OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · básica de todos os professores que têm...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
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ATIVIDADES LÚDICAS COMO FORMA DE MOTIVAÇÃO EM SALA DE AULA DE LÍNGUA INGLESA
Maria Lurdes Kassiano – Professora PDE Anelise Copetti Dalla Corte – Orientadora
RESUMO: As atividades lúdicas podem contribuir para uma aprendizagem mais significativa estimulando, assim, a construção do conhecimento. Os alunos, quando utilizam os jogos, levantam hipóteses, discutem e criam possibilidades para que a aprendizagem se efetive por meio da socialização do conteúdo. Por meio de jogos e brincadeiras os alunos interagem e trocam conhecimentos de forma produtiva. Para a criança, o brincar deve ser a atividade principal do dia. Ela é importante, pois fornece o poder de tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si, aos outros e o mundo, partilhar, expressar sua individualidade e identidade por meio de diferentes linguagens. As atividades trabalhadas na intervenção pedagógica em sala de aula foram jogos, dinâmicas e brincadeiras diversas. Além disso, os alunos foram estimulados a produzirem seus próprios jogos, melhorando, com isso, a interação e, consequentemente, as práticas linguísticas em sala de aula. Nos serviram de suporte teórico autores como Teixeira (1995); Brenelli (1996), Bagno (1999) Antunes (2002), Kishimoto (2000); Schmitt (2000); Kishimoto (2000); Gardner (2001); Brasil (2006); Paiva (2007); DCEs (2008).
PALAVRAS-CHAVES: Motivação. Lúdico. Aprendizagem. Língua Inglesa.
INTRODUÇÃO
Este artigo representa uma resposta às inquietações a respeito das atividades
lúdicas nas aulas de Língua estrangeira Moderna (LEM). O desafio de ensinar nos
dias atuais, com tantas tecnologias e informações à disposição dos adolescentes,
leva-nos a refletir sobre o papel da escola na formação social dos alunos, ao mesmo
tempo em que os professores, em suas práticas educativas, devem buscar caminhos
alternativos. Por isso, a transformação da prática pedagógica na sociedade atual
vem se amparando cada vez mais em atividades lúdicas, no intuito de contribuir no
processo de ensino/aprendizagem.
O uso das atividades lúdicas em sala de aula tem se tornado um assunto
bastante relevante, visto que ensinar, especialmente uma língua estrangeira,
pressupõe o uso de estratégias para que o processo de ensino-aprendizagem possa
acontecer de forma mais interessante e atraente. Trabalhar com jogos (palavras
cruzadas, jogo da memória, dominó, bingo de palavras) nas aulas de Língua
Estrangeira, permite ao professor enriquecer sua prática pedagógica ajudando o
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educando a estabelecer relações e interações, favorecendo o desenvolvimento de
habilidades comunicativas.
Pode-se dizer que uma metodologia baseada no uso de atividades lúdicas
torna o processo de ensino/aprendizagem mais prazeroso ao educando. Através dos
jogos e atividades lúdicas os alunos poderão desenvolver a capacidade em
comunicar-se em uma língua estrangeira. Vale lembrar que a aprendizagem do
léxico também é importante para a construção dos conceitos mais elaborados e para
a produção de sentido para estabelecer uma relação contextualizada.
Por meio de uma atividade lúdica, os alunos passam a ser estimulados a
aprender e praticar uma segunda língua ampliando seus conhecimentos. O ensino
de LEM é uma ferramenta de comunicação entre os homens, onde estes têm acesso
ao conhecimento e às diferentes formas de pensar, criar, sentir e também conhecer
a cultura de outros povos, o que proporcionará ao aluno uma formação mais
abrangente e eficaz.
Um desafio para aplicar as atividades lúdicas nas aulas de Inglês diz respeito
à educação do Campo, que os alunos não tiveram, e não tem acesso à Língua
Inglesa nas séries iniciais e, ao chegarem no 6º ano, deparam-se com algo
totalmente novo. Por isso, se fez necessário trabalhar de forma diferenciada, para
que os alunos pudessem compreender a língua estrangeira.
Diante desse fato, foi necessário recorrer aos estudos de áreas que
pudessem contribuir para o desenvolvimento deste trabalho, com o objetivo de criar
condições, através de atividades lúdicas educativas, para que os alunos do 6º ano
se sintam mais motivados a aprender a Língua Inglesa. Quando as atividades
lúdicas são apresentadas de forma diferenciada, os alunos passam a ser
estimulados e desenvolvem, assim, maior capacidade de concentração, tendo um
aprendizado mais eficaz.
O visual, as imagens, cores, a prática, o interagir condiciona de certo modo a
forma de aprender e ensinar. Cabe ao professor desenvolver seu papel de agente
mediador do crescimento do aluno, favorecendo a assimilação e socialização dos
conteúdos, buscando resultados satisfatórios da mesma forma que busca melhorar a
relação do aluno com o aprendizado de uma língua estrangeira.
Assim, para o desenvolvimento das atividades na sala de aula foram
utilizados jogos, dinâmicas e brincadeiras como jogos de palavras, jogo da memória,
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bingo com perguntas e respostas a fim de praticar a pronúncia. Além disso, os
alunos foram estimulados a produzirem seus próprios jogos, melhorando, com isso,
a interação e, consequentemente, as práticas linguísticas em sala de aula.
Motivação e o ensino/aprendizagem de Língua Inglesa
Ao analisar os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira -
PCNs (1998) podemos percebe-se que ao ensinar Língua Inglesa aos alunos, a
escola deve fazer com que estes tenham clareza quanto aos objetivos propostos e
que os alunos percebam a importância de se estudar esta língua. A Língua Inglesa
faz parte, hoje, de um conjunto de conhecimentos de grande importância, permitindo
ao seu aprendiz a conhecimento de elementos linguísticos e culturais.
Quanto à aprendizagem, é fundamental considerar os interesses e as
motivações dos alunos, garantindo, assim, uma aprendizagem essencial para a
formação de cidadãos autônomos capazes de atuar criticamente na sociedade em
que vivem. A aprendizagem ocorre, mais significativamente, quando o indivíduo
interage com outros. A comunicação é de suma importância para a aprendizagem de
qualquer língua.
Para Gardner, o indivíduo é impulsionado pela motivação:
primeiramente, o indivíduo motivado esforça-se para aprender a língua, ou seja, há uma tentativa persistente e consistente em aprender o material, fazendo as tarefas, procurando oportunidades para aprender mais, fazendo atividades extras etc. Em segundo lugar, o indivíduo motivado quer atingir um objetivo (...). Em terceiro lugar, o indivíduo motivado irá apreciara tarefa de aprender uma língua (GARDNER, 2001, apud RIBAS, 2008 p. 45).
O autor considera dois tipos de motivação: intrínseca e extrínseca. A
motivação intrínseca é relacionada à atividade por satisfação pessoal (fatores
internos). O indivíduo aprende Inglês por vontade de aprender, por gostar da Língua
Inglesa. Para a motivação extrínseca é preciso se envolver em uma atividade por
algumas pressões externas (fatores externos): a necessidade de alcançar algumas
metas, tais como conseguir um emprego, ser aprovado em um concurso ou até
mesmo demonstrar competência.
Nesse sentido, o professor de Língua Inglesa deve apresentar o conteúdo de
forma interessante, levando o aluno a concentrar-se na aula. Quando o inglês é
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apresentado com atividades lúdicas diferenciadas, os alunos passam a ser
estimulados e desenvolvem, assim, maior capacidade de concentração, tendo um
aprendizado mais eficaz. O ensino de Língua Inglesa desempenha um fator que,
segundo o PCNs-LEM, ‘não é só um exercício intelectual de aprendizagem de
formas estruturais (...), é sim, uma experiência de vida, pois amplia as possibilidades
de se agir discursivamente no mundo’. (BRASIL, MEC, 1998, p.38).
Por meio de jogos e brincadeiras, os alunos interagem e trocam
conhecimentos de forma produtiva. Para a criança, o brincar é a atividade principal
do dia. Ela é importante, pois fornece à criança o poder de tomar decisões,
expressar sentimentos e valores, conhecer a si, aos outros e o mundo, partilhar,
expressar sua individualidade e identidade por meio de diferentes linguagens.
Na escola, o professor, ao aplicar um jogo em sala de aula, deve antes de
tudo conhecê-lo, sabendo assim as suas regras, para então jogar com os alunos.
Por isso, o professor deve estar atento às regras do jogo para que possa repassar
aos alunos de forma que estes entendam o que está sendo proposto. Brenelli coloca
que:
As atividades lúdicas propostas na intervenção pedagógica relacionam-se ao “fazer” e “compreender” visto que o jogo de regras implica a construção de procedimentos e a compreensão das relações que favorecem os êxitos ou fracassos. Assim sendo, o êxito no jogo depende da compreensão do mesmo. (BRENELLI, 1996, p. 38).
A abordagem lúdica requer muita ilustração, seja ela, com figuras, desenhos,
ou com qualquer forma visual que venha contribuir para o processo ensino
aprendizagem. Nas escolas públicas, os materiais não são tão presentes e nem
diversificados para os professores trabalharem em suas aulas, o que faz da
abordagem lúdica um caminho efetivo para a exposição, interação e ensino dos
conteúdos.
São muitas as razões que levam os educadores de LEM a empregarem as
atividades lúdicas no processo de ensino/aprendizagem.
Segundo Teixeira (1995),
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O lúdico apresenta dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço espontâneo. Ele é considerado prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o indivíduo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. É este aspecto de envolvimento emocional que o torna uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia. Em virtude desta atmosfera de prazer dentro da qual se desenrola, a ludicidade é portadora de um interesse intrínseco, canalizando as energias no sentido de um esforço total para consecução de seu objetivo. Portanto, as atividades lúdicas são excitantes, mas também requerem um esforço voluntário. (...) As situações lúdicas mobilizam esquemas mentais. Sendo uma atividade física e mental, a ludicidade aciona e ativa as funções psico-neurológicas e as operações mentais, estimulando o pensamento. (...) As atividades lúdicas integram as várias dimensões da personalidade: afetiva, motora e cognitiva. Como atividade física e mental que mobiliza as funções e operações, a ludicidade aciona as esferas motora e cognitiva, e à medida que gera envolvimento emocional, apela para a esfera afetiva. Assim sendo, vê-se que a atividade lúdica se assemelha à atividade artística, como um elemento integrador dos vários aspectos da personalidade. O ser que brinca e joga é, também, o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve. (TEIXEIRA, 1995, p. 23).
E o autor complementa que
o jogo é um fator didático altamente importante; mais do que um passatempo, ele é elemento indispensável para o processo de ensino-aprendizagem. Educação pelo jogo deve, portanto, ser a preocupação básica de todos os professores que têm intenção de motivar seus alunos ao aprendizado (TEIXEIRA, 1995, p. 49).
Os jogos e brincadeiras na sala de aula podem contribuir para inúmeras
aprendizagens e para ampliação de significados construtivos, tanto para crianças
quanto para os jovens.
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCEs, 2008),
a ‘aula de Língua estrangeira moderna (LEM) deve ser um espaço em que se
desenvolvam atividades significativas, as quais explorem diferentes recursos e
fontes, a fim de que o aluno vincule o que é estudado com o que o cerca’. E a
atividade lúdica vai tomar significado vinculando teoria à prática de forma prazerosa.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:
Educar ludicamente tem um significado muito profundo e está presente em todos os segmentos da vida. Existem inúmeras possibilidades de incorporar a ludicidade na aprendizagem, mas para que uma atividade pedagógica seja lúdica é importante que permita a fruição, a decisão, a escolha, as descobertas, as perguntas e as soluções por parte das crianças e dos adolescentes, do contrário, será compreendida apenas como mais um exercício. (BRASIL, 2006 p.43)
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No caso de LEMs, as atividades lúdicas desenvolvem as quatro habilidades,
explorando a cultura e ressignificando o processo educacional. A utilização de
recursos lúdicos serve como estímulo ao processo de aprendizagem de língua
inglesa, proporcionando ao educando um ambiente prazeroso e motivador. Sendo
assim, a motivação é um dos principais fatores não só para o sucesso da
aprendizagem, mas também para a aquisição de uma língua estrangeira.
Para Kishimoto (2001), existe uma diferença do brinquedo para o material
pedagógico quando afirma:
Ao permitir a manifestação do imaginário infantil, por meio de objetos simbólicos dispostos intencionalmente, à função pedagógica subsidia o desenvolvimento integral da criança. Neste sentido, qualquer jogo empregado na escola, desde que respeite a natureza do ato lúdico, apresenta caráter educativo e pode receber também a denominação geral de jogo educativo (KISHIMOTO, 2001, p.83).
Além disso, o professor precisa preparar bem os jogos com finalidade
educativa para dar sentido à aprendizagem.
Para Antunes (2002),
Jamais pense em usar os jogos pedagógicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento, marcando por etapas muito nítidas e que efetivamente acompanhem o progresso dos alunos. (ANTUNES, 2002, p.37).
O autor acrescenta que ‘Os jogos ou brinquedos pedagógicos são
desenvolvidos com a intenção explícita de provocar uma aprendizagem significativa,
estimular a construção de um novo conhecimento’ (ANTUNES, 2002, p.38). Assim,
os jogos pedagógicos têm que ser planejados pelo professor cuidadosamente, para
saber qual é o objetivo da aula. Para Santos (2002), são lúdicas:
as atividades que propiciem a vivência plena do aqui-agora, integrando a ação, o pensamento e o sentimento. Tais atividades podem ser uma brincadeira, um jogo ou qualquer outra atividade que possibilite instaurar um estado de inteireza: uma dinâmica de integração grupal ou de sensibilização, um trabalho de recorte e colagem, uma das muitas expressões dos jogos dramáticos, exercícios de relaxamento e respiração, uma ciranda, movimentos expressivos, atividades rítmicas, entre outras tantas possibilidades. Mais importante, porém, do que o tipo de atividade é a forma como é orientada e como é experienciada, e o porquê de estar sendo realizada. (Almeida, 2002, p.12).
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Assim o professor, ao aplicar um jogo em sala de aula, tem que estar bem
preparado e ciente de que os alunos irão fazer perguntas além do que foi planejado,
porque no ensino de LEM, um conteúdo possibilita a continuidade a outro conteúdo
que também tem suas variações linguísticas dependendo de vários fatores como
faixa etária, cultura, classe social e adequação ao contexto de uso.
Em relação à gramática, o professor de LEM não pode se restringir ao ensino
de gramática tradicional. Segundo Bagno (2000),
A gramática tradicional tenta nos mostrar a língua como um pacote fechado, um embrulho pronto e acabado. Mas não é assim. A língua é viva, dinâmica e está em constante movimento – toda língua viva é uma língua em decomposição e em recomposição, em permanente transformação. É uma fênix que de tempos em tempos renasce das próprias cinzas (BAGNO, 2000, p.107).
Para Paiva (2007), o ensino de gramática pode, também, ser algo lúdico.
Podemos fazer uso de jogos para trabalhar alguns pontos gramaticais como os
alunos em sala de aula. (PAIVA, 2007, p. 182)
O ensino de gramática deve ser contextualizado e significativo para o aluno.
Sabemos que o conhecimento de algumas estruturas no ensino de LE é necessário,
mas não podem ser trabalhadas de forma isolada e de maneira descontextualizada.
Isso não quer dizer que temos que abolir a gramática de nossas aulas, mas perceber
qual é a melhor abordagem metodológica para se trabalhar com ela.
Dessa maneira, o processo de ensino/aprendizagem de LEM torna-se
significativo e prazeroso no descobrimento do novo, pode ser aplicado em qualquer
nível de formação, fazendo com que o educando chegue aos objetivos propostos,
sentindo-se motivado e interessado, tal recurso é bastante relevante.
Desenvolvendo habilidades a partir do trabalho com jogos
A intervenção pedagógica foi realizada no Colégio Estadual Pe. José Orestes
Preima (Linha Esperança), localizado a aproximadamente 22 km do Município de
Prudentópolis. Os alunos são descendentes de Ucranianos. Sendo uma escola de
Educação no campo, não tiveram acesso à Língua Inglesa nas series iniciais e, ao
chegarem no 6º ano, se deparam com algo totalmente novo, por isso foi necessário
trabalhar de forma diferenciada para que os alunos pudessem compreender a língua
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estrangeira. A verdade é que eles já têm a língua Ucraniana como língua materna e
sentem muita dificuldade em aprender as Línguas Portuguesa e Inglesa.
Levando em conta a cultura dos alunos, as aulas de inglês foram aplicadas de
forma diferenciada, com o objetivo de criar condições motivadoras para a
aprendizagem da língua estrangeira, visto que os alunos estarem inseridos em um
contexto bilígue: Ucraniano e Português.
A Língua Inglesa faz parte, hoje, de um conjunto de conhecimentos de grande
importância, permitindo ao seu aprendiz o conhecimento de elementos linguísticos e
culturais. Neste caso, é necessário considerar os interesses e as motivações dos
alunos, garantindo, assim, uma aprendizagem essencial para a formação de
cidadãos autônomos capazes de atuar criticamente na sociedade em que vivem. A
aprendizagem ocorre, mais significativamente, quando o indivíduo interage com
outros. A comunicação é de suma importância para a aprendizagem de qualquer
língua.
As ações foram desenvolvidas conforme a aplicação dos conteúdos e
divididas em trinta e duas aulas. A atividade inicial empregada foi a conversação,
relacionando os conteúdos aprendidos à prática da pronúncia. Nesta, fase os alunos
já inteirados dos valores que norteiam outras culturas.
O ensino de língua estrangeira deve ser entendido como prática social na
interação professor/aluno e aluno/aluno. Mas quando se trata de ensinar
vocabulário, como nomes de animais, por exemplo, é necessário utilizar estratégias
sem perder o foco por trás dos discursos. Para Schmitt (2000, p.137), ‘O vocabulário
é aprendido gradativamente e é óbvio que isto significa que a aquisição lexical
requer múltiplas exposições a uma mesma palavra’. Sendo assim é preciso expor as
palavras aos alunos várias vezes e de formas diferenciada e também por meio de
jogos lúdicos.
A atividade com o dicionário foi mais complicada, porque eles tinham que
procurar o nome dos animais na parte de português, ver como se escreve em inglês,
tentar pronunciar e procurar no caça-palavras. Nesse processo, foram utilizadas as
quatro habilidades do ensino de línguas: leitura, escrita, audição e fala.
Em relação ao conteúdo sobre os nomes dos animais, foi feito um debate
sobre os animais que tem na região. Como os alunos são do interior e conhecem
vários animais domésticos, foi necessário fazer uma pesquisa antes, assim ficaria
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mais fácil de transpô-las em inglês. Também levei flash cards para que a
aprendizagem se tornasse mais concreta.
Na parte de classificação dos animais (farm animals, wild animals and pets),
os alunos já estavam mais motivados e já sabiam identificar os animais. Nesta
atividade, foram utilizadas frases para o aluno completar com artigo e pronomes
demonstrativos. Eles respondiam e depois escrevia em seus cadernos. Foram feitos
grupos para treinar a oralidade (pronúncia).
Os grupos também confeccionaram o jogo da memória sobre os animais e
algumas profissões. Neste momento, o aluno que achasse o animal ou profissão do
jogo de memória, responderia qual a forma de artigo que pode ser empregada na
palavra. A prática utilizada nesse contexto foi a conversação.
Nas palavras de Kishimoto (1997):
O jogo é um instrumento pedagógico muito significativo. No contexto cultural e biológico é uma atividade livre, alegre que engloba uma significação. É de grande valor social, oferecendo inúmeras possibilidades educacionais, pois favorece o desenvolvimento corporal, estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para a adaptação ao grupo, preparando a criança para viver em sociedade, participando e questionando os pressupostos das relações sociais tais como estão postos. (KISHIMOTO, 1997, p.37).
Neste sentido, é importante levar para a sala de aula, atividades diversas e
criativas para que a criança se prepare para as situações reais em que está inserido.
Antes de introduzir os primeiros números, foi determinado o grau de
familiaridade dos alunos com a noção de pluralidade versus singularidade. Logo em
seguida, foi falado dos números individualmente para depois nomear a quantidade
de objetos que eram mostrados a eles, a fim de avaliar a habilidade de ouvir e falar.
Para compreender melhor os fundamentos dos números, foram aplicados os jogos
sugeridos na produção pedagógica.
Os alunos, em grupo, confeccionaram bingo e caça palavras. Eles escreviam
os números em inglês no caça-palavras. Os quadrados em branco que sobravam,
eles preencheram com letras. Depois, trocaram a atividade com um colega para
encontrar os números.
A fixação dos números era feita por meio de pronúncias do número em inglês,
de exercícios de tradução tanto do inglês para o português, ou vice-versa. Percebe-
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se que os alunos aprendiam com facilidade algumas palavras, mas ainda sentiam
dificuldades ao pronunciá-la.
Para revisar os números foi desenvolvida a prática de leitura e interpretação
de texto com o intuito de estudar o conteúdo referente às horas que os personagens
praticavam as atividades rotineiras do dia a dia. Primeiramente, os alunos
observaram toda a estrutura do texto (datas, títulos, figuras palavras em negrito)
para que tivesse uma ideia do assunto em questão. Fazendo essas inferências os
alunos, fizeram uma leitura minuciosa do texto para procurar informações mais
específicas. E, por último, foi feita uma leitura mais cuidadosa, sem o uso do
dicionário relacionando o significado da palavra no próprio contexto da história.
Os alunos do 6º Ano da escola onde foi realizada a intervenção ainda não têm
maturidade para ver as inferências no texto, isto porque não tiveram nenhum contato
com a língua Inglesa antes. O que eles puderam detectar foi o desenho do relógio
no texto. Assim, adivinharam sobre o tema da leitura. Quanto à revisão dos
numerais, já tinham assimilado a maioria dos números estudados.
Outras atividades lúdicas empregadas foram o bingo e o jogo de memórias. É
uma atividade complementar para fixar vocabulário, reforçar a escrita e praticar a
pronúncia. Os alunos gostam de realizar tal atividade e aprendem de forma divertida.
Foi elaborado pelos alunos cartelas com vários desenhos para formar o jogo
de memória. Os alunos, em dupla, escolhiam os pares de cards (cartões) e eles
eram desafiados a lembrar o máximo de palavras ditas durante o jogo e escrevê-las
em uma lista nos seus cadernos.
Com o Bingo, foi feito de forma diferente: primeiramente, no lugar de
números, usaram desenhos de frutas. Os nomes das frutas eram passados no
quadro negro, treinava-se a pronúncia e reescrita em seus cadernos. Em outro
momento, cantavam-se o nome das frutas em inglês, os alunos tinham que repetir a
palavra e depois escrevia em seu caderno, primeiro em inglês e depois procuravam
em sua cartela o desenho relacionado à palavra.
Nesses jogos, desenvolvem-se as quatro habilidades linguísticas da língua
estrangeira (ouvir, falar, ler e escrever). Além de trabalhar a expressão oral,
podemos trabalhar com o vocabulário e as estruturas gramaticais. Assim, com uma
metodologia bem orientada podemos também melhorar a fixação dos conteúdos
trabalhados.
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Foi feito a interpretação do texto “eating fruit every Day”. Depois foi entregue
aos alunos desenhos com frutas que apresentavam as letras embaralhadas, o aluno
deveria colocar em ordem o nome da fruta. Nesta atividade, o uso do dicionário foi
muito importante, pois os alunos também fizeram uma lista com os nomes das
frutas.
Numa das ações planejadas foi feita a interpretação do texto “what time is it?”,
que fala da rotina de Brian: Hora que acorda, almoça, janta, faz as tarefas, entre
outras. Também foi feita a leitura e interpretação do texto “The Rainbow” Neste
momento foram revisados os nomes das cores. Os alunos fizeram várias atividades
sobre as cores, as frutas e os animais. Uma delas era escrever as palavras nas
colunas divididas em: animais, frutas e cores. Eles também confeccionaram cartazes
sobre as estações do ano e as frutas produzidas nestas épocas do ano.
O desenvolvimento das atividades de acordo com a sequência foi de certa
forma rápida. Penso que isso ocorreu por conta de que os alunos foram
reconhecendo os animais juntando a grafia, pronúncia, ligando com o colega que o
escolheu. Isso facilitou muito o processo.
No final, os alunos já estavam mais familiarizados com algumas palavras e
estruturas da Língua Inglesa. As atividades funcionaram conforme o esperado e nos
deu uma visão clara de que o ensino por meio de atividades lúdicas torna-se mais
interessante e permite um avanço significativo na construção do conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os alunos das escolas do campo muitas vezes não veem o aprendizado de
uma língua estrangeira como algo relevante para os seus estudos, pois pensam que
não será necessário saber uma segunda língua. Nota-se também que a maioria dos
alunos tem dificuldade em aprender uma língua estrangeira. Pensar em utilizar
atividades lúdicas variadas é colaborar para que os alunos consigam adquirir o
conhecimento de uma segunda língua de uma forma diferenciada, motivadora e
prazerosa. Atividades lúdicas são, portanto, recursos pedagógicos que favorecem a
construção da motivação em sala de aula, e a motivação é que estimula o
desenvolvimento do aprendizado por fazer com que haja um ambiente interessante
e descontraído para os alunos.
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Neste colégio onde os alunos já tinham uma segunda língua (o Ucraniano),
percebeu-se que os jogos e atividades lúdicas contribuíram muito para a assimilação
dos conteúdos. No início, a maioria dos alunos encontrou dificuldades em falar uma
terceira língua neste caso o Inglês. A utilização de jogos e brincadeiras em sala de
aula torna as aulas mais dinâmicas e descontraídas, além de despertar o gosto e o
interesse pela aula.
Para tanto, planejamento e objetivos devem ser bem claros e definidos para
que as atividades lúdicas reforcem o aprendizado dos alunos e não sirvam apenas
de passatempo em sala de aula. O trabalho com atividades lúdicas requer
planejamento e criatividade, e elas podem ser desenvolvidas em todas as séries,
mas é preciso adaptar os conteúdos previstos para a série, pois elas também
exigem tempo para serem elaboradas e precisam ser bem aproveitadas. O
aprendizado torna-se mais dinâmico, eficaz e divertido.
Em relação ao processo de ensino/aprendizagem de LEM por meio de
atividades lúdicas, verificou-se que há uma exigência maior para o
professor/educador: uma formação continuada mais crítica e reflexiva, para garantir
aos alunos uma aprendizagem realmente de qualidade. Dessa forma, o professor,
ao aplicar um jogo em sala de aula, deve antes de tudo conhecê-lo, sabendo assim
as suas regras, para, então, jogar com os alunos.
As atividades lúdicas abrem espaço para o aluno relaxar e divertir-se,
principalmente com conteúdos gramaticais mais complexos, além de reforçar o
conteúdo trabalhado. Ou seja, os jogos e outras atividades lúdicas não têm a
finalidade de entretenimento ou divertir a aula. Devem contribuir para reforçar e fixar
o que foi ensinado previamente.
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