OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · o gosto pela leitura; incentivar a...

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

A LEITURA DE CONTOS DE CLARICE LISPECTOR:

UMA REFLEXÃO PARA VIDA

Autor: Odete Gualberto1 Orientador: Bruno Dallari2

RESUMO

A importância do contato e a leitura dos contos para o projeto é essencial e tem como objetivo resgatar a leitura dos contos dessa escritora brasileira (chegou ao Brasil com apenas dois meses) Clarice Lispector, pois põem em foco conflitos da existência humana, ao experimentar as emoções dos personagens. Ela é considerada a maior escritora metafísica do Brasil e faz uma análise minuciosa de seus personagens. Várias atividades foram desenvolvidas para despertar e valorizar o gosto pela leitura; incentivar a interpretação dos contos por meio de debates, comentários e criação de novos contos. O presente projeto também visa despertar no aluno a leitura crítica, desenvolvendo a capacidade de criar o seu próprio significado através das experiências literárias e se colocando dentro do seu contexto histórico-social com uma nova visão de mundo, com objetivo já determinado.

Palavras chaves: Clarice Lispector. Contos. Análise. Conflitos. Existência. Metafísica.

1

¹ Professora de Língua Portuguesa da Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná.

² Professor Doutor em Linguística da Universidade Federal do Paraná.

1. INTRODUÇÃO

Os gêneros textuais de Clarice Lispector contribuem com a sua produção

científica sobre o assunto tornando um desafio a mais para o conhecimento sobre os

gêneros textuais e a abordagem investigativa da transdisciplinaridade proposta no

âmbito da linguística aplicada. Tal articulação será realizada por meio dos contos de

Clarice Lispector.

As teorias dos gêneros textuais revelam como a linguagem é cotidiana,

mostrando o tipo de usuários que estão acostumados a lê-la.

O trabalho com a linguagem nos contos, para os estudantes adolescentes,

não se restringindo apenas a língua, mas em todo o contexto histórico e social no

qual está inserido.

No entanto os estudos do letramento auxiliam na construção da abordagem

crítica, para contribuir no fortalecimento do mesmo em todas as produções literárias.

Tais práticas sociais de uso da escrita podem envolver relações assimétricas,

disputas de poder ou conflitos sociais, conforme a distribuição de valores atribuídos

as situações em que a escrita está inserida. Utilizando uma escrita reflexiva de

acordo com os contos em questão.

As características dos contos de Clarice Lispector são subjetivos e bastante

reflexivos enquanto que os demais contos seguem as características comuns aos

tradicionais, esse fenômeno da escrita é essencial para a compreensão da vida e da

sociedade na qual estão inseridos. E os textos escritos são utilizados por diferentes

pessoas e em diferentes contextos associados às formas de escrita.

Reconhecemos a importância da criação de novos contos para que os alunos

assimilem o conhecimento adquirido ao longo dos estudos de contos.

Finalmente, nos interessa contribuir para a formação de novos poetas e

leitores e que a partir dos contos analisados de Clarice Lispector, tenham um norte

para o uso idealizado do gênero.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A ideia de explorar o gênero conto dentro da prática desenvolvida no

ambiente escolar. A necessidade de trazer o aluno para o mundo imaginário e

confrontá-lo com o mundo real e social da leitura e escrita.

Alguns requisitos básicos, para que o aluno atinja tal estágio de atuação:

Refere-se à quantidade e à qualidade de informações que o sujeito recebe o

que exige que o professor esteja preparado para selecionar textos referentes à

realidade do aluno, e ao mesmo tempo, capazes de romper com ela.

Apontar a importância do desenvolvimento da capacidade de refletir sobre a

literatura e os fatores estruturais de seu material por parte dos alunos. Dessa forma,

com o aprimoramento da leitura numa percepção estética e ideológica mais aguda e

com visão crítica sobre sua atuação e a de seu grupo, o aluno torna-se agente de

aprendizagem, determinando ele mesmo a continuidade do processo, num

constante enriquecimento cultural e social.

Portanto o que constitui um processo de aprendizagem é envolver o

estudante em atividades onde ocorra a interação com o objeto de estudo, no caso os

contos de Clarice Lispector.

Clarice Lispector nasceu numa pequena aldeia Tchetchelnik, na Ucrânia em

1925 e mudou-se com a família para o Brasil em janeiro de 1926. Morou em

Alagoas e em Pernambuco e aos 12 anos, passou a viver no Rio de Janeiro, cursou

a Faculdade Nacional de Direito. O primeiro livro publicado em 1943 – Perto do

coração selvagem, ano em que se casa com um diplomata, e o último livro em 1977,

A Hora da Estrela – ano em que a escritora falece no Rio de Janeiro. Uma das

maiores escritoras brasileira.

A literatura produzida por Clarice Lispector não se preocupa com a

construção de um enredo tradicionalmente estruturado. Ela busca a compreensão

da consciência individual, marcada sempre pela introspecção dos personagens.

Trata da condição feminina, da dificuldade de relacionamento humano, da

hipocrisia dos papéis socialmente definidos.

Portanto a aprendizagem está relacionada com a motivação para contemplar

e integrar os contos de Clarice Lispector, no envolvimento de adquirir conhecimento

socialmente, que são construídos com o tempo.

A necessidade educacional para o leitor conseguir decodificar e relacionar

um conto com outras situações vividas, e descobrir um mundo novo dentro de cada

conto.

Dentro do gênero literário: conto é uma narrativa ficcional curta, condensada,

que apresenta poucos personagens, ações, tempo e espaço reduzido. O enredo é

geralmente estruturado em introdução, desenvolvimento, clímax e conclusão e as

personagens são mais aprofundadas psicologicamente. Emprega geralmente

padrão da língua.

Para Evely Boruchovitch “Encontrar meios pelos quais a concepção de

Inteligência como possível de ser plenamente e adequadamente ampliada pelo

contexto educacional é um desafio importante que nos permitirá caminhar ao sentido

da promoção de uma motivação adequada à aprendizagem autorregulada em

nossos alunos”. (página 112), (Livro a Motivação). A linguagem é vista como um

fenômeno social, que nasce da necessidade de interação entre as pessoas.

Tendo como base teórica as reflexões do Círculo de Bakhtin: [...] Toda a palavra

comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo fato de que precede de

alguém, como pelo fato de que se dirige a alguém. Ela constitui justamente o

produto da interação do locutor e do ouvinte. Toda palavra serve de expressão a um

em relação ao outro. [...].

Nos conceitos bakhtinianos de gênero primário e secundário, Roxane Rojo

propõe uma dissociação entre gênero e texto e associa a nação de gênero à de

discurso enquanto produto de um enunciador. Mais elaborados como

“instrumentos semióticos complexos” e apropriação dos recursos do letramento não

podemos ignorá-la enquanto forma, pois, está voltada para o conhecimento

histórico-social.

Para Magda Soares: letramento é o resultado da ação de ensinar ou de

aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou

um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita. O letramento

cobre uma vasta gama de conhecimento, habilidades, capacidades, valores, usos e

funções sociais. O conceito de letramento envolve, portanto, sutilezas e

complexidades difíceis de serem explicadas em uma única definição. Uma definição

que é priorizada é a que dá ênfase nas habilidades individuais de ler e escrever, nos

usos, funções e propósitos da língua escrita no contexto social.

Segundo a UNESCO – apud SOARES, Magda, 1958, (p. 4) é letrada a

pessoa que consegue tanto ler quanto escrever com compreensão uma frase

simples e curta sobre sua vida cotidiana. E no sentido social quando participa de

atividades nas quais o letramento é necessário para o efetivo funcionamento de seu

grupo e comunidade, na vida diária, nas situações que requerem o uso da leitura ou

da produção de textos escritos, com o direito de assumir suas responsabilidades

cívicas e políticas.

Enquanto, Luiz Antônio Marcuschi, sugere uma relação entre letramento e

oralidade, evitando a nação de autonomia e supremacia da escrita vinculada ao

contexto de produção; com a inserção da fala e da escrita na cultura e vida social.

Portanto, os elementos se interpenetram, sejam em termos de função social,

potencial cognitivo, práticas comunicativas, nível de organização, estilos, estratégias

de formulação, tudo e um texto colaborativo da prática do letramento.

A narração, argumentação, exposição, diálogo são tipos textuais, mais do que

textos concretos e completos são designações para sequências típicas. Os gêneros

são cristalizações linguísticas de práticas sociais.

Chegamos à conclusão que o letramento é uma prática social estreitamente

relacionada a situações de poder social e etnograficamente situada.

A falta de interesse dos alunos com relação à leitura é grande; são diversos

os motivos entre eles: a dificuldade de compreender o contexto que as narrativas

contemplam.

O contato que existe com práticas pedagógicas que valorizem a leitura crítica

impedem a construção do saber.

Por isso, os diversos campos das atividades humanas estão ligados ao uso

da linguagem, e para comunicar – se bem é necessário à leitura como conhecimento

e interação social como um todo.

A necessidade educacional de motivar e manter essa motivação ressalta a

importância do papel do professor e da família nessa empreitada.

Para Bakhtin, a valorização da fala, o enunciado, afirma sua natureza social,

não individual: a fala está indissoluvelmente ligada às condições da comunicação,

que por sua vez, estão sempre ligadas às estruturas sociais.

A literatura produzida por Clarice Lispector se preocupa com as condições

sociais do individuo e não com a construção de um enredo tradicionalmente

estruturado. Ela busca a compreensão da consciência individual, marcada sempre

pela introspecção das personagens.

Trata da condição feminina, da dificuldade de relacionamento humano, da

hipocrisia dos papéis socialmente definidos. Portanto a necessidade educacional

para o leitor conseguir decodificar e relacionar um conto com outras situações

vividas e descobrir um mundo novo dentro de cada conto, pois, a linguagem é vista

como um fenômeno social, que nasce da necessidade de interação entre as

pessoas. Tendo como base teórica as reflexões do Círculo de Bakhtin. “ [ Toda a

palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo fato de que procede de

alguém, como pelo fato de que se dirige a alguém. Ela constitui justamente o

produto da interação do locutor e do ouvinte. ] “

Escolhi Clarice Lispector, pois, ela se distingue como iniciadora do romance

metafísico no Brasil e as características de uma ficção – aventura, que além de

contar sobre o assunto, busca desvendar por meio da palavra, o mistério do mundo

e das ideias, domínio pouco explorado.

O domínio do enunciado puramente ligado à exploração do vocábulo e se

entretém na enunciação, a interioridade é sentida ao mesmo tempo em que se lê o

conto, como se imaginasse a cena em si.

O estilo de Clarice Lispector é construído pela metafísica, pois, seus

contrastes trazem ao texto muita imaginação e a complexidade que os tornam

atraentes.

Do simbólico a lógica discursiva: a sedução, num corpo aparentemente

convencional, numa sequencia linguística, levando em conta o aprendizado como

um todo.

Roland Barthes tratou das unidades narrativas utilizando, como critério de

depreensão das mesmas, a significação. Em contraste com a vida, a arte não possui

ruídos, constituindo um sistema que desconhece unidades perdidas. Tudo é

significativo, embora os graus de significação sejam variáveis.

As produções literárias de Clarice Lispector despertam a tensão semântica do

discurso, mantendo o contato com o narrador, como verdadeiros núcleos. Privilegiar

a estratégia digressiva evadindo-se da abordagem direta, sem os discursos, tantas

vezes inquietantes e estatizados, da logicidade verbal. A prática digressiva é uma

tradição de intertextualidade, porque ao deslocar-se, Clarice Lispector cria,

estrategicamente, em espaço paródico-diálogo de vozes em que narra, subsidiária e

paralelamente, os fatos.

Além da consciência de linguagem é o desempenho guiado pelo senso de

pesquisa e de descoberta do mundo: ponto de encontro de uma proliferação de

vozes. O universo textual de Clarice Lispector deixa-se flagrar – espelho invertido e

revertido – no estranhamento e na revolução paródica.

O diálogo entre dois eus funda-se na utopia de uma práxis inaugural,

digressão da subjetividade pretensamente única, rompendo a completude

estabilizadora dos discursos lógicos.

Uma estrutura recorrente

Nos romances e contos, Clarice Lispector trata da condição feminina, das

dificuldades de relacionamento humano, da hipocrisia dos papéis socialmente

definidos, da busca pelo eu.

As narrativas apresentam uma estrutura semelhante, que o crítico Affonso

Romano de Sant’Anna definiu em quatro passos:

A personagem é disposta numa determinada situação cotidiana.

Prepara-se um evento que é pressentido discretamente pela personagem

(algo como uma inquietação).

Ocorre o evento que ilumina sua vida (epifania).

Apresenta-se o desfecho, no qual a situação da vida da personagem, após a

epifania, é reexaminada.

O trabalho com a linguagem é fundamental para que esse processo de

autodescoberta adquira a dimensão intimista que permite, ao leitor, acompanhar os

efeitos, na personagem, do momento de iluminação. A autora promove, na forma do

texto, uma desconstrução equivalente àquela vivida pelas personagens, fazendo

com que a própria linguagem assuma uma função libertadora.

Outra característica recorrente, na ficção de Clarice, é a presença constante

de animais (cavalo, galinha, barata, aranha, búfalo, gato, etc.) que representam o

“coração selvagem” da vida, que pulsa descontrolada, sem se submeter às regras e

expectativas sociais. Essa é uma forma também revolucionária de simbolizar a

busca incessante das personagens pela libertação das amarras sociais e o mergulho

no irreversível processo de individuação.

3° Geração do Modernismo ou pós-modernismo – (Geração 45 até os dias

atuais).

Contexto histórico:

Criação do ONU;

Publica-se a Declaração dos Direitos Humanos;

Fim da ditadura Vargas (redemocratização);

Inicio da guerra-fria (norte-americanos e soviéticos).

Os contos de Clarice Lispector respeitam as características fundamentais do

gênero. Seguem o mesmo eixo mimético dos romances, assente na consciência

individual como limiar originário do relacionamento entre o sujeito narrador e a

realidade, o que resultam do ponto de vista assumido pelo sujeito narrador em

relação ao personagem. O episódio único que serve de núcleo é um momento de

tensão conflito – é um momento de crise interior condicionado e qualificado em

função do desenvolvimento. Essa tensão conflitiva estabelece uma ruptura do

personagem com o mundo. Porém a crise declarada que raramente se resolve

através de um ato, mantem-se do principio ao fim, seja como devaneio ou aspiração,

de embate de sentimentos.

O confronto pelo olhar, troca de olhares entre as personagens. O poder

mágico do olhar e do descortino contemplativo silencioso. A existência e liberdade,

contemplação e ação, linguagem e realidade, o eu e o mundo, conhecimento das

coisas e relações intersubjetivas, são os pontos de referência do horizonte de

pensamento que se descortina na ficção de Clarice Lispector.

O que importa é a inquietação, o desejo de ser, o predomínio da consciência

reflexiva, a violência interiorizada nas relações humanas o impulso ao dizer

expressivo e o descortinar silencioso das coisas.

A temática marcadamente existencial com tópicos de filosofia da existência e

mais ao existencialismo de Sartre.

A perspectiva mística suplantada a existencial inerente à temática da obra, a

subjetividade, e, portanto a experiência interior, o existencialismo do próprio

individuo, que mesmo quando ama, precisa de cólera. O dizer modifica o sentir

sujeito a estados imutáveis. A acuidade reflexiva e a inquietação formam os elos

inseparáveis da consciência de si.

A coisificação pelo olhar, perigo que espreita os personagens de Clarice

Lispector um aspecto do regime conflitivo de suas relações mútuas.

O silêncio é a origem e o destino que sustenta a diferença do sentido

assinalada pelo paradoxo e a própria linguagem mostra uma realidade

indeterminada. A escritura assombrada pelo silêncio, porque pela presença mística

da coisa, é uma escritura conflitiva, que problematiza as relações entre linguagem e

realidade. Escrever é dilatar o tempo decompondo em instantes sucessivos.

A ficcionista expôs-se a si mesma, o dilaceramento de sua escritura equívoca

que só possui e cria uma realidade negativa. A obra de Clarice Lispector se reveste

de uma importância exemplar, de um valor indiscutível.

Como a crônica o conto é um texto curto que pertence ao grupo dos gêneros

narrativos ficcionais. Caracteriza – se por ser condensado, isto é, por apresentar

poucas personagens, ações e tempo e espaço reduzidos.

A estrutura do enredo

Introdução ou apresentação – geralmente coincide com o começo da história;

é o momento em que o narrador apresenta os fatos iniciais, as personagens e, às

vezes, o tempo e o espaço.

Desenvolvimento ou complicação – é a parte do enredo em que é

desenvolvido o conflito.

Clímax – é o momento culminante da história, ou seja, aquele de maior

tensão, no qual o conflito atinge o seu ponto máximo.

Conclusão ou desfecho – é a solução do conflito, que pode ser

surpreendente, trágica, cômica, etc., e corresponde ao final da história.

FELICIDADE CLANDESTINA

Felicidade => qualidade ou estado de feliz; ventura; contentamento.

Bom êxito; sucesso.

Clandestina => ilegítimo; ilegal; feito em segredo; quem entra ilegalmente

num país ou mesmo num meio de transporte.

Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter:

um pai dono de livraria.

Mas que talento tinha para a crueldade (prazer em fazer o mal; maltratar os

outros). Ela todo era pura vingança. Comigo exerceu com calma ferocidade (caráter

cruel) o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que

ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

Até que um dia, quando eu estava à porta da sua casa, ouvindo humilde e

silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe; disse firme e calma para a filha: você

vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto

tempo quiser”.

Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, (deslumbrada, tonta,

maravilhar-se) e assim recebi o livro na mão. Acho que não disse nada. Peguei o

livro, comprimia-o contra o peito. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.

A felicidade sempre iria ser clandestina para mim, (fluxo de consciência). Parece que

eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar. Havia orgulho e poder em mim. Eu

era uma rainha delicada. Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro

aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com

um livro: era uma mulher com o seu amante.

1 – Leitura do conto Felicidade Clandestina de Clarice Lispector.

2 – No conto Felicidade Clandestina, vamos pesquisar no dicionário palavras

cujo sentido você desconheça, para esclarecer o significado no contexto.

3 – Qual o conflito apresentado?

4 – Quem são os personagens?

5 – Onde a história acontece?

6 – Quando a história poderia ter acontecido? Por que não há indicações

precisas de tempo?

7 – Qual o clímax do conto?

8 – É possível deduzir qual a condição socioeconômica das duas meninas

que conversam? A partir de que indicativos?

9 – Comentários sobre a situação em si do conto.

10 – Em círculo, debate sobre Felicidade Clandestina.

11 – Pode – se afirmar que o conto está expondo, de forma figurada, um

pensamento sobre a sociedade. Que pensamento é esse?

12 – Os requintes de crueldades constituem tema de vários contos de Clarice

Lispector. Nesse conto, o que pode estar gerando o sentimento desumano, o gosto

em fazer o mal ou a insensibilidade?

13 – Comentários sobre o conto em questão, em círculo, colocaram suas

ideias.

Contos próximos e distantes do mundo real. O conto é um texto ficcional,

narra uma história inventada ou recriada por um autor. Entretanto, segundo o grau

de aproximação entre o mundo real e o da ficção, podem – se reconhecer diferentes

tipos de contos.

1 – Realista – os elementos ( fatos, personagens, tempo, lugar ) representam

uma realidade possível; – Fantásticos – baseiam–se em elementos da realidade,

mas apresentam os fatos de uma maneira diferente do modo habitual, muitas vezes

de maneira assombrosa.

UMA AMIZADE SINCERA

Conhecemo-nos no último ano da escola. Chegamos a um ponto de amizade

que não podíamos mais guardar um pensamento: um telefonava logo ao outro,

marcando um encontro imediato. Esse estado de comunicação continua chegou a tal

exaltação que, no dia em que nada tínhamos a nos confiar, procurávamos com

alguma aflição um assunto. Às vezes um telefonava encontrávamo-nos, e nada

tínhamos a nos dizer. Éramos muito jovens e não sabíamos ficar calados.

Experimentávamos ficar calados, mas tornávamo-nos inquietos logo depois de nos

separarmos.

Quando minha família mudou para São Paulo e ele morava sozinho, pois sua

família era do Piauí, foi quando o convidei para morar em meu apartamento. Que

rebuliço de alma. Radiantes, arrumávamos nossos livros e discos, preparávamos um

ambiente perfeito para a amizade.

Queríamos tanto salvar o outro. Amizade é matéria de salvação (fluxo de

consciência).

Mas como se nos revelava sintética a amizade. Não havia paz. Só muito

depois eu ia compreender que estar é também dar. Um aperto de mão comovido foi

o nosso adeus no aeroporto. Sabíamos que não nos veríamos mais. Mais que isso:

que não queríamos nos rever. E sabíamos também que éramos amigos. Amigos

sinceros.

1 – Leitura do conto Uma amizade sincera de Clarice Lispector.

2 – Comentários sobre amizade.

3 - O que é uma amizade sincera? Exemplos.

4 - Qual o tipo de comunicação eles mantinham?

5 – Quais os primeiros sinais de perturbação entre eles?

6 – Qual o significado: “Queríamos tanto salvar o outro. Amizade é matéria

de salvação.” Dentro do contexto.

7 – Por que eles consideravam a amizade insolúvel?

8 – A solidão e a falta de paz entre eles eram constante. Justifique.

9 – Por que as pessoas se presenteiam? Justifique.

10 – Você daria outro final ao conto? Qual? Por quê?

11 – Como se classifica o conto Amizade sincera?

12 – Que fatos podem ser considerados possíveis no mundo real?

13 – Um grupo de três integrantes e comecem a planificar um conto sobre

amizade, utilizando os passos propostos a seguir. O planejamento é provisório,

servirá para produzir as primeiras ideias. Mais adiante, poderão modificá-lo.

Tipo de conto:

Título:

Lugar:

Tempo:

Personagens:

Enredo:

Clímax:

Expansão dos fatos:

Como você já viu, a estrutura do conto pode apresentar uma situação inicial,

um conflito e uma estrutura tão simples. É preciso despertar o interesse do leitor e,

para isso é importante o modo como se desenvolve ou se expande cada uma

dessas partes. Expansões são ações que ampliam ou desenvolvem uma ação

fundamental.

1 – Em que parte do conto – início, conflito, resolução – o relato se deteve?

2 – Que tipo de expansão – descrição, comentário ou explicação – predomina

no conto? Por quê?

3 – Fazer um grande círculo para comentários e debates sobre o conto.

O PRIMEIRO BEIJO

Os dois mais murmuravam que conversavam: era o amor. Amor com o

que vem junto: ciúme.

- Vá nunca beijou uma mulher antes de me beijar?

- Sim, já beijei antes uma mulher.

- Quem era ela?

Não sabia como dizer.

O ônibus da excursão subia lentamente a serra.

E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez.

O ônibus parou, todos estavam com sede, mas ele conseguiu ser o primeiro

a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.

De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de

onde jorrava a água. Era a vida voltando e com esta encharcou todo o seu interior

arenoso até se saciar (fluxo de consciência). A vida havia jorrado dessa boca de

uma boca para outra. Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas

não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o liquido germinador de vida...

Olhou a estátua nua.

Ele a havia beijado.

Perplexo, num equilíbrio frágil.

Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele à

verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais

sentido. Ele... (fluxo de consciência).

Ele se tornara homem.

1 – Leitura do Conto O primeiro beijo.

2 – Como se inicia o conto?

3 – Quais os personagens?

4 – Qual o conflito surgido? Por quê?

5 – “Ficar quieto, sem quase pensar e apenas sentir, era tão bom”. Justifique.

6 – A sede começa com o brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o

barulho do motor do ônibus da excursão, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida. Como

deixava a garganta seca. Que atitude o personagem tomou? Explique.

7 – No texto: “E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua

de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra”. Que

associação o personagem faz? Justifique.

8 – Releia o texto, em que também se verifica ambiguidade: “Estava em pé,

docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo

espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era

outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil”.

a) Que sentidos podem depreender desse trecho?

b) Levante hipóteses: Por que o personagem se sentia assim?

c) O que representa a estátua da mulher de pedra?

9 – Nos gêneros narrativos, a sequência de fatos que mantêm entre si uma

relação de causa e efeito constitui o enredo. Um dos mais importantes elementos

que compõem o enredo é o conflito. Identifique o conflito do conto.

10 – No desfecho do conto geralmente ocorre à solução do conflito ou uma

revelação para o personagem. A revelação acontece quando um fato ou uma

situação muda o modo de agir do personagem, levando - o a romper com

determinados valores a questionar seu modo de vida, etc.

No desfecho do conto ocorre a solução do conflito, uma revelação ou ambos?

Justifique.

11 – O discurso indireto livre – consiste na fusão da fala ou do pensamento

do personagem com o discurso do narrador.

Destaque do conto, os trechos que correspondem ao discurso indireto livre.

12 – Reúna – se com seus colegas (máximo de três) e juntos concluam:

- Quais as características do conto?

- Seu grupo irá pesquisar, escolher, produzir e expor um conto com uma

temática livre.

13 – Cada grupo lerá e debaterá os contos criados.

Os diálogos e as vozes entre os contos: 1) Felicidade Clandestina, 2) Uma

Amizade Sincera e 3) O Primeiro Beijo, são uma constante da escritora Clarice

Lispector em suas obras; há a tomada de consciência, quando ela conversa com

seu interior, há uma mudança de comportamento, uma transformação em suas

atitudes, uma maturidade.

“Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante”.

“Queríamos tanto salvar o outro. Amizade é matéria de salvação”.

“A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para a outra. Ele se tornara

homem”.

As narrativas de Clarice Lispector sublinham a precariedade e o nomadismo

da consciência e da existência, entre as aleluias e as agonias de ser.

Para Bakhtin, todas as vivências interiores do outro individuo – sua alegria,

seu sofrimento e finalmente, propósito semântico, ainda que nada disso se

manifeste em nada exterior, se enuncie, se reflita em seu rosto, na expressão do seu

olhar...

A vivência moral do outro têm uma exterioridade interior voltada para mim, e

vou contemplar como olhos interiores.

Os três eixos básicos do pensamento:

Unicidade do ser e do evento; Base da concepção dialógica da

linguagem. Relação eu/outro;

Dimensão axiológica.

Toda interpretação é a correlação de dado texto com outros textos. O

comentário é a índole dialógica dessa relação.

O lugar da filosofia começa onde termina a cientificidade exata e começa a

heterocientificidade; é a metalinguagem de todas as ciências.

Segundo DALLARI, a literatura não era apenas uma referência formal. Seus

conteúdos também eram considerados como referência: ali se discutia política,

filosofia, ciência, sociedade, a psicologia e as emoções humanas, se fazia reflexões

sobre a natureza humana, suas expectativas, desejos, fantasias, etc.

As abordagens educacionais e de letramento produzem a capacitação de

comunicação do aluno, realçando os aspectos práticos e profissionais.

Os jovens querem ou são livres, fazendo o que bem entendem, se fecham em

seu mundo e vivem em outra realidade, nunca participam da realidade onde estão

inseridos. Assim como Clarice Lispector está em seu mundo interior, mas ao mesmo

tempo querendo ficar só. Criando situações, diálogos que mais parece um

monólogo, pois, ela conversa com o seu interior e imagina uma resposta para os

seus questionamentos. Assim são os jovens que criam diálogos para uma situação

também imaginária, que ele supõe que pode ocorrer por causa do seu envolvimento

com determinadas situações.

Clarice Lispector dá importância às vozes dos contos e participa como

narrador personagem.

Essa é a relação que existe entre os jovens que querem e vivem o seu mundo

interior, agindo como se fosse o único e que o mundo girasse ao seu redor. Para

Clarice Lispector o mundo interior é o mais importante, pois, ela se completa e vive

feliz dessa maneira. Os personagens são interiorizados, ela se coloca em seu lugar,

algumas vezes não faz distinção entre as personagens e si mesma. Essa forma de

ser de Clarice Lispector que chama atenção dos seus leitores jovens, que se

identificam com a mesma. Clarice Lispector “Mas o Deus é hoje: seu reino já

começou”.

I. Valorização das experiências de leitura trazidas pelo aluno:

Perguntar aos alunos quais foram os contatos que tiveram com uma leitura

durante a escolarização e se estes contatos foram prazerosos.

II. A leitura na formação do cidadão:

Mostrar que a leitura, apesar de ser uma prática individual se socializada

pode fazer a diferença na vida das pessoas, uma vez que as tornam detentoras de

novos conhecimentos e de novas possibilidades.

III. Apresentação do gênero literário conto:

Expor aos alunos quais são as características do gênero literário conto.

IV. Leitura dos contos:

Apresentar o título dos contos Felicidade Clandestina, Uma Amizade Sincera

e o Primeiro Beijo que serão lidos e solicitar que pensem sobre o enredo e

verbalizem suas impressões.

V. Representação da leitura por imagens e desenhos:

Solicitar que os alunos façam desenhos ou recortes de imagens de revistas

ou jornais que tenham relação com a história lida e produzem um quadro.

VI. Exibição de filmes relacionados com os temas tr abalhados nos contos:

Selecionar filmes relacionados à temática dos contos lidos.

VII. A música e a leitura:

Propor que os alunos relacionem alguma música que tenham ouvido à

temática dos contos lidos.

VIII. Leitura coletiva dos contos escolhidos:

Fazer uma roda de leitura para que os contos sejam lidos coletivamente.

IX. Roda de conversa:

Conversar com os alunos para saber se foi significativa a experiência que

tiveram com a leitura dos contos.

X. Produção de conto:

Propor aos alunos que produzam o seu próprio conto com tema escolhido por

eles.

3. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO

Fiz uma apresentação do Projeto à direção, à equipe pedagógica e

professores do Colégio Antônio Lacerda Braga.

Com slides sobre o projeto e explicação do mesmo. O projeto foi bem aceito

por toda a comunidade escolar, que se prontificaram em ajudar e participar.

Apresentação da escritora Clarice Lispector – vida e obra – principalmente os

contos em destaques do Projeto de Implementação. Por meio do levantamento do

que eles já conheciam ou tinham ouvido falar, foram valorizadas todas as

experiências de leituras trazidas pelos alunos.

Foi feito pesquisa no laboratório de informática, e em seguida formaram

círculo e através de debates e questionamentos sobre os resultados das pesquisas.

Alguns não conheciam a escritora Clarice Lispector e ficaram maravilhados

com sua vida e obras, foi tudo muito interessante e produtivo a pesquisa. Outros não

se interessaram, mas participaram.

No conto “Felicidade Clandestina” fizeram a pesquisa no dicionário das

palavras desconhecidas para esclarecer o significado no contexto histórico-social e

econômico, para entender o que se passava com as personagens. Foi de grande

valia, pois a linguagem era diferente da utilizada nos dias atuais pelos jovens.

Qual o conflito apresentado?

Os alunos tiveram dificuldade em localizar o conflito, no conto não

conseguiam visualizar e quando comentavam não achavam a resposta correta -

que a menina que tinha o livro, queria chamar a atenção da outra que ia todos os

dias para que ela o emprestasse.

Alguns não acharam o problema, outros concordaram e alguns não

gostaram de ler, por isso não opinaram.

Quais os personagens?

A menina que gostava de ler e que ia todos os dias atrás do livro para

emprestá-lo, pois não tinha condições de comprá-lo (personagem principal).

A menina que queria chamar a atenção e escondia o livro só para ela ir todos

os dias a implorá-lo (personagem secundária).

A mãe que percebendo a intenção da filha, a fez emprestar para a menina

que não cabia em si de tão feliz (personagem secundária).

Os comentários foram os mais diversos possíveis.

Acreditavam que ninguém passaria tal humilhação tão somente para ler um

livro, que não acharam nada interessante.

Outros pensavam que o livro é muito interessante e, portanto valeria a pena ir

atrás do mesmo.

Tudo isso foi feito através do grande círculo e todos participaram dando suas

opiniões contrárias ou a favor.

Fizeram comentários de como as pessoas são hoje em dia, e na época de

Clarice Lispector.

A importância da leitura na formação do cidadão como conhecimento de vida,

de mundo, de estar preparado para enfrentar a realidade da vida no mundo no qual

está inserido.

Analisaram o conto próximo ou distante do mundo real.

Fizeram uma aproximação entre o mundo real e o da ficção.

Leitura do conto “Uma Amizade Sincera”.

Apresentaram o gênero literário conto – suas características.

Comentários sobre a amizade.

O que é uma amizade sincera?

Tipos os mais variados possíveis. Cada aluno fez o seu comentário e

exemplo, alguns não acreditam em amizade sincera, pois pensam que por trás da

amizade sempre querem algo em troca, outros discordaram.

A leitura foi coletiva e após cada parágrafo foi feito os comentários e após um

geral e a produção escrita do que cada um tinha colocado no grande grupo.

No debate feito com questionamento sobre amizade sincera:

• Porque as pessoas se presenteiam?

• Como se classifica o conto “Amizade Sincera”?

• Você é sincero?

• O que é importante para você numa amizade?

Todos participaram, deram suas opiniões.

Eles têm um conceito diferente de sinceridade, de compromisso, de respeito.

Pensam primeiro em seus egoísmos e em seu bem estar.

Após a leitura do conto, foi feito uma representação por imagens e desenhos,

em cartolinas com grupos pequenos – foram utilizados imagens de revistas e jornais

que tinham relação com a história do conto lido e produziram quadros para a

exposição nos corredores da escola.

A participação dos alunos foi intensa, para mostrar o que tinham realizado,

alguns não se envolveram para não se expor, mas fizeram os cartazes, que foram

expostos nos corredores do colégio.

No laboratório de informática foram feitas as pesquisas sobre a biografia e os

contos de Clarice Lispector, suas características e suas obras em destaque para o

nosso estudo.

Todos participaram, fizeram as pesquisas, anotaram as partes principais da

vida e obra da grande escritora.

Fizeram uma relação com músicas que tinham ouvido ou conheciam

relacionados à temática dos contos lidos.

Fizeram leituras do conto “O Primeiro Beijo” de Clarice Lispector.

Através do questionamento foram levados a descobrir qual o conflito

sugerido? Por quê?

Quais os personagens?

A cada resposta tinham que justificar a mesma.

Tiveram dificuldades em explicar: “Ficar quietos, sem quase pensar e apenas

sentir – era tão bom”.

Foram formados grupos pequenos de três elementos e começaram a

planificar um conto sobre amizade, utilizando os passos propostos a seguir:

Tipo do conto.

• Título • Lugar • Tempo • Personagens • Enredo • Clímax • Leitura Coletiva

Exposição através de uma roda de leitura, para que os contos que foram lidos

coletivamente e os trabalhos que foram realizados e expostos.

Foram feito roda de conversa e exposição para saber se foi significativa a

experiência que tiveram com a leitura dos contos.

Foi feito a produção do conto => eles produziram o seu próprio conto.

Foi bastante gratificante a maioria criaram o seu conto e se sentiram como se

fosse a própria Clarice Lispector.

Produção Didática Pedagógica

A leitura de contos de Clarice Lispector:

Uma reflexão para a vida

A temática proposta tem como finalidade repensar o papel da leitura dos

contos de Clarice Lispector, oportunizando melhores condições de interpretação das

diferentes práticas do uso da língua – leitura, oralidade e escrita- através dos contos.

O público alvo são os alunos do nono ano do Ensino Fundamental do Colégio

Estadual Antônio Lacerda Braga, em Colombo.

Os objetivos desse material didático são: incentivar a leitura de contos;

estimular o gosto pela "contação" recriá-los através de textos orais e escritos.

A metodologia utilizada será qualitativa, com base no método recepcional.

Motivação para a prática da leitura; compartilhamento de conhecimentos; debates,

interpretação dos contos escritos e orais, pesquisas, dramatizações e outras

atividades.

O método recepcional utilizado em sala de aula: o primeiro passo do

professor seria o de efetuar a determinação do horizonte de expectativas da classe,

a fim de prever estratégias de ruptura e transformação do mesmo. Esse horizonte de

expectativas conterá os valores prezados pelos alunos, em termo de crenças,

modismos, estilos de vida, preferências quanto ao trabalho e lazer, preconceitos de

ordem moral e social e interesse na área de leitura. As características desses

horizontes podem ser constatadas através de técnicas variadas: como observação

direta do comportamento, pelas reações espontâneas a leituras realizadas nos

contos de Clarice Lispector e através da expressão dos próprios alunos em debates,

discussões, respostas às entrevistas e questionários, dramatizações e outras

manifestações quanto a sua experiência da obra.

A análise comparativa das experiências de leitura, a sala debaterá sobre seu

próprio comportamento em relação aos contos lidos levando em conta os desafios

enfrentados, os processos de superação dos obstáculos textuais, tais como

pesquisas empreendidas para compreensão de composição. Este é o momento dos

alunos verificarem que conhecimentos ou vivências pessoais, proporcionaram a eles

facilidades de entendimento do texto. O papel do professor neste momento é o de

provocar seus alunos e criar condições para que eles avaliem o que foi alcançado e

o que resta a fazer. Conscientes das suas possibilidades de conhecimento da

literatura, parte para outros contos ou textos o que proporciona uma motivação.

O foco da leitura em diferentes funções sociais, buscando sempre o

letramento do aluno.

REFERÊNCIAS

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BAKHTIN, M. (2003) Estética da Criação Verbal. Martins Fontes, São Paulo.

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GNERRE, M. (1985) Linguagem, Escrita e Poder. Martins Fontes, São Paulo.

SCOTOLO, I. (2008) O Discurso Midiático: articulação entre representações e produção dos sentidos. In A Leitura como Ofício, Scotolo, I. (org.). Ed. Porto de Idéias, São Paulo.

VIGOSTKY, I. (1987) A Formação Social da Mente. São Paulo, Martins Fontes.

DALLARI, Bruno B. A. (2010), Mídia, cidadania e as novas práticas de letramento.

NUNES, Benedito de (1973), Leitura de Clarice Lispector.

FARACO, Carlos Alberto (2010), Linguagem e Diálogo. As ideias Linguísticas do Circulo de Bakhtin.

FIORIN, José Luiz (2008), Introdução ao Pensamento de Bakhtin.

SOARES, Magda (2012), Letramento, um tema em três gêneros.

GOMES, André Luís (2008), Seminário Internacional, Clarice em cena: 30 anos depois.

Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Portuguesa. Secretaria de Educação Fundamental, MEC, 1997.

Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Portuguesa. Terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Secretaria de Educação Fundamental, MEC, 1998.