Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Ficha para Catálogo Artigo Final

Professor PDE/2013

Título MATEMÁTICA FINANCIERA E O EMPREENDEDORISMO: UMA POSSIBILIDADE NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS

Autor Maria da Graça Marson Sella

Escola de Atuação Colégio Estadual Dr. Luiz Vieira – EFM

Município da Escola Telêmaco Borba – PR

Núcleo Regional de Educação Telêmaco Borba – PR

Orientador Margarete Aparecida dos Santos

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Ponta Grossa

Área do Conhecimento/Disciplina Matemática

Público Alvo EJA – EM

Localização Colégio Estadual Luiz Vieira, Rua Acácia, 1002, Bairro São João, Telêmaco Borba – PR

MATEMÁTICA FINANCIERA E O EMPREENDEDORISMO: UMA

POSSIBILIDADE NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS

Autora: Maria da Graça Marson Sella1

Orientadora: Margarete Aparecida dos Santos2

Resumo

O presente trabalho foi elaborado a partir das experiências e reflexões com os alunos do Ensino

Médio na modalidade de Jovens e Adultos vinculados ao Programa de Desenvolvimento da

Educação/PDE no Colégio Estadual Dr. Luiz Vieira – EFM do município de Telêmaco Borba em uma

comunidade de vulnerabilidade social, com alunos em conflito com a lei, envolvimento com tráfico de

drogas, sendo que, 90% dos alunos recebem algum tipo de auxílio do Governo. O objetivo desse

estudo foi propiciar a compreensão dos conteúdos básicos da Matemática Financeira aliada ao

empreendedorismo. Teve como metodologia de ensino a resolução de problemas, com

questionamentos de situações reais e, dessa forma, possibilitando contribuir para a tomada de

decisões financeiras articuladas com o desenvolvimento de habilidades necessária para o

empreendedorismo. Propuseram-se atividades visando à compreensão e a aplicabilidade dos

conteúdos básicos da matemática financeira tais como: juros simples, juros compostos, desconto e

porcentagem e promovendo, com o uso desses conhecimentos, a possibilidade de desenvolver

mudanças de comportamento, hábitos e atitudes, tornando-se capazes de transformar a realidade em

que estão inseridos, tendo o discernimento para as suas escolhas e um crescimento sustentável. O

uso das tecnologias como recursos pedagógicos e tecnológicos, com metodologias diferenciadas,

tornaram as aulas mais interessantes e dinâmicas, favorecendo dessa forma a superação das

dificuldades encontradas em relacionar os conteúdos com o cotidiano dos nossos alunos.

Palavras chaves: Matemática financeira. Empreendedorismo. Cidadania.

1 Professora PDE, Especialista em Educação Matemática, docente no Colégio Estadual Dr. Luiz Vieira – EMF,

Telêmaco Borba, Paraná. E-mail: mgmsella@seed.pr.gov.br 2 Professora Ms., Universidade Estadual de Ponta Grossa. E-mail: margaas@uepg.br

1 Introdução

Este artigo apresenta os resultados das atividades desenvolvidas com o

tema: Matemática Financeira e Empreendedorismo cujo objetivo foi oportunizar aos

alunos atividades que propiciassem momentos de reflexões sobre a importância da

Matemática Financeira e do empreendedorismo, de forma a contribuir para o

desenvolvimento do aluno enquanto cidadão, estimulando habilidades

empreendedoras capazes de minimizar a desigualdade social, desenvolvendo a

sustentabilidade financeira e melhorando a qualidade de vida, produzindo mudanças

em si mesmo e no meio em que vive e, dessa forma, criando no ambiente escolar

uma cultura empreendedora e inovadora, com a Educação de Jovens e Adultos.

Para o desenvolvimento do tema foram realizadas reflexões, em todas as

atividades, com o propósito de levantar indagações, fazer provocações e propiciar

alternativas para uma maior autonomia financeira.

Os conceitos da Matemática Financeira foram abordados, através da

metodologia de Resolução de Problemas, conduzindo o aluno para o conhecimento

matemático, fazendo com que participe melhorando a sua aprendizagem

matemática, possibilitando a compreensão dos conceitos, sua aplicabilidade em

diferentes situações do dia a dia e influenciando nas decisões de ordem pessoal e

social, produzindo mudanças na vida das pessoas e a sociedade.

Matemática financeira e empreendedorismo educacional é um tema que está

sendo introduzido nas escolas, por meio da Educação Financeira, como sugerido

nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica da Secretaria do Estado do Paraná

/SEED e contemplado na LDB – Lei 9394/96. As questões sociais, assim como o

próprio Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Dr. Luiz Vieira - EFM,

apresentam características para o desenvolvimento e construção deste estudo. O

PPP que tem como objetivo, formar cidadãos capazes de agir com autonomia nas

relações sociais transformando a realidade em que se encontram, por meio do

conhecimento e desenvolver a formação humana em seus diversos aspectos e sua

valorização como seres participativos na sociedade e com habilidades para trabalhar

os desafios da sociedade contemporânea.

No Estado do Paraná, as Diretrizes Curriculares, nos mostram a importância

de que:

(…) o aluno compreenda a matemática financeira aplicada aos diversos

ramos da atividade humana e sua influência nas decisões de ordem pessoal

e social. Tal importância relaciona-se o trato com dívidas, com crediários à

interpretação de descontos, à compreensão dos reajustes salariais, à

escolha de aplicações financeiras, entre outras (2008, p.355).

A Resolução de Problemas, enquanto metodologia, apresenta-se como um

problema a ser entendido cujo objetivo é chegar à solução de situações, exigindo do

aluno planejamento e organização.

Para Polya (2006) resolver um problema é encontrar um caminho onde

nenhum outro é conhecido de antemão, encontrar um caminho a partir da

dificuldade, encontrar um caminho que contorne um obstáculo, para alcançar um fim

desejado, mas não alcançável imediatamente, por meios adequados.

Ao desenvolver a Resolução de Problema como metodologia, tem como

proposta desafiar o aluno ao pensamento matemático e como resolver problemas,

dessa forma contribuir para compreensão significativa de conceitos relacionados à

aplicação da Matemática Financeira, tornando-se capaz de utilizar esses

conhecimentos em situações do seu dia a dia.

A abordagem dos conteúdos da Matemática para a resolução de problemas

é um desafio que, embora tão valorizada, ao longo dos anos, continua sendo um dos

tópicos mais difíceis de serem trabalhados na sala de aula está foi a razão pela

minha opção da metodologia de Resolução de Problemas, buscando assim a

reflexão sobre a prática docente e a elaboração do objeto de estudo tendo como

objetivo de desenvolver no aluno o pensar matemático levando à aprendizagem

significativa fazendo com que o aluno tenha oportunidade de adquirir conhecimento

necessário para as aplicações e resolução, desenvolvendo o raciocínio lógico e o

espírito criativo. (DANTE, 2005).

As mudanças sociais e as inovações tecnológicas têm acontecido de forma

muita rápida, tornando-se um desafio para os professores desempenharem sua

função, que é preparar os alunos para o futuro, a enfrentar situações no seu dia-a-

dia, tornando-se fundamental desenvolver nos alunos habilidades, como: iniciativa,

organização trabalho em grupo e a criatividade. A metodologia de Resolução de

Problemas aplicada ao estudo da Matemática Financeira e Empreendedorismo

contemplou esses objetivos de forma clara e eficiente.

1.1 Matemática Financeira e atitude empreendedora

Após estudos em escolas com o projeto piloto a ENEF (Estratégia Nacional

de Educação Financeira), mostrou-se a importância da Educação Financeira nas

escolas como ferramenta transformadora na vida dos alunos e de seus familiares,

motivando para que a partir de 2013 o ensino de Educação Financeira faça parte do

currículo das escolas públicas no Brasil.

A matemática financeira é fundamental, pois se apresenta no cotidiano das

pessoas. Para Duarte: “cotidiano é aquilo que acontece fora dos muros da escola

ou, pelo menos, fora da sala de aula; é a realidade concreta dos alunos; é a sua

prática social; em suma: é a vida” (1996, p. 37), ainda assim podemos verificar a

grande dificuldade dos alunos quando se deparam com problemas que envolvem

conteúdos básicos da matemática financeira, tais como: juro, porcentagem,

descontos, proporção e regra de três. Santos (2005) manifesta a preocupação com a

ausência no currículo escolar, particularmente no ensino médio:

Percebe-se que a MF está muito presente no dia-a-dia de qualquer pessoa

através dos problemas de ordem financeira comuns da vida moderna, o que

possibilita uma aproximação com a vida do aluno fora da escola. No

entanto, mesmo sendo um conteúdo imediatamente aplicável fora da escola

e de extrema importância na formação do cidadão, verifica-se sua ausência

no currículo escolar (p. 13).

A importância de ensinar a Matemática financeira e suas aplicabilidades está

relacionada à sociedade capitalista no qual estamos inseridos, onde se preconiza o

dinheiro e o produto como sendo algo muito importante. Nesse olhar o estudo da

matemática financeira deve promover discussões, reflexões, sobre os efeitos do

capitalismo financeiro e suas consequências dentro dos ambientes escolares para a

formação dos alunos.

É preciso que os professores desenvolvam nos alunos o gosto pela

matemática, colocando significado nos conhecimentos repassados, Brito e Gonçalez

(2005, p.223) nos mostra como isso pode acontecer:

Cabe aos professores propiciarem situações motivadoras, desafiadoras e

interessantes de ensino nas quais os alunos possam interagir com o objeto

de estudo e, acima de tudo possam construir significativamente o

conhecimento, chegando às abstrações mais complexas. Provavelmente,

experiências pedagógicas desse tipo permitirão o desenvolvimento de

atitudes positivas com relação à matemática.

Fazem-se necessárias a articulação dos conteúdos matemáticos, sua

contextualização, e o uso de recursos tecnológicos no ensino da matemática

financeira, devendo o professor desenvolver ações pedagógicas inovadoras,

buscando em colaboração com os alunos práticas desafiadoras e significativas aos

conteúdos estudados.

Estudos nos mostram que os brasileiros vêm o consumo como status e

passam a ter gastos desnecessários pensando apenas no consumo imediato e

dessa forma deixam de fazer analise e planejamento preferindo parcelamentos e

financiamentos vislumbrados pelas facilidades dos pagamentos a economizar para

fazer compras à vista. A partir desse cenário o estudo da matemática financeira com

os alunos se faz relevante, visto que, pode ajudar e exercer influencia sobre as

decisões financeiras.

Segundo Cerbasi (2013) As boas práticas de educação financeira devem

induzir as escolhas equilibradas. Isso se faz combinando referências matemáticas

com práticas ambientais, sociais, filosóficas e éticas.

Dessa forma, podemos salientar conforme descrito na LDB 9394/96 no

Art.2º que determina que devemos compor ambientes para que o ensino e

aprendizagem ocorra de forma a preparar e educar os cidadãos tornando-os críticos,

atuantes, que façam reflexões e que sejam livres.

O termo empreendedorismo, para a maioria das pessoas, tem um significado

apenas empresarial, cujo pensar está ligado em como ter sucesso no negócio, é

preciso desmistificar fazendo com que os educadores compreendam a necessidade

de introduzir nos ensinamentos a atitude empreendedora, onde o educando possa

desenvolver habilidades para minimizar a desigualdade social e melhorar a

qualidade de vida.

A educação empreendedora no Brasil segundo Dolabela (2006) difere

daquela nos países desenvolvidos, para ele, no Brasil, o tema central deveria ser o

desenvolvimento social, tendo como prioridade o combate à miséria, oferecendo-se

como um meio de geração e distribuição de renda.

Tendo o empreendedorismo como sendo um fenômeno natural, cabe ao

professor desenvolver em sala de aula uma cultura empreendedora junto aos

alunos.

Dolabela (2003) considera o empreendedor a pessoa que apresenta:

(...) a atitude empreendedora extrapola o âmbito empresarial e desliza para

todas as atividades humanas. Ou seja, a forma de ser empreendedora teria

a ver com o estilo de vida, visão de mundo, reação diante de ambiguidades

e incertezas, protagonismo, inovação, capacidade de produzir mudanças

em si mesmo e no meio ambiente, meios e formas de se buscar a auto

realização. Esta visão ampla do empreendedorismo, e somente ela, abre as

portas para se falar em educação empreendedora (...) Texto baseado no

livro Pedagogia Empreendedora, 2003.

A escola enquanto instituição ensino tem como destaque a função na

formação universal de indivíduos críticos e autônomos, ou seja, capaz de entender

as relações de poder, do mundo do trabalho, éticos, interferindo na busca de uma

sociedade mais justa, portanto, com uma visão de mundo. FREIRE (2011, p. 98)

destaca que nos tornamos seres capazes de observar, de comparar de avaliar, de

escolher, de decidir, de intervir, de romper, de optar, ou seja, a transformação do

conhecimento em benefício de todos, portanto, seres empreendedores.

2 Apresentação e análise da proposta

O desenvolvimento do trabalho teve inicio com a apresentação da proposta

da implementação do Projeto de Intervenção e da Produção Didático-Pedagógica

com os alunos do Ensino Médio na modalidade de Jovens e Adultos.

Na Semana Pedagógica de fevereiro de 2014, foi aberto um espaço para que os

professores PDE 2103, pudessem mostrar como seria o desenvolvimento do

trabalho, nesse momento foi explicado para todo o coletivo do Colégio como seria

feita a implementação, foi utilizando um banner explicando a justificativa, os

objetivos, a metodologia utilizada e público alvo. Foi demonstrado por parte da

comunidade escolar, grande interesse pelo tema, Matemática Financeira e

Empreendedorismo, como sendo um estudo desafiador e inovador.

As atividades tiveram início com os alunos, onde foi apresentado como seria

o desenvolvimento e o encaminhamento metodológico, sendo feito uma reflexão da

importância de se ter o conhecimento da matemática financeira, aliada ao

desenvolvimento de hábitos e atitudes empreendedoras para tomada de decisões no

sentido de se ter a sustentabilidade financeira e consequentemente melhor

qualidade de vida.

A proposta da Unidade Didática foi desenvolvida a partir das seguintes

atividades:

Etapa I – Apresentação de filmes, vídeos e textos sobre o tema, realização

de discussões com a finalidade de (re) conhecer os conhecimentos trazidos pelos

alunos e a partir desses conhecimentos, conceituar os princípios da matemática

financeira e o empreendedorismo, com resoluções de situações problemas trazidas

do dia a dia dos alunos, tais como: cálculos de salários, compras à vista ou a prazos,

financiamentos.

Etapa II – O uso de recursos tecnológicos e do laboratório de informática –

fazendo uso de calculadoras simples e de computadores, promovendo a inserção

digital dos alunos no desenvolvimento de planilhas eletrônicas, elaboração do

planejamento familiar e do orçamento doméstico, através de pesquisas em sites

relacionados à matemática financeira e o empreendedorismo.

A introdução do tema Empreendedorismo se deu por meio da apresentação

do filme Escritores da Liberdade, antes do inicio do filme foi explicado à finalidade de

estar assistindo o filme, a importância de mudanças de comportamentos e atitudes

para o desenvolvimento de uma cultura empreendedora.

Quando a professora Erin Gruwell vai lecionar em uma escola onde a

realidade dos alunos consiste de pobreza, tiroteios e agressividade, a mesma vai

contra um sistema deficitário, para fazer a diferença na sala de aula e na vida dos

alunos. A história mostra como é possível mudar a realidade através do trabalho da

professora, dos relatos dos alunos e a percepção dos mesmos, para proporcionar

uma mudança de atitude, desenvolvendo a recuperação da vida e perspectiva de um

futuro melhor.

Os pontos abordados no filme: intolerância ao que é diferente, desemprego,

desigualdade das classes sociais, desestrutura familiar, políticas públicas sem uma

visão futura, exclusão social, racismo, foram temas para a reflexão através de

questionamento junto aos alunos, mostrando possíveis mudanças de hábitos e

atitudes como determinantes para o futuro dos mesmos.

Após assistirem o filme, aconteceu uma discussão dos principais itens,

conforme relato pelos alunos através de questões orientadas.

1) Todos os acontecimentos retratados no filme são verdadeiras? Essa realidade

existe, assemelha-se com o aluno ou alguém próximo a ele;

Aluno A: Sim, o jovem não querem nada com os estudos, só brincadeiras e

zombarias.

Aluno B: Sim, pois no mundo em que estamos vivendo existe muita violência,

preconceito, criminalidade, muitos não dão oportunidades, só querem criticar.

2) Quais os pontos positivos e negativos das atitudes dos alunos do filme?

Aluno A: negativo – É que eles não acreditavam em si mesmos; positivo – Depois de

um tempo confiaram na professora e passaram a ver que eles também seriam

capazes.

Aluno B: negativos – a agressividade e a violência; positivos - aceitar a leitura e no

final a união entre eles.

3) A mudança da realidade dos alunos do filme foi devido à quais atitudes?

4) Você acha possível que na sala de aula os professores com seus exemplos

podem fazer a diferença na vida dos alunos? De que forma?

Aluno A: Sim, dando credibilidade aos alunos e entendendo suas dificuldades.

Aluno B: Sim, disciplinando com amor e dedicação.

5) Você acredita que é possível através da mudança de hábitos e atitudes,

transformar e mudar a forma de viver?

Aluno A: Sim, acreditando mais em nós mesmos, desde que nos esforcemos.

Aluno B: Sim, confiando mais em sim mesmo e no poder de transformar o mundo e

sua realidade social.

6) Quais atitudes você acredita ser importante para ser uma pessoa

empreendedora?

Aluno A: ter autoconfiança e procurar assimilar os projetos que se constrói na vida e

na realidade a seu redor.

Aluno B: com confiança e atitudes somos capazes de aprender e ensinar.

Após ser trabalhada com os alunos a importância de se ter atitudes

empreendedoras, iniciamos as atividades relacionadas com a matemática financeira,

onde foi aplicada uma atividade diagnóstica exploratória, com o tema: Analisar para

comprar, com o objetivo de verificar o conhecimento básico matemático financeiro

por meio de questões que contemplaram e envolveram porcentagem, descontos,

acréscimos, fazer análise crítica nos processos que envolvem a venda de

mercadorias pelo comércio e as diversas formas de utilização dos juros, observar as

melhores maneiras para realizar uma compra se a vista ou a prazo e levando em

consideração o que é preciso com o que é desejo.

Quando trabalhado o conceito e a representação de uma porcentagem, sua

utilização no nosso dia a dia, por ser um conteúdo onde fica fácil mostrar a sua

aplicabilidade a participação dos alunos aconteceu de forma satisfatória e foi

procurado sempre debater, analisar e refletir com os alunos as situações tais como:

aumento de salário, taxas de juros entre outros temas.

Na atividade desenvolvida, que foi as diversas forma que podemos

representar um taxa percentual, ficou bastante evidenciada a falta do conhecimento

da matemática básica nos alunos da EJA, tiveram muitas dificuldades em perceber e

entender a forma decimal e fracionária das taxas percentuais.Como os alunos

mostraram muito interesse,as dificuldades no decorrer das atividades foram sendo

solucionadas. Nessas atividades foram utilizadas calculadoras simples para o

calculo de porcentagem, sendo necessário o passo a passo no manuseio e uso das

calculadoras.

Nas atividades envolvendo porcentagem, os alunos se dividirão em grupos

de três alunos, cada grupo elaboraram e resolveram três situações problemas,

usando como recurso, panfletos de lojas do município, escolhendo um produto

presente nos panfletos e fazendo a analise de cada situação quanto: ao pagamento

à vista, a prazo e calculando a taxa percentual para compra a prazo. Os problemas

elaborados por cada grupo após terem sidos resolvidos foram socializados aos

demais grupos. Para compreensão do comportamento financeiro em relação à

porcentagem, assistiram ao vídeo Novo Telecurso – Ensino Médio – Matemática.

Aula 37, disponível no site: http://www.youtube.com/watch?v=xUgaVKH3Pro

Para o cálculo de Juros Simples, foi feita a demonstração e a utilização da

fórmula, sendo que os alunos desenvolveram as atividades, participaram das

indagações, analises questionamento, sempre levando em consideração a utilização

dos conceitos básicos da matemática financeira na tomada de decisões financeiras,

direcionadas ao empreendedorismo escolar. Nas atividades relacionadas a juros

compostos, por terem cálculos na forma exponencial, algumas atividades tiveram

que ser adaptadas, pois não conseguiram resolver algumas situações, novamente

ficaram evidenciadas as dificuldades dos alunos da EJA, com conteúdos básicos da

matemática.

Antes de iniciarmos a atividade envolvendo planejamento financeiro, foi

utilizado o vídeo Episódio 3 – Planejamento Financeiro –Conceitos essências,

disponível no site www.youtube.com/watch?v=zlLZ05o4EoI, recurso utilizado como

metodologia atrativa para o estudo do tema.

Planejamento financeiro, termo utilizado para determinar metas e objetivos

que se deseja alcançar, dispondo de meios ou ferramentas, seguindo uma

sequencia determinada que aliada à disciplina, determinação, mudanças de atitudes,

pode-se dentro das limitações financeiras de cada família, projetar sonhos e

melhorar a qualidade e o padrão de vida das famílias, para dar subsídios à

sustentabilidade financeira.

Acredito que esse tema foi o ponto alto do projeto, tanto pela participação

como pela proposta inicial, que é desenvolver atitudes, mudanças de

comportamento financeiro para a sustentabilidade financeira e dessa forma livrando

se das dividas.

Uma ferramenta muito utilizada para o planejamento financeiro são as

planilhas de orçamento doméstico, que permite ter clareza sobre os rendimentos e

controle das despesas. Foi usada como sugestão a planilha para planejamento

familiar ou orçamento domestico disponível no site:

http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2011/08/planilha-para-controle-do-

orcamento-familiar

A atividade envolvendo Orçamento Familiar foi desenvolvida em sala de

aula, onde puderam analisar e refletir sobre os gastos mensais de uma determinada

situação através da planilha pré-estabelecida.

Cada família ou indivíduo é único, sendo necessária a adaptação da

planilha. Como exemplo temos a Rafaela que possui 4 filhos, 2 fazem natação, 1

necessita de medicamentos durante todos os dias, esses dados devem constar na

planilha. No caso do Rodrigo, ele não possui filhos, não gasta com escola, mas

possui um cão que lhe dá de despesa de veterinário e ração todo mês, entre outras

despesas existentes.

Primeiramente deve analisar todos os gastos, enumerá-los e partindo deste

ponto, passar os valores gastos.

Despesas R$ R$ R$ R$ R$

Aluguel

Conta de água

Conta de luz

Conta de telefone

Gás

Impostos

Conta celular

Supermercado

Plano de Saúde

Prestação do carro

Seguro/combustível

Roupas e Calçados

Outros

Total de Despesas Tabela Mensal de Despesas

Para que possamos entender e que o resultado esperado e desejado do

planejamento familiar aconteça, devemos ter o entendimento da real situação,

definindo claramente e especificamente o que são despesas, sendo todos os gastos

necessários para a manutenção e sustentabilidade da família e os ganhos como

todas as entradas financeiras, tais como: salários, aplicações, entre outras.

Podemos construir uma planilha eletrônica usando o software Microsoft

Office Excel disponível no sistema operacional Windows, tendo as suas funções

semelhantes ao do BrOffice Calc, com as atividades podendo ser adaptadas.

3 Considerações Finais

Quando do desenvolvimento desse estudo, pôde ser observada a

necessidade de inserir nos currículos das escolas a Educação Financeira, desde as

series iniciais, pois foi percebido que, mesmo fazendo parte do cotidiano das

pessoas, a matemática financeira ainda não é usada como ferramenta na

aplicabilidade em tomadas de decisões,

Todas as atividades desenvolvidas tiveram como objetivo principal propiciar

a compreensão através de reflexões dos conhecimentos básicos da matemática

financeira articulada ao empreendedorismo a quais foram realizadas de modo

satisfatório.

Os alunos, através do orçamento familiar, perceberam que é possível sim

planejar financeiramente o seu futuro, independentemente do salário e da situação

econômica que possuem bastando, para isso, definir metas e prioridade reais.

Por fim, percebeu-se que, para que haja mudanças de comportamentos,

atitudes e hábitos, é necessário disciplina, perseverança e tempo. Portanto, esse

trabalho não se encerra aqui, mas continua nas diversas situações do dia a dia

através da aplicação dos conhecimentos matemáticos básicos e de atitudes

empreendedoras.

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