OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · oitavo ano do Colégio Estadual Dr. José...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
PREVENÇÃO AO USO INDEVIDO DE DROGAS, COM RECURSOS LÚDICOS NA
EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS
Edna Aparecida Parron Cabrera
1
Rosângela Fernandes Garcia2
RESUMO
Um dos maiores problemas em nossa sociedade atual é a “drogadição”, tema que deve ser enfrentado pela família e pela sociedade e a escola não está isenta ou fora desta realidade. Cada vez mais cedo, crianças e adolescentes tem acesso a elas. Os jovens devem entender o que são drogas e o que elas provocam no organismo humano (causas e consequências), fortalecendo a teoria de que o conhecimento é a melhor arma contra o uso indevido de drogas e instrumento eficaz para a prevenção. A escola deve proporcionar uma nova forma de ensinar, trazendo os conteúdos de forma lúdica e criativa. Para alcançar os objetivos propostos trabalhamos com recursos alternativos tais como: questionários, palestras, jogos temáticos, filmes e documentários, dinâmicas que envolveram o tema de forma lúdica, a fim de levá-los a uma reflexão crítica. Com isto, pudemos observar que os alunos se mostraram muito interessados, pois adquiriram informações novas sobre drogas, tendo consciência de que é um problema grave e que se devem tomar atitudes diante desse fato. A oportunidade de se aprofundarem nesse tema, com atividades diversificadas possibilitou a abertura para a formação do senso mais crítico. Nossa expectativa é que este projeto tenha contribuído para a formação dos educandos do oitavo ano do Colégio Estadual Dr. José Gerardo Braga. Palavras-chave: Drogas; Prevenção; Lúdico
1 Introdução
Como professora de Ciências do sexto ao nono anos, trabalho com
adolescentes há mais de vinte anos. Hoje, no Colégio Estadual Dr. José Gerardo
Braga em Maringá – PR nos deparamos com uma realidade que não foge da
realidade de outras escolas de nossa cidade e do Brasil. Realidade esta que em
determinados momentos nos assusta. Um dos principais fatos que nos chama a
atenção é o consumo de drogas por parte de nossos alunos e a facilidade com que
1 Professora de Ciências e Matemática do Colégio Estadual Dr. José Gerardo Braga - Ensino
Fundamental e Médio - Maringá - Paraná. [email protected] 2 Doutora em Biologia Celular, Docente adjunto do Departamento de Ciências Fisiológicas da
Universidade Estadual de Maringá, Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional-UEM e Orientadora do Curso Especialização em Fisiologia Humana.
estes adolescentes têm acesso a elas. Sentimos na pele como alguns destes alunos
adentram a sala de aula, exalando odores de álcool, cigarros, drogas, extremamente
nervosos e irrequietos, sem capacidade de concentração para participar das
atividades propostas.
Vemos que as drogas estão presentes quando não dentro das escolas, em
seus pátios ou logo fora dos seus muros, em bares e lanchonetes, em rodas de
amigos. Pela localização do nosso colégio, recebemos alunos de vários bairros de
nossa cidade, portanto várias necessidades e realidades diferentes as quais como
educadores temos que estar preparados e oferecer condições para que estes alunos
tenham interesse pelos estudos. Que encontrem em nós, respostas que os
preparem não só para o conhecimento sistematizado, mas também como alguém
que se preocupa com eles, disseminando valores tais como, carinho, afeto, amor,
diálogo, compreensão com os problemas por ele enfrentados. A escola deve
proporcionar uma nova forma de ensinar, através de atividades como jogos,
brincadeiras, teatros, ações sociais, trazendo conteúdos de forma lúdica e criativa,
dando oportunidade aos adolescentes o conhecimento sobre drogas, seu uso
indevido, causas e consequências para a saúde e sociedade. Enfim, trabalhando a
prevenção ao uso indevido de drogas.
Ao tratarmos do tema: Prevenções ao Uso Indevido de Drogas temos a
certeza ser de extrema importância, pois o tema está intrinsicamente relacionado ao
presente e futuro de nossas crianças e adolescentes. Crianças e adolescentes que
estão no seio de nossas famílias, de nossas escolas, de nossas cidades.
O Estado Brasileiro através do texto constitucional promulgado em 05 de
outubro de 1988 prevê no Capítulo VII – Da Família, da Criança, do Adolescente, do
Jovem e do Idoso, artigo 227 o que segue: “É dever da família, da sociedade e do
Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-lo a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão” (Emenda Constitucional número 65 de 2010).
No âmbito Municipal, várias ações são desenvolvidas pelo Poder Público
principalmente pela Secretaria de Assistência Social e Cidadania, através do
CMDCA – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, a fim de
prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do
adolescente. Conselho este que promoveu a Sétima Edição da Conferência
Municipal de Meninos e Meninas (29/05/13), com o tema “Uso Indevido de Drogas –
Caminhos para a Resistência e Prevenção”, com o lema “Atitude é uma qualidade
para qualquer idade”. O CMDCA com apoio de várias entidades e da sociedade civil
organizada também arrecada recursos para o FIA – Fundo para a Infância e
Adolescência onde apoiam projetos que em sua maioria estão ligados a Prevenção
e Uso Indevido de Drogas.
Importante ressaltar que a vida deve ser preservada em sua plenitude. Deve
ser incansável nossa luta no sentido de prevenir todas as situações que colocam em
risco nossas crianças e adolescentes. Além do Estado, da Sociedade e da Família,
nossa Escola tem o papel fundamental nesta prevenção, pois é no ambiente escolar
que é construído o alicerce e valores que balizam a personalidade das crianças e
adolescentes pelo resto de suas vidas.
Esse assunto deve fazer parte das discussões diárias no ambiente escolar.
Pais, professores e alunos devem ser ouvidos para se colocar em prática ações que
previnam este mal. A escola (diretores, pedagogos, orientadores e professores)
deve estar preparada para apresentar aos alunos o caminho da prevenção ao uso
indevido de drogas. O conhecimento, principalmente da nossa realidade escolar
(Colégio Estadual Dr. José Gerardo Braga), e do tema drogas é passaporte para
atingirmos nossos objetivos.
A escola tem um papel importante no enfrentamento às drogas, realizando
trabalhos de prevenção, encaminhando alunos envolvidos com drogas aos serviços
especializados e acompanhando os trabalhos da Rede de Proteção. O envolvimento
dos alunos com atividades de arte, esporte e outros, pode evitar o contato com as
drogas (Núcleo Regional de Educação – Maringá – PR, 2012).
O início do consumo de drogas na adolescência é favorecido pela pressão do
grupo e pela vulnerabilidade à influência dos colegas, associada à insegurança
típica da idade e necessidade de aceitação, bem como a falta de informação.
Embora haja uma percepção crítica sobre a escola como espaço de aprendizagem,
esta também se sobressai no imaginário dos alunos como lugar apreciado por outros
atributos, como por exemplo, um local privilegiado de socialização, formação de
atitudes e opiniões e desenvolvimento pessoal. A escola afigura-se aos estudantes
como uma efetiva via de acesso ao exercício da cidadania. A escola, a educação e o
processo de ensino-aprendizagem funcionam como um salvo conduto moral, um
passaporte para a entrada na sociedade e para oportunidades de uma vida melhor
(Abramovay; Rua, 2002).
Precisamos entender o que são drogas e suas classificações, o que elas
provocam no organismo humano (causas e consequências), para que tenhamos
condições de construir uma via alternativa para os jovens no enfrentamento e
prevenção desta realidade.
Segundo Brasil (2007), a palavra droga é entendida por muitos como algo
prejudicial e de má qualidade. Já na linguagem médica, droga é identificada como
sendo uma substância capaz de prevenir e/ou curar doenças, tornando-se um
medicamento. O vocábulo origina-se do holandês antigo da palavra droog, que
significa folha seca, visto que antigamente a maioria dos medicamentos era
produzida a partir de vegetais.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), droga é toda
substância que não é produzida pelo organismo e que possui condição de agir sobre
um ou mais de seus sistemas, gerando alterações no seu funcionamento. Uma
droga não pode ser definida como boa ou má, já que algumas substâncias servem
para tratamento de doenças, produzindo efeitos benéficos. Todavia, existem
substâncias que geram malefícios à saúde (NICASTRI, 2008).
Conforme a definição do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre
Drogas), droga é um nome genérico de substâncias químicas, naturais ou sintéticas,
que provocam alterações psíquicas e podem causar danos físicos e psicológicos a
seu consumidor (CEBRID, apud Abromovay; Rua, 2002). Segundo Albertani (2003),
as alterações causadas por essas substâncias variam de acordo com as
características da pessoa que as usa, da droga escolhida, da quantidade,
frequência, expectativas e circunstâncias em que é consumida.
Do ponto de vista legal as drogas classificam-se em lícitas, aquelas
comercializadas de forma legal, e ilícitas, as proibidas por lei. Em relação ao Sistema
Nervoso Central (SNC) classificam-se em depressoras (álcool, barbitúricos,
benzodiazepínicos, opióides, solventes e inalantes), estimulantes (anfetaminas e
cocaína) e perturbadoras (maconha, alucinógenos, dietilamida do ácido lisérgico,
ecstasy, anticolinérgicos, tabaco, cafeína, esteroides anabolizantes). As drogas
podem causar diversos efeitos colaterais como: diminuição da atividade global,
redução da atividade motora, aumento da sonolência, aceleração dos processos
psíquicos, alterações no funcionamento cerebral, delírios e alucinações (NICASTRI,
2008).
Mesmo sendo proibido fumar no ambiente escolar, muitos alunos insistem
nesta prática, utilizando-a em lugares escondidos (banheiros e outros...),
incentivados até por professores e servidores que também fazem uso do tabaco
mesmo que em ambientes reservados. O consumo de maconha se dá nas
dependências da escola sob o testemunho silencioso de colegas, devido ao fácil
acesso às mesmas.
No parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente
(Brasil, 1980), encontramos que “é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do
processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas
educacionais”. Importante neste ponto é que tanto Escola, Família e Sociedade
participem de forma efetiva na elaboração de projetos e ações que levem os
adolescentes a conhecer o que significa DROGAS, suas características e
consequências.
Hoje se percebe que um dos maiores problemas na sociedade é a
“drogadição” e as escolas não estão isentas ou fora desta realidade. Até dentro das
salas de aula depara-se com esta realidade, o que desafia o professor e interfere
diretamente no rendimento escolar e no crescimento e formação da personalidade
do adolescente como um todo.
Se conseguirmos com este trabalho recuperar um adolescente, colaborando
na formação de sua personalidade e mudança de atitudes já terá valido a pena.
Levar o conteúdo deste Programa de Desenvolvimento Educacional à mesa de
discussão (escola e família) na busca de novos horizontes para nossos
adolescentes com atitudes práticas é a maior justificativa para o tema proposto.
Para Meyer (2003) a escola contribui para a formação global do jovem e da
sociedade. Para prevenir o uso de drogas, devem ser tomadas atitudes desde a
infância e perdurar por toda a vida. Dessa forma, o papel da escola na prevenção é
educar crianças e adolescentes, desenvolvendo sua subjetividade e o senso crítico
além de integrar educação intelectual e emocional, incentivar a responsabilidade
social e a cidadania e garantir atitudes saudáveis no dia-a-dia dos educandos. Em
vez de enfatizar as consequências do uso de drogas, deve-se discutir o projeto de
vida dos alunos e sociedade.
Ainda de acordo com o autor supracitado é alicerçado em um programa de
prevenção que é possível aplicar ações essenciais para alertar o comportamento
dos indivíduos sobre o risco do uso de drogas. O ideal é que ele faça parte da rotina
escolar, que seja ativo, perene e duradouro. Além disso, deve envolver os pais e a
comunidade em suas atividades, para alcançar os resultados propostos.
A informação é a melhor arma contra o consumo de drogas. Portanto os
professores não podem se omitir, é preciso adquirir informações e conhecimentos
que serão a arma para que eles ajam concretamente no ambiente escolar.
Informação é checar a realidade. Conhecimento é ter domínio do conteúdo a ser
apresentado às crianças, adolescentes e jovens, e principalmente de que forma será
repassado, a fim de facilitar a compreensão do tema e desenvolver ações que
venham a prevenir o uso indevido de drogas no ambiente escolar.
Este trabalho pretende informar os adolescentes do 8º ano do Colégio
Estadual Dr. José Gerardo Braga, por meio de recursos lúdicos, sobre os prejuízos e
as consequências que o uso indevido de drogas pode causar.
Pode-se compreender com base em Figueiredo (2008) que o
desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento
pessoal, social e cultural, colaborando para uma boa saúde mental, facilitando a
socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.
Entende aqui que o lúdico vem a ser uma ferramenta, um suporte na
apresentação dos conteúdos de Ciências é um importante elemento facilitador que
vai ajudar o professor no processo de aprendizagem do aluno, aprendizagem essa
que deve levar a uma mudança de comportamento e absorção dos temas tratados,
sendo assim um elemento motivador para envolver os alunos.
Para Araujo (2000), o trabalho em sala de aula deve estimular a criatividade,
a iniciativa e o raciocínio do educando. Toda criança é curiosa e através do lúdico é
possível despertar a vontade de aprender, levando o aluno a compartilhar as
problematizações e suas vivências. O jogo motiva as crianças, permitindo
experiências tais como: superação de obstáculos, experimentação, descoberta,
reflexão, além de ser uma atividade em que o aluno se sente livre e sem pressão,
sendo assim, um estimulador para a aprendizagem. Além disso, as atividades
lúdicas proporcionam prazer, equilíbrio emocional, autonomia sobre seus atos e
pensamentos, além de contribuir para o desenvolvimento social.
Ao levarmos o tema para a sala de aula, mais especificamente para os alunos
do oitavo ano, na matéria de Ciências, nos deparamos com o tema Ciências
Naturais – Aprendendo com o cotidiano – livro de Eduardo Leite do Canto – Editora
Moderna, vemos que os temas abordados podem ser trabalhados juntamente com a
Prevenção ao Uso de Drogas, visto que, tem uma correlação estreita, como por
exemplo: Corpo Humano: um todo formado por muitas partes; Ossos e Músculos;
Nós “somos” o que comemos?; Circulação e Excreção; Respiração Pulmonar;
Sistema Nervoso; Sistema Endócrino; Balinhas e Perfumes; O tato, o quente, o frio e
a nossa pele; Luz, olho humano e óculos; Fluxo de matéria e fluxo de energia nos
ecossistemas; Ameaças à água, ao ar e ao solo; Desenvolvimento sustentável.
É preciso colocar em prática uma nova metodologia de ensino, usando fatos
do cotidiano, do lúdico, de simbolismos e ensinar de forma mais atrativa aos
adolescentes levando ao gosto por aprender Ciências e aprender para a vida,
construindo uma ponte entre o ensino sistematizado e a realidade concreta.
Conforme afirma Piaget (1978), o desenvolvimento da criança acontece
através do lúdico. Em nossas salas de aula encontramos alunos com dificuldades de
aprendizagem e desmotivados para os estudos. A ludicidade é indispensável à
saúde física, emocional e intelectual da criança. Contar, ouvir histórias, dramatizar,
jogar com regras, desenhar, entre outras atividades, constituem um meio prazeroso
de aprendizagem. Piaget ressalta ainda que os jogos não são apenas para fins de
entretenimento, também contribuem para o desenvolvimento intelectual, físico e
mental dos indivíduos, fazendo com que os mesmos assimilem o que percebem da
realidade.
O jogo possibilita a aproximação do sujeito ao conteúdo científico, por
intermédio de linguagem, informações, significados culturais, compreensão de
regras, imitação bem como a ludicidade inerente ao próprio jogo, assegurando assim
a construção de conhecimentos mais elaborados (Moura, 1994).
De acordo com as Diretrizes Curriculares de Ciências para a Educação
Básica (2008), o estabelecimento de uma nova identidade para a disciplina de
Ciências requer: repensar os fundamentos teórico-metodológicos que sustentam o
processo ensino-aprendizagem; a reorganização dos conteúdos científicos escolares
a partir da história da ciência e da tradição escolar; os encaminhamentos
metodológicos e a utilização de abordagens, estratégias e recursos pedagógico-
tecnológicos; os recursos pressupostos e indicativos para a avaliação formativa. A
aprendizagem significativa no ensino de Ciências implica no entendimento de que o
estudante aprende conteúdos científicos escolares quando lhes atribui significados.
Isso põe o processo de construção de significados como elemento central do
processo de ensino-aprendizagem.
Hoje, com os recursos disponíveis e o professor dominando os conteúdos a
serem apresentados, temos como oferecer aos educandos uma nova forma de
ensinar, não ficando apenas no ensino tradicional, mas inserindo novas
metodologias, através dos recursos lúdicos como: músicas, jogos, teatros, debates,
ações sociais, aulas práticas, fazendo com que o adolescente passe a dar
significado ao que lhe é ensinado e domine o conteúdo sistematizado. Só assim o
professor marca a vida de seus alunos e semeia o futuro.
2 Desenvolvimento
2.1 Metodologia Aplicada e Resultados Obtidos
O projeto de prevenção ao uso indevido de drogas foi desenvolvido no
Colégio Estadual Dr. José Gerardo Braga EFM, no município de Maringá, e o público
alvo foram os educandos do 8º ano do Ensino Fundamental.
No dia 3 de fevereiro de 2014 foi apresentado o projeto de intervenção à
direção, equipe pedagógica, professores e funcionários do colégio. Foi realizada a
explanação sobre a justificativa, objetivos e metodologia. Nesse mesmo dia foi
planejado com a professora de Artes, para que se realizasse um teatro a respeito do
tema do projeto. A equipe pedagógica e professores gostaram muito da
apresentação do projeto e disseram ser um tema muito relevante para se trabalhar,
não somente com o 8º ano, mas em todas as séries do colégio.
Em 28 de fevereiro aconteceu o primeiro encontro com os educandos do 8º
ano. Neste dia um policial especializado no tema do projeto – Sargento Jesuel –
Membro da Equipe do PROERD (Programa Educacional de Resistencia às Drogas)-
ministrou uma palestra esclarecendo as dúvidas e curiosidades sobre drogas. No
final houve um depoimento de um ex-viciado. Os alunos se comoveram com o relato
do ex-viciado e a interação deles na palestra foi positiva e construtiva visto que,
muitos questionaram o palestrante quanto a esclarecimentos sobre o tema.
O segundo encontro, com os alunos, foi no dia 10 de março e aplicou-se um
questionário sobre drogas para quantificar o conhecimento prévio dos mesmos.
Quando perguntado se já tinham tido algum contato com drogas, onze alunos
relataram já ter experimentado drogas lícitas e cinco afirmaram ter usado drogas
ilícitas. Em relação à questão que perguntava se algum amigo ou parente já usou
drogas e com isso teve problemas em casa, no trabalho ou com amigos, onze
disseram que sim. O que se pode perceber nessas questões é que as drogas estão
cada vez mais presentes na vida dos jovens, estes devem ser orientados a perceber
o quanto isso pode prejudicar as suas vidas e das pessoas próximas (família,
amigos). No questionário pedia-se ainda para assinalar as três principais causas que
eles achavam fazer com que o adolescente se envolvesse com drogas, e o resultado
foi o seguinte: em primeiro lugar está o relacionamento com amigos e a sua
influência negativa; em segundo lugar o fácil acesso a traficantes no local onde
mora; por último, a falta de diálogo e confiança com a família. Dessa forma,
percebe-se como a família precisa agir com responsabilidade orientando os seus
filhos a ficar longe das drogas e saber escolher suas companhias.
No dia 14 de março foram apresentados textos explicativos sobre drogas,
definindo drogas lícitas, ilícitas, os efeitos no organismo e suas consequências. Com
essa atividade, os alunos adquiriram mais conhecimento sobre o tema. E aqueles
que tinham dúvidas e erraram algumas questões do primeiro questionário puderam
partilhar isso com a turma e aprofundar o conhecimento nesse assunto tão
relevante.
O quarto encontro dos alunos foi no dia 21 de março e aplicou-se a dinâmica
“Sei ou não sei? Eis a questão”, para verificar o conhecimento que os adolescentes
têm a respeito das drogas. Confeccionaram-se placas com as palavras
VERDADEIRO e FALSO, e eram feitas perguntas à respeito do tema à turma, então
os alunos levantavam uma das placas para designar se a afirmativa era falsa ou
verdadeira. Ao final houve um momento de reflexão, através de debates e
questionamentos dos alunos. Todos participaram e a maioria acertaram as
respostas, visto que, eles já tinham estudado o tema uma semana antes.
No final de março aconteceu a apresentação do Vídeo Homem Virtual
(álcool, tabagismo e drogas), para que a turma pudesse compreender os efeitos
dessas substâncias no organismo. Em seguida foi realizado um debate para sanar
algumas dúvidas existentes. Os alunos acharam os vídeos muito interessantes e a
maioria deles participaram do debate positivamente aumentando a compreensão do
tema.
No período de 31 de março a 25 de abril realizou-se um estudo sobre drogas
através do documentário do Programa Profissão Repórter com o tema “Jovens e
drogas parte 1”. Essa atividade propôs conhecimentos das principais drogas usadas
pelos jovens e algumas medidas de prevenção para que eles não procurem as
drogas como meio para resolver seus problemas. Para dar continuidade ao tema, os
alunos assistiram ao filme “Maria Cheia de Graça”, em que puderam identificar as
dificuldades e consequências de um usuário de drogas. Perceberam também como
é feito o tráfico de drogas utilizando a mulher como “mula”. Com a apresentação dos
vídeos os alunos debateram e fizeram alguns comentários sobre o tema. Além disso,
perceberam que não vale a pena se envolver com drogas, por ser um mundo quase
sem volta, mesmo estando em uma difícil situação financeira.
Na primeira quinzena de junho a turma realizou alguns exercícios de fixação
como cruzadinha, caça-palavras e algumas questões sobre o tema do projeto. No
final do mês os alunos construíram um mural com o tema abordado para que todos
do colégio pudessem refletir sobre o uso das drogas e diminuir o alto índice de
adolescentes usuários. O mural ficou bem chamativo e toda a escola pode perceber
o quanto as drogas são maléficas tanto no organismo quanto na vida social,
aumentando o senso crítico de todos.
Para encerramento estava projetado a apresentação do teatro “Quando a
vela se apaga”, porém devido a problemas no ensaio com alguns alunos, ainda não
foi possível realizar essa atividade.
Com a aplicação do projeto os alunos do oitavo ano perceberam como a
droga é avassaladora; como é importante que todos trabalhem em conjunto para
ajudar amigos e familiares a sair desse caminho, ou ficar longe dessas substâncias
que destroem a saúde física, mental e psicológica de qualquer indivíduo.
3 Considerações dos professores do GTR
Os professores que participaram do curso do GTR analisaram e avaliaram
muito bem sobre o projeto. Além disso, participaram das discussões e deixaram
ideias e sugestões importantíssimas.
Nos depoimentos de Entrada no Diário 1 percebeu-se que todos estão
realmente engajados neste projeto lúdico de prevenção ao uso indevido de drogas.
A maioria dos participantes afirmou que usariam as atividades do projeto em suas
escolas, para resgatar os valores dos nossos educandos. Abaixo estão alguns
depoimentos feitos por professores que participaram do curso:
“Acredito que a escolha deste tema não poderia ser mais acertada, falar
sobre as drogas e seus malefícios é extremamente importante. Hoje em dia os
nossos alunos têm fácil acesso a essas substâncias, e na maioria dos casos,
acabam por fazer uso sem ter a total compreensão do caminho que estão
começando a trilhar. Sei que é impossível impedir que eles escolham esse tortuoso
caminho, e que atualmente, infelizmente, é muito fácil conseguir as drogas, mas não
podemos deixar de lado nosso papel de educadores e formadores. É nosso papel
sim, informá-los dos prejuízos da drogadição”.
“Sabendo da realidade que está presente em todas as nossas escolas, um
trabalho de prevenção ao uso de drogas sempre acaba tendo uma importância muito
grande. É fundamental ajudar na recuperação dos dependentes químicos, mas a
prevenção, acredito, ainda é a melhor forma de evitarmos danos maiores a essa
nossa juventude.”
“O trabalho de prevenção ao uso indevido de drogas é imprescindível em
nossa escola, pois é um tema que no contexto mundial desempenha papel relevante
no desencadeamento de uma série de problemas sociais, emocionais e orgânicos.
Sendo a escola um ambiente de formação, cabe a nós educadores a tarefa de
oportunizar reflexão utilizando metodologias diversificadas que possam levar os
adolescentes e jovens a compreender as consequências das drogas para a saúde
humana.”
“A forma como as atividades foram propostas e estão sendo desenvolvidas
permite uma participação ativa dos alunos na busca de informações. É muito fácil
chegar até a sala de aula e simplesmente ‘despejar’ um monte de informações
teóricas que no dia seguinte eles não vão mais lembrar. O grande desafio é mediar
estas informações de maneira realmente eficiente. É fácil perceber que o seu projeto
conseguiu envolver de maneira direta os alunos, permitindo a socialização das suas
informações prévias com dados corretos de causas e consequências do uso de
drogas.”
4 Considerações Finais
O consumo de drogas na adolescência está aumentando cada vez mais,
afetando famílias, ambiente de trabalho, ambiente escolar e suas tarefas diárias,
sem contar que, compromete a aprendizagem do aluno. A aplicação deste projeto,
procurou levantar questões sobre a realidade escolar do Colégio Estadual Dr. José
Gerardo Braga EFM, em relação à drogadição. Percebeu-se que esse é um
problema grave e é preciso medidas efetivas de combate às drogas, visto que, essa
realidade se agrava a cada dia.
Para que haja discussão e implementação de atividades que visem a
prevenção ao uso indevido de drogas pelos adolescentes, todos os profissionais da
Educação devem estar envolvidos para que o tema seja bem contextualizado. O
assunto pode ser abordado tanto nas escolas públicas como nas privadas,
trabalhando a prevenção, os direitos humanos e, sobretudo o respeito ao educando.
E caso necessário buscar apoio a rede de proteção.
Esse projeto procurou conhecer a problemática das drogas utilizando uma
metodologia pedagógica mais adequada, fazendo com que os alunos pudessem
conhecer melhor esse tema por meio de atividades lúdicas, o que torna mais
interessante para o seu conhecimento e aprendizagem. Os alunos se mostraram
muito interessados, pois adquiriram informações novas sobre drogas, tendo
consciência de que é um problema grave e que se devem tomar atitudes diante
desse fato. Além disso, foi proporcionada a oportunidade de se aprofundar nesse
tema, com atividades diversificadas e diferentes do que estão acostumados no dia-
a-dia escolar, dando abertura para a formação do senso crítico dos educandos.
Dessa forma, ficou claro que quando se trabalha com temas
contemporâneos dentro da realidade que os alunos vivenciam, eles sentem-se mais
propícios a buscar novos conhecimentos e procurar ajuda para si ou para familiares.
Prevenção ao Uso de Drogas é um tema urgente a ser enfrentado. O lúdico
é uma proposta transformadora e eficaz.
Referências
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