histórica
A importância do estudo do tema se fez com o objetivo de compreender,
pensar e analisar sobre as relações de gêneros e a situação atual dos alunos na
sociedade. Refletimos sobre conceitos estabelecidos socialmente e as mudanças
que podem ser provocadas através de novas ideias passadas para gerações futuras
por meio do trabalho pedagógico nas escolas.
Homens e mulheres enfrentam grandes dificuldades em relação à jornada de
trabalho na sociedade, portanto analisamos as contribuições e influência da jornada
diária e a divisão de tarefas pelo qual homens e mulheres se organizam. A divisão
de tarefas foi pensada por alunos e alunas da EJA como forma de emancipação
para ambos. O trabalho, repetitivo ou reprodutivo, diminui a possibilidade de
evolução do outro, sobrecarregando-o de atividades que os esgotam física ou
mentalmente.
A pesquisa realizada por Clara Araújo e Celi Scalon reitera:[...] as atividades relacionadas com a reprodução da vida e que envolvem a divisão de um conjunto de atividades necessárias à organização e ao funcionamento dos domicílios, o cuidado com as crianças e o uso do tempo "livre", isto é, tempo de final de semana, formalmente reservado para o descanso, necessitam ser vistas sob o ângulo das mudanças culturais. Nesse sentido, englobam necessidades que vão sendo alteradas no tempo e
no espaço. A reprodução da vida e como isso se realiza variam historicamente entre culturas e de acordo com os contextos socioeconômicos. Pensar como ocorre a divisão de trabalho doméstico implica considerar que as condições das ações dos indivíduos são mediadas por seus valores e escolhas, mas também pelos contextos estruturais e acesso a recursos, aspectos que devem ser contemplados como impulsionadores ou limitadores de determinadas tendências. Por outro lado, a análise da divisão do trabalho numa perspectiva de gênero mostra que esses fatores podem ser mais ou menos relevantes, porém, não são tão determinantes para alterar substantivamente a característica quase universal da divisão sexual do trabalho doméstico (ARAÚJO, SCALON. 2006, p.6).
Nas relações de gênero, a sexualidade envolvendo o comportamento humano
representa a manifestação das características próprias de cada sujeito histórico. O
ser humano se constrói nas diferenças, e na relação existente entre homens e
mulheres é que formamos as bases de nossa sexualidade.
Pensemos em homens e mulheres, sua ação cidadã, suas vivências, seu
trabalho e sexualidade. Uma história que deve ser apresentada incorporada a novas
ideias não como verdades imutáveis, mas que possa ser revista e pensada tal como
o trabalho, a política, a sexualidade e o lazer vivenciado por meio da canção.
A utilização da canção como fonte de construção histórica é devido a sua
intencionalidade e a presença de recursos que oferece para compreender a
sociedade. Foram selecionadas canções de Chico Buarque, cantor e compositor que
contribuem para um discurso em que representações do universo feminino auxiliam
para construir uma imagem dos papéis sociais femininos e masculinos.
A importância na seleção do tema sobre as mulheres vem de encontro a
presença da identificação do homem e da mulher retratado na letra das canções.
Cito como exemplo a canção de Chico Buarque:[…] Assim na canção “folhetim” (Chico Buarque, por Gal Costa, 1978), por exemplo, temos a seguinte configuração enunciativa: Se acaso me quiseres/ sou dessas mulheres que só dizem sim/ por uma coisa à toa/ uma noitada boa/ um cinema ou coisa assim// E se tiveres renda/ aceito uma prenda/ qualquer coisa assim/ como uma pedra falsa/ um sonho de valsa/ ou um corte de cetim// E te farei as vontades/ direi meias verdades/ sempre à meia luz. (“Folhetim”, Chico Buarque, por Gal Costa, 1978).(Costa, 2011, p.58-59).
O papel desempenhado ao longo da história do Brasil em relação a homens e
mulheres era baseado nas relações de patriarcalismo, homens exercendo o poder
que lhe era conferido pelas regras socioculturais estabelecidas e as mulheres na
condição de boas esposas e obedientes. De acordo com Saffioti (2001, p.1),”(...)
os homens detêm o poder de determinar a conduta das categorias sociais
nomeadas, recebendo autorização ou, pelo menos, tolerância da
sociedade para punir o que se lhes apresenta como desvio”.(...)
Na reflexão, realizada com a turma durante a implementação, foram
discutidas e analisadas formas de educação moral, em tempos históricos distintos,
tidas como regras invioláveis que colocam a mulher em condições de inferioridade.
As reflexões contribuíram para perceber que há necessidade de mudanças no
comportamento de homens e mulheres, em que homem e mulher tomem atitudes
que permitam a mulher não ser apenas dona de casa e operária e que ao retornar a
escola encontre nela informações e espaço para a sua transformação, construindo
novos conhecimentos e novas relações sociais importantes para o desenvolvimento
pessoal tanto do homem como da mulher.Assim a questão de gênero se impõe como objeto de estudos a demandar maior atenção dos estudiosos da política. Um olhar atento à trajetória das mulheres e às mudanças promovidas por seu protagonismo pode fornecer subsídios a futuros estudos acerca de diversas questões como as da cidadania, do empoderamento, dos direitos humanos, da participação política, do capital social e das políticas públicas. O conhecimento da experiência acumulada pelas mulheres poderia, também, orientar ações e estratégias de outros setores da sociedade que buscam maior participação política e igualdade de direitos (REIS PRÁ; EPPING, 2012, p.48-49).
A pesquisa buscou refletir sobre a sociedade em que o aluno da EJA está
inserido, nas mudanças que este pode provocar, partindo de uma cultura que foi
formada e a que possa vir a construir na geração em que vive. As letras de canções
e a exploração dos temas sexualidade, cidadania e trabalho contribuem para uma
reflexão sobre sua própria prática, sobre as representações de gênero nas canções
de Chico Buarque e de outros artistas e sua forma de representação na sociedade
em relação ao papel de homens e mulheres nas suas relações sociais.
Procedimentos metodológicosO tema da pesquisa História e Gênero: Homens e mulheres cidadania,
trabalho e canção, escolhido no início das atividades do Programa de
Desenvolvimento Educacional, é marcado pela situação em que muitos alunos e
alunas da EJA encontram-se envolvidos relacionados ao seu histórico de retorno a
escola após não concluírem seus estudos no ensino regular devido a atividades
relacionadas ao trabalho. Desta forma, sentem-se obrigados a uma oferta de ensino
mais flexível para continuarem seus estudos, conciliando a possibilidade de suprirem
suas necessidades básicas de sobrevivência. O seu envolvimento destes como
cidadãos acaba sendo comprometido pela jornada de trabalho, principalmente as
mulheres que geralmente apresentam dupla jornada.
A implementação ocorreu com uma turma de Ensino Médio no Centro
Estadual de Educação de Jovens e Adultos (CEEBJA), no município de Bituruna,
com idades variadas entre 18 a 57 anos. A implementação envolvendo os alunos foi
possível devido o tema relacionar-se aos conteúdos de Ensino Médio que envolvem:
cidadania, mulher, sexualidade e trabalho. Mais do que isso, vem de problemas
efetivos vivenciados por eles nas várias etapas de suas vidas de trabalho, escolares
e experiências cotidianas. O tema atende aos eixos articuladores do currículo da
EJA que defende uma educação que tem como finalidade a formação humana e o
desenvolvimento da autonomia dos educandos.A Educação de Jovens e Adultos (EJA), como modalidade educacional que atende a educandos trabalhadores tem como finalidade e objetivos o compromisso com a formação humana e com o acesso à cultura geral, de modo que os educandos aprimorem sua consciência crítica, e adotem atitudes éticas e compromisso político, para o desenvolvimento da sua autonomia intelectual. (PARANÁ, 2006, p. 27)
A pesquisa realizada com os alunos do Ensino médio na EJA vem de
encontro a situações observadas anteriormente, em que mulheres discentes do
ensino fundamental e médio relataram que não davam continuidade a seus estudos
devido a não permissão dos seus companheiros e por sentirem-se muito cansadas
com a soma de atividades que precisam realizar para dar conta das atividades
domésticas e o trabalho realizado fora de casa.
Para descobrirmos se comportamentos e papéis sociais estão atrelados a
educação de décadas anteriores, apresentamos canções aos alunos e permitimos
que eles também apresentassem suas preferências musicais. Através das canções,
eles denunciaram que tipo de mulher eles admiram e aprovam na sociedade, o
mesmo sendo apresentados pelas pessoas do sexo feminino da turma.
Várias atividades envolvendo os temas cidadania, trabalho e sexualidade
foram explorados e a canção utilizada como fonte histórica, permitiu em todos os
temas a manifestação do pensamento dos alunos sobre comportamentos que
aprovam e desaprovam na sociedade em relação ao comportamento e papéis
desempenhados por homens e mulheres.
Foram realizadas atividades envolvendo vídeos, questionários, exercícios em
que os alunos manifestaram suas opiniões, pesquisa na internet, leituras de textos,
cartazes, debates sobre as situações apresentadas ao longo da implementação do
plano de trabalho docente.
A seleção de canções de Chico Buarque permitiu uma reflexão mais clara
sobre o que esperava-se do papel feminino em décadas anteriores. Ao ouvirem as
seguintes canções: Construção, Pivete, Pedro Pedreiro (Chico Buarque), Gente
Humilde (Garoto – Vinícius de Moraes – Chico Buarque), Pão de Cada Dia (Gabriel
Pensador) e o Hino da Cidadania (Camargo de Maio & Tijolo), os alunos
concordavam ou discordavam fazendo relatos orais de situações que estão presente
na sociedade. Essas permitiram discutir temas como trabalho e cidadania.
Da lista de canções apresentadas pelos alunos foram analisadas as letras,
relacionando a forma como o homem e a mulher são representados e o papel que
cada um desempenha, conforme destaca cada canção. Entre as canções que os
alunos levaram para a sala de aula, posso citar: Mozão (Lucas Lucco), Um Ser Amor
(Paula Fernandes), Pra Você (Paula Fernandes), Vida Boa (Vitor e Léo), Plano
Impossíveis (Jads e Jadson), Prefácio (João carreiro e Capataz), As Mocinhas da
Cidade (Nho Belarmino e Nha Gabriela), Cafajeste (Thaeme e Thiago), Tudo o que
Você Quiser (Luan Santana), Na linha do Tempo (Vitor e Léo), DNA (Gustavo Lima);
A Hora é Agora (Jorge e Matheus), Aquarela (Toquinho), Gaveta (Fernando e
Sorocaba), Iguaria Campeira (Grupo Campeira), Te Amo Um Tanto Assim Oh (Grupo
Maria Fumaça), Sociedade Alternativa (Raul Seixas), Que País é Esse? (Legião
Urbana), Velho Casarão (Teixerinha), Sem Limite Pra Sonhar (Fábio Júnior),
Tatuagem (Gian e Giovane), Meu Novo Mundo (Charles Brown Jr), Hinos
Evangélicos e outras canções que fizeram referência.
No início da implementação, foi aplicado um questionário com questões que
tinham por objetivo analisar os conhecimentos que o grupo apresentava sobre o
tema da pesquisa. Em seguida, estabeleceu-se a conversa sobre as preferências
musicais deles e relacionando-as a questões relacionadas a comportamentos,
diferenças culturais e biológicas sobre homens e mulheres, forma de educação de
meninos e meninas, a interferência das canções no comportamento das pessoas e
como são representados homens e mulheres nas letras das canções.
Este mesmo questionário foi aplicado no final da implementação para verificar
se ocorreram mudanças em relação à forma de pensar destes, ou seja, se as
atividades realizadas e discussões contribuíram para fundamentar melhor sua
percepção de comportamentos e papéis desempenhados por homens e mulheres na
sociedade.
O trabalho realizado com as canções de Chico Buarque e com as canções de
preferência dos alunos serviu de fonte histórica, pois estudamos os costumes e a
forma de pensar da sociedade em que as canções foram compostas. As canções de
Chico Buarque foram selecionadas anteriormente através de uma pesquisa
discográfica relacionada aos temas apresentados na unidade didática.
O objetivo ao utilizá-las foi fazer o aluno refletir sobre o conteúdo presente
nas letras, qual é a imagem da mulher e do homem presente nelas e como a canção
apresenta em sua letra a atuação do homem e da mulher na sociedade relacionando
ao trabalho, sexualidade e cidadania.
Análise dos dados e resultado da pesquisa.Através da Educação é possível transformar o conhecimento da humanidade,
derrubar tabus, preconceitos e construir uma Nova História. Encontramos na escola
espaço para formação de novas ideias que contribuem para mudanças na sociedade
em que vivemos. Segundo Marlene Cainelli e Maria Auxiliadora Schmit:
...A educação/formação é assim considerada um processo infinito de desenvolvimento das próprias possibilidades do homem que se enraíza na capacidade humana de se aperfeiçoar e se desdobra gradativamente ao longo do tempo. Vista assim, a educação se enuncia como o fim mesmo da existência humana; o homem que se educa é fim de si mesmo – a autoeducação é a meta máxima a que pode aspirar? ( Cainelli ; Schmidt, 2011, p.54,55)
A capacidade do homem de aperfeiçoar-se através da educação é importante
para a formação de uma sociedade que melhore a compreensão do mundo em que
vive. Compreender as relações humanas revela o quanto é possível desenvolver as
capacidades humanas que existem em cada um.
Através da pesquisa realizada foi possível refletir sobre vários momentos
históricos das relações de gênero da sociedade no Brasil e de que forma estas
relações construídas historicamente modificaram comportamentos e verdades que
predominaram e ainda predominam em várias gerações.
As canções são a expressão de comportamentos e formas de pensar da
sociedade em outros momentos históricos, e no momento atual continua sendo a
canção a manifestação de comportamentos presentes em nosso meio e no meio
escolar. Cada canção atende a desejos existentes na sociedade, contribuindo para
despertar emoções e sentimentos que interferem no comportamento dos ouvintes.
Segundo Faour (2011, p.16), “(...)através da música popular brasileira podemos
contar a história do país, não só a política, econômica, ou social, mas também a
amorosa e sexual (...)”.
No primeiro momento da pesquisa, vinte e um alunos presentes manifestaram
conhecimentos prévios relacionados ao tema. É possível concluir que os gostos
musicais dos alunos contemplam: canções sertanejas, sertanejas universitárias,
folclóricas gaúchas; dois alunos presentes na aula tem preferência por Rock; um
gosta de pagode e uma gosta de Hinos Evangélicos. Os alunos de modo amplo
dizem preferir letras de canções que contemplem situações que envolvem amor,
saudades e paixões.
Ao serem questionados sobre a interferência que a canção exerce sobre
comportamentos de homens e mulheres, responderam que as canções interferem
no comportamento, pois as atitudes e pensamentos relacionam-se com o tipo de
canção que estão ouvindo no momento.
Também foram questionados se as canções apresentam em suas letras
comportamentos diferenciados para homens e mulheres. Ao que respondem: sim, o
homem é representado como sedutor, traidor, chifrudo, pegador, ousado, pode fazer
tudo, é forte, pode bater em mulher. Portanto, é também rebaixado nas letras das
canções. Já a mulher está sempre apaixonada, sedutora, linda, pirada, é a
“cachorra”, “piriguete”, oferecida, sensual, amorosa, brigona, triste, algo intocável, e
vagabunda. Assim, a mulher é mais calma e o homem mais abusado.
Outros questionamentos realizados ocorrem sobre a forma como meninos e
meninas devem ser educados em relação a brincadeiras, opção de cores e trabalho.
As respostas em relação a esta questão demostram que devem ser educados da
mesma forma, não fazendo diferenciação entre meninos e meninas. No entanto,
meninos devem receber uma educação mais rígida e com brincadeiras apropriadas,
e as meninas uma educação e brincadeiras mais tranquilas. As cores e brincadeiras
devem ser normais, mas que a mulher não deve fazer trabalhos de homens, seguir
os princípios que sempre foram ensinados, deve diferenciar coisas de meninos e
coisas de meninas, menino cor azul e menina rosa. As meninas devem trabalhar
dentro de casa e meninos fora, que ambos devem brincar juntos, meninos devem
brincar de carrinho, jogar bola, vídeo game e meninas brincar de boneca, mas
trabalhar igual aos meninos.
Outras questões foram sobre as diferenças entre homens e mulheres se são
biológicas ou produzidas por processos históricos e culturais, bem como se é
possível mudar os papéis desempenhados por homens e mulheres na sociedade.
Os alunos responderam simultaneamente que as diferenças são biológicas e
culturais e que é possível mudar os papéis desempenhados por ambos. Afirmaram
que já ocorreram muitas mudanças, porém há coisas que mudaram e outras em que
ainda não houveram alterações. Reificando os status de gênero preexistentes na
sociedade houve os que afirmaram que existem coisas que o homem não vai saber
fazer e existem coisas que a mulher não vai saber fazer.
Após aplicar o diagnóstico inicial, desenvolvemos várias atividades com os
alunos: trabalhamos os períodos históricos, a trajetória de Chico Buarque, as
temáticas principais de suas canções a exposição de cada eixo relacionado a
pesquisa, sexualidade, trabalho e cidadania, e textos relacionados ou não a obra do
compositor. Esses contribuíram para esclarecimento do tema e atividades que
permitiram perceber a forma de pensar dos alunos relacionados a papéis femininos
e masculinos na sociedade.
Ao apresentar aos alunos a seleção de canções de Chico Buarque foi
possível discutir sobre trabalho, cidadania e sexualidade. As canções ouvidas e que
permitiram discutir os temas foram: Folhetim (Chico Buarque/1977-1978), Mulheres
de Atenas (Chico Buarque - Augusto Boal/1976), Cotidiano (Chico Buarque/1971),
Gente Humilde (Garoto - Vinícius de Moraes - Chico Buarque/1969), Construção
(Chico Buarque/1971), Pedro Pedreiro (Chico Buarque/1965) e Pivete (Francis Hime
- Chico Buarque/1978).
Através das canções os alunos foram refletindo sobre problemas que existem
na sociedade, relacionando-os a fatos ligados ao cotidiano. Em várias situações os
alunos fizeram comparações em relação a sociedade em tempos históricos diversos.
As discussões qualitativas levadas a cabo quando da audição das canções
permitiram levantar resultados específicos ao grupo trabalhado. Ao ouvirem e
analisarem a canção “Folhetim”, os alunos refletiram sobre a prostituição feminina e
masculina, a forma diferenciada de julgamento da sociedade com a mulher e o
homem, pois a sociedade geralmente não condena o homem enquanto a mulher é
totalmente recriminada por exercer atividade sexual. Desse modo, a mulher é vista
como objeto de consumo e o homem como consumidor que esta ali para satisfazer-
se, o homem que procura a prostituição não é julgado nem desvalorizado enquanto
a mulher é.
As reflexões dos alunos em relação à canção “Mulheres de Atenas” permitiu
posicionarem-se sobre a condição que muitas mulheres vivem hoje na sociedade,
servindo aos maridos e aos filhos, anulando seu projeto de vida, e a situação de
medo em que muitas ainda estão condicionadas devido à violência exercida pelos
companheiros. Aspectos da cidadania também são negados a muitas mulheres que
vivem nestas condições porque são obrigadas a negarem seus gostos e não podem
tomar decisões sobre sua própria vida. Muitas não podem frequentar nem a escola,
pois os maridos não permitem e, consequentemente, caem no esquecimento e
abandonando-se a si próprias.
Na canção “Cotidiano”, os alunos relataram situações impostas por normas
morais em que muitos se submetem mesmo não estando satisfeitos com a situação,
a vida de muitas mulheres que submetem-se por determinações culturais a aguardar
seus maridos com a mesa posta, mesmo após ter um dia extenuante de trabalho
fora de casa. Assim, é possível perceber que a mulher precisa libertar-se de muitas
situações que aprisionam a condição de uma vida com mais qualidade.
Através da canção “Gente humilde”, os alunos refletiram sobre os direitos
básicos do cidadão, apresentaram direitos reivindicados nas manifestações e a
cidadania exercida nas ruas brasileiras. Também levantaram temas como: saúde,
moradia, transporte, lazer e condições de moradias dignas em que possam gozar de
um certo conforto com: luz, água, banheiros e chuveiros elétricos. Itens que
proporcionam qualidade de vida. Ainda problematizaram a desigualdade social e as
condições em que se encontram os moradores de rua.
Com a audição das canções “Construção” e “Pedro Pedreiro”, tornou-se
possível discutir as relações de trabalho e cidadania, as condições de trabalho em
que o salário pago não supre as necessidades básicas do cidadão, os direitos
trabalhistas, os cuidados que precisam ter em serviços perigosos, o trabalho infantil,
humilhações que ocorrem em ambiente de trabalho, a importância de
constantemente aperfeiçoar-se para inserir-se na sociedade capitalista, a jornada
cansativa que precisam enfrentar em troca da venda da força de trabalho por um
salário que permite apenas condições de uma alimentação precária, a comparação
do trabalhador com máquina que vale o quanto de lucro pode produzir, a falta de
transporte em horários adequados para os trabalhadores, a jornada das mulheres e
o trabalho doméstico. Também refletiram sobre o trabalho realizado e a dupla
jornada feminina em atividades assalariadas e domésticas, sendo que a maioria dos
homens não assumem atividades domésticas, permanecendo às mulheres a dupla
responsabilidade.
Ao ouvirmos a canção “Pivete”, os alunos refletiram sobre as condições em
que vivem muitos menores em nosso município, crianças que ficam responsáveis
por cuidarem dos irmãos mais novos, a falta de controle dos pais sobre os
adolescentes permitindo os próprios adolescentes estabelecerem seus limites,
condições em que muitos menores encontram-se como gravidez na adolescência e
exploração sexual de meninos e meninas, uso de drogas que cresce na
comunidade, a situação de muitos pais que não preocupam-se em orientarem seus
filhos, a manutenção do ciclo da exclusão social e da pobreza na sociedade.
Além da seleção de canções trabalhamos com: “Flor da Idade” (Chico
Buarque/1973), “Madalena foi pro mar” (Chico Buarque / 1965), “Feijoada completa”
(Chico Buarque/1977) e “Hino da Cidadania” (Camargo de Maio & Tijolo). Através
dessas foi possível refletir com os alunos situações ligadas a cidadania, trabalho e
atribuições da mulher e do homem na sociedade.
As atividades realizadas, pesquisa, discussões e canções apresentadas ao
longo da carga horária desempenhada em sala, permitiram amadurecer as ideias e
propor sugestões para que torne possível fortalecer relações humanas mais
harmônicas na sociedade. As discussões fortaleceram o compromisso de cada ser
tornar-se melhor, e que somos todos responsáveis na construção de relações
sociais que busquem o entendimento e o respeito entre homens e mulheres.
Após a coleta de dados e discussões, repetimos as mesmas questões
aplicadas no início da implementação e as respostas dos alunos para as questões
permitem concluirmos que muitas coisas mudaram na sociedade, porém
conjuntamente com os alunos deduziu-se que comportamentos herdados de
gerações anteriores ainda definem regras morais de comportamento exigidas nas
relações de gênero.
No final da implementação, questionamos os alunos sobre seu papel de
cidadão e como podem exercer sua vivência de gênero sendo um cidadão atuante.
As respostas foram apresentadas defendendo o direito de manifestação sem
violência como vem ocorrendo em algumas manifestações de rua, as manifestações
que reivindicam o Passe livre ou o não aumento de passagem noticiadas nas redes
de TV, em sites como: www.g1.com.br, www.paranaonline.com.br e outros
consultados pelos alunos. Isso trouxe para a sala de aula a discussão sobre as
condições do transporte coletivo no Brasil, quem são os manifestantes, suas
reivindicações, taxas altas pagas pelo usuário e as condições em que o transporte
encontra-se no momento das reivindicações. Após pesquisa na internet e leitura do
texto “O Sentido da marcha das Vadias” ( Anna Carolina Lunes, postado em: 28 de
julho de 2013 por: Diário do Centro do Mundo) os alunos posicionaram-se sobre a
causa que gerou o protesto. Alguns alunos acreditam que a forma da mulher vestir-
se determina muito o julgamento que a sociedade faz sobre elas e que a roupa é
fator de provocação. Na fala de uma aluna “meu marido não gosta que eu use
roupas provocantes”, fica claro que a liberdade feminina e a forma de vestir
determinam reações nas relações de gênero.
Sobre a participação cidadã, declararam e acreditam que podem ser
colaborativos na sociedade em que vivem através de algumas ações: cuidar do
espaço em que vivem, informar-se sobre o que acontece na sociedade, maior
participação na escola, acompanhar a situação da saúde e educação, cobrar de
nossos governantes e dos cidadãos o cumprimento de seus deveres, exercer os
deveres de cidadão e participar da sociedade, fazer valer o voto, acompanhar os
acontecimentos na cidade, participar das reuniões na câmara de vereadores e
cobrar a igualdade para todos os cidadão.
Após os estudos realizados a preferência dos alunos em relação às canções
não mudou, as preferidas continuam sendo as sertanejas, românticas e folclóricas
gaúchas. Contudo, declararam que são mais seletivos em relação ao que dizem as
canções e ficam atentos nas mensagens e como elas interferem em nossas
percepções. Os alunos disseram gostar de canções em que eles abstraem da vida
cotidiana e nas quais são conduzidos pelas narrativas e comportamentos sugeridos
nelas. Não gostam de canções com conteúdos idiotas, gostam de canções que falam
de hábitos antigos e situações que já ocorreram. A maioria dos alunos afirmou que
não tinha conhecimento das canções de Chico Buarque, mas ao serem
apresentados às canções conseguiram refletir sobre a letra e seus aspectos
cancionais. O conjunto desta reflexão compartilhada rendeu muitas discussões.
Os alunos referiram-se às canções como importante forma de interferência no
comportamento ou nas percepções que detém sobre os gêneros. Também citaram
exemplos de situações onde acreditam que as mulheres perdem a compostura, que
o homem é sempre apresentado de forma superior e a mulher inferior e isso interfere
na forma de pensar e relacionar-se. Em situações de sociabilidades comentaram
que em festas muitas vezes são as canções que motivam as pessoas a fazer “coisas
iradas” que muitas pessoas se deixam levar pelas canções ao ponto de exporem-se
ao ridículo, as mulheres soltam-se com a canção ao ponto de tornar-se “piriguetis” e
os homens são fortalecidos por um discurso de poderosos, pegadores e
conquistadores. Infelizmente, contribuindo para o machismo.
Alguns alunos acreditam que as canções interferem na maneira de pensar e
agir, fortalecendo a ideia de superioridade masculina e inferioridade feminina, os
homens são colocados acima das mulheres tornando normal a ideia de controle do
homem sobre a mulher. No balanço da canção realizado pelos alunos, o consumo
de bebidas alcoólicas também é muito incentivado, passando a ideia de felicidade
por parte de quem entra no círculo da bebida, beber é sinônimo de alegria.
Os alunos identificaram a forma como homens e mulheres são representados
nas letras das canções, fortalecendo a ideia de superioridade masculina e
inferioridade feminina. As mulheres, na grande maioria das canções, são feitas para
servir ao homem em todos os aspectos, e que as letras das canções são apenas
uma representação da sociedade e são pensadas desta maneira porque é com isso
que grande parte do público se identifica.
Por fim, sobre as atividades desenvolvidas posicionaram-se em relação as
brincadeiras e educação de meninos e meninas somente cinco alunos da turma de
24 alunos entenderam que devem ser educados de forma diferente, os demais
alunos dizem que não deve haver diferenças. Eles entenderam que os adultos
precisam aprender que não são as brincadeiras, cores que definem a sexualidade e
que educar com igualdade contribui para eliminar os preconceitos e que crianças
precisam divertir-se independentes de brincadeiras e preferências.
A verificação final sobre se as diferenças entre homens e mulheres são
biológicas ou resultado das relações culturais, concluiu-se que é possível mudar os
papéis desempenhados por homens e mulheres na sociedade. Nas percepções dos
alunos depreendeu-se que para alguns é possível a mudança e que as mulheres
precisam também dispor-se a mudar; na opinião de outro aluno as diferenças são
biológicas e culturais e não é possível mudar. Os demais alunos presentes disseram
que ainda existem coisas de homens e coisas de mulher, mas que aos poucos a
mudança é possível. Entretanto, isso depende da educação que cada um recebe, é
preciso dividir as atividades domésticas, defender direitos iguais. Os homens
precisam ser mais colaborativos, a sociedade precisa reeducar-se, os filhos
precisam ser educados sem restrições de trabalho, brincadeiras, religião e cores. A
maioria da turma acredita que as diferenças são principalmente repassadas de
gerações a gerações e que mudanças são necessárias iniciando pela educação dos
filhos3
Considerações finaisA implementação do projeto com os alunos da EJA contribuiu para uma
reflexão sobre o papel de homens e mulheres na sociedade e a influência que a
canção exerce na forma de comportamento de cada um. Através das atividades
desenvolvidas com os alunos várias ideias foram sendo debatidas, possibilitando
ampliar a compreensão deles em relação ao mundo e como se constroem as
representações e relações sociais que influenciam em atitudes diante da sociedade.
Homens e mulheres da turma já percebiam a forma como a canção influencia
as pessoas principalmente em atividades políticas, lazer e trabalho, mas eram
somente hipóteses, pois não tinham a certeza disso. Com as atividades e debates
realizados foi possível chegarem às próprias conclusões e certificarem-se do que
imaginavam.
Em relação às canções de Chico Buarque e outras canções apresentadas
pela turma, foi possível utilizar-se de um recurso didático que tornou as aulas bem
atrativas permitindo que os alunos participassem e os conteúdos presentes nas
letras das canções enriqueceram as discussões dos temas propostos.
O desenvolvimento das atividades relacionadas a “Chico Buarque e a
representação de gêneros na poética musical: comportamento e papel social na
atualidade e no passado no que tange as relações de trabalho, sexualidade e
cidadania”, permitiu aos alunos refletirem sobre os conhecimentos históricos, não
sendo apenas um momento de repasse de conhecimento. Para Rüsen (2010, p.113),
“(...)é interessante observar que a aprendizagem da História é um processo de
desenvolvimento da consciência histórica no qual se deve adquirir competência da
memória histórica.(...)”
A implementação das atividades da unidade didática possibilitou perceber que
o aluno torna-se muito mais participativo ao envolver-se na construção do processo
3 Através do Grupo de Trabalho em Rede - GTR, nos debates e atividades com outros professores é possível perceber que o tema é importante e este problema não é apenas preocupante em lugares isolados. A cultura construída historicamente baseada em uma visão relacionada a homens e mulheres como inferiores e superiores, coisas de mulher e coisas de homem, está presente em muitos outros espaços. Este assunto precisa ser discutido em sala de aula com ambos os sujeitos envolvidos para tornar possível uma mudança que proporcione igualdade. No momento em que homens e mulheres relatarem as suas vivências, é possível um espaço para reflexão e isso possibilita a mudança de comportamento e papéis sociais.
histórico. Para professores e alunos, a história não é apenas estudar o passado,
mas compreender como as relações humanas construíram-se, o que possibilita
entender a sociedade em que vivem. Através da proposta metodológica aqui
apresentada os alunos passaram a perceber como as relações humanas e
comportamentos são construídos apontando outras maneiras que possibilitem as
mudanças que desejam na sociedade.
O diagnóstico e atividades realizadas com os alunos no início, durante e no
final da implementação possibilitou constatar que apareceram novas ideias, novos
conhecimentos e principalmente tiveram subsídios para perceberem-se como
sujeitos históricos em condições de fazer a mudança que desejam na sociedade em
que vivem. Comportamentos e papéis desempenhados por homens e mulheres
podem ser modificados a partir das atitudes de cada um.
A motivação dos alunos através do uso das canções tornou a história uma
evidência tangível, possível de ser vivida em suas necessidades de orientação e que
são seus próprios comportamentos e formas de pensar responsáveis pela mudança
ou manutenção de formas definidas como tradicionais e passadas de geração a
geração.
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