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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

UNESPAR – CAMPUS DE CAMPO MOURÃO

PDE - PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

DISCIPLINA DE GEOGRAFIA

PROFESSORA PDE: CONCEIÇÃO APARECIDA ZANATTO DOS SANTOS

PROFESSOR ORIENTADOR: DR. VICTOR DA ASSUNÇÃO BORSATO

O ESTUDO DA PAISAGEM E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO

ENSINO DE GEOGRAFIA

CAMPO MOURÃO

2014

FICHA PARA CATÁLOGO DE PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

PROFESSOR PDE/2014

Título

O estudo da paisagem e as dificuldades de

aprendizagem no ensino de Geografia.

Autor Conceição Aparecida Zanatto dos Santos

Escola de Atuação Colégio Estadual 29 de Novembro

Município da escola Araruna – Pr

Núcleo Regional de Educação Campo Mourão

Orientadora Prof. DR. Victor da Assunção Borsato

Instituição de Ensino Superior UNESPAR/FECILCAM

Área do Conhecimento Geografia

Produção Didático-Pedagógica Unidade Didática

Público Alvo Alunos do 6º Ano

Localização Colégio Estadual 29 de Novembro

Rua: Rio Grande do Sul 185

Fone/Fax: (44) 35621680

Araruna – Paraná

Resumo

Esta unidade é um material composto por várias

oficinas com abordagem centrada no tema “O

estudo da paisagem e as dificuldades de

aprendizagem no ensino de Geografia”. A proposta

é um material didático que se configura como um

instrumento para entender a dinâmica do espaço,

vindo em auxílio do planejamento das ações da

prática de Intervenção na Escola, que é uma das

etapas do PDE. Conhecendo a preocupação dos

professores de Geografia, principalmente pelas

dificuldades de aprendizagem com relação aos

conteúdos teóricos como na aplicação destes na

vida prática, considerando que se o aluno não

entende os conceitos sobre paisagem, não poderá

atuar de forma crítica no espaço que o cerca. Como

ainda predomina nas escolas públicas estaduais o

ensino norteado pela Geografia Tradicional com

prioridade da memorização e a reprodução de

conteúdo trabalhado, é relevante pensar em fazer

intervenção mostrando aos alunos outra visão de

ensino, inserindo nas aulas uma metodologia que dê

prioridade à Geografia Crítica. A unidade didática,

portanto, busca proporcionar ao coletivo escolar

conhecimentos sobre esta metodologia, de forma

que estas proporcionem suporte e amparo para que

possam desenvolver com qualidade sua prática

pedagógica no cotidiano escolar, resultando na

mediação do conhecimento que torne os alunos

críticos, reflexivos e atuantes no meio em que

vivem.

Palavras-chave

Estudo da paisagem; Geografia Tradicional;

Geografia Crítica; Alunos atuantes

Conceição Aparecida Zanatto dos santos

Professora PDE

APRESENTAÇÃO

As tecnologias evoluem numa velocidade jamais imaginada em tempos

passados e acompanhando esse progresso, os meios de comunicação também

avançam. Criaram-se um aparado tecnológico disponível à toda a sociedade e hoje

chega à camada mais pobre da população. Mesmo assim a aprendizagem básica

não consegue acompanhar. Professores deparam com dificuldades de interpretação

e compreensão da realidade socioeconômica do dia a dia da população.

Não tem como se falar sobre as dificuldades de aprendizagem na sala de aula

sem conceituá-la. Alguns fatores estão relacionados à dificuldade de aprendizagem

do aluno na sala de aula e precisam de investigação, podendo-se citar como

exemplo a indisciplina, a violência, possíveis transtornos mentais, a participação da

família na escola, entre outros.

Para Amaral (2011), o real conceito de dificuldade de aprendizagem, segundo

a autora, refere-se a um distúrbio que pode ser gerado por uma série de problemas

cognitivos, emocionais ou neurológicos, que podem afetar qualquer área do

desempenho escolar.

Kiguel (1996. Apud AMARAL, 2011, p. 67), afirma que dificuldades de

aprendizagem seriam incapacidades funcionais ou dificuldades encontradas na

aprendizagem de uma ou de várias áreas do conhecimento escolares.

Nesse sentido, o professor de Geografia, precisa estar atento em relação às

dificuldades de aprendizagem do aluno, porque pode estar relacionado a algum

distúrbio ou transtorno que esteja prejudicando a compreensão do conteúdo

ensinado na sala de aula.

É importante ressaltar que a pesquisa é indispensável aos licenciados em

Geografia, na medida em que seu objetivo principal é o de promover a construção

de conhecimentos científicos significativos para todos aqueles que participam do

processo de ensino-aprendizagem.

A partir do momento que o professor percebe que um ou mais de seus alunos

estão com dificuldades de aprendizagem em sua disciplina ele precisa pesquisar

novas metodologias de ensino que permitam uma compreensão do conteúdo

associando a teoria à prática, de modo que o aluno consiga assimilar o novo

conhecimento aprendido e relacioná-lo com suas experiências de vida.

Acerca da Geografia, pode se dizer que a metodologia serve como um

instrumento para a construção da compreensão sobre o espaço geográfico.

O conhecimento científico da Geografia é complexo, e isso exige que o

professor utilize metodologias dinâmicas, planejando sempre suas aulas para que se

inicie tentando responder as dúvidas de seus alunos, que na maioria das vezes

surgem do senso comum. O aluno sente mais prazer em estudar quando o conteúdo

tem como ponto de partida as várias questões que permeiam os seus pensamentos

e que quando conceituados de modo ideal leva-os a gerar novos conceitos

elaborados e sistematizados, os chamados conhecimentos científicos.

Vygotsky (1998) escreveu que o professor deve entender como ocorre o

processo de formação dos conceitos pelas crianças e os classifica em conceitos

espontâneos, que são construídos aleatoriamente e conceitos científicos, que

necessitam de um processo especial para sua assimilação.

Nos conceitos científicos que a criança adquire na escola, a relação com o

objeto é mediada, desde o início, por algum outro conceito. Assim, a própria

noção de conceito científico implica uma certa posição em relação a outros

conceitos, isto é, um lugar dentro de um sistema de conceitos (VYGOTSKY,

1998, p.104).

Um aluno com dificuldade de aprendizagem não consegue compreender o

significado ou conceito de uma palavra e, por isso, provavelmente ficará

comprometido o entendimento do conteúdo em questão, impossibilitando-o de

avançar na disciplina.

A proposta de intervenção desta unidade projeto é usar uma metodologia

fundamentada na Geografia Crítica para trabalhar o conteúdo paisagem, buscando

superar as dificuldades na aprendizagem do sexto ano.

É importante diferenciar os conceitos de espaço geográfico da paisagem, pois

muitas vezes são vistos como o mesmo. Maciel e Marinho (2011, p. 58), ao

discutirem sobre a paisagem no ensino da Geografia afirmam que:

É comum em alguns livros didáticos do Ensino Fundamental, principalmente

entre os dos 6º e 7º anos, verificarem, entre os primeiros capítulos, o estudo

da paisagem, revelando as diferenças entre paisagem natural e paisagem

cultural. A primeira se refere a paisagem ainda intocada pelo homem, não

transformada, numa segunda natureza. Já a segunda, estaria ligada a

paisagem já modificada e trabalhada pela ação humana. Uma atividade

bastante comum é pedir para os alunos confeccionarem cartazes com

imagens que mostrem a paisagem natural, como também, a cultural.

Deste modo, além dos autores conceituarem a diferença entre a paisagem

natural e a paisagem cultural, também conhecida como paisagem humanizada, eles

citam que essas definições são comuns também nos livros didáticos dos sextos e

sétimos anos.

É preciso que o professor de Geografia esteja sempre a buscar novos

saberes e aprofundar os conhecimentos já existentes. Sobre paisagem, Santos

(1988) afirma que as transformações históricas que ocorrem em nossa sociedade

implicam diretamente na paisagem, pois desde o começo dos tempos modernos as

cidades contavam com inúmeros jardins e isso está se tornando cada vez mais raro

provocando a transformação da paisagem natural em paisagem cultural.

Contudo, o professor enquanto sujeito articulador do processo de ensino

aprendizagem precisa levar o aluno a questionamentos que permitam refletir

criticamente sobre o conteúdo que está sendo assimilado. Questões como, por

exemplo: Ainda existe paisagem natural? Podem ser elaboradas e servir como

instrumento para uma reflexão crítica sobre o espaço geográfico nos dias atuais, e

além do mais, ainda é possível e necessário vincular a resposta aos conteúdos

estruturantes das Diretrizes Curriculares da Educação Básicas de Geografia do

Estado do Paraná (PARANÁ, 2008).

Fonseca (2008) reflete sobre a função do professor e explica que é preciso

ensinar os alunos a aprender a aprender, a aprender a pensar, a aprender a estudar,

a aprender a se comunicar, e não apenas reproduzir e memorizar informações e

conteúdos, e sim desenvolver competências de resolução de problemas, tornando-

se sujeitos críticos e ativos na transformação da sociedade.

Esta unidade esta organizada em oito oficinas que vão orientar a

implementação da produção pedagógica na escola e também fornecer subsídios

para construção do próxima atividade que é o artigo final.

OFICINA 1 (4 H/A)

APRESENTAÇÃO DO PROJETO

Apresentação do projeto aos alunos, problematização do tema, conceituar

geografia, espaço geográfico, paisagem, paisagem natural, paisagem cultural/

humanizada.

Objetivo: Apontar as relações homem/meio a partir do domínio dos conceitos

de espaço geográfico, paisagem e representação do espaço.

Procedimento metodológico: Expor aos alunos o projeto e vídeo sobre

paisagem utilizando a TV pen drive, também/fotos imagens de paisagens de lugares

com campo de cultivos diferentes, como cana-de-açucar, soja, mandioca entre

outras.

A seguir apresentar pequeno vídeo sobre paisagem (endereço abaixo)

http://www.youtube.com/watch?v=JMZsTpL0CkM

Leitura, debate e copia dos conceitos abaixo:

Geografia: é a ciência que estuda o conjunto de fenômenos naturais e

humanos que constituem aspectos da superfície terrestre, ou seja, estuda a

organização espacial, considerando a distribuição e relação Homem X Natureza.

Espaço Geográfico: é o espaço que foi ou está sendo construído pelos seres

humanos, ou seja, é a natureza transformada pelo trabalho humano, esse espaço

construído pode ser pequeno ou grande e ainda apresentar movimento ou não, bem

como elementos naturais e construídos, esse espaço também é formado por

elementos muitas vezes invisíveis como o barulho dos automóveis, os odores da

poluição, o vento ou os laços de amizade entre as pessoas.

https://www.google.com.br/search?q=imagem+de+espaço+geográfico+de+dominio+publico&biw

Paisagem: é o resultado de todos os elementos presentes em um local, A

paisagem não é o espaço, pois se tirarmos a paisagem de um determinado lugar, o

espaço não deixará de existir. A paisagem é mutável, isto é, ela se transforma ao

longo do tempo, em função das diversas formas de produção do espaço pelas

atividades humanas e naturais.

Paisagem natural: é tudo que vem de origem da natureza sem sofrer

alteração pela ação humana como montanhas, rios, florestas, etc.

Figura 01 – A foto é um exemplo de paisagem natural, ela mostra um quadro com floresta

“floresta estacional semidecidual” Essa vegetação recobria todo o interior do estado do

Paraná antes da década de 1950.

Fonte: acervo pessoal

Paisagem humanizada: é aquela que sofreu transformações pela ação

humana, como construções de casas e estradas, indústria, pontes e muito mais.

Figura 02 – A foto é um exemplo de paisagem humanizada, ela mostra, parcialmente uma

área de pastagens no município de Araruna Paraná.

Fonte: acervo pessoal

Após a discussão e cópia sobre os conceitos acima algumas questões reflexivas

sobre o tema:

1- A Geografia é a ciência que estuda a organização do espaço que constituem

aspectos da superfície terrestre. Diante desta colocação responda: A geografia é

uma ciência importante? Justifique.

2- Na zona rural da cidade de Araruna cultiva-se mandioca, no município de Maringá

pratica-se o cultivo da cana de açúcar. Existem diferenças entre essas duas

paisagens? Observe as imagens abaixo e justifique.

Figura 3 – A foto A mostra uma plantação da mandioca (Manihot esculenta Crantz). A foto B mostra uma plantação de cana de açúcar (Saccharum officinarum L.). Ambas, no município de Araruna.

A

B

Fonte: acervo pessoal

3- De acordo com as definições apresentadas no vídeo sobre paisagem e suas

transformações. Escreva de maneira resumida o que diferencia paisagem natural de

humanizada.

4- Nos dias atuais onde o consumismo e a necessidade de se produzir cada vez mais é

crescente. Analise e responda: Ainda existe alguma paisagem natural no município

de Araruna? Se sim, onde se localiza? Se não, por que?

5- Represente no quadro abaixo um desenho dos tipos de paisagem: natural e

humanizada.

Natural Humanizada

AVALIAÇÃO: a avaliação nesta oficina será feita no decorrer da mesma,

através da participação do aluno e por meio da correção dos exercícios, os quais

serão recolhidos e verificado o desempenho individual.

OFICINA 2 (4 H/A)

EVOLUÇÃO DAS PAISAGENS

Iniciaremos o desenvolvimento do conteúdo teórico “paisagem”, atrelado às

dimensões econômicas e políticas do espaço geográfico.

Objetivo: Compreender as transformações históricas que ocorreram e

ocorrem no espaço geográfico, o papel da sociedade na produção da paisagem,

para que possam fazer analogias críticas nas respectivas temporalidades.

Procedimento metodológico: Inicialmente será solicitado aos alunos que

representem através de desenho como eles imaginam que era a cidade de Araruna

à 50 anos atrás.

Na sequência será entregue cópias do texto para que os alunos façam a

leitura e reflitam sobre o texto, a seguir promoveremos debate, onde irão expor suas

opiniões sobre as transformações do espaço.

Como seria a paisagem que vemos hoje pela janela à 40 anos atrás? Como

os primeiros habitantes de Araruna sobreviviam, já que a região era tomada por uma

densa floresta? Que atitudes principais fez com que a cidade, tivesse uma grande

mudança até chegar ao que é hoje? (demais questões que surgir no decorrer da

aula).

Texto: Paisagem: Dimensão Econômica e Política do Espaço1

As primeiras sociedades humanas abasteciam-se por meio de caça, pesca e

coleta, disputando com outros animais o alimento disponível.

Com o aumento da população humana e com a Revolução Industrial2, tornou-

se necessário obter o máximo de produção, por isso, os espaços naturais foram

sendo remodelados de acordo com as necessidades do homem.

O homem subjuga a natureza ao seu bel prazer, fazendo as alterações que

ele julga importante para sua sobrevivência.

É interessante observarmos as relações estabelecidas entre os grupos sociais

e o meio ambiente, tanto de caráter político como econômico, assim temos uma

visão melhor de como e porque as paisagens foram, são e estarão sempre sendo

(re) construída.

A paisagem reflete a sociedade que nela habita, ela é o resultado das

necessidades humanas, sua transformação é fruto de intensa atividade econômica,

visando sempre o bem estar humano, mas é importante que os seres humanos

percebam a necessidade de que se preciso buscar o equilíbrio entre

produção/consumo, para assim controlar o desgaste da natureza.

A paisagem é formada por elementos que podem ser de domínio natural,

humano, social, cultural ou econômico e que se articulam uns com os outros, ela

está em constante processo de modificação, sendo adaptada conforme as

atividades humanas, ela retrata as relações sociais estabelecidas em um

determinado local.

Após a leitura, debater o texto e será solicitado também que os alunos façam

um desenho, representando a paisagem da cidade de Araruna, hoje.

1 Texto produzido com base nas obras de: Krajewski et al (2004); e Amilcar et al (2000).

2 Revolução industrial: foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII

e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas.

AVALIAÇÃO: nesta oficina, a avaliação será feita pela participação dos alunos

na leitura e no debate e também através da representação da paisagem com os

desenhos. Serão dois desenhos, um antes da leitura e debate sobre o texto e outro

após. Os desenhos serão expostos no painel da sala de aula, onde permanecerá até

o final do trabalho, depois cada aluno recolherá o seu e irá anexa-lo em seu caderno

de geografia.

OFICINA 3 (4 H/A)

ESPAÇO GEOGRÁFICO.

Dimensões culturais e socioambientais do espaço geográfico.

Nesta oficina, exploraremos as relações da sociedade com a natureza.

Continuação do desenvolvimento do conteúdo teórico “paisagem” atrelado às

dimensões culturais e socioambientais do espaço geográfico.

Objetivo: Mostrar aos alunos que a paisagem se apresenta de várias formas e

o que ela revela sobre a relação sociedade-natureza.

Procedimento metodológico: Cada aluno receberá uma cópia do texto para,

primeiramente fazer uma leitura silenciosa. Na sequência, com a classe disposta em

círculo faremos a discussão sobre o que nos mostra o texto.

Texto: Paisagem, dimensão cultural e socioambiental do espaço3.

Pensar a paisagem na dimensão cultural e socioambiental nos faz lembrar

que paisagem cultural é o resultado da ação do homem e da sociedade sobre a

natureza, sobre o ambiente, resultando espaços urbanos e rurais.

Como lembra Milton Santos (1997, apud SUERTEGARAY, 2001, p. 5)

"Paisagem é o conjunto de formas, que, num dado momento, exprime as heranças

que representam as sucessivas relações localizadas entre o homem e a natureza".

Ou ainda, “A paisagem se dá como conjunto de objetos reais concretos".

3 Texto produzido com base nas obras de: Hucitec (1997), Suertegaray (2001), Rocha (2008).

Entende-se que a paisagem não é o espaço, pois não há, na verdade,

paisagem parada. Ela é materialidade, formada por objetos materiais e não

materiais.

A paisagem é produto das transformações irregulares que o homem produziu

ao longo do tempo, conjunto de formas heterogêneas, de idades diferentes, pedaços

de tempos históricos representativos das tantas maneiras de realizar as coisas, de

construir o espaço, é cultura, é o universo das condições políticas e econômicas,

como resultado da implantação espacial das técnicas.

A paisagem interioriza uma infinita categoria de realizações humanas,

dispostas em tempos diferentes, num mesmo espaço.

“A paisagem não é nada mais do que o conjunto de mediações, ou

propriamente a cultura. Ela se processa como história viva, participando das formas

que se constroem no espaço, transforma o ambiente e passa a ser testemunha da

sucessão dos meios de trabalho, em um resultado histórico acumulado”. (BESSE

apud ROCHA, 2008)”:

AVALIAÇÃO: a avaliação desta oficina será considerando a participação dos

alunos na atividade e também será solicitado que façam uma pesquisa com os

moradores mais antigos do lugar (pode ser os pais ou vizinhos), investigando como

era a paisagem desse lugar, se era floresta ou alguma atividade agrícola diferente

da praticada hoje, quais as transformações mais importantes que ocorreram nesse

espaço, sua opinião sobre as mudanças ocorridas. (essa pesquisa será individual e

em seu espaço de moradia: bairro). Essa pesquisa será entregue ao professor para

avaliação e também fornecer subsídios para elaboração do artigo final.

OFICINA 4 (4 H/A)

AULA NO LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA

Aula no laboratório de informática: Pesquisa e apresentação em slides sobre

a paisagem

Objetivo: compreendendo que a paisagem se apresenta de diversas maneiras

no cotidiano.

Procedimento metodológico: Essa atividade será realizada em grupo,

prevendo que alguns alunos poderão ter dificuldade em trabalhar com computador.

- Iniciar a atividade deixando os alunos a vontade com o computador para

fazerem uma sondagem como a máquina funciona, observando e auxiliando os que

tem mais dificuldades (sempre com vistas do professor).

- Solicitar aos alunos que pesquisem no google (Google-Earth), filmes, textos

ou trechos de filmes sobre paisagem.

- Na sequência, solicitar que eles escolham entre um dos trechos o que mais

gostaram, para a seguir copiarem no pen drive (do professor).

- Retornar a sala para vermos e fazer debate sobre os textos ou trechos de

filmes escolhido.

- Cada aluno fará um pequeno relatório sobre a aula e sobre o que foi

pesquisado por ele, citando o que mais chamou sua atenção.

AVALIAÇÃO: se dará no decorrer das atividades e considerando a

participação do aluno e também a correção do relatório.

“Ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou

sua construção”. Paulo Freire (2000, p. 22).

OFICINA 5 (4 H/A)

TRABALHO EM GRUPO

Orientar trabalho em grupo com o uso da fotografia como meio de ampliar o

entendimento sobre “paisagem”. Para a apresentação do trabalho os alunos farão as

fotos na aula de campo e também se utilizarão de fotos de paisagens diferentes

disponibilizadas pelo professor de seu acervo pessoal.

Objetivo: Destacar a evolução da paisagem, identificando lugares e suas

transformações.

Procedimento metodológico: Nessa atividade o professor disponibilizará

algumas fotos do acervo pessoal, haja vista que a aula de campo será a próxima

atividade.

Na sequência, o professor irá organizar os grupos e conduzir uma

conversação com os alunos sobre a aula de campo, para tanto, utilizará as

fotografias (arquivo pessoal) e promoverá um diálogo com a turma sobre as

imagens. No final será solicitado aos alunos para que façam um relatório individual

colocando suas considerações sobre as paisagens observadas.

ATIVIDADES: cada equipe escolherá uma ou mais foto, depois irá descreve-

la para o grupo seguindo a ordem abaixo:

- Que tipo de paisagem, natural ou humanizada?

- Houve alguma transformação na paisagem escolhida? ( ) sim ( ) não

Quais?

- Por que as paisagens sofreram e sofrem transformações?

- Quais os pontos positivos e quais os pontos negativos dessas

transformações?

- Como a equipe avalia a imagem escolhida, é uma paisagem que mudou ao

longo dos tempos ou não? Qual a opinião da equipe.

- Quais os cuidados que devemos ter com a paisagem, levando em conta o

equilíbrio ambiental?

- A paisagem retratada preserva a memória cultural do lugar, ou seja, houve a

preocupação com a preservação da história do local? Justifique.

Avaliação: nesta oficina, a avaliação será de acordo com a participando,

empenho e as respostas das atividades e no relatório.

OFICINA 6 (4 H/A)

AULA DE CAMPO

Aula de campo em áreas rurais e urbanas no entorno da cidade – dessa

forma é possível, no mesmo momento focar as categorias de paisagens urbanas e

rurais.

Objetivo: Proporcionar a visualização e assimilação de conceitos expostos,

visualizar no local algumas diferenças entre as duas paisagens.

Procedimento metodológico: Com a conscientização da direção e equipe

pedagógica realizar um passeio no entorno da escola, uma vez que a localização da

mesma nos proporciona uma visão dos tipos de paisagem: rural e urbana. Nessa

atividade os alunos podem fotografar ou filmar os aspectos mais interessantes.

Podem usar o celular que é um instrumento presente na vida de quase todos os

alunos.

- Solicitar aos alunos que observem a paisagem a sua volta.

- Primeiramente fazer um passeio com os alunos no espaço próximo da

escola (urbano), observando as transformações que estão ocorrendo nesse espaço.

- A seguir, estender o passeio para área rural e seguindo as instruções

prévias.

- Após as duas observações; em sala de aula, solicitar para que faça um

relatório sobre o que foi observado nas duas paisagens, (rural e urbana) anotando

as principais diferenças e semelhanças que possa ter sido observadas e o que mais

chamou a atenção, podendo inclusive ilustrar com desenhos.

ATIVIDADES:

- Na localidade que visitamos (rural) descreva como a paisagem se

apresenta?

- O que está sendo cultivada neste espaço;

- Como esse espaço deveria ser melhor utilizado.

- Liste nas tabelas abaixo aspectos positivos e negativos observados em cada

na área visitada/paisagem visitada: Urbana e Rural

AREA URBANA

POSITIVO NEGATIVO

AREA RURAL

POSITIVO NEGATIVO

AVALIAÇÃO: a avaliação se dará com participação na aula de campo e com

os exercícios acima.

OFICINA 7 (4 H/A)

ELABORAÇÃO DE CROQUI DA AULA DE CAMPO

Elaboração de croqui para representar as paisagens observadas

anteriormente. (Nessa atividade foi escolhido o croqui devido à disponibilidade do

espaço físico).

Objetivo: Analisar como é o olhar do aluno sobre a paisagem após o estudo

feito, os croquis facilitam o entendimento do conteúdo.

Procedimento metodológico: Com o auxílio da rosa dos ventos os alunos irão

se localizar no espaço, após os estudos feitos nas oficinas anteriores, irão reproduzir

o espaço como entenderam e darão a ideia que o professor precisa para saber se

assimilaram o conhecimento de maneira contextualizada. Para isso se utilizarão do

contorno/mapa do espaço percorrido na aula, um contorno de campo será feito do

espaço onde a escola está localizado que tem ao seu entorno uma pequena área

preservada e também uma área rural e entregue um para cada aluno.

- Primeiramente o professor fará uma explanação oral do que é um croqui

para que os alunos entendam a atividade; em seguida os alunos receberão um

contorno do espaço e farão o croqui desse espaço já observado nas oficinas

anteriores.

- Na sequência, os alunos irão se organizar em dupla ou equipe de no

máximo quatro integrantes (cada um com as anotações feitas nas observações

espaciais) e produzirão um texto que será recolhido para avaliação.

- Cada equipe receberá duas folhas de cartolinas ou sulfite A4, e farão um

desenho de cada uma das paisagens observada (rural e urbana). Esses desenhos

serão expostos em sala de aula para visitação dos demais sextos anos

AVALIAÇÃO: a avaliação será através do croqui, desenho e da produção do

texto feito pelo aluno.

OFICINA 8 (4/A)

CONFECÇÃO DE CARTAZES

Conclusão com elaboração de cartazes/papelógrafos com as fotos coletadas

na aula de campo e apresentação de seminário.

Auto avaliação. Nessa atividade será o fechamento do projeto.

Objetivo: Verificar se os alunos assimilaram o conteúdo trabalhado nas

oficinas.

Procedimento metodológico: Os alunos irão confeccionar cartazes com fotos

e imagens de diferentes paisagens. Essa atividade permite observar como o aluno

entendeu o conteúdo.

- Os cartazes serão expostos em sala de aula, onde os alunos podem explicar

oralmente a proposta do cartaz elaborado.

- Será promovido uma conferência para que os participantes exponham suas

opiniões sobre o trabalho realizado:

1- Se foi positivo ou negativo;

2- Tendo oportunidade, faria mudanças na paisagem observada? Por que?

3- Na paisagem, estão presentes elementos naturais e culturais? Explique.

Após, cada aluno fará auto avaliação respondendo as questões que seguem:

ÓTIMO BOM REGULAR RUÍM

Participei das

atividades

propostas?

Ajudei a equipe

ou fui omisso?

Soube aproveitar

o tempo para

fazer as

atividades?

Assimilei o

conceito

trabalhado?

Soube valorizar

a atividade?

De acordo com

minha

participação em

qual nível me

encaixo?

Fui sincero na

minha

avaliação?

Qual o conceito

para essa

maneira de

trabalho

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essas ações propostas nesse material “projeto de intervenção” foram

divididas em oito oficinas de 4 horas conforme apresentadas no projeto de

intervenção, totalizando 32 horas. Previstas para aplicação no primeiro semestre do

ano de 2015, com a finalidade de coletar dados e informações para a elaboração do

artigo final com os resultados obtidos durante o período de intervenção do projeto.

Os trabalhos produzidos pelos alunos serão selecionados para apresentação

à comunidade escolar. Os resultados desta proposta serão analisados e

organizados em um artigo científico.

REFERÊNCIAS AMARAL, Sílvia Adriane Teixeira. Dificuldades de aprendizagem: uma realidade no contexto escolar. ESAB, vol. 01, nº. 04, 2011. Disponível em: <http://revistadaesab.com/?p=326>. Acesso em: 29/01/2015. CASTROGIOVANI, Antônio Carlos. [et al] (Org). Inquietações geográficas. Porto Alegre: Edição dos Autores, 2000, p. 104. FILIZOLA, Roberto. Didática da Geografia: proposições metodológicas e conteúdos entrelaçados com a avaliação. 2ª ed. Curitiba: Base Editorial, 2010. p.120. FONSECA, Vitor. Cognição, neuropsicologia e aprendizagem: abordagem neuropsicológica e psicopedagógica. Petrópolis: Vozes, 2008, p.184. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra. 2000, p.144.

KRAJEWSKI, Angela Corrêa, GUIMARÃES, Raul Borges e RIBEEIRO, Wagner Costa. Geografia Pesquisa e Ação. 1ª Ed. Moderna, 2004 p.322. MACIEL, Ana Beatriz Câmara e LIMA, Zuleide M. Carvalho. O conceito de paisagem: diversidade de olhares Sociedade e Território. Natal, v. 23, nº 2, p. 159 -177, jul./dez. 2011. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Diretrizes curriculares da educação básica de geografia. Curitiba 2008. ROCHA, José Carlos. Diálogo entre as categorias da geografia: espaço, território e paisagem. In: Caminhos de Geografia Uberlândia v. 9, n. 27 p.128 – 142, set/2008. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/viewFile/15724/8897>. Acesso em: 21/10/14. SOUZA, Osvaldo Rodrigues de. História Geral. São Paulo: Editora Ática, 1977, p. 374. SUERTEGARAY, Dirce Maria Antunes. Espaço geográfico uno e múltiplo. Scripta Nova Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona. Nº 93, 15/07/2001. Disponível em: <http://www.ub.edu/geocrit/sn-93.htm>. Acesso em: 20/10/14.

VYGOTSKY, L. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 159.