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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
SIKULUME E OUTROS CONTOS AFRICANOS: O TEMA ÉTNICO-
RACIAL EM SALA DE AULA
Alex Martins Dias1
Maria Carolina de Godoy2
Resumo
O presente artigo tem por objetivo apresentar o resultado do projeto de implementação pedagógica
na escola, bem como relatar os resultados obtidos durante a aplicação do material didático
pedagógico, o qual foi implementado no Colégio Estadual Bento Mossurunga com alunos do 6ª ano
do ensino fundamental, com a finalidade de introduzir a literatura infantil afro-brasileira, além de
discutir questões étnico-raciais. As ações pautaram-se no material didático elaborado para essa
finalidade, que se concretizou em formato de sequência didática. Os resultados obtidos por essa
implementação apontaram para a importância e a necessidade de se discutir a temática negra não só
em sala de aula, mas em todo contexto escolar.
Palavras-chave: Literatura; infantil; contos; africanos
Abstract
This article aims to present the result of pedagogical implementation in the school and report the result
obtained during the application of pedagogical didactic materials which was applied at the State
College Bento Mossurunga, with students of the sixth graders in order to introduce the african-
brazilian children”s literature besides discussing the racial-ethnic relations. The actions guided on the
material developed for this purpose, which has resulted in a didactic sequence format. The results
obtained from this implementation pointed to the importance and the need to discuss the thematic
black not only in the classroom but throughout the school context.
1 Professor da Rede Estadual de Educação do Paraná.
2 Professora orientadora-PDE da Universidade Estadual de Londrina e coordenadora do projeto
“Literatura afro-brasileira e sua divulgação em rede,” financiado pelo CNPq e pela Fundação
Araucária.
Introdução
O presente artigo justifica-se em cumprimento às exigências do Programa de
Desenvolvimento Educacional PDE, ofertado pela Secretaria de Estado de
Educação do Paraná, SEED, em sua etapa final e tem por finalidade apresentar, de
maneira sintética, o resultado das atividades propostas inicialmente por meio do
projeto, bem como o referencial teórico escolhido para referendar esta proposta.
Será apresentado também, ao longo desse artigo, o resultado de todas as atividades
elaboradas no material didático pedagógico, as quais foram aplicadas e
desenvolvidas com alunos do 6º ano do Colégio Estadual Bento Mossurunga, na
cidade de Ivaiporã.
Na perspectiva de ação do Programa PDE, abriu-se um importante espaço
para o estudo, discussão e valorização da cultura africana e afro-brasileira na busca
de uma identidade negra mais positiva no ambiente escolar.
Tradicionalmente, a escola tem agido como se todos os alunos pertencessem
a uma mesma identidade étnico-racial. Então o que fazer para que a escola garanta
a igualdade das relações étnico-raciais no ambiente escolar e fora dela? Como
desenvolver um trabalho eficaz que permita ao professor e à comunidade escolar
resgatar os valores culturais do negro no Brasil? Que atitudes positivas podem ser
incorporadas ao ambiente escolar de modo que os alunos negros possam se ver
representados de maneira positiva? Como a escola promove a igualdade das
relações étnico-raciais?
O objetivo central desse trabalho foi refletir juntamente com os alunos,
educadores, por meio do GTR e comunidade escolar sobre as questões
apresentadas, numa ação comprometida com a construção de uma sociedade justa,
igualitária e menos preconceituosa.
O projeto Literatura afro-brasileira e a construção de uma nova identidade,
buscou contemplar os propósitos expressos pela Lei nº 10639/2003, que
estabeleceu a obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira na
Educação Básica e, assim, tornou-se objeto de estudo na disciplina de Língua
Portuguesa, Literatura Brasileira, História e Arte.
O projeto foi implementado no 6º ano do ensino fundamental e o gênero
escolhido foram as narrativas de tradição oral na cultura africana e afro-brasileira.
Os contos escolhidos e trabalhados com os alunos foram importantes recursos
utilizados na construção de uma identidade cultural, considerando a diversidade em
sala de aula.
De acordo com Bakhtin (1992,p.39) as narrativas funcionam como estratégias
formadoras de consciência, ou seja, a leitura de uma história, de um conto, uma
narrativa enfim, pode proporcionar a oportunidade de se deparar com situações
vividas pelas personagens que provocam sensações, reflexões e formas de
identificação que acrescentam valores na consciência do leitor ao se identificar com
os personagens, gerando assim, um conhecimento ético e estético.
Os contos utilizados na implementação deste projeto de intervenção
pedagógica foram as narrativas, encantadoras, do escritor afro-brasileiro Júlio Emílio
Braz, retiradas do livro Sikulume e outros contos africanos, publicado pela editora
Pallas em 2005. Foi por meio dessas estórias, que a escola e os alunos puderam
conhecer aspectos importantes da cultura africana e afro-brasileira.
O estudo dessa literatura, riquíssima e tão pouco estudada em nossas
escolas, contribuiu não só no âmbito de formar novos leitores como teve o propósito
de possibilitar aos estudantes verem-se representados de maneira positiva, pois ao
ouvirem outras verdades de sua ancestralidade, sua gente, mito e religião, foram
capazes de fortalecer a identidade étnico e cultural de maneira positiva. Como
aponta, por exemplo, o projeto “A Cor da Cultura” que é uma atividade educativa de
valorização da cultura afro-brasileira. Esse projeto teve início no ano de 2004 e, a
partir de então, desenvolve práticas educativas e positivas que valorizam a cultura
afro-brasileira.
O trabalho aqui descrito, desenvolvido no PDE, via literatura, incentivou o
conhecimento de outros grupos étnicos e culturais, seus costumes e valores, e
também, consolidou-se numa prática de respeito à diversidade cultural.
Referencial Teórico
Nas práticas de leitura assumidas pelas Diretrizes Curriculares Estaduais, o
ato de ler é visto como um ato dialógico, interlocutivo. O leitor, nesse contexto, tem
um papel ativo no processo da leitura, e para se efetivar como co-produtor, procura
pistas formais, formula e reformula hipóteses, aceita ou rejeita conclusões, usa
estratégias baseadas no seu conhecimento linguístico, nas suas experiências e na
sua vivência sóciocultural.
Ao se discutir a importância dos estudos literários e o seu papel na formação
do aluno do ensino fundamental e médio, o documento retoma o objetivo III do artigo
35 da Lei de Diretrizes Básicas do Ensino Nacional n.9.394/96: “Aprimoramento do
educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da
autonomia intelectual e do pensamento crítico”(LDBEN,1996,apud Brasil,2006,p.53).
Para dialogar com tal objetivo, os autores das orientações encontram respaldo na
relação que Antonio Candido estabelece entre humanização defendida nesse
objetivo e literatura.
Candido (1995) ressalta que o acesso à literatura é um direito de todo
cidadão. Segundo o autor, os direitos humanos referem-se às coisas indispensáveis
a todos e considera a literatura, fator importantíssimo no processo de humanização
por isso acrescenta:
Entendo aqui por humanização [...] o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, o semelhante (CANDIDO,1995,apud BRASIL,1996,p.54).
O ensino da literatura passa então a valorizar o desenvolvimento das
competências leitoras dos estudantes do ensino fundamental e médio e deixa para
segundo plano aquele trabalho tradicional com listagens de escolas literárias,
contexto histórico, autores, obras, temas e características que, na maioria das
vezes, parecem não fazer sentido algum para os estudantes, o que ocasiona por sua
vez, a desmotivação no ato da leitura. Assim, a literatura, na concepção de Osakabe
(2006,apud Brasil,2006,p.49), é compreendida como um “grande agenciador do
amadurecimento sensível do aluno, proporcionando-lhe um convívio com um
domínio cuja principal característica é o exercício da liberdade”, com vistas ao
“desenvolvimento de um comportamento mais crítico e menos preconceituoso diante
do mundo”.
Trabalhando o Gênero
O gênero conto infantil foi de suma importância na formação leitora das
crianças, e segundo Schneuwly e Dolz (2009) o gênero como um instrumento, de
caráter psicológico, mediador do processo de aprendizagem da criança, no que diz
respeito à leitura e à escrita proporcionando novos conhecimentos e ações .
A literatura infantil e juvenil, mais precisamente as histórias infantis de escritor
afro-brasileiro Júlio Emílio Braz, proporcionou momentos de prazer e descontração,
desenvolvendo a criatividade, imaginação e a fantasia e, desse modo, contribuiu na
formação da personalidade das crianças, interiorizando valores explícitos ou
implícitos nos contos trabalhados em sala.
A literatura infanto-juvenil aciona a fantasia do leitor, colocando “frente a frente dois imaginários e dois tipos de vivências interiores: mas suscita um posicionamento intelectual, uma vez que o mundo representado no texto, mesmo afastado no tempo ou diferenciado enquanto invenção produz uma modalidade de reconhecimento de quem lê”. (ZILBERMAN,2008,p.15).
O conceito de literatura oral surge, pela primeira vez, na obra “Literatura oral
de La Haute Bretagne”, publicada em 1881, por Paul Sibillot. Sua obra trata
justamente dessa tradição oral de narrar, que passa de geração em geração. Essa
tradição traz marcas e informações de diferentes grupos culturais.
Aliás, sob o signo da convivência, a estória sempre reuniu pessoas que contam e que ouvem: em sociedades primitivas, sacerdotes e seus discípulos, para transmissão dos mitos e ritos da tribo; nos nossos tempos, em volta da mesa, à hora das refeições, pessoas trazem notícias, trocam idéias e...contam casos(GOTLIB,1995,p.4).
Uma obra, proveniente da tradição oral pode fixar-se por meio da escrita,
pode registrar variantes diversas de linguagem, pode também migrar-se para outras
culturas por meio do ato de contar (narrar), é o que tem ocorrido, por exemplo, com
os contos de tradição africana, e diversas etnias.
Os contos de tradição oral sempre foram e continuam sendo, até os dias
atuais, uma forma de resgatar a identidade e de promover o respeito à diversidade
cultural de um povo, uma tradição que se mantém viva e que é transmitida de
geração a geração.
Compreender que o uso da palavra, em especial a oral, pode e deve ser pensado como um instrumento que possibilite à criança e ao jovem,
especialmente o negro, olhar a si próprios, e ao outro como produtor e reprodutor de cultura, de valores e saberes...(CAVALLEIRO,2001,p.179).
Na cultura africana, por exemplo, o contador de histórias era o griot , esse
termo também designa um artista musical e verbal, o qual é treinado por seus
familiares e isso é passado de geração para geração mantendo viva, até hoje, as
tradições orais de sua gente.
A Literatura Negra e Afro-Brasileira
O gênero escolhido para a implementação desse projeto de intervenção
pedagógica na escola foram contos de temática africana e afro-brasileira.
O negro é o tema principal da literatura negra, para Eduardo de Assis Duarte,
e sob muitos aspectos, é o universo humano, social, cultural e artístico de que se
sustenta essa literatura, compreende diversidades, multiplicidades e desigualdades
culturais antagônicas, e não resta dúvidas de que o negro brasileiro é o tema vital
dessa literatura.
É necessário construir, urgentemente, uma identidade negra mais positiva em
nossa sociedade, não cabe mais e nem é aceitável, em pleno século XXI crianças,
jovens e adultos terem que passar por situações de preconceito e discriminação, por
isso, de acordo com Hall (1992,p.7) cada vez mais questões relacionadas à
identidade estão sendo discutidas na chamada teoria social, pois as velhas
identidades que, por décadas, estabilizaram o mundo social, estão em declínio, e,
consequentemente, dando origem a novas identidades e fragmentando o indivíduo
moderno, até então compreendido como um sujeito unificado.
Segundo Stuart Hall, a chamada “crise de identidade” é vista como parte de
um processo amplo de mudanças que está deslocando as estruturas e processos
centrais das sociedades modernas abalando as referências que davam sustentação
estável ao mundo moderno.
A ideia de que as identidades eram plenamente unificadas e coerentes e que agora se tornam totalmente deslocadas é uma forma altamente simplista de contar a estória do sujeito moderno.(HALL,1992,p.23).
Para construir uma identidade negra positiva, nessa sociedade moderna e
globalizada, é preciso estar aberto para o novo.
O novo é uma reformulação de seu referencial. Pode ser uma postura, uma atitude. Por exemplo, respeitar as individualidades e conceber o conhecimento como um processo cotidiano. E sobretudo conhecer a história de um povo que, quando escravizado e transplantado de sua terra, de sua comunidade e de sua sociedade para o Brasil, “trouxe toda a sua história e vida na alma, porque não lhe foi permitido carregar nenhum pertence”. Ou talvez um único... a sua auto-estima. (CAVALLEIRO,2001,p.177)
Por isso, fez-se necessário conhecer a cultura do outro, suas especificidades,
tradições, tais como religião, mito, rito, danças, culinária, o próprio vocabulário que
por sinal deram origem a muitas das palavras da língua portuguesa.
Foi importante também, desmistificar alguns aspectos da cultura africana que
eram mal entendidos e interpretados por essa sociedade racista, seja por falta de
conhecimento ou por ignorância, como aspectos religiosos e místicos. Lévi Strauss
(2000,p.18) salienta que, o mito, por exemplo, parte do mundo dos sentidos: “o
mundo que se vê, que se saboreia”.
Na perspectiva de construir uma identidade cultural mais positiva e igualitária
justifica-se a escolha da obra Sikulume e Outros Contos Africanos do escritor de
literatura afro-brasileira Júlio Emílio Braz (2005). Nessa belíssima obra, o escritor
reconta sete histórias africanas repletas de mito, poesia, coragem, religião, amor,
superação e terror, provenientes da tradição oral.
Em seu estudo sobre gêneros orais Schneuwly e Dolz ( 2009), apontam que
as práticas de linguagem são conhecimentos adquiridos e acumulados por
determinadas culturas através do tempo. Schneuwly ainda acrescenta que:
Toda introdução de um gênero na escola é o resultado de uma decisão didática que visa os objetivos precisos de aprendizagem, que são sempre de dois tipos: primeiro, trata-se de aprender a dominar o gênero para melhor conhecê-lo ou apreciá-lo, para melhor saber compreendê-lo, para melhor produzi-lo na escola ou fora dela; e, em segundo lugar de desenvolver capacidades que ultrapassam o gênero e que são transferíveis para outros gêneros próximos ou distantes.(SCHNEUWLY,2009,p.69)
Todos os povos sempre tiveram o hábito de contar histórias, seja por meio
dos contos orais ou causos, desde os tempos mais remotos, pois não havia ainda o
domínio sobre a escrita e, portanto, valiam-se da palavra para expressar e
manifestar suas historias, memórias, tradições, lembranças, ensinamentos e,
também a única fonte de aquisição de conhecimento, enfim a cultura e a
ancestralidade de sua gente.
O conto, segundo a terceira acepção de Julio Casares, entendido como “fábula que se conta às crianças para diverti-las”, liga-se mais estreitamente ao conceito de estória e do contar estórias, e refere-se, sobretudo, ao conto maravilhoso, com personagens não determinadas historicamente. “E narra como as coisas deveriam acontecer”, satisfazendo assim uma expectativa do leitor e contrariando o universo real, em que nem sempre as coisas acontecem da forma que gostaríamos. (GOTLIB,1985,p.17).
Estratégias de Ação
Grupo de Trabalho em Rede
Foi por meio do GTR, que se tornou possível discutir a temática proposta
inicialmente no projeto e, também no decorrer da aplicação do material didático
pedagógico.
As discussões estabelecidas por meio do GTR, juntamente com os
professores da rede, proporcionaram um diálogo enriquecedor a respeito da
temática. Inicialmente, foram dezessete os professores participantes, sendo que no
decorrer das atividades apenas uma professora desistiu do programa. No entanto,
os demais professores participantes do GTR, que foram dezesseis, concluíram todas
as atividades propostas.
O grupo de trabalho em rede foi dividido em três momentos específicos:
apresentação do projeto de implementação; apresentação do material didático-
pedagógico; relato de experiências referente à aplicação do material em sala de
aula.
O primeiro momento foi a apresentação da temática e do projeto de
intervenção pedagógica aos professores participantes, que tiveram o primeiro
contato com a temática, os objetivos propostos com a Lei nº10639/2003, bem como
o autor e os contos escolhidos para a implementação do material didático-
pedagógico e, também o aporte teórico utilizado na elaboração tanto do projeto
como no material pedagógico. Após essa apresentação os professores participaram
do primeiro Fórum de discussão e Diário, em que foi abordada a obrigatoriedade da
Lei nº10639/2003 e como os professores e as escolas têm inserido a diversidade
étnico-racial nos currículos escolares.
As discussões foram produtivas, pois os professores interagiram
positivamente com a temática proposta nesse trabalho e, também com as
contribuições dos demais colegas participantes, havendo assim, uma maior
interação por parte do grupo. Foram vários os relatos de experiências, sugestões de
atividades e projetos bem-sucedidos que estão sendo desenvolvidos em várias
escolas do Estado do Paraná. Constatou-se também, por meio das discussões, a
importância da temática e a relevância do projeto na construção de uma identidade
negra positiva no ambiente escolar, assim contribuindo efetivamente, na formação
de um sujeito menos racista e preconceituoso.
É necessário que entenda a si mesmo como um sujeito que, para ensinar, precisa-se dispor a conhecer assuntos pouco discutidos, como o disfarçado racismo brasileiro “objeto de segredo e tabu, submetidos ao silêncio, um silêncio criminoso” (MUNANGA,1996,p.213).
A segunda temática proposta foi a apresentação do material didático-
pedagógico elaborado para a implementação do projeto. Nesse momento, os
professores participantes puderam analisar e avaliar o material, que foi organizado
em forma de sequência didática. Destacou-se também o escritor Julio Emílio Braz e
sua importância como escritor de literatura infantil afro-brasileira no contexto atual,
a escolha da obra apresentada, que foi o livro Sikulume e outros contos africanos,
de onde foram retirados os contos trabalhados no decorrer do material. Os
professores participantes manifestaram-se positivamente a respeito do material
didático produzido, teceram críticas positivas, tanto no fórum quanto no diário,
destacando a importância das atividades elaboradas, elogiaram o formato do
material, bem como a teorização utilizada no decorrer da sequência didática e o
direcionamento dado tanto ao professor quanto ao aluno.
Constatou-se, por meio dos relatos dos professores participantes do GTR,
que o referencial teórico utilizado para a elaboração do projeto e a construção do
material didático pedagógico, veio ao encontro das necessidades dos professores,
pois muitos não sabiam como trabalhar e explorar conteúdos referentes à cultura
africana e afro-brasileira, tinham receio de trabalhar com as questões étnico-raciais
no sentido de construir uma identidade negra positiva no ambiente escolar. E,
segundo relatos, esse aporte teórico passou a subsidiar o novo trabalho desses
professores, contribuindo assim de forma efetiva na prática pedagógica em sala de
aula.
Já o terceiro momento do Grupo de Trabalho em Rede, GTR, foi o relato de
experiência referente à aplicação do material didático-pedagógico em sala de aula.
Foi um momento muito especial, quando foi possível relatar aos professores o
resultado parcial das atividades desenvolvidas até esse momento, as impressões e
emoções obtidas no decorrer desse processo. Foi muito importante dividir com os
demais professores a grande realização obtida até aquele momento com as
atividades aplicadas, pois era o resultado da pesquisa realizada para a elaboração
do projeto e também, do material didático idealizado e construído ao longo do curso
PDE. A sensação foi maravilhosa, sentir que os alunos tinham recebido muito bem,
não só a temática proposta, mas o material como um todo, o respeito que tiveram ao
receber a cultura do outro, são impressões que marcaram não só a minha trajetória
enquanto educador, mas principalmente a vida dessas crianças, que receberam e
participaram de todas as atividades com muito interesse, entusiasmo e alegria.
Dividir essa experiência com os participantes do GTR, segundo relato dos próprios
participantes, serviu também de motivação para que pudessem construir projetos
mais eficazes e constantes em suas escolas.
Implementação Pedagógica Na Escola
O projeto como já foi citado anteriormente foi implementado no Colégio
Estadual Bento Mossurunga, na cidade de Ivaiporã, com alunos do 6º ano C do
período vespertino.
As atividades tiveram início em fevereiro com a semana pedagógica, quando
realizou-se a apresentação do projeto e do material didático pedagógico elaborado
para a implementação. Durante a apresentação, muitos questionamentos foram
feitos por parte dos professores participantes, bem como da equipe pedagógica, pois
ressaltaram a importância da temática no contexto escolar. Muitos foram, também,
os questionamentos a respeito da sequência didática elaborada para essa
finalidade, pois o material chamou atenção dos professores, não só de língua
portuguesa, mas também dos professores de história, sociologia e arte, que
destacaram a importância e funcionalidade do material produzido, o qual foi elogiado
pelos colegas. A equipe pedagógica da escola destacou a importância de um projeto
que abordasse as questões étnico-raciais, as tradições orais e, que resgatasse de
forma positiva a importância da cultura afro-brasileira no contexto escolar.
De todas as instituições, a escola mostra-se como um dos locais privilegiados para viver a oralidade, a escrita e a leitura como instrumentos que ajudam a entender as mais diversas situações e o mundo. Quanto mais lemos, falamos, trocamos idéias e registramos nossos pensamentos, mais temos condições de entender a nossa história de vida de pensar sobre nós mesmos e o outro. (CAVALLEIRO,2001,p.189)
As aulas tiveram início no dia 10/02/2014, e nesse dia foi possível conhecer
os alunos com os quais iria trabalhar e desenvolver o projeto. Após as
apresentações, que é de praxe, iniciou-se o trabalho explicando aos alunos que no
decorrer do primeiro semestre trabalharíamos com um projeto, no entanto, não foi
dito do que se tratava esse projeto e nem qual era a temática a ser estudada,
apenas que se tratava de um projeto de literatura infantojuvenil. Constatou-se de
imediato o interesse da classe pela leitura literária. Muitos alunos se manifestaram a
respeito dos livros que já haviam lido, os que mais tinham gostado e instaurou-se um
clima descontraído acerca do tema leitura.
Na aula seguinte, novos alunos estavam presentes, somando um total de
dezessete alunos. Desses, sete alunos eram afrodescendentes. Aliás, nessa escola,
principalmente no período vespertino, há um grande número de alunos negros,
motivo pelo qual optei por esse tema, tendo a literatura como foco para realização
de um trabalho que buscasse e resgatasse os aspectos riquíssimos da literatura
africana e afro-brasileira. Nesse dia, realizou-se a apresentação da temática do
projeto aos alunos, explicando o porquê da temática e como seria o
desenvolvimento no decorrer de todo semestre e, aparentemente, todos receberam
muito bem o projeto e a temática proposta.
Segundo Cavalleiro na obra: racismo e anti-racismo na educação
Assim, acredito que um dos papéis de educadores/as na construção da auto-estima positiva da criança negra seja ensinar a viver, de fato, na ensinar a morrer! (CAVALLEIRO,2001,p.177).
Teve início, então, a divulgação do projeto para toda a escola e, juntamente
com os alunos, organizaram-se cartazes que foram afixados em pontos estratégicos
do colégio, afim de que as demais turmas soubessem do trabalho que seria
desenvolvido com os alunos do 6º C ao longo do semestre.
Logo após a divulgação, é que se deu o início do trabalho em sala de aula
partindo-se investigação prévia do conhecimento, travando discussões a respeito da
oralidade, do ato de ouvir e contar histórias, permitindo que os alunos expusessem
suas ideias e opiniões. Finalizando essa conversa, foi apresentado o escritor Júlio
Emílio Braz (2005), e o livro Sikulume e outros contos africanos, o qual seria
estudado no decorrer de todo semestre. Os alunos ficaram curiosos por ouvirem as
histórias, queriam que eu as lesse todas de uma vez, encantaram-se com as
ilustrações, as quais chamavam muita atenção. Realizou-se então, a primeira
contação, que foi do conto “O grande chefe dos animais”. Foi um momento muito
prazeroso, ficou evidente que os alunos estavam fascinados pela história, diria que
um momento mágico, uma sensação ímpar, e nesse momento, constatou-se o
quanto a classe apreciava uma boa história.
Feita a apresentação do autor, da obra a ser explorada e do primeiro conto,
iniciou-se o trabalho com a sequência didática, fazendo a apresentação do
continente africano e dos vários aspectos dessa cultura.
Houve momentos das atividades em que se evidenciou o grande desafio
quanto ao reconhecimento não só da cultura afro, mas também de ser parte
integrante dessa cultura, principalmente no que se refere às crianças negras,
construindo em si uma identidade negra positiva.
Stuart Hall, (2005,p.10) estabelece três concepções diferentes de identidade:
o sujeito do iluminismo, o sujeito sociológico, o sujeito pós-moderno. Ainda, segundo
Hall, a chamada “crise de identidade “é vista como parte de um amplo processo de
mudanças que está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades
modernas abalando as referências que davam sustentação estável ao mundo
moderno.”
Prosseguindo o trabalho com a sequência didática, foi apresentado o Módulo
I, intitulado Uma questão de identidade: tirando as pedras do meio do caminho…
Para tratar das questões referentes à identidade cultural africana e afro-
brasileira, os alunos assistiram a um filme da Disney, A Princesa e o Sapo. Foi um
momento de descontração com muita pipoca e guaraná. Ao término do filme, várias
questões foram propostas à classe, e organizou-se um debate em que os alunos
puderam expor suas opiniões e fazerem seus questionamentos tais como: Por que
as princesas dos contos de fadas são sempre brancas? Há princesas negras? Onde
estão essas princesas? Por que não as conhecemos? De acordo com os
questionamentos levantados pela classe, foi possível, aos poucos, responder a
essas perguntas e, para isso, foram trabalhados alguns conceitos como a
antropologia, etnocentrismo e eurocentrismo, é claro, que esses conceitos foram
introduzidos por meio de uma linguagem simples e um vocabulário acessível à
compreensão das crianças, o que foi muito interessante também. Logo após
realizaram uma pesquisa a fim de conhecerem algumas princesas e rainhas
africanas.
Nesse módulo, as crianças tiveram a oportunidade de conhecer um pouco
mais a respeito da cultura africana e afro-brasileira, e a importância de resgatar e
preservar a sua identidade cultural.
Concluído o módulo I, foi introduzido o Módulo II – A oralidade é o espelho de
uma sociedade. Nesse módulo o objetivo foi apresentar aos alunos as tradições
culturais, ensinamentos e valores da cultura africana e afro-brasileira, bem como a
experiência acumulada ao longo do tempo por seus antepassados.
Segundo Schneuwly e Dolz (2010,p.64) a escola o lugar perfeito para se
estabelecer a comunicação, o diálogo entre os gêneros, de criar situações reais de
comunicação, de ter muitas e boas razões para falar e escrever.
Dando sequência ao desenvolvimento do trabalho, realizou-se a contação de
mais uma história, desta vez, do conto “Sikulume”. Uma história fascinante,
emocionante e encantadora, com a qual os alunos se identificaram bastante, em
virtude dos elementos místicos, religiosos e fantásticos que permeiam toda a
história, e que despertaram a curiosidade dos alunos para várias questões como,
por exemplo, a figura do herói negro, o despertar da coragem e da bravura. Foram
abordados então alguns aspectos da história, que durante décadas, infelizmente,
apresentou somente os aspectos negativos da cultura africana e afro-brasileira,
como surgiu a Lei nº 10639/2003 e a sua finalidade, a questão das cotas para
negros e afrodescendentes, a importância e o fortalecimento da identidade do negro
no Brasil e uma série de outras questões que foram surgindo. Ficou claro o objetivo
do projeto e a necessidade de se discutir a temática em sala de aula e a importância
em se falar positivamente da sua identidade étnico-racial, para apresentar à classe e
à escola, os aspectos riquíssimos da sua cultura, até então desconhecidos. Foi um
momento espetacular, pois mesmo os retraídos acabaram interagindo com as
atividades.
Deve-se destacar que, na literatura dita negra ou afro-brasileira, as imagens de negro circulam com intenções que se marcam pela autoconscientização e pela imposição de ampliar o espaço de visibilidade dos negros e de seus descendentes, independentemente da cor da pele, do tipo de cabelo ou da carnadura do corpo. A luta por maior visibilidade nos diferentes espaços com que se desenham os mapas das cidades atuais almeja reverter as associações que ligam os negros à feiúra, à sujeira, ao que está fora dos padrões determinantes de um gosto estético e construir uma semântica que esvazie os significados negativos gravados no corpo do negro e nos lugares por onde ele é levado a circular.( DUARTE,2011,p.266)
Nesse módulo, os alunos puderam conhecer alguns aspectos mitológicos e
religiosos da cultura africana e afro-brasileira, como os “orixás”, deuses do
candomblé, religião trazida da África no século XVII, o que gerou grande curiosidade
e rendeu uma ótima discussão acerca dos mitos que envolvem as religiões de
origem africanas que são cultuadas aqui no Brasil, as quais são mal vistas e
compreendidas pela nossa cultura, por pura ignorância ou por falta de conhecimento
cultural mesmo. Os alunos conheceram também o Baobá, árvore símbolo da vida na
cultura africana, e lhes foram apresentados os mitos que envolvem essa enigmática
árvore. Com isso mais uma etapa da sequência didática foi finalizada.
O módulo III, foi iniciado com a leitura do conto “A história da menina que não
respeitou a tradição Ntonjane e o que aconteceu com ela”. Após a leitura, foram
apresentados os elementos que compõe a estrutura da narrativa e desenvolvi as
atividades propostas e, na sequência, foi discutida a temática do conto.
Algumas questões importantes foram trabalhas com a classe a fim de
conhecer e valorizar as tradições culturais africanas e afro-brasileiras, buscando
sempre a construção de uma identidade negra positiva não só no ambiente escolar,
mas também fora dele. As questões abordadas foram de acordo com a leitura do
conto: a importância da obediência, costumes e tradições ancestrais, preservação
da identidade cultural, valorização da mitologia, rito e religião, que estavam em
destaque na história lida. A participação da classe foi muito boa, e importantes
questionamentos foram levantados pelos alunos, os quais foram mediados e
esclarecidos durante o decorrer da aula. Foi um momento de aquisição de novos
conceitos e conhecimentos a respeito da cultura do outro.
Para ilustrar os aspectos culturais, míticos e religiosos do povo africano, a
classe conheceu os símbolos Adinkra, que é uma manifestação cultural da nação
Ashanti, em Gana e, também , no povo Gyaman, da Costa do Marfim. Os alunos se
encantaram com os símbolos e suas representações, que envolvem provérbios e
aforismos dessa cultura. Essa atividade chamou a atenção dos alunos, pois se
interessaram em saber o significado de cada símbolo, foi realizada então, uma
pesquisa no laboratório de informática e, após a concretização da pesquisa, os
resultados foram apresentados à classe e expostos em um mural, onde todos tinham
acesso. Foram exploradas questões relacionadas à arte na cultura africana, aos
mitos, religião e rituais de passagem, valores universais, que envolvem a simbologia
Adinkra.
Essa atividade foi muito valorosa em todo o seu desenvolvimento, pois muitos
valores e aspectos da cultura africana foram apresentados e, principalmente,
desmistificados. Foi visível o contentamento das crianças ao conhecerem as
riquezas culturais desse magnífico continente.
Essa ocasião, permitiu ressaltar o significado das cores, as quais são
utilizadas por diversos povos em diferentes tipos de rituais. Então, a classe realizou
uma atividade de pesquisa buscando a compreensão da simbologia das cores
aliadas aos respectivos rituais. Segundo relato dos próprios alunos, foi uma
atividade muito prazerosa e ao término, cada grupo organizou um painel
apresentando o resultado da pesquisa. E dessa forma, concluiu-se o módulo III.
Produção Final
Toda sequência didática é finalizada com uma produção final que dá ao
educando a possibilidade de colocar em prática o que aprendeu durante o estudo
dos módulos.
As produções que foram propostas para finalizar o trabalho com a sequência
didática foi a transposição do gênero conto para o gênero dramático. Vale ressaltar,
que foi uma atividade bem trabalhosa, pois as crianças apresentaram muitas
dificuldades na reescrita do texto, mas com ajuda e mediação finalizou-se a reescrita
com sucesso.
A transposição de gênero, nesse contexto, assumiu um procedimento
essencial como atividade de produção textual em sala de aula, uma vez que ofertou
tanto para o aluno quanto para o professor a oportunidade de fazer uso da função
social da linguagem.
Ao término da transposição, deu-se o momento da montagem do espetáculo,
as tarefas e os papeis foram divididos entre os alunos da classe, e o conto escolhido
para essa atividade foi “Sikulume”. Após vários ensaios, os alunos fizeram uma
apresentação para a própria turma, uma vez que nem todos os alunos participaram
da peça. A proposta inicial foi que apresentassem ao colegiado, mas as crianças
não quiseram, alegaram vergonha e timidez.
A dramatização foi um momento maravilhoso, uma forma de reafirmar o
trabalho com a literatura oral de origem africana, a qual foi apresentada e
desenvolvida ao longo de toda a implementação do material didático pedagógico e
tendo como fundamento, também, os escritos sobre oralidade em Cartografias da
Voz:poesia oral e sonora: tradição e vanguarda, que nortearam muitos momentos
desse trabalho de produção.
Ao teatralizar, isto é, ao se destacar da ordem social, o indivíduo experimenta outro tipo de simbolização. Como um núcleo de todas as performances, a teatralizada é, assim, conectada à fantasia e à simbolização. Assim, incorporações xamânicas e peças de performance-arte são produzidas pelo acesso a este terreno comum. Ambas as atividades transcendem a realidade, e ambas, conforme Schechner, conectam a esfera da ordem social à esfera da fantasia (STRATICO, 2011,p.100).
E, como atividade de encerramento, foi organizada uma roda de contação de
histórias, onde foi possível contar com a participação de quase todos os alunos, que
apresentaram outras histórias sobre a cultura africana e afro-brasileira, as quais
foram pesquisadas ao longo do desenvolvimento do projeto, foi um momento de
alegria e muita descontração.
Dessa forma, por meio do estudo realizado e desenvolvido em sala de aula
sobre aspectos importantes da cultura africana e afro-brasileira, em especial a
literatura e a oralidade, foi possível reafirmar a importância do estudo realizado na
universidade, bem como a elaboração de projetos que busquem a manutenção e a
construção permanente de uma identidade negra mais positiva, não só no ambiente
escolar, mas sobretudo perante a comunidade escolar e demais esferas da
sociedade.
E assim, concluiu-se a aplicação do projeto elaborado no início do PDE e,
também, do material didático-pedagógico construído para a concretização do
mesmo. Acredito, fielmente, que obtive muito êxito com o trabalho desenvolvido
durante todo o processo, com o autor e as obras escolhidas, o referencial teórico
utilizado, mas sobretudo com a concretização e efetivação da proposta em sala de
aula, que atendeu, com eficácia, aos objetivos traçados no início desse projeto.
Considerações Finais
O projeto “Literatura Afro-Brasileira e a Construção de uma Nova Identidade”,
contemplou os propósitos expressos na Lei nº 10639/2003, que estabeleceu a
obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira na Educação Básica.
Partindo dos expressos na lei, uma escola para atender as necessidades de
seus alunos precisa desenvolver práticas pedagógicas que contemplem as mais
diversas necessidades de nossas crianças, só assim formará o cidadão consciente e
participativo, capaz de respeitar as diferenças étnico-raciais e, assim, transformar a
sociedade na qual está inserido.
Ao levar para a escola um projeto de literatura afro-brasileira, por meio das
narrativas do escritor afro-brasileiro Júlio Emílio Braz, foi introduzida também a
necessidade e a importância de resgatar e valorizar a identidade do negro no Brasil,
pois através da obra Sikulume e outros contos africanos, é que se desenvolveu o
trabalho voltado para as questões étnico-raciais, buscando a construção e o
fortalecimento dessa cultura perante a nossa sociedade.
Ao término desta última etapa, a qual almejamos sempre novas formas de
introduzir essa riquíssima literatura no contexto escolar a fim de desenvolver práticas
pedagógicas eficazes e que fortalecessem a identidade cultural do negro no Brasil,
que foi o objetivo principal desse projeto, é possível, nesse momento final, reafirmar
o sucesso obtido ao longo de todas as suas etapas.
Quero, também, agradecer a Deus por ter colocado no meu caminho uma
orientadora muito, mais muito abençoada, a professora Maria Carolina de Godoy.
Sou grato pelo crescimento pessoal e profissional que você me proporcionou,
agradeço pela sua amizade, dedicação, competência e sabedoria no decorrer de
todo processo de idealização e construção desse trabalho e, pela responsabilidade
social na busca de uma sociedade mais justa, igualitária, menos racista e
preconceituosa. A você, toda a minha sincera gratidão.
Sabemos que para desenvolver um trabalho com a literatura negra no Brasil é
um grande desafio, mas é esse desafio que me move e que não me permite parar
por aqui, pois sabemos que ainda há muito por ser feito, há uma grande parcela da
sociedade que precisa passar por um processo de reeducação étnico racial, e essa
tarefa está em nossas mãos, educadores.
É preciso conhecer mais essa riquíssima cultura, tão pouco estudada em
nossas escolas, aprofundar o aporte teórico para melhorar a prática pedagógica em
sala de aula e, assim, construir de forma efetiva uma identidade negra positiva em
nossa sociedade.
Referências
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