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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAL: FERRAMENTA DE
EFETIVAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA
INCLUSIVA.
Verena Maria Simões da Cruz Dittrich1 Sandra Salete de Camargo Silva2
RESUMO. A inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais, no ensino regular/comum é um fato que está articulado a inúmeros movimentos nacionais e internacionais direcionados a uma sociedade mais justa que atenda a todos os cidadãos em suas mais diversas especificidades. Há tempos, profissionais da educação tem se preocupado com a questão da dificuldade de aprendizagem dos alunos. Altos índices estatísticos de alunos apresentam problemas de aprendizagem, refletindo no contexto escolar. Assim sendo, esse estudo tem por objetivo propiciar aos professores que atuam no ensino regular, com alunos em processo de inclusão, subsídios teórico-práticos acerca das necessidades e especificidades do professor da sala de recursos multifuncional. Os procedimentos metodológicos utilizados pautaram-se na análise de dissertações, teses e artigos que contemplassem tal discussão. A presente pesquisa é de cunho bibliográfico, documental e de intervenção pedagógica a partir da análise das produções acadêmicas sobre a Educação Especial/Inclusão e a Sala de Recursos Multifuncional. Evidencia-se a importância de grupos de estudos para que estes contribuam para o reconhecimento desta necessidade, aproximando a comunidade escolar, da efetivação do processo ensino aprendizagem.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Especial; Sala de Recursos Multifuncional; Inclusão; Professores; Alunos.
1. INTRODUÇÃO
A inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais, no ensino
regular/comum é um fato que está articulado a inúmeros movimentos nacionais e
internacionais direcionados a uma sociedade mais justa que atenda a todos os
cidadãos em suas mais diversas especificidades.
Há tempos, profissionais da educação têm se preocupado com a questão da
dificuldade de aprendizagem dos alunos. Altos índices estatísticos de alunos
apresentam problemas de aprendizagem, refletindo no contexto escolar.
1 Professora da Rede Estadual de Educação do Paraná, graduada em Pedagogia pela
Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória, pós-graduação em
Psicopedagogia e Educação Especial, com atuação na Educação Especial desde 2005. E-mail de
contato: [email protected].
2 Professora Doutora Sandra Salete de Camargo Silva, Orientadora do Artigo, do Colegiado de
Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná, Unespar, Campus de União da Vitória. E-mail de
contato: [email protected].
Sendo assim, esse estudo tem por objetivo propiciar aos professores que
atuam no ensino regular/comum, com alunos em processo de inclusão, subsídios
teórico-práticos acerca das necessidades e especificidades do professor da sala de
recursos multifuncional.
Os procedimentos metodológicos utilizados pautaram-se na análise de
dissertações, teses e artigos que contemplassem tal discussão.
O PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional teve grande
relevância para que pudesse através dos grupos de estudos, trocar experiências,
bem como estudar de uma maneira detalhada a sala de recursos multifuncional
como ferramenta de efetivação da Educação Especial na perspectiva inclusiva.
O artigo retratou a questão da história da Educação Especial/Educação
Inclusiva como definidoras de políticas educacionais pós-1990, os documentos
orientadores e normativos que fundamentam a implantação das Salas de Recursos
Multifuncional e o apoio aos alunos com necessidades educacionais especiais em
processo de inclusão, desvelarei a importância de grupos de estudos para que estes
contribuam para o reconhecimento desta necessidade, aproximando a comunidade
escolar, da efetivação do processo ensino aprendizagem, as contribuições do PDE
como efetivação da Educação Especial dentro da formação continuada e algumas
considerações finais.
Ressaltamos que na busca da compreensão sobre a diversidade e a defesa
dos grupos minoritários realizaram-se encontros internacionais, os quais resultaram
em documentos que conclamam a universalização do ensino e da educação
inclusiva, dentre eles destaca-se a Declaração Universal dos Direitos Humanos em
1948, a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, aprovada pela
Conferência Mundial sobre Educação para Todos – Satisfação das Necessidades
Básicas de Aprendizagem, realizada em Jomtien, Tailândia, de 05 a 09 de março de
1990, a Declaração de Nova Delhi sobre Educação para Todos, Nova Dehli, 06 de
dezembro de 1993, a Declaração de Salamanca, Espanha, entre 07 e 10 de junho
de 1994, a Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as formas de
Discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência, na Guatemala em 1999,
o Fórum Mundial de Educação, em Dakar, em 2000, a Conferência de Montreal,
entre os dias 05 e 06 de outubro de 2004, em Montreal, no Canadá, utilizando o
termo deficiência intelectual e não mais mental como havia sido empregado
anteriormente. No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n.º
9.394, de 20 de dezembro de 1996, A Constituição Federal de 1988, o Estatuto da
Criança e do Adolescente de 1990 configuram-se como alguns dos documentos que
garantem o direito de atendimento aos alunos com deficiências.
2. EDUCAÇÃO ESPECIAL- EDUCAÇÃO INCLUSIVA E ATENDIMENTO
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO.
Verifica-se no contexto da história das pessoas com deficiências, que estas
eram ignoradas pela sociedade e principalmente pelas famílias, notoriamente
quando se tratava de educação.
Há quase 400 anos, quando a sociedade era predominantemente agrícola e
rudimentar, numa época quando apenas 2% da população eram escolarizados, e
mesmo o ensino regular era tímido, a educação das pessoas com deficiência
praticamente nem existia, sendo pouco a pouco desenvolvida com o apoio de
pessoas interessadas, mas respaldadas por um governo de segundas intenções.
A educação da pessoa com deficiência se concentrava basicamente no
ensino de trabalhos manuais aos mesmos, na tentativa de garantir-lhes meios de
subsistência e assim isentar o Estado de uma futura dependência desses cidadãos.
A referência para a normalidade passa a ser o posicionamento no rendimento
escolar, e não havia qualquer orientação que balizasse o tratamento dos ditos
"anormais".
Januzzi (2004) afirma que as primeiras iniciativas de encaminhamento da
questão tratam da educação das pessoas com deficiência, desde o século XVI,
durante a colonização do país, até o início do século XX, no Brasil já industrializado.
Com isso cresce o engajamento da sociedade civil e política, concentrando
na educação da pessoa com deficiência a partir do início do século XX, quando a
sociedade civil começava a engajar-se nas causas a favor das pessoas com
deficiência, criando centros de reabilitação e clínicas psicopedagógicas.
Diante de alguns progressos, a educação das pessoas com deficiência era
pauta ausente das Conferências Nacionais de Educação e as reformas em
educação especial visavam educar o normal dentro dos padrões de excelência, sem
realmente favorecer as pessoas com necessidades especiais.
Na busca da equidade continuam retratando a evolução da educação
especial a partir dos anos setenta, década essa que foi considerada pela autora um
marco no assunto, ganhando visibilidade diante de alguns fatos, tais como a criação
do Centro Nacional de Educação Especial (CENESP, posteriormente Secretaria da
Educação Especial - SEESP) em 1973, constituindo o primeiro órgão federal de
política específica para a pessoa com deficiência.
Neste sentido as organizações filantrópicas e campanhas pela causa da
deficiência continuaram se consolidando no país e a escolarização da pessoa com
deficiência ganhou valor, tendo em vista o desenvolvimento do país e a
produtividade do indivíduo, procurando ressaltar a integração ou normalização da
deficiência, inserindo as pessoas com necessidades especiais no cotidiano dos
considerados normais.
Na expectativa de que um órgão nacional conseguisse melhorias e
integração social da pessoa com deficiência, foi criado em 1985 um novo órgão para
integração das populações, a Coordenação Nacional para a Integração da Pessoa
com Deficiência (CORDE), visando aspectos mais amplos do que o CENESP e
oportunizando a participação da pessoa com deficiência em suas decisões,
colaborando não só com a divulgação de orientações que viabilizassem a integração
social da pessoa com deficiência, mas também apontando os motivos que pareciam
dificultar tal feito.
Observa-se, contudo que na década de 1990, com o advento da Declaração
de Salamanca, o governo concebeu o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiência (CONADE), avaliador e aprovador do plano anual do CORDE. O
intuito desse órgão seria facilitar gestões descentralizadas e possibilitar a
comunicação entre sociedade civil e governo.
Porém, com a criação de tantos conselhos, permanecia a escola pouco
democratizada e a educação especial como um sistema de ensino paralelo ao
ensino popular, isso perdurou até os meados do ano 2000, quando mesmo que
tantas vezes influenciada pelos valores da ideologia dominante, a ênfase da escola
começa a centralizar-se em seu poder transformador, necessitando que os
educadores atentem às particularidades dos alunos e valorizando métodos e
técnicas de ensino que atendam às "necessidades especiais" de cada um.
O século XXI trouxe em sua bagagem fatores como avanços tecnológicos e
direitos conquistados, que preencheram diversas lacunas importantes para o bem-
estar do homem, mas ao mesmo tempo, as desigualdades sociais, o progresso
desenfreado, as cobranças acerca da produtividade e a competitividade ameaçavam
a todo tempo tudo o que foi conquistado.
Atualmente, ainda luta-se para que a educação especial seja reconhecida
como parte integrante de uma educação para todos e que Januzzi (2004) afirma que
existem inúmeras dissertações, teses, artigos em revistas, livros, vídeos sobre as
diversas deficiências, no entanto, sob o ponto de vista de formação de professores
apesar de orientações legais nesse sentido, muito se foi realizado e está sendo,
porém, precisam-se repensar em conjunto todos esses caminhos promissores, que
apontam novos rumos educacionais e o grande desafio de modificar a organização
social para que seja possível a apropriação de benefícios a todos os brasileiros.
No Brasil, a história encaminha para a compreensão da trajetória dessa
educação a partir de 1854, constatando-se influências das ações voltadas para o
atendimento das pessoas com deficiências na Europa e nos Estados Unidos.
Observou-se que da Europa herdou-se o modelo de internatos ou de escolas
especiais e dos Estados Unidos as alternativas de classes especiais na escola
comum e as conquistas dos movimentos organizados de pais portadores de
deficiências.
Ao realizar-se uma retomada histórica, dois importantes períodos marcaram
a história da educação especial, caracterizados pela natureza e abrangência das
iniciativas oficiais e particulares. O primeiro de 1854 a 1956, compondo um século
de iniciativas oficiais e particulares isoladas e o segundo de 1957 a 1993, marcado
pelas iniciativas oficiais de âmbito nacional, evidenciando-se a ação governamental
no fim dos anos cinquenta, instituindo-se campanhas específicas para o atendimento
de portadores de deficiência auditiva, visual e mental (JANUZZI, 2004).
Vale ressaltar que nos três níveis de governo (federal, estadual, municipal)
têm sido constantes as dificuldades dos legisladores e educadores para uma
definição clara do atendimento educacional das pessoas com deficiências, aos
poucos esse atendimento passou a ocorrer em instituições educacionais específicas,
as escolas, caracterizando-se como educação propriamente dita, integrando-se ao
sistema de ensino.
Em leituras realizadas observou-se que até 1990 as políticas de educação
especial refletiram, explicitamente, o sentido assistencial e terapêutico atribuído à
educação especial pelo MEC, a partir de 1990, surgem indicadores da busca de
interpretação da educação especial como modalidade de ensino.
Embora não haja uniformidade no atendimento educacional às pessoas com
necessidades educacionais especiais em nosso país, verifica-se que no Estado do
Paraná os dados quantitativos repetem o estabelecido no quadro nacional.
No Paraná, a proposta de educação, na perspectiva de educação inclusiva,
apresenta o serviço de apoio por meio das salas de recursos organizadas pela
Secretaria de Estado da Educação, por intermédio do Departamento de Educação
Especial e Inclusão (DEEIN), com respaldo do Conselho Estadual de Educação
(CEE) (SEED, 2006).
A proposta preconiza o atendimento escolar, com ênfase ao respeito à
diversidade orientando os estabelecimentos de ensino, por meio de um documento
intitulado Diretrizes Curriculares de Educação Especial para a Construção de
Currículos Inclusivos, a buscarem, de forma processual, o redimensionamento das
concepções de práticas educacionais. Objetiva-se a criação de uma rede de apoio
escolar que contemple a diversidade dos alunos que apresentam necessidades
educacionais especiais, salientado que a proposta de educação inclusiva,
denominada inclusão responsável, deve estar registrada nos Projetos Políticos
Pedagógicos de todas as escolas.
A Sala de Recursos só se torna possível quando o atendimento às
pessoas com deficiência ganha caráter oficial, laico e educacional e se apresenta
como proposta quando o fracasso ganha proporções assustadoras ( SILVA, 2003).
Em meados da década de 1970, Silva (2003) esclarece que, seguindo as
referências americanas, em consonância às discussões acerca da segregação das
pessoas com deficiência, havia uma proposta que visava diminuir a distância entre
educação especial e ensino comum/regular, apresentando-se como estratégia para
a integração desse alunado, considerando suas necessidades, contrapondo-se aos
pressupostos segregacionistas, postos pelas classes especiais. Ao mesmo, este
apoio apontava para a normalização das condições de escolarização das pessoas
consideradas diferentes.
O movimento de institucionalização, segundo Aranha (2001), vivido pelos
países ocidentais que se caracterizou por interesses diversos, buscou-se diminuir as
despesas nos cofres públicos cortando gastos com uma população improdutiva e
onerosa.
Nasce com isso a necessidade de integração das pessoas com deficiência
no ambiente escolar, com a intenção de possibilitar as mesmas condições de
desenvolvimento pessoal e profissional.
O movimento em torno da integração foi bastante criticado, porque pautava
na integração do aluno com deficiência ao ensino regular, sem considerar as suas
diferenças, o aluno deveria se adaptar à escola para se aproximar da “normalidade”.
As classes especiais inseridas nas escolas serviriam para “preparar” o aluno para
ingressar no ensino comum ( SILVA, 2003).
Somente em 1980, o termo “inclusão” passou a ser utilizado, ganhando força
a partir da década de 1990, com a Declaração de Salamanca.
A Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994, p. 5), item 10º, preconiza:
O encaminhamento de crianças a escolas especiais ou a classes especiais
ou a sessões especiais dentro da escola em caráter permanente deveria
constituir exceções, a ser recomendado somente naqueles casos
infrequentes onde fica claramente demonstrado que a educação na classe
regular seja incapaz de atender às necessidades educacionais e sociais da
criança [...].
Nesse contexto Vygotsky (1989) aponta diferenças entre o aprendizado e
desenvolvimento, considerando-os processos que caminham concomitantes,
embora o primeiro impulsione o segundo. Dessa forma reitera Vygotsky, o
conhecimento do mundo ocorre por meio do outro. Se for em contato com o outro
que o sujeito se individualiza, a educação é um fator decisivo no desenvolvimento da
criança, reestruturando suas funções cognitivas. Segundo a análise vygotskyana, o
aprendizado-uma atividade interpessoal-antecipa e estimula o desenvolvimento,
gerando o que o autor chamou de zona de desenvolvimento proximal.
Vigotsky (1989, p. 98) afirma que:
Olhar a atividade compartilhada da criança no presente significa enxergar o
seu futuro, pois "(...) aquilo que é o desenvolvimento proximal hoje, será o
nível de desenvolvimento real amanhã - ou seja, aquilo que uma criança
pode fazer com a assistência hoje, ela será capaz de fazer sozinha amanhã.
Nesse sentido, uma proposta de educação inclusiva, desvela no cenário
educativo a necessidade de amplo debate e aprofundamento teórico, pois conduz à
proposição de um trabalho especializado nas escolas para atender às
especificidades de cada aluno, quando possível e preferencialmente em salas de
aula do ensino regular/comum.
Na visão de Pessotti (1984) justificado pela busca por padrões estéticos
atléticos, resultando muitas vezes na morte ou abandono dessas pessoas. Com a
propagação do cristianismo na Europa, as famílias consideravam a possibilidade de
decisão sobre a manutenção da vida das crianças com deficiência, período em que,
essas pessoas passam a ser consideradas criaturas com almas. Em decorrência da
compaixão ou caridade das famílias, muitas pessoas com deficiência deixam de ser
eliminadas e recebem assistência cristã.
Afirma Mazzotta (2011) que o primeiro registro sobre educação especial de
pessoas com deficiência ocorreu na França, por Jean-Paul Bonet, em 1620,
intitulado Redação das Letras e Artes de Ensinar os Surdos a falar. Destacava
ainda, a fundação da primeira instituição especializada para cegos, em 1784, em
Paris, onde já existia desde 1770 uma instituição para surdos.
Em 1832, as pessoas com deficiência física passaram a ser atendidas
institucionalmente na Alemanha. E, a primeira instituição para deficientes mentais foi
o internato público de Massachusetts, em 1848 (CAMARGO-SILVA, 2006).
Destaca Bueno (1993) que no final do século XVIII, as pessoas com
deficiência e os mendigos passaram por um processo de exclusão velada,
improdutivos aos interesses do sistema capitalista, permaneciam isolados em
instituições-asilos, denominados de escola residencial, pública e com o princípio de
atendimento para todos.
Nos dias atuais, encontramos como uma possibilidade de atendimento
especializado em uma proposta inclusiva as salas de recursos multifuncionais como
suporte complementar e suplementar ao atendimento especializado no ambiente
escolar.
Prieto (1998) afirma que o atendimento educacional às crianças com
necessidades especiais, nas classes comuns do ensino regular, por meio do
conhecimento acumulado pela educação especial, possibilita a melhoria na
qualidade do processo.
Vygotsky (1989) defende que para alcançar o desenvolvimento pleno
enquanto ser humano faz-se necessário inserir essas crianças na cultura,
capacitando-as a participar ativamente da sociedade.
Na Sala de Recursos, o professor especificará a programação a ser
desenvolvida observando os processos básicos envolvidos na socialização
compreendendo o uso da linguagem oral e escrita, cálculos matemáticos, atenção,
raciocínio, memória, percepção, formação de conceitos entre outros em consonância
com o currículo da classe comum. (PARANÁ, SEED, s/d1).
Como requisitos para solicitar o atendimento nessas salas são exigidos: um
professor especializado, alunos avaliados, espaço físico adequado e disponível.
Comprovada a demanda de alunos pelo diretor do estabelecimento faz-se
necessário comprovar a especialização do professor na educação especial (ou por
curso adicional ou curso de pós-graduação), nesse caso precisam ainda, Magistério
ou adicional em Educação Especial, vínculo empregatício com o município, lotação
do professor com a instituição onde funcionará a Sala de Recursos (PARANÁ,
SEED, s/d2).
O atendimento especializado, na perspectiva das Salas de Recursos
proporciona apoio e complemento educacional ao aluno que frequenta em horário
contrário o ensino regular. Possibilitando assim, condições necessárias para
acompanhar, com êxito, o processo de ensino e aprendizagem.
O Documento orientador do Estado do Paraná (PARANÁ, SEED, s/d1)
preconiza que:
Na Sala de Recursos, o professor especificará a programação a ser
desenvolvida observando os processos básicos envolvidos na socialização,
compreendendo o uso da linguagem oral e escrita, cálculos matemáticos,
atenção, raciocínio, memória, percepção, formação de conceitos entre
outros em consonância com o currículo da classe comum.
No tocante a Educação Especial, bem como ao atendimento educacional
especializado, é de relevância uma proposta pedagógica que reconheça a
necessária intervenção pedagógica e a interação social, na organização da
aprendizagem para o desenvolvimento das crianças com necessidades
educacionais especiais, junto às demais, educação esta que desvele-se num
instrumento de luta por garantia de direitos, um espaço democrático, de qualidade
social, com alternativas para uma aprendizagem competente, no atendimento às
necessidades de todas as crianças.
3. PDE: DE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL À POLÍTICA
DE FORMAÇÃO CONTÍNUA.
O PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) é uma política pública
do Estado do Paraná, que estabelece o diálogo entre professores do ensino superior
e da educação básica, através de atividades orientadas teórico-práticas, tendo como
resultado a produção de conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar
da escola pública paranaense, tendo como objetivo principal, proporcionar aos
professores da rede pública estadual subsídios teórico-metodológicos para o
desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas, e que resultem em
redimensionamento de sua prática.
A orientação pedagógica está fundamentada nos princípios educacionais da
e nas diretrizes curriculares da SEED(Secretaria Estadual de Educação).
No texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n°. 9394/96, o
tratamento aos profissionais da educação se faz presente em seu Art. 67, Título VI.
Este trata de questões substanciais e, principalmente, dos princípios que devem
nortear a formação dos profissionais da educação, apontando: a formação de
profissionais da educação [...] terá como fundamentos: I) a associação entre teorias
e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço (BRASIL, 1996). Prevê
ainda que: “Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da
educação, assegurando-lhes [...] período reservado a estudos, planejamento e
avaliação, incluído na carga de trabalho” (BRASIL, 1996).
O contido na Lei, embora amplo e flexível, apresenta significativos avanços
em relação à formação dos professores, principalmente quando relaciona aspectos
teóricos e práticos e a capacitação no espaço escolar. Evidencia, assim, a
necessária superação da dicotomia entre teoria e prática na formação continuada
dos professores da Educação Básica, bem como ressalta que a formação docente
deve figurar na jornada de trabalho do professor.
A universalização da Educação Básica, principalmente no Ensino
Fundamental, é uma realidade que requer um grande número de professores para
atender ao contingente de alunos que têm na escola pública o único meio de
apropriação do conhecimento sistematizado e socialmente produzido. Não menos
importante, e um desafio para os Sistemas Educacionais, é a formação em serviço
do professor, sobretudo tendo em vista a superação de políticas e programas de
formação continuada que têm se mostrado ineficientes frente aos complexos
desafios da educação, como o acesso, a repetência e a evasão, entre outros
(BRASIL, 1996).
A partir de 2003, a Secretaria de Estado da Educação do Paraná - SEED/PR
realizou uma análise do ensino público paranaense, por uma necessidade
imprescindível de desencadear políticas para a Educação no Estado. Como parte da
reformulação das políticas públicas no Estado, foi criado o Programa de
Desenvolvimento Educacional - PDE. Este foi idealizado tornando-se uma política de
estado para a formação continuada dos professores da Rede Pública Estadual de
Ensino do Paraná (PARANÁ, on line).
O primeiro processo de seleção ao PDE, ocorreu em 2006, com o objetivo de
suprir 1.200 vagas, distribuídas em dezessete áreas curriculares.
Constatou-se um consenso entre os professores das IES, que o PDE do
Paraná representa um importante passo para a institucionalidade de um programa
de formação de professores/as estaduais. Algumas pesquisas desenvolvidas no
âmbito desse programa têm demonstrado tentativas de reorganização do trabalho
pedagógico, estudos sobre gestão democrática na escola pública, conselho escolar
e sua especificidade, reelaboração do projeto político-pedagógico entre outras ações
estão sendo implementadas nas escolas da rede pública.
Os professores e professoras PDE tem manifestado dedicação e entusiasmo
ao desenvolver as atividades propostas, tanto pelas IES quanto em seus planos de
ação junto às escolas. Suas práticas iniciais uma vez instrumentalizadas passam a
ter um novo sentido, gerando uma nova práxis.
Como nos lembra Paulo Freire, educação não é sinônimo de transferência de
conhecimento pela simples razão de que não existe um saber pronto e acabado. O
saber não é uma simples cópia ou descrição da realidade empírica e estática. A
realidade precisa ser decifrada e reinventada a cada momento, por ser
extremamente dinâmica.
Reafirma-se a necessidade do PDE de se constituir como política pública do
estado do Paraná, por apoderar-se de resultados positivos frente a educação e
consequentemente a uma educação de qualidade à todos.
Nesse sentido, o PDE (PARANÁ, on line) assume os seguintes pressupostos:
a) reconhecimento dos professores como produtores de conhecimento sobre o
processo ensino-aprendizagem;
b) organização de um programa de formação continuada atento às reais
necessidades de enfrentamento de problemas ainda presentes nas escolas de
Educação Básica;
c) superação do modelo de formação continuada concebido de forma homogênea e
descontínua;
d) organização de um programa de formação continuada integrado com as
instituições de ensino superior;
e) criação de condições efetivas, no interior da escola, para o debate e promoção de
espaços para a construção coletiva do saber.
A implementação do PDE, como um Programa que pretende a transformação
da escola e dos professores, exige um período de transição, pois implica em
mudanças na cultura das instituições e no modo de pensar e estruturar a formação.
Essas mudanças não ocorrem somente por meio de decreto ou de mecanismos
puramente burocráticos.
Assim, a Secretaria de Estado da Educação considerou esse elemento e
buscou, pela ação colaborativa, proporcionar condições para a efetiva consecução
do Programa nas IES e nas escolas. Para tanto, assegura-se aos participantes do
PDE todas as condições necessárias para um efetivo aproveitamento.
Atualmente o PDE está consolidado junto às IES e muito se avançou, no entanto,
muitos desafios ainda permanecem dados a dinamicidade, amplitude e caráter
inovador do Programa. (PARANÁ, on line).
Em todo processo formativo a avaliação é uma atividade desafiadora, pois é
tarefa indispensável e, na mesma medida, dinâmica e complexa. Na formação
continuada realizada no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, esta se
apresenta igualmente provocadora à reflexão sobre o processo de ensino-
aprendizagem contínuo ao longo da carreira dos professores da Educação Básica.
O processo avaliativo exige esforço tanto dos Docentes e Orientadores, como
dos Professores PDE, resultando num constante processo de ensino e
aprendizagem para ambos.
Nessa compreensão, a avaliação constitui-se como elemento essencial para
a promoção da aprendizagem, uma vez que, a partir do diagnóstico das
aprendizagens já efetivadas, pode-se redirecionar o processo de ensino para as
futuras aprendizagens e assim, continuadamente. Reitera-se o entendimento de que
nos cursos e nas orientações para as produções necessárias para a conclusão do
Programa, a avaliação deve cumprir com a função de detectar o nível de
conhecimento do Professor PDE, para então imprimir um redirecionamento às ações
do processo de ensino.
4. SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS E PDE: POSSIBILIDADES E
DESAFIOS.
Nas últimas décadas, em decorrência das mudanças sociais, econômicas e
culturais, o mundo todo tem prestado mais atenção na educação, especialmente a
que se desenvolve nos sistemas escolares, submetendo-a a uma análise pública
constante. O resultado desse interesse tem se consubstanciado em reformas
educativas, desencadeadas em grande número de países. Nesse contexto, as
questões relativas à atuação e à formação docente estão no centro de amplas
discussões, ocorridas em fóruns que extrapolam os espaços dos especialistas ou
dos gestores dos sistemas de ensino.
Considera-se imprescindível para qualquer mudança no contexto educacional
uma formação docente adequada e de qualidade social.
Nesse contexto, discutir os pressupostos da formação do professor é pensar
como assegurar um domínio adequado da ciência, da técnica e da arte da profissão
docente, ou seja, é tratar da competência profissional. No seu processo de
formação, o professor se prepara para dar conta do conjunto de atividades
pressupostas ao seu campo profissional. Atualmente, concebe-se essa formação
voltada para o desenvolvimento de uma ação educativa capaz de preparar seus
alunos para a compreensão e transformação positiva e crítica da sociedade em que
vive.
Conceituamos como Formação Continuada, no âmbito do PDE (Programa de
Desenvolvimento Educacional), o movimento permanente e sistemático de
aperfeiçoamento dos professores da rede de ensino estadual, em estreita relação
com as IES, com o objetivo de instituir uma dinâmica permanente de reflexão,
discussão e construção do conhecimento sobre a realidade escolar. Nesse
processo, o professor é um sujeito que aprende e ensina na relação com o mundo e
na relação com outros homens, portanto, num processo de Formação Continuada
construído socialmente. Objetiva-se que essa formação provoque efeitos tanto na
Educação Básica como no Ensino Superior, tais como: redimensionamento das
práticas educativas, reflexão sobre os currículos das Licenciaturas e sua avaliação e
demais discussões pertinentes.
Como já mencionado, a grande crítica aos programas de Formação
Continuada de professores no Brasil é justamente a de considerar que o conjunto
dos docentes se encontra sempre nos mesmos patamares de formação e de
experiência profissional, sendo atendidos por meio de políticas homogêneas, com
ações isoladas e fragmentadas.
Comumente os cursos/atividades de formação apresentam baixa carga
horária, com conteúdos definidos de forma centralizada, desconsiderando as reais
necessidades da demanda de conhecimento teórico-prático dos professores das
escolas. (PARANÁ, on line).
Na intenção de superar esse quadro o PDE propõe um modelo de
formação continuada com acentuada carga horária de cursos realizados no interior
das universidades e faculdades públicas, proporcionando o retorno dos professores
às atividades acadêmicas, sem desconsiderar as questões do cotidiano escolar.
Dessa forma, o professor PDE iniciará suas atividades nesse novo processo
de Formação Continuada, com a elaboração do Projeto de Intervenção Pedagógica
na Escola, a partir das linhas de estudo propostas pela SEED (Secretaria de Estado
da Educação), com base nas Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação
Básica para a Rede Estadual de Ensino, direcionada pelo professor orientador da
IES.
A formação contínua foi organizada com material didático e estratégias
metodológicas, visando atingir os objetivos do Projeto de Intervenção Pedagógica,
cujo título é: “Sala de Recursos Multifuncional: ferramenta de efetivação da
Educação Especial na perspectiva inclusiva”. A mesma apresenta-se como Unidade
Didática em que o Material Didático e as Orientações Metodológicas estão
contemplados de forma concomitante. O material elaborado nesta produção foi
desenvolvido para ser trabalhado com os professores.
Conceituamos como Formação Continuada, no âmbito do PDE, o movimento
permanente e sistemático de aperfeiçoamento dos professores da rede de ensino
estadual, em estreita relação com as IES (Instituições de Ensino Superior), com o
objetivo de instituir uma dinâmica permanente de reflexão, discussão e construção
do conhecimento sobre a realidade escolar. Nesse processo, o professor é um
sujeito que aprende e ensina na relação com o mundo e na relação com outros
homens, portanto, num processo de Formação Continuada construído socialmente.
Objetiva-se que essa formação provoque efeitos tanto na Educação Básica como no
Ensino Superior, tais como: redimensionamento das práticas educativas, reflexão
sobre os currículos das Licenciaturas e sua avaliação e demais discussões
pertinentes.
Como já mencionado, a grande crítica aos programas de Formação
Continuada de professores no Brasil é justamente a de considerar que o conjunto
dos professores se encontra sempre nos mesmos patamares de formação e de
experiência profissional, sendo atendidos por meio de políticas homogêneas, com
ações isoladas e fragmentadas.
Comumente os cursos/atividades de formação apresentam baixa carga
horária, com conteúdos definidos de forma centralizada, desconsiderando as reais
necessidades da demanda de conhecimento teórico-prático dos professores das
escolas. (PARANÁ, on line).
Na intenção de superar esse quadro o PDE propõe um modelo de formação
continuada com acentuada carga horária de cursos realizados no interior das
universidades e faculdades públicas, proporcionando o retorno dos professores às
atividades acadêmicas, sem desconsiderar as questões do cotidiano escolar.
Dessa forma, o professor PDE iniciará suas atividades nesse novo processo
de Formação Continuada, com a elaboração do Projeto de Intervenção Pedagógica
na Escola, a partir das linhas de estudo propostas pela SEED, com base nas
Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica para a Rede Estadual de
Ensino, direcionada pelo professor orientador da IES.
Conforme seu Documento Síntese, o PDE concebe a formação continuada
como “uma dinâmica permanente de reflexão, discussão e construção do
conhecimento. Nesse processo, o professor é um sujeito que aprende e ensina na
relação com o mundo e na relação com outros homens, portanto, num processo de
Formação Continuada construída socialmente” (SEED, 2012).
A concepção de aprendizagem adotada para a formação continuada
efetivada no PDE se pauta nos pressupostos teóricos de Vygostky (1998), por ser
adequado ao contexto do Programa e encontrar sustentação nos princípios teóricos
expostos no Documento Síntese. Vygostsky defende o conceito de Zona de
Desenvolvimento Proximal (ZPD), compreendendo que todo sujeito tem um nível de
desenvolvimento real que pode ser ampliado na medida em que ocorrem as
aprendizagens mediadas pelo social. No caso do PDE, verifica-se a aplicação dessa
teoria no processo de produção do Projeto de Intervenção Pedagógica, da Produção
Didático-pedagógica, e do Artigo Final, os quais requerem o acompanhamento do
Professor Orientador. Nesse contexto, o Professor Orientador atua como interventor
pedagógico para consolidação de novas aprendizagens, e para isso, se faz
necessário acompanhar o trabalho do professor PDE, afirmando assim, a
necessidade da avaliação. (PARANÁ, on line).
O tema foi escolhido considerando que a escola, constitui-se num espaço
privilegiado de possibilidades de interações sociais e de construção do
conhecimento. Para que ela possa atender de forma democrática e com qualidade a
todo alunado e especificamente aqueles que necessitam do atendimento
especializado em sala de recursos multifuncional e diante do que ora foi exposto
temos como problemática: Que recursos (pedagógicos, materiais, humanos) são
necessários nos programas de apoio em sala de recursos que possibilitem aos
alunos com necessidades educacionais especiais condições de uma efetiva
participação no processo ensino-aprendizagem? Quais os fundamentos legais que
amparam este trabalho? Que conhecimentos são necessários ao professor da sala
de recursos multifuncional para uma atuação pedagógica adequada as
necessidades do alunado atendido? Quais as especificidades do aluno da sala de
recursos multifuncional no processo ensino-aprendizagem que interferem no
contexto do ensino regular/comum?
Pensando nessas questões, após realizar os oito encontros descobrimos o
quão importante e necessário se faz realizarmos estudos que nos levem a refletir
sobre as atividades diferenciadas, as quais servirão para a prática pedagógica em
todo espaço escolar.
Neste contexto não podemos deixar de mencionar o GTR (Grupo de
Trabalho em Rede) do qual ressaltamos as contribuições postadas as quais foram
de grande relevância para a prática pedagógica de todos os envolvidos no processo.
Cada experiência partilhada foi uma porta aberta para que se adentrasse o
conhecimento e estas que ocorreram neste Grupo de Trabalho foram as mais
diversificadas possíveis desde a formação continuada, adaptação curricular e
metodológica, experiência na Educação de Jovens e Adultos, nas Salas de
Recursos Multifuncionais, nas APAES (Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais), reabilitação na área de leitura e escrita dentre outras.
Através dessas experiências partilhadas, constatou-se uma Equipe de
Professores Cursistas no GTR (Grupo de Trabalho em Rede) comprometidos e com
trabalhos dignificantes que estão sendo realizados nos Colégios onde certamente só
trarão frutos positivos.
Consta nas Diretrizes Curriculares da educação especial para a construção
de currículos inclusivos (PARANÁ, 2006, p. 20):
Assim decorre uma nova concepção de atendimento especializado que se
estende à diversificada rede de apoio dos recursos humanos, tecnológicos e
materiais que são oferecidos de modo a apoiar e complementar as práticas
realizadas no ensino comum, rompendo com a ideia engessada de que os
serviços especializados resumiam-se apenas às classes e escolas
especiais.
Para a construção do trabalho pedagógico de qualidade nas escolas e nas
salas de recursos multifuncionais é necessário um processo contínuo de
interlocução entre professores e equipe interdisciplinar.
A formação continuada deve ser tomada como uma premissa fundamental. É
importante que a escola promova espaços onde os professores da sala comum e da
Sala de Recursos Multifuncional, possam fazer grupos de estudos, discutir e fazer
estudo de casos, e quando necessário incluir os pais nessas discussões.
Observam-se no contexto das escolas que muitas vezes professores
diretores, pedagogos e pais não conseguem dar os encaminhamentos corretos com
relação às dificuldades apresentadas pelos alunos, causando assim problemas nas
áreas acadêmica, afetivo e social. Portanto, é de relevância uma proposta
pedagógica que reconheça a necessária intervenção pedagógica e a interação
social, na organização da aprendizagem para o desenvolvimento das crianças com
necessidades educacionais especiais, junto às demais.
A educação inclusiva consiste num instrumento de luta por garantia de
direitos, um espaço democrático, de qualidade social, com alternativas para uma
aprendizagem competente, no atendimento às necessidades de todas as crianças.
Destacamos que a política de Educação Especial está direcionada ao
respeito às diferenças individuais dos alunos com necessidades educacionais
especiais e prevê a oferta de atendimento especializado, em contexto inclusivo,
tanto em escolas regulares/comum quanto em escolas especiais para aquela
parcela de alunos que, em função de seus graves comprometimentos ou
necessidade de comunicação diferenciada, requerem atenção individualizada e/ou
adaptações curriculares significativas (SEED, 2006).
A fase de Implementação Pedagógica tornou-se um momento de discussão,
trocas de experiências e principalmente os professores envolvidos neste projeto,
conseguiram parar e refletir sua prática pedagógica, levando em consideração a
Sala de Recursos Multifuncional como ferramenta de efetivação da Educação
Especial na perspectiva inclusiva, desvelando assim o foco ao qual propusemos
estudar. Iniciamos com a Semana Pedagógica, onde colocamos aos professores a
relevância do Projeto, pois ao longo do tempo no Colégio que atuamos, constamos
que a angústia dos professores era com relação aos alunos em processo de
inclusão e como trabalhar com os mesmos.
Neste sentido a Professora Doutora Sandra Salete de Camargo Silva,
encontrou-se com os professores, durante a Intervenção Pedagógica para debater
sobre a Sala de Recursos Multifuncional instigando-os a pesquisa e a troca de
experiências.
Ressaltamos que o processo de inclusão decorre do movimento histórico e
dialético vivido pelas pessoas com deficiência ao longo das sociedades. Nesse
sentido, Camargo-Silva (2006, p. 33) esclarece:
Ao longo da história, pode-se constatar que as pessoas com deficiência
receberam tratamento diferenciado, foram selecionadas e eliminadas,
encaradas com medo e crendices, dotadas de alma e dignas de piedade,
segregadas e exploradas pelo capital. Busca-se então a inclusão.
No decorrer dos encontros estudamos a história da Educação Especial e a
Perspectiva Inclusiva como definidoras de políticas educacionais pós-1990, as Salas
de Recursos do Estado do Paraná, a Flexibilização Curricular e o Currículo
Adaptado, o atendimento educacional especializado na área da deficiência
intelectual, as habilidades e atividades para alunos com deficiência.
Pontuamos a obtenção de resultados imensamente gratificantes, pois
estudamos, trocamos ideias e os professores sempre querendo algo mais, temos
planos em continuar com esse grupo de estudos, pois percebemos que temos
resultados em nossas práticas pedagógicas, através dos relatos, na mudança de
postura frente aos alunos e diante alguns professores que ainda são resistentes a
essa proposta de trabalho.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o estudo procuramos desvelar a questão da Sala de Recursos
Multifuncional como ferramenta de efetivação da Educação Especial na perspectiva
inclusiva e a importância em aprofundar os conhecimentos na formação contínua do
PDE.
Nessa conjuntura, a inclusão de pessoas com necessidades educacionais
especiais, no ensino regular/comum é um fato que está articulado a inúmeros
movimentos nacionais e internacionais direcionados a uma sociedade mais justa que
atenda a todos os cidadãos nas suas mais diversas especificidades.
A prática docente evidencia a necessidade pelos professores da apreensão
e reflexão de conhecimentos básicos para o desenvolvimento de práticas
educacionais direcionadas a um atendimento pedagógico que atenda as
especificidades dos alunos da sala de recursos multifuncional, neste contexto tal
possibilidade permite o atendimento do aluno em sala de recursos multifuncional e
cabe a escola o desafio de desenvolver uma pedagogia alternativa, articulada a
contextos diversos capazes de educar a todos com sucesso.
A inclusão dos alunos proporciona oportunidade para que o discente interaja
com os demais, num processo de desenvolvimento e aprendizagem coletiva, que
culmina na diminuição da discriminação, no real respeito à diversidade e ao
desenvolvimento de atitudes necessárias à construção de uma educação inclusiva.
Nesse processo de relações contraditórias alguns professores se envolvem
com tais propostas, demonstrando ações favoráveis a inclusão, outros se sentem
despreparados e reage contrários a inclusão. No entorno desses movimentos
configuram-se as famílias dos alunos que desejam a inclusão e temem que a
mesma não se efetive a contento e dentro das expectativas de cada um.
Analisamos o contexto da sala de recursos multifuncional, bem como a sua
importância para a formação do aluno com necessidades educativas especiais, e
assim elaborou-se uma proposta de intervenção, que contribuiu para o
reconhecimento desta necessidade, aproximando a comunidade escolar, da
efetivação do processo ensino aprendizagem. Nesse paradigma existente no tocante
a Educação Especial/Educação Inclusiva, pode-se perceber a importância da
formação continuada, pois essa se constitui num espaço privilegiado de
possibilidades, de interações sociais e de construção do conhecimento.
Diante do exposto, para a construção do trabalho pedagógico de qualidade
nas escolas e nas salas de recursos multifuncionais é necessário um processo
contínuo de interlocução entre professores e equipe interdisciplinar. A formação
continuada do professor deve ser tomada como uma premissa fundamental. É
importante que a escola promova espaços onde os professores da sala comum e da
Sala de Recursos Multifuncional, possam fazer grupos de estudos, discutir e fazer
estudo de casos, e quando necessário incluir os pais nessas discussões.
Observam-se no contexto das escolas que muitas vezes professores,
diretores, pedagogos e pais não conseguem dar os encaminhamentos corretos com
relação às dificuldades apresentadas pelos alunos, causando assim problemas na
área acadêmica e afetivo social.
Portanto, é de suma importância uma proposta pedagógica que reconheça a
necessária intervenção pedagógica e a interação social, na organização da
aprendizagem para o desenvolvimento das crianças com necessidades
educacionais especiais, junto às demais.
E a educação inclusiva consiste num instrumento de luta por garantia de
direitos, um espaço democrático, de qualidade social, com alternativas para uma
aprendizagem competente, no atendimento às necessidades de todas as crianças.
Considerando as atividades propostas pelo Programa do PDE podemos
sintetizar que o professor está afastado durante 1 ano para ter sua formação teórica,
e que isso seja importante, segundo os teóricos, e que no segundo ano o professor
tem 25% da sua carga horária na escola para implementar seu trabalho elaborado
durante a 1º fase do programa, ele tem a oportunidade de colocar seu ponto de vista
teórico em prática, ou seja “experimentar” sua análise e reflexão.
O professor afastado pode ter mais clareza de sua ação a partir do momento
em que se afasta da sua prática para ter novas experiências na pesquisa e perceber
se a sua prática condiz com a teoria.
A partir desta reflexão ele elabora seu material didático para que a sua
prática seja ainda melhor e perceber as questões mais relevantes, para que o
aprendizado dos seus alunos seja mais eficiente, ou para que as atividades na
escola sejam melhoradas dependendo da situação de cada professor participante
deste processo.
Importante ressaltar a participação das Universidades Estaduais do Paraná,
que entenderam a proposta e se engajaram nela, fazendo com que o programa
tivesse esta conexão e refletir a sua prática também, pois elas são as primeiras
formadoras e são co-responsáveis pela formação destes professores que voltam aos
bancos escolares para que tenham uma formação continua.
Concluímos que o PDE se enquadra na concepção de Formação
Continuada de grande parte dos estudiosos de renome e de alta credibilidade no
campo educacional, oferece as condições necessárias para estabelecer o progresso
profissional dos professores participantes, bem como a acessibilidade informatizada
e o suporte tecnológico adequado.
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