OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · - Eu ficar pensando no ... são muito medrosas....

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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Cascavel - PR 2013

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS

EDUCACIONAIS

DPPE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL

PDE

Produção Didático-

pedagógica

A coesão sequencial

Ronivaldo Olimpio Verrillo

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RONIVALDO OLIMPIO VERRILLO

A coesão sequencial

Produção Didático-pedagógica apresentada à

Coordenação do Programa de Desenvolvimento

Educacional - PDE, da Secretaria de Estado da

Educação do Paraná - SEED, em convênio com a

Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

UNIOESTE.

Orientadora: Profª Drª Alcione Tereza Corbari

Cascavel - PR

2013

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SUMÁRIO

I - FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA ... 2

II – APRESENTAÇÃO ............................................................................................... 3

III - MATERIAL DIDÁTICO - UNIDADE DIDÁTICA .................................................. 6

Módulo 1 ................................................................................................................... 6

Módulo 2 ................................................................................................................. 11

Módulo 3 ................................................................................................................. 14

Módulo 4 ................................................................................................................. 19

Módulo 5 ................................................................................................................. 23

Módulo 6 ................................................................................................................. 27

Módulo 7 ................................................................................................................. 32

Módulo 8 ................................................................................................................. 36

Avaliação ................................................................................................................ 40

IV - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 41

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I - FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Título: A coesão sequencial

Autor: Ronivaldo Olimpio Verrillo

Disciplina/Área: Língua Portuguesa

Escola de Implementação

do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual do Campo de Rio do Salto

Município da escola: Cascavel

Núcleo Regional de Educação: Cascavel

Professora Orientadora: Profª Drª Alcione Tereza Corbari

Instituição de Ensino Superior: UNIOESTE

Resumo: A Produção Didático-pedagógica ora apresentada tem

como tema a coesão sequencial. A razão de tal escolha

deu-se em virtude da constatação, ao longo de treze anos

de exercício do magistério, das dificuldades que os

estudantes – sobretudo os do Ensino Fundamental –

apresentam com relação ao emprego dos conectores.

Diante disso, este trabalho, fundamentado na Linguística

Textual, almeja abordar paulatinamente as diversas

formas de sequenciação, tanto as do campo lógico-

semântico (condicionalidade, causalidade, mediação,

disjunção, temporalidade, conformidade, modo) quanto

as que expressam relações discursivo-argumentativas

(conjunção, disjunção argumentativa, contrajunção,

explicação ou justificativa, comprovação, conclusão,

comparação, generalização/extensão,

especificação/exemplificação, correção/redefinicão). Para

tanto, a Produção foi dividida em oito módulos; em cada

uma deles, há um texto cujos conectivos serão

examinados a partir de exercícios de análise linguística.

Em alguns momentos desta unidade didática, propõe-se

também interação com o professor, quando se faz breve

apreciação dos conectores a partir de uma análise

comparativa entre a Linguística Textual e as orientações

dadas em manuais de gramática.

Palavras-chave: Análise linguística, coesão sequencial, conectivos

Formato do Material Didático: Unidade Didática

Público:

Alunos dos sextos anos do Colégio Estadual do Campo

de Rio do Salto.

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II - APRESENTAÇÃO

A Produção Didático-pedagógica constitui o documento próprio da segunda

etapa do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), o qual é desenvolvido

pela Secretaria de Estado da Educação (SEED) do Paraná. Trata-se de um material

didático-pedagógico que será trabalhado na etapa posterior, que é a da

Implementação – esta, por sua vez, ocorrerá em ambiente escolar.

O tema por nós escolhido nesta Produção foi a coesão sequencial, o qual,

juntamente com a coesão referencial, integra uma esfera mais ampla, que é a da

coesão textual. Antes de nos atermos ao tema em si, é importante que façamos uma

breve retrospectiva a fim de contextualizar todo o percurso histórico que deu origem

a esses conceitos.

O fenômeno linguístico tem despertado a atenção de muitos pensadores ao

longo da História da humanidade. Falando mais especificamente da nossa cultura

ocidental, alguns filósofos da Grécia Antiga, em especial Platão, Aristóteles, Dionísio

e Apolônio Díscolo desenvolveram estudos visando a desvendar os mistérios da

linguagem. Como decorrência dos trabalhos desses pensadores, surgiram duas

disciplinas: a gramática e a filologia.

Tomando particularmente a gramática – visto que é a parte que conflui ao

propósito deste trabalho –, nos dois milênios que se seguiram ao período

helenístico, ela foi sendo aperfeiçoada – ainda que a estrutura básica legado pelos

pensadores gregos se mantivesse. Com efeito, os manuais de gramática, tal como

conhecemos hoje, são frutos de uma longa jornada do pensamento humano.

O século XX, por sua vez, trouxe um novo elã aos estudos da linguagem,

com o surgimento da Linguística. Desde sua origem, com Ferdinand de Saussure,

até os tempos atuais, essa área do saber tem sido marcada pela coexistência de

diversas linhas teóricas. No entanto, em virtude da relação com a temática aqui

aduzida, destacaremos a Linguística Textual (LT), movimento iniciado na década de

1960, que teve, entre seus expoentes, Halliday, Weinrich, Ducrot, Isenberg, Lang,

Dressler, Van Dijk, Petöfi e Schmidt.

Muitos foram os direcionamentos postulados pelos representantes da LT, de

modo que uma investigação de todas as tendências desse campo envolveria um

trabalho muito extenso, alheio a proposta desta Produção. Contudo, convém

salientar que, em termos gerais, a LT defende, em oposição à abordagem gramatical

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tradicional – cujo enfoque está no exame de frases isoladas –, uma abordagem

pragmática, mediante a qual os enunciados devem ser analisados em relação a toda

a conjuntura que subjaz a eles, procedimento que envolveria a exploração de

elementos como o texto, o gênero textual, a interação, os aspectos semânticos, a

ideologia, o discurso, entre outras coisas. Isso não significa que, a partir desse

encaminhamento, a perspectiva gramatical deva ser abolida; pelo contrário, ela

assume uma nova dimensão, agregando aos aspectos linguísticos os

extralinguísticos. Tal diretriz ficou conhecida entre nós como análise linguística.

Aqui entra o tema desta Produção. O conceito de coesão textual – em seus

dois segmentos, o referencial e o sequencial – conforme o conhecemos atualmente,

tornou-se possível em razão do desenvolvimento da LT. Em outras épocas, um

trabalho como o que ora apresentamos provavelmente ficaria restrito ao estudo das

conjunções. No entanto, partindo da análise linguística como fundamento, vemos

desvelar possibilidades mais amplas. Hoje sabemos, por exemplo, que também as

locuções prepositivas e adverbiais – e não apenas as conjunções – podem exercer

um papel coesivo. Por isso, ao tratar dos “elementos de coesão textual”, a LT

prefere adotar termos mais operantes, como conector ou conectivo. Ademais,

estudos desenvolvidos pelos teóricos da LT comprovam que algumas das

tradicionais classificações da gramática nem sempre se sustentam quando o

enunciado é examinado do ponto de vista pragmático. A título de analogia, em

muitos contextos, nem sempre a conjunção e será aditiva, e nem sempre o

conectivo mas será adversativo. Em suma, a LT postula que, entre a “gramática da

frase” e a “gramática do texto”, pode ocorrer uma série de disparidades.

No que tange aos conectores, os teóricos da LT procuraram desenvolver uma

nova nomenclatura, na qual a tradicional forma de definir os tópicos é substituída

pelo conceito de relações. Estas se dividem em dois grupos: as lógico-semânticas

(condicionalidade, causalidade, mediação, disjunção, temporalidade, conformidade,

modo) e as discursivas ou argumentativas (conjunção, disjunção argumentativa,

contrajunção, explicação ou justificativa, comprovação, conclusão, comparação,

generalização/extensão, especificação/exemplificação, correção/redefinicão).

Este trabalho está dividido em oito módulos. Em cada uma deles, há um texto

que será analisado na seção destinada ao professor. Nosso estudo, que terá por

base os conectores, na medida do possível, procurará analisá-los mediante um

paralelo entre a gramática e a LT. Esta Produção conta ainda com as questões que

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serão trabalhadas em sala de aula. Sobre isso, é importante ressaltar que, para

cada texto, serão também desenvolvidas questões de outra natureza, tanto de

interpretação textual quanto de análise linguística, pontuando outras estratégias

além daquelas ligadas à coesão sequencial. Todavia, devido à perspectiva aqui

adotada, nós não as registraremos neste documento.

Por fim, cabe destacar que esta Produção será implementada nos sextos

anos do Colégio Estadual do Campo de Rio do Salto. Em princípio, pode parecer um

exagero a abordagem de um tema tão complexo nesse nível de seriação. Contudo,

é exatamente isso que nos motiva. Acreditamos que, quanto mais cedo um aluno

refletir sobre o universo dos conectivos, maiores serão as possibilidades de que ele

adquira o domínio da coesão textual. E é com esse sentimento de desafio que

procuraremos implementar nossa proposta.

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III - MATERIAL DIDÁTICO

UNIDADE DIDÁTICA

MÓDULO 1

Caro professor,

Nossa Implementação terá início, em sala de aula, a partir de um diálogo com os

estudantes. Então, explicaremos o significado do PDE, bem como a proposta que

pretendemos desenvolver. Em seguida, falaremos acerca do nosso tema (a coesão

sequencial) e, para que os alunos tenham uma primeira noção sobre o assunto,

apresentaremos duas versões da fábula “A cigarra e a formiga”, uma sem e outra

com os conectores.

Primeiramente, a versão sem os conectores:

A cigarra e a formiga O outono encaminhava-se para seu final. As formigas, previdentes por natureza, puseram-se a trabalhar duramente abastecer sua despensa, sabiam que o inverno seria intenso duradouro. A cigarra não tinha essa preocupação. Só queria saber de festejar espalhar seu belo canto pela floresta, temer futuras adversidades. Um dia, uma das formigas, receosa quanto ao destino da amiga cantora, tentou aconselhá-la: - Cigarra, o inverno está próximo; você precisa se precaver. Você acha os alimentos cairão do céu? A cigarra respondeu: - Eu ficar pensando no futuro, não desfrutarei o presente. Só se vive o momento. O futuro... A formiga insistiu: - Não, você não pode pensar assim. Lembre-se de que nosso inverno é muito rigoroso. No ano passado, muitas espécies não resistiram. A cigarra, irredutível: - Vocês, formigas, são muito medrosas. Eu não quero viver o estilo de vocês. O que é melhor: morrer feliz viver infeliz? Percebendo a formiga que o dialogo seria inútil, deixou a cigarra prosseguiu em seu trabalho. Chegou o inverno. O frio era intenso a vida parecia se extinguir da terra. As formigas descansavam seguras bem providas em suas casas, a cigarra começou a viver uma situação de penúria. Desesperada, foi pedir auxílio às formigas. Atendeu-lhe, justamente, aquela que a aconselhara tempos antes. - Olá, minha amiga formiga. Antes de qualquer coisa, peço desculpas. Sei que agia uma irresponsável, agora eu vejo que tinha razão em seu conselho. Por favor, você não poderia me dar abrigo o inverno passe? - Olá, cigarra, não é você que dizia que só se vive o presente? Pede a minha ajuda? Não acho justo que agora você se abrigue aqui conosco!

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- Sim, amiga, você está certa. Dê-me, uma pequena porção diária de mantimentos eu não morra de fome. - Não era você que vivia a cantar? Dance agora.

Após a leitura, questionaremos os estudantes sobre as impressões que eles

tiveram a respeito do texto. Em seguida, pediremos para eles assinalarem os

trechos que consideraram confusos. Depois disso, explicaremos que a causa da

obscuridade de tais fragmentos é a ausência de um determinado grupo de palavras

cuja função é estabelecer conexões entre os enunciados. Nesse momento,

esclareceremos o conceito de coesão sequencial. Então, apresentaremos a versão

com os conectivos, os quais estarão acompanhados das respectivas classificações.

A cigarra e a formiga O outono encaminhava-se para seu final. As formigas, previdentes por natureza, puseram-se a trabalhar duramente (mediação) a fim de abastecer sua despensa, pois (explicação ou justificativa) sabiam que o inverno seria intenso e duradouro. A cigarra, porém (contrajunção), não tinha essa preocupação. Na verdade, pelo contrário (correção/redefinicão), só queria saber de festejar e (conjunção) espalhar seu belo canto pela floresta, sem (modo) temer futuras adversidades. Um dia, uma das formigas, receosa quanto ao destino da amiga cantora, tentou aconselhá-la: - Cigarra, o inverno está próximo; você precisa se precaver. Ou (disjunção argumentativa) você acha que os alimentos cairão do céu? A cigarra respondeu: - Se (condicionalidade) eu ficar pensando no futuro, não desfrutarei o presente. Aliás (generalização/extensão), só se vive o momento. O futuro... A formiga insistiu: - Não, você não pode pensar assim. Lembre-se de que nosso inverno é muito rigoroso. Tanto que (comprovação), no ano passado, muitas espécies não resistiram. A cigarra, irredutível: - Vocês, formigas, são muito medrosas. Eu não quero viver conforme (conformidade) o estilo de vocês. O que é melhor: morrer feliz ou (disjunção) viver infeliz? Percebendo a formiga que o diálogo seria inútil, deixou a cigarra e prosseguiu em seu trabalho. Chegou o inverno. A vida parecia se extinguir da face da terra, visto que (causalidade) o frio era muito intenso. Enquanto (temporalidade) as formigas descansavam seguras e bem providas em suas casas, a cigarra começou a viver uma situação de penúria. Desesperada, foi pedir auxílio às formigas. Atendeu-lhe, justamente, aquela que a aconselhara tempos antes. - Olá, minha amiga formiga. Primeiramente, peço desculpas. Sei que agi como (comparação) uma irresponsável, mas agora eu vejo que tinha razão em seu conselho. Por favor, você não poderia me dar abrigo até que o inverno passe?

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- Olá, cigarra, não é você que dizia que só se vive o presente? Por que pede a minha ajuda? Não acho justo que agora você se abrigue aqui conosco! - Sim, amiga, você está certa. Dê-me, então, por exemplo (especificação/ exemplificação), uma pequena porção diária de mantimentos para que eu não morra de fome. - Não era você que vivia a cantar? Portanto (conclusão), dance agora.

Depois da leitura, explicaremos que as conexões estão subdivididas em dois

grupos de relações: o lógico-semântico e o discursivo-argumentativo. Então, com o

intuito de exemplificar, entregaremos aos alunos a seguinte tabela:

A COESÃO SEQUENCIAL

RELAÇÕES LÓGICO-SEMÂNTICAS:

Condicionalidade: “Se aquecermos o ferro, ele se derreterá” (KOCH, 2004, p. 69).

Causalidade: “O torcedor ficou rouco porque gritou demais” (KOCH, 2004, p. 69).

Mediação: “Saiu cedo para chegar a tempo na reunião” (FÁVERO, 1995, p. 38).

Disjunção : "Quer sorvete ou chocolate?” (FÁVERO, 1995, p. 36).

Temporalidade: “Quando o filme começou, ouviu-se um grito na plateia” (KOCH, 2004,

p. 70).

Conformidade: “O réu agiu conforme o advogado lhe havia determinado” (KOCH,

2004, p. 71).

Modo: “Sem levantar a cabeça, a criança ouvia as reprimendas da mãe”

(KOCH, 2004, p. 71).

RELAÇÕES DISCURSIVAS OU ARGUMENTATIVAS:

Conjunção: “Chove e faz frio” (FÁVERO, 1995, p. 39).

Disjunção

argumentativa:

“Estude bastante para os exames. Ou você já se esqueceu dó que lhe

aconteceu no ano passado?” (FÁVERO, 1995, p. 39).

Contrajunção: “Lutou arduamente durante toda a vida. Mas não conseguiu realizar seu

projeto” (KOCH, 2010, p. 172).

Explicação/

justificativa:

“Prefiro não sair, pois estou um pouco gripada” (KOCH, 2010, p. 171).

Comprovação: “A sessão foi muito demorada. Tanto que a maior parte dos presentes

começou a retirar-se” (KOCH, 2010, p. 172).

Conclusão: “João é um indivíduo perigoso. Portanto, fique longe dele”. (KOCH,

2004, p. 74).

Comparação: “Pedro é tão alto como João” (KOCH, 2004, p. 75).

Generalização/

extensão:

“Maria está atrasada. Aliás, ela nunca chega na hora”. (KOCH, 2004, p.

75).

Especificação/

exemplificação:

“Muitos de nossos colegas estão no exterior. Pierre, por exemplo, está na

França” (KOCH, 2004, p. 76).

Correção/

redefinição:

“Prometo ir ao encontro. Ou melhor, vou tentar”. (KOCH, 2004, p. 77).

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Na sequência, exporemos aos alunos que, no decorrer da Implementação,

analisaremos paulatinamente as relações supracitadas, e que esse trabalho se dará

a partir da análise de textos.

Por fim, para reforçar nos alunos a consciência do que é a coesão sequencial,

preparamos uma versão da parábola “O filho pródigo”, na qual eles deverão

preencher os espaços com os conectores.

ATIVIDADE Preencha as lacunas com os conectivos abaixo: e, tanto, quanto, de modo que, ainda que, porém, então, pois, tão, que, por isso, sem, quando, do que, conforme, como, ou, se, assim que, antes que

O filho pródigo Um fazendeiro tinha dois filhos. Trabalhando em parceria, os três conseguiam, tanto na agricultura quanto na pecuária, assegurar uma boa renda, de modo que levavam uma vida próspera – ainda que o labor rural tivesse seus percalços. Um dia, porém, o filho mais moço, observando aquele modo de vida campestre, cuja rotina parecia neutralizar qualquer possibilidade de aventura e de emoção, começou a sonhar com outros horizontes. Queria ir para a cidade grande, vivenciar novas realidades, conhecer pessoas diferentes. Então, foi conversar com o seu pai. Explicou-lhe os motivos de sua insatisfação e pediu-lhe a parte da herança que lhe cabia. O pai ficou muito triste, pois não queria perder o amado filho. Tentou aconselhar, alertando-o sobre os perigos que ele correria, porém o jovem estava tão obstinado que ignorou os conselhos. Por isso, o velho não teve escolha e atendeu ao rapaz, que saiu de casa sem demonstrar compaixão pela dor do pai. Quando o jovem chegou à cidade grande, ficou encantado. Parecia ter descoberto um novo mundo. Tinha certeza de que ali seria mais feliz do que no campo. Observando o comportamento dos jovens ricos da cidade, decidiu viver conforme o estilo de vida deles. Como tinha uma grande quantia de dinheiro decorrente da herança, acreditou que estaria garantido financeiramente até o final da vida. O jovem, então, passou a ter uma vida social agitada, frequentando as mais animadas festas, onde não faltavam amigos, mulheres e bebidas. Porém, conforme o tempo passava, o dinheiro ia diminuindo. Para piorar, o país entrou em uma grande recessão, de modo que muitas famílias de posse viram-se às portas da pobreza. O jovem não pode escapar da crise, e agora, empobrecido, sentia-se solitário, abandonado pelos amigos. Foi quando ele refletiu consigo mesmo: “Aqui, eu só tenho duas opções: mendigar ou morrer. Porém, na fazenda de meu pai, há uma grande fartura. Se eu lhe fizer uma visita e pedir um emprego, ainda que seja a mais humilde das ocupações, quem sabe ele me atenda?” O jovem, então, retornou. O pai, assim que o avistou, percebendo a condição de maltrapilho a que o filho chegara, comoveu-se profundamente. Indo ao seu encontro, abraçou-o e, antes que o jovem desse qualquer explicação, conduziu-o para

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casa, reintegrando-o à família. Assim, com tal gesto de amor, ensinou ao filho que a misericórdia de um pai não tem limites e que no verdadeiro amor há sempre espaço para o perdão.

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MÓDULO 2

Caro professor,

Neste módulo, faremos uma análise linguística, com ênfase nos conectores, do

poema “Se eu morresse amanhã”, de Álvares de Azevedo. Neste caso específico,

destacaremos as relações de condição e de contrajunção.

Se eu morresse amanhã! Se eu morresse amanhã, viria ao menos

Fechar os olhos minha triste irmã; Minha mãe de saudades morreria

Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro! Que aurora de porvir e que manhã! Eu perdera chorando essas coroas

Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n’alva Acorda a natureza mais louçã!

Não me batera tanto amor no peito, Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora A ânsia de glória, o dolorido afã...

A dor no peito emudecera ao menos, Se eu morresse amanhã!

(Álvares de Azevedo)

De início, percebemos nesse poema a recorrência da conjunção se, a qual

nos possibilita uma abordagem da relação de condicionalidade, que, segundo Koch

(2004, p.68), “expressa-se pela conexão de duas orações, uma introduzida pelo

conector se ou similar (oração antecedente) e outra pelo conector então, que

geralmente vem implícito (oração consequente)”.

Para tanto, propomos as seguintes questões:

1 – O fato de o eu lírico usar excessivamente a conjunção “se” indica que ele está certo de que tudo aquilo irá acontecer? Justifique. 2 – Nos versos 1 e 2 da terceira estrofe, o eu lírico tece elogios à natureza, mas, na sequência, diz: “Não me batera tanto amor no peito se eu morresse amanhã!”. A presença do “se”, nesse contexto, indica que:

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a) Se ele tivesse a certeza da proximidade de sua morte, ele não sentiria a mesma contemplação pela natureza. b) O amor dele pela natureza independe de sua eventual morte. c) Depois de morto, ele amará ainda mais a natureza. d) O “se”, na verdade, indica que ele não ama a natureza.

Em seguida, mostraremos aos estudantes que a relação de condicionalidade

pode também ser expressa por outros conectores, tais como caso, contanto que,

desde que, a não ser que, a menos que etc. Observaremos, contudo, que nem

sempre a simples troca do se por essas outras expressões pode ser efetuada

automaticamente, e que, em muitos casos, exige-se a adaptação da forma verbal.

Assim, passaremos os seguintes exemplos:

Se outro nome lhe dão, se amor o chamam, D’amor igual ninguém sucumbe à perda (Goncalves Dias em Se se morre de amor). E conta-me histórias, caso eu acorde (Fernando Pessoa em O Guardador de Rebanhos). Dize o que tu quiseres, contanto que não me contes mais histórias (José de Alencar, em O Demônio Familiar). Pouco ou muito, desde que lá estivesse iria ao fim (Machado de Assis, em Memorial de Aires). Mané Candeeiro falava pouco, a não ser que se tratasse de coisas de caça (Lima Barreto em Triste fim de Policarpo Quaresma). Nenhum povo, a menos que haja perdido o sentimento da própria dignidade, pode intencionalmente rebaixar os que estão encarregados de defendê-lo... (Joaquim Nabuco em O Abolicionismo)

Na última estrofe do poema “Se eu morresse amanhã”, aparece o conector

mas, a partir do qual podemos trabalhar a relação de contrajunção, um “tipo de

conexão que articula sequencialmente frases cujos conteúdos se opõem”

(FÁVERO, 1995, p. 39). Além do mas, outros conectores, como porém, contudo,

todavia, entretanto, no entanto, não obstante etc., podem ser empregados em

contextos afins.

Sobre o referido tema, propomos:

3 – As três primeiras estrofes seguem uma harmonia temática, na qual a morte é vista como algo negativo, uma vez que privaria o eu lírico das coisas que ele ama. Entretanto, na última estrofe, há uma quebra de perspectiva. Que palavra é responsável por essa ruptura e qual é o novo enfoque dado à morte?

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Por fim, com o intuito de proporcionar aos estudantes um conhecimento

maior acerca dos conectores contrajuntivos, mostraremos os exemplos abaixo:

Algum verso bonito... mas furtado (Álvares de Azevedo, em Namoro a cavalo). Construía-se mal, porém muito (Aluísio de Azevedo, em O Cortiço). O dia deu em chuvoso. A manhã, contudo, esteve bastante azul (Fernando Pessoa, em Trapo). Francisco adorava sua irmã; todavia, para estar triste, escondia-se dela (Camilo Castelo Branco, em Os brilhantes do brasileiro). Esta última idéia lhe sorria mais; entretanto não tomou nenhuma resolução definitiva (José de Alencar, em O Guarani). Um país como este, tão rico, talvez o mais rico do mundo, é, no entanto, pobre, deve a todo mundo (Lima Barreto, em Triste fim de Policarpo Quaresma).

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MÓDULO 3

Caro professor,

Neste módulo, procederemos a um estudo sobre “A última crônica”, de Fernando

Sabino. Conforme veremos, ela é riquíssima no que tange à presença dos

conectores, de modo que será possível fazer uma abordagem ampla. O texto na

íntegra pode ser encontrado em <http://www.releituras.com/i_samuel_fsabino.asp>.

A última crônica A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever (...).

Logo no primeiro período da narrativa, aparece o conectivo para, que,

naquele contexto, a gramática classifica como uma conjunção subordinada

adverbial final. Koch, por sua vez, define esse tipo de estrutura como relação de

mediação, a qual “se exprime por intermédio de duas orações, numa das quais se

explicita(m) o(s) meio(s) para atingir um fim expresso na outra” (KOCH, 2004, p.

69). Ou seja, para a linguista, o foco principal está na oração principal, cujo

conteúdo expressa o mecanismo pelo qual se busca atingir a finalidade contida na

oração subordinada. Daí à preferência pelo termo mediação. Por exemplo, na frase

“Vou fazer os exercícios para passar no vestibular”, a oração principal indica o meio

para atingir a fim expresso na subordinada.

Sobre essa modalidade, pretendemos trabalhar a seguinte questão:

1 – Qual das expressões abaixo NÃO poderia substituir o “para” no enunciado “para tomar um café junto ao balcão”? a) com o objetivo de b) porque c) a fim de d) com o propósito de

Uma construção do mesmo gênero ocorre no quarto parágrafo, no trecho “...

e depois se afasta para atendê-lo”.

Para esse enunciado, propomos:

2 – Em “Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo”, percebemos uma ação que constitui um meio para atingir um determinado fim. Indique a palavra que possibilita essa relação, bem como o meio e o fim mencionados.

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Há também a ocorrência de casos que Koch e Elias (2010) nomeiam como

conjunção. Vale lembrar que, para essas autoras, esse termo ficaria restrito apenas

aos conectores aditivos (e, bem como, assim como, como também, além disso,

entre outros).

Falando mais especificamente do conectivo e, alguns linguistas têm

destacado que, do ponto de vista semântico-discursivo, essa conjunção pode

assumir diversas acepções (causa, consequência, oposição etc.), além da

conhecida relação de adição. O próprio Evanildo Bechara (2009), um dos maiores

gramáticos do Brasil, admite esse fenômeno. Usando um exemplo citado por esse

autor, no enunciado “rico e desonesto”, o conector e não será aditivo, mas

adversativo, e a frase equivaleria a “rico, mas desonesto”.

Para o referido tema, propomos:

3 – No enunciado “... torno-me simples espectador e perco a noção do essencial...” o conectivo “e” introduz um sentido de: a) causa b) consequência c) oposição d) condição 4 – “Não sou poeta e estou sem assunto”. Quais das leituras abaixo seriam possíveis em relação ao enunciado original? a) Não sou poeta e, contudo, estou sem assunto. b) Não sou poeta e, por isso, estou sem assunto. c) Não sou poeta e, atualmente, estou sem assunto. d) Não sou poeta e, além disso, estou sem assunto. 5 – No período “Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo...”, o termo “depois”, que está presente após o conector “e”, introduz, naquele contexto, uma relação de: a) tempo b) lugar c) proporção d) modo 6 – Em “... curvo a cabeça e tomo meu café...”, qual dos enunciados abaixo manteria um sentido aproximado ao proposto no texto? a) ... curvo a cabeça para tomar meu café. b) ... curvo a cabeça enquanto tomo meu café. c) ... curvo a cabeça ou tomo meu café. d) ... curvo a cabeça mas tomo meu café.

Percebe-se, no decorrer do texto, alguns casos de disjunção – termo que,

quase sempre, corresponde ao que a gramática tradicional define como relação de

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alternância, compreendida no conceito de conjunção alternativa. Além do ou, os

pares ora... ora..., quer... quer, seja... seja também podem desempenhar esse tipo

de relação.

Koch (2004) observa que o conectivo ou pode ser tanto inclusivo, como no

enunciado “Gostaria estudar italiano ou aprender alemão”, quanto exclusivo, a

exemplo da frase “Ou o Palmeiras contrata bons jogadores ou fará um péssimo

campeonato”. Ainda com relação a esse articulador, a Linguística Textual destaca

uma outra função, denominada disjunção argumentativa, cuja característica é a da

“provocação/conclamação do interlocutor a uma concordância” (KOCH; ELIAS,

2010, p. 171). É o que acontece, por exemplo, no enunciado “É melhor ficar calado.

Ou você quer ser demitido?”

Acerca da disjunção, interrogamos:

7 - No trecho “... quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança...”, os termos destacados poderiam ser substituídos por: a) por... por... b) de... de... c) seja... seja... d) em... em...

Na crônica, ocorrem duas contrajunções, expressas nos enunciados “Vejo,

porém, que se preparam para algo mais que matar a fome...” e “mas acaba

sustentando o olhar...”.

Partindo de ambos, formulamos:

8 - Na crônica, há, inicialmente, uma situação de equilíbrio, em que o autor descreve uma cena que parece corriqueira. Em um momento do texto, a situação passa a lhe chamar mais a atenção. Para demarcar a mudança na narrativa, o autor apresenta um enunciado que é introduzido por um conector. Identifique o momento do texto em que isso ocorre e qual é o conector responsável por explicitar que a expectativa inicial do cronista é quebrada. 9 - Qual dos termos abaixo poderia substituir o “mas” em “ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar”? a) ou b) quando c) no entanto d) porque

Percebe-se também a ocorrência de alguns enunciados que estabelecem

uma relação de temporalidade, “por meio da qual, através da conexão de duas

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orações, localizam-se no tempo, relacionando-os uns aos outros, ações, eventos,

estados de coisas do mundo real ou a ordem em que se teve percepção ou

conhecimento deles” (KOCH, 2004, p. 70).

Para esse tipo de construção, indagamos:

10 – Em “... tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança...”, é possível visualizar duas ações simultâneas, uma no plano físico e outra no plano psicológico. Que palavra permite a relação dessas duas esferas? 11 – Em “O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom”, qual das formulações abaixo poderia substituir de modo mais preciso a expressão destacada? a) O pai, enquanto contava o dinheiro... b) O pai, mal contou o dinheiro... c) O pai, nem bem contou o dinheiro... d) O pai, logo que contou o dinheiro... 12 – No trecho “E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo...”, o termo grifado indica que a ação expressa no primeiro enunciado: a) ocorre no mesmo tempo da ação expressa no segundo enunciado. b) ocorre antes da ação expressa no segundo enunciado. c) ocorre depois da ação expressa no segundo enunciado. d) indica que a ação foi cancelada. 13 - No trecho “...: "parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas...”, observamos que o ato de recolher as velas procedeu ao de cantar. a) Reescreva a mesma frase, de tal modo que as duas ações ocorram ao mesmo tempo. b) Agora reescreva de maneira que a segunda oração tenha ocorrido primeiramente. Neste caso, o enunciado ainda teria sentido dentro do contexto narrado?

Há também conectores que estabelecem uma relação de comparação,

categoria na qual “se estabelece um confronto entre dois elementos, tendo em vista

determinada meta a ser alcançada” (KOCH; ELIAS, 2010, p. 171). Normalmente,

esse tipo de conexão se efetua por meio de operadores, como tanto, tal, como,

quanto, mais do que etc.

Sobre essa estratégia linguística, estabelecemos as seguintes atividades:

14 – Considere este fragmento: “O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim”. a) Há, nesse fragmento da crônica, uma comparação. Identifique-as e circule o elemento responsável por introduzir a comparação.

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b) Tal comparação contribui para a construção da personagem identificada no texto como a filha do casal. Considerando essa comparação, como poderia ser caracterizado o comportamento da menina naquele momento? Que adjetivos poderiam ser atribuídos à personagem? 15 – “Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso”. Qual dos elementos abaixo NÃO poderia substituir o “como”? a) assim como b) tal como c) enquanto d) igual

Por fim, vale destacar algumas construções em que ocorreu uma relação de

modo, a qual é definida como aquela “por meio da qual se expressa, numa das

orações, o modo como se realizou a ação ou evento contido na outra” (KOCH,

2004, p.71). Curiosamente, a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) não

reconhece as conjunções modais e, consequentemente, as orações subordinadas

adverbiais modais. Muitos gramáticos já alertaram para esse fato. Cegalla (2008),

por exemplo, diz que a não admissão de tal categoria “constitui uma omissão”.

Sobre estratégia, dispomos:

15 – Em “A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom”, o termo “como” está indicando: a) causa b) comparação c) conformidade d) modo 16 – “O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração”. Se relacionarmos a conjunção “como” ao conteúdo do enunciado, percebemos que ela introduz uma relação de sentido, da qual fica subtendida: a) a maneira como o pai se sentiu. b) a explicação da reação do pai. c) a causa de o pai estar satisfeito. d) uma possível satisfação do pai.

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MÓDULO 4

Caro professor,

Neste módulo, analisaremos o texto “Chapeuzinho Vermelho de Raiva”, do escritor

Mário Prata. O texto na íntegra pode ser encontrado em

<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23517>.

Chapeuzinho vermelho de raiva - Senta aqui mais perto, Chapeuzinho. Fica aqui mais pertinho da vovó, fica. - Mas vovó, que olho vermelho... E grandão... O que houve? (...)

A princípio, percebe-se no texto em questão um uso excessivo da forma mas

por parte do autor. Provavelmente, se ele optasse por outros conectores

contrajuntivos (não obstante, contudo, todavia etc.), o texto ficaria inverossímil, dada

a realidade que é apresentada acerca das personagens. É interessante observar

que o conectivo mas, algumas vezes, foi utilizado como uma marca de oralidade,

não necessariamente como adversativo. Em trechos como “... Mas vovó, que olho

tão...” e “... tão grande, mas tão grande...”, o mas tem um papel mais estilístico,

atuando como um marcador conversacional, do que sintático.

Acerca desse conectivo, indagamos:

1 – No primeiro parágrafo, a avó convida a neta para que se aproxime. Até aí, tudo normal. Contudo, em seguida, a menina responde iniciando sua fala com um “mas”, que, normalmente – porém não nessa situação –, indica oposição. a) Na sua opinião, o que esse “mas” revela sobre o estado de espírito da jovem naquele momento? b) O que teria causado essa reação por parte da neta? 2 – No trecho “...a senhora está com um nariz tão grande, mas tão grande”, o “mas” nesse contexto é uma marca de oralidade, cuja presença indica: a) intensificação b) oposição c) adição d) explicação 3 – Os parágrafos 5 e 6 trazem, nas opiniões da vovó e da netinha, respectivamente, visões opostas acerca da modernidade. Que palavra, nesse contexto, introduz a discordância? Com qual das duas opções você está de acordo? 4 – Quando escrevemos um texto, é conveniente evitar repetições excessivas de palavras. No entanto, o autor usa repetidamente o “mas”, quando poderia variar, utilizando outros vocábulos, tais como contudo, todavia, entretanto etc.

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Na sua opinião, que problema haveria, no contexto daquele diálogo, se ele lançasse mão dos vocábulos mencionados?

Ainda dentro do mesmo assunto, há um caso interessante no trecho “... antes

eu levava mais de duas horas para vir de casa até aqui e agora, com a estrada

asfaltada...”. A forma e, sem perder o seu caráter conjuntivo, naquele contexto, em

razão da oposição antes e agora, pode assumir uma acepção contrajuntiva,

podendo ser substituível pelo mas.

A fim de explorar essa possibilidade, tencionamos apresentar a seguinte

questão:

5 – Na sua opinião, no trecho “antes eu levava mais de duas horas para vir de casa até aqui e agora, com a estrada asfaltada...”, é possível trocarmos o “e” pelo “mas”? Justifique.

No trecho “... estes olhos estão assim de tanto olhar para você. Aliás, está

queimada, heim?”, ocorre um fenômeno que Koch (2004) define como

generalização/extensão, o qual sucede quando “o segundo enunciado exprime uma

generalização do fato contido no primeiro ou uma ampliação da ideia nele expressa”

(KOCH, 2004, p. 75). No enunciado em pauta, verifica-se a segunda possibilidade

(ampliação).

Sobre isso, postulamos:

5 – No terceiro parágrafo, a vovó está explicando a razão de os seus olhos estarem vermelhos, mas, de repente, muda o direcionamento de sua fala. Que palavra introduz essa mudança? 6 – No trecho “Aliás, você está bem queimada, heim?”, qual dos termos abaixo poderia substituir a palavra destacada? a) A propósito b) Portanto c) Assim d) Ou seja

Na crônica, há um caso de disjunção argumentativa, a qual, conforme já

relatamos no módulo 3, visa à “provocação/conclamação do interlocutor a uma

concordância” (KOCH; ELIAS, 2010, p. 171). Isso se verifica em “Também tenho que

entrar na moda, não é, minha filha? Ou você queria que eu fosse...”

A respeito dessa ocorrência, indagamos:

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7 – Durante o diálogo entre as personagens, a vovó, em determinado momento, diz: “Ou você queria que eu fosse domingo ao programa do Chacrinha de coque e com vestido preto com bolinhas brancas?” A presença do “ou”, nesse contexto, indica que a vovó esperava que tipo de reação da jovem?

O conector desde que, em algumas situações, pode consignar uma relação de

causa e, em outras, uma relação de tempo. Um exemplo desta última classificação

está no trecho “Desde que começou a industrialização do bosque que é um Deus

nos acuda”.

A fim de explorar esse articulador, propomos:

8 – No quinto parágrafo, a vovó estabelece uma relação entre a industrialização e a poluição. Ao analisar a expressão “desde que” no fragmento em questão, podemos inferir que: a) O processo de industrialização começou no passado e continua no presente. b) O processo de industrialização já se encerrou, mas suas consequências persistem. c) A expressão “desde que” não expressa uma relação de tempo, mas de causa. d) O processo de industrialização está prestes a se iniciar.

Há uma ocorrência do conector porque, o qual pode veicular, dependendo da

situação, diferentes relações semântico-discursivas. No caso em pauta, “... Você me

desculpe porque foi você que me deu...”, há uma relação de explicação/justificativa,

relação esta que ocorre “quando se encadeia, sobre um primeiro ato de fala, outro

ato que justifica ou explica o anterior” (KOCH, 2004, p. 73).

Para esse termo, dispomos:

9 – No trecho “Você me desculpe porque foi você que me deu...”, qual dos termos abaixo NÃO poderia substituir a conjunção “porque”? a) visto que b) já que c) pois d) portanto 10 – Analisando o mesmo trecho, nota-se que a presença da conjunção “porque” indica que a avó está, de certa forma, se justificando por alguma coisa. O que seria? Na sua opinião, por que isso acontece?

Ao final do texto, ocorre uma relação de mediação, expressa no trecho

“Escuta aqui, queridinha: você veio aqui hoje para me criticar é?!”.

Sobre isso, propomos:

11 – Em “você veio aqui para me criticar?!”, o “para” introduz uma objeção da avó à postura da neta – algo que é reforçado pela concomitância dos pontos de

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interrogação e de exclamação. Afinal, o que a avó está reprovando no comportamento da menina? 12 - Assinale os termos que poderiam substituir o “para” no trecho “Escuta aqui, queridinha: você veio aqui hoje para me criticar é?!” ( ) a fim de ( ) afim de ( ) porque ( ) por que ( ) sem ( ) com o objetivo de ( ) com a intenção de ( ) com a finalidade de

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MÓDULO 5

Caro professor.

Neste módulo, elaboraremos nossas atividades a partir do conto “A primeira só”, de

Marina Colasanti. O texto na íntegra pode ser encontrado em

<http://pt.scribd.com/doc/93530360/A-Primeira-So-Marina-Colasanti>.

A Primeira Só Era linda, era filha, era única. Filha de rei. Mas de que adiantava ser princesa se não tinha com quem brincar? Sozinha, no palácio, chorava e chorava. Não queria saber de bonecas, não queria saber de brinquedos. Queria uma amiga para gostar. (...)

De início, vamos analisar a relação de conjunção, que, nesse texto, é

representada preponderantemente pela forma e.

Já no primeiro parágrafo, em “chorava e chorava”, o e, ali disposto, permite

que à sua função aditiva se adira, do ponto de vista semântico, uma noção de

intensidade. Estruturas semelhantes se repetem ao longo do conto, conforme

vemos em “E, em segredo... E em silêncio...”; “... e fez duas... e fez quatro... e fez

oito...” etc.

Para esse tipo de relação, propomos:

1 – A repetição introduzida pela conjunção “e”, em “chorava e chorava”, nos permite deduzir sobre o estado psicológico da menina. Como ela deveria estar se sentindo? Se não houvesse essa repetição, a mesma leitura poderia ser feita? Justifique. 2 – No trecho “E, em segredo, mandou fazer o maior espelho do reino. E em silêncio mandou colocar...”, a dupla utilização do “e”, além da estrutura sintática escolhida, permitiu um paralelismo entre duas ações, as quais, uma vez comparadas, nos possibilitam inferir algumas características da personalidade do rei. Quais substantivos poderíamos empregar para exprimir o caráter do monarca? 3 – No oitavo parágrafo, percebemos uma sequência de ações que sucedem de forma progressiva, acelerada. Há uma palavra, em especial, responsável por esse ordenamento. Indique-a.

No penúltimo parágrafo, no trecho “Correu, correu, e a tristeza continuava

com ela”, o e perde o seu caráter conjuntivo, assumindo uma função contrajuntiva.

Sobre isso, indagamos:

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4 – Em “Correu, correu, e a tristeza continuava com ela”, vemos dois pequenos enunciados unidos pela conjunção “e”. a) Podemos dizer que o segundo enunciado foi a consequência esperada do ato de correr? Justifique. b) Se trocássemos o “e” por “porém”, a frase mudaria seu sentido? Justifique.

No tocante aos conectores de contrajunção, prevalece o conectivo mas. A

conjunção porém ocorre uma única vez.

Sobre esse gênero, sugerimos:

5 – No início do texto – “Era linda, era filha, era única. Filha de rei” – vemos que a princesa tinha tudo para ser feliz. Porém, na sequência, a palavra “mas” dissolve essa ideia, desvelando para nós uma outra realidade, da qual procederia o motivo da infelicidade da menina. Que realidade é essa? 6 – No quinto parágrafo, vemos um contraste entre o fato de a bola de ouro estar ao fundo da cesta de brinquedos e, ao mesmo tempo, ser o primeiro a despertar a atenção da menina. a) Que palavra introduz esse contraste? b) Qual a razão de ela ter escolhido primeiramente a bola de ouro? 7 – Ainda no quinto parágrafo, um clima de amizade se instaura entre a princesa e sua “amiga”. De repente, uma mudança brusca altera os rumos da história. Indique o fato que gerou essa mudança e a palavra que introduziu o fato.

Um caso peculiar do uso do conectivo mas ocorre no trecho “Não um só

rosto de amiga, mas tantos rostos de tantas amigas”. Aqui, o articulador em questão

pode ser enquadrado na relação de conjunção, sendo substituível por mas também.

A fim de explorar esse aspecto, questionamos:

8 – No trecho “Não um só rosto de amiga, mas tantos rostos de tantas amigas”, o termo destacado poderia ser substituído por: a) portanto b) ora c) então d) mas também

Há, em três momentos do texto, relações de mediação, a saber: “Queria uma

amiga para gostar”; “Abaixou a cabeça para chorar”; “... e foi correr no jardim para

cansar a tristeza”.

Sobre isso, propomos:

9 – Sobre o trecho “Queria uma amiga para gostar”, é correto afirmar que o conectivo “para”: a) demonstra que a menina era egoísta e possessiva. b) introduz a finalidade do conteúdo expresso no primeiro enunciado.

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c) introduz uma oposição ao primeiro enunciado. d) revela uma comparação entre a oração introduzida por esse termo e a anterior. 10 – Em “Abaixou a cabeça para chorar”, como você reescreveria a segunda parte se elas estivessem dispostas assim: a) Abaixou a cabeça, mas ... b) Abaixou a cabeça porque ... c) Inclinou a cabeça à medida que ... 11 – Em relação aos três exemplos anteriores, o autor poderia utilizá-los sem que o sentido original do período fosse comprometido? Justifique. 12 – No trecho “... e foi correr no jardim para cansar a tristeza”, o conectivo “para” introduz uma expressão em sentido figurado. Como você a interpretaria?

Há trechos nos quais se sucede a relação de temporalidade, expressa pelo

conectivo quando.

Acerca disso, dispomos:

13 – No segundo parágrafo, há duas situações distintas: num primeiro momento, o enfoque está nas ações do rei; num segundo momento, na reação da menina. Há uma palavra que introduz essa distinção. Indique-a. 14 – No trecho “... quando uma estava cansada, a outra dormia”, o termo destacado indica que: a) o estado estar cansado e a ação de dormir ocorriam ao mesmo tempo. b) o estado estar cansado ocorria antes do ato de dormir. c) o estado estar cansado ocorria depois do estado de sono da outra personagem. d) não há uma relação de tempo nessas ações. 15 – O quinto parágrafo transcorre num clima de amizade e companheirismo entre a menina e a “amiga”. Porém, a palavra “quando” instaura um outro momento, que poderíamos classificar como: a) de ódio b) de inimizade c) de sofrimento d) de apreensão

Cabe ainda destacar duas relações de causalidade, expressas nos

enunciados “... tão brilhante, que foi o primeiro presente que escolheram” e “Tão

menores que não cabiam em si...”. Do ponto de vista gramatical, as duas orações

introduzidas pela conjunção que seriam consecutivas, não causais. Porém, a

Linguística Textual dispõe tanto os conectores de causa quanto os de consequência

sob uma mesma categoria, a da causalidade, que se expressa “pela conexão de

duas orações, uma das quais encerra a causa que acarreta a consequência contida

na outra” (KOCH, 2004, p. 69). Nos dois períodos observados, por exemplo, o

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conectivo que, introduzindo a consequência – a causa, porém, está expressa

anteriormente, na oração principal.

Sobre esses termos, elaboramos:

16 – No trecho “... tão brilhante, que foi o primeiro presente que escolheram”, é correto afirmar que: a) O brilho excessivo da bola foi a causa de sua escolha por parte das meninas. b) A conjunção “que” está explicando o porquê de a bola ser tão brilhante. c) O brilho da bola foi uma consequência da escolha das meninas. d) A escolha da bola não tem nada a ver com o brilho dela. 17 – Em “Tão menores que não cabiam em si”, qual das frases abaixo manteriam um sentido correspondente? a) Elas eram pequenas porque não cabiam em si. b) Embora fossem pequenas, elas não cabiam em si. c) Elas não cabiam em si porque eram muito pequenas. d) Se elas fossem menores, não caberiam em si.

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MÓDULO 6

Caro professor,

Neste módulo, faremos a análise do conto “Uma vela para Dario”, do escritor Dalton

Trevisan. O texto na íntegra pode ser encontrado em

<http://www.releituras.com/daltontrevisan_dario.asp>.

Uma Vela para Dario Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a

esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.

No conto em questão, conforme vemos, Dalton Trevisan faz uso frequente

das orações coordenadas assindéticas, em que os elementos de coesão sequencial

ficam implícitos. Na Linguística Textual, esse recurso é previsto no conceito de

encadeamento por justaposição. “Nesses casos, o lugar do conector ou partícula é

marcado, na escrita, por sinais de pontuação (vírgula, ponto e vírgula, dois pontos,

ponto) e, na fala, pelas pausas” (KOCH, 2004, p. 66).

Nossa análise começa pelo exame do conectivo e, o qual é bastante

recorrente ao longo do conto, introduzindo diversas relações. Acerca dele,

preparamos as seguintes questões:

1 – O conto “Uma vela para Dario” inicia com uma imagem de dinamismo, de movimento em torno do personagem Dario. De repente, ainda no primeiro período, esse clima é quebrado. Que palavra introduziu essa quebra? 2 – Se, no trecho “Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que...”, trocássemos a conjunção “e” por “mas”, o enunciado manteria o sentido original? Justifique. 3 – Ainda no mesmo parágrafo, após o conector “assim”, há uma sequência de ações encadeadas por justaposição e, ao final, pelo conector “e”. Essas ações mostram a condição física de Dario. Como podemos descrever o quadro clínico da personagem? 4 – No período “..., e o cachimbo tinha apagado”, a vírgula, seguida do conectivo “e”, dá ênfase a um fato que, em princípio, parece irrelevante. No entanto, posteriormente, compreendemos o porquê de o autor ter dado esse destaque. Qual a importância da referida informação para a continuação do texto?

5 – Em “Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram...”, quais dos períodos abaixo se aproximam do sentido original?

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a) “Dario roncou feio e, entretanto, bolhas de espuma surgiram...” b) “Dario roncou feio e, portanto, bolhas de espuma surgiram...” c) “Dario roncou feio e, então, bolhas de espuma surgiram...” d) “Dario roncou feio e, em seguida, bolhas de espuma surgiram...” 6 – Sobre o trecho “... a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais...”, é correto afirmar que: a) A expressão “além do mais” apresenta uma negação ao sentido do “e”. b) A expressão “além do mais” reforça o sentido do conector “e”. c) A expressão “além do mais” traz uma comparação em relação à conjunção “e”. d) A expressão “além do mais” introduz uma alternativa em relação ao “e”. 7 – No fragmento “comendo e bebendo”, a conjunção “e” permite um paralelo entre duas ações, acerca das quais podemos afirmar que: a) As duas ações ocorrem ao mesmo tempo. b) O ato de comer ocorre primeiro, por isso foi escrito antes. c) O ato de beber é anterior. d) As duas ações são passadas e, agora, eles “gozam as delicias da noite”. 8 – “O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo...”. Qual dos termos abaixo NÃO poderia substituir o “e”? a) porém b) entretanto c) no entanto d) por isso 9 - No trecho apresentado na questão anterior, a conjunção “e” introduz uma informação que não havia ficado explícita nos parágrafos anteriores, qual seja: a) Os pertences e Dario haviam sido roubados. b) A identificação era impossível porque o guarda não conhecia Dario. c) O guarda o menosprezou por pensar que ele fosse um morador de rua. d) Desfigurado em razão do mal-estar, ninguém conseguiria reconhêce-lo. 10 – Sobre o trecho, “Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão...”, se substituíssemos o “e” por “mas” a frase ficaria sem sentido? Justifique. 11 – Os dois últimos parágrafos fazem uma relação com o título do conto. Partiu de uma criança o único gesto verdadeiramente caridoso, haja vista a simbologia religiosa inerente à vela. Entretanto, no último período do conto, o conector “e” introduz a informação de que até mesmo a vela se apagou. Considerando o texto como um todo, que relação poderia ser estabelecida entre esse fato e a situação da personagem principal?

No conto, em alguns momentos, ocorrem relações de contrajunção. Contudo,

nem sempre os conectores estão explícitos. Cabe ainda destacar a presença do

embora, em “Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o

pudesse ver”. Se, na gramática tradicional, esse conectivo é concessivo, a LT o

classifica como contrajuntivo; neste caso, “prevalece a orientação argumentativa do

enunciado não introduzido pelo operador” (KOCH, 2004, p. 73).

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Acerca da contrajunção, elaboramos:

12 – “Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta”. Analisando essas três orações, pode-se dizer que a terceira é uma consequência esperada das duas primeiras? Justifique. 13 – Se a conjunção “mas” fosse acrescentada após a segunda vírgula, o período mudaria seu sentido? Justifique. 14 – Em “Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver”, pode-se dizer que o esforço mencionado na primeira oração atingiu seu objetivo? Justifique. 15 – Ainda no mesmo trecho, a presença do conector “embora”, juntamente com a oração que o procede, nos permite inferir que: a) Somente se eles ficassem na ponta dos pés, eles poderiam ver o Dario. b) Mesmo ficando na ponta dos pés, eles não poderiam ver o Dario. c) As pessoas não ficaram na “ponta dos pés”. O autor usou esse termo no sentido figurado. d) O ficar na ponta dos pés é apenas uma expressão para indicar exagero. 16 – No trecho “... encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado”, que tipo de relação o termo grifado introduz com referência ao termo anterior? a) adição b) alternância c) oposição d) tempo 17 – O conector “mas”, no trecho “Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado”, introduz, de forma sutil, uma informação bem importante. Qual? 18 – “Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina”. Podemos dizer que o segundo enunciado é uma consequência esperada do primeiro? Justifique. 19 – Qual dos termos abaixo NÃO poderia ser empregado após o primeiro ponto? a) Contudo b) Todavia c) Não obstante d) Enfim

No conto, em alguns momentos, observa-se a relação de causalidade. Em

todas elas, porém, o conector ficou implícito.

Sobre isso, questionamos:

20 – Em “Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas”, qual dos termos abaixo NÃO poderia vir depois da vírgula? a) de modo que b) por isso c) pois

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d) então 21 – Acerca do trecho “A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina”, é correto afirmar que: a) A segunda oração explica o conteúdo narrado na primeira. b) A primeira oração é uma consequência da segunda. c) A segunda oração é uma conclusão do enunciado da primeira. d) A segunda oração é uma consequência do enunciado da primeira. 22 – Em “Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar”, em princípio, os dois enunciados parecem ser independentes. Todavia, analisando o contexto, vê-se uma relação entre eles. Como você interpretaria isso?

Em alguns momentos, ocorre a relação de explicação ou justificativa, como

nos períodos “Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do

quarteirão” e “O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo – os

bolsos vazios”. Novamente, conforme foi a tônica de todo o conto, os conectores

ficaram subtendidos.

Para tais períodos, propomos:

23 – No trecho “Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão”, qual a relação que se estabelece entre as duas orações? 24 – Qual dos enunciados abaixo poderia substituir a segunda oração sem prejuízo do significado? a) pois a farmácia ficava no fim do quarteirão. b) consequentemente a farmácia ficava no fim do quarteirão. c) portanto a farmácia ficava no fim do quarteirão. d) então a farmácia ficava no fim do quarteirão. 25 - “O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo – os bolsos vazios”. Como você reescreveria o trecho final se, no lugar do travessão, estivesse a palavra “porque”?

Sobre a relação de temporalidade, a qual foi bem recorrente ao longo do

texto, estabelecemos:

26 – No primeiro período do texto, são mencionados dois momentos em relação a Dario: o da diminuição do ritmo e o do repouso. Que palavras introduzem esses momentos? 27 – No terceiro parágrafo, num primeiro momento, percebemos que, aparentemente, alguns procedimentos foram tomados visando à assistência do protagonista. Mas, no momento seguinte, a reação de Dario foi o contrário do que se esperava. Que palavra introduz a distinção desses dois momentos?

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28 – Considere o período “Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista”. Podemos dizer que a presença do Dario foi a causa do protesto do motorista? Justifique. 29 – No décimo primeiro parágrafo, o narrador apresenta, de forma incisiva, a informação da morte do personagem. Contudo, no parágrafo dez, ele já antecipa essa informação a partir de duas expressões. Indique-as. 30 – Em “Dario levara duas horas para morrer”, o “para” dá um tom de dramaticidade ao referido espaço de tempo. Na sua opinião, esse tempo foi muito breve? Na opinião do narrador, a morte era inevitável? Justifique. 31 – Em “Apenas um homem morto e a multidão se espalhou”, a correlação entre os termos “apenas” e “e”, no contexto do enunciado, indica que: a) A dispersão da multidão ocorreu imediatamente à morte do homem. b) As pessoas se espalharam quando perceberam que o homem iria morrer. c) Com a morte do homem, a multidão, aos poucos, se espalhou. d) A dispersão da multidão não teve relação com a morte do homem.

A relação de mediação ocorreu algumas vezes, introduzida pelo conectivo

para.

Sobre isso, elaboramos:

32 – Em “... sem que se fizesse um gesto para espantá-las”, que expressão você usaria para substituir o “para” de modo que o texto mantivesse o sentido original?

33 – No trecho “Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça”, “para” faz a relação entre uma ação e um fim aparentemente nobres. Na sua opinião, de acordo com o contexto, isso se confirma ou o narrador está ironizando? Justifique. 34 – “Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos”. Numa primeira leitura, a informação introduzida por “para” soa como irrelevante. Porém, ela encerra uma dura crítica. Que crítica é essa? Explique.

Por fim, sobre a relação de modo, estabelecemos:

35 – Em “Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que se fizesse um gesto para espantá-las”, a segunda oração revela o modo de agir daquelas pessoas na situação em questão. Que palavras você utilizaria para classificar esse tipo de comportamento? 36 – O texto diz que Dario foi “largado” na porta da peixaria e, posteriormente, que ele “ficou torto como o deixaram”. O que a expressão destacada revela acerca da assistência prestada pelos transeuntes?

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MÓDULO 7

Neste módulo, analisaremos a parábola “Tudo que vem de Deus é bom”,

publicada pelo professor Felipe Aquino, em sua obra “Sabedoria em Parábolas”. O

texto na íntegra pode ser encontrado em <http://cleofas.com.br/tudo-que-vem-de-

deus-e-bom/>.

Tudo que vem de Deus é bom

Há muito tempo, num reino distante, havia um Rei que não acreditava na bondade de Deus. Tinha, porém, um súdito que sempre lhe lembrava dessa verdade. Em todas as situações dizia: — Meu Rei, não desanime, porque Deus é bom!

Nossa análise começa pelo exame da relação de contrajunção, a qual se

verificou mediante os conectores mas, porém e apesar de.

Sobre eles, elaboramos estas questões:

1 – Nos dois primeiros parágrafos do texto, percebe-se que o rei e o servo tinham uma boa relação. Entretanto, havia um ponto de discordância entre eles. a) Que palavra indica essa oposição? b) Afinal, em que eles divergiam? 2 – Considere este período: “O súdito conseguiu matar o animal, porém não evitou que sua Majestade perdesse o dedo mínimo da mão direita”. a) Se analisarmos o segundo enunciado, introduzido pelo “porém”, em relação ao primeiro, podemos dizer que, diante das circunstâncias, a perda do dedo mínimo é vista como algo positivo, diante do qual o rei se conformou? Justifique. b) Se, após a vírgula, em vez do “porém”, estivesse escrito assim: “... por sorte, sua majestade perdeu apenas o dedo mínimo da mão direita”, o sentido seria o mesmo? Justifique. 3 – No trecho “Meu Rei, apesar de todas essas coisas, somente posso dizer-lhe que Deus é bom...”, a expressão destacada indica que o súdito, embora religioso, reconhece a possibilidade de coisas ruins acontecerem. Naquele contexto, a que evento triste o “apesar de” reporta? 4 – Se analisarmos os mesmos enunciados – “Meu Rei, apesar de todas essas coisas, somente posso dizer-lhe que Deus é bom...” –, qual das duas ideias tem mais peso no coração do súdito: os sofrimentos da vida ou a bondade de Deus? Justifique. 5 – Se o referido período fosse escrito assim: “Deus é bom, mas a vida tem muitas coisas ruins”, podemos dizer que o fator religioso ainda seria predominante em relação ao sofrimento? Justifique. 6 – Ao final do texto, o rei se redime diante de seu súdito. Entretanto, a presença do conector “mas” na última fala do monarca indica que este está plenamente convencido da bondade de Deus? Justifique.

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Na parábola, observa-se a presença da relação de explicação ou justificativa,

expressas, neste caso, pelos conectores pois e porque.

Sobre esse tema, elaboramos:

7 – Considere este período: “Meu Rei, não desanime, porque Deus é bom!”. a) O enunciado introduzido pelo conectivo “porque”, se analisado em conjunto com o ponto-de-exclamação e com o enunciado anterior, vemos que não se trata de uma simples justificativa. Havia, por parte do súdito, uma intenção ao dizer isso. De que intenção se trata? b) O enunciado “... porque Deus é bom” vem em oposição a uma informação dada no parágrafo anterior. Que informação é essa? c) O que o enunciado “... porque Deus é bom” revela acerca da personalidade do súdito? 8 – Considere este período: “Esses índios eram temidos por todos, pois sabia-se que faziam sacrifícios humanos para seus deuses”. Analisando a conjunção “pois” no contexto do período acima, podemos dizer que a captura do rei, bem como seu eventual sacrifício, era algo improvável? Justifique. 9 – No trecho “Este homem não pode ser sacrificado, pois é defeituoso!”, a oração introduzida pelo conector “pois” deixa subtendida que informação acerca das vítimas de sacrifício? 10 - No último parágrafo, o súdito justifica o seu não ressentimento contra o rei a partir da fala “pois não me falta dedo algum”. Qual a importância dessa informação para o texto como um todo?

A relação de conjunção ocorre várias vezes ao longo da parábola. Entretanto,

abordaremos apenas dois casos que nos chamaram à atenção.

Primeiramente, no trecho “Um dia, o Rei saiu para caçar juntamente com seu

súdito, e uma fera da floresta atacou o Rei”, percebe-se que a conjunção “e” poderia

ser substituída por “quando”, ou seja, fica subtendida uma relação temporal.

O segundo caso ocorre em “Se Deus fosse bom eu não teria sido atacado, e

não teria perdido o meu dedo”. Nesse caso, o “e” se reveste de sentido conclusivo,

sendo equivalente a “portanto”.

Sobre essas duas ocorrências, elaboramos:

11 – Em “Um dia, o Rei saiu para caçar juntamente com seu súdito, e uma fera da floresta atacou o Rei”, qual dos termos abaixo poderia substituir a conjunção “e”? a) quando b) por isso c) embora d) à medida que

12 – Considere este período: “Se Deus fosse bom eu não teria sido atacado, e não teria perdido o meu dedo”. Qual dos trechos abaixo NÃO poderia substituir o “e”?

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a) portanto b) de modo que c) de maneira que d) porém

A relação de mediação ocorre duas vezes e em períodos semelhantes: “... o

Rei saiu para caçar...” e “... o Rei saiu novamente para caçar...”.

Para tais enunciados, estabelecemos:

13 – Por duas vezes, a parábola menciona que o rei saiu “para caçar”, apesar de perigos como as feras e os índios. Diante disso, como você definiria a personalidade do rei?

A relação temporalidade ocorre duas vezes, representada pelos conectores

“mal” e “quando”. Como este último já foi analisado nos módulos anteriores,

abordaremos apenas o primeiro, que, aliás, em razão de outras conotações a ele

inerentes, nem sempre é percebido com tendo função de marcar a temporalidade.

Sobre o referido termo, formulamos:

14 – Considere este período: “Mal prenderam o Rei, passaram a preparar, cheios de júbilo, o ritual do sacrifício”. Qual dos elementos abaixo NÃO poderia substituir o “mal”? a) Assim que b) Antes que c) Logo que d) Quando 15 – No trecho “Mal prenderam o Rei, passaram a preparar...”, percebemos uma ação rápida, quase instantânea. Diante disso, que palavras você usaria para definir o comportamento dos índios?

Sobre a relação de condicionalidade, é interessante observar o seguinte

trecho, proferido pelo rei: “Se Deus fosse bom eu não teria sido atacado, e não teria

perdido o meu dedo”. É curioso notar que essa oração não menciona que o Rei era

ateu, mas sim que ele não cria na bondade do Criador. Aliás, essa ideia já está

presente no primeiro parágrafo.

Sobre isso, pretendemos desenvolver a seguinte questão:

16 – Pelo trecho “Se Deus fosse bom eu não teria sido atacado, e não teria perdido o meu dedo”, podemos afirmar que o rei era ateu? Justifique.

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Por fim, cabe ressaltar a presença da relação de conclusão, modalidade que

se verifica quando “a partir de uma premissa maior geralmente implícita e de uma

premissa menor explicita, extrai-se uma conclusão” (KOCH, 2010, p. 171).

No que tange à ocorrência em questão, estabelecemos:

17 – Em “Meu Rei, se eu estivesse junto contigo nessa caçada, certamente seria sacrificado em teu lugar, pois não me falta dedo algum! Portanto, lembre-se sempre: ‘tudo o que Deus faz é bom’”, qual dos termos abaixo não poderia substituir o conectivo “portanto”? a) Logo b) Por conseguinte c) No entanto d) Então 18 – No último parágrafo do texto, o conectivo “portanto” introduz um conselho. Com isso, o súdito busca levar o rei a crer em quê?

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MÓDULO 8

Caro professor,

Neste módulo, analisaremos a crônica “Comunicação”, de Luis Fernando Verissimo.

Pelo fato de, nos módulos anteriores, já termos estudado a maioria das formas de

relação – tanto as do campo lógico-semântico quanto as do campo discursivo-

argumentativo –, aqui daremos preferência a três casos ainda não abordados: a

relação de correção/redefinição, a relação de especificação/exemplificação e a

relação de conformidade. Examinaremos também alguns casos avulsos que

considerarmos dignos de nota. O texto na íntegra pode ser encontrado em

<http://www.ofaj.com.br/disciplinas_conteudo.php?cod=13>.

Comunicação É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que

você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um.., como é mesmo o nome? Posso ajudá-lo, cavalheiro?

- Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...

Nossa análise começa pela relação de correção/redefinição, verificada no

trecho “É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o

que você quer”. Segundo Koch (2004), esse tipo de relação ocorre “quando, através

de um segundo enunciado, se corrige, se suspende ou redefine o conteúdo do

primeiro, se atenua ou reforça o comprometimento com a verdade do que nele foi

veiculado ou, ainda, se questiona a própria legitimidade de sua enunciação” (KOCH,

2004, p. 76).

Sobre essa relação, questionamos:

1 – O texto inicia com uma afirmação: “É importante saber o nome das coisas”. Mas o enunciado seguinte traz: “Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer”. Analisando ambos, podemos concluir que: a) A expressão “Ou pelo menos” indica que o autor mudou de opinião. b) A expressão “Ou pelo menos” indica que o autor redefiniu o conteúdo do primeiro enunciado. c) A expressão “Ou pelo menos” indica que o autor negou o primeiro enunciado. d) A expressão “Ou pelo menos” indica que o autor concluiu o primeiro enunciado. 2 – Analisando a expressão “Ou, pelo menos”, no contexto dos dois enunciados, podemos afirmar que o autor considera impossível a comunicação sem o conhecimento do nome das coisas?

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No texto em pauta, em “Tenho algum problema com os números mais

complicados, claro. O oito, por exemplo. Tenho que fazer um rascunho antes", existe

uma relação de especificação/exemplificação, definida por Koch (2004) como aquela

“em que o segundo enunciado particulariza e/ou exemplifica uma declaração de

ordem mais geral apresentada no primeiro” (KOCH, 2004, p. 76).

No que tange a esse caso, preparamos:

3 - Considere este trecho: “Tenho algum problema com os números mais complicados, claro. O oito, por exemplo. Tenho que fazer um rascunho antes". Conforme vemos, a expressão “por exemplo” retoma o primeiro enunciado e introduz o terceiro, relacionando os dois. Dessa relação, depreende-se que: a) O terceiro enunciado é uma conclusão do primeiro. b) O terceiro enunciado apresenta uma alternativa em relação ao primeiro. c) O terceiro enunciado exemplifica o primeiro. d) O terceiro enunciado é a causa do primeiro. 4 – Ainda no mesmo trecho, o exemplo usado pelo protagonista parece-nos absurdo. Todavia, naquele contexto, faz sentido. Explique.

Percebe-se também a relação de conformidade, exposta no enunciado “Mas

não sou um débil mental, como você está pensando”. O conectivo como, nesse

contexto, equivale a conforme. Essa espécie de relação é caracterizada “pela

conexão de duas orações em que se mostra a conformidade do conteúdo de uma

como algo asseverado na outra” (KOCH, 2004, p. 71).

Sobre isso, propomos:

5 – No período “... não sou um débil mental, como você está pensando”, qual dos termos abaixo poderia substituir o conector “como”? a) contudo b) porque c) bem como d) conforme 6 – A negativa “... não sou um débil mental” já constitui certa reação do protagonista; isso se acentua em “como o senhor está pensando”. Diante disso: a) Podemos dizer que o protagonista tinha razão em se exaltar? Justifique. b) É correto afirmar que o protagonista, em razão de seu desequilíbrio psicológico, ignorava o que os outros pensavam dele?

Analisaremos agora outras ocorrências interessantes, que merecem

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destaque.

Primeiramente, o trecho “Na ponta tem outra volta, só que esta é mais

fechada”. Aqui, o advérbio só, acrescido da conjunção que, funciona como um

conector de contrajunção.

Sobre isso, propomos:

7 – No trecho “Na ponta tem outra volta, só que esta é mais fechada”, qual dos termos abaixo NÃO poderia substituir o termo destacado? a) porém b) contudo c) todavia d) porque

Outro elemento coesivo que pode ser explorado figura no enunciado “Um

sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende,

fica fechado”. A locução conjuntiva em destaque, assim como outras similares (de

modo que, de forma que, de maneira que etc.), não tem uma unanimidade no

tocante à sua classificação. Almeida (2009) e Cegalla (2008) definem tais

expressões como consecutivas. Sacconi (2011), por sua vez, afirma que esses

termos só são consecutivos se ficar subtendido o pronome “tal”. Do contrário, como,

por exemplo, na oração “O pior já passou, de forma que não há mais nada com que

se preocupar”, a relação seria de conclusão. Do ponto de vista da Linguística

Textual, em construções desse gênero, se analisarmos a oração principal, vemos

que ela introduz a causa do que será dito na sequência. Logo, podemos enquadrar

tais estruturas no conceito de causalidade.

Para essa relação, propomos:

8 – O protagonista, ao tentar explicar para o vendedor como era o objeto pelo qual estava interessado, diz: “... Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado”. Diante disso: a) A locução “de sorte que”, por introduzir uma consequência do enunciado anterior, deveria, em tese, facilitar a compreensão por parte do vendedor. Isso ocorreu? Por quê? b) – Após a locução “de sorte que”, aparecem termos desconexos (o, a, o negócio, entende). O que isso revela acerca do protagonista?

Outro caso peculiar, que vem ao encontro da nossa proposta, ocorre no

período “Sou técnico em contabilidade, estou muito bem de vida”. Esses enunciados

justapostos nos permite vislumbrar diferentes relações semântico-discursivas. Para

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explorar devidamente tais variações, proporemos a substituição da vírgula pelo

conector “e”; na sequência, faremos os seguintes levantamentos:

a) Relação de conjunção: “Sou técnico em contabilidade e estou muito bem de

vida”.

Explicaremos aos alunos que, se nos ativermos apenas aos aspectos

sintáticos, temos aqui uma relação de conjunção, isto é, uma “soma de argumentos”.

b) Relação de contrajunção: “Sou técnico em contabilidade e (mas, apesar

disso, etc) estou muito bem de vida”.

Pediremos para os alunos imaginarem a profissão de técnico em

contabilidade como extremamente difícil e mal remunerada. Nesse caso, o conectivo

e seria contrajuntivo, uma vez que o bem-estar do personagem subsistiria “apesar”

das dificuldades do referido ofício.

c) Relação de causalidade: “Sou técnico em contabilidade e (de modo que) estou

muito bem de vida”.

Neste caso, sugeriremos aos alunos que imaginem a profissão em questão

como sendo a causa do bem-estar do personagem – ou o bem-estar como

consequência do trabalho. Ou seja, mostraremos ser possível subtender uma

relação de causalidade.

d) Relação de conclusão: “Sou técnico em contabilidade e (portanto) estou muito

bem de vida”.

Aqui observaremos com os alunos que, se a mencionada profissão é

imprescindível para a felicidade do personagem, é possível deduzir uma relação de

conclusão.

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AVALIAÇÃO

O processo de aferição segundo o qual este trabalho se orienta é o da

avaliação contínua. Ou seja, as próprias questões que, no decorrer dos encontros,

trabalharemos com os alunos, já terão um caráter de constatação e orientação da

aprendizagem.

Uma vez que esta Produção está destinada aos sextos anos do Ensino

Fundamental e que, normalmente, o respectivo alunado apresenta dificuldades na

leitura, na interpretação, bem como no uso dos conectores, é fundamental que

façamos, na medida do possível, um atendimento individual a fim de averiguar se os

estudantes estão conseguindo acompanhar as atividades. Se, ao término de cada

módulo, percebermos que a apropriação dos conteúdos foi insatisfatória,

procederemos a uma recapitulação, com novos exemplos e exercícios, objetivando

proporcionar novas oportunidades de aprendizagem do assunto em questão.

Pretendemos, por fim, no último encontro da Implementação, fazer uma

revisão geral acerca dos oito módulos trabalhados. Se, porventura, percebermos

que, a despeito de todos os esforços empregados ao longo do semestre, os

estudantes ainda apresentam dificuldades no tocante à coesão sequencial, faremos

novas retomadas durante o segundo semestre, intercalando o referido tema com os

demais conteúdos da grade curricular.

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IV - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Saraiva, 2009.

AQUINO, F. Tudo que vem de Deus é bom. Disponível em: <

http://cleofas.com.br/tudo-que-vem-de-deus-e-bom/>. Acesso em: 13 nov. 2013.

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<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua00028a.pdf>. Acesso em: 13

nov. 2013.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira/Lucerna, 2009.

CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48. ed. São Paulo:

Companhia Editora Nacional, 2008.

COLASANTI, M. A primeira só. Disponível em: <

http://pt.scribd.com/doc/93530360/A-Primeira-So-Marina-Colasanti>. Acesso em: 13

nov. 2013.

FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 5. ed. São Paulo: Ática, 1995

KOCH, I. V. A coesão textual. 19. ed. São Paulo: Contexto, 2004.

_____; ELIAS, V. M. Ler e compreender os sentidos do texto. 3. ed. São Paulo:

Contexto, 2010.

PRATA, M. Chapeuzinho vermelho de raiva. Disponível em: <

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23517>. Acesso em:

13 nov. 2013.

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SABINO, F. A última crônica. Disponível em:

<http://www.releituras.com/i_samuel_fsabino.asp>. Acesso em: 13 nov. 2013.

SACCONI, L. A. Nossa gramática completa Sacconi: teoria e prática. 31. ed. São

Paulo: Nova Geração, 2011.

TREVISAN, D. Uma vela para Dario. Disponível em: <

http://www.releituras.com/daltontrevisan_dario.asp>. Acesso em: 13 nov. 2013.

VERISSIMO, L. F. Comunicação. Disponível em: <

http://www.ofaj.com.br/disciplinas_conteudo.php?cod=13>. Acesso em: 13 nov.

2013.