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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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Título: PROCEDIMENTOS PEDAGÓGICOS: (RE) SIGNIFICANDO O PLANO DE TRABALHO DOCENTE NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Autora

Ivone Schiavon de Oliveira Silva

Disciplina/Área (ingresso no PDE)

Pedagogia

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

CEEBJA Professor Manoel Rodrigues da Silva

Município da escola

Maringá-PR

Núcleo Regional de Educação

Maringá-PR

Professora Orientadora

Ercília Maria Angeli Teixeira Paula

Instituição de Ensino Superior

Universidade Estadual de Maringá - UEM

Resumo Esta produção didático-pedagógica se ancora nos preceitos da pedagogia histórico-crítica de Saviani, nos postulados de Gandin e Vasconcellos sobre o Planejamento enquanto prática educativa, nos axiomas de Gadotti referentes à Educação de Jovens e Adultos e na perspectiva de Libâneo, sobre a organização e gestão escolar. Essas teorias buscam compreender a organização social da escola e, o desenvolvimento humano. Gestada na prática desenvolvida no espaço escolar, este trabalho tem por objetivo problematizar os principais aspectos norteadores para a elaboração e a efetivação do Plano de Trabalho Docente na Fase II do Ensino Fundamental e Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos. Propõe refletir com professores e pedagogos a importância de incorporar o PTD como instrumento organizador e emancipador do processo de ensino, para viabilizar o atendimento a diversas necessidades pedagógicas que conduzem ao desenvolvimento humano e consegue proporcionar a aprendizagem do saber produzido e acumulado pela humanidade. A proposta sugere como metodologia a organização de grupos de estudos constituídos de professores e pedagogos. Os textos apresentados nesta Produção Didático-pedagógica oferecem subsídios para análise, discussão, reflexão e debate sobre o objeto deste

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estudo: o Plano de Trabalho Docente

Palavras chave

Educação de Jovens e Adultos; Plano de Trabalho Docente; Organização Pedagógica.

Formato do Material Didático

Caderno Pedagógico

Público Alvo

Equipe Pedagógica e Professores.

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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 4

UNIDADE DIDÁTICA I

Origem e Itinerário da Educação de Jovens e Adultos no Brasil ............................... 7

UNIDADE DIDÁTICA II

Concretude da Educação de Jovens e Adultos no CEEBJA Professor Manoel Rodrigues da Silva – Maringá-PR ............................................................................ 14

UNIDADE DIDÁTICA III

Identidade dos sujeitos da Educação de Jovens, Adultos e Idosos ..........................21

UNIDADE DIDÁTICA IV

As teorias pedagógicas no contexto escolar ........................................................... 27

UNIDADE DIDÁTICA V

Contextualização histórica do Planejamento Escolar ............................................... 40

UNIDADE DIDÁTICA VI

Planejamento escolar: revisando práticas e concepções ........................................ 46

UNIDADE DIDÁTICA VII

Plano de Trabalho Docente na EJA: abrangências e especificidades .................... 57

UNIDADE DIDÁTICA VIII

TECENDO RELAÇÕES: Uma leitura do papel dos gestores escolares na elaboração

e efetivação do Plano de Trabalho Docente na EJA ................................................ 64

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS ...................................................................... 73

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 74

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APRESENTAÇÃO

Embora a maioria dos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas esteja

fundamentada numa concepção crítica da educação, a efetivação do trabalho

pedagógico, em muitos casos, não corresponde à teoria propalada. Neste sentido é

importante identificar a concepção teórica que embasa o fazer pedagógico dos

professores do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos

Professor Manoel Rodrigues da Silva de Maringá, no sentido de compreender e

reconhecer especificidades e resultados relativos ao processo de ensino e de

aprendizagem.

Pela compreensão de que o conhecimento é construído a partir da história

das relações entre os homens e que a escola é responsável direta e legítima,

atualmente, pela transmissão do saber escolar pelo trabalho educativo, há uma

questão a ser elucidada: o Plano de Trabalho Docente, na Educação de Jovens,

Adultos e Idosos, atende às necessidades pedagógicas dos alunos na sua

elaboração e na sua efetivação?

Com base nestes apontamentos, a presente Produção Didático-pedagógica,

organizada no formato de Caderno Pedagógico, desenvolvida por meio do Programa

de Desenvolvimento da Educação do Estado do Paraná – PDE tem a finalidade de

propor a professores e pedagogas que atuam com a Educação de Jovens, Adultos e

Idosos, estudos, reflexões e aprofundamentos teórico-práticos sobre o seu fazer

pedagógico e os resultados dele advindos.

Esta Produção Didático-pedagógica apresenta ao término de cada capítulo,

alguns questionamentos para suscitar o debate e promover a pesquisa, referências,

sugestões de leituras, outros materiais complementares e ainda, espaço para

anotações.

Deste modo, toda sistematização do presente Caderno Pedagógico tem por

objetivo problematizar os principais aspectos norteadores para a elaboração e a

efetivação do Plano de Trabalho Docente na Fase II do Ensino Fundamental e

Ensino Médio da Educação de Jovens, Adultos e Idosos.

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A primeira proposta de reflexão é apresentada pelo texto Origem e Itinerário

da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, considerada a partir da historicização e

apresentação dos principais aspectos norteadores da EJA no Brasil bem como dos

principais documentos oficiais e a EJA em Maringá-Pr.

Considerando que o objeto de estudos desta produção partiu de uma

necessidade concreta vivenciada no Centro Estadual de Educação Básica para

Jovens e Adultos Professor Manoel Rodrigues da Silva, o segundo capítulo,

intitulado Concretude da EJA no CEEBJA “Professor Manoel Rodrigues da Silva”,

apresenta esta realidade e propõe uma análise reflexiva sobre a mesma a partir da

atual conjuntura social e política.

No terceiro capítulo, Identidade dos sujeitos da EJA, o compromisso

assumido é o de entender de fato a identidade dos sujeitos que procuram a

Educação de Jovens, Adultos e Idosos para reiniciar, dar continuidade ou concluir os

estudos interrompidos. E a partir desta compreensão situar estes sujeitos neste

contexto histórico e nesta organização social que experenciamos juntos, alunos e

professores.

Por este raciocínio, todavia, uma aresta teórica a ser aparada se refere às

Teorias Pedagógicas no contexto escolar, abordada no quarto capítulo. Esta análise

e, sobretudo, esta compreensão é condição para analisar todo fazer educativo

realizado no espaço escolar. Se for verdade que não há teoria sem prática, também

é verdadeiro que a prática se modifica muito quando compreendida na sua essência,

ou seja, na teoria que a norteia e orienta.

No quinto capítulo Contextualização histórica do planejamento escolar a

autora evidencia a importância da história na perspectiva da sua finalidade primeira

enquanto constituição do ser humano. Também clarifica a existência e valoração do

ato de planejar identificados nos mais diversos organismos sociais e no interior do

espaço escolar. Trata-se de uma reflexão sobre a importância da organização das

ações humanas e de como elas contribuem para minimizar exaustões em atividades

complexas que devem ser executadas a partir de objetivos claros e específicos.

No sexto capítulo denominado Planejamento Escolar: revisando práticas e

concepções, há uma preocupação em entender as diversas nomenclaturas utilizadas

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para denominar a ação de planejar. Bem como revisar práticas e concepções

existentes no planejamento escolar com vistas a possibilitar avanços em sua

elaboração e efetivação.

Outro aspecto relevante é entender o Plano de Trabalho Docente na EJA:

abrangências e especificidades, conforme abordado no sétimo capítulo. Esta

compreensão é condição para o desenvolvimento de ações bem sucedidas, que

considerem a relevância do trabalho coletivo na escola. De entender sua articulação

com atividades escolares que se afunilam no trabalho pedagógico desenvolvido na

sala de aula.

Por último, mas de inestimável relevância para a organização do

planejamento escolar, no oitavo capítulo serão abordadas as Contribuições da

Gestão Escolar na elaboração e efetivação do Plano de Trabalho Docente na EJA.

Problematiza a questão inicial de constituição do ser humano: a interação social.

É de profundo interesse que este Caderno Pedagógico contribua para aflorar

interesses, percepções, necessidades e sentimento de pertença, pois o

desenvolvimento humano depende da sua própria inquietação.

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UNIDADE DIDÁTICA I

ORIGEM E ITINERÁRIO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL

Ivone Schiavon de Oliveira Silva1

Não é possível discutir qualquer aspecto da EJA sem antes compreender a

sua origem histórica no Brasil, mesmo que através de um breve relato. Isto porque,

de acordo com Friedrich (2010), constata-se que a literatura traz em geral

acontecimentos cronológicos de iniciativas pontuais na tentativa de solucionar os

problemas decorrentes do analfabetismo e falta de qualificação da mão de obra

necessária ao modo de produção em cada época da história de nosso país.

Neste sentido, é interessante perceber que em cada época a EJA adquiriu

olhares adversos, porém contempla sempre a “marca” da necessidade social que a

determina. Esta modalidade de ensino apresentou características de educação

compensatória, supletiva e emergencial.

Além disso, se destaca que a escolarização de adultos, no Brasil, emerge de

ações que ocorriam fora do ambiente escolar, ou seja, na família, no trabalho, nas

instituições religiosas e, mais recentemente, através dos meios de comunicação.

Friedrich (2010) aponta que a escolarização de jovens e adultos pode ser

considerada em toda sua trajetória como proposta redimensionada à plataforma de

governo na tentativa de elucidação de um problema decorrente das lacunas do

sistema de ensino regular.

Então, apesar da educação de adultos receber sinônimos para designá-la

(educação popular, não formal, comunitária), o que deve permanecer é a sua

caracterização em relação a uma área especializada da educação. De acordo com

Paiva (1973):

O histórico da EJA no Brasil perpassa a trajetória do próprio desenvolvimento da educação e vem institucionalizando-se desde a catequização dos indígenas, a alfabetização e a transmissão da língua

1 Professora Pedagoga PDE-2013. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá.

Pós Graduada em Formação de Professores Alfabetizadores pela Faculdade de Ciências e Letras de

Mandaguari e Neuropedagogia pelo Instituto Rhema.

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portuguesa servindo como elemento de aculturação dos nativos. (PAIVA, 1973, p.56)

Neste sentido, Friedrich (2010) esclarece que desde a época da vinda da

família real para o Brasil surgiu a necessidade de formar trabalhadores, através da

escolarização de adultos, para atender aos interesses servis da aristocracia

portuguesa. Apresentada, quase didaticamente através de uma linha do tempo, é

importante retroceder à história e vislumbrar alguns aspectos que marcaram a

trajetória da educação de jovens e adultos no Brasil.

Na década de 40, de acordo com Gadotti (2006) foi criado o Serviço Nacional

de Aprendizagem Industrial corroborando com a sociedade capitalista e grupos

econômicos dominantes que difundiam que sem educação profissional não haveria

desenvolvimento industrial no país. Além disso, foi regulamentado o Fundo Nacional

do Ensino Primário – FNEP com o objetivo de garantir recursos. Nesse período

ainda, a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos – CEAA ajudou na

estruturação da EJA e representou um marco, pois se começou a pensar no material

didático específico para EJA.

Ainda de acordo com Friedrich (2010), em 1854, com o objetivo de alfabetizar,

surgiu a primeira escola noturna do Brasil. Em 1881 ocorreu a primeira reforma

eleitoral proibindo os analfabetos de votarem, pois o analfabetismo estava associado

à incapacidade social. Entre 1887 – 1897 (período de transição do Império para

República), a educação foi tida como redentora dos problemas da nação.

Friedrich (2010) também descreve que em 1910 surgiram as “ligas contra o

analfabetismo”, que tinham por objetivo eliminar o analfabetismo para que o

analfabeto pudesse votar. Nessa época fala-se então na qualidade do ensino

entendendo a educação como dever do Estado. Nas décadas de 20 e 30 ocorreram

mudanças políticas e econômicas no país através do processo de industrialização. A

EJA começou a ganhar espaço na educação brasileira, pois o Estado passou a ter

deveres na gratuidade, integralidade e obrigatoriedade de frequência dos alunos na

escola, o que foi estendido para adultos enquanto direito constitucional em 1934.

Ainda segundo Friedrich (2010), em 1958, Juscelino Kubitscheck de Oliveira,

então presidente da república, convocou grupos de vários Estados para relatarem

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suas experiências no “Congresso de Educação de Adultos”. Nesse congresso, de

acordo com Gadotti (2000), ganhou destaque a experiência do grupo de

Pernambuco liderado por Paulo Freire. Foi um movimento voltado para desenvolver

educadores de adultos (critica a precariedade dos prédios escolares, a qualificação

dos professores e o material didático inadequado). Sua proposta metodológica era

de trabalho, discussão e participação em grupo ao invés de discurso.

De 1958 a 1964 surgiu o Movimento de Educação de Base (MEB) com o

objetivo de libertar homens e mulheres da ignorância. Este movimento ficou até 1969

graças à sua ligação com a igreja.

Para Haddad (2000), em 1965, surgiu a Cruzada Ação Básica (ABC), oposta

às ideias de Paulo Freire e em 1967 o Movimento Brasileiro de Alfabetização

(MOBRAL). Ambos com fim de controlar a população via centralização das ações e

orientações, supervisão pedagógica e produção de materiais didáticos (Di Pierro;

Joia; Ribeiro, 2001).

A Lei nº 9394 trata da educação de jovens e adultos e esclarece que:

Art. 37 A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. (BRASIL, Lei nº 9394/1996, 2004, p. 10)

Já a Lei nº 5692 regulou o Ensino Supletivo e sinalizou para a

profissionalização:

Art. 26 Os exames supletivos compreenderão a parte do currículo resultante do núcleo comum, fixado pelo Conselho Federal de Educação, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular, e poderão, quando realizados para o exclusivo efeito de habilitação profissional de 2º grau, abranger somente o mínimo estabelecido pelo mesmo Conselho. (BRASIL, Lei nº 5692/71, p.5)

Friedrich (2010) mencionou que, na visão dos legisladores, o Ensino Supletivo

nasceu para reorganizar o antigo exame de “madureza”, que facilitava a certificação

e propiciava uma pressão por vagas nos graus seguintes, em especial no

universitário. Em 1985 foi extinto o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL)

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dando espaço à Fundação EDUCAR, que mantinha as mesmas características do

Mobral, mas não tinha suporte financeiro. Esta fundação foi extinta em 1990, o que

descentralizou a política da EJA e a responsabilidade pública dos programas de

alfabetização e pós-alfabetização foi transferida aos municípios.

Ainda na década de 90, a partir da EJA, o Ensino Supletivo foi substituído

pela EJA. De acordo com Friedrich (2010) existiram controvérsias na

institucionalização da modalidade EJA, pois encontrou em Soares (2002), que a

mudança não era de mera atualização vocabular, mas alargamento do conceito, pois

o termo “ensino” era restrito a mera instrução enquanto “educação” era mais amplo

compreendendo os diversos processos de formação. Já na Declaração de

Hamburgo (UNESCO, 1997), a EJA, transcendeu ao direito, considerada

consequência do exercício da cidadania e participação social. Foi considerada a

chave para o Século XXI.

Seguindo a linha do tempo, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA

(BRASIL, 2000) descrevem essa modalidade pelas funções reparadora, ao tratar da

restauração de um direito negado; equalizadora, enquanto distribuidora dos bens

sociais garantindo a igualdade; e qualificadora, visando a atualização de

conhecimentos para a vida.

Embora a Constituição de 1988 (BRASIL, 1988) tivesse reconhecido o direito

de todos à educação através da obrigatoriedade e gratuidade, independente da

idade, a LDB 9.394/96 (BRASIL, 1996) acentuou-se na educação brasileira a lógica

compensatória e pulverizada, onde a estratégia era atender grupos de extrema

pobreza. Através da própria LDB 9.394/96 (BRASIL, 1996), o Fundo de Manutenção

e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF) e

a reforma da Educação Profissional redefiniram a política educacional ocasionando

retrocesso e lugar secundário da EJA nas políticas educacionais.

De acordo com Gadotti; Romão (2006), na relação entre Estado e educação

popular surgiu duas tendências teórico-práticas: uma maniqueísta, que defendia

uma nova educação popular e uma nova escola pública; e outra integracionista,

propondo parcerias entre Estado, igreja, empresariado, sociedade civil e instituições

de caráter privado.

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De acordo com o site do governo federal (BRASÍLIA, 2013), no período de

2003 a 2006, foram sinalizadas pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da

Silva, iniciativas para políticas públicas de EJA através da criação do Programa

Brasil Alfabetizado e Fazendo Escola, ambos implementados pela Secretaria de

Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – SECAD, gerando como

vertentes sociais: o Projeto Escola de Fábrica, para formação profissional de 15 a 21

anos; o PROJOVEM, para escolarizar após o 5º ano do Ensino Fundamental de 18 a

24 anos; e o Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio –

PROEJA, para educação profissional técnica em nível médio.

Tais iniciativas tornaram-se objeto de ampliação de mecanismos de

certificação, referentes à conclusão do Ensino Fundamental, formação profissional e

término do Ensino Médio. A educação de jovens e adultos continuou na

marginalidade.

Na década que compreendeu 1990 a 2000:

[...] empreendeu-se, no Brasil, um processo de reformas da matriz neoliberal que resultou na desconstrução dos compromissos ético-políticos e sociais firmados pelo Estado na Constituição de 1988. Tal processo correspondeu às demandas para a inserção do país, de forma associada e subalterna, no atual quadro hegemônico mundial. É assim, nos marcos da nova ordem econômica internacional e de adaptação do Estado brasileiro à concepção de estado mínimo, que é empreendida a reforma educacional brasileira na década de 1990. (RUMMERT, 2007, p.3)

Através da própria LDB 9.394/96 (BRASIL, 1996), o Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF) e a

reforma da Educação Profissional redefiniram a política educacional ocasionando

retrocesso e lugar secundário da EJA nas políticas educacionais.

Ante ao cenário discorrido sobre a EJA na perspectiva nacional e, portanto,

macro, torna-se interessante perceber a nível local, mais especificamente no

“CEEBJA Professor Manoel Rodrigues da Silva de Maringá/PR”, os desdobramentos

práticos decorrentes dos fatos apresentados.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Lei de Diretrizes e Bases para o ensino de 1º e 2º graus. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 ago. 1971.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Parecer CEB nº 11/2000.

FRIEDRICH, Márcia; BENITE, Anna M. Canavarro; BENITE, Claudio R. Machado

and PEREIRA, Viviane Soares. Trajetória da escolarização de jovens e adultos

no Brasil: de plataformas de governo a propostas pedagógicas esvaziadas. Ensaio:

aval. pol. públ. Educ. [online]. 2010, vol.18, n.67, pp. 389-410. ISSN 0104-4036

GADOTTI, Moacir; ROMÃO, José Eustáquio. Educação de Jovens e Adultos: teoria prática e proposta. 8. Ed. São Paulo: Cortez, 2006. 136 p.

GADOTTI, Moacir. Saber aprender: um olhar sobre Paulo Freire e as perspectivas atuais da educação. In: CONGRESSO INTERNACIONAL, 2000, Évora. Um olhar sobre Paulo Freire: trabalhos apresentados... Évora, PT: Universidade de Évora, 2000.

HADDAD, Sérgio; DI PIERRO, Maria Clara. Escolarização de jovens e adultos.

Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n.14, p. 108-130, 2000.

HAMBURGO. Conferência internacional sobre a educação de adultos (V: 1997: Hamburgo, Alemanha): Declaração de Hamburgo: agenda para o futuro – Brasília: SESI/UNESCO, 1999).

RUMMERT, Sonia Maria and VENTURA, Jaqueline Pereira. Políticas públicas para educação de jovens e adultos no Brasil: a permanente (re)construção da subalternidade - considerações sobre os Programas Brasil Alfabetizado e Fazendo Escola. Educ. rev. [online]. 2007, n.29, pp. 29-45. ISSN 0104-4060.

PROCEDIMENTO DE ESTUDO

PROPOSTA DE ATIVIDADE

1. Leitura, em grupo, do texto “Origem e itinerário da Educação de Jovens e Adultos

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no Brasil”, de Ivone Schiavon de Oliveira Silva.

2. Após leitura, refletir no grupo as seguintes questões:

a) Qual a origem da escolarização de adultos no Brasil?

b) Como as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA caracterizaram a EJA

como função reparadora em diferentes períodos da história?

c) O que é educação popular, educação não formal, educação compensatória e

escolarização de adultos?

3. Apresentação das conclusões das reflexões dos grupos à plenária.

SUGESTÕES DE REFERÊNCIAS PARA ESTUDOS COMPLEMENTARES

GROKORRISKI, Carlos Ricardo. A Pedagogia Social no Programa Paraná Alfabetizado.

In: PAULA, Ercília Maria Angeli Teixeira de; CALEGARI – FALCO, Meire (orgs.). MARINGÁ,

EDUEM, 2012, pg. 137 – 147.

ANOTAÇÕES

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UNIDADE DIDÁTICA II

CONCRETUDE DA EDUCAÇÃO DE JOVENS, ADULTOS E IDOSOS NO

“CEEBJA PROFESSOR MANOEL RODRIGUES DA SILVA DE MARINGÁ-PR”

Ivone Schiavon de Oliveira Silva

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Este texto pretende, em linhas gerais, situar o leitor na identificação e na

organização estrutural/organizacional do aluno da Educação de Jovens, Adultos e

Idosos do “CEEBJA Professor Manoel Rodrigues da Silva do Município de Maringá”,

Estado do Paraná.

De acordo com dados extraídos da Proposta Político Pedagógica, o “CEEBJA

– Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos - Professor Manoel

Rodrigues da Silva” – MARINGÁ (2013, p. 7-8) iniciou suas atividades em

19/09/1985, com o objetivo de escolarizar jovens, adultos e idosos.

Desenvolvendo seu trabalho com qualidade, flexibilidade e criatividade em

curto espaço de tempo se tornou uma referência na educação de jovens e adultos

em Maringá e região, oportunizando a milhares de pessoas a possibilidade da

alfabetização e conclusão de estudos.

Todo trabalho pedagógico realizado versava sobre a forma de atendimento

individual, não presencial. Também a população atendida era composta

basicamente por adultos trabalhadores e senhoras que desempenhavam atividades

no lar.

Em 1988 o CEEBJA iniciou o trabalho de descentralização, inicialmente

chamado de Projeto Sinal Verde, na tentativa de sanar dificuldades de deslocamento

dos alunos até a escola, bem como ampliar a oferta de vagas, principalmente na

alfabetização e conclusão do Primeiro Segmento do Ensino Fundamental em bairros

de Maringá e nos municípios da região.

2 Professora Pedagoga PDE-2013. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá.

Pós Graduada em Formação de Professores Alfabetizadores pela Faculdade de Ciências e Letras de

Mandaguari e Neuropedagogia pelo Instituto Rhema.

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Este trabalho resultou também na ampliação da oferta descentralizada para

prosseguimento de estudos de 6º ao 9º ano, para a conclusão do Ensino

Fundamental e também do Ensino Médio, posteriormente denominado de Posto

Avançado do CEEBJA.

Desde o início do seu funcionamento a escola passou por várias

denominações:

CES – Centro de Estudos Supletivo “Prof. Manoel Rodrigues da Silva” (19/05/1985 a 10/09/1998). CEAD – Centro Estadual de Educação Aberta Continuada a Distância “Professor Manoel Rodrigues da Silva” (11/09/1998 á 15/02/2000). CEEBJA – Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos “Prof. Manoel Rodrigues da Silva” (16/02/2000 até a presente data). (MARINGÁ, 2013, p. 7-8)

Adequando-se às novas normatizações do Conselho Nacional de Educação e

do Conselho Estadual de Educação, advindos com a Lei 9394/96 (BRASIL, 1996), o

“Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos Professor Manoel

Rodrigues da Silva” reorganizou sua oferta na forma presencial, mantendo

organização individual e coletiva, matrícula por disciplina, carga horária mínima por

disciplina a ser cumprida pelo aluno.

A Proposta Político Pedagógica registra também, que a Educação de Jovens

e Adultos – EJA, enquanto modalidade da Educação Básica adquiriu papel

fundamental na formação integral dos sujeitos, agregando-lhes elementos e valores

que lhes proporcionem a emancipação e a afirmação de sua identidade cultural.

Neste sentido, a escola alega que assume o compromisso social com a formação

humana e acesso à cultura geral, a partir de metodologias adequadas de

conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio–históricos de modo que os alunos

venham participar política e produtivamente das relações sociais, com

comportamento ético e compromisso político, através do desenvolvimento da

autonomia intelectual e moral.

A Proposta também cita que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional – LDBEN nº 9394/96 (BRASIL, 1996, p.10), em seu artigo 37, define que a

educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou

continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade própria. E,

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tomando este recorte da lei, conclui que a escola busca, portanto, restabelecer um

direito constitucional historicamente negado a esta população que apresenta uma

diversidade cultural, política e social peculiar.

A partir do elencado, o Projeto Político Pedagógico (MARINGÁ, 2013, p. 4)

marca a necessidade de enxergar o aluno como sujeito social, histórico e cultural,

que traz consigo conhecimentos e experiências acumuladas, assim como necessita

de um tempo peculiar de formação que deve ser respeitado.

E esclarece que o objetivo da escola é extrapolar o senso comum do aluno,

ampliar sua visão de mundo, considerando a dimensão do significado próprio que

cada aluno irá demonstrar a esse “novo” período escolar e que deverá ser

respeitado e trabalhado.

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Jovens e

Adultos do Estado do Paraná (PARANÁ, 1996), na redefinição da proposta

pedagógico-curricular de EJA da Rede Estadual de Educação, a meta foi manter as

características de organização com vistas a:

[...] - permitir aos educandos percorrerem trajetórias de aprendizagem não-padronizadas, respeitando o ritmo próprio de cada um no processo de apropriação dos saberes; - organizar o tempo escolar a partir do tempo disponível do educando-trabalhador, seja no que se refere à organização diária das aulas, seja no total de dias previstos na semana. (PARANÁ, 2006, p. 25).

Neste sentido essas Diretrizes evidenciam a preocupação em respeitar a

singularidade e a preferência de cada aluno, mantendo a obrigatoriedade da forma

presencial e contemplando cem por cento da carga horária total, com avaliação no

processo. E mais, pressupõe ações pedagógicas descentralizadas (APED) para

atender regiões com baixa demanda educacional.

Orienta que:

A EJA deve ter uma estrutura flexível e ser capaz de contemplar inovações que tenham conteúdos significativos. Nesta perspectiva, há um tempo diferenciado de aprendizagem e não um tempo único para todos. Os limites e possibilidades de cada educando devem ser respeitados; portanto, é desafio destas Diretrizes apresentar propostas viáveis para que o acesso, a permanência e o sucesso do educando nos estudos estejam assegurados. (PARANÁ, 2006, p. 28)

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A partir destes direcionamentos a escola alicerçou todo seu trabalho, desde o

atendimento ao aluno, a matrícula, o material pedagógico a ser trabalhado, a

didática e a metodologia bem como o processo de acompanhamento e avaliação.

Inclusive, na busca de compreender a real necessidade escolar do aluno em

relação ao seu tempo disponível para os estudos, realizou uma pesquisa com 1493

alunos, tendo como foco: os motivos que levam os alunos a realizarem os estudos

no atendimento individual ou coletivo, os níveis de ensino e identificando os gêneros

dos alunos.

De acordo com dados coletados nos arquivos da escola, o resultado

identificou que 84% dos alunos pesquisados preferem estudar na forma de

atendimento individual, pela flexibilidade de horário. Este resultado se justifica pelas

mais variadas razões, porém, constatou-se que todos apresentaram relação direta

com a rotina diária envolvendo, principalmente, aspectos relacionados ao trabalho

(horário flexível, carga horária, natureza do trabalho); necessidade de concluir

rapidamente os estudos, com aprendizagem; facilidade oferecida pela forma de

atendimento individual quanto às possibilidades de receber atenção dos professores

com maior proximidade, bem como receber orientações em grupos pequenos de

alunos para sanar dúvidas; necessidade de concluir os estudos (para melhorar no

emprego, recuperar o tempo perdido, dar continuidade aos estudos e outros);

necessidade de receber auxílio especializado devido a dificuldades pedagógicas

específicas nos estudos, adquiridas ou congênitas; aproveitar as possibilidades de

organizar o tempo de estudos; pela possibilidade de permitir ao aluno que possui

disponibilidade de horário frequentar a escola em tempo maior, ampliando sua carga

horária e, portanto, concluindo seus estudos mais rapidamente.

Os alunos que preferem a forma de atendimento coletiva corresponderam a

10% do total de estudantes, sendo que as justificativas variaram e algumas delas

realmente se justificaram, pois variaram desde necessidades pedagógicas, como

muito tempo sem estudar, até maior aproveitamento do tempo. Entretanto, ficou

evidenciado em algumas respostas que não houve compreensão a respeito da

melhor forma de atendimento para a realização dos estudos, pois o atendimento

coletivo não viabiliza a flexibilidade de horário como alguns alunos afirmaram,

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tampouco a continuidade dos estudos não se limita apenas à forma de atendimento

coletivo.

A análise possibilitou ainda observar que alguns alunos (5%) registraram as

duas formas de atendimento, o que possibilitou a realização de duas análises: a de

não haverem compreendido a questão ou, ainda de estarem interessados em

estudar nas duas formas de atendimento (individual e coletivo), concomitantemente.

De todos os 1493 alunos consultados, apenas 1% não respondeu às

perguntas referentes à forma de atendimento que preferem realizar na escola.

Entretanto elas estão distribuídas nos diversos motivos, pois se percebeu que

fizeram questão de justificar demonstrando dificuldade de interpretar ou expressar a

situação e, portanto, realizando registro em mais de um item: individual e coletivo ou

não responderam.

A avaliação referente aos dados sobre os níveis de ensino dos alunos revelou

que 67% estudavam ou matricularam-se no ensino médio, 29% no ensino

fundamental e 4% não responderam.

A observação dos dados relativos ao gênero dos alunos que responderam,

demonstrou que 53% eram do sexo masculino, representando a maioria e 47% eram

do sexo feminino.

Neste texto, portanto, foi possível observar aspectos da legislação e do

Projeto Político Pedagógico da Escola.

REFERÊNCIAS

PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos. 2006. –

Disponível na pág. Portal Educacional do Estado do Paraná.

HTTP://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br. Acesso em 07/08/2013.

MARINGÁ. Projeto Político-Pedagógico – Centro de Educação Básica para Jovens

e Adultos Professor Manoel Rodrigues da Silva. Maringá-PR, 2013.

PROCEDIMENTO DE ESTUDO

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PROPOSTA DE ATIVIDADE

1. Leitura coletiva do texto “Concretude da Educação de Jovens, Adultos e Idosos no

CEEBJA Professor Manoel Rodrigues da Silva de Maringá-PR”, de Ivone Schiavon

de Oliveira Silva. Discussão oral.

2. Em grupo responder aos seguintes questionamentos:

a) Como é possível identificar, efetivamente no PTD, que ele é elaborado e

efetivado com vistas a desenvolver a autonomia intelectual e moral do aluno?

b) O texto diz que “O Projeto Político Pedagógico marca a necessidade de

enxergar o aluno como sujeito social, histórico e cultural, que traz consigo

conhecimentos e experiências acumuladas, assim como necessita de um

tempo peculiar de formação que deve ser respeitado”. O PTD contempla o

que a teoria registra como sendo um trabalho de construção coletiva? Por

quê?

3. Reflexão coletiva sobre o trabalho realizado em grupo.

SUGESTÕES DE REFERÊNCIAS PARA ESTUDOS COMPLEMENTARES

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. MARINGÁ. Projeto Político-Pedagógico – Centro de Educação Básica para Jovens e Adultos Professor Manoel Rodrigues da Silva. Maringá-PR, 2013.

PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos. 2006. – Disponível na pág. Portal Educacional do Estado do Paraná. HTTP://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br. Acesso em 07/08/2013.

ANOTAÇÕES

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UNIDADE DIDÁTICA III

A IDENTIDADE DOS SUJEITOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS, ADULTOS E

IDOSOS

Ivone Schiavon de Oliveira Silva

3

Pensar na identidade dos sujeitos da educação de jovens, adultos e idosos

somente é possível a partir da análise da constituição da própria sociedade

capitalista que se caracteriza pela contradição entre o capital e o trabalho.

Ou seja,

Os alunos da educação de jovens e adultos apresentam, via de regra, características próprias: são, majoritariamente, trabalhadores (às vezes, desempregados) ou filhos de trabalhadores que vivem uma condição socioeconômica que determina inúmeras restrições. Entre estas, encontra-se, evidentemente, a própria possibilidade de eles se enquadrarem nas exigências do modelo escolar regular, bem como a emergência de interesses imediatos específicos, marcados pela busca de mecanismos de sobrevivência. (KLEIN, 2003 p.11)

Deste fato é importante abstrair que a própria sociedade capitalista produz um

contingente significativo de sujeitos que, no transcorrer do seu desenvolvimento

biológico, é excluído do processo de escolarização formal. E que, portanto, irá

compor a demanda existente, ou melhor, criada, para ser atendida nesta modalidade

de ensino.

É possível identificar esta conjuntura nas Diretrizes da EJA do Estado do

Paraná (PARANÁ, 2006, p. 29), pois este documento indica que é preciso conhecer

a história, cultura e costumes do aluno para compreendê-lo como “um sujeito com

diferentes experiências de vida e que em algum momento afastou-se da escola

devido a fatores sociais, econômicos, políticos e/ou culturais”, constatando como

fatores causais o ingresso prematuro no mundo do trabalho, a evasão ou a

repetência escolar.

3 Professora Pedagoga PDE-2013. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá.

Pós Graduada em Formação de Professores Alfabetizadores pela Faculdade de Ciências e Letras de

Mandaguari e Neuropedagogia pelo Instituto Rhema.

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Complementam que:

A Lei n. 9394/96, em seu artigo 38, determina que, no nível de conclusão do Ensino Fundamental e Médio, a idade seja, respectivamente, 15 e 18 anos. De acordo, ainda, com a Deliberação n. 008/00, do CEE-PR, o ingresso na EJA pode se dar aos 14 anos para o Ensino Fundamental e aos 17 para o

Ensino Médio. Essa alteração da idade para ingresso e certificação na EJA,

dentre outros fatores, ocasionou uma mudança significativa na composição da demanda por essa modalidade de ensino, sobretudo pela presença de adolescentes. (PARANÁ, 2006 p. 30)

Ocorre, portanto, a constatação de que os adolescentes compõem as escolas

da EJA, na maioria dos casos, advindos de um processo educacional fragmentado,

definido por constantes evasões e reprovações tanto no Ensino Fundamental quanto

no Ensino Médio regulares.

Ainda de acordo com as Diretrizes da EJA do Estado do Paraná (PARANÁ,

2006 p. 31) esta modalidade de ensino se legitima a partir da consideração de

algumas singularidades: como critério basilar, o atendimento preferencial aos alunos

acima de 18 anos. Em seguida, destaca-se a presença da mulher que busca

compensar a desigualdade social estabelecida pelo predomínio patriarcal que a

impediu de realizar práticas educativas; contempla também o atendimento aos

alunos com deficiência, que deve ser priorizado com metodologias educacionais

específicas que possibilitem “o acesso, a permanência e o êxito escolar; também a

reorganização curricular para atender às populações do campo, constituídas por

diferentes gerações, etnias, gêneros, crenças e diferentes modos de trabalhar, de

viver, de se organizar, de resolver os problemas, de lutar, de ver o mundo e de

resistir no campo”; e finalmente, os povos indígenas com suas peculiaridades.

E sintetiza que:

[...] o atendimento escolar a jovens, adultos e idosos não se refere somente a uma característica etária, mas à diversidade sociocultural de seu público, composto por populações do campo, em privação de liberdade, com necessidades educativas especiais, indígenas, remanescentes de quilombos, entre outros, que demandam uma educação que considere o tempo, os espaços e a sua cultura.” (PARANÁ, 2006 p. 31)

De toda essa composição de excluídos que constituem a anteriormente

mencionada singularidade da EJA, Klein (2003) chama atenção para três aspectos

fundamentais: primeiro a relevância de o professor refletir a sua própria condição de

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classe e a condição de classe dos seus alunos, para definir sua posição política,

seja num âmbito mais amplo da luta revolucionária, ou no interior de sua prática

imediata, enquanto professor. Segundo, que a atuação docente implica na

compreensão dos limites que a exclusão impõe à realização do sujeito, podendo

representar peculiaridades ou obstáculos que irão exigir-lhe possibilidades próprias

de abordagem ou superação para que ocorra o aprendizado. Como exemplo a

autora cita a variedade dialetal e a flexibilidade nos horários das aulas. O terceiro

aspecto se refere às mudanças na comunicação e à necessidade do professor estar

atento ao impacto destas em relação ao papel, funções e formas de seu uso social

na escrita. A autora esclarece que tal impacto pode exigir novas competências, pois

sua compreensão pode auxiliar na definição de conteúdos, objetivos e processos de

ensino.

A partir destes fundamentos Klein enfatiza que:

[...] o não domínio, em nível satisfatório, dos processos contemporâneos de comunicação e linguagem acarreta limites nas possibilidades de exercício das condições de realização social das pessoas. No caso do ensino da língua materna, além do domínio da produção oral e escrita, em todas as suas formas de manifestação, enquanto instrumento de inserção no mundo letrado, impõem-se o desvendamento do caráter ideológico dos discursos, bem como a compreensão de seus mecanismos. (KLEIN, 2003 p.12)

É exatamente neste aspecto que o aprofundamento teórico e prático se

constitui necessário. Compreender toda conquista do arcabouço construído e

acumulado pelo ser humano, que torna o sujeito único na espécie animal, capaz de

se comunicar pela fala, pelos gestos e pela escrita, é condição para situar as

diversas composições sociais estabelecidas, que geraram e continuam mantendo a

exclusão do próprio sujeito. Por esta constatação, é importante entender porque a

formação daqueles que têm a incumbência de transmitir o legado humano às

gerações futuras é tão precária e perpetua o círculo vicioso da má formação. Deste

fato advém outro, que é a desqualificação da profissão e do próprio profissional que

atua como professor, e que, por conta disto, é vítima do descaso e da

desvalorização social. A mesma sociedade que clama pela educação não consegue

valorizar e atribuir o significado que propaga enquanto discurso.

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Todavia, entender esta decisão de organização social permite o exercício

imprescindível de distanciamento do real, com a pretensão de deixar a zona de

conforto e buscar estratégias para superar o que estivermos em vias de

compreensão. E, deste modo, buscar compreender o que ainda não estiver bem

digerido em nossas entranhas humanas.

Ao dedicarmos esforços para tal entendimento, considerar o sujeito atendido

na educação de jovens, adultos e idosos, parece importante ir para além das

aparências. Ponderar que pela especificidade dos sujeitos atendidos nesta

modalidade de ensino, o perfil do profissional que ali atuar tem um significado ímpar

e seria desastroso pensar que a importância deste seria ínfima. Sendo assim, a

formação continuada numa escola de EJA pressupõe, no mínimo, que considere o

público atendido, o perfil de seu corpo docente e administrativo, bem como a

organização de um processo coletivo de encaminhamento pedagógico.

REFERÊNCIAS

KLEIN, Lígia Regina. Alfabetização de jovens e adultos: questões e propostas

para a prática pedagógica na perspectiva histórica / Lígia Regina Klein.-Brasília:

Universa, 2003 - 75 p.

PARANÁ: Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos. 2006 –

Disponível na pág. Portal Educacional do Estado do Paraná.

HTTP://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br. Acesso em: 08/10/2013.

PROCEDIMENTO DE ESTUDO

PROPOSTA DE ATIVIDADE

1. Realizar leitura prévia do texto “Educação de Jovens e Adultos e Juventude: o

desafio de compreender os sentidos da presença dos jovens na escola da “segunda

chance””, de Paulo Carrano.

2. Assistir ao vídeo “Vida Maria” – (www.youtube.com/ atch v rcCAO ur2mg ), a

seguir realizar a seguinte discussão:

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a) A constituição dos sujeitos apresentadas no vídeo tem alguma semelhança

com os sujeitos que estudam na nossa escola, apesar de retratar uma

realidade diferente da nossa?

b) Como se configura a composição a identidade do aluno da EJA?

c) A escola está estruturada adequadamente para atender à diversidade de

demanda existente, inclusive no PTD? Justifique sua resposta ou, em que

sentido?

d) Na sala de aula, como fazemos para conhecer o perfil das nossas turmas?

e) O planejamento elaborado e os conteúdos selecionados consideram as

diversidades existentes na nossa sala de aula?

3. Leitura do texto “A identidade dos sujeitos da Educação de Jovens, Adultos e

Idosos”, de Ivone Schiavon de Oliveira Silva.

4. Identificar aspectos importantes nas leituras, reflexões e discussões realizadas.

SUGESTÕES DE REFERÊNCIAS PARA ESTUDOS COMPLEMENTARES

CARRANO, Paulo. Educação de Jovens e Adultos e Juventude: o desafio de

compreender os sentidos da presença dos jovens na escola da “segunda chance”.

.forumeja.org.br/…s/Educação%20de%20Jovens%20. Acesso em 02/11/2013.

PARANÁ: Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos. 2006 –

Disponível na pág. Portal Educacional do Estado do Paraná.

HTTP://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br. Acesso em: 08/10/2013.

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ANEXO

Vídeo: “VIDA MARIA”

Gênero: Animação

Diretor: Márcio Ramos

Duração: 9 min Ano: 2006 Formato: 35mm

País: Brasil Local de Produção: CE

Cor: Colorido

Sinopse: Maria José, uma menina de 5 anos de idade, é levada a largar os

estudos para trabalhar. Enquanto trabalha, ela cresce, se casa, tem filhos,

envelhece.

Curiosidade: o autor do curta idealizou o trabalho em 1999. Todavia, a vida de

publicitário não deixava que esse projeto fosse adiante. Dois anos atrás, depois

de conversar com o diretor cinematográfico *Joe Pimentel, resolveu começar o

projeto. Para tanto, buscou ir além de entrevistar pessoas do interior cearense.

Conviveu realmente com essas pessoas para criar um raio-x contado em oito

minutos no interior nordestino.

Perguntado sobre projetos futuros – quando seu filhinho Gustavo com a camisa do curta subiu em seus braços – Márcio deixou claro que ainda está vivendo o “Vida Maria”. “Eu ainda estou em êxtase”, disse se referindo a aceitação do seu projeto no Cine Ceará. "VIDA MARIA" é um projeto premiado no "3º PRÊMIO CEARÁ DE CINEMA E

VÍDEO", realizado pelo Governo do Estado do Ceará.

Produzido em computação gráfica 3D e finalizado em 35mm, o curta-metragem

mostra personagens e cenários modelados com texturas e cores pesquisadas e

capturadas no Sertão Cearense, no Nordeste do Brasil, criando uma atmosfera

realista e humanizada.

Disponível em: livrespensadores.net › Artigos . Acesso em 08/10/2013.

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UNIDADE DIDÁTICA IV

AS TEORIAS PEDAGÓGICAS NO CONTEXTO ESCOLAR

Ivone Schiavon de Oliveira Silva4

Partindo do pressuposto de que a educação na sociedade assume papéis

distintos no desenvolvimento do sujeito para manter a ordem estabelecida e que,

portanto, ora a educação é vista como redentora, ora reprodutora e ainda em outros

momentos ela é considerada como transformadora da sociedade é relevante

compreender a articulação entre filosofia e educação.

Neste sentido, esta Unidade irá abordar as diversas tendências teóricas que

pretendem dar conta da compreensão e da orientação da prática educacional em

distintos períodos e circunstâncias da história humana. É possível dizer que a

perspectiva redentora da educação se manifesta pelas Pedagogias Liberais e a

perspectiva transformadora pelas Pedagogias Progressistas.

É importante apresentar o modo como cada tendência é abordada em relação

às finalidades sociais da escola e compreender que, em alguns casos, as tendências

se complementam ou divergem.

Embora vários autores tenham se debruçado a pesquisar a organização da

educação brasileira, tomaremos como referencial os autores Libâneo (1994) e

Saviani (1986), que apresentam as principais características e os respectivos

representantes que versam sobre as Tendências Pedagógicas no contexto escolar,

objeto de estudos deste texto.

Grosso modo, podemos dizer que, no que diz respeito à questão da marginalidade, as teorias educacionais podem ser classificadas em dois grupos. Num primeiro grupo, temos aquelas teorias que entendem ser a educação um instrumento de equalização social, portanto, de superação da marginalidade. Num segundo grupo, estão as teorias que entendem ser a educação um instrumento de discriminação social, logo, um fator de marginalização. (SAVIANI, 1999, p.15)

4 Professora Pedagoga PDE-2013. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá.

Pós Graduada em Formação de Professores Alfabetizadores pela Faculdade de Ciências e Letras de

Mandaguari e Neuropedagogia pelo Instituto Rhema.

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Libâneo (1994) classifica as Tendências Pedagógicas em dois grupos: as de

cunho liberal e as de cunho progressista. As tendências de cunho liberal estão

caracterizadas como Pedagogia Tradicional, Pedagogia Renovada e Pedagogia

Tecnicista.

É interessante notar o quanto a organização social capitalista interferiu na

organização da educação brasileira. E assim, identificar os avanços e recuos

existentes nesse processo histórico.

Na Pedagogia Liberal:

O termo liberal não tem o sentido de “avançado”, “democrático”, “aberto”, como costuma ser usado. A doutrina liberal apareceu como justificação do sistema capitalista que, ao defender a predominância da liberdade e dos interesses individuais da sociedade, estabeleceu uma forma de organização social baseada na propriedade privada dos meios de produção, também denominada sociedade de classes. A pedagogia liberal, portanto, é uma manifestação própria desse tipo de sociedade. (LIBÂNEO, 1985, p.21)

O que Libâneo (1985) chama atenção é para o fato de que, nos últimos

cinquenta anos, a educação brasileira tem sido marcada pelas tendências liberais,

ora na sua forma conservadora, ora renovada, que se manifestam nas práticas

escolares e nos ideais pedagógicos de muitos professores, mesmo que não se deem

conta de tal influência.

A ênfase dada ao aspecto cultural, na pedagogia liberal, esconde a realidade

das diferenças de classes, sustentando a ideia de que a função da escola é a de

preparar os indivíduos para desempenhar papéis sociais, conforme as aptidões

individuais. Essa teoria pedagógica considera que os sujeitos devem aprender a se

adaptar aos valores e normas existentes nessa sociedade de classe.

Historicamente, a educação liberal iniciou-se com a pedagogia tradicional e, por razões de recomposição da hegemonia da burguesia, evoluiu para a pedagogia renovada (também denominada escola nova ou ativa), o que não significou a substituição de uma pela outra, pois ambas conviveram e convivem na prática escolar. (LIBÂNEO, 1985, p. 22)

Compreender as diversas constituições da educação brasileira requer

entender a composição do processo de organização social e cultural do nosso povo.

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A constituição dos chamados “sistemas nacionais de ensino” data de meados do século passado. Sua organização inspirou-se no princípio de que a educação é direito de todos e dever do Estado. O direito de todos à educação decorria do tipo de sociedade correspondente aos interesses da nova classe que se consolidara no poder: a burguesia. Trata-se, pois, de construir uma sociedade democrática, de consolidar a situação de opressão, própria do “Antigo Regime”, e ascender a um tipo de sociedade fundada no contrato social celebrado “livremente” entre os indivíduos, era necessário vencer a barreira da ignorância. Só assim seria possível transformar os súditos em cidadãos, isto é, em indivíduos livres porque esclarecidos, ilustrados. Como realizar essa tarefa? Através do ensino. (SAVIANI, 1999, p. 17-18)

Na Tendência Tradicional, a Pedagogia Liberal tem a característica de

acentuar o ensino humanístico, de cultura geral, onde,

o aluno é educado para atingir, pelo próprio esforço, sua plena realização como pessoa. Os conteúdos, os procedimentos didáticos, a relação professor-aluno não têm nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos com as realidades sociais. É a predominância da palavra do professor, das regras impostas, do cultivo exclusivamente intelectual. (LIBÂNEO, 1985, p.22)

De acordo com Libâneo (1994), no século XVII e Idade Média as principais

características do ensino eram: a transmissão de conhecimentos; empregava-se um

método único e simultâneo a todos; o ensino era intelectualista, verbalista e

dogmático; valorizava-se a memorização e repetição mecânica do professor; havia

forte influência da religião no ensino, sendo que existia separação entre o ensino e a

vida do aluno; a centralidade do ensino era no professor que expunha e interpretava

a matéria; predominava a exposição oral, a realização de exercícios repetitivos

sendo que a função do aluno memorizar e decorar os conteúdos; o professor tinha

um modelo idealizado de aluno e a matéria de ensino era tratada isoladamente.

Os principais representantes da Pedagogia Tradicional eram: João Amós

Comênio5, Jean Jacques Rousseau6, Henrique Pestalozzi7 e Johan Freidrich

Herbart8.

5 João Amós Comênio (1592-1670) – pastor protestante. Escreveu a primeira obra clássica sobre didática “Didática Magna” que apresentava como característica: a moralidade religiosa; adaptação dos conteúdos de ensino às idades dos alunos; observação das coisas e dos fenômenos tinha como estratégias de ensino a utilização e desenvolvimento sistemático dos órgãos do sentido; método indutivo. Era considerado conservador e renovador para sua época. 6 Jean Jacques Rousseau (1712-1778) – concebia a educação como algo natural alegando que a

sociedade corrompia as crianças que eram naturalmente boas.

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Na Tendência Liberal Renovada (Escola Nova) o sentido da cultura como

desenvolvimento das aptidões individuais é igual à tradicional. Para Libâneo (1994),

as principais características dessa Tendência são: oposição à Pedagogia

Tradicional; a valorização da liberdade da criança como sujeito da aprendizagem e

desenvolvimento; o aluno como centro e o sujeito da aprendizagem: aprender

fazendo e desenvolvendo diferentes formas de expressão (verbal, musical, artística);

considerava a livre expressão da criança e suas etapas de desenvolvimento.

No entendimento de Saviani (1999) a Pedagogia Nova ou Escolanovismo

trazia grande preocupação com as crianças deficientes (Decroly9 e Montessori10).

Enfatizavam-se testes psicológicos. O professor era visto como estimulador da

aprendizagem realizando um trabalho com poucos alunos e materiais estimulantes.

Desse modo, era um trabalho restrito a escolas experimentais que provocou

afrouxamento da disciplina e despreocupação com a transmissão dos

conhecimentos. Como consequência houve uma piora na qualidade do ensino

aumentando a discriminação social.

Para Libâneo (1994) o principal representante da Escola Nova foi John

Dewey11, que considerava que a escola é a própria vida e não a preparação para a

vida, ou seja, a educação é resultado da interação do sujeito com o meio provendo

as condições necessárias para o seu próprio desenvolvimento.

A Pedagogia Renovada inclui várias Tendências que surgiram no século XIX. 7 Henrique Pestalozzi (1746-1827) – pedagogo. Viveu e trabalhou a vida toda na educação de

crianças pobres em instituições dirigidas por ele. Atribuía grande relevância à psicologia da criança enquanto fonte de ensino e às capacidades humanas como cultivo do sentimento, da mente e do caráter. 8 Johan Freidrich Herbart (1766-1841) – pedagogo alemão. Exerceu forte influência na Didática e

prática docente. Criador dos cinco passos para o ensino na Pedagogia Conservadora que foi inspirador: a tarefa docente é preparar o aluno; apresentação; associação; generalização e aplicação (revisão). 9 Jean-Ovide Decroly (1871-1932) – cursou ciências biológicas e medicina, mais especificamente

neurologia. Por sua atenção às crianças deficientes mentais transitou da medicina para a educação. Acreditava que o ensino deveria aproveitar as aptidões naturais de cada faixa etária. Criador, com Montessori, do centro de Interesse destacando três momentos: observação, associação e expressão. 10

Maria Tecla Artemesia Montessori (1870-1952) – educadora, médica, católica e feminista italiana.

Trabalhou com crianças com necessidades especiais e criou o método Montessori de aprendizagem

composto especialmente por um material de apoio onde a própria criança observa e faz conexões

corretas. 11

John Dewey (1859-1952)- Professor pedagogo e filósofo. Suas ideias exerceram forte influência na

América Latina e no Brasil. Iniciou com Anísio Teixeira e outros educadores, no início dos anos 30, o

Movimento dos Pioneiros da Escola Nova.

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Ela se apresenta em duas versões distintas:

a renovada progressivista ou pragmatista, principalmente na forma difundida pelos pioneiros da educação nova, entre os quais se destaca Anísio Teixeira [...]; a renovada não-diretiva orientada para os objetivos de auto-realização (desenvolvimento pessoal) e para as relações interpessoais, na formulação do psicólogo norte-americano Carl Rogers. (LIBÂNEO, 1985, p.22-23)

Na Tendência Liberal Renovada Progressista, baseada na teoria

educacional de Dewey, a finalidade da escola é adequar o indivíduo ao meio social.

Oferecer experiências que satisfaçam aos interesses dos alunos e da sociedade. Os

conteúdos de ensino resultam da ação estabelecida em função de experiências

vivenciadas a partir de desafios cognitivos e situações problemáticas. São

valorizados os processos mentais e as habilidades cognitivas em detrimento dos

conteúdos organizados pela razão (aprender a aprender): o processo de aquisição

do saber é mais importante que o saber em si. No relacionamento professor-aluno

cabe ao professor auxiliar o desenvolvimento livre e espontâneo. A disciplina vem da

tomada de consciência dos limites da vida em grupo. O pressuposto de

aprendizagem vem da autoaprendizagem através de um ambiente estimulador. A

avaliação busca eficácia pelos esforços sendo os êxitos, pronta e explicitamente,

reconhecidos pelo professor. A prática escolar se manifesta pelos princípios da

Pedagogia Progressivista nos cursos de licenciatura influenciando muitos

professores. São adotados alguns métodos em escolas particulares, como por

exemplo, os métodos Montessori, dos centros de interesse de Decroly, o método de

projetos de De ey. Também aqui nesta tendência pertencem as “escolas

comunitárias”.

Na Tendência Liberal Renovada Não Diretiva o papel da escola é na

formação de atitudes, por isso deve estar mais preocupada com os problemas

psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. A ênfase dos conteúdos de

ensino não é na transmissão dos conteúdos, mas nos processos de

desenvolvimento das relações e da comunicação. Os métodos de ensino

consideram o esforço do professor em desenvolver um estilo próprio para facilitar a

aprendizagem, devendo para isso, aceitar o aluno, ser confiável, receptivo e ter total

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certeza de que o estudante proverá seu autodesenvolvimento. Cabe ao professor,

ainda, auxiliar o aluno na organização através de técnicas de sensibilização. O

relacionamento professor-aluno, a Pedagogia Não Diretiva é centralizada no aluno

de modo que este, através da vivência de experiências significativas, desenvolva

sua personalidade. A aprendizagem ocorre por motivação resultando do desejo de

buscar a auto realização sendo, portanto, um ato interno. As manifestações na

prática escolar nesta tendência foram inspiradas na pedagogia não diretiva de Carl

Rogers. A Pedagogia Renovada Não Diretiva incluía também a culturalista (atribuía

a tarefa de dirigir e encaminhar a formação do aluno pela apropriação de valores

culturais), a piagetiana (teoria fenomenológica e cognitivista), a montessoriana

(corrente vitalista), entre outras.

Na década de 60, Libâneo (1994) retoma a história da Tendência

Pedagógica Liberal Tecnicista, onde o papel da escola era o de modelar o

comportamento humano através de técnicas específicas, organizar o processo de

aquisição de habilidades, atitudes e conhecimentos para produzir sujeitos para o

mercado de trabalho. Assim, empregava a ciência da mudança de comportamento

(tecnologia comportamental), visto que os conteúdos a serem trabalhados

representavam o resultado da aplicação de leis naturais que independiam de quem

as conhecesse ou executasse. O professor era administrador e executor do

planejamento. Os conteúdos eram estabelecidos e ordenados por especialistas

sendo matéria de ensino apenas o conhecimento observável e mensurado.

Eliminava-se, portanto, a subjetividade. Os conteúdos eram encontrados nos

manuais, livros, módulos de ensino, materiais audiovisuais e outros. O método de

ensino consistia nas técnicas e procedimentos relevantes para controlar e assegurar

a transmissão e a recepção das informações. Cabia ao professor modelar respostas

apropriadas aos objetivos instrucionais, sendo sua principal tarefa conseguir o

comportamento adequado através do controle do ensino. Por este motivo a

tecnologia educacional era tão importante. O relacionamento professor-aluno era

estruturado e objetivado, contendo papéis bem definidos. Cabia ao professor

administrar a transmissão das matérias e ao aluno receber, aprender e fixar as

informações recebidas. Eram considerados desnecessários debates, discussões e

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questionamentos. Os pressupostos de aprendizagem na pedagogia tecnicista eram

fundamentados na aprendizagem para a modificação do desempenho e, portanto,

dependente de uma organização eficiente das condições estimuladoras. Os

componentes da aprendizagem (motivação, retenção, transferência) advinham da

aplicação do comportamento propalado por Skinner que pressupõe que o

comportamento aprendido é uma resposta a estímulos externos controlados através

de reforços. As manifestações na prática escolar visavam adequar o sistema

educacional à orientação político-econômica do regime militar, ou seja, inserir a

escola nos modelos do sistema de produção capitalista.

Havia predomínio na formação pelo uso de meios e técnicas mais eficazes.

Também era presente nesse período a Pedagogia Libertadora de Paulo Freire

através de movimentos sociais – Educação de Jovens e Adultos, Educação Popular.

No entendimento de Saviani (1986) a Escola Nova, no século XX, começou a

apresentar sinais de exaustão surgindo tentativas de desenvolver a “Escola Nova

Popular”, baseadas em Freinet e Paulo Freire, e a Pedagogia Tecnicista. Como

característica identificava-se: racionalidade, eficiência e produtividade. No

tecnicismo, o elemento principal era a organização dos meios. Aluno e professor

ocupavam posições secundárias. Cabia aos especialistas habilitados, neutros,

objetivos e imparciais, a coordenação e controle do planejamento. A educação

deveria treinar tarefas. A base teórica estava voltada para o behaviorismo,

informática... A escola passou a ser mais burocrática onde a questão central era

aprender a fazer. Agravaram-se, na Pedagogia Tecnicista, a marginalidade e os

altos índices de evasão e repetência.

Na década de 70 surgiu de acordo com Libâneo (1994) o movimento dos

estudiosos e críticos, que denunciavam o papel ideológico e discriminador da escola

na sociedade capitalista. Articulavam-se interesses das classes populares através do

movimento de formulação de propostas para mudar a realidade educacional. Surgiu,

nesse período, a Pedagogia Crítico Social dos Conteúdos.

Na Pedagogia Progressista:

O termo “progressista”, emprestado de Snyders, é usado aqui para designar as tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação.

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Evidentemente a pedagogia progressista não tem como institucionar-se numa sociedade capitalista; daí ser ela um instrumento de luta dos professores ao lado de outras práticas sociais. A pedagogia progressista tem-se manifestado em três tendências: libertadora, mais conhecida como pedagogia de Paulo Freira; a libertária, que reúne os defensores da autogestão pedagógica; a crítico-social dos conteúdos que, diferentemente das anteriores, acentua a primazia dos conteúdos no seu confronto com as realidades sociais. (LIBÂNEO, 1985, p. 32)

As Pedagogias Libertadora e Libertária, para Libâneo (1994), valorizavam a

experiência vivenciada e, portanto, valorizavam mais o processo de aprendizagem

através da participação em discussões, assembleias, votações do que os conteúdos

de ensino. Como decorrência a modalidade de educação popular adquiriu maior

significado na prática educativa. Como principais características a Pedagogia

Libertadora considerava que o professor tinha a tarefa de organizador da

aprendizagem dos alunos. Era um coordenador das atividades. A aprendizagem era

centrada nos temas sociais e políticos. O ensino era cobrado na realidade social,

com ações coletivas frente aos problemas e a realidade. O trabalho escolar se

apresentava no processo de participação ativa nas discussões e ações práticas

sobre as questões da realidade social. A Pedagogia Libertadora apresentou êxito

nos movimentos sociais, sindicatos e associações de bairros.

Na Tendência Progressista Libertadora o papel da escola era questionar

concretamente a realidade das relações humanas com a natureza e com os próprios

homens com vistas à obtenção de uma transformação. Os conteúdos de ensino são

extraídos da problematização da prática vivenciada do aluno. Há uma recusa dos

conteúdos tradicionais. O importante é despertar uma nova forma da relação com a

experiência de vida.

Em nenhum momento o inspirador e mentor da pedagogia libertador Paulo Freire, deixa de mencionar o caráter essencialmente político de sua pedagogia, o que, segundo suas próprias palavras, impede que ela seja posta em prática em termos sistemáticos, nas instituições oficiais, antes da transformação da sociedade. Daí porque sua atuação se dê mais a nível da educação extraescolar. O que não tem impedido, por outro lado, que seus pressupostos sejam adotados e aplicados por numerosos professores (LIBÂNEO, 1985, p. 33-34)

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A Tendência Pedagógica Crítico Social dos Conteúdos representou um

movimento pedagógico interessado na Educação Popular, na valorização da escola

pública, no trabalho do professor e na qualidade do ensino. Propõe a superação das

Pedagogias Tradicional e Renovada através da valorização da ação pedagógica,

inserida na prática social concreta.

Libâneo (1985) esclarece que a Pedagogia Crítico Social dos Conteúdos

assegura a difusão do conhecimento sistematizado a todos, cumprindo sua função

social. Nela importa confrontar os conhecimentos sistematizados com as

experiências sócio culturais e a vida concreta dos alunos para obtenção da

aprendizagem e assimilação dos conteúdos. O ensino é mediado por objetivos,

conteúdos, métodos assegurando a formação dos alunos pelas matérias escolares,

fato decisivo na aprendizagem. Identifica que o papel da escola, nessa tendência, é

primordialmente a difusão de conteúdos vivos, concretos, indissociáveis das

realidades sociais.

Para Saviani (1999), nas décadas de 70 e 80 surgem, no Brasil, as Teorias

Crítico Reprodutivistas, que compreendem a educação a partir de condicionantes

sociais: 1) Teoria do Sistema de Ensino enquanto Violência Simbólica –

desenvolvida por Bourdieu12 e Passeron13 (1975), através do livro “A reprodução:

elementos para uma teoria do sistema de ensino” evidenciam que a educação tem a

função de reproduzir as desigualdades sociais. Identificam que marginalizados são

os que não possuem força material (capital econômico) e força simbólica (capital

cultural). A educação é o fator que reforça a desigualdade social. 2) Teoria da

escola enquanto aparelho ideológico do Estado – os autores identificam em

Althusser a reprodução da ideologia nos seguintes aparelhos: aparelhos repressivos,

portanto, violentos, do Estado (Governo, Administração, Exército, Polícia, Prisões) e

aparelhos ideológicos do estado (religioso, familiar, político) no qual a escola faz

parte e funcionam pela ideologia e pela repressão. 3) Teoria da Escola Dualista –

12

Pierre Bourdieu (1930-2002) – Sociólogo Francês do Século XX. Argumentava que as relações sociais são construídas socialmente. Elas devem ser construídas de modo dialético. 13

Jean Claude Passeron (1930...) – Sociólogo Francês que estuda com Bourdieu a mesma questão trabalhada por Althusser: o entendimento da reprodução da estrutura social e do sistema de poder no âmbito capitalista.

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elaborada por Baudelot e Establet (escola capitalista na França de 1971). Escola

dividida entre burguesia e proletariado, contemplando duas funções: contribuir para

a formação da força de trabalho e inculcar a ideologia burguesa. Seu papel era o de

impedir o desenvolvimento da ideologia do proletariado. Por todos esses aspectos

Saviani considera que a educação foi acometida de um clima de desânimo e

pessimismo.

Situar a Educação de Jovens, Adultos e Idosos na(s) tendência(s)

pedagógica(s) e nas pedagogias possibilita identificar a prática educativa efetivada

ao mesmo tempo em que sua compreensão cria espaço para outra orientação do

fazer educacional.

REFERÊNCIAS

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: pedagogia crítico-

social dos conteúdos, São Paulo, Loyola, 1985.

________, José Carlos. Didática. - São Paulo: Cortez, 1994. – (Coleção magistério.

Série formação do professor).

SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara,

onze teses sobre educação e política! Dermeval Saviani. – 32. ed.-Campinas, SP:

Autores Associados, 1999.- (Coleção polêmicas do nosso tempo; v.S)

PROCEDIMENTO DE ESTUDO

PROPOSTA DE ATIVIDADE

1. Leitura, seguida de debate, do texto “As Teorias Pedagógicas no contexto

escolar”, de Ivone Schiavon de Oliveira Silva.

2. Leitura do Quadro das Tendências Pedagógicas organizado por Ivone Schiavon

de Oliveira Silva seguida de reflexão oral.

3. Trabalho em grupo:

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Sortear nos grupos uma tendência pedagógica: Pedagogia Tradicional,

Pedagogia da Escola Nova; Pedagogia Tecnicista; Pedagogia Libertária;

Pedagogia Crítico Social dos Conteúdos e Pedagogia Cultural.

Cada grupo deverá, de acordo com a tendência pedagógica sorteada, realizar

a seguinte atividade:

O Governo do Estado do Paraná abriu um edital para escolha do melhor

Projeto Político Pedagógico para as escolas de Educação de Jovens e

Adultos do Estado para o ano de 2015. O projeto, de acordo com a corrente

pedagógica sorteada, deve prever:

o O nome do Projeto.

o A Estrutura Física (arquitetura da escola, capacidade de atendimento,

equipamentos físicos e materiais pedagógicos).

o Estrutura Humana (seleção dos professores e alunos, formação dos

professores e funcionários, salário).

o Estrutura Pedagógica (metodologia de ensino, forma de interação

professor-aluno, características das aulas, processos avaliativos,

objetivos de formação dos alunos).

Após o tempo estipulado cada grupo deverá apresentar o seu projeto e será

proposto um debate com os participantes.

(Professora Dra. Ercília Maria Angeli Teixeira de Paula-

Departamento de Teoria e Prática da Educação da UEM)

SUGESTÕES DE REFERÊNCIAS PARA ESTUDOS COMPLEMENTARES

SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política – São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1986. (Coleção polêmicas do nosso tempo; 5).

LIBÂNEO, José Carlos. Didática / José Carlos Libâneo. – São Paulo: Cortez, 1994.

– (Coleção magistério. Série formação do professor) pág. 64 a 71.

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ANOTAÇÕES

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ANEXO

QUADRO DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS

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LUCKESI SAVIANI LIBANEO

TENDÊNCIA LIBERAL TRADICIONAL Professor expositor

Concepção Humanista tradicional (Platão, Comênio, Hegel, Kant): visão filosófica essencialista de homem; foco no como ensinar.

Religiosa

Séc. XVII e na Idade Média ensino era: transmissão conhecimento via oralidade pelo professor, memorização, repetição mecânica, forte influência religiosa.

Leiga

TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA PROGRESSIVISTA TENDÊNCIA LIBERAL

RENOVADA NÃO-DIRETIVA (Carl Rogers) Professor facilitador/especialista em relações humanas

Concepção Humanista Moderna (Rousseau, Pestalose, Nietzche, Froebel). Preocupação com aluno deficiente (Decroly e Montessori) Ênfase testes psicológicos: visão filosófica existencialista de homem; foco no como aprender. Professor estimulador da aprendizagem, trabalha com poucos alunos em escolas experimentais.

Inclui várias tendências surgidas século XIX: O movimento Escolanovista no Brasil desdobrou várias correntes: a vitalista

(Montessori), as teorias fenomenológicas e cognitivistas (Piaget), Pedagogia Cultural (pouco estudada) – formar para apropriação de valores culturais (Guilherme Dilthey)

Oposição à Pedagogia Tradicional. Considera a etapa do desenvolvimento. O centro da atividade escolar passa a ser o aluno.

Representantes: John Dewey, Anísio Teixeira.

TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA (Skinner)

Concepção Analítica/Produtivista (matriz filosófica positivista, em sua versão estrutural-funcionalista)

Pedagogia Tecnicista, baseada em uma psicologia behaviorista: a questão central era aprender a fazer.

Déc. 60 – Tecnicismo Pedagógico. Professor administrador e executor do planejamento. Também presente a Pedagogia Libertadora de Paulo Freire: mov. Sociais – EJA e Educ. Popular. Déc. 70 – denúncia papel ideológico e discriminador da escola na soc. Capitalista. Surge a Pedagogia Libertadora e Pedagogia Crítico Social dos Conteúdos.

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TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTADORA (Paulo Freire) Professor animador TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA Professor conselheiro/monitor TENDÊNCIA PROGRESSISTA “CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS ou HISTÓRICO-CRÍTICA” (Luckesi, Libâneo, Saviani, G. Namo de Mello, Paolo Nosella, Jamil Cury) Professor mediador na

interação entre o sujeito e o meio

Pedagogia Libertadora (Paulo Freire) – inspirada no Personalismo Cristão e na Fenomenologia Existencial, tem vários pontos em comum com a pedagogia renovadora (Humanismo Moderno), mas difere do escolanovismo pelo foco nos problemas político-sociais.

Professor é coordenador das atividades. Pedagogia utilizada com êxito nos movimentos sociais, sindicatos, associações de bairro.

Pedagogia Libertária: denúncia do uso da escola como instrumento de dominação dos trabalhadores.

Concepção Crítico-Reprodutivista

Pedagogia Crítico Social dos Conteúdos: mov. Interessado na educação popular, valorização da escola pública, trabalho do professor e qualidade do ensino. A escola cumpre seu papel social e político. Considera importante o conteúdo escolar e a problematização da prática social cotidiana. Dialética: ensino é mediação dos objetivos, conteúdos e métodos para assegurar processo formativo dos alunos.

Concepção Dialética ou Histórico-Crítica: educação como mediação no seio da prática social. Afinidade com a psicologia de Vigotski.

TEORIA DO SISTEMA DE ENSINO – VIOLÊNCIA SIMBÓLICA - AIE (Bourdieu e Passeron) – Violência material dos grupos dominantes sobre classes populares. TEORIA ESCOLA - APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO (Althusser) – distingue

no Estado a reprodução da ideologia através dos aparelhos repressivos e ideológicos do Estado. A escola é o AIE e toma para si todas as crianças de classes sociais e lhes inculca a audiência obrigatória e saberes. A escola reproduz a sociedade de classe capitalista: forma aqueles alunos para serem operários (classes populares) e os alunos para comandares.

Elaborado por Ivone Schiavon de Oliveira Silva. Referências: FONSECA, André Augusto da – Faculdade Atual da Amazônia. LIBÂNEO, José Carlos.

Democratização da escola pública: pedagogia crítico-social dos conteúdos, São Paulo, Loyola, 1985. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. - São Paulo: Cortez,

1994. – (Coleção magistério. Série formação do professor). SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre

educação e política! Dermeval Saviani. – 32. ed.-Campinas, SP: Autores Associados, 1999.- (Coleção polêmicas do nosso tempo; v.S). LUCKESI, Cipriano

Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez. 1994.

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UNIDADE DIDÁTICA V

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO PLANEJAMENTO ESCOLAR

Ivone Schiavon de Oliveira Silva14

Entender a história do planejamento representa compreender a constituição

do ser humano enquanto ser social.

Segundo Menegolla, Sant’Anna (2001, p.15), planejar é uma realidade que

acompanhou a trajetória histórica da humanidade. O homem sempre sonhou,

pensou e imaginou algo na sua vida.

Embora os autores se refiram ao planejamento como sendo uma realidade

que sempre acompanhou a trajetória da humanidade e que, portanto, representa

uma ação inerente e fundamental na vida do homem, é importante lembrar que na

sua concepção inicial consistiu na personificação de uma forma de organização

social desumanizadora, pois tinha função de organizar estratégias de guerra.

Para Moretto (2007, p.100), o planejamento só passou a ser bem definido a

partir do século passado, com a construção da União Soviética pela revolução

comunista efetivada pelo proletariado que vislumbrou, a partir das ideias do

Marxismo, substituir o capitalismo pelo comunismo, através de um estado socialista.

Todavia Gandin (2008) registra que no mundo capitalista o planejamento

passou a ser utilizado pelo governo, após a segunda guerra mundial com vistas a

resolução de situações mais complexas. E que a partir deste fato outras instituições

sentiram-se motivadas a se preocupar com a importância do planejamento na

perspectiva de suprir as necessidades do comércio que exigia nova organização em

razão da sua ascensão. Conclui que este foi o marco que universalizou o

planejamento.

Considerando que o ato de planejar advém da necessidade de organização

social:

[...] o planejamento de educação também é estabelecido a partir das regras e relações da produção capitalista, herdando, portanto, as formas, os fins, as capacidades e os domínios do capitalismo monopolista do Estado. (KUENZER, 2003, p. 13)

14

Professora Pedagoga PDE-2013. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá.

Pós Graduada em Formação de Professores Alfabetizadores pela Faculdade de Ciências e Letras de

Mandaguari e Neuropedagogia pelo Instituto Rhema.

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Portanto, o planejamento em muitos aspectos, pretende manter com maior

propriedade o que está posto. Através de Kuenzer é possível entender que:

A conjuntura política e econômica do pós-guerra, com o reordenamento da Europa e do Japão, ajudava a manter a sensação de que a utilização dos mesmos mecanismos usados para a reconstrução dos países envolvidos com a Segunda Guerra Mundial poderia “acelerar” o crescimento econômico do mundo subdesenvolvido. O passar do tempo indicaria que as realidades sociais, econômicas, políticas e culturais em que essas idéias circulavam eram radicalmente distintas das matrizes intelectuais e políticas em que eram concebidas. [...] A rigor, o pós-guerra assiste a uma redivisão dos blocos e zonas de hegemonia política e o mundo subdesenvolvido entra nessa luta como coadjuvante menor, fornecedor de matérias-primas de baixo custo que vão contribuir para consolidar os grandes oligopólios e corporações transnacionais. (KUENZER, 2003, p. 36)

Neste contexto, Kuenzer (2003, p.36) registra que a ideologia do

planejamento que era oferecida a todos, camuflava determinações políticas e

econômicas mais abrangentes e eram decididas em centros restritos de poder. A

preocupação era em relação à destinação de recursos disponíveis, a eficiência, a

capacidade de pessoal entre outros. Sendo assim, países subdesenvolvidos e a

América Latina buscaram ajuda técnica e de financiamentos nos países centrais

para realizarem o processo de modernização e aceleração do crescimento

econômico.

Kuenzer (2003,p.36) esclarece que desta importação acrítica e

indiscriminada, de concepções e de propostas, aparentemente neutras, as dívidas

externas aumentaram vultuosamente no Brasil. Neste contexto, que evoluiu desde o

final dos anos 1950 até a atualidade, os horizontes do Brasil proporcionam mais

motivos para inquietação e dúvida do que para expectativas de mudança favorável.

Na década de 60, o planejamento da educação se consagrou nos meios governamentais e acadêmicos brasileiros. Passou a ser obrigatório fazer planos para trabalhar em escola. Os únicos modelos de que se dispunha eram os que, com pouco tempo de vivência, vigoravam na economia e em algumas empresas. Quase sem adaptação, estes modelos passaram a ser empregados no “sistema” educacional. (GANDIN, 1995, p. 13)

De 1964 a 1985, período do regime autoritário no Brasil, os planejamentos

foram utilizados com um sentido autocrático. E que, portanto, as decisões políticas

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eram centralizadas e justificadas de maneira técnica por tecnocratas posicionados à

sombra do poder. Assim para Kuenzer (2003, p. 36), a ideologia do Planejamento

então oferecida a todos, no entanto, escondia essas determinações político-

econômicas mais abrangentes e decididas em restritos centros de poder.

Paralelamente instituiu-se a figura do supervisor escolar que passou a ter, entre suas tarefas, a de exigir a elaboração de planos por parte dos professores. (É claro, diga-se de passagem, que a própria instituição da figura do supervisor deveu-se a aproximações entre o que se fazia para a produção de parafusos na indústria e o que se passava a pensar sobre a eficiência da escola – tudo isso retomado hoje pelo Gerenciamento da Qualidade Total). (GANDIN, 1995, p. 13)

Assim, o regime autoritário contribuiu com que muitos professores criassem

resistência em relação à elaboração de planos, pois eles eram supervisionados ou

elaborados por técnicos. Deste modo o professor recebia delimitado o que deveria

ensinar e priorizando, obviamente, as necessidades do regime político vigente. Para

Kuenzer (2003, p. 41) compreender o planejamento passou a ser bandeira

altamente eficaz para controlar e ordenar todo o sistema educativo naquele período.

Como não havia capacitação nem para o planejamento empresarial ou econômico nem, muito menos, para o educacional, formalizou-se um quadrinho que todo professor conhece, deste modo ou com pequenas modificações:

Conteúdos Objetivos Estratégias Recursos Avaliação Obs.

(GANDIN, 1995, p. 14)

Apesar das evidências sobre a importância do planejamento na formação

humana:

Naquele momento, o Golpe Militar de 1964 já implantava a repressão, impedindo rapidamente que um trabalho mais crítico e reflexivo, no qual as relações entre educação e sociedade pudessem ser problematizadas, fosse vivenciadas pelos educadores, criando, assim, um “terreno” propício para o avanço daquela que foi denominada “tendência tecnicista” da educação escolar. (FUSARI, 2008, p. 48)

Entretanto, é importante considerar que além do regime político influenciar na

elaboração dos planejamentos havia outro fator de interferência, que eram as teorias

de administração, pois traziam conceitos para auxiliar na definição do tipo de

organização educacional que seria adotado pela escola.

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REFERÊNCIAS

FUSARI, José Cerchi. O planejamento do trabalho pedagógico: algumas indagações e tentativas de respostas. Disponível em: HTTP://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_8_p044-53_c.pdf. Acesso em 24/09/2013.

GANDIN, Danilo. O planejamento como ferramenta de transformação da prática educativa. Disponível em: WWW.maxima.art.br/arq_palestras/planejamento_como_ferramenta_(completo).doc. Acesso em 24/09/2013. _______________ Planejamento participativo. Disponível em:

http://danilogandin.blogspot.com.br/2011/07/planejamento-participativo.html. Acesso

em 23/08/2013.

_______________ Planejamento na sala de aula / Danilo Gandin e Carlos

Henrique Carrilho Cruz. Porto Alegre, 1995. 112p.

KUENZER, Acácia Zeneida. Planejamento e educação no Brasil / Acácia Zeneida

Kuenzer, Maria Julieta Costa Calazans e Walter Garcia. 6. Ed. – São Paulo, Cortez,

2003. – (Coleção questões da nossa época; v. 21)

MENEGOLLA, Maximiliano, SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que planejar? Como

planejar? 10ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

MORETTO, Vasco Pedro. Planejamento: planejando a educação para o

desenvolvimento de competências. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

PROCEDIMENTO DE ESTUDO

PROPOSTA DE ATIVIDADE

1. Assistir aos vídeos:

- Planejamento é tudo MENINO.

Disponível em: www.youtube.com/watch?v=odZbTkuKe20.

- JOGO DE XADREZ. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=nfIx2zk--fk

2. Realizar discussão oral sobre os vídeos.

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3. Leitura, em dupla, do texto “Contextualização histórica do Planejamento Escolar”,

de Ivone Schiavon de Oliveira Silva.

4. Responder e entregar os seguintes questionamentos:

a) Em que situações concretas o planejamento é utilizado em nossa sociedade?

b) Por que planejar é sinônimo de organizar? Justifique a resposta.

c) Considerando sua trajetória docente responda: o que mudou e o que

permaneceu na sua prática de elaboração do Planejamento?

d) O Plano de Trabalho Docente atende aos alunos da EJA nas suas

especificidades? Explique.

SUGESTÕES DE REFERÊNCIAS PARA ESTUDOS COMPLEMENTARES

Vídeos:

a) Planejamento é tudo MENINO.

Disponível em: www.youtube.com/watch?v=odZbTkuKe20.

b) JOGO DE XADREZ. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=nfIx2zk--fk

ANOTAÇÕES

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ANEXOS

VÍDEO 1

Planejamento é tudo MENINO.

Disponível em: www.youtube.com/watch?v=odZbTkuKe20

Sinopse: Um garotinho, sentindo-se sozinho ao jogar futebol, teve a ideia de

conseguir uma companhia para brincar. Então, planeja e proporciona um encontro

romântico para seus pais com o objetivo de, num futuro próximo, obter a companhia

de um irmãozinho... Mesmo sem a compreensão dos pais, seu planejamento obteve

sucesso. Ao término, o garotinho avaliou com contentamento a própria iniciativa.

VÍDEO 2

JOGO DE XADREZ.

Disponível em: www.youtube.com/watch?v=nfIx2zk--fk

Sinopse: Dois senhores iniciam uma partida de xadrez. A princípio um dos senhores

aparenta maior estratégia nas jogadas. Entretanto, o adversário, em sucessivas

jogadas, bem planejadas vence, de maneira ininterrupta, a partida.

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UNIDADE DIDÁTICA VI

PLANEJAMENTO ESCOLAR: REVENDO PRÁTICAS E CONCEPÇÕES

Ivone Schiavon de Oliveira Silva15

Antes de discutir aspectos pertinentes ao Plano de Trabalho Docente na EJA

é interessante aproximar um pouco nossos sentidos para o elemento central da

pedagogia histórico-crítica: o SABER OBJETIVO.

Saviani (2011) esclarece com propriedade este elemento central, pois para

ele toda ação educativa é precedida de uma intenção e é a partir daí, que a

humanidade é produzida, seja individual ou coletivamente. O trabalho educativo é,

pois, o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a

humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos sujeitos.

Esta humanidade se apresenta diretamente relacionada ao fato de que o

sujeito se torna humano através da linguagem. Portanto, nada mais educativo e

intencional do que ensinar ao sujeito os caminhos que o humanizarão. Neste

raciocínio, o sujeito não se faz humano naturalmente; não nasce sabendo ser

humano, vale dizer, ele não nasce sabendo sentir, pensar, avaliar, agir. O homem se

constitui humano a partir das relações que estabelece com outros humanos, através

das diferentes linguagens. A partir daí ele aprende tudo o que lhe é ensinado.

Em consequência o saber metódico, sistemático, científico, elaborado, passa a predominar sobre o saber espontâneo, “natural”, assistemático, resultando daí que a especificidade da educação passa a ser determinada pela forma escolar. (SAVIANI, 2011, p. 7)

O autor reflete que a compreensão da natureza do trabalho educacional

enquanto trabalho não material possibilita compreender a perspectiva da

especificidade dos estudos pedagógicos e das ciências humanas, bem como à

15

Professora Pedagoga PDE-2013. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá.

Pós Graduada em Formação de Professores Alfabetizadores pela Faculdade de Ciências e Letras de

Mandaguari e Neuropedagogia pelo Instituto Rhema.

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descoberta das formas adequadas para atingir a identificação dos elementos

naturais e culturais necessários à constituição da humanidade em cada sujeito.

Santos (2010) identifica que, apesar das singularidades, alunos e professores

se constituem, apresentam experiências de vida e, portanto, referência social e

cultural específica. A diferença está na natureza do trabalho desenvolvido: simbólica

ou material.

Esta definição é trazida por Saviani (2011) pelo esclarecimento de que na

produção material o produto se separa do produtor e na produção não material, que

é o caso da educação, o produto se separa do ato da produção.

Assim, a educação enquanto prática que conduz à liberdade do sujeito, busca

O reconhecimento dos saberes das experiências, a dimensão política da prática educativa, o movimento de dialogicidade entre educadores e educandos, o trabalho na e com a diversidade cultural, a gestão democrática dos processos de formação e de ensino-aprendizagem e a dialeticidade das práticas docentes”. (SANTOS, 2010, p.167)

Grande parte da intencionalidade que conduz à humanização na atualidade

ocorre no espaço escolar. Sendo assim:

[...] é possível afirmar que a tarefa a que se propõe a pedagogia histórico-crítica em relação à educação escolar implica: a) Identificação das formas mais desenvolvidas em que se expressa o saber objetivo produzido historicamente, reconhecendo as condições de sua produção e compreender as suas principais manifestações, bem como as tendências atuais de transformação. b) Conversão do saber objetivo em saber escolar, de modo que se torne assimilável pelos alunos no espaço e tempo escolares. c) Provimento dos meios necessários para que os alunos não apenas assimilem o saber objetivo enquanto resultado, mas apreendam o processo de sua produção, bem como as tendências de sua transformação. (SAVIANI, 2011, p. 8-9).

Esta intencionalidade se identifica na escola através do currículo, que no

entendimento de Saviani (2011) é revelado como o conjunto das atividades

desenvolvidas pela escola.

E mais, Saviani (2011) esclarece e ratifica que currículo é a organização do

conjunto das atividades nucleares distribuídas no espaço e tempo escolares.

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Porque se tudo o que acontece na escola é currículo, se se apaga a diferença entre curricular e extracurricular, então tudo acaba adquirindo o mesmo peso; e abre-se caminho para toda sorte de tergiversações, inversões e confusões que terminam por descaracterizar o trabalho escolar. Com isso, facilmente, o secundário pode tomar o lugar daquilo que é principal, deslocando-se, em consequência, para o âmbito do acessório aquelas atividades que constituem a razão de ser da escola. (SAVIANI, 2011, p. 15)

Neste movimento, é evidente que a escola se ocupa com maior facilidade em

transmitir aos alunos o que a sociedade já se encarrega de fazer no dia-a-dia. O que

impossibilita a construção de um desenvolvimento humano emancipador

impulsionando para a manutenção do status quo. Tende-se a esquecer de que o que

garante a efetivação de um currículo são as ações deliberadas e intencionais que

ocorrem no espaço escolar.

Neste processo é impossível não mencionar a existência de especificidades

dos saberes para a docência em educação de jovens, adultos e idosos como sendo

o “[...] conjunto de princípios educacionais orientadores da prática profissional

docente [...] que incluem diferentes saberes e competências específicas.” (Santos,

2010, p. 158)

Isso envolve conhecimento da ciência da educação: como ensinar e aprender,

currículo, contexto, sujeitos envolvidos considerando suas experiências de vida e

tantos outros fatores quanto se julgar relevantes. Neste sentido, Santos (2010)

esclarece que as ciências da educação são: primeiro responsáveis pela

apresentação de conceitos, bem como pela socialização de conhecimentos

necessários ao exercício da profissão; segundo, as disciplinas estão diretamente

ligadas aos campos do conhecimento; terceiro, se refere aos

[...] discursos, objetivos, conteúdos e métodos a partir dos quais a instituição escolar categoriza e apresenta os saberes sociais por ela definidos e selecionados como modelos da cultura erudita e de formação para a cultura erudita. (TARDIF, 2005, p.38)

O quarto aspecto a esclarecer sobre as ciências da educação advém da

prática cotidiana. Segundo Tardif (2005), este quarto aspecto é constituído a partir

dos outros três, submetido às “certezas pedagógicas” construídas na prática e na

experiência. Ele é composto por três objetos: relações e interações, obrigações e

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normas, diversificação das funções que compõem a instituição organizada, no caso,

a escola.

Santos (2010) destaca nos saberes curriculares a capacidade dos

professores construírem diferentes metodologias e estratégias. A importância de

realizar estudos de diferentes formas de organização curricular para atender

necessidades, interesses, ritmos e tempos específicos dos alunos. Identifica a

existência de outros tempos e espaços de aprendizagem dos alunos (escolar e não

escolar).

O currículo, todavia, não se concretiza sem a ação intencional. Assim, é

importante compreender o que representa o planejamento no processo de

humanização, considerando que:

O ato de planejar faz parte da história do ser humano, pois o desejo de transformar sonhos em realidade objetiva é uma preocupação marcante de toda pessoa. Em nosso dia-a-dia, sempre estamos enfrentando situações que necessitam de planejamento, mas nem sempre nossas atividades diárias são delineadas em etapas concretas da ação, uma vez que já pertencem ao contexto de nossa rotina. Entretanto, para a realização de atividades que não estão inseridas em nosso cotidiano, usamos os processos racionais para alcançar o que desejamos. (BAFFI, 2002, p. 1)

Assim, estabelecer uma compreensão acerca do conceito de planejamento e

plano representa um ganho teórico, entretanto, não é suficiente. É preciso interpretar

os significados para efetivá-los de forma adequada no fazer pedagógico.

Para Padilha (2001), de modo amplo planejamento diz respeito à

[...] busca de equilíbrio entre meios e fins, recursos e objetivos. É sempre um processo de reflexão e tomada de decisão sobre a ação. Envolve um processo de previsão de necessidades, racionalização dos meios materiais e recursos humanos para concretizar objetivos traçados. Apresenta prazos determinados e etapas definidas a partir de resultados das avaliações. Neste sentido, o ato de planejar representa responder a um problema estabelecendo fins e meios para superação. Visa atingir objetivos previstos com previsão para o futuro. Em se tratando da educação apresenta como características básicas: evitar a improvisação, prever o futuro, estabelecer caminhos para a execução da ação educativa, prever acompanhamento e avaliação da ação. (PADILHA, 2001, p.30)

Vários autores pesquisam sobre o planejamento e identificam hipóteses.

Vasconcelos (1995) escreve sobre o planejamento educacional como sendo um

processo contínuo que deve identificar para onde ir e como chegar lá. Considera-o

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mais abrangente atingindo níveis nacional, estadual e municipal. Trata, portanto, das

políticas educacionais. Identifica também o planejamento curricular enquanto

tomada de decisão da ação, apresentando uma previsão sistemática e ordenada da

vida escolar do aluno. Orienta a ação educativa.

Padilha (2001) versa sobre o planejamento de ensino que envolve ações e

situações entre professores e alunos, tomada de decisões para racionalizar

atividades do professor e aluno no ensino e na aprendizagem.

O professor Gandin (1994), aborda o planejamento político-social, que

apresenta questionamentos (para quê, para quem, o quê) e traz a preocupação em

definir fins, transformar a médio e longo prazo a realidade existente. Identifica, no

caso, plano e programa como sendo a expressão maior do planejamento. Traz ainda

para a sua pesquisa o planejamento operacional, que também parte de

questionamentos (o quê, como, com quê), priorizando meios. Enfatiza técnica,

instrumentos. Busca eficiência e funcionalidade. Aborda mais especificamente

projetos enquanto tarefas de administradores. Enfatiza o presente, o momento da

execução para solucionar problemas.

Em relação ao termo plano as pesquisas registram-no como

[...] um documento utilizado para o registro de decisões do tipo: o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer. Para existir plano é necessária a discussão sobre fins e objetivos, culminando com a definição dos mesmos, pois somente desse modo é que se pode responder as questões indicadas acima. ( BAFFI - 2002, p. 3)

Plano, portanto, não pode ser rígido e absoluto. Envolve desafios e

contradições.

Enquanto Meegolla (1993) discute o plano nacional de educação como

refletor da política educacional de um povo e, portanto, inserido num contexto

histórico, que prevê ações a curto, médio e longo prazo, outros autores discutem

planos no âmbito escolar,

Libâneo (1993) versa sobre o plano escolar enquanto registro de resultados

do planejamento da educação escolar. É um documento mais global que expressa

orientações gerais sintetizando ligações do projeto político pedagógico da escola

com os planos de ensino.

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Vasconcellos (1995) apresenta o plano de curso como a organização de

conjunto de matérias a serem ensinadas e desenvolvidas numa instituição

educacional no período de um curso. Sistematiza a proposta geral do trabalho do

professor naquela determinada disciplina ou área de estudos na sua realidade.

Sant’Anna (1993) escreve sobre plano de ensino como plano de disciplinas

de unidades e experiências propostas pela escola, professores, alunos ou

comunidade. Apresenta nível específico e concreto em relação aos outros planos.

Define e operacionaliza a ação escolar do plano curricular da escola.

De acordo com a SEED/CGE (2008), Plano é um documento que registra a

intenção, a forma como se executará essa intenção, quando, com o que e com quem

será executada a intenção inicial. Representa, portanto, um norte para as ações

educacionais. Formaliza, sistematiza e justifica os diferentes momentos do processo

de planejamento e as decisões tomadas.

Já o Plano de Trabalho Docente, segundo a SEED/CGE (2008) implica:

[...] no registro escrito e sistematizado do planejamento do professor; antecipa a ação do professor, organizando o tempo e o material de forma adequada; é um instrumento político e pedagógico que permite a dimensão transformadora do conteúdo; permite uma avaliação do processo de ensino e aprendizagem; possibilita compreender a concepção de ensino e aprendizagem e avaliação do professor; orienta/direciona o trabalho do professor; requer conhecimento prévio da Proposta Pedagógico Curricular; pressupõe a reflexão sistemática da prática educativa. (PARANÁ, 2008, P. 7-8)

É possível perceber um avanço na forma de encaminhamento do Plano de

Trabalho Docente ao propor a reflexão e reconhecer a importância do

posicionamento político do professor frente à sua prática pedagógica.

A partir deste entendimento, a Secretaria de Estado da Educação – SEED

(PARANÁ, 2013), no início do ano letivo orienta e justifica a necessidade da

elaboração do Plano de Trabalho Docente, identificando alguns aspectos legais que

norteiam sua efetivação:

Aparece no Artigo 13, II e IV da LDB como Plano de Trabalho que deve ser feito pelo professor, isso justifica o termo Plano de Trabalho Docente. Edital de concurso para o magistério – Descrição das atividades genéricas dos professores de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental e séries do Ensino Médio da Rede Estadual do Paraná.

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Contribui para o desenvolvimento da proposta pedagógica curricular dos estabelecimentos de ensino em que atuar. Elaborar Plano de Trabalho Docente e trabalhar pelo seu cumprimento em consonância com a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino, com os princípios norteadores das políticas educacionais da SEED e com a legislação vigente para a Educação Nacional. (PARANÁ - SEED/CGE, 2008)

E ainda estabelece que o Plano de Trabalho Docente poderá ser organizado

de forma mensal, bimestral, trimestral ou semestral, de acordo com a organização

do trabalho pedagógico da escola.

Esclarece os aspectos relevantes a constar no Plano de Trabalho Docente,

que são: conteúdos, objetivos (justificativa), encaminhamentos metodológicos e

recursos didáticos e tecnológicos, critérios e instrumentos de avaliação e

recuperação e as referências.

Conteúdos: Definidos por conteúdos estruturantes, ou seja, saberes – conhecimentos de grande amplitude, conceitos ou práticas – que identificam e organizam os diferentes campos de estudo das disciplinas escolares, sendo fundamentais para a compreensão do objeto de estudo das áreas do conhecimento (Arco-Verde, 2006). O desdobramento dos conteúdos estruturantes em conteúdos específicos será feito pelo professor em discussão com os demais professores da área que atuam na escola O professor deve dominar o conteúdo escolhido em sua essência, de forma a tomar o conhecimento em sua totalidade e em seu contexto, o que exige uma relação com as demais áreas do conhecimento. Esse processo de contextualização visa a atualização e aprofundamento do conteúdo pelo professor, possibilitando ao aluno estabelecer relações e análises críticas sobre o conteúdo. Objetivos (justificativa): Referem-se às intenções educativas. Expressam as intenções de mudanças no plano individual, institucional e estrutural. Estão voltados aos conteúdos e não às atividades. Explicita a escolha dos conteúdos estruturantes e específicos como opção política, educativa e formativa. Encaminhamentos metodológicos e recursos didáticos/tecnológicos: O conjunto de determinados princípios e recursos para chegar aos objetivos. O processo de investigação teórica e de ação prática.

Critérios e Instrumentos de avaliação/recuperação: Critérios definem os propósitos e a dimensão do que se avalia. Para cada conteúdo precisa-se ter claro o que dentro dele se deseja ensinar, desenvolver e, portanto, avaliar. Os critérios refletem de que forma vai se avaliar. São as formas, previamente estabelecidas, para se avaliar um conteúdo. Deve constar a proposta de recuperação dos conteúdos. Referências: As referências permitem perceber em que material e em qual concepção o professor vem fundamentando seu conteúdo. Fundamentar conteúdos de forma historicamente situada implica buscar outras referências, não sendo, portanto o livro didático o único recurso. (PARANÁ, 2008, P. 7-8)

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Também observa que os professores devem fazer o Plano de Trabalho

Docente por série/disciplina. E que as especificações quanto aos demais

encaminhamentos que variam de turma para turma deverão constar no Livro de

Registro de Classe. O Livro Registro de Classe, enquanto documento que legitima a

vida legal do educando e explicita entre o pretendido e o feito, deve estar

estreitamente articulado ao Plano de Trabalho Docente, levando em consideração

questões concernentes à Matriz Curricular, Proposta Pedagógica Curricular, Plano

de Ação da Escola e, por fim ao Projeto Político-Pedagógico.

Todavia, as recomendações advindas não levam em consideração o trabalho

realizado com a Educação de Jovens, Adultos e Idosos e, portanto, suas

especificidades enquanto metodologia de ensino própria, que se organiza não

apenas a partir da forma de atendimento presencial coletiva, mas também na forma

de atendimento presencial individual.

A partir destas considerações também, nesta modalidade de ensino é

imprescindível articular uma proposta de organização de Plano de Trabalho Docente

que considere as diversidades contidas nas especificidades do público atendido, nas

formas de atendimento efetivadas, nos materiais produzidos, pesquisados e

trabalhados com os alunos, nas tecnologias disponibilizadas a estes atores do

processo de ensino e de aprendizagem, na unidade de ações que desencadeiem e

caracterizem a escola enquanto unidade pedagógica coesa, consciente e

consistente.

Para tanto, é possível identificar a pertinência da teoria de Demo (2006), que

discursa sobre a necessidade do professor adquirir autoria em sala de aula,

assumindo cursos mais longos para refazer sua formação original e entrar, de fato,

num processo de formação permanente. Adquirindo assim, condições de elaborar,

ele próprio, seu material didático, seu projeto pedagógico. Desta forma estará

aprendendo, pois somente sabendo aprender bem conseguirá fazer também com

seu aluno aprenda.

Não é possível continuar com o discurso de que a teoria e a prática se

distinguem quando, na realidade, uma advém da outra.

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A proposta é que o planejamento, que acaba sendo pensado de modo

isolado, dê espaço à reflexão sistematizada e coletiva, e se expresse através do

Plano de Trabalho Docente. Todavia, cabe a todos os professores partirem do Marco

Situacional, ou seja, discutirem com o coletivo da escola as situações que devem ser

pensadas por todos e identificar o modo como cada um poderá colaborar na sua

disciplina.

O Plano de Trabalho Docente deve ser organizado envolvendo todos os pares

de uma mesma disciplina, através da definição dos conteúdos estruturantes que

melhor se adéquam a partir dos conteúdos específicos constantes nas Diretrizes

Curriculares do Estado do Paraná. Assim, os conteúdos estruturantes devem

estabelecer os campos de estudos que identificam a disciplina escolar como parte

dos conteúdos historicamente produzidos e que organizam este conteúdo da área

escolar.

É importante ainda, que o Plano de Trabalho Docente organize, identifique e

traga na sua concepção estruturante a concepção metodológica que irá utilizar. Uma

metodologia que parta do conteúdo estruturante, identifique o porque e para quê

será trabalhado aquele conhecimento e que recursos metodológicos serão utilizados

para atingir aos objetivos propostos, sem que a aula seja conteudista mas

estabeleça um diálogo mediado para o conhecimento.

Outro aspecto importante a ser identificado no Plano de Trabalho Docente é a

Avaliação, que deve evidenciar os critérios que serão utilizados em cada conteúdo.

Estes critérios referem-se a instrumentos a serem utilizados pelo professor, que

devem ser variados (seminários, pesquisas, trabalhos em grupo, avaliação

individual, relatórios e outros), mas que procurem não perder de vista o objetivo

inicial identificado primeiramente no marco situacional e, a posteriori, no marco

conceitual da Proposta Curricular. É preciso ainda, que a comunidade escolar tenha

conhecimento sobre o que, para quê e como ocorrerá a avaliação.

O Plano de Trabalho Docente não pode, principalmente numa escola de

Educação de Jovens, Adultos e Idosos, que se pretende democrática, ficar

confinado ao conhecimento do professor que o elaborou, mas ser publicizado a toda

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comunidade escolar numa ação de concretude do que apregoam os documentos

oficiais da escola, numa atitude de coerência e transparência pedagógica.

Tomando como base estes estudos e reflexões, parece importante aprofundar

estudos sobre as abrangências e especificidades do Plano de Trabalho Docente.

REFERÊNCIAS

BAFFI, Maria Adelia Teixeira. O planejamento em educação: revisando conceitos para mudar concepções e práticas. In.: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em Foco, Petrópolis, 2002. Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/fundam02.htm. Acesso em: 03/05/2013.. DEMO, Pedro. Formação Permanente e Tecnologias Educacionais. Petrópolis: Vozes, 2006. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão escolar: teoria e prática. 4. Ed. Goiânia: Editora alternativa, 2001. PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001. PARANÁ: Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Coordenação de Gestão Escolar. Texto: Organização do Trabalho Político-Pedagógico da Escola. SANT’ANNA, F.M.; ENRICONE, d ; ANDRÉ, L; T RRA, C M . Planejamento de ensino e avaliação. 11. Ed. Porto Alegre: Sagra / DC Luzzatto, 1995 SANTOS, José Jackson Reis dos. Especificidades dos saberes para a docência na educação de pessoas jovens e adultas. 2010 SAVIANI, Dermeval, 1944 – Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações /Dermeval Saviani–11.ed.rev.–Campinas, SP: Autores Associados, 2011.–(Coleção educação contemporânea) VASCONCELLOS, Celso S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo. São Paulo: Libertad, 1995.

PROCEDIMENTO DE ESTUDO

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PROPOSTA DE ATIVIDADE

1. Responder e entregar, por escrito e individualmente, os seguintes

questionamentos:

a) Qual é a concepção de planejamento que embasa o seu fazer pedagógico?

b) Quais princípios orientam a concepção de planejamento da escola?

c) Qual tem sido a sistemática de planejamento vivenciada no CEEBJA

Professor Manoel Rodrigues da Silva? Que avanços e que desafios podemos

identificar?

d) O que precisamos e queremos modificar na nossa prática de planejamento?

2. Leitura e reflexão oral do texto “Planejamento escolar: revendo práticas e

concepções”, de Ivone Schiavon de Oliveira Silva.

SUGESTÕES DE REFERÊNCIAS PARA ESTUDOS COMPLEMENTARES

BAFFI, Maria Adelia Teixeira. O planejamento em educação: revisando conceitos para mudar concepções e práticas. In.: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em Foco, Petrópolis, 2002. Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/fundam02.htm. Acesso em: 03/05/2013

PARANÁ: Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Coordenação de Gestão Escolar. Texto: Organização do Trabalho Político-Pedagógico da Escola.

ANOTAÇÕES

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UNIDADE DIDÁTICA VII

PLANO DE TRABALHO DOCENTE: ESPECIFICIDADES E ABRANGÊNCIAS

Ivone Schiavon de Oliveira Silva16

Planejar não é fazer alguma coisa antes de agir. Planejar é agir de um determinado modo para um determinado fim. (GANDIN, 1999, p. 58)

Pensar na amplitude da elaboração e efetivação de um plano de trabalho

docente no espaço escolar requer recuperar a essência humana enquanto espécie

coletiva em constante desenvolvimento psíquico-social.

Pensar na especificidade e, portanto, na modalidade a que se destina essa

elaboração e efetivação presume conhecimento, vontade, interesse, dedicação,

estudo, pesquisa, perseverança e conscientização.

Por esse motivo, a partir da revisão teórica acerca das práticas e concepções

que envolvem o planejamento escolar, é importante considerar alguns aspectos que

incitam a efetiva movimentação dialética como desencadeadora de uma alteração na

prática pedagógica, bem como revelar aspectos da formação humana na perspectiva

das contribuições da teoria histórico-cultural, entendendo que:

[...] o traço característico do desenvolvimento psíquico é a acumulação, entendida não só como capital de noções, mas como capital de modos e de ações intelectuais bem “realizadas” e consolidadas que fazem parte do complexo das aptidões psíquicas. [...] É bem sabido, na prática escolar, que nem toda a aprendizagem tem um caráter evolutivo. A aquisição de noções não significa sempre um progresso no desenvolvimento psíquico [...] é necessário conhecer como é assimilado o material escolar, ou seja, que operações de pensamento se usam. (VYGOTSKY, 1991, p. 47-48)

Sendo assim, não é qualquer conteúdo que deve ser trabalhado no espaço

escolar, mas aquele que irá possibilitar ao aluno ativar o seu nível de conhecimento

real, a ser identificado através de materiais para análise fornecidos pelo professor

16

Professora Pedagoga PDE-2013. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá.

Pós Graduada em Formação de Professores Alfabetizadores pela Faculdade de Ciências e Letras de

Mandaguari e Neuropedagogia pelo Instituto Rhema.

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via proposição de atividades diversificadas. Ou seja, a prática vivenciada pelo aluno.

A partir dessa identificação realizar a aproximação teórica ativando a zona de

desenvolvimento proximal do aluno, portanto, o ensino, para que se atinja um novo

nível de desenvolvimento, de modo a ampliar seu campo de possibilidades sobre o

real inicial.

Os conhecimentos prévios dos sujeitos são condição para a apropriação do

que lhe é potencial por meio do ensino. Essa apropriação dos conteúdos no espaço

escolar objetiva modificar a forma de pensar e agir dos alunos. Ao focar os

conhecimentos teóricos, o ensino requer muito além dos limites observáveis e

manifestas através dos discursivos; solicita que se analisem as aprendizagens dos

alunos a partir das suas ações de aprendizagem, com vistas a revelar as mudanças

no seu desenvolvimento psíquico e social.

A atividade pedagógica organizada a partir da necessidade de formar para a

humanização considera o objeto de trabalho para a transformação do sujeito no

movimento de apropriação da cultura humana. Nesse movimento, a atividade

orientadora do ensino pensada a partir de uma base teórico-metodológica que o

organiza.

Pensar o planejamento como uma ação natural do ser humano é o primeiro

passo para entender a sua importância para a organização humana e,

evidentemente, a organização intencional do fazer pedagógico. Por este raciocínio,

planejar é, sempre, buscar a transformação da realidade. Parte da avaliação da

realidade e propõem ações, atitudes, regras e rotinas para satisfazer as

necessidades identificadas na prática inicial através de nova avaliação comparativa.

No planejamento, é fundamental a ideia de transformação da realidade. Isto quer dizer que uma instituição (um grupo) se transforma a si mesma tendo em vista influir na transformação da realidade global. Quer dizer, também, que fez sentido falar em planejamento – acima e além da administração – como uma tarefa política, no sentido de participar na organização na mudança das estruturas sociais existentes. Quer dizer, finalmente, que planejar não é preencher quadrinhos para dar status de organização séria a um setor qualquer da atividade humana. (GANDIN, 1999, p. 105)

Para Gandin (2011) existe o planejamento que apenas mantém a ordem

social estabelecida (existe para conservar) e o planejamento que modifica para

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transformar. Neste sentido, diz que há níveis diferentes de planejamento, pois há

diferença nas ações humanas. É o que ocorre, por exemplo, com um plano global de

escola. Ele é diferente quando compete aos professores decidirem sobre como irão

dar uma aula daquele que envolve um grupo de escola que queira dar uma direção

democrática, de diálogo ou de justiça social ao seu trabalho.

Planejar é um momento privilegiado para a realização coletiva do balanço do

trabalho realizado e o estabelecimento de metas para o próximo ano letivo. É um

espaço voltado para o aprimoramento do projeto político-pedagógico da escola.

Nesse entendimento, professores são sujeitos da ação pedagógica e a escola

é o espaço propício para a reflexão sobre o trabalho realizado e o que ainda está por

acontecer. O planejamento é, pois, o momento para se criar a possibilidade de

envolvimento de todos para o alcance de objetivos estabelecidos coletivamente.

Pressupõe analisar a prática realizada, recuperando o trabalho da escola com vistas

a encontrar respostas às questões que originaram o projeto político-pedagógico.

Como é a nossa escola? Quem somos nós? Quem são nossos alunos? Que valores

orientam a formação dos nossos alunos? Como é a nossa comunidade circundante?

O que nossos alunos precisam aprender? Como eles podem aprender melhor?

Como podemos organizar o tempo e o espaço escolar para que eles aprendam com

mais envolvimento e sucesso? Quais os resultados que nossa escola vem obtendo?

A partir da análise dos aspectos identificados é importante não perder de vista

o objetivo maior, que é a construção coletiva de uma escola com qualidade social,

engajada na construção de um espaço de crescimento para alunos e todos que nela

trabalham, através de uma gestão democrática e em sintonia com a produção social

do conhecimento. É como diz Gandin (1999, p. 25), “um plano é bom quando

contém em si a força que o faz entrar em execução. Ele deve ser tal que seja mais

fácil executá-lo do que deixá-lo na gaveta”.

Quando o planejamento embasa a elaboração, o desenvolvimento e a

avaliação de planos de ensino e o preparo das aulas se traduz numa atitude e

vivência crítica permanente do trabalho pedagógico, possibilita ao conjunto da

equipe de profissionais da escola conhecer, se apropriar e participar da construção

do projeto educacional em desenvolvimento.

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60

A concepção de planejamento em discussão apresenta alguns princípios

orientadores:

1. Planejar é um processo individual e coletivo no qual a equipe escolar

avalia o trabalho pedagógico existente, analisa criticamente seus

resultados, gerando novas possibilidades de atuação, decidindo,

executando, avaliando resultados finais e parciais e retomando o ciclo vivo

e dinâmico do planejamento.

2. O projeto político-pedagógico deve nortear das ações pedagógicas, que

considera o passado, vivencia o presente e se mantém atento ao futuro.

3. Cada professor deve ter clareza da função da sua área de conhecimento

bem como do seu papel individual na construção coletiva e permanente do

projeto político-pedagógico da escola.

4. Um planejamento que tenha como objetivo a superação das marcas

deixadas pelo tecnicismo, durante todo ano, realiza constantemente

análise de resultados, decide, age, avalia e revê o processo de ensino e

de aprendizagem desenvolvidos na escola.

5. Por essa concepção, são necessários vários espaços a serem garantidos

no calendário escolar dedicados ao planejamento.

6. A equipe escolar, apesar dos limites pela realidade da formação

profissional e de trabalho dos professores, introduzir gradativamente

mudanças, favorecendo a oportunidade de o planejamento ser efetivado

na vivência do trabalho coletivo, participativo e solidário. Como resultado,

cria-se possibilidade da formação continuada auxiliar o professor a atuar

como um profissional prático-reflexivo, com capacidade para compor,

executar, avaliar e replanejar de forma crítica o próprio trabalho.

Todavia, Gandin (1999) apresenta algumas definições que apresentam

pontos essenciais para o planejamento. Assim, planejar é: transformar a realidade

numa direção escolhida; organizar a própria ação, sobretudo em grupo; implantar um

processo de intervenção na realidade; agir racionalmente; dar certeza e precisão à

própria ação, sobretudo de grupo; explicitar os fundamentos da ação do grupo;

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colocar em ação técnicas para racionalizar a ação; realizar conjunto de ações para

aproximar uma realidade a um ideal; realizar o que é essencial.

Para Libâneo (1994) a dimensão crítico-social dos conteúdos se manifesta de

três maneiras: primeiramente nas matérias de estudo, através do estudo dos

fenômenos da natureza e da sociedade empregando-se métodos didáticos e os

métodos próprios da ciência: observação da realidade, identificação e relação entre

objetos e fatos, comparação de diferentes situações. Em segundo lugar pelo caráter

histórico que apresenta estreita ligação com o caráter científico. Em terceiro lugar

pela vinculação dos conteúdos de ensino às exigências teóricas e práticas de

formação dos alunos, em razão das atividades da vida prática, atribuindo-lhes

importância e sentido no domínio de modos de atuação crítica e criativa nas diversas

sociais onde exercerá sua cidadania.

Essa dimensão é identificada por Libâneo (1994) como uma metodologia de

estudo e interpretação dos objetos de conhecimento enquanto produto da atividade

humana e a serviço da prática social. Considera que a esse método de apreensão

da realidade reúnem-se métodos de conhecimentos gerais, métodos próprios da

matéria que está sendo estudada e métodos de ensino.

Também esclarece que:

Pensar criticamente e ensinar a pensar criticamente é estudar cientificamente a realidade, isto é, sob o ponto de vista histórico, apreendendo a realidade natural e social na sua transformação em objetos de conhecimento pela atuação humana passada e presente, incluindo a atividade própria do aluno de reelaboração desses objetos de conhecimento. (LIBÂNEO, 1994, p. 138)

Nesse sentido, a aplicação da dimensão crítico-social dos conteúdos

possibilita aos alunos a aquisição de conhecimentos com vistas à elevação da

compreensão da realidade e a formação de convicções e princípios que regulam a

ação na vida prática. Pois, se aplica no ensino a unidade e a relação objetivos,

conteúdos e métodos.

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REFERÊNCIAS

GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. São Paulo. 10ª Ed.

Loyola, 1999.

LEONTIEV, Alexis, Lev S. Vygotsky, Alexandre Romanovich Luria e outros.

Psicologia e Pedagogia. Bases psicológicas da aprendizagem e do

desenvolvimento. São Paulo. 1ª Ed. Ed. Moraes, 1991.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. - São Paulo: Cortez, 1994. – (Coleção magistério.

Série formação do professor).

PROCEDIMENTO DE ESTUDO

PROPOSTA DE ATIVIDADE

1. Trazer para a aula as seguintes questões respondidas:

a) Quais objetivos orientam o trabalho político-pedagógico da escola?

b) Quais os conteúdos trabalhados no processo de ensino e de

aprendizagem? Como, quando e por quem foram selecionados?

c) As áreas de estudo têm propostas próprias, articulando o conteúdo

trabalhado ao contexto social mais amplo e as características

socioculturais dos alunos dessa escola?

d) Que métodos (caminhos) e procedimentos (etapas, técnicas, uso de

materiais/meios de comunicação) os conteúdos têm exigido para se

processarem os trabalhos de ensinar e aprender?

e) As áreas de estudo discutem a relação conteúdo/métodos e

procedimentos de ensino? Têm proposto e desenvolvido metodologias de

ensino com base em princípios comuns?

f) Qual é o padrão de interação aluno-aluno e aluno-professor existente

nesta escola? Existe uma relação entre os objetivos educacionais, a

construção da cidadania e a interação aluno-professor nas salas de aula?

g) E a questão da avaliação, como está sendo praticada na escola? Qual é a

relação entre objetivos, métodos de ensino e avaliação?

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2. Leitura do texto “Plano de trabalho docente: especificidades e abrangências”,

de Ivone Schiavon de Oliveira Silva.

3. Discussão oral sobre o texto.

4. Em grupo, refletir sobre as respostas trazidas individualmente e reorganizá-las

em uma única resposta do grupo que será socializada e entregue à professora do

curso.

SUGESTÕES DE REFERÊNCIAS PARA ESTUDOS COMPLEMENTARES

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. - São Paulo: Cortez, 1994. – (Coleção magistério.

Série formação do professor) – pág. 221-247.

GANDIN, Danilo. O planejamento como ferramenta de transformação da prática educativa. Disponível em: WWW.maxima.art.br/arq_palestras/planejamento_como_ferramenta_(completo).doc. Acesso em 24/09/2013. ANOTAÇÕES

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UNIDADE DIDÁTICA VIII

TECENDO RELAÇÕES: Uma leitura do papel dos gestores escolares na

elaboração e efetivação do Plano de Trabalho Docente na EJA

Ivone Schiavon de Oliveira Silva17

As reflexões apresentadas nesta unidade didática têm a pretensão de trazer

para o debate questões que permeiam as relações existentes no espaço escolar,

que envolvem o papel dos gestores enquanto elementos ativos neste local e, em

certa medida, figuras extremamente representativas do modelo de escola que se

objetiva. Evidentemente que, dito isto, a elaboração e efetivação do Plano de

Trabalho Docente seguirá o modelo vigente.

As ponderações pertinentes à gestão escolar que se pretende, democrática,

estão pautadas na concepção da pedagogia histórico crítica, que baliza nossas

ações pedagógicas. A gestão escolar pressupõe um processo democrático de

encaminhar as atividades pedagógicas. De acordo com Souza (2003) há muita

deficiência com a lógica democrática, pois ocorre confusão com a simples

manifestação da opinião das pessoas pelo voto. A principal dificuldade consiste em

entendermos o valor da opinião dos outros. Democratizar representa relativizar

nosso próprio ponto de vista e ouvir mais outras opiniões, estabelecendo uma

relação horizontal de humano para humano. Entender que a negação do outro

representa a minha própria negação.

A gestão democrática pressupõe descentralização do poder e é determinada

por dois condicionantes: a participação e a relação.

De acordo com Maldonado (2004), a participação ocorre na medida em que

os representantes de cada segmento da escola se manifestam em relação ao projeto

17

Professora Pedagoga PDE-2013. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá.

Pós Graduada em Formação de Professores Alfabetizadores pela Faculdade de Ciências e Letras de

Mandaguari e Neuropedagogia pelo Instituto Rhema.

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político-pedagógico, tornando-se sujeitos da ação, portanto, pela responsabilidade

adquirida ao participar, torna-se cidadão. A relação se refere à interação entre as

partes que compõem o sistema organizado de ensino, que advém de um sistema

social, cultural e político. E que, portanto, os segmentos que constituem esse

sistema escolar (direção, equipe pedagógica, funcionários, alunos, professores)

possuem expectativas e esperanças comuns definidas a partir das expectativas e

esperanças individuais.

Considerar o significado da gestão no âmbito escolar é condição para

entender a partir de que parâmetro se propõe o debate. Assim,

[...] a gestão como sinônimo de atividade administrativa, [...] como o campo que se preocupa com as formas de organização dos meios e recursos na tentativa de obter os resultados esperados. Como atividade inerente à sociedade humana que, em diferentes momentos e lugares, vem desenvolvendo princípios e mecanismos de organização e execução de ações, a gestão ou a administração expressam as principais contradições do sistema socioeconômico estabelecido. (HIDALGO, 2004, p. 25)

Deste modo, os processos participativos na escola, sobretudo numa escola

de Jovens, adultos e idosos, devem ser pensados a partir dos objetivos esperados

pela educação. Ou seja, considerar a aprendizagem, o desenvolvimento pleno do

aluno enquanto ser humano e despertar a alegria plena do aluno pelo conhecimento.

Portanto, para além das preocupações com os âmbitos sociopolíticos que envolvem as ações na área da gestão escolar, também a dimensão pedagógica destas ações deve ser considerada a partir das contribuições da epistemologia – ramo das ciências que estuda os processos de produção, transmissão e reelaboração do conhecimento humano. (HIDALGO, 2004, p. 26)

Significa que a organização das relações entre os grupos sociais na

sociedade ocidental envolve a criação e recriação permanente de conhecimentos

científicos e também de valores (Hidalgo, 2004), o que representa que abordar a

participação implica caminhar no campo da ética.

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A partir daí é possível evidenciar a importância do papel dos gestores

escolares e suas representações. De acordo com Paro18 é interessante observar

dois aspectos a serem analisados: o primeiro se refere ao próprio termo gestão

escolar enquanto sinônimo de administração escolar visto que, numa perspectiva

crítica de análise, administrar é indicar todo tipo de mediação. Ou seja, administrar é

mediar para a realização de determinados fins. Esta representação diferencia a

empresa da escola visto que a primeira se preocupa com os meios para alcançar os

fins, ou seja, o lucro, enquanto a escola deveria priorizar a sua finalidade e, portanto,

o produto final do seu trabalho.

O segundo elemento de análise se refere à relativa existência de dois grandes

campos a serem considerados nesta sociedade capitalista e autoritária: um seria a

racionalização do trabalho, ou seja, todos os aspectos relacionados a recursos

materiais que envolvem o processo da produção pedagógica, que Paro chama de

recursos objetivos, como sala de aula e espaços administrativos, por exemplo; o

outro campo seria o de coordenação do esforço humano coletivo ou simplesmente

coordenação, onde os esforços das pessoas são submetidos a uma coordenação.

Neste caso os objetivos seriam os do capital em que, no processo de dominantes e

dominados um controla o trabalho do outro.

A partir do reconhecimento de que a escola não é uma empresa, seus

objetivos requerem ser pensados para além da lógica da obtenção do lucro. Ou seja,

considerar o produto do trabalho ali desenvolvido e o que ela, escola, produz, ou

seja, o ser humano-histórico, a formação de personalidades. Para o autor,

Se queremos uma escola transformadora, precisamos transformar a escola que temos ai. E a transformação dessa escola passa necessariamente por sua apropriação por parte das camadas trabalhadoras. É nesse sentido que precisam ser transformados o sistema de autoridade e a distribuição do próprio trabalho no interior da escola. (PARO, 2001, p.10)

Para Hidalgo (2004) existem inferências relevantes para a gestão escolar, na

compreensão de que a democracia enquanto valor possui a característica de ser ao

18

Entrevista de Vitor Henrique Paro no You Tube www.youtube.com/watch?v=WhvyRmJatRs,

acesso em 30/10/2013.

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mesmo tempo e contraditoriamente, universal pois imprimem e consolidam preceitos

que identificam o caráter humano à sociedade atual, e temporal, porque admite o

desenvolvimento de tais preceitos a partir de interesses exclusivos de grupos

hegemônicos.

Estas inferências se referem diretamente ao campo pedagógico da

participação na escola e têm relação direta com as decisões em relação às formas

como os conteúdos escolares são ministrados.

A Gestão Democrática é, portanto, atitude e método. A atitude democrática é necessária, mas não é suficiente. Precisamos de métodos democráticos de efetivo exercício da democracia. Ela também é um aprendizado, demanda tempo, atenção e trabalho. (GADOTTI, 2004, p. 04)

Ocorre que o fato de cada segmento escolar (professores, funcionários,

equipe pedagógica, alunos, representantes da sociedade) possuir diferentes

capacidades gera questionamentos. Para Hidalgo (2004) é interessante observar

que os limites para a participação dos segmentos nas escolas devem ser buscados

na teoria do conhecimento e que cabe a cada um dos segmentos exercitarem o

aperfeiçoamento contínuo para utilizar racionalmente os recursos e atingir os

objetivos da escola.

A participação exige reflexão e ação com vistas à obtenção do bem comum.

Através da participação e, portanto, de estar assumindo responsabilidades, a

cidadania se constitui e se fortalece.

Por outro lado, se concebemos apenas o caráter científico e universal do conhecimento e dos valores que envolvem as questões da relação ensino-aprendizagem, assumimos a postura de defesa da mera transmissão de conteúdos e de imposição de normas de conduta, o que traz como conseqüência uma atuação voltada para a perpetuação das relações sociais de dominação constituídas. (HIDALGO, 2004, p. 27)

Todavia, Hidalgo (2004) esclarece que, mesmo o reconhecimento da

contradição da educação na sociedade e a constatação de que os conteúdos

escolares historicamente constituídos não condizem com os interesses e

perspectivas daqueles que não controlam economicamente a sociedade, é

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importante reconhecer que sem a apropriação deste conhecimento, a escola não

cumpre seu papel de promover a humanização propriamente dita.

Hoje temos uma gestão democrática e participativa normatizada, controlada, ordeira. Grupos e conselhos especializados em pôr ordem na participação cidadã apressaram-se em fazê-lo na participação escolar. São os vigilantes da democracia nas escolas e na sociedade (ARROYO, 2008, p. 44)

A construção de atitudes de participação e de aceitação da participação

advém de um processo de elaboração. A partir dessa criação, como consequência, a

liberdade e a qualidade são conquistadas. Liberdade enquanto troca convívio com e

entre os sujeitos; qualidade como divisão de responsabilidades e respeito, que se

renova e constrói pelo estudo e pela aquisição de experiências.

A escola pública deve cuidar, de forma planejada, de uma formação

democrática autêntica.

O importante é não perder de vista a coletividade, reconhecendo no outro a si

mesmo.

Para que o planejamento do ensino se traduza em um processo integrador

entre a escola e o contexto social, numa perspectiva crítica de educação, compete

ao gestor da sala de aula desenvolver o conhecimento, o senso de organização

coletiva e de relacionamento interpessoal.

[...] um planejamento participativo implica a eliminação da divisão do trabalho pedagógico existente na escola. Se o fundamento básico desse processo é a integração entre a escola e o contexto social, e seu objetivo maior é a educação do indivíduo para a vida social, a co-participação apresenta-se como atitude norteadora de toda a ação pedagógica. Assim, não será possível a convivência de um discurso de participação com uma prática da divisão e da competição. Nesse sentido, não haverá lugar para a defesa de posições de grupos distintos, como, por exemplo, de professores de diferentes séries, disciplinas ou cursos; de supervisores e orientadores; de diretores; de alunos. Na concepção participativa está implícita a relação educador - educando sob todos os aspectos cooperativos, pois, existe uma totalidade a ser preservada e esta se explicita pela participação e não pela divisão. (LOPES, 1995, p. 50-51)

Assim, para além de uma disputa de egos, os sujeitos atuantes na educação

e, no espaço delimitado para este trabalho, a disputa deve ocorrer no campo das

ideias, a partir de objetivos definidos com clareza e de maneira coletiva. Numa

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escola que atende jovens, adultos e idosos, é essencial e moralmente humano que a

relação coletiva e democrática se constitua como condição para o pleno

desenvolvimento de humanização daqueles que se apresentam fragilizados pelo

processo social doloroso pelo qual passaram e com o qual continuam convivendo.

Deve haver outra esperança, outra possibilidade que aponte verdades e

fundamentalmente, esperanças.

O gestor, portanto, consciente da sua preciosa tarefa de incentivador do

processo de construção de participação democrática, em todas as ações

desenvolvidas na escola, por menor que possam parecer, proporciona espaços para

debates, avaliações, reflexões e tomadas de decisões coletivas. Neste sentido,

evidentemente que o Projeto Político Pedagógico desta escola refletirá seus anseios

de trabalhar para a emancipação humana. E, seguindo esta concepção, também o

planejamento irá adquirir destaque, pois representa diretamente um meio para atingir

aos fins estabelecidos.

Podemos concluir que a concepção de planejamento do ensino aqui esboçada justifica-se pelo simples fato de que, como a educação, a ação de planejar não pode ser encarada como uma atividade neutra. De outra parte, a opção do professor por um ensino crítico e transformador somente se concretizará através de uma sistemática de planejar seu trabalho de forma participativa e problematizadora, que ouse dar oportunidade para o aluno reelaborar os conteúdos do saber sistematizado, com vistas à produção de novos conhecimentos. (LOPES, 1995, p.51)

E se o objetivo da educação primar pela composição humana nos aspectos

físicos, psicológicos, sociais, filosóficos, históricos, científicos, estéticos e éticos,

certamente os desafios decorrentes dos limites naturalmente deflagrados pelas

relações existentes no espaço escolar, serão transpostos pela sabedoria das

atitudes do gestor consciente e consistente na coletividade dos seus

posicionamentos administrativos e pedagógicos.

REFERÊNCIAS

ARROYO, Miguel. G. Gestão Democrática: recuperar sua radicalidade política? In: CORREA, B. C.; GARCIA, T. O. (Orgs.). Políticas Educacionais e organização do trabalho na escola. São Paulo: Xamã, 2008. P. 39-56.

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GADOTTI, Moacyr. Escola Cidadã. São Paulo: Cortez, 2004. HIDALGO, Maria Ângela. Gestão Democrática na Educação: participação, ética e cidadania. In: Democratização da educação em direção à prática inclusiva / organização de Delva Matiazzo e Maria de Lourdes Bacicheti Gonçalves. – Maringá, PR: Prefeitura do Município de Maringá: Secretaria da Educação, 2004. 142p.:il. (Caderno Temático; 3) LOPES, Antonia Osima. Planejamento do ensino numa perspectiva crítica de educação. In: Repensando a Didática. 10ª Ed. Campinas. SP: Papirus, 1995. MALDONADO, Mônica Botelho. Para uma gestão democrática. Rev. Amae educando. Out., 2004, nº 327. PARO, Vitor Henrique. Gestão Democrática da Escola Pública – São Paulo: Ática,

2001.

_________________. Gestão Escolar Democrática. Publicado em 22/06/2013.

www.youtube.com/watch?v=WhvyRmJatRs . Acessado em: 30/10/2013.

SOUZA, Ângelo Ricardo de. Gestão Democrática e o Cotidiano da Escola. In:

Gestão Democrática: Desafios e Compromissos / organização de Delva Matiazzo e

Maria de Lourdes Bacicheti Gonçalves. – Maringá, PR: Prefeitura do Município de

Maringá: Secretaria da Educação, 2003. 74p.:il. (Caderno Temático; 1)

PROCEDIMENTO DE ESTUDO

PROPOSTA DE ATIVIDADE

1. Assistir ao vídeo “Trabalho em equipe com humor”

www.youtube.com/watch?v=Pkc_xBD4Cyo e realizar uma reflexão coletiva

considerando:

a) a importância da coletividade, da união na solução de problemas.

b) a estratégia utilizada pelos personagens para solucionar os problemas.

c) o tempo destinado ao planejamento das estratégias.

d) a avaliação da situação.

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2. Leitura do texto “Tecendo relações: uma leitura do papel dos gestores escolares

na elaboração e efetivação do Plano de Trabalho Docente na EJA”, de Ivone

Schiavon de Oliveira Silva.

3. Reflexão oral sobre o vídeo e o texto.

4. Responder, em grupo, os seguintes questionamentos:

a) Quem é gestor na escola?

b) Em que situações são evidenciadas as ações do gestor escolar?

c) No Projeto Político Pedagógico a escola diz que desenvolve um trabalho na

perspectiva da gestão democrática. Que mecanismos identificam a escola

como democrática? De fato, estes mecanismos contribuem para que a gestão

democrática na escola ocorra? Se a resposta for afirmativa, responda: Como

se evidencia que a democracia está sendo, de fato, construída na escola? Se

a resposta for negativa, responda: O que deveria ocorrer para que a gestão

democrática fosse construída na escola?

d) Em que medida a gestão escolar interfere no desenvolvimento das ações

pedagógicas?

SUGESTÕES DE REFERÊNCIAS PARA ESTUDOS COMPLEMENTARES

MALDONADO, Mônica Botelho. Para uma gestão democrática. Rev. Amae educando. Out., 2004, nº 327.

Vídeo: Trabalho em equipe com humor (Youtube)

www.youtube.com/watch?v=Pkc_xBD4Cyo

www.youtube.com/watch?v=wa2fvtPxkmU

Vídeo: www.youtube.com/watch?v=WhvyRmJatRs (Vitor Paro- Youtube)

ANOTAÇÕES:

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ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

Considerando o contingente efetivo de profissionais que atuam no CEEBJA

Professor Manoel Rodrigues da Silva de Maringá e na rede estadual de educação

do Paraná, para o qual este material didático foi organizado, a proposta sugere

como metodologia a organização de grupos de estudos constituídos de professores

e pedagogos.

Também prevê a realização de oito encontros presenciais de quatro horas,

além de oito horas não presenciais destinadas a leituras e estudos. Os estudos

pressupõem como referencial a perspectiva dialética, visto que para entender o

processo de ensino e de aprendizagem é fundamental abstrair a realidade

existente no contexto escolar, com suas contradições e peculiaridades, para buscar

suporte teórico e sustentar mudanças na prática pedagógica, possíveis e

absolutamente necessárias.

Deste modo, os textos apresentados nesta Produção Didático-pedagógica

oferecem subsídios para análise, discussão, reflexão e debate sobre o objeto deste

estudo: o Plano de Trabalho Docente. Procuram evidenciar aspectos importantes

no desenvolvimento da organização do trabalho pedagógico para atingir aos

objetivos propostos pelo ato de ensinar, ou seja, que o outro aprenda. E que

compete ao professor conhecer a essência da constituição humana para identificar,

localizar e situar seu trabalho junto aos alunos, bem como sua postura profissional

em relação ao coletivo educacional ao qual pertence.

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