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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

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1Química - Universidade Federal de Mato Grosso e pós-graduação em Mestrado em Educação para o Ensino de Química.Atuando no CEEBJA Santa Clara -Mandaguari.

2Professora da Universidade Estadual de Maringá. Dra em Educação para a Ciência e a Matemática.

UMA ABORDAGEM INVESTIGATIVA SOBRE LIGAÇÃO QUÍMICA: UM OLHAR COM MAIS SIGNIFICADO POR MEIO DE ATIVIDADE S

PRÁTICAS

Marilene Duarte Brandão 1

Marilde Beatriz Zorzi Sá 2

RESUMO

Esse artigo relata um projeto de implementação didática envolvendo o tema ligações químicas. O projeto visava possibilitar aos alunos um estudo investigativo do tema em questão. Nesse sentido, levou-se em conta que as aulas práticas são importantes e significativas estratégias de ensino e que, associadas a algumas outras estratégias, podem contribuir para a motivação de forma a atender às exigências atuais em relação aos processos de ensino e aprendizagem. O presente trabalho foi realizado com alunos da disciplina de Química, do Ensino Médio do CEEBJA Santa Clara em Mandaguari – PR. O procedimento metodológico adotado envolveu uma série de atividades em que foram utilizadas diferentes estratégias didáticas, tais como: questionamentos investigativos com ênfase no diálogo, (professor/aluno, aluno/aluno), vídeos, jogos, experimentos investigativos, elaboração de materiais entre outras atividades como fontes promotoras de aprendizagens. Os resultados obtidos revelaram que o trabalho realizado favoreceu a aprendizagem com mais significado, proporcionando maior compreensão no ensino de Química, além da formação de um sujeito crítico e responsável e envolvido na construção de seus conhecimentos.

Palavras-Chave: Estratégias, experimentos, ligações químicas e investigação.

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1 - INTRODUÇÃO

As discussões em torno da educação têm revelado mudanças significativas

no trato das questões fundamentais do Ensino. Além de ensinar, deve-se ajudar a

integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação e ter uma visão de

totalidade. Percebe-se que a educação é o caminho fundamental para transformar a

sociedade, a qual está mudando nas suas formas de organizar-se, de produzir bens,

de comercializá-los, de divertir-se, de ensinar e de aprender (MORAN et al, 2000).

A legislação de ensino estabeleceu como função geral para a educação a

formação da cidadania. Encontra-se na Constituição Brasileira de 1988 o seguinte

dispositivo de acordo o material elaborado por Figueiredo:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (FIGUEIREDO, 2006, p.72).

Neste contexto, também se inclui a Educação de Jovens e Adultos - EJA que

se destina àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino

fundamental e médio na idade própria.

Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos, os

educandos trazem consigo um legado cultural – conhecimentos construídos a partir

do senso comum e um saber popular, não científico, constituído no cotidiano, em

suas relações com o outro e com o meio – os quais devem ser considerados na

dialogicidade das práticas educativas. Portanto, o trabalho dos educadores da EJA é

buscar de modo contínuo o conhecimento que dialogue com o singular e o universal,

o mediato e o imediato, de forma dinâmica e histórica (BRASIL, 2006).

Um dos grandes desafios no ensino de química é buscar diferentes

estratégias para que o aluno da EJA atinja as competências e habilidades

necessárias para a sua formação de cidadão, num contexto social e tecnológico. As

diferentes estratégias devem ser utilizadas para o desenvolvimento dos temas

propostos (BARRETO e BRANDÃO, 2008).

De acordo com Pontes et al (2008), muitos alunos do ensino médio das

escolas públicas enfrentam dificuldades em relação ao aprendizado da disciplina de

Química. Na maioria das vezes, não conseguem perceber o significado ou a

importância do que estudam, tendo em vista que os conteúdos são trabalhados de

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forma descontextualizada, distantes da realidade, difíceis de serem compreendidos,

não despertando assim o interesse e a motivação dos alunos. Além disso, a

quantidade excessiva de conteúdos, muitas vezes abstratos ou ensinados de

maneira confusa e superficial, colabora com os fatores que desmotivam o estudo da

química (CARDOSO e COLINVAUX, 2000).

Conforme Ribeiro e Mello (2010), o mundo atual exige que o jovem e o

adulto se posicionem, julguem, tomem decisões e sejam responsabilizados por isso.

Ou seja, o ensino de Química precisa fornecer subsídios para que esses jovens e

adultos sejam letrados cientificamente, para assim atuar na sociedade e na

comunidade em que vivem de forma significativa.

A possibilidade mais viável para realização de uma educação por meio da

Química é oferecer um ensino vinculado à formação de cidadãos de tal modo que

estes compreendam e façam uso das informações químicas básicas necessárias

para sua participação efetiva na sociedade e no trabalho, onde os conhecimentos e

os avanços tecnológicos se modificam rapidamente (RIBEIRO E MELLO, 2010).

Assim, um bom ensino de Química,

Levaria o aluno a compreender os fenômenos químicos mais diretamente ligados a sua vida cotidiana; a saber, manipular as substâncias com as devidas precauções; a interpretar as informações químicas transmitidas pelos meios de comunicação; a compreender e avaliar as aplicações e implicações tecnológicas; a tomar decisões frente aos problemas sociais relativos à Química (SANTOS E SCHNETZLER, 2003, p.94).

Fica evidente a necessidade de se investir na proposição de metodologias e

estratégias capazes de proporcionar o desenvolvimento cognitivo do aluno, e a

experimentação em química pode contribuir para que esse objetivo possa se

concretizar (SUART e MARCONDES, 2008).

Alguns estudos realizados apontam para a dificuldade de se trabalhar o

conteúdo de ligações químicas em sala de aula. Em parte, as dificuldades podem

estar associadas à falta de materiais didáticos que associem teoria-experimento,

sem banalizar os conceitos químicos (PARIZ e MACHADO, 2011).

A experimentação no ensino de Química constitui um recurso pedagógico

importante que pode auxiliar na construção de conceitos (FERREIRA et al, 2010).

Juntamente com o ensino por investigação, os alunos são colocados em situação

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que lhes possibilite realizar pequenas pesquisas, combinando simultaneamente

conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais (POZO, 1998).

Muitas atividades experimentais ainda são desenvolvidas e executadas em

sala de aula com o objetivo de motivar o aluno ou comprovar fatos e teorias

previamente vistos em sala de aula. Porém, as pesquisas têm evidenciado que

atividades pautadas nessas concepções são deficientes no que se refere à

aprendizagem do aluno (SUART e MARCONDES, 2008).

Segundo Hodson (1990), muitos professores utilizam o laboratório

experimental sem uma adequada reflexão, acreditando que o experimento possa

ensinar os estudantes sobre o que é a ciência e sua metodologia. Alguns

professores, preocupados com a aprendizagem de seus alunos, utilizam o trabalho

prático como solução para os problemas do processo de ensino. Mas isso só será

eficiente se os experimentos forem utilizados de forma adequada, pois muitas vezes

o professor está preocupado com o produto e não com o processo, enfatizando os

resultados e desmerecendo os processos de coleta e análise dos dados.

A justificativa do trabalho envolve o fato de que a experimentação no ensino

de Química constitui um recurso pedagógico importante que pode auxiliar na cons-

trução de conceitos (FERREIRA et al, 2010). Juntamente com o ensino por

investigação, os alunos são colocados em situação possível de se realizarem

pequenas pesquisas, combinando simultaneamente conteúdos conceituais, procedi-

mentais e atitudinais (POZO, 1998).

Para Carvalho et al. (1999), as atividades de caráter investigativo utilizam

questões problematizadoras que ao mesmo tempo despertam a curiosidade e

orientam a visão do aluno sobre as variáveis relevantes do fenômeno a ser

estudado, fazendo com que eles levantem suas próprias hipóteses e proponham

possíveis soluções.

Acreditamos que a realização de atividades experimentais em suas

diferentes modalidades, tais como experimentos de laboratório, demonstrações e

outras tem sido muito importante para o processo de ensino, pois, em qualquer dos

casos, essas atividades devem possibilitar o exercício da observação, da formulação

de indagações, da análise e sistematização de dados.

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O presente trabalho busca analisar o tema “Ligações Químicas”, conteúdo

curricular da disciplina de Química de forma mais atrativa, animadora e

macroscópica, voltada para a realidade dos alunos, envolvendo aulas práticas, jogos

didáticos, resolução de exercícios após cada experiência e elaboração de conceitos,

pois o conteúdo ligações químicas se configura em um sistema de conteúdos

referentes à estrutura das substâncias, suas propriedades e aplicações, assim como

um conhecimento necessário para compreender os aspectos estruturais das

transformações químicas (BARRETO e BRANDÃO, 2008).

Aprender a enxergar o mundo com os olhos da Química é abrir novas

perspectivas e oportunidades que engrandecem as pessoas, tornando-as mais

participativas e atentas ao desenvolvimento científico e tecnológico do mundo atual.

E o ensino de Química moderno e renovado pode ser uma alavanca para que isso

se concretize (RODRIGUES et al, 2007).

O objetivo deste estudo, portanto, é consolidar a apreensão do

conhecimento sobre ligações químicas pelo aluno e possibilitar a compreensão de

propriedades relevantes de materiais e substâncias que fazem parte de nossas

vidas. Por isso, buscou-se trabalhar o teórico para refletir sobre a articulação entre

os saberes científico e cotidiano, mediante o uso de atividades experimentais

demonstrativas investigativas, para ensinar Química em um contexto escolar real.

2 - BREVE FUNDAMENTO DAS LIGAÇÕES QUÍMICAS

O assunto ligações químicas comumente é trabalhado em aulas de química

na primeira série do ensino médio e nos semestres iniciais dos cursos de formação

de professores de química. Isso se deve, possivelmente, à importância desse

conhecimento para a compreensão de outros assuntos trabalhados na disciplina, ou

apenas porque compõe a listagem de conteúdos selecionada para ser “vista” em um

determinado nível na formação dos/as estudantes (FERREIRA E PINO, 2003).

As ligações químicas representam um assunto de fundamental importância e

seu conhecimento é essencial para um melhor entendimento das transformações

que ocorrem em nosso mundo (TOMA, 1997).

De qualquer modo, é possível afirmar que a compreensão dessa temática –

os diferentes modelos de ligações químicas – por parte dos/as estudantes passa a

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ser uma preocupação dos/as professores/as de química, uma vez que muitos veem

esse assunto como um conteúdo “básico” para o estudo desse componente

curricular (SILVA et at, 2003).

Os conceitos que envolvem a ligação entre átomos ou entre moléculas são

tratados de forma dogmática, podendo levar o estudante a pensar que essas

ligações podem ser vistas o que lhes permitiria, a partir disso, caracterizar, classificar

e diferenciar as substâncias. Ao contrário, pensamos que o conteúdo de ligações

químicas deva ser desenvolvido especialmente no ensino médio a partir das

propriedades observáveis das substâncias (fenômenos/transformações) para, então,

direcionar o trabalho para a compreensão dos modelos de ligações (nível atômico-

molecular), já que por meio destes podemos explicar os diferentes

comportamentos/propriedades dessas substâncias. Ou seja, trata-se de uma prática

que pode (re)significar em nível microscópico o vivenciado no nível macroscópico.

(FERREIRA e PINO, 2003).

Nessa linha de pensamento, idealizou-se uma implementação em sala de

aula do assunto “ligações químicas”, tendo como principal intuito a compreensão

desse conteúdo por parte dos alunos de forma a atender as demandas relativas à

sociedade em reação ao processo de ensino nas escolas.

3 – A APLICAÇÃO DO PROJETO EM SALA DE AULA.

A implementação do projeto foi realizada no CEEBJA Santa Clara, ensino

Fundamental e Médio. O planejamento do trabalho foi desenvolvido considerando o

Projeto Político Pedagógico da escola, os princípios político-pedagógicos da SEED e

os objetivos do projeto orientados pelas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná.

O público alvo dessa aplicação foi uma turma do ensino médio composta,

aproximadamente, por vinte alunos no turno da noite. A implementação da proposta

de intervenção refere-se à aplicação do material didático produzido durante o

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE e foi desenvolvida durante o

primeiro semestre de 2014.

As atividades foram adaptadas ao conteúdo de ligações químicas e à

realidade da escola. A implementação ocorreu em oito encontros que estão

descritos a seguir.

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3.1 - Primeiro encontro

Os alunos foram divididos em duplas, constituindo um total de sete grupos. A

cada grupo foi dado um questionamento com o intuito de compreender os

conhecimentos prévios sobre ligações químicas e para utilizar tais conhecimentos

como orientadores da prática estabelecendo possíveis alterações de rota.

A seguir os alunos assistiram a dois vídeos: o primeiro vídeo intitulado Tudo

se transforma , com duração de 12min23s, o qual faz uma abordagem breve sobre

a perspectiva histórica e diversos aspectos da Química, a começar pelo surgimento

dessa ciência até o seu conhecimento contemporâneo. O segundo vídeo intitulado

Uma breve história da ligação química, com duração de 15min14s, mostra os

principais acontecimentos que levaram à descoberta da estrutura do átomo,

ressaltando que o conhecimento da estrutura do átomo é fundamental para entender

cada ligação química, moléculas e compostos iônicos. Os vídeos foram utilizados

como uma estratégia didática adequada ao planejamento, aliada ao interesse e à

curiosidade dos alunos.

Após apresentação dos vídeos, os alunos com os mesmos grupos formados

realizaram três atividades: A) União de íons, realizada com tabelas de cátions e

ânions e com a tabela periódica para que pudessem consultar e obter os dados

necessários; B) Construção de ligações, realizada com esferas de isopor e

utilizando anéis de fita adesiva ou palitos, procuraram unir as esferas, a fim de obter

conjuntos eletricamente neutros e construir modelos de outras moléculas; C) Jogo

das Fórmulas Iônicas, composto por 109 pequenos cartões contendo símbolos dos

íons. Cada jogador procurava fazer corretamente a fórmula de um composto com as

cartas de que dispunham. Durante o jogo, todos os jogadores anotavam no caderno

as fórmulas montadas e, ao final da atividade os alunos responderam a alguns

questionamentos relacionados ao conteúdo apresentado.

3.2 - Segundo encontro

Esse encontro foi dividido em dois momentos.

A) Estudo dos textos Elementos químicos: Características e importância

sobre a importância dos elementos no cotidiano, e Os Metais no Cotidiano , a

respeito do tema ligação metálica cujo enfoque central são as ligas metálicas e seus

usos. Os alunos realizaram a leitura dos textos, com o objetivo de ampliar

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conhecimentos e promover reflexões a respeito de questões sociais, éticas,

tecnológicas e ambientais envolvidas e, em seguida, elaboraram questões que

foram transferidas para cartazes e expostas em sala de aula para discussão.

B) Aula experimental: trabalhou-se com as Normas de Segurança do

Laboratório e roteiros das atividades práticas. A seguir, foram formados grupos de

três alunos para realizar experimentos relacionados a alguns comportamentos e/ou

propriedades das substâncias. O experimento 1 abordou a condutividade elétrica

das substâncias; o experimento 2 tratou dos estados físicos da matéria e,

finalmente, o experimento 3 trabalhou com a solubilidade. Vale lembrar que os

experimentos foram realizados de forma investigativa e dialógica. Assim, as

atividades possibilitaram aos alunos a construção de novos conceitos, despertando

o interesse pelos temas abordados.

3.3 – Terceiro Encontro

Com instruções e supervisão da professora, os alunos visitaram dois sites:

http://www.youtube.com/watch?v=dnWxabCAGdo e

http://www.youtube.com/watch?v=zrOVnJVPe8g, que apresentavam um estudo da

ligação iônica (L.I.) e da ligação covalente (L.C.), A seguir, os alunos formaram

duplas para manusear modelos de elétrons e átomos com o uso do retroprojetor. Ou

seja, com os dedos, os alunos iriam movimentar modelos de elétrons, átomos e

ligações feitos com transparências sobre o retroprojetor, fazendo diferentes

combinações, identificando e agrupando os compostos com ligações iônicas e

covalentes.

3.4 - Quarto Encontro

No início da aula, foi entregue aos alunos uma lista de exercícios sobre

substâncias que são encontradas no nosso cotidiano e fez-se uma breve explicação

sobre a atividade. Os alunos formaram duplas para construir e representar

estruturas moleculares com bolinhas de isopor e palitos, para visualizar a

organização dos átomos ou íons em moléculas ou cristais, possibilitando a

compreensão do assunto com a utilização de material concreto.

Após essa atividade, realizou-se um momento de discussões sobre os

procedimentos e resultados obtidos além de sanar possíveis dúvidas dos alunos a

respeito do assunto.

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3.5 - Quinto encontro

Com os materiais e as substâncias distribuídas nas bancadas do laboratório

de química, os alunos formaram duplas para ler o roteiro da atividade prática

intitulada “ Os semelhantes se atraem?” (HESS, 1997).

Os alunos realizaram várias misturas, analisaram a polaridade e a

solubilidade das substâncias de uso doméstico, discutiram sobre os acontecimentos

e anotaram as observações no caderno. Ao final, todas as equipes socializaram os

resultados obtidos, discutindo-os.

3.6 - Sexto encontro

Após a explicação da professora sobre o jogo “Dado Químico” , os alunos,

ainda em duplas, realizaram a atividade com auxílio da tabela periódica.

O jogo “Dado Químico” tinha a finalidade de combinar elementos da tabela

periódica e formar substâncias por meio da estruturação de suas fórmulas. Cada

jogador deveria jogar um dos dados para selecionar a família dos elementos e

anotar em seu caderno; o mesmo foi feito com o outro dado. De posse dos

elementos, o jogador deveria fazer o esquema das ligações e classificá-las e, ao

final do jogo, discutiram o assunto para esclarecer dúvidas e responderam a

questionamentos feitos pela professora de forma dialógica, para possibilitar a

ampliação de conhecimentos.

3.7 - Sétimo encontro

Com instruções e supervisão da professora, os alunos visitaram o site

http://www.youtube.com/watch?v=JhvoHH8QXts, que aborda a geometria molecular

(G.M.), explanando detalhadamente os pares eletrônicos ligantes e não ligantes e a

geometria dos compostos. A seguir, os alunos montaram várias estruturas e

identificaram as geometrias moleculares dos compostos com bolas de isopor e

varetas. Posteriormente, reproduziram em seus cadernos os desenhos das

geometrias obtidas com material concreto. Após a atividade, os alunos tiveram um

momento para discutir os resultados, possibilitando melhor compreensão sobre a

geometria molecular.

3.8 - Oitavo Encontro

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Nesse encontro os alunos, em duplas fizeram as atividades em três

momentos:

A) Palavras cruzadas sobre tabela periódica e ligações químicas, com a

finalidade de ampliar conhecimentos.

B) Modelo de cristais de cloreto de sódio : os alunos se basearam nas

informações fornecidas pela professora sobre os raios do íon Cl- e do íon Na + e

utilizaram fita adesiva (ou palitos), 3 esferas de isopor com diâmetro 3cm, 3 esferas

de isopor com diâmetro 2cm para construir o modelo. Discutiram com os colegas

uma forma de unir as seis esferas que receberam de modo a obter um modelo que

representasse três moléculas de NaCl unidas entre si. Por fim, reuniram-se com os

colegas das demais equipes e, juntos, montaram um modelo de cristal de NaCl,

utilizando todos os conjuntos construídos.

C) Elaboração dos relatórios: os alunos formaram duplas e iniciaram os

relatórios das atividades práticas com objetivo de ampliar seus conhecimentos e

promover reflexão e discussão. Essa atividade levou em conta as participações em

aula, resolução de exercícios, realização dos experimentos executados durante as

aulas e outras observações pertinentes ao processo de ensino e de aprendizagem.

4 - ANÁLISES DOS RESULTADOS

Em cada atividade do projeto de implementação, percebia-se o envolvimento

dos alunos de uma forma diferente do que quando trabalhado em sala de aula de

forma tradicional. Portanto, acredita-se que os resultados foram muito satisfatórios.

Em relação aos resultados obtidos com os questionamentos realizados no

início do projeto com o intuito de compreender os conhecimentos prévios dos

alunos, pode-se perceber que proporcionaram uma reflexão sobre todas as

atividades elaboradas e a reestruturação das mesmas para melhor aproveitamento

por parte dos estudantes. Nesse sentido, explicitaremos a seguir os resultados

desse momento.

As respostas dos alunos aos questionamentos iniciais foram divididas em

três categorias de análise. Assim, foram aceitas como corretas as respostas em que

o aluno responde de acordo como o conceito cientificamente correto, expressando

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com suas palavras, mas utilizando termos adequados. Foram classificadas como

confusas ou parcialmente corretas aquelas respostas em o aluno não demonstrou

clareza na forma de se expressar ou se expressou utilizando termos inadequados.

Foram consideradas erradas as respostas em que ficou claro o desconhecimento do

tema ou conceito.

Resultados obtidos com os questionamentos

1- Como se pode explicar o fato de que existem muito mais substâncias conhecidas do que elementos químicos?

Corretas 28,57%

Parcialmente corretas 42,86%

Erradas 28,57%

2- Você já ouviu dizer que os átomos se ligam? Porque será que isso acontece?

Corretas 57,14%

Parcialmente corretas 14,29%

Erradas 28,57%

3- De todos os elementos químicos conhecidos, apenas seis (6), os gases nobres ou raros, são encontrados na natureza na forma de átomos isolados. Os demais se encontram sempre ligados uns aos outros, de diversas maneiras, nas mais diversas combinações. Por que será que isso acontece com esses elementos? O que os diferencia de outros elementos químicos?

Corretas 33,33

Parcialmente corretas 16,67

Erradas 50,00

4- Algumas substâncias estão muito presentes no nosso dia a dia, mas com nomes diferentes do nome oficial. Cite alguns exemplos.

Corretas 100%

Parcialmente corretas -

Erradas -

5– A água é uma das muitas substâncias essenciais à sobrevivência humana. A fórmula H2O representa uma estrutura simples. Você já parou para pensar como uma fórmula tão simples representa uma substância com propriedades tão peculiares e como se forma?

Corretas 40%

Parcialmente corretas 20%

Erradas 40%

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Com os dados anteriormente descritos, organizaram-se todas as demais

atividades de forma a torná-las mais significativas para o processo de aprendizagem

dos alunos.

Além disso, pode-se perceber que, com a utilização de recursos

diferenciados, o interesse pelas aulas aumentou significativamente. Os alunos se

envolveram nas atividades de forma participativa de modo que se tornaram agentes

na construção de novos conhecimentos.

Destaca-se também que, durante as atividades e após a realização das

mesmas, os alunos participavam com interesse dos momentos de reflexão, se

envolvendo nas discussões e troca de informações, inclusive com perguntas,

pesquisas e comparações com outros grupos. A utilização de vídeos como recursos

de sensibilização para o tema, como um exercício de identificação dos conteúdos-

chave junto com a abordagem do conteúdo ou mesmo como uma atividade de

avaliação ou revisão dos conteúdos desenvolvidos apresentou-se como estratégia

didática adequada ao planejamento, alinhada com o interesse e a curiosidade dos

alunos.

Nos momentos em que o lúdico foi trabalhado, houve claramente a

promoção do pensamento lógico dos alunos contribuindo para a aprendizagem de

conceitos e também para ampliar as relações interpessoais e o lado afetivo e social

do grupo. Esse fato leva a acreditar em sua eficiência como estratégia didática.

Durante as atividades lúdicas, os alunos ainda participaram da avaliação do

próprio jogo, levando em conta sua relevância como estratégia. Avaliaram ainda

seus colegas e fizeram uma auto-avaliação de seu desempenho. Por outro lado, a

professora, como mediadora de todo o processo, ganhou um espaço precioso de

avaliação do desempenho dos seus alunos.

Quando as atividades realizadas utilizaram textos, também se percebeu o

envolvimento dos alunos. Vale lembrar que se tomou o cuidado nas escolhas de tais

materiais de forma a tentar garantir um bom aproveitamento de todos os estudantes.

Além disso, os alunos entraram em contato com as implicações sociais, éticas,

tecnológicas e ambientais relacionadas ao tema.

Nota-se que, quando a aula envolvia experimentos, os alunos trabalharam

de forma dedicada e envolvida, tentando responder aos questionamentos e

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pensando em formular hipóteses para os acontecimentos. Salientamos também que

as atividades experimentais permitiram um contato mais direto entre a teoria e a

prática.

Com a atividade de palavras cruzadas realizada pelos alunos, observou-se

também o envolvimento, a curiosidade, o interesse em saber, aprender e a

participar.

Percebe-se também que a atividade realizada pelos alunos utilizando bolas

de isopor permitiu uma melhor compreensão da organização dos átomos ou íons em

moléculas ou cristais de substâncias encontradas no cotidiano, conforme conclusão

detectada nas próprias falas e posturas dos alunos. Assim, a aula permitiu um

ensino integrado e a possibilidade de atingir os objetivos propostos com motivação e

eficiência de forma a proporcionar a certeza de que a Química não pode ser

reduzida a uma mera descrição de propriedades macroscópicas e de suas

mudanças ou de memorização de fórmulas e nomes.

Outra atividade diferenciada foi a simulação pelos alunos utilizando os dedos

para realizar os movimentos dos elétrons, átomos e das ligações com a

transparência sobre o retroprojetor. Essa atividade possibilitou-lhes motivação,

interesse e a aquisição do conhecimento abstrato. Apesar de observar a confusão e

a dificuldade em identificar ligação iônica e covalente, o evento real realizado pelos

alunos por meio de animações e movimentos constituiu em uma ferramenta atrativa,

possibilitando um estudo mais adequado.

Ao realizar um trabalho em que a avaliação fosse processual, verificou-se

que a evolução dos alunos, no que se refere a aprendizagens de conceitos

químicos, foi significativa e atendeu às orientações dentro do campo de

investigações relacionadas a um Ensino de Química mais eficaz.

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando os resultados, pode-se perceber que os alunos se sentem mais

motivados para entender o conteúdo de química quando se faz uso de aulas em que

eles podem participar mais e que sejam mais dinâmicas, havendo interação entre

eles, a professora e o objeto de estudo.

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É bastante eficaz a realização de um diagnóstico prévio da turma com o

intuito de saber o nível de conhecimento, as experiências de vida de cada um,

motivações e interesses. Esses conhecimentos podem orientar todas as atividades

pensadas pelos professores, a fim de adequá-las aos alunos. Assim, pode ser

elaborar os planos de aula de acordo com os anseios da turma, a fim de desenvolver

sua capacidade de compreensão, análise, senso crítico e, principalmente, inseri-los

na sociedade de forma mais conscientes e participativos.

Durante o decorrer do projeto, diferentes estratégias de ensino foram

elaboradas e utilizadas. O preparo de tais atividades com cuidado e organização

possibilitou aos alunos terem sempre os roteiros de tais atividades e a clareza do

que deveriam fazer.

Cada atividade foi testada com cuidado de forma a valorizar a

contextualização e promover um entendimento de que a Química, muito mais do que

um componente curricular abordado em sala de aula, pode proporcionar um melhor

entendimento do mundo que nos cerca.

Considera-se ainda que, quando as aulas são trabalhadas dentro de um

contexto em que haja relação com a realidade do aluno, a aprendizagem é mais

significativa, e a prática da interação entre alunos e professores é uma forma de

buscar soluções para sanar os conflitos gerados no cotidiano da sala de aula. Nesse

sentido, é possível maior êxito na aprendizagem do conteúdo ensinado.

Além disso, acredita-se que o Programa PDE de forma geral é de grande

importância para a formação dos professores, pois possibilita um retorno à

Instituição de Ensino Superior e consequente contato com a academia e com

pesquisas que vêm sendo desenvolvidas na área de Ensino de Química, troca de

conhecimentos com outros professores (tanto do PDE quanto da própria

Universidade), enriquecimento da prática pedagógica e, principalmente, um

enriquecimento pessoal.

Para finalizar, destaca-se a participação de professores no Grupo de

Trabalho em Rede (GTR) que possibilitou a socialização do Projeto de Intervenção

Pedagógica elaborado pelo Professor PDE com os demais professores da Rede,

contribuindo para refletir sobre a prática pedagógica de todos e ampliar as

possibilidades de atuação em sala de aula.

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6 - REFERÊNCIAS:

BARRETO, S. R. G.; BRANDÃO, M. D.. Retro projetor de auxílio ao ensino de química. Paraná: UEL. Monografia (Especialização). Programa Integrado de Pós - graduação em Educação, Departamento de Química, Universidade Estadual de Londrina UEL, 2008.

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