Religiao - Lavagem Cerebral e Hipnose Nos Cultos Protestantes
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA …€¦ · livrarmos das limitações que o...
Transcript of OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA …€¦ · livrarmos das limitações que o...
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
CARTÃO-POSTAL: uma viagem pelos cinco continentesMaria Antonieta Bueno de Godoi1
Prof. Me. Silvio Tadeu de Oliveira2
Resumo: O presente trabalho buscou investigar a utilização do gênero textual cartão-postal de modo interacional aliando cultura e linguagem como propõe as Diretrizes curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná de Língua Estrangeira Moderna, no intuito de melhorar a motivação e o aprendizado de Língua Inglesa e estimular o interesse pelo conhecimento de outras sociedades contribuindo para o estabelecimento da função de inclusão social e cultural da disciplina dentro da escola pública.
Palavras chaves: Motivação. Língua inglesa. Gênero textual. Cultura. Cartão-postal.
1. Introdução
Embora a Língua Inglesa tenha atingido sua supremacia no cenário mundial e
se firmado como a linguagem da comunicação global, ainda não conseguimos
despertar em nossos alunos o interesse por sua aprendizagem.
Um fator curioso com o qual nos deparamos em nossa escola, tendo em vista
a facilidade e a velocidade de acesso à informação vivenciados na atualidade, é o
desinteresse generalizado dos discentes por outras culturas e por assuntos alheios
ao seu cotidiano. Este fato além de deixá-los às margens da sociedade e
indiferentes à diversidade cultural existente, pode estar contribuindo para a falta de
interesse pela disciplina de Língua Estrangeira e distanciando nossos alunos de
conhecimentos que poderiam permitir o redimensionamento , a valorização e a
transformação de sua própria realidade.
Desta forma o ensino de línguas nas escolas públicas não atinge sua função
de inclusão social, cultural e linguística, pois o aluno de classes menos favorecidas
provavelmente não terá condições de buscar estes conhecimentos em escolas de
idiomas e através de viagens para o exterior, recurso este adotado pelos alunos das
classes elitizadas.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná (2008,
p.53), documento que norteia a prática docente no Estado, tenta enfrentar esses
1 Autora, professora PDE da turma de 2013. Professora da discilpina de língua inglesa no CEPSAN – Siqueira Campos- Pr. E-mail : [email protected].
2 Orientador, professor mestre da UENP- Jacarezinho. E-mail: [email protected]
problemas e estabelecer a função social e educacional da Língua Estrangeira
Moderna, se sustentando no referencial teórico da “Pedagogia crítica” que vê a
escola como um espaço social democrático responsável pela aquisição crítica e
histórica do conhecimento como instrumento de compreensão das relações sociais
para a transformação da realidade e na corrente sociológica das teorias do “Círculo
de Bakhtin”, que concebem a língua como discurso, e propõe que a disciplina de
Língua Inglesa não deva ser vista apenas como meio para se atingir fins
comunicativos mas como um espaço para que o aluno reconheça e compreenda a
diversidade linguística e cultural de modo que se envolva discursivamente e
perceba possibilidades de construção de significados em relação ao mundo em que
vive, assim ensinar e aprender línguas, de acordo com as Diretrizes (PARANÁ,
2008, p. 55) é também ensinar e aprender percepções de mundo.
O documento citado propõe como ponto de partida das aulas de Língua
Inglesa os textos de vários gêneros, verbais e não verbais, que permitam explorar as
práticas de leitura, escrita e oralidade, incentivando a pesquisa e a reflexão e
analisando funções do gênero, sua composição, aspectos culturais, intertextualidade
variedades linguísticas, recursos coesivos, coerência, e só então a gramática.
Nas Diretrizes (PARANÁ, 2008, p. 64), o ensino de Língua Estrangeira
Moderna deverá necessariamente ser articulado com as demais disciplinas do
currículo para relacioná-las com os vários conhecimentos.
Fundamentado nestes princípios e conceitos defendidos pelas Diretrizes
Curriculares, e na tentativa de enfrentar os problemas relativos a disciplina de
Língua Inglesa em nossa escola, este projeto buscou estimular o interesse dos
alunos por outras culturas, melhorar a motivação durante as aulas e desenvolver o
uso da linguagem, tentando levá-los a uma viagem imaginária por outras
comunidades partindo de um trabalho de leitura não-linear de imagens do gênero
textual “Cartão- postal”, articulando-os com outros gêneros e outras disciplinas
explorando questões históricas, geográficas, culturais, comportamentais, de hábitos,
crenças e linguagens relacionadas a diversos países do mundo, com a pretensão de
que o aluno conhecesse novas culturas, sem, é claro, supervalorizar uma em
detrimento de outra, e levando-os a se ver como agente participante e
transformador da sociedade, estimulando também a leitura reflexivas de imagens,
aprimorando os conhecimentos sobre o gênero discursivo trabalhado e suas
transformações e possibilitando o desenvolvimento da criatividade e da habilidade
escrita de comunicação dentro da língua inglesa através da criação e envio de
cartões-postais locais.
2. Fundamentação teórica
Diante das transformações das últimas décadas e da globalização, “a
aprendizagem de pelo menos uma língua é de fato uma oportunidade única para nos
livrarmos das limitações que o monolinguismo impõe à formação de cidadãos cultos
e preparados para a vida contemporânea”. (ALMEIDA FILHO, 2003, citado por
SANTOS, 2011, p.4).
Para Rosa (2006, p.1) “as Línguas Estrangeiras estão assumindo a condição
de serem parte indissolúvel do conjunto de conhecimentos essenciais que permitem
ao estudante aproximar-se de várias culturas, consequentemente, propiciam sua
integração no mundo globalizado”. Estes autores ressaltam a importância do ensino-
aprendizagem da Língua Estrangeira em consonância com os preceitos defendidos
pelas Diretrizes Curriculares da Educação Básica (PARANÁ, 2008, p. 63) que
enfatiza “[...] as línguas estrangeiras são possibilidades de conhecer, expressar e
transformar modos de entender o mundo e de construir significados”.
Concebendo a linguagem como agente de transformação podemos inferir
que o ensino-aprendizagem adequado da língua estrangeira nas escolas públicas
pode ser visto como um importante fator de inclusão social, pois, como afirma Freire
(1996, p. 41) “aprendemos, não apenas para nos adaptar, mas, sobretudo para
transformar a realidade, para nela intervir, recriando-a”. Neste mesmo sentido
Belluse (2009, p.6) ressalta que “o ensino da LI [língua inglesa] no ensino
fundamental significa construir um novo caminho para que as crianças sejam
capazes de obter conhecimentos da sociedade e do mundo em que vivem. Esse
caminho pode levar a criança à construção de um cidadão transformador e de uma
nova mentalidade”.
O ensino de Língua Estrangeira Moderna , atualmente, é obrigatório em todo
território nacional nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Dentre
as várias opções de línguas há uma preferência em abordar o ensino da Língua
Inglesa dentro das escolas devido ao fato dela ter se tornado a linguagem da
comunicação global. Segundo Frank (2008, p.37) :
A Língua Inglesa é considerada a língua mundial por conquistar, a cada dia, mais espaço em vários campos da atividade humana, tais como informática, TV, filmes, jogos, culinária, expressões do dia a dia, músicas, dentre outros.
Neste mesmo sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p.
49) referenciando a língua inglesa argumenta : “Essa língua que se tornou uma
espécie de língua franca, invade todos os meios de comunicação, o comércio, a
ciência e a tecnologia no mundo todo”.
Embora reconhecida a importância da disciplina de Língua Inglesa dentro das
escolas públicas a eficiência no ensino desta língua esbarra em vários fatores como
número de alunos por turma, formação do professor, recursos e instrumentos
didáticos, e ainda na motivação e nas metodologias adotadas.
A superação dos problemas referentes a motivação , é sem dúvidas, um fator
fundamental para o desenvolvimento do ensino- aprendizagem, assim como de
todas as áreas das atividades humana. Segundo Schutz (2003, p.1) “A motivação é
uma força interior propulsora, de importância decisiva no desenvolvimento do ser
humano”.
Para Ellis (1997), conforme citado em Frank (2008, p. 40):
A motivação possui uma grande importância na aprendizagem de línguas. É esse mecanismo que envolverá atitudes e estágios efetivos que influenciarão no exercício de aprender a língua alvo, além de um fator essencial para um melhor aproveitamento nesse aprendizado.
Um aspecto importante relativo ao desinteresse dos alunos e ressaltado por
Santos (2011, p. 10) é o fato deles não acreditarem que aprender inglês possa lhe
ser útil na vida, para a autora a falta de perspectiva diante das condições de vida do
aprendiz pode ser um fator relevante para o insucesso da disciplina. O
enfrentamento destes problemas relativos ao desinteresse dos alunos devem ser
considerados na escolha dos recursos, abordagens e metodologias a serem
adotados pelo professor durante as aulas, ressaltando a importância da aquisição
de uma outra língua para a transformação desta realidade .
As Diretrizes Curriculares Da Educação Básica (PARANÁ, 2008, p. 63),
doravante também chamadas de DCEs, sugerem como metodologia o trabalho com
gêneros textuais durante o ensino de línguas nas escolas da rede pública do Paraná
e defendem que não basta disponibilizar estes textos para os alunos. É necessário
provocar uma reflexão maior sobre o uso de cada um deles e considerar o contexto
de uso e os seus interlocutores.
Também em relação ao uso dos gêneros textuais, Marcuschi (2002, p. 19)
assevera que estes “São entidades sócio discursivas e formas de ação social
incontornáveis em qualquer situação comunicativa”.
Neste mesmo sentido Antunes (2007, p. 130), citado nas DCEs (PARANÁ,
2008, p.63), esclarece que “o texto não é a forma prioritária de se usar a língua. É a
única forma. A forma necessária. Não tem outro”.
Para Bakhtin (1990, p.92-93), citado por Oliveira (2011, p. 8), não utilizamos a
língua como sistema de formas normativas, “o que importa não é o aspecto da forma
linguística [...] o que importa é aquilo que permite que a forma linguística figure num
dado contexto”, aquilo que a torna um signo adequado às condições de uma
situação concreta dada. Segundo Noam Chomsky ( 1975, p. 89), citado por Issac
(2004, p.4), “a língua é uma habilidade criativa e não memorizada, e que não são as
regras da gramática que determinam o que é certo ou errado”. Estas afirmações
mostram que o ensino-aprendizagem da língua não deve se permear no ensino da
gramática, mas sim, focar o discurso, o texto, que conforme as DCEs (PARANÁ,
2008, p. 59) podem ser oral ou escrito, complexo ou simplificado, apenas um
enunciado ou uma imagem (linguagem visual). O trabalho, deve ser ainda
diversificado e com atividades significativas, explorando diferentes recursos e fontes.
Uma das possibilidade de diversificação, já que geralmente são priorizados os
trabalhos com textos escritos nas escolas, é o uso de imagens, figuras e fotos como
é o caso do gênero textual cartão-postal que será explorado na implementação
deste projeto, além disso a observação destas imagens pode levar a uma série de
interpretações e a construção de significados que podem enriquecer culturalmente
nossos alunos.
Para Freitas ( 2010, p.1), “a linguagem visual fascina os estudantes, pois é
um meio de comunicação atraente, artístico e divertido”, afirma ainda que o gênero
textual cartão-postal, que se utiliza da linguagem visual poderá ser eficiente para
estimular os alunos além de ser uma fonte histórica de preservação cultural.
De acordo com Siqueira (2011, p. 171), “produzido a partir de uma ou mais
fotografias, o cartão-postal retrata inúmeros aspectos dos mais diferentes lugares;
representa traços, elementos, partes de um todo que não pode aparecer em sua
totalidade”, entretanto ele destaca o fato deste gênero ser um produto destinado ao
consumo e que pode portanto assumir um papel político e ideológico e não
representar a cultura sustentada pela sociedade local. Dessa forma, a leitura de
imagens não deve ser feita de maneira apenas linear, é preciso que se faça uma
análise mais complexa e não-linear como pontuam as DCEs (PARANÁ, 2008, p.65)
“a não linearidade permite o estabelecimento das relações do texto com o
conhecimento já adquirido, o reconhecimento das suas opções linguísticas, a
intertextualidade e a reflexão [...]”.
As reflexões e interpretações acerca dos objetivos ideológicos ou de indução
ao consumo devem ser observados especialmente quando analisamos o gênero
textual Cartão-postal Publicitário que, de acordo com Silva (2011, p.16) é uma
transmutação genérica do Cartão-postal turístico. Esta diferenciação deverá ser
considerada e discutida com os alunos na implementação deste projeto.
Sempre que o indivíduo se coloca diante de um texto verbal ou de uma
imagem ele é levado a elaborar sentidos e construir significados. “ É o gesto de
interpretação que realiza essa relação do sujeito com a língua, com a história, com
os sentidos” (ORLANDI, 2005, p.47), portanto, ao analisarmos um cartão-postal,
não devemos focar apenas o objeto estático que observamos na figura, mas sim
explorar outros aspectos implícitos naquele gênero.
Em relação a abordagem de aspectos culturais durante as aulas de Língua
Estrangeira Moderna, Brown (1990), citado por Bolognini (1991, p. 47), afirma que
há a necessidade de se ensinar aspectos culturais para os alunos pois uma das
grandes dificuldades que os alunos têm de entender o discurso na língua estrangeira
se deve à falta de conhecimento dos valores culturais que são compartilhados pelos
falantes de uma mesma comunidade. Neste mesmo sentido e reforçando a ideia de
que é necessário aliar linguagem e cultura, Isaac (2004, p. 2) ressalta que “ falar do
ensino de inglês é mencionar as influências culturais, econômicas que os países que
aprendem esta língua sofrem”. Para Orlandi (2005, p.49), se o indivíduo “não se
submeter à língua e a história ele não se constitui, ele não fala, não produz
sentidos”.
“Se uma explicação cultural for bem sucedida ainda que na língua materna
dos alunos, ainda assim poderá se converter em conhecimento relevante para a
plasmagem de uma competência comunicativa na nova língua” ( ALMEIDA FILHO;
BARBIRATO, 2000, p.29)
“Não basta que o aluno tenha o domínio do código à nível de forma: ele deve
ter o conhecimento social e cultural que falantes de uma língua têm”( DUBIN;
OLSHTAIN, 1987, citado por BOLOGNINI, 1991, p.47).
Este conhecimento de mundo, defendidos por estes autores e proposto,
neste trabalho como alternativa para estimular o interesse do aluno por outras
culturas e pela linguagem, pode ser visto também como uma importante
contribuição para que a escola alcance efetivamente seus objetivos de formar para
cidadania e humanização, pois como afirma Freire (1967, p.1) não basta estar no
mundo, é preciso estar aberto a ele, interagir, captá-lo e compreendê-lo.
3. Metodologia
O projeto foi desenvolvido durante às aulas de língua inglesa com os alunos
do 1º ano B, no período matutino, do Colégio Estadual Professor Segismundo
Antunes Netto, no segundo semestre do ano letivo de 2014.
Antes de iniciar os trabalhos foi feito um levantamento prévio dos
conhecimentos dos alunos sobre o gênero, para tanto foi solicitado que produzissem
um cartão-postal utilizando-se de imagens e recortes de revistas e que
escrevessem no mesmo simulando uma situação real de uso. Este material foi
recolhido para posterior comparação com a produção do cartão-postal final que
deveriam fazer no encerramento do projeto.
Foi pedido então que os alunos trouxessem de casa os cartões-postais que
eventualmente membros da família pudessem ter para fosse feito uma leitura visual
e analise da situação de comunicação em que foram utilizados. Foram feitas visitas
também a sites de cartões-postais na web para compará-los e mostrar a evolução
do gênero.
Como recurso para maior contato com o gênero foram distribuídos diversos
cartões-postais do mundo que foram manipulados pelos alunos. Questionamentos
sobre sua função histórica, cultural, social, artísticas, suas situações de uso,
linguagem utilizada, vocabulários, tempos verbais, características, elementos e os
recursos linguísticos utilizados no gênero foram abordados através de atividades
explorando estes postais.
A leitura não-linear e crítica de imagens foi discutida levantando hipóteses
sobre a intencionalidade de uso de algumas figuras de cartões-postais específicos
como o de mulheres de biquini em Copacabana- Rio de Janeiro- Brasil e outros.
Em uma próxima etapa foi apresentado um cartão-postal de um ponto
turístico famoso da cidade de Londres para que os alunos reconhecessem e
localizassem este lugar no mundo. Foram então realizados questionamentos sobre a
cidade e o país em que se encontra.
Foi feita a identificação no mapa da Cidade de Londres e utilizado o Google
Maps para fazer uma viagem virtual até lá. Imagens, vídeos e fotos da cidade foram
veiculadas aos alunos, bem como um breve histórico sobre cultura, costumes,
tradições, pontos turísticos, regime de governo e importância da monarquia, hábitos
alimentares, moeda e linguagem. Questões em inglês sobre estes aspectos foram
respondidas pelos alunos.
Outros cinco cartões-postais de diferentes cidades do mundo foram
apresentados para os alunos para que em grupos escolhessem uma cidade para
pesquisar e expor para a turma a fim de que a classe pudesse responder os
questionamentos em inglês sobre aquele país.
Durante todo o trabalho foram explorados os tipos de linguagem utilizadas,
esferas de circulação, características e uso do gênero, produção e envio por correio,
bem como suas transformações diante das ferramentas tecnológicas modernas
como o cartão–postal virtual que pode ser enviado pela internet.
Para concluir o trabalho, com o intuito de valorizar a cultura local, foi
realizada a leitura e compreensão de um texto em Inglês sobre o surgimento e a
história da cidade de Siqueira Campos, depois disto, os alunos produziram um
cartão-postal da cidade através de fotos feitas por eles de pontos turísticos que
caracterizassem sua cultura e seu povo.
Os cartões foram escritos em inglês e enviados pelo correio à professora para
que pudessem vivenciar a situação de uso e a produção deste gênero textual dentro
da língua inglesa.
Durante todo o trabalho foram observados o desenvolvimento dos alunos em
relação aos objetivos propostos. A coleta de dados foi feita através de questionários,
entrevistas, produção, participação e envolvimento dos alunos nas atividades.
4. Análise dos Resultados
A produção do cartão-postal inicial revelou um grande desconhecimento a
respeito do gênero. Todos os alunos reconheciam a necessidade de uso de
imagens neste gênero, entretanto não sabiam o que deveriam escrever ou que tipo
de imagem utilizar.
Ao manusear os cartões-postais de diversas partes do mundo, que foram
distribuídos na sala, demonstraram grande interesse e curiosidade. Tentavam
localizar informações sobre a imagem e sobre o local onde foram produzidas.
Um ponto bastante relevante do trabalho aconteceu durante a análise crítica
de algumas imagens de postais que mostravam aspectos históricos , culturais e
interesses comerciais.
O cartão-postal de Nova Iorque com a presença das Torres Gêmeas gerou
discussões sobre o “11 de setembro” e o terrorismo.
O postal de Amsterdam escrito por Anne Frank provocou debates sobre os
sentimentos e a necessidade de comunicação de uma jovem judia, sobre o
Holocausto e a Segunda Guerra Mundial, além de questionamentos sobre a
legalização da maconha e prostituição na Holanda.
O postal de Copacabana com mulheres de biquíni causou discussões sobre
os aspectos culturais que este tipo de imagem pode revelar ao mundo sobre nosso
País.
Os alunos concluíram através da análise de outros postais que por trás das
imagens há um grande interesse comercial e turístico, que apenas são retratados os
locais mais interessantes e que nem sempre uma imagem revela a verdade sobre
um povo.
Durante a observação das imagens dos postais de Londres , pode-se
observar as dificuldades de referências geográficas de nossos alunos e o
desconhecimento sobre a história e tradição de outros povos, portanto as
abordagens sobre estes aspectos surtiu grandes resultados e os alunos tetaram
inclusive localizar outros lugares no mapa.
Nas respostas dos questionários ficou evidenciado a grande contribuição do
projeto neste sentido.
As análises linguísticas das partes escritas de alguns postais permitiu
abordagens relativas as características do gênero, função e situação de uso,
vocabulários, linguagens, tempos verbais, construções gramaticais e saudações
que foram bem absorvidas pelos alunos como mostra a produção do cartão postal
final.
O trabalho com “outras cidades no mundo”, foi realizado com bastante
empenho dos alunos que utilizaram a “TV Pendrive” para veicular imagens e vídeos
além de trazerem para sala curiosidades e tradições de outros povos pelos cinco
continentes. De seis grupos apenas um não desempenhou bem o trabalho e parecia
não ter se dedicado de maneira adequada à pesquisa proposta.
Na fase final do projeto, o trabalho com um texto em inglês sobre a história da
cidade de Siqueira Campos trouxe para a sala curiosidades e fatos novos que os
alunos desconheciam sobre sua cidade. Paralelamente a este trabalho os alunos já
estavam coletando imagens de vários lugares da cidade para a confecção de seus
postais e o o trabalho com o texto trouxe novas ideias para esta produção.
As imagens dos cartões-postais finais ficaram bastante diversificadas,
algumas muito inusitadas e outras mais óbvias, entretanto devido a resolução dos
equipamentos algumas imagens não tiveram uma boa qualidade.
A etapa mais desafiadora do projeto foi de fato, como já era esperado, a
elaboração do texto final para o envio do cartão. A maioria dos alunos sabiam o que
escrever porém tiveram grandes dificuldades para construir este enunciado em
língua inglesa. Se utilizaram das saudações, verbos e vocabulários trabalhados
durante o projeto mas as dificuldades linguísticas e de construções gramaticais não
parecem ter sido resolvidos de maneira satisfatória. Foram esclarecidas diversas
formas gramaticais produtos de dúvidas coletiva e algumas individuais. Há que se
considerar que a turma em que foi realizado o trabalho tinha uma grande dificuldade
na disciplina e poucas vezes criaram textos, ainda que curtos, utilizando a língua
estrangeira. Foi observado entretanto um grande avanço em relação aos textos
produzidos no inicio do projeto.
Para a conclusão das atividades os alunos remeteram os seus postais. A
maioria deles nunca havia utilizado o correio e fizeram questão de ir pessoalmente
fazer sua postagem.
O quadro abaixo demonstra os resultados do questionário respondido por 20
(vinte) alunos da turma com o objetivo de analisar as contribuições do projeto.
Quadro 1: Resultados
Contribuição do projeto
favorável neutro desfavorável Resultado favorável em porcentagem
Formação dos alunos
20 00 00 100%
Compreensão das características e uso do gênero
18 02 00 90%
Enriquecimento cultural
19 01 00 95&
Motivação 19 00 01 95%
Na melhoria do ensino da linguagem
10 08 02 50%
Análise crítica de imagens
16 00 04 80%
Produção de texto em língua inglesa
10 08 02 50%
5. Considerações finais O projeto trouxe grandes contribuições nos aspectos relativos a motivação e
comprometimento dos alunos, pois eles demonstraram grande interesse durante as
aulas e participação efetiva nos trabalhos desenvolvidos.
O uso de imagens foi realmente estimulante como citado por Freitas (2010,
p.1) “a linguagem visual fascina os estudantes, pois é um meio de comunicação
atraente, artístico e divertido”.
A compreensão sobre o gênero cartão-postal foi unânime e todas as etapas
referentes a produção e postagem foram concluídas de forma satisfatória pelos
alunos. A leitura crítica das imagens trouxe uma nova visão em relação ao gênero,
sua importância histórica, econômica e social e cultural.
A utilização da disciplina de inglês como veículo de inserção e inclusão social
e cultural também se mostrou efetiva durante a condução deste trabalho já que os
alunos demonstraram uma apropriação de conhecimento relativos à outras culturas
e se sentiram estimulados a conhecer outros aspectos referentes a outros países,
reconhecendo também sua cultura e questões de interesse local.
Embora a maioria dos objetivos previstos nas DCEs e defendidos neste
projeto, como motivação, inserção cultural, interdisciplinariedade e criticidade
tenham sido alcançados durante a execução deste trabalho, é importante ressaltar
que a utilização do gênero cartão-postal não demonstrou grandes melhorias no
desempenho dos alunos quanto a aquisição da linguagem. Os trabalhos linguísticos
desenvolvidos trouxeram um bom enriquecimento relativos as construções
gramaticais, uso de verbos e vocabulários utilizados dentro da língua inglesa como
citou uma aluna apontando que nunca antes havia aprendido tanto a disciplina,
entretanto não foi este o avanço observado nas avaliações, produções e
questionários realizados. Desta forma é preciso reavaliar o trabalho com o gênero
ou a forma de utilizá-los durante as aulas de língua estrangeira em turmas que não
possuem um bom conhecimento prévio da língua tendo em vista a grande
dificuldade que tiveram em produzir seus pequenos textos mesmo com auxilio da
professora e com o uso de dicionários.
Referências
ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes de; BARBIRATO, Rita C. Ambientes comunicativos para aprender língua estrangeira. Trab.Ling.Apl., Campinas,(36):23-42,jul/dez.2000.
BELLUSE, Débora. O ensino de língua estrangeira nas escolas de ensino fundamental. 2009. Disponível em : <. http://www.unemat.br/caceres/letras/docs/discente/coletanea_nossos_escritos_2009_2.pdf#page=5>. Acesso em: 09 maio 2013.
BOLOGNINI, Carmem Zink. Livro didático: cartão postal do país onde se fala a língua alvo? Trab. Ling.aplic., Campinas, (17):43-56, jan/jun. 1991.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
FRANK, H. Pessoas adultas aprendendo língua inglesa: motivações e desafios. In: Cartão-postal- tudo sobre redação. UnB/UEG. 2008. Disponivel em: <http://duvidasredacao.blogspot.com.br/2009/09/cartao-postal.html ->. Acesso em: 12
mar. 2013.
FREIRE, Paulo. O papel da educação na humanização. Resumo de palestra. Maio 1967 Disponível em: < http://drb-assessoria.com.br/7PAPELDAEDUCACAONAHUMANIZACAO.pdf>. Acesso em: 08 maio 2013.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à pratica educativa. 1996. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/espanhol/pdf%5Cpedagogia_da_autonomia_-_paulofreire.pdf>. Acesso em: 22 maio. 2013.
FREITAS, Nara L. Gênero textual cartão-postal- Cartões postais impressos e virtuais- Um passeio pela história. Projeto ECO. 2010. Disponível em: <www.editorapositivo.com.br-ecobox-home-restrita-plano-de-aula-lingua-portuguesa-volumes(3).url >. Acesso em: 09 abr. 2013.
ISSAC, Rosane Maria. O ensino da língua inglesa e a escola pública: é possível qualidade? 2004. Disponível em: <http://www.ceped.ueg.br/anais/Iedipe/Gt2/8-o_ensino.htm>. Acesso em: 13 maio 2013.
MARCUSCHI, Luiz Antônio (2002). Gêneros textuais: Definição e Funcionalidade . In: DIONÍSIO, Ângela Paiva, MACHADO, Anna Raquel e BEZERRA, Maria Auxiliadora (org). Gêneros Textuais e Ensino. Rio de Janeiro, Lucerna, pp. 19-36. M.
OLIVEIRA, Angela Francisca Mendez de. Diálogos possíveis -Mikhail Bakhtin e Pierre Bourdieu: a natureza social da linguagem. UEMS/ Campo Grande. ISSN: 2178-1486. v.1. n.5. Nov. 2011. Disponível em: <http://www.sociodialeto.com.br/edicoes/10/13122011123704.pdf>. Acesso em: 22 maio 2013.
ORLANDI, E. P. A. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 6 ed. São Paulo: Pontes, 2005.
PARANÁ, Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Língua Estrangeira Moderna. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Paraná, 2008.
ROSA, Cristiano. A motivação nas aulas de língua estrangeira. 2006. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/327322>. Acesso em: 09 maio 2013.
SANTOS, J. V. Inglês: uma língua de prestígio e fracasso. V colóquio Internacional “Educação e Contemporaneidade”. 2011. Disponível em: <http://www.educonufs.com.br/vcoloquio/cdcoloquio/cdroom/eixo%2011/PDF/Microsoft%20Word%20-%20INGLeS%20UMA%20LiNGUA%20DE%20PRESTiGIO%20E%20FRACASSO.pdf >. Acesso em: 08 abr. 2013.
SCHÜTZ, Ricardo. Motivação e Desmotivação no Aprendizado de Línguas. English Made in Brazil . Disponível em: <http://www.sk.com.br/sk-motiv.html>. Online. 10 de novembro de 2003. Acesso em: 15 maio 2013.
SILVA, Xênia Soares. O Gênero textual cartão postal publicitário: um estudo da transmutação genérica. Recife, 2011. Disponível em : <http://www.pgletras.com.br/2011/dissertacoes/diss-Xenia-Soares-Silva.pdf>. Acesso em: 08 maio 2013.
SIQUEIRA, Euler David & SIQUEIRA, Denise da costa Oliveira. Corpo, mito e imaginários nos postais das praias cariocas. Intercom- Revista Brasileira de Ciências da comunicação. São Paulo v.34, n.1, p. 169-187, jan./jun. 2011.