OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · ensino de Geografia, e por fim o Portfólio...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
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AVALIAÇÃO FORMATIVA E O ENSINO DE GEOGRAFIA: O USO DO
PORTFÓLIO COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO1
Lindamir Marta Isganzella Rufino2
RESUMO
O presente artigo apresenta os resultados do Projeto de Intervenção Pedagógica desenvolvido com alunos do 6º Ano do Ensino Fundamental, no Colégio Estadual Lindoeste, situado na cidade de Lindoeste, Paraná. A finalidade deste é discutir a utilização do Portfólio como instrumento de avaliação formativa do processo de ensino aprendizagem, na disciplina de Geografia. O objetivo definido foi o de analisar e elaborar o Portfólio como um recurso didático que permitisse aos professores e alunos a realização de uma avaliação formativa. O desenvolvimento do projeto permitiu aos alunos o estudo, a elaboração e a utilização deste recurso para a construção de conhecimentos geográficos, bem como a discussão e a troca de experiências com colegas e outros professores, que também puderam acompanhar a aplicação do projeto no processo de ensino e aprendizagem. O tema escolhido para o estudo e vivência dos discentes baseou-se nas características da paisagem local, e a partir delas foram realizadas várias análises do espaço geográfico do município, permitindo o conhecimento e a compreensão dos locais onde vivem bem como das transformações ocorridas na região ao longo de vários anos. A avaliação foi desenvolvida analisando a participação dos alunos e a confecção dos portfólios, realizada pelos próprios estudantes. Ao final do projeto foi possível perceber que alunos e professores reelaboraram suas concepções sobre avaliação, reforçando o caráter formativo da mesma.
Palavras- chave: Ensino de Geografia – Portfólio – Avaliação Formativa
INTRODUÇÃO
O ensino de Geografia pode levar os alunos a compreenderem de forma mais
ampla a realidade, possibilitando que nela interfiram de maneira mais consciente e
propositiva. Para tanto, porém, é preciso que os educandos adquiram
conhecimentos, dominem categorias, conceitos e procedimentos básicos com os
quais esse campo de conhecimento opera e constitui suas teorias e explicações, de
modo a poder não apenas compreender as relações socioculturais e o
funcionamento da natureza às quais historicamente pertence, mas também
conhecer e saber utilizar uma forma singular de pensar sobre a realidade, ou seja, o
conhecimento geográfico.
1 Artigo PDE construído sob a orientação do professor Eduardo Donizeti Girotto do Colegiado de Geografia da
UNIOESTE – Campus Francisco Beltrão. 2Professora PDE- Docente de Geografia do Colégio Estadual Lindoeste – Ensino Fundamental e Médio – Lindoeste - PR.
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Através do ensino de Geografia, o aluno poderá formar uma consciência
espacial, um raciocínio geográfico. Essa consciência espacial vai além do conhecer
e localizar, ela inclui analisar, sentir e compreender a especialidade das práticas
sociais.
Assim, o Ensino de Geografia deve propiciar o desenvolvimento do educando,
de forma que este possa compreender a dinâmica sócio espacial do mundo atual,
tendo com ponto de partida sua realidade na perspectiva de nela atuar criticamente,
objetivando sua transformação. Por essa razão, credita-se a esse fazer a superação
de aulas com objetivo de apenas partilhar informação, transmiti-las, para chegarmos
a “uma Geografia educadora”. Essa prática é envolvida pela complexidade que
perpassa o processo educativo, tornando-se um grande desafio para nós
educadores: promover um fazer significativo que contemple uma formação integral
do educando.
Nesse contexto, a Geografia na sala de aula deve oportunizar ao aluno a
compreensão das relações sócia espaciais em suas mais diversas contradições que
se estabelecem cotidianamente em seu lugar-mundo, de forma que proporcione um
entendimento do espaço em sua totalidade.
Esse trabalho abrangerá o conceito de avaliação geral, avaliação formativa no
ensino de Geografia, e por fim o Portfólio como instrumento de avaliação, buscando
compreendê-los por meio de pesquisa bibliográfica e da pesquisa de campo,
analisando a importância da prática de avaliação formativa, destacando as possíveis
contribuições na construção do conhecimento.
AVALIAÇÃO: DISCUSSÕES PRELIMINARES
Na última década, o saber acumulado e repetitivo do conteúdo de material didático, simplesmente transferido pelo professor e descontextualizado de informação, vem sendo substituído pela concepção de uma proposta de educação que propicie uma avaliação da aprendizagem e esteja em consonância com as finalidades educativas, considerando-se a importância de não se confundir a avaliação com mensuração de conteúdos e, consequentemente, a aprovação (HERNANDEZ, 2000).
Diferentemente de checar o que e quanto o aluno aprendeu, a concepção de
avaliação defendida neste trabalho busca o sentido das aprendizagens para aquele
que aprende, trabalhando com diferentes linguagens para a construção efetiva do
conhecimento. O aprender envolve o desenvolvimento, o interesse e a curiosidade
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do aluno, a sua autoria como: pesquisador, escritor, leitor. Dessa forma, é preciso
perceber aprendizagem nessas múltiplas dimensões.
Avaliar significa ação provocativa do professor desafiando o educando a
refletir sobre situações vividas, a formular e reformular hipóteses, encaminhando-o a
um saber enriquecido, acompanhando o “vir a ser”, favorecendo ações educativas
para novas descobertas. A avaliação apresenta uma importância social e política
fundamental no fazer educativo vinculando-a a ideia de qualidade. Não há como
evitar a necessidade de avaliação de conhecimentos, muito embora se possa torná-
la eficaz naquilo que se propõe: a melhora de todo o processo educativo.
Neste sentido avaliar qualitativamente significa um julgamento mais global e
intenso, no qual o aluno é observado como um ser integral, colocado em
determinada situação relacionada às expectativas do professor e também dele
mesmo. Avaliar envolve valor, e valor envolve pessoa. Avaliação é
fundamentalmente, acompanhamento do desenvolvimento do aluno no processo de
construção do conhecimento. O professor precisa caminhar junto com o educando,
passo a passo, durante todo o caminho da aprendizagem. Avaliar, portanto, é
interpretar o percurso de vida do aluno durante o qual ocorrem mudanças em
múltiplas dimensões. É acompanhar para promover o processo de construção do
conhecimento do educando.
A AVALIAÇÃO FORMATIVA
A avaliação formativa fundamenta-se nos processos de aprendizagem, em
seus aspectos cognitivos, afetivos e relacionais; fundamenta-se em aprendizagens
significativas e funcionais que se aplicam em diversos contextos e se atualizam o
quanto for preciso para que se continue a aprender. Este enfoque tem um princípio
fundamental: deve-se avaliar o que se ensina, encadeando a avaliação no mesmo
processo de ensino-aprendizagem. Somente neste contexto é possível falar em
avaliação inicial (avaliar para conhecer melhor o aluno e ensinar melhor) e avaliação
final (avaliar ao finalizar um determinado processo didático). Se a avaliação
contribuir para o desenvolvimento das capacidades dos alunos, pode-se dizer que
ela se converte em uma ferramenta pedagógica, em um elemento que melhora a
aprendizagem do aluno e a qualidade do ensino.
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Conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica, a avaliação deve
tanto acompanhar o aprendizado dos alunos quanto nortear o trabalho do professor.
Para isso, deve se constituir numa contínua ação reflexiva sobre o fazer pedagógico.
Nessa perspectiva:
A avaliação deixa de ser um momento terminal do processo educativo (como hoje é concebida) para se transformar na busca incessante de compreensão das dificuldades do educando e na dinamização de novas oportunidades de conhecimento (HOFFMANN, 1993, p. 21).
A avaliação do ensino em Geografia, como em qualquer outra disciplina, deve
ser mais que a definição de conceito, uma nota. Desse modo, as atividades
desenvolvidas ao longo do ano letivo devem possibilitar ao aluno a apropriação dos
conteúdos e posicionamento crítico frente aos diferentes contextos sociais. A esse
respeito, HOFFMANN, 1993, relata:
O processo de avaliação deve considerar, na mudança de pensamento e atitude do aluno, alguns elementos que demonstrem o êxito do processo de ensino/aprendizagem, quais sejam: a aprendizagem, a compreensão, o questionamento e a participação dos alunos. Ao destacar tais elementos como parâmetros de qualidade do ensino-aprendizagem, rompe-se a concepção pedagógica da escola tradicional que destacava tão somente a memorização, a obediência e a passividade (HOFFMANN, 1993).
A avaliação em Geografia deve apresentar as seguintes características: ser
formativa, trazer benefício ao aluno, situando seu progresso e seus limites, e
destacar os pontos em que necessita maior empenho e dedicação; global, e oferecer
informações não apenas sobre os avanços geográficos conquistados pelo
aluno, mas também sobre seus interesses e suas motivações, suas necessidades e
as habilidades em que melhor e pior se apresenta. Deve também ser contínua, levar
em conta as provas, mas basear-se também em suas lições, em seu trabalho em
grupo e, sobretudo, na observação de seu desempenho
cotidiano; diversificada, utilizar diferentes fontes de informação e assim considerar o
desempenho nas provas e em aula, em trabalhos individuais e em grupo e em seu
empenho em apresentar tarefas de desafios propostos. Segundo ANTUNES, 2010:
(...) Avaliação em Geografia deve ser integradora, levar em conta a diversidade cultural e linguística do aluno e sua situação na escola; apaziguadora, e dessa forma o aluno a percebe como instrumento normal do acompanhamento de seu progresso, não causando tensões e ansiedades e explicita, informa aos pais não
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apenas resultados, mas etapas de conquistas e progressos (ANTUNES, 2010).
Ainda sobre avaliação, Vieira ressalta a importância dos instrumentos
avaliativos:
Para isso, necessita-se de instrumentos avaliativos que dê espaço à criatividade, à construção e que registre o percurso desse processo de construção do saber. O Portfólio é um desses instrumentos que reflete a trajetória desse saber construído. Também pode possibilitar aos alunos e professores uma compreensão maior do que foi ensinado (Vieira, 2002).
AVALIAÇÃO BASEADA EM PORTFÓLIOS
A avaliação baseada em Portfólios concentra a atenção de todos, desde os
alunos de um mesmo grupo, passando pelos professores e orientadores nos
trabalhos importantes dos alunos. O processo estimula o questionamento, a
discussão, a suposição, a proposição, a análise e a reflexão. As estratégias do
Portfólio não incluem atitudes burocráticas ou padronizadas, mas sim a
aprendizagem efetiva. O formato do Portfólio estimula o aluno a usar a criatividade
para compô-lo.
No Portfólio de Aprendizagem, orientados por um professor, os alunos
registram sua reflexão sobre o seu processo de construção de aprendizagem. Cada
tipo de registro no Portfólio de Aprendizagem aprofunda e amplia o conhecimento
dos discentes em relação ao seu desenvolvimento e formação e amplia o
conhecimento do professor com relação ao aprendizado do aluno.
O processo de construção de um Portfólio tem como eixo norteador os
encontros periódicos e constantes entre alunos e orientadores, nos quais discutem
reflexões, críticas, propostas, conteúdos significativos, dúvidas, palestras, trabalhos,
pesquisas, situações práticas vividas com seus alunos nos vários contextos
escolares formais ou informais e que recursos utilizarão para dar corpo a essas
discussões. Estão, dessa forma, estabelecendo uma organização para o Portfólio.
O PORTFÓLIO E SEU CONTEÚDO
O que deve fazer parte de um Portfólio? Na verdade, dois Portfólios nunca
são iguais, porque os alunos são todos diferentes e, assim, suas atividades e
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interesses também embora possam utilizar os mesmos princípios e os mesmos
recursos de montagem desse material. O Portfólio é definido como uma coleção
seletiva de itens que revelam, conforme o processo se desenvolve, a reflexão sobre
os diferentes aspectos do crescimento e do desenvolvimento de cada aluno, ou de
cada grupo de alunos. Segundo Hernández (2000);
“o Portfólio é continente de diferentes classes de documentos (notas pessoais, experiências de aula, trabalhos pontuais, acompanhamento do processo de aprendizagem, conexões com outros temas fora da escola, representações visuais, dentre outros) que proporciona uma reflexão crítica do conhecimento construído, das estratégias utilizadas, e da disposição de quem o elabora em continuar aprendendo. O Portfólio constitui uma forma de avaliação dinâmica realizada pelo próprio aluno e que mostra seu desenvolvimento e suas mudanças através do tempo”.
O Portfólio, em sua construção, requer um título e uma apresentação que
sirva de orientação para o seu leitor sobre o que encontrará, com relação ao
processo. As linguagens e os materiais utilizados no Portfólio são livres, desde que
coerentes com o seu conteúdo. O Portfólio pode ser elaborado e apresentado por
meio de vários suportes como: em pastas variadas, em livros encadernados, CD-
ROM, disquetes, fita de vídeo, em forma de revistas, jornais, sites, criações
artísticas, dentre outros.
O aluno é orientado para ser claro e objetivo ao revelar, analisar e discutir sua
própria aprendizagem e desenvolvimento durante o processo, por meio de
comentários pessoais integrados em cada momento de sua produção ao compor o
Portfólio. Esses comentários constituem um importante instrumento de avaliação e
de auto avaliação. Pode ser que aconteça do aluno sentir dificuldade em expressar
essa autoavaliação ao longo do processo. Entende-se que, como “carregamos” uma
forte experiência de avaliação no sentido de devolução cumulativa de conteúdos,
seja difícil compreender uma nova concepção, pois significa rever princípios,
reposicionar e construir um novo olhar com novas concepções. E assim pode-se
perceber a importância dos encontros periódicos dos grupos de alunos com seus
professores orientadores discutindo, levantando novas questões, ora discordando,
ora concordando, refazendo ideias e construindo efetivamente conhecimento.
O aluno deve registrar as aprendizagens mais significativas dos conteúdos
abordados, evidenciando reflexões sobre a sua construção, isto é, o que aprendeu
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se ampliou seu conhecimento, sejam por meio das aulas, textos, pesquisas,
palestras, seminários, reportagens, vídeos, trabalhos de extensão à comunidade.
Fazer um Portfólio é estar ciente de ser responsável pela construção de
próprio conhecimento e nessa dinâmica, aprender que esse processo será
ferramenta de trabalho do futuro profissional: um profissional autor de sua
caminhada, capaz de construir as estratégias necessárias a cada momento ou
situação, criativo para buscar novas linhas de ação.
Os registros em datas diferentes compor-se-ão processualmente no espaço e
no tempo, o Portfólio. Ao construí-lo, o autor tem a oportunidade de integrar os
diferentes conteúdos, aos quais tem acesso durante o ano, e assim estabelecer
relações das aulas de uma determinada área com outros acompanhados de uma
reflexão e auto avaliação. Desse modo, os registros devem exteriorizar o sentido do
conteúdo aprendido, expresso em diferentes linguagens.
A AVALIAÇÃO FORMATIVA DA DISCIPLINA DE GEOGRAFIA A PARTIR DA
CONSTRUÇÃO DE PORTFÓLIOS NO COLÉGIO ESTADUAL LINDOESTE:
DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.
Objetivando avaliar a utilização do portfólio como um importante instrumento
da avaliação formativa na disciplina de Geografia, este projeto de intervenção foi
desenvolvido na cidade de Lindoeste, Paraná, com os alunos do 6º Ano do Ensino
Fundamental, no Colégio Estadual Lindoeste.
Seguindo um cronograma previamente determinado, as atividades foram
realizadas durante o período letivo de 2014. Neste trajeto, algumas alterações
necessitaram ser feitas: as aulas agendadas no laboratório de informática tiveram
suas datas modificadas, devido à problemas técnicos com as máquinas e à
dificuldade de acesso à internet, que já é uma constante deste recurso na escola.
Devido a essa carência, algumas pesquisas e atividades tiveram que ser realizadas
em grupo, o que não comprometeu o andamento e a produtividade das mesmas.
Outro fator que prejudicou o andamento do projeto foi a reforma pela qual o
Colégio Estadual Lindoeste passou por todo o ano de 2014. Os alunos estudaram
em salas improvisadas, com constante barulho e entulhos espalhados por todas as
partes, comprometendo a atenção em alguns momentos.
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Além destes empecilhos, a frequência de alguns alunos também gerou
dificuldades na realização de certas atividades. Por se tratar de um município
predominantemente agrícola, a maioria dos alunos mora em áreas rurais e necessita
do transporte para chegar até o Colégio. Em dias de chuva forte, algumas estradas
acabaram interditadas, e os ônibus não conseguiram chegar a algumas áreas,
fazendo com que os alunos que residiam nestes locais deixem de comparecer à
escola. Mesmo com alguns contratempos, o trabalho de intervenção desenvolvido
com os alunos do 6º ano, na disciplina de Geografia, foi aplicado de forma
abrangente e os objetivos alcançados com êxito.
A apresentação do Projeto e da Unidade Didático-pedagógica aos
professores e funcionários foi a primeira intervenção feita. Esta se realizou durante
as atividades da Semana Pedagógica, com a socialização do trabalho a ser
desenvolvido e a demonstração das inúmeras possibilidades de utilização do
portfólio como parte integrante do processo de avaliação formativa. Esta
apresentação ocorreu no mês de fevereiro, início do período letivo. Posteriormente,
em reunião geral da escola, o projeto foi apresentado aos pais dos alunos, momento
de importante interação entre a escola e a comunidade.
A aquisição de material para a confecção dos portfólios pelos alunos foi
realizada durante o mês de março. Neste momento, também foi feita a organização
de todos os materiais necessários durante a implementação pedagógica, tais como
visita a moradores, acervos da prefeitura e biblioteca pública na busca de fotos
antigas e reportagens. Também foram realizadas entrevistas com moradores
pioneiros e coleta de outros dados possibilitando o trabalho de investigação dos
alunos.
A partir disso e da apresentação expositiva do conteúdo: Paisagem – espaços
e significados, os estudantes tiveram conhecimento em vários aspectos físicos,
geológicos e geográficos da paisagem da cidade onde residem, e puderam entender
as transformações ocorridas com o passar dos anos, as vantagens e as
desvantagens que as mesmas trouxeram para a população e sua significância na
atualidade da cidade de Lindoeste.
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Fotografia 1 – Lindoeste 1973
Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de
Lindoeste, fevereiro de 2014.
Fotografia 2 – Lindoeste 2013
Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de
Lindoeste, fevereiro de 2014.
Fotografia 3: Aula expositiva
Fonte: RUFINO, L.M.I., fevereiro de 2014.
Fotografia 4: Pesquisa digital
Fonte: RUFINO, L.M.I., fevereiro de 2014.
Após esta atividade, os alunos produziram desenhos e textos apresentando
as características do município e as transformações ocorridas neste espaço, e as
alterações provocadas pela ação humana. Sobre este contexto, os alunos puderam
socializar seus conhecimentos com os demais colegas de classe.
Fotografia 5: Produção de textos. Fotografia 6: Produção de desenhos
Fonte: RUFINO, L.M.I., março de 2014. Fonte: RUFINO, L.M.I., março de 2014.
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Durante o mês de abril foram realizadas atividades de aula e pesquisa de
campo, com a verificação in loco das paisagens analisadas nas fotos, para uma
ampla observação acerca das mudanças ocorridas no município e registro de
imagens atuais. Os alunos realizaram visitas na área urbana, passando pelo centro
da cidade, e conheceram as atividades desenvolvidas nos diversos setores da
economia. Trafegaram pelas ruas, observando as diversas moradias, as construções
públicas e privadas, os espaços físicos da área da saúde, da educação e do lazer.
Fotografia 7: Área urbana Fotografia 8: Cidade de Lindoeste
Fonte: RUFINO, L.M.I., abril de 2014. Fonte: RUFINO, L.M.I., abril de 2014.
Fotografia 9: Área rural de Lindoeste Fotografia 10: BR163 Centro da cidade
Fonte: RUFINO, L.M.I., abril de 2014. Fonte: RUFINO, L.M.I., abril de 2014.
Após a aula de campo, os alunos produziram um breve relato sobre as a
observação das imagens de outrora e o conhecimento sobre o que foi visto durante
a aula de campo. Embasados neste contexto, os alunos debateram e analisaram as
discrepâncias sociais presentes no município, além de compreenderem as
transformações ocorridas durante o desenvolvimento da área urbana da cidade.
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Fotografia 11: Texto sobre o município
Fonte: RUFINO, L.M.I., abril de 2014.
Fotografia 12: Texto “O lugar onde moro”
Fonte: RUFINO, L.M.I., abril de 2014.
Seguindo o mesmo tema e linha de raciocínio, durante o mês de maio os
estudantes visitaram algumas áreas rurais, observando as diferentes paisagens
presentes neste espaço. Através da aula de campo in loco, passaram por uma das
mais famosas cachoeiras do município de Lindoeste: a Cachoeira Gonçalves Dias,
que faz divisa com o Parque Nacional do Iguaçu.
Fotografia 13: Cachoeira Gonçalves Dias
Fonte: RUFINO, L.M.I., maio de 2014.
Fotografia 14: Pesquisa de campo
Fonte: RUFINO, L.M.I., maio de 2014.
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Fotografia 15: Visita in loco
Fonte: RUFINO, L.M.I., maio de 2014.
Fotografia 16: Visita área rural
Fonte: RUFINO, L.M.I., maio de 2014.
A atividade desenvolvida nos meses de maio e junho direcionavam à análise
de símbolos do município. Após estudos expositivos, o Hino Municipal foi escolhido
como fonte de pesquisa a ser analisada pelos estudantes.
A professora distribuiu a letra do hino para todos os alunos, e através de
recursos audiovisuais e de multimídia, apresentou a sublime música aos estudantes.
Os mesmos realizaram uma minuciosa interpretação da letra da música, na
identificação de elementos geográficos ali presentes. Após esse momento, os
discentes representaram através de desenhos uma das estrofes do Hino de
Lindoeste, e fizeram um breve comentário sobre a escolha de parte da canção.
Fotografia 17: Estudo do Hino Municipal
Fonte: RUFINO, L.M.I., maio de 2014.
Fotografia 18: Ilustração do Hino
Fonte: RUFINO, L.M.I., maio de 2014.
O trabalho com a pesquisa sobre o Hino Municipal de Lindoeste e
posteriormente a produção de questionários, textos, paródias e ilustrações
demonstrou, na prática, a importância do uso do Portfólio como metodologia,
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principalmente durante as atividades da disciplina de Geografia. A partir dos
conhecimentos adquiridos com as pesquisas e as visitas in loco, os alunos
interpretaram a letra da canção e associaram as informações contidas neste material
com a Vicência real das características do município.
Isto feito, a turma foi dividida em duplas, e cada integrante acrescentou uma
nova estrofe ao hino, destacando as mudanças nas paisagens desde a época que
foi escrito. Esta atividade foi socializada e as paródias apresentadas para os demais
colegas de classe.
Fotografia 19: Paródia dos alunos
Fonte: RUFINO, L.M.I., junho de 2014.
Fotografia 20: Paródia dos alunos
Fonte: RUFINO, L.M.I., junho de 2014.
Ainda no mês de Junho os alunos realizaram pesquisas em grupo sobre o
Parque Nacional do Iguaçu, presente na letra do hino e que faz limite com o
município, destacando a importância do mesmo para a cidade. As pesquisas
realizadas neste processo foram socializadas com os demais colegas, e unidas ao
conhecimento adquirido durante as aulas expositivas. Os alunos produziram
desenhos, poesias e acrósticos referentes às observações das paisagens naturais
do município de Lindoeste.
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Fotografia 21: Texto “Parque Nacional”
Fonte: RUFINO, L.M.I., junho de 2014.
Fotografia 22: Passeio no parque
Fonte: RUFINO, L.M.I., junho de 2014.
Em julho, o resultado de todo estudo, produção e pesquisa realizados ao
longo do primeiro semestre de 2014 foi apresentado através da exposição dos
Portfólios e apresentações culturais, onde os professores, demais colegas do
Colégio Estadual Lindoeste, familiares e toda comunidade escolar puderam
confraternizar e verificar o trabalho realizado pelos alunos do 6º ano, e a partir disto
conhecer um pouco mais sobre a história, o processo de transformação e as
características da realidade em que vivem.
Fotografia 24: Exposição dos Portfólios
Fonte: RUFINO, L.M.I., julho de 2014.
Paralela à realização do projeto ocorreram os debates do Grupo de Trabalho
em Rede (GTR), com a participação de professores da Rede Estadual de Ensino. A
troca de experiências durante os fóruns proporcionada neste momento foi de
extrema importância para fomentar discussões e análises sobre o papel da
professora em sala de aula, bem como as contribuições que sua função e sua
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disciplina podem dar quanto ao conhecimento da comunidade local sobre o lugar
onde vivem. Neste sentido, o ato de avaliarem suas diversas modalidades também
ganhou respaldo nas discussões, e configurou no tocante aos pensamentos e
atitudes dos alunos na produção de diferentes atividades. A isso, somam-se a
necessidade do trabalho docente na busca por conceito, técnicas, métodos e meios
da avaliação frente à educação contemporânea.
A professora L. S., em 12 de abril de 2014 afirmou em sua participação no
fórum que:
O exercício de avaliar, não é tarefa fácil posto que se atribua a alguém um valor, um número em seu desempenho que o classifica como satisfatório ou apto ou o contrário disto. Avaliar é algo complexo por imputar ao outro um julgamento. Neste processo muitas vezes os critério desta mensuração não são claro, podem não ser aceitos, serem questionados por quem os recebe entendendo não serem válidos. No ambiente escolar trabalhamos com avaliações frequentes que exigem de nosso discente uma nota mínima (mensurável através de prova, trabalhos, entre outros), sinalizando uma suposta apropriação de determinados conteúdos. Há de se pensar nas formas, métodos de avaliar. Que instrumentos seriam mais viáveis e satisfatórios para avaliar? Lembrando que os discentes são diferentes em seus processos de aprendizagem. Especificidades que com a sala de aula como temos fica difícil de respeitar. Na escola temos que aplicar uma prova escrita e trabalhos com tempo determinado para ensinar o conteúdo, avaliar e entregar as médias. Um círculo vicioso. Questiono-me se o método utilizado na escola (prova, trabalho) é eficaz, dificuldades, facilidades, obstáculos, resistências, formas de superação e motivação para melhorar seriam interessantes pautas para uma participação dos discentes no sentido de entender a necessidade de avaliação uma vez que não estão presentes “os medos” das notas, do descontar pontos, que prejudicam situações desse tipo que se conduzem na perspectiva da auto avaliação.
A professora V.V, também em 8 de abril de 2014, enriqueceu o fórum apresentando
sobre a realidade da escola onde trabalha:
O processo de avaliação dos educandos na minha escola é um processo contínuo, que se inicia desde o primeiro momento, onde o professor tem a oportunidade de verificar o conhecimento prévio dos educandos com relação a alguns questionamentos ou, ainda, o domínio de conteúdos procedimentais do ensino – aprendizagem que se desenvolve através dos conteúdos. E a avaliação se da de maneira formativa, diagnóstica e processual, e acompanha o ritmo da aprendizagem dos alunos e norteia o trabalho do professor. E os instrumentos usados por mim em minha escola são de – interpretação de textos, fotos, imagens, gráficos, tabelas e mapas; pesquisas, relatórios, apresentação, discussão, construção e análise de maquetes. Os aspectos positivos são as discussões frequentes, onde, percebemos que o assunto na nossa escola não se esgota e aponta para a certeza de que o processo não deve restringir a determinados momentos da aprendizagem escolar, como geralmente acontece por meio de notas. Acreditamos que a avaliação deva ser vista não como um fim, mas como um meio de o professor identificar os avanços e as dificuldades do seu trabalho e reorientar sua prática pedagógica em busca dos objetivos da aprendizagem, em um processo diagnóstico e contínuo. São as atividades diárias que nos permitem reposicionar a avaliação em outra perspectiva, se
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necessário. Além das atividades propostas que servem de instrumento de avaliação dos conteúdos apreendidos e de orientação do trabalho, são sugeridos o emprego, nos momentos se necessários outras formas, ferramentas e posicionamento avaliativas, que tem como objetivo principal contribuir para o desenvolvimento pessoal do educando, a partir do processo ensino – aprendizagem, e cumprir sua responsabilidade social de educar as nos gerações.
ANÁLISE DO PROJETO E A UTILIZAÇÃO DO PORTFÓLIO COMO MÉTODO DE
AVALIAÇÃO FORMATIVA
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), a
avaliação dentro do processo de ensino e aprendizagem deve ser contínua e
cumulativa, e os aspectos qualitativos deve prevalecer sobre os quantitativos, e os
resultados obtidos pelos alunos ao longo do período letivo devem ser mais
valorizados que a nota da prova final. Sobre isso, o modelo de avaliação formativa
pode ser entendido como uma excelente opção no caminho rumo à garantia da
evolução dos estudantes, uma vez que o mesmo dá ênfase ao “aprender”, em
detrimento da avaliação chamada somativa. Esse novo modelo de avaliar não se
restringe às paredes da sala de aula, mas altera as estruturas de quase todos os
níveis educacionais como o currículo, a gestão escolar, a organização em sala de
aula, às atividades e em especial à maneira como o professor avalia a classe.
Neste processo, o professor deixa de ser um transmissor de informações e
passa a ter o papel de parceiro dos alunos na busca por conhecimentos, para que
todos, juntos, e de formas diversas, trabalhando com a realidade e o contexto no
qual estão inseridos, alcancem os objetivos determinados dentro do processo de
ensino-aprendizagem.
Uma das ferramentas da avaliação formativa é o uso do Portfolio, modalidade
de avaliação retirada do campo das artes e que tem com o objetivo criar novas
formas de avaliação para o desenvolvimento das inteligências artísticas. De acordo
com HERNÁNDEZ, Fernando (2000, p.166) o portfólio é:
(...) um continente de diferentes tipos de documentos (anotações pessoais, experiências de aula, trabalhos pontuais, controles de aprendizagem, conexões com outros temas fora da escola, representações visuais, etc.) que proporciona evidências do conhecimento que foram sendo construídos, as estratégias utilizadas para aprender e a disposição de quem o elabora para continuar aprendendo”. Numa visão pedagógica, os portfólios podem
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ser entendidos como trabalhos ilustrativos dos alunos, e representam seus pensamentos, sentimentos, a sua maneira de agir; as suas competências e habilidades, proporcionando uma visão integral do conhecimento formal do estudante e sua participação na aprendizagem. Sendo assim, os portfólios permitem um modelo avaliativo de cooperação e participação, interação entre docente e discente, interdisciplinaridade e uma visível melhoria e qualidade da educação e do processo nos ambientes escolares.
Neste sentido, o uso do portfólio como subsídio para o ensino de Geografia foi
de grande importância, tanto para a aplicabilidade dos conteúdos pelo professor
quanto pelo desenvolvimento das atividades pelos alunos. Esta modalidade
pedagógica oportunizou aos educandos o conhecimento histórico, geográfico, físico,
político, econômico, cultural e social do espaço onde vivem. Despertou neles o
desejo de busca pelo conhecimento, que não está preso apenas aos limites da
escola, mas sim ao redor, embutido em todas as áreas de conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O artigo aqui apresentado projetou a análise da avaliação enquanto processo
educativo. Neste contexto, vários estudos e experiências foram de grande valia para
a organização do trabalho pedagógico e na busca de novas vertentes para o ato de
avaliar, na perspectiva de disciplina de Geografia e seus objetivos.
O desenvolvimento do projeto foi importante ao permitir aos alunos a
pesquisa diferenciada dentro e fora do ambiente escolar, a busca pelo conhecimento
não só pedagógico, mas da própria cultura popular, o estudo através de passeios e
visitas in loco, para a construção de conhecimentos geográficos, e discussões que
promoveram a troca de experiências com colegas.
Neste contexto, a produção dos Portfólios atraiu a atenção dos estudantes,
fazendo com que os mesmos se dedicassem a trabalho escolar e identificassem as
variadas possibilidades de aquisição de conhecimento.
Quando à avaliação, em sua modalidade formativa, esta se fez como
ferramenta de auxílio no entendimento dos resultados obtidos a partir do trabalho do
professor. Permitindo o uso de técnicas, modelos e metodologias diferenciadas, o
portfólio e a avaliação formativa emergem como opções somatórias ao exercício da
docência, e na busca pela excelência e qualidade de ensino.
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O PDE, Programa de Desenvolvimento da Educação, propiciou durante todo
o período do curso, um crescimento e aprimoramento dos conhecimentos didático-
pedagógicos muito importante para o caminhar enquanto docente. Neste aspecto, os
estudos, as pesquisas, a formulação do projeto e sua aplicabilidade acrescentaram
experiências valiosas no âmbito profissional e também pessoal, ao questionar,
entender e aceitar novos olhares para a educação, que na atualidade encontra-se
defasada e carente de novas propostas e possibilidades.
A troca de informações com colegas que atuam na disciplina de Geografia, e
as orientações do professor orientador foram fatores que me levaram a ter uma
visão mais crítica e também enriqueceram minha prática pedagógica,
especialmente no ato de avaliar, além de propiciar um olhar diferente sobre a
educação. Utilizar as metodologias e atividades diversificadas e instrumentos
avaliativos que contribuam para o ensino aprendizagem. Minha prática deve estar
voltada para o aluno e de acordo com sua realidade social enquanto sujeito da ação
da professora, destaco também a importância do programa propiciar a capacitação
para o uso das tecnologias, uma vez que ela está inserida no contexto educacional
como facilitador de ensino, da pesquisa, da comunicação, da troca de
experiências.
A participação nos cursos, seminários e GTR foram de grande valia, pois
trouxe novos elementos que me levaram a redimensionar minha prática como
resultado da aprendizagem por fazer parte de um processo em que se aprende e se
ensina. O programa auxiliou na integração dos conteúdos teóricos junto à prática,
proporcionando novas maneiras de trabalhar com os alunos, realizar minhas ações
de forma mais crítica, pois subsidiou o fazer pedagógico com teorias pertinentes aos
conteúdos e os métodos de ensino passaram a ser mais eficazes.
Os trabalhos realizados durante o programa resultaram em uma nova maneira
de pensar a educação, a escola, o aluno, alterando de forma positiva minha forma
de atuação na sala de aula, o repensar da minha prática resultou dos conhecimentos
teóricos e das reflexões, os quais me ajudaram a utilizar novos recursos,
metodologias e instrumentos avaliativos que contribuam para a formação integral
dos alunos.
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REFERÊNCIAS
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