OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Fundamentos de Defectologia de Vigotski. O uso...

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Ficha para Catálogo de Artigo – Trabalho Final

Professor PDE/2013

Título: Oficinas de estudo e prática sobre teorias e o uso do computador como uma

ferramenta pedagógica na Educação de alunos com Deficiência Intelectual.

Autora: Clair Sandri

Disciplina/Área:

Educação Especial

Escola de Atuação: Escola Novo Amanhecer

Município da escola: Nova Aurora

Núcleo Regional de Educação: Assis Chateaubriand

Orientador: Dorisvaldo Rodrigues da Silva

Instituição de Ensino Superior: Unioeste

Área do conhecimento: Educação Especial

Relação Interdisciplinar:

Português, matemática, ciências, geografia, história, artes

Público:

Professores

Escola de implementação: Escola Novo Amanhecer – Educação Infantil e Ensino fundamental, na Modalidade Educação Especial (APAE) Avenida Gonçalves Dias,nº 354

Resumo:

Os desafios na utilização dos recursos computacionais que interferem no trabalho educativo, a busca conjunta de alternativas para ultrapassar essas dificuldades, as reflexões sobre a própria ação, faz com que o educador busque compreender o quê, como, por que e para quê empregar o computador em sua ação. Este trabalho trata do projeto Oficinas de estudo e prática sobre teorias e o uso do computador como ferramenta pedagógica na Educação de alunos com Deficiência Intelectual que foi desenvolvido na forma de Unidade temática, por meio de

Oficinas teóricas e práticas totalizando 34 horas. O objetivo principal foi de ampliar as possibilidades de uso do computador e softwares como ferramentas de apoio pedagógico no processo de ensino aprendizagem dos alunos que apresentam deficiência intelectual e/ou múltiplas. A fundamentação teórica em relação a pessoa com deficiência teve como base teórica a Psicologia Histórico Cultural, Tomo V – Fundamentos de Defectologia de Vigotski. O uso da informática e de jogos educativos no computador podem apresentar resultados significativos no processo de construção de conhecimento, proporcionando condições para o desenvolvimento cognitivo, visando à abstração e autonomia do aluno com deficiência intelectual.

Palavras-chave:

Deficiência Intelectual, Aprendizagem, Softwares, Professor Mediador, Vigotski.

OFICINAS DE ESTUDO E PRÁTICA SOBRE TEORIAS E O USO DO

COMPUTADOR COMO UMA FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO

DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL.

Clair Sandri1

Dorisvaldo Rodrigues da Silva2

Resumo

Os desafios na utilização dos recursos computacionais que interferem no trabalho educativo, a busca conjunta de alternativas para ultrapassar essas dificuldades, as reflexões sobre a própria ação, faz com que o educador busque compreender o quê, como, por que e para quê empregar o computador em sua ação. Este trabalho trata do projeto Oficinas de estudo e prática sobre teorias e o uso do computador como uma ferramenta pedagógica na Educação de alunos com Deficiência Intelectual, e foi desenvolvido na forma de Unidade temática por meio de grupos de estudos, totalizando 34 horas. O objetivo principal foi de ampliar as possibilidades de uso do computador e softwares como ferramentas de apoio pedagógico no processo de ensino aprendizagem, tendo como base teórica da Psicologia Histórico Cultural de Vigotski. Visando sempre o conhecimento e utilização de softwares e a importância do professor como agente mediador no uso desses recursos no trabalho com alunos que apresentam deficiência intelectual e/ou múltiplas. O estudo e aprofundamento do tema proposto apresentaram resultados significativos no processo de construção de conhecimento, aperfeiçoamento e a utilização desses recursos pelo grupo de professores, visando proporcionar ao aluno com deficiência intelectual mais oportunidades e condições para o seu desenvolvimento cognitivo, abstração e autonomia, a partir da utilização de softwares. Palavras-chave: Deficiência Intelectual; aprendizagem; softwares, professor mediador, Vigotski.

1. Introdução

É imprescindível fazer séria reflexão sobre a capacitação de professores

1 Professora da Rede Estadual do Paraná, graduada em História pela Faculdade UNOESTE,

Especialista em Atendimento as necessidades Especiais pela UNIVALE, Especialista em Educação Especial – Deficiência Auditiva pela CESULON Especialista em Administração, Supervisão e orientação educacional pela Faculdade Iguaçu. Professora PDE/2013. 2 Professor orientador Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) Graduado em

Psicologia pela PUC/PR, mestrado em Engenharia de Produção pela UFSC. Membro do Grupo de Pesquisa Estudos Marxistas em Educação e do Grupo de Estudos sobre Fundamentos de Defectologia do (PEE) - Programa de Educação Especial da Unioeste – Campus de Cascavel – PR.

quanto ao uso de recursos tecnológicos, a partir dos seguintes pressupostos:

quem é o aluno com deficiência intelectual e como ocorre a sua aprendizagem,

que, segundo Vigotski é mediada pela linguagem, signos e instrumentos. A

partir daí verifica-se a importância da correta utilização de computadores e

softwares na educação de alunos com deficiência Intelectual.

As pessoas com deficiência Intelectual possuem um desenvolvimento

que segue as mesmas leis, o mesmo processo das demais pessoas, porém

com certas especificidades segundo os Fundamentos de Defectologia (Vigotski,

1997). Essas são as peculiaridades que o professor deve conhecer para poder

eficientemente interagir, propondo atividades que promovam a aprendizagem e

o desenvolvimento, utilizando-se, neste contexto, dos recursos tecnológicos e

atuando como um agente de mediação em todo o processo.

Para fins de caracterização, o artigo 4º inciso IV do Decreto nº 3.298, de

20 de dezembro de 1999, considera-se a deficiência mental como:

IV - deficiência mental - funcionamento intelectual significativamente

inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e

limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades

adaptativas, tais como:

a) comunicação; b) cuidado pessoal; c) habilidades sociais; d) utilização da comunidade; e) saúde e segurança; f) habilidades acadêmicas; g) lazer; e h) trabalho; (BRASIL, 1999).

A Convenção da Guatemala, incorporada à Constituição Brasileira pelo

Decreto nº 3.956/2001, no seu artigo 1º define deficiência como: [...] “uma

restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que

limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida

diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social”.

A partir dessas perspectivas foram implementadas diretrizes e ações que

reorganizam os serviços de Atendimento as pessoas com Deficiência, dentro

da organização do AEE (Atendimento Educacional Especializado), tendo como

ponto de partida as características de seu processo de apropriação do

conhecimento para os alunos com deficiência mental, algumas atividades a

serem desenvolvidas devem, de acordo com as diretrizes do AEE, promover

questões que:

• Estimulem o desenvolvimento dos processos mentais: atenção,

percepção, memória, raciocínio, imaginação, criatividade, linguagem,

entre outros.

• Fortaleçam a autonomia dos alunos para decidir, opinar, escolher e tomar iniciativas, a partir de suas necessidades e motivações. • Promova a saída de uma posição passiva e automatizada diante da aprendizagem para o acesso e apropriação ativa do próprio saber. • Tenham como objetivo o engajamento do aluno em um processo particular de descoberta e o desenvolvimento de relacionamento recíproco entre a sua resposta e o desafio apresentado pelo professor. • Priorizem o desenvolvimento dos processos mentais dos alunos, oportunizando atividades que permitam a descoberta, inventividade e criatividade. • Compreendam que a criança sem deficiência mental consegue espontaneamente retirar informações do objeto e construir conceitos, progressivamente. Já a criança com deficiência mental precisa exercitar sua atividade cognitiva, de modo que consiga o mesmo, ou uma aproximação do mesmo. (MEC/SEESP, 2007).

O trabalho pedagógico dos professores que atuam com alunos que

possuem diagnóstico de deficiência mental deve transcender o caráter

eminentemente clínico, pois, essa concepção acaba sempre recaindo no aluno

como o único responsável por sua não aprendizagem. Para tanto é

imprescindível que o professor se aproprie da concepção teórica que seja

capaz de dar suporte a sua prática pedagógica. Dentre as várias teorias, a

concepção histórico-cultural é a que melhor dá sustentação a compreensão da

pessoa com deficiência.

Segundo o princípio defeito-compensação de Vigotski (1997), uma

pessoa com algum tipo de deficiência pode encontrar novas rotas, buscando

por meio de uma reorganização das estruturas psíquicas novas alternativas de

desenvolvimento, dependendo do apoio que recebe do meio social em que se

insere e da gravidade de seu déficit. Segundo Vigotski e Luria (1996):

No decorrer da experiência, a criança aprende a compensar suas deficiências naturais; com base no comportamento natural defeituoso, técnicas e habilidades culturais passam a existir, dissimulando e compensando o defeito. Elas tornam possíveis enfrentar uma tarefa inviável pelo uso de caminhos novos e diferentes. O comportamento cultural compensatório sobrepõe-se ao comportamento natural defeituoso. (VIGOTSKI; LURIA, 1996, p. 221).

A questão da compensação não se trata do aspecto biológico, mas da

questão social. Assim para compensar as consequências sociais do defeito

orgânico seria através de meios culturais adequados. Vigotski, (1997) traz

importantes contribuições para a compreensão da educação da pessoa com

deficiência ao atribuir o aspecto social no processo de compensação, bem

como por conceber as peculiaridades positivas dessas crianças.

Portanto, o processo de compensação da criança com deficiência,

diante de um meio cultural criado para o tipo humano normal, não transcorrerá

de um modo livre, mas seguindo um curso social determinado. Vigotski afirma

também que para a criança com defeito alcançar o mesmo que a criança

normal deve-se utilizar meios absolutamente especiais.

O educador tem uma função de transmissão do conhecimento

historicamente acumulado e precisa buscar meios que a criança com

deficiência, tal como as demais, possa adquirir esse conhecimento. Para

Vigotski:

Nossa educação é doce; ela não toca no vivo ao aluno; na educação não há sal. Necessitamos idéias audazes e formadoras. Nosso ideal não é rodear de algodão o lugar do enfermo e cuidar dele, por todos os meios, das contusões, senão descobrir as vias mais amplas de sua supercompensação. (VIGOTSKI,1997,p.55).

Muitos educadores têm dificuldade em repensar sua prática a partir de

um novo referencial teórico, pois estão enraizadas as posturas totalmente

cartesianas, que não atendem aos apelos dos novos paradigmas. Segundo

Saviani (1980, p.120) a educação deve ser entendida como “um processo de

mudança no seio da prática social global”. Entretanto, a inovação propõe uma

ação intencional, consciente e deliberada, sendo esta uma característica

fundamental do trabalho docente. Dessa forma as práticas educativas devem

assumir uma característica inovadora, o que implica na utilização das novas

tecnologias.

O papel do professor é fundamental no processo de aprendizagem. A

mais nobre função do professor é ser um criador de ambientes de

aprendizagem e de valorização do educando. Libâneo (1990) ao escrever

sobre as tarefas do professor ressalta que um dos objetivos primordiais é:

Criar condições e meios para que os alunos desenvolvam capacidades e habilidades intelectuais de modo que dominem métodos de estudo e de trabalho intelectual visando a sua autonomia no processo de aprendizagem e independência de pensamento. (LIBÂNEO, 1990, p. 71).

É preciso destacar que as tecnologias e as metodologias incorporadas

ao saber docente modificam o papel tradicional do professor, o qual vê no

decorrer do processo educacional, que sua prática pedagógica precisa estar

sendo sempre reavaliada. Desse modo a utilização técnica do computador em

espaços pedagógicos sem objetivos pré-estabelecidos não se justifica,

Masseto (2012) afirma:

[...] que a tecnologia possui um valor relativo: ela somente terá importância se for adequada para facilitar o alcance dos objetivos e se for eficiente para tanto. As técnicas não se justificarão por si mesmas, mas pelos objetivos que se pretenda que elas alcancem que no caso serão de aprendizagem (MASSETO, 2012, p. 144).

O computador abre espaço para um novo fazer pedagógico.

Geralmente, o aluno não tem condições de percorrer sozinho o processo de

aprendizagem e especialmente utilizar os recursos do computador e da Internet

com fins pedagógicos. Massetto (2012) quando fala da mediação pedagógica e

o uso da tecnologia salienta:

As técnicas precisam ser escolhidas de acordo com o que se pretende que os alunos aprendam. Como o processo de aprendizagem abrange o desenvolvimento intelectual, afetivo, o desenvolvimento de competências e atitudes, pode-se deduzir que a tecnologia a ser utilizada deverá ser variada e adequada a esses objetivos. Não podemos ter esperança de que uma ou duas técnicas, repetidas à exaustão, dêem conta de incentivar e encaminhar toda a aprendizagem esperada. (MASSETO, 2012, p. 143).

O professor, então, é um agente mediador que tem por objetivo provocar

avanços nas elaborações abstratas que não ocorreriam espontaneamente pelo

aluno com deficiência intelectual, havendo necessidade de um trabalho além

do concreto, visando sempre um conhecimento abstrato elaborado, Vigotski

afirma que:

Precisamente porque as crianças retardadas, quando deixadas a si mesmas, nunca atingirão formas bem elaboradas de pensamento abstrato, é que a escola deveria fazer todo o esforço para empurrá-las nessa direção, para desenvolver nelas o que está intrinsecamente faltando no seu próprio desenvolvimento. (VIGOTSKI, 1998, p. 116).

Ao se pensar o professor como sendo o principal agente mediador no

processo ensino aprendizagem, onde procura fazer uso das tecnologias,

investigando e buscando caminhos que transformem a maneira de se

apresentar os conteúdos, por meio da diversidade e inovação na sala de aula

ele assume o papel de facilitador mediador da construção do conhecimento

pelo aluno e não um mero transmissor de informações. Conforme Massetto

(2012):

O professor que trabalha na educação com a informática há de desenvolver na relação aluno-computador uma mediação pedagógica que se explique em atitudes que intervenham para promover o pensamento do aluno, implementar seus projetos, compartilhar problemas sem apontar soluções, ajudando assim o aprendiz a entender, a analisar, testar e corrigir erros. (MASSETO, 2012, p.170).

Os softwares também podem ser compreendidos como instrumentos

mediadores, podendo facilitar e estimular a aprendizagem do aluno. Entretanto,

para que se possa utilizar adequadamente esse recurso é necessário que o

professor, como agente mediador, tenha muita clareza quanto às

possibilidades e limitações do aluno, aos conteúdos a serem trabalhados, a

funcionalidade do software, para aplicação nos conteúdos pedagógicos.

Segundo a CINTED-UFRGS:

[...] a escolha do software educacional é uma tarefa complexa que envolve diversos fatores, entre eles os pedagógicos de integração curricular e de uso em aspectos específicos como na educação especial. Assim tal escolha e a forma de utilização dos softwares educacionais devem estar embasadas em uma proposta significativa, objetivando-se a construção e a organização do raciocínio para que possa refletir sobre a aprendizagem do indivíduo. (CINTED, 2006, p.3).

É muito importante conhecer as possibilidades do aluno, identificando os

déficits cognitivos que ele possui e suas dificuldades no processo de

aprendizagem, e a partir desses conhecimentos desenvolver uma proposta

pedagógica onde o uso do computador será o recurso pedagógico utilizado.

2. Procedimentos Metodológicos

2.1 - Local de estudo

Os grupos de estudos aconteceram nas salas de reunião e informática

da escola Novo Amanhecer- APAE, na Avenida Gonçalves Dias, nº 354, Nova

Aurora Paraná.

2.2 - Caracterização dos sujeitos da capacitação

Participaram dessa capacitação, 31 profissionais da Educação Especial,

entre professores, pedagogos, agentes educacionais, psicóloga, fonoaudióloga,

assistente social, terapeuta ocupacional, todos atuantes na Escola Novo

Amanhecer.

2.3- Atividades de Implementação do projeto na escola

Esta formação continuada se deu através de estudo e práticas que

foram desenvolvidas com profissionais da educação, em forma de oficinas, na

Escola Novo Amanhecer, APAE – Nova Aurora. O curso de formação

continuada teve um total de 34 horas, sendo em 8 encontros subdivididos em

encontros de 2, 4, e 8 horas, sendo desenvolvida no primeiro semestre de

2014.

A capacitação iniciou em 05 de fevereiro de 2014 até 28 de abril de

2014, esta ocorreu em duas etapas: A primeira compondo as duas primeiras

oficinas com carga horária de 10 horas para os 31 participantes e a segunda

etapa de aprofundamento teórico metodológico para completar às 32 horas se

deu a um grupo de 10 professores.

A primeira oficina foi a apresentação do projeto de Intervenção: “Oficinas

de estudo e prática sobre teorias e o uso do computador como uma ferramenta

pedagógica na Educação de alunos com Deficiência Intelectua”l para a

comunidade escolar, foi apresentado em multimídia mostrando todos os

encontros presenciais e suas respectivas atividades. Foi feito então o convite

para a capacitação.

A partir do vídeo Help Desk3, fez-se uma breve discussão sobre o tema

proposto. Este vídeo retrata as dificuldades encontradas ao nos depararmos

3 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=BiOykgSxJas> (Acesso em 20 de

julho,2013).

com algo novo, no caso, a utilização de recursos tecnológicos. O filme mostra

que se deve superar o medo de inovar, superar desafios, buscar conhecimento

acima de tudo, estar disposto a aprender com as novas exigências

educacionais atuais, principalmente na área de tecnologias, tornando a escola

mais interessante e aprendizagem mais significativa para os nossos

educandos. A projeção do vídeo gerou uma rica reflexão e discussão sobre:

Como minimizar a distância entre o tradicional e o novo e como trabalhar novas

metodologias com uso de recursos tecnológicos disponíveis na escola pública,

frente ao conhecimento adquirido pelos professores da rede.

A segunda oficina de 8 horas oferecida a todos os professores e

funcionários da escola abordou o trabalho de fundamentação e contribuição

teórica metodológica da psicologia Histórico Cultural para a Educação Especial,

em que se trabalhou o capitulo “O defeito e a compensação” da obra

Fundamentos de Defectologia (VIGOTSKI, 1997).

O curso proporcionou grande avanço na fundamentação teórica,

esclarecendo pontos fundamentais da Psicologia Histórico Cultural e,

desenvolveu possibilidades de dar suporte a prática pedagógica do professor.

A Terceira oficina foi um trabalho de análise, reflexão e discussão sobre

o Filme: Black4 .

Neste filme, Michelle McNally é uma garota que perdeu a visão e

audição alguns meses depois do seu nascimento e passa a viver em um

mundo negro onde está isolada na escuridão de sua própria existência. Suas

limitações físicas a tornam uma pessoa amarga e violenta. Seus pais não

sabiam como lidar com aquela situação, a menina apresentava

comportamentos animalescos, então contratam o professor Debraj Sahai que

trabalhava com surdos e cegos. Debraj tenta aplicar os mesmos métodos

mediado pela linguagem, signos e instrumentos que utilizava com outros

alunos com deficiência aos quais ensinou, mas diante das singularidades de

sua aluna e na resistência de sua família, percebeu que deveria experimentar

algo novo. Com muita disciplina, empenho, dedicação, afeto e exercendo o

verdadeiro papel do professor agente mediador, contribuiu em todos os

4 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=r0PQ-juGSdM> (Acesso em 01 de

agosto de 2013).

sentidos para a superação e o processo de compensação de Michelle, fazendo

a diferença na vida, na construção de sua personalidade e do seu intelecto.

Questões importantes foram analisadas e discutidas em grupo: 1 – Estamos

preparados científica e pragmaticamente para os desafios que o ato de educar

exige? 2 – Estamos sendo flexíveis e abertos às surpresas e às singularidades

com que cada ação educativa se apresenta? 3 – Estamos dando suporte e

apoio necessário às famílias para que elas se sintam mais seguras e

determinadas no propósito de desenvolvimento de seus filhos?

Com a realização desta oficina constatou-se que muitos educadores têm

dificuldade em repensar suas práticas a partir de um novo referencial teórico,

pois estão enraizadas as posturas totalmente cartesianas, que não atendem

aos apelos dos novos paradigmas.

Na quarta oficina, após a realização de uma dinâmica relacionada ao

tema foi utilizado um vídeo que conta quem foi Lev Vigotski e quais foram, às

idéias que influenciaram o pensamento sobre educação Lev Vigotski5.

Fez-se discussão sobre os pontos principais e a relevância desses no

processo ensino aprendizagem de alunos com deficiência Intelectual. Como

complementação do tema, foi realizada leitura e discussão do capitulo 3

“NOVOS DESAFIOS PARA O EDUCADOR” do livro de Manoel Moran, 2012: A

EDUCAÇÃO QUE DESEJAMOS NOVOS DESAFIOS E COMO CHEGAR LÁ, e

do Texto complementar: “Disbiciclético”6 de Emílio Ruiz Rodrigues.

Depois da análise do vídeo e dos textos foi feito um paralelo entre a

educação de Deficientes Intelectuais do ponto de vista tradicional/diagnóstica e

a educação partindo da psicologia Histórico Cultural de Vigotski.

Sobre essa questão um grupo descreveu: Do ponto de vista

Tradicional/Diagnóstica o professor é o dono do saber e segue um diagnóstico,

já na educação com base na psicologia histórico cultural de Vigotski, o

professor é agente mediador do conhecimento se orienta pelas potencialidades

do aluno, levando-o a interagir com o meio que o cerca.

O Texto Disbiciclético de Emílio Ruiz gerou grande debate tanto na

5 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_BZtQf5NcvE> (Acesso em 08 de ago.

2013). 6 Disponível em: <http://www.inclusive.org.br/?p=2853> (Acesso em 14 de ago. 2013)

Oficina de Estudo quanto no GTR. Sobre este texto N.C.R. professora

participante do GTR escreve: “cada um quer procurar um culpado, mas houve o

comodismo das pessoas interessadas, porque acreditaram fielmente no

diagnóstico que acharam que era pronto e acabado. Não é por aí o caminho,

precisamos ser persistentes em nossas ações, fazermos várias intervenções e

não usarmos um diagnóstico como desculpa para nos eximirmos de

responsabilidades”.

Na quinta oficina fizemos a dinâmica “Medo de Desafios”, ao término

fez-se um trabalho de análise, reflexão e discussão sobre o filme: Intocáveis7.

O filme inspirado em fatos reais, onde um tetraplégico rico procura

alguém que possa trabalhar como seu cuidador, surge um rapaz dono de uma

grande autoestima (Driss). A compaixão passiva, a piedade, limitação não é a

ideia de Driss, negro, pobre, que inicialmente nem se interessava pelo

emprego, mas seduzido pela casa do milionário, resolve experimentar, com

uma história de vida completamente diferente da sua. Justamente porque ele

encara o outro como igual, extrapolando o conceito que o corpo físico, embora

aprisionado, também pode e, necessariamente, deve alçar vôos mais altos. O

filme nos instiga a perceber que as limitações, mesmo graves e determinantes,

podem ser redimensionadas e possíveis, afinal destinos frágeis também são

destinos dignos de superações.

Questões propostas para discussão resultaram em sínteses como um

grupo de participantes relatou “As verdadeiras aprendizagens acontecem em

todos os contextos por meio do preparo do professor, da sua ousadia, pela

interação do aluno com o outro e com o meio. A aprendizagem não acontece

isolada, teoria e prática, bem como o social devem estar sempre presentes.”

A Sexta oficina se desenvolveu por meio da Leitura, análise e discussão

em grupos sobre o texto de Marcos T. Massetto, ( 2012).

Após a leitura e discussão do texto foi feita apresentação dos softwares

aos professores:

Tux pait8, é um software que auxilia na alfabetização através de

criação de histórias.

7 Disponível em: <http://www.youtube.com/results?search_query> (Acesso 23 de ago. 2013).

8 Disponível em: <http://www.ufrgs.br/soft-livre-edu/arquivos/tuxpaint-tutorial.pdf> (Acesso 04

set. 2013).

Atividades Educativas9, encontra-se num site com variadas atividades

e abrange todas as disciplinas.

Escola Games10, é um site de jogos educativos com 3 níveis de

dificuldades e nele encontramos atividades que podem ser utilizadas em

todas as disciplinas.

HagáQuê11, é um software que foi desenvolvido de modo a facilitar o

processo de criação de histórias em quadrinhos, auxiliar na

alfabetização, desenvolver a criatividade e imaginação.

Na sala de informática, exploraram os softwares apresentados e outros

que já conheciam e utilizavam, analisando-os de forma ampla, observando

detalhes e recursos que poderão ser utilizados agora dentro de uma

perspectiva Vigotskiana.

A sétima oficina contou com a presença do professor Sergio Figueroa

Santiago, profissional do CRTE com a palestra: Ampliar as possibilidades de

uso do computador, lousa interativa e softwares como ferramentas de apoio

pedagógico no processo de ensino- aprendizagem de alunos com deficiência

intelectual. Depois, em duplas os participantes exploraram os diferentes

programas e softwares apresentados, escolheram o que mais atendia as

necessidades e possibilidades de seus alunos, utilizando-os como base os

conteúdos de sala de aula, elaboraram um projeto de intervenção pedagógica.

Com um enfoque baseado na fundamentação teórico metodológica da

psicologia histórico cultural de Vigotski (1997), o trabalho teve como objetivo

principal construir alternativas metodológicas que articulam criação,

experimentação, criticidade e análise, na utilização de softwares variados,

auxiliando no processo de abstração de conteúdo.

Na oitava e última oficina, a partir da charge: Tecnologia e educação12

foram feitas observações, discussões e análise sobre a mensagem que a

imagem nos transmite. Em seguida, procedeu-se à apresentação de todas as

9 Disponível em: <http://www.atividadeseducativas.com.br/> (Acesso 04 set. 2013).

10 Disponível em: <http://www.escolagames.com.br> (Acesso 05 set. 2013).

11 Disponível em: <http://www.nied.unicamp.br/~hagaque/> (Acesso 11 jul. 2013).

12 Disponível em: <http://tecnologiaeeducacaoxxi.blogspot.com.br/2012/11/charge-da-

semana.html> (Acesso 24 de ago. 2013).

alternativas pedagógicas desenvolvidas durante a 7ª oficina, para serem

apreciadas por todos os professores que participaram da implementação,

compartilhando as possibilidades e as dificuldades encontradas. Por fim foi

realizada a Avaliação final do Projeto de Intervenção.

3. Considerações finais

(...) educar é colaborar para que professores e alunos, nas escolas e organizações, transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional, do seu projeto de vida, o desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais e tornar-se cidadãos realizados e produtivos (MORAN, 2000, p.58)

Nesse enfoque, em busca de conhecimento e aprendizagem a formação

proposta se desenvolveu de forma colaborativa com um grupo de professores

interessados e comprometidos com a educação, voltados à inovação e o

desenvolvimento de práticas pedagógicas que atendam o atual contexto

educacional.

Este grupo de estudos contribuiu com o processo de aprendizagem dos

participantes, além de promover uma reflexão coletiva da implementação da

tecnologia no ambiente escolar, favorecendo ao professor subsídios teóricos

metodológicos e alternativas de vivenciar mudanças em sua própria prática. A

inserção do uso da tecnologia no cotidiano da escola possibilitou alternativas

funcionais e práticas ao professor de incluir no seu planejamento atividades

que envolvam o uso do computador, primando pela realização de atividades

desafiadoras, que instiguem nos alunos a capacidade de criação, de

descoberta e de construção de conhecimentos, levando-os a aproximarem e

relacionarem a teoria com a prática dos fenômenos da vida e de sua realidade,

em todos os conteúdos desenvolvidos.

Verificou-se que o professor participante da implementação do projeto,

demonstrou mais segurança, liberdade e autonomia frente aos recursos

tecnológicos. Portanto é muito importante o desenvolvimento de projetos de

formação continuada que busquem por meio de atividades variadas soluções

para as dificuldades encontradas pelos docentes que atuam com alunos com

deficiência intelectual nas escolas de Educação Especial.

4.Referências

BRASIL, 1999. Decreto N° 3298/99. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm. Acesso mai 2013. _______, 2001. Decreto nº 3956/2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/d3956.htm. Acesso em mai 2013.

CINTED, Softwares Educacionais e a Educação Especial: Disponível em: seer.ufrgs.br/renote/article/download/13887/7803 Refletindo sobre Aspectos Pedagógicos. UFRGS V. 4 Nº 1, Julho, 2006.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Editora Cortez, 1990 MASSETO, M. T. Mediação pedagógica e o uso da tecnologia. In: MORAN, José Manuel et al. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 16ª. ed. Campinas: Papirus, 2012.

MORAN, J.M. Mudar a forma de ensinar e aprender com tecnologias. Interações, vol. V, núm. 9, jan-jun, 2000.

MEC/SEESP. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria Ministerial nº 555, de 5 de junho de 2007. SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo:Cortez/Autores Associados, 1980. VIGOTSKI, L.S.; Luria, Estudos sobre a historia do comportamento: o macaco. O primitivo e a criança. Tradução de Lólio Lourenço de Oliveira. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. VIGOTSKI, L.S. Fundamentos de Defectologia. Obras Escogidas. V Madri: Visor, 1997. ________. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psíquicos superiores. 6. ed. São Paulo: M. Fontes, 1998.