OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA …...Matemática é uma tendência da Educação...
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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE
II
Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2014
Título: MODELAGEM MATEMÁTICA MEDIANDO O ESTUDO DE FUNÇÕES NO ENSINO FUNDAMENTAL
Autor: Ângela Esteves
Disciplina/Área:
Matemática
Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
Colégio Estadual Carmela Dutra – EFM – R: Juiz de Paz Antonio Ferreira Sobrinho,325
Município da escola: Guaraci
Núcleo Regional de Educação: Londrina
Professor Orientador: Lourdes Maria Werle de Almeida
Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Londrina
Relação Interdisciplinar:
Não há
Resumo:
O objetivo deste projeto é desenvolver com alunos do 9º ano um estudo do conteúdo de funções mediado por atividades de Modelagem Matemática, buscando através desta metodologia que trabalha com situações-problema do cotidiano do aluno, proporcionar aos mesmos um ambiente de aprendizagem no qual eles possam problematizar, investigar, efetuar registros de informações e utilizar o tratamento adequado para que se possa obter e validar modelos, levando à compreensão de um conceito matemático de maneira mais atrativa e contextualizada. Ao implementar este projeto na escola, será feito o uso também do software Geogebra no decorrer dos trabalhos.
Palavras-chave:
Funções, Modelagem Matemática, Geogebra
Formato do Material Didático: Caderno Pedagógico
Público: Alunos
APRESENTAÇÃO
Este Caderno Pedagógico faz parte do Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE, da disciplina de Matemática e apresenta o desenvolvimento de
quatro situações de Modelagem Matemática que mediam o estudo de funções junto
aos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental.
As atividades aqui elencadas referem-se ao primeiro e segundo momentos
da Modelagem Matemática, as quais direcionam para o ensino de função linear e
quadrática. São utilizados também recursos de informática, em especial o software
geogebra, por meio do qual serão construídos gráficos, para facilitar a resolução e a
aplicação das atividades propostas.
INTRODUÇÃO
Constantemente nos deparamos com informações de que os índices dos
nossos alunos em exames nacionais têm sido baixos. Rodrigues (2014), mostra um
levantamento destes índices considerando as séries iniciais do Ensino Fundamental.
Por outro lado, quando analisamos os currículos podemos observar que
conteúdos que já não são mais relevantes ainda são ensinados. Skovsmose (2008,
p.86) neste contexto considera que “professores têm crenças e escolas têm tradições
que resultam na sobrevivência de padrões educacionais mesmo depois de terem
perdido a função”.
Neste ensino por sua vez, segundo Skovsmose (2008), as aulas de
matemática geralmente ocorrem sob o paradigma do exercício, em que os professores
explicam o conteúdo para os alunos, mostram alguns exemplos e pedem para resolver
exercícios que são repetições dos exemplos dados.
Dentre as metodologias que podem tratar as atividades nas aulas de
matemática sob uma outra perspectiva está a Modelagem Matemática. A Modelagem
Matemática é uma tendência da Educação Matemática e seu uso em sala de aula vem
pautado na possibilidade de considerar problemas e situações do cotidiano dos alunos
nas aulas de matemática.
Neste sentido, a abordagem desses problemas pode viabilizar aos alunos
aprender novos conteúdos e utilizar outros assimilados em atividades ou séries
anteriores.
Assim, o trabalho proposto neste caderno pedagógico contempla quatro
situações-problema, cuja solução demanda a compreensão de funções, ou seja a
relação entre variável independente e dependente, as quais se encontram presentes
nas diversas áreas do conhecimento e modelam matematicamente situações
extraídas do cotidiano dos alunos, levando a uma melhor formação e construção do
conhecimento.
Após os procedimentos de modelagem, são apresentados quadros
explicativos da matemática envolvida no problema proposto e também sugestões de
atividades com o uso do geogebra a respeito dos conteúdos tratados.
MODELAGEM MATEMÁTICA
Segundo Almeida, Silva e Vertuan (2012), a Modelagem Matemática é uma
alternativa pedagógica para as práticas de ensino e aprendizagem em matemática.
Tal alternativa consiste em uma abordagem, por meio da matemática, de uma
situação-problema não necessariamente matemática. Esses temas podem
contemplar as mais diversas áreas, sejam elas associadas à natureza, sociedade,
cultura.
O desenvolvimento de uma atividade de Modelagem Matemática
compreende algumas fases em que ações dos alunos visam, a partir de uma situação
inicial problemática encontrar uma solução, em geral, um modelo matemático.
Estas fases são caracterizadas em Almeida, Silva e Vertuan (2012) como:
inteiração, matematização, resolução, interpretação e validação. A figura 1 mostra
uma sequência, ainda que não seja linear, em que estas fases são identificadas.
Figura 1: Fases da Modelagem Matemática
Fonte: Almeida, Silva e Vertuan (2012, p. 15)
Segundo os autores, considerando estas fases, ainda que não lineares, o
desenvolvimento de uma atividade de modelagem matemática compreende alguns
procedimentos bem definidos.
Primeiramente é preciso compreender a situação-problema que se
pretende estudar, organizando as informações obtidas em relação à mesma; a seguir,
o que se tem a fazer é definir ou hipóteses e procurar analisá-las; na sequência torna-
se necessário definir as variáveis essenciais envolvidas no problema, cujas relações
conduzem ao problema matemático que se precisa resolver; finalmente as possíveis
soluções encontradas são avaliadas.
Segundo Bassanezi (2002), pelo menos cinco argumentos para a inclusão
da Modelagem no currículo podem ser destacados: motivação, facilitação da
aprendizagem, preparação para utilizar a matemática em diferentes áreas,
desenvolvimento de habilidades gerais de exploração e compreensão do papel sócio
cultural da matemática.
Neste contexto, D’Ambrósio (1996) também aponta a necessidade de a
matemática assumir uma dimensão política, essencial ao desenvolvimento pleno da
cidadania, ponderando que a Modelagem Matemática pode contribuir para o
entendimento deste papel social da matemática.
Ainda que atividades de Modelagem Matemática possam ter contribuições
para a formação dos alunos conforme sugerem os autores é preciso considerar que
aos alunos de modo geral não estão acostumados com atividades dessa natureza.
Segundo Almeida e Dias (2007), essas atividades colocam os alunos em
contato com práticas que, de forma geral, não lhe parecem corriqueiras na sala de
aula, como é o caso do envolvimento com uma situação-problema e, em muitos casos,
com a própria definição de um problema.
Por essa razão as autoras apontam que adequado que atividades de
modelagem sejam introduzidas de forma gradativa nas aulas fazendo-se uma
familiarização gradativa dos alunos com a modelagem por meio de três momentos.
Inicialmente, num primeiro momento, o professor apresenta uma
situação já reconhecida por ele e desenvolve em conjunto com os alunos a
formulação das hipóteses, a investigação do problema e a dedução do modelo.
Num segundo momento, o professor sugere uma situação-
problema e apresenta algumas informações e os alunos, em grupos, realizam
a formulação das hipóteses, a investigação, a dedução e a validação do modelo
encontrado.
Num terceiro momento, os alunos, em grupos, são incentivados a
escolher um tema, o problema a ser resolvido e a realizarem todo o
procedimento de modelar o problema. Cabe ao professor assessorar o trabalho
dos alunos.
No projeto pedagógico que vamos desenvolver temos a intenção de que
nas atividades de Modelagem a abordagem da situação possa viabilizar a abordagem
de funções que possam ser aprendidas por alunos do 9º ano do Ensino Fundamental.
Assim, o que almejamos é que as resoluções dos alunos possibilitem
representações e tratamentos diversificados, como o tabular, o gráfico, o algébrico e
o de linguagem natural para essas funções. É comum constatar a dificuldade que os
alunos apresentam em registrar essas diferentes representações de funções e em
fazer a escolha adequada desses símbolos em determinados contextos.
Almeida e Brito (2005) identificam a dificuldade de simplificar a linguagem
sistematizada no ensino do conceito de função. Segundo os autores, corre-se o risco
de que este conhecimento, ao ser apresentado numa linguagem mais intuitiva, se
torne incompreensível para o aluno devido às muitas especificidades inerentes ao seu
estudo.
Assim, uma alternativa para lidar com este problema, pode ser a análise da
produção dos alunos em situações de Modelagem Matemática em sala de aula
envolvendo o conceito de função.
Neste contexto, visamos com o projeto proporcionar aos alunos um
ambiente de aprendizagem no qual eles possam problematizar e investigar, por meio
da matemática, situações com referência na realidade.
ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
O desenvolvimento do projeto de intervenção na escola será feito por meio
de Modelagem Matemática, iniciando com duas atividades cujas informações
necessárias para o estudo das situações-problemas serão apresentadas pelo
professor aos alunos. Nestas atividades a definição do problema e a investigação para
a solução e validação do mesmo, serão realizadas em conjunto professor e alunos em
consonância com a caracterização do primeiro momento que apresentamos.
Ao término do 1º momento formam-se grupos de 4 a 5 alunos, iniciando
uma pesquisa a partir das questões propostas pelo professor. A pesquisa será
realizada usando-se livros, revistas, internet e entrevistas.
A partir da coleta de informações, inicia-se uma apresentação e discussão
dos dados coletados. Mediante as informações e também de outras a serem
fornecidas pelo professor, cada grupo definirá um problema, as variáveis e hipóteses
do mesmo. Neste 2º momento o professor fará as intervenções necessárias para a
resolução do problema atuando apenas como orientador.
Finalmente num 3º momento, os alunos irão desenvolver uma atividade de
Modelagem ainda em grupos. Para isso, irão escolher uma situação-problema e sem
a intervenção do professor, farão a coleta de informações e todo o processo de
desenvolvimento e resolução do mesmo. O professor neste momento permanece
apenas orientando e fazendo a sistematização dos conteúdos matemáticos que
emergem nessas atividades.
OBJETIVOS DAS ATIVIDADES
Objetivo Geral
Desenvolver com alunos do 9º ano um projeto pedagógico visando o ensino
e a aprendizagem do conteúdo funções mediado por atividades de Modelagem
Matemática.
Objetivos Específicos
Desenvolver um estudo para resolução de problemas do dia-a-dia, que
desencadeie o aprendizado de funções do 1º e 2ºgráus através de Modelagem
Matemática.
Analisar os diferentes registros feitos pelos alunos associados a funções
em atividades de Modelagem Matemática.
Elaborar uma proposta para o uso do software geogebra durante as
aulas de matemática envolvendo as atividades de Modelagem Matemática.
Despertar nos alunos o interesse de aprender matemática, resolvendo
problemas do dia-a-dia usando atividades de Modelagem Matemática.
PRIMEIRO MOMENTO DA MODELAGEM MATEMÁTICA
Atividade 1 – Custo com a locação de games
Nos dias atuais constatamos que crianças, adolescentes e jovens, na
faixa etária de 10 a 20 anos, preferem ocupar o seu tempo ocioso com jogos de game
do que com filmes.
A pirataria é algo presente em toda a indústria do entretenimento, seja na
música, no cinema ou nos games. A partir da geração do Playstation 3, já não se
consegue utilizar CD pirata, pois os aparelhos não funcionam direito.
O custo para aquisição de um CD de game original hoje varia de R$70,00
a R$170,00 por unidade, o que se torna um custo alto para um jogo que fica
praticamente sem utilidade depois de utilizado por três vezes.
Por não ser viável a compra de game pirata e novo, iniciou-se a atividade
de locação de games assim como as de filmes, por se tornar a melhor opção na
maioria das vezes.
Segundo dados coletados em uma das locadoras da cidade de Londrina a
locação de lançamentos é R$8,90 e de não lançamentos R$6,90, cujas locações são
válidas por 2 dias. Caso o locatário esqueça de devolver o CD no prazo ou queira ficar
com o CD de jogo por mais dias, será cobrado um adicional de R$3,00 por dia de
atraso.
Problemas
a) Encontre um modelo matemático que represente o valor a ser pago em
função do tempo que o cliente ficou com o CD de game.
b) Quando o cliente não entrega o CD no prazo de dois dias, compensa
devolver e fazer uma nova locação, ou compensa ficar com o jogo pagando pelos dias
de atraso?
Definição das variáveis
V= valor da locação (em reais)
t= tempo da locação (em dias)
Dados do problema
Quando o CD de game é entregue no prazo determinando paga-se
apenas o valor da locação.
Quando há atraso na entrega do CD de game, paga-se um acréscimo
diário de R$3,00.
Dedução do modelo para locação de lançamentos
Tempo em dias (t ) Valor a ser pago pela locação em R$ ( V )
2 V(2) = 8,90
3 V(3) = 8,90 + 3,00 = 11,90
4 V(4) = 8,90 + 3,00 + 3,00 = 14,90
5 V(5) = 8,90 + 3,00 + 3,00 + 3,00 = 17,90
.
.
.
t V(t) = 8,90 + 3,00. (t - 2) .
Dedução do modelo para locação de não lançamentos
Tempo em dias (t) Valor a ser pago pela locação em R$(V )
2 V(2) = 6,90
3 V(3) = 6,90 + 3,00 = 9,90
4 V(4) = 6,90 + 3,00 + 3,00 = 12,90
5 V(5) = 6,90 + 3,00 + 3,00 + 3,00= 15,90
.
.
.
t V(t) = 6,90 + 3,00 . (t - 2)
Quanto maior o atraso na entrega dos games maior o valor a ser pago pela locação
nas duas situações.
Analisando os valores calculados nas tabelas pode-se perceber que é
possível generalizar a situação com qualquer quantidade de dias de atraso utilizando
o modelo matemático para cada tipo de locação.
V = 8,90 + 3,00. (t - 2) (locação de lançamentos)
V = 6,90 + 3,00. (t - 2) (locação de não lançamentos)
Por meio manual e da utilização do software geogebra pode-se construir os
gráficos de cada função com os dados obtidos e perceber a relação de dependência
das duas grandezas (tempo e valor a pagar) e ainda, o registro dos seus pontos indica
a representação gráfica de uma função afim, ou seja função do primeiro grau, cujos
pontos não podem ser ligados formando uma reta, em virtude do domínio da função
ser formado apenas por números naturais pois trata-se de tempo em dias.
Para responder ao problema b) Quando o cliente não entrega o CD no
prazo de dois dias, compensa devolver e fazer uma nova locação, ou compensa ficar
com o jogo pagando pelos dias de atraso?
Para resolver esse problema algebricamente, é preciso considerar que o
valor adicional a ser pago por dias de atraso, corresponde a duas locações.
I)Se o cliente devolver o game e pegar novamente vai pagar: 8,90x2=17,80
II) Se o cliente ficar com o game por dois dias ele vai pagar: 8,90
III) Se ficar três dias:8,90 + 3,00. (3 - 2) =11,90
Se ficar 4 dias:8,90+3,00. (4 – 2)= 14,90
Se ficar com cinco dias:8,90+3,00 . (5 - 2)= 17,90
Assim podemos concluir que na locação de um game lançamento ou de um
que não é lançamento compensa ficar em atraso na entrega por apenas dois dias, a
partir desse tempo compensa entregar no prazo certo e fazer uma nova locação.
Gráficos dos modelos de locações de não lançamentos e de lançamentos de games construídos por
meio manual.
Gráfico do modelo de não lançamentos de games construído por meio do software geogebra.
Gráfico do modelo de lançamentos de games construído por meio do software GeoGebra.
Atividade 2
Cercas elétricas vêm sendo amplamente utilizadas na Europa e nos
Estados Unidos desde 1930. No Brasil, o uso desse equipamento tornou-se mais
significativo a partir da década de 1990.
A finalidade inicialmente proposta para a cerca elétrica era dividir áreas de
pastagens e lavouras. Atualmente ela é utilizada para auxiliar na segurança de
residências, estabelecimentos comerciais e industriais, entre outros locais.
O aumento do índice de violência, tanto no campo como na cidade, requer
equipamentos de segurança mais sofisticados. Portões altos, muros com pedaços de
vidro, grades na janela não são mais suficientes para evitar que residências e
estabelecimentos comerciais sejam invadidos. A cerca elétrica é uma alternativa para
ampliar o nível de segurança.
Em áreas residenciais, a cerca elétrica costuma ser ligada a uma central,
capaz de emitir descarga elétrica, afugenta o intruso sem causar maiores danos e, se
os fios forem cortados, um alarme é acionado.
Para Além da Matemática Há dois tipos de cerca elétrica à disposição no mercado: monitorada e não monitorada. A
cerca monitorada é aquela que permite a integração com uma central de alarme, que pode estar ligada ou não externamente a uma empresa de segurança eletrônica, podendo também, acionar alarmes e luzes quando tocada. Já a cerca não monitorada é aquela que possui as mesmas características da anterior, porém não está ligada a uma central de alarme.
Em ambos os casos há recomendações importantes para a instalação da cerca elétrica: deve estar instalada em locais altos (muros com no mínimo 2 m de altura); deve ficar voltada para o interior da área que se quer proteger; não pode ficar em contato com vegetação, como árvore, folhagens etc; e deve estar sinalizada.
Considerando o interesse em tratar da instalação de cercas elétricas na
aula de Matemática, estudantes obtiveram a informação de que estão disponíveis
duas opções desserviços para instalação de cercas elétricas, conforme o quadro a
seguir:
Preços de kits (pronto e montar) para instalação de cercas elétricas residenciais
Conteúdo Opção 1 (kit pronto) Opção 2 (kit a montar)
Central
}R$370,00
R$180,00
Bateria R$ 60,00
Sirene R$ 25,00
Haste de aterramento
Cerca (20 metros com 4 fios)
__________
Valor do metro de cerca (4 fios)
R$5,00 R$ 4,50
Conversando com a Sala de Aula
Os alunos podem obter informações de valores de kits em empresas de instalação de cercas elétricas da cidade e a partir delas desenvolver a atividade.
Na situação em estudo, optou-se por kits compostos por uma central, uma bateria, uma sirene e uma haste de aterramento. Variações na quantidade de cada um desses componentes podem ocorrer de acordo com a extensão da área cercada.
Na situação são consideradas as informações:
Na opção 1, o valor do kit é de R$370,00, e paga-se R$5,00 por metro
de cerca que exceder 20m;
Na opção 2, tem-se um valor fixo de R$300,00 e cada metro de cerca
custa R$4,50.
A partir dessas informações, qual a opção mais vantajosa para um cliente
que deseja instalar esse equipamento de segurança?
Consideramos o comprimento da cerca l, dado em metros, como variável
independente e o custo do kit 1 (C1) e o custo do kit 2 (C2), dados em reais , como
variáveis dependentes.
A fim de comparar os valores das opções, construímos as tabelas a seguir
que apresentam o custo de cada kit de acordo com o comprimento da cerca.
Custo (C1) da cerca usando a opção 1
l
(em m) C1
1 a 20 370
21 370 + 5 = 370 + 1.5
22 370 + 5 + 5 = 370 + 2.5
23 370 + 5 + 5 + 5 = 370 + 3.5
24 370 + 5 + 5 + 5 + 5 = 370 + 4.5
25 370 + 5 + 5 + 5 + 5 + 5 = 370 + 5.5
.
.
.
.
.
.
l 370 + (l -20) .5
Custo (C2) da cerca usando a opção 2
l
(em m) C2
1 300 + 4,50 = 300 + 1. 4,50
2 300 + 4,50 + 4,50 = 300 + 2. 4,50
3 300 + 4,50 + 4,50 + 4,50 = 300 + 3. 4,50
4 300 + 4,50 + 4,50 + 4,50 + 4,50 = 300 + 4. 4,50
.
.
.
.
.
. l 300 + 4,50 + 4,50 + 4,50 + ...+4,50 = 300 + 4,50. l
A partir dos dados das tabelas, podemos escrever as representações
algébricas para o custo da cerca elétrica em cada opção, como sendo:
C1 (l) = 370, se 0< l ≤ 20 e 370 + 5.(l- 20), se l > 20
C2 (l)= 300 + 4,5.l para l > 0
A representação gráfica desses modelos no software geogebra é
apresentada no gráfico abaixo
A análise do gráfico acima remete a discussão sobre qual opção é mais
vantajosa para a instalação de uma cerca elétrica residencial. O gráfico sinaliza que
em dois pontos (que correspondem a comprimentos de cerca e seu custo) esses
custos são iguais. Resta determinar quais são esses pontos e realizar a discussão
sobre a vantagem de uma opção ou outra. Para isso fazemos C1(l) = C2(l)
Na análise dessa igualdade em estudo, temos que considerar dois
intervalos para o comprimento de cerca, pois C1(l) é uma função definida por duas
sentenças.
FUNÇÂO DEFINIDA POR VÁRIAS SENTENÇAS
Chama-se função definida por várias sentenças qualquer função f : R em R dada por sentenças abertas, cada uma das quais está ligada a um domínio D, contido no domínio de f. Dependendo do intervalo em que o valor de x se enquadra, utiliza-se uma das sentenças
Para o caso em que 0 < l ≤ 20, C1 (l)= 370 e C2 (l) = 300 + 4,5 l
Da igualdade C1(l) = C2 (l), segue que 370 = 300 + 4,5l , ou seja,
l =15,56m
Assim, para l = 15,56 m o custo para as duas opções é R$370,00.
Já para o caso em que l > 20, C1 (l) = 370 + 5 ( l- 20) e
C2 (l) = 300 + 4,5 l a igualdade C1 (l) = C2 (l) implica em
370 + 5(l – 20) = 300 + 4,5 l
370 + 5 l -100 = 300 + 4,5 l
0,5 l = 300 – 270
l = 60 m
Portanto, para l = 60m o custo para as duas opções é R$570,00.
USANDO O COMPUTADOR: GEOGEBRA
O ponto de intersecção entre duas funções também podem ser encontrados utilizando uma ferramenta computacional. O software Geogebra possibilita a realização desse cálculo.
1) Inserem-se as funções, uma de cada vez, na Linha de Comandos. No primeiro caso, em que o custo da cerca elétrica é uma função definida por duas sentenças, é preciso separar em duas sentenças que chamaremos de f e g. Além
disso, como cada função está definida para um intervalo é preciso inserir o comando “função[<função>,<intervalo da função>]”. Dessa forma: para a primeira sentença digita-se f(x)=função[370, 0,20]; para a segunda sentença digita-se g(x)=função[370+5*(x-20), 20,250].
No segundo, utiliza-se a função h(x)=função[300+4.5*x,0,250]
2) Como as funções se interceptam em dois pontos, para encontrar o ponto de
intersecção entre as funções f e h, utiliza-se a ferramenta Intersecção de dois
objetos. Selecionando com o cursor cada uma das funções, obtêm-se
A(15,56,370).
3) O mesmo procedimento é realizado para as funções g e h, obtendo o ponto
B(60, 570).
Retomando a problemática do custo de instalação da cerca elétrica,
podemos concluir que:
para 0 < l < 15,56 m, a opção 2 é mais vantajosa;
para 15,56m < l < 60m, a opção 1 é mais vantajosa;
para l > 60m, a opção 2 é mais vantajosa.
Cabe, portanto, ao usuário a decisão por uma das opções disponíveis,
considerando a extensão da cerca que se pretende instalar.
SEGUNDO MOMENTO DA MODELAGEM MATEMÁTICA
Atividade 3
Escalonar jogos para competições esportivas é uma tarefa que requer
tempo e estudo dos profissionais que lidam com este tipo de problema. O motivo é
que para realizar esta tarefa as pessoas responsáveis se deparam com restrições e
regras e serem atendidas e objetivos diferentes a serem cumpridos.
Nesta atividade abordaremos um Campeonato Brasileiro de Futebol cujos
times se enfrentam em turno e returno, ou seja quando os times de uma competição
jogam duas vezes com cada um dos outros, sendo que um dos jogos é realizado em
sua sede e o outro é fora dela e em turnos diferentes.
É considerado o sistema ideal para campeonatos de ligas ou federações,
especialmente para esportes que admitem empate, como o futebol, futsal, xadrez e
damas, e por isso conhecido como sistema de campeonato.
Como o número de datas é grande, é preciso limitar o número de
competidores, sendo necessária a criação de divisões inferiores (2ª divisão, 3ª divisão,
etc., às vezes também chamadas de Série B, Série C, etc) e de um sistema anual de
acesso e descenso, também conhecido como promoção e rebaixamento.
Num campeonato de futebol, cada clube vai jogar duas vezes com o outro,
em turno e returno, assim o número “p” de partidas do campeonato é dado em função
do número “n” de clubes participantes. Suponhamos que ao todo vai participar 10
times “A, B, C, D, E, F, G, H, I e J “, note que se pegarmos o clube “ A” ele só vai poder
enfrentar 9 clubes, do B em diante então temos que tirar o clube “A”. Acontece a
mesma coisa se pegarmos o clube “J”, ele só vai poder enfrentar o restante dos clubes
menos ele mesmo. Significa que nenhum clube pode se enfrentar, ele tem que
enfrentar algum outro.
Vinte clubes participam do Campeonato Brasileiro. Durante o decorrer da
temporada (de maio a dezembro), isso quer dizer que cada clube joga um total de 38
partidas. As equipes recebem três pontos por vitória e um por empate. Não são
atribuídos pontos para derrotas.
As equipes são classificadas pelo total de pontos, depois pelo saldo de gols
e, em seguida, pelos gols marcados. Em caso de empate entre dois ou mais clubes,
os critérios de desempate são os seguintes: maior número de vitórias; maior saldo de
gols; maior número de gols pró; confronto direto; menor número de cartões vermelhos
recebidos; menor número de cartões amarelos recebidos.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Brasileiro_de_Futebol (acesso dia
06.10.2014).
Problemas
a) Encontre um modelo matemático para determinar o número de partidas
do campeonato em função do número de clubes participantes.
b) No Campeonato Brasileiro de Futebol série A, participam ao todo 20
clubes, quantas partidas ocorrerão até o final do campeonato?
c) Nas 38 partidas que cada clube vai ter que participar, qual o saldo de
gols que um clube acumulará se vencer 12 partidas, empatar 10 e perder 6?
Definição de variáveis
n = número de clubes
p = número de partidas
Formulação de hipóteses
- Quanto maior o número de clubes participantes, maior o número de
partidas no campeonato.
Dedução do modelo
Número de clubes Número de partidas
2
3
4
5
6
.
.
.
n
2. (2-1) = 2
3. (3-1) = 6
4. (4-1) = 12
5. (5-1) = 12
6. (6-1) = 20
.
.
.
n . (n-1)
Pela tabela, vemos que o número p de partidas é dado por:
p(n) = n(n-1) = n² - n, chegando assim a dedução do modelo, onde se
constata que se refere a uma função quadrática.
Utilizando os dados da tabela acima os alunos farão uso do software
geogebra para a construção de uma representação gráfica desta função quadrática,
a qual é representada por uma parábola.
Respostas dos problemas
b) Para saber o número total de partidas basta substituir no modelo
encontrado o número de clubes participantes, sabendo que o total de clubes é 20,
então temos:
p(20) = 20. (20-1)
p(20) = 20² - 20
p(20) = 400 – 20
p(20) = 380
c) saldo de gols acumulados pelo clube
saldo gols = 12. 3 + 10 . 1 + 6.0
= 36 + 10 + 0
= 46 gols
Atividade 4
Dono do maior potencial hídrico do planeta, o Brasil corre o risco de chegar
a 2015 com problemas de abastecimento de água em mais da metade dos municípios.
O diagnóstico está no Atlas Brasil – Abastecimento Urbano de Água, lançado pela
Agência Nacional de Águas (ANA). O levantamento mapeou as tendências de
demanda e oferta de água nos 5.565 municípios brasileiros e estimou em R$ 22
bilhões o total de investimentos necessários para evitar a escassez.
Considerando a disponibilidade hídrica e as condições de infraestrutura dos
sistemas de produção e distribuição, os dados revelam que em 2015, 55% dos
municípios brasileiros poderão ter déficit no abastecimento de água, entre eles
grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto
Alegre e o Distrito Federal. O percentual representa 71% da população urbana do
país, 125 milhões de pessoas, já considerado o aumento demográfico.
Fonte:http://www.progresso.com.br/caderno-a/brasil-mundo/brasil-pode-
enfrentar-falta-de-agua (acesso dia 11-10-2014)
Mesmo nos deparando com reportagens como esta e outras através das
mídias, não nos atentamos para a seriedade do assunto, apenas quando estivermos
sofrendo as consequências de nossos atos é que vamos parar, refletir e tentar mudar
as nossas atitudes, talvez já será tarde demais.
Mediante a reportagem é colocada a seguinte questão: Como economizar
e evitar o desperdício de água tratada?
Segundo informações uma torneira gotejando desperdiça 46 litros de água
num período de 24 horas, a mesma quantidade que um ser humano necessita para
suprir suas necessidades diárias.
Uma torneira com abertura de 1mm, o aparentemente fiozinho de água,
que escorre, será responsável por uma perda de 2068 litros em 24 horas. Se a
abertura for de 2mm, a perda será de 4915 litros diários. Para lavar as mãos, gastamos
aproximadamente 7 litros, ao escovar os dentes 18 litros, para se barbear 75 litros e
o uso de uma máquina de lavar louça 112 litros.
O que podemos fazer para evitar o desperdício e economizar água para
que ela não venha a faltar?
As respostas podem surgir a partir dos seguintes questionamentos:
Quanto tempo você gasta no banho?
Ao escovar os dentes você fecha a torneira?
Ao lavar a louça você fecha a torneira até ensaboar e só reabre para
enxaguar, ou deixa ligada direto?
Você utiliza mangueira para lavar o carro ou moto?
Você rega o jardim de sua casa todos os dias?
Há problemas de vazamento na sua casa?
Estes e outros questionamentos levam os alunos a refletir sobre o uso
indiscriminado da água e o porquê da sua falta.
Podemos utilizar este momento para questionar ao aluno: Você sabe qual
o consumo mensal de água em sua residência?
Mediante o questionamento pede-se aos alunos que tragam uma fatura de
água de sua residência para em conjunto verificar e entender o procedimento da
leitura mensal, esclarecendo que o consumo se dá pela diferença entre o registro
anterior e o atual do hidrômetro, os quais ficam expressos na fatura e que o cálculo
do valor a pagar se dá através de uma tabela de tarifas.
Como no município onde este projeto vai ser desenvolvido a companhia de
abastecimento que opera ali é a SANEPAR, utilizaremos a tabela a seguir que entrou
em vigor a partir de março de 2014.
Fonte: http://site.sanepar.com.br/clientes/nossas-tarifas(acesso dia
13/10/2014)
Como a maioria dos habitantes da cidade consomem menos de 30 m³ de
água pede-se para encontrar um modelo matemático que represente o valor a ser
pago em função do consumo de água até este limite.
Definição de variáveis
x= metros cúbicos consumidos (m³)
y= valor a pagar (em reais)
Dados do problema
O valor a ser pago por um consumo de até 10 m³ de água é de R$25,14
O valor a ser pago por um consumo acima de 10 m³ de água até um
consumo de 30 m³, corresponde a tarifa anterior acrescida de R$3,77 por m³ que
exceder.
Formulação de hipótese
Quanto maior o consumo de água maior o valor a ser pago nas faturas.
Dedução do modelo para o consumo acima de 10 m³ até 30m³
x (metros cúbicos consumidos) y (valor a ser pago em reais)
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 . . . x
25,14 25,14 + 3,77. (11-10) = 28,91 25,14 + 3,77. (12-10) = 32,68 25,14 + 3,77. (13-10) = 36,45 25,14 + 3,77. (14-10) = 40,22 25,14 + 3,77. (15-10) = 43,99 25,14 + 3,77. (16-10) = 47,76 25,14 + 3,77. (17-10) = 51,53 25,14 + 3,77. (18-10) = 55,30 25,14 + 3,77. (19-10) = 59,07 25,14 + 3,77 . (20-10) = 62,84 25,14 + 3,77. (20-21) = 66,61
.
.
. y = 25,14 + 3,77 . (x-10)
Analisando os valores calculados na tabela acima pode-se perceber que é
possível generalizar a situação com qualquer quantidade de consumo de m³ de água
até o limite de 30m³ por meio do modelo matemático representado pela expressão
y = 25,14 + 3,77 . (x-10)
Através do geogebra pode-se construir o gráfico, com os dados obtidos e
perceber a relação de dependência das duas grandezas (m³ e valor a pagar) e ainda,
o registro dos seus pontos indica a representação gráfica de uma função do 1º grau
representado por uma reta.
Os questionamentos levantados anteriormente com relação ao uso da
água podem ser apurados e com os resultados pode ser feito sua tabulação, cálculo
de porcentagem e ainda a construção de gráficos de barras e setores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SBEM, p. 253-268, 2007.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Brasileiro_de_Futebol (acesso dia
06.10.2014).
http://www.progresso.com.br/caderno-a/brasil-mundo/brasil-pode-enfrentar-falta-de-
agua (acesso dia 11-10-2014)
http://site.sanepar.com.br/clientes/nossas-tarifas(acesso dia 13/10/2014)