OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · primeiros passos para a formação do leitor é...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
ENSINO E APRENDIZAGEM DE LEITURA - EXPLORANDO OS
CONTOS DE FADAS NA CONSTRUÇÃO DO IMAGINÁRIO INFANTO-
JUVENIL
Professora PDE: Joice Lorenzetti1
Professora Orientadora: Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza2
RESUMO: Reconhecer a importância dos contos de fadas na construção do imaginário infanto-
juvenill e incentivar o hábito de leitura é o que este artigo vem propor. Nele, os contos de fadas se apresentam como um dos caminhos alternativos e forte aliado na promoção à socialização, à troca de experiência e inserção dos alunos no grupo. Objetivamos demonstrar que os contos de fadas proporcionaram desenvolvimento da imaginação, percepção de mundo, construção da identidade e acentuada melhora dos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental, do Colégio Estadual João Paulo II – Ensino Fundamental e Médio, de Realeza, em relação à leitura, oralidade, escrita e pesquisa. O presente artigo enfoca a importância dos contos de fadas no processo de aquisição da leitura e, também, de construção do leitor. Para desafiar o imaginário desses alunos e estimular-lhes a criatividade, propomos leitura, pesquisa, roda de contação, sessão de cinema e produção de contos de fadas em quadrinhos. Trabalhar com leitura, interpretação e escrita do gênero Contos de fadas
trouxe maior encantamento para as aulas de Língua Portuguesa, como também tornou mais prazerosa a tarefa de ler, ouvir, falar e interagir com os demais alunos da sala.
Palavras-chave: Leitura. Formação do leitor. Imaginário. Contos de fadas.
1. INTRODUÇÃO
O maravilhoso e o fantástico continuam sendo os elementos mais importantes
nos contos de fadas, por isso atraem e provocam as crianças a viajarem pelo mundo
da leitura tornando-se assim leitores críticos, criativos e plurais.
As Diretrizes Curriculares Educacionais de Língua Portuguesa sinalizam a
leitura "como um ato dialógico, interlocutivo, que envolve demandas sociais,
históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado
momento" (DCE, 2008, p. 56). Assim sendo, o ato de ler estabelece relações
dialógicas de interação e cabe à família, à escola e ao professor, oportunizar o
1 Professora da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná. Graduada em Letras pela Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras de Palmas (FAFI). Especialista em Ensino de Língua Portuguesa pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). Atua no Colégio Estadual João Paulo II – Ensino Fundamental e Médio. 2 Professora Adjunta da Unioeste. Doutora em Letras pela UNESP – Assis/SP.
contato da criança com a leitura por ela ser fator imprescindível também para a
socialização do conhecimento.
O ideal é que a criança esteja rodeada, em seu ambiente familiar, por
pessoas que apreciam a leitura e, ao ingressar na escola, encontre no professor um
bom leitor e que este proporcione, a cada aluno, um convívio estimulante com os
livros, cumprindo assim o seu papel, que é o de ampliar, pela leitura da palavra, a
leitura de mundo de seus alunos.
Considerando que a escola tem a tarefa de ensinar os alunos a ler e a
gostarem de ler, é dela também a responsabilidade pelo incentivo à leitura. Um dos
primeiros passos para a formação do leitor é a sedução e os contos de fadas
seduzem e remetem a outros textos e também a situações inesperadas, as quais
levam o aluno a pensar, questionar, interrogar e, principalmente, a posicionar-se
diante do que lhe é apresentado. Nesse sentido, Bettelheim pontua:
Para que uma história realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar a sua curiosidade. Contudo, para enriquecer a sua vida, deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções; estar em harmonia com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam (BETTELHEIM, 2010, p.11).
Por abordar, em suas histórias, temas relacionados ao cotidiano, por
apresentar problemas existenciais típicos da infância, como dor, medo, perdas,
angústia, curiosidade, sentimentos de inveja e de carinho, os contos de fadas
também ensinam infinitos assuntos e trazem, a partir de seus enredos, conforto e
confiança, por isso encantam e seduzem. Segundo Abramovich (1994) quando as
crianças ouvem histórias, passam a visualizar de forma mais clara, sentimentos que
têm em relação ao mundo.
Além de inquietar as crianças, cutucá-las e entretê-las, os contos de fadas
transmitem valores, costumes e ajudam-nas a elaborarem a própria vida através de
situações conflitantes e fantásticas. As crianças se sentem atraídas pela história,
quando há encantamento e envolvimento com a sua personalidade, mesmo que de
maneira superficial. Bruno Bettelheim (2010) destaca que a história pode enriquecer
a vida de uma criança, estimulando-lhe a imaginação, ajudando-a a resolver muitos
de seus conflitos internos, desde que seu enredo se relacione com aspectos de sua
personalidade.
Os contos de fadas têm muitos aspectos que precisam ser explorados, dentre
eles está a fantasia, o imaginário e o despertar para a prática social da leitura, como
também para as mensagens e ensinamentos que eles transmitem. Para Bettelheim
(2010, p. 22), “a maioria dos contos de fadas se originou em períodos em que a
religião era parte muito importante da vida; sendo assim, eles lidam, diretamente ou
por inferência, com temas religiosos”. Muitos contos de fadas apresentam em seus
enredos problemas existenciais ou de cunho moral ou religioso, os quais serão
interpretados de acordo com as experiências de vida do leitor que, a partir deles,
conhecerá melhor seus próprios sentimentos e impulsos.
O trabalho com o gênero contos de fadas em sala de aula torna-se
indispensável para a reflexão sobre os valores humanos. Esse gênero encanta os
pequenos leitores porque contam quase sempre com a presença de um herói ou
heroína e, esses personagens, poderão ajudá-los a se tornarem mais otimistas,
confiantes e verem o mundo com um olhar mais crítico e racional.
Assim, os contos de fadas se tornam de extrema importância para o
crescimento e compreensão do mundo imaginário vivenciado pela criança e, por
abordarem e explorarem questões fundamentais para a humanidade, esse gênero
continua encantando e tem sobrevivido a grande pluralidade literária presente em
nossa sociedade.
Nesse sentido, contar, ler e analisar os contos de fadas com os alunos do 6º
ano foi formidável, pois por meio das atividades propostas eles tiveram a
possibilidade de construírem suas histórias, de comum acordo com os seus
referenciais, medos, sonhos e desejos. “Durante a leitura ou escuta de uma história
pode haver uma variedade muito grande de experiências misteriosas que, quando
pequena, a criança conhece muito bem e com as quais tem familiaridade”
(MACHADO, 2004, p. 28) e isso se comprovou com a implementação da Proposta
Didático-Pedagógica.
É perceptível a importância dos contos de fadas no desenvolvimento integral
da criança. Por isso, fez-se necessário, motivar os alunos do 6º ano para ler os
contos de fadas por eles oferecerem um caminho atraente e divertido dentro da
própria Literatura (GIRARDELLO, 2004, p.126).
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Revisão de Literatura
Ouvir histórias tornou-se um acontecimento tão prazeroso que, até hoje,
desperta o interesse das pessoas de todas as idades. “Contar histórias é uma arte...
e tão linda!!! (ABRAMOVICH, 1994, p.18). Nos velhos tempos, os homens se
reuniam ao redor do fogo para se esquentar, conversar, contar e ouvirem casos,
feitos ou acontecimentos ocorridos com eles ou com certa comunidade. Contavam e
repetiam histórias com o objetivo de manter viva a tradição, a língua, costumes e
crenças, ou simplesmente contavam para entreter, divertir e encantar.
O ato de ler ou contar histórias, atualmente, é uma prática que ocupa um
significativo espaço no processo pedagógico, porque o professor, ao oferecer um
conto de fada, seja através da leitura ou da escuta, proporcionará à criança “uma
atividade sadia, uma oportunidade para desenvolver a imaginação, enriquecer
vocabulário, completar experiências e atender à curiosidade da vida em suas
estréias pelo mundo do encantamento” (TAHAN, 1964, p. 8). Por estes motivos, o
trabalho com os contos de fadas são essenciais para o desenvolvimento, como
também para formar o gosto literário das crianças.
Por meio da leitura ou da escuta dos contos de fadas, no ambiente familiar ou
escolar, a criança, paulatinamente, vai familiarizando-se com a leitura, envolvendo-
se e sendo envolvida por ela, pois ao ouvir ou ler uma história, ela terá, “uma
experiência singular, única” (MACHADO, 2004, p.23), pois as histórias, mesmo que
milenares, à medida que são contadas ou lidas se atualizam e se tornam familiares,
possibilitando que seus leitores/ouvintes enfrentem os desafios da vida real sem
perder a magia, a ternura e a serenidade. “É preciso perceber a realidade do conto,
do mundo encantado, para se compreender o efeito que as histórias milenares
produzem até hoje no ser humano [...]” (MACHADO, 2004, p. 24).
Desde a mais tenra idade a criança ouve histórias narradas pela mãe, pai ou
pessoas próximas e são elas, as narrativas, que devem prender a atenção da
criança despertando-lhe curiosidade e estimulando-lhe a imaginação.
O primeiro contato da criança com um texto é feito oralmente através da voz da mãe, do pai ou dos avós, contando contos de fadas, trechos da Bíblia, histórias inventadas, livros curtinhos, poemas sonoros e outros mais, [...] é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas histórias e escutá-las é o inicio da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter
um caminho absolutamente infinito de descobertas e de compreensão do mundo. (ABRAMOVICH, 1994, p. 16).
Contar história pertence à tradição oral e vem sendo resgatado pelos
professores como estratégia e caminho alternativo para o desenvolvimento da
linguagem oral e escrita, pois a formação do leitor passa pela atividade inicial do
escutar, do recontar e do ler histórias. Os contos de fada têm atraído os pequenos
leitores devido à magia, encantamento e aconchego familiar. Góes destaca que “é
na mistura do fantástico e da intimidade familiar, que reside todo encanto e atração
dessa literatura” (GÓES, 1984, p.118).
Os contos tradicionais, como os contos de fadas – com linguagem simbólica e
enredos peculiares auxiliam a criança na construção de sua identidade pessoal ou
cultural, como também melhoram seus relacionamentos afetivos interpessoais e
abrem espaço para novas aprendizagens. Por proporcionar, no ouvinte/leitor,
múltiplas sensações, os personagens dos contos de fadas, agem no inconsciente do
interlocutor ajudando-o na resolução de conflitos internos normais nesta etapa da
vida.
Devido ao seu desenvolvimento, as crianças, transportam o mundo da
imaginação para o mundo real e ler, contar, ouvir e explorar os contos de fadas, no
6º ano é fundamental para que elas vivam com a maior intensidade a viagem
imaginária a que cada história convida e os contos de fadas contribuem muito, na
medida em que ajudam, cada uma delas, a entenderem um pouco melhor o mundo
que as cercam, como também contribuem no desenvolvimento da imaginação e na
formação da personalidade.
Neste processo, a escola tem papel extremamente importante, porque poderá
ser uma alternativa de fortalecimento durante a construção dos conceitos morais e
éticos das crianças, tendo os contos de fadas como forte aliado e o professor como
mediador da imaginação, do prazer da leitura e da busca pelo conhecimento, pois
um bom professor consegue levar o aluno a se encantar pelos contos e,
consequentemente, pela leitura dos diversos gêneros literários presentes em nossa
sociedade.
É notório que crianças que possuem contato com a leitura desde cedo –
através de livros, revistas, jornais, ou da contação de histórias encaram o ato de ler
com naturalidade, já que este faz parte de sua rotina e de sua realidade. Neste
sentido, a escola se transformará em mais um ambiente de troca de experiências e
de confabulação.
Assim, o professor encantado pelos livros e leitor exemplar, oferecerá a seus
alunos diferentes gêneros literários, adequados à realidade, faixa-etária e interesses
de cada um, e os contos de fadas, “por agradar a todos, sem distinção de idade, de
classe social, de circunstância de vida” (COELHO,1997, p.12) tornar-se-ão
fundamentais e de grande valia na construção do desenvolvimento do imaginário
infantil.
Estudos assinalam que a leitura ou a escuta dos contos de fadas, na infância,
contribuem na construção de uma personalidade sadia, bem como, promovem a
socialização, a troca de experiências e uma maior inserção no grupo social. Além
disso, a leitura, a escuta e o trabalho com os contos de fadas trarão maior
encantamento para as aulas de Língua Portuguesa, como também tornarão mais
prazerosa a tarefa de ler, ouvir, falar e interagir com os demais alunos da sala de
aula.
O Projeto de Intervenção Pedagógica ofereceu aos alunos do 6º ano,
atividades diversificadas de leitura e escrita do gênero contos de fadas com o
objetivo de proporcionar a esses alunos contato com a literatura fantástica, com a
linguagem do imaginário e com a cultura dos sonhos. É exatamente este aspecto da
leitura e do trabalho com os contos de fadas que exploramos durante a
implementação: a multiplicidade de possibilidades de interpretação que neles
existem, como também a importância do recriar, do ler, do pesquisar e do contar,
aos colegas, as histórias pesquisadas e reescritas.
Assim, foi possível constatar que os contos de fadas proporcionaram o
desenvolvimento da imaginação, a socialização em grupo, a ampliação da
percepção de mundo e da autonomia na busca por novas leituras por parte dos
alunos envolvidos no projeto de pesquisa.
Por permitir que o imaginário infantil seja aguçado por histórias fantásticas e
maravilhosas devemos instigar as crianças a envolverem-se num mundo
maravilhoso evidenciado pelos contos de fadas, pois “imaginar é também recriar
realidades [...] e a fantasia é uma das formas de ler, de perceber, de detalhar, de
raciocinar, de sentir... o quanto a realidade é um impulsionador (e dos bons!) para
desencadear nossas fantasias...” (ABRAMOVICH, 1994, p.138).
Foi possível estimular os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental, do
Colégio Estadual João Paulo II – Ensino Fundamental e Médio, de Realeza – PR, à
leitura de textos literários e, por meio dos contos de fadas, aprimorarem a oralidade,
expressividade, fluência, entonação e desinibição para apresentação dos trabalhos,
pesquisas e contação dos contos para a turma. Por meio das atividades propostas,
os alunos puderam vivenciar momentos de prazer, pesquisando, lendo e contando
inúmeros contos de fadas, como também prepararem-se para a exposição das
histórias em quadrinhos para os alunos do colégio, pais e comunidade escolar.
2.2 A Aplicabilidade da Produção Didático-Pedagógica no ambiente escolar
A leitura está presente nos diversos contextos, faz parte de nosso cotidiano,
portanto, precisa ser ensinada e valorizada, principalmente, nas aulas de Língua
Materna. Por ser fundamental e imprescindível na vida de todos, deve ser iniciada,
nos primeiros anos de vida e, muitos antes, do ingresso das crianças, na escola,
pois “se elas escutam histórias desde pequeninas, certamente gostarão de livros” e
a leitura será constante em suas vidas (COELHO, 1997, p.12). As crianças têm
capacidade de inventar, de improvisar e de imaginar e, por conta disso, entram nas
histórias, vivenciando-as e fazendo da história do personagem a sua própria história,
por isso a importância dos contos de fada na construção do imaginário.
A cada leitura, as crianças percebem que precisam ampliar os seus
repertórios e aprofundá-los e, por conta disso precisam de quem as orientem,
indiquem obras adequadas à faixa etária e que atendam aos seus interesses
literários. Nesse sentido, os contos de fadas agradam e seduzem, porque “estão
envolvidos no maravilhoso” (ABRAMOVICH, 1994, p.120), portanto, além de
divertirem, eles também revelaram questões interessantes para os alunos do 6° ano,
pois discorreram sobre o amor, o ódio, os encantos, sofrimentos, paixão, enfim,
todas as dimensões do sentimento humano, sentimentos presentes na vida deles e,
por isso, despertaram interesse, fascínio e encantamento.
Formar leitores através do trabalho com o gênero contos de fadas foi uma
forma de resgatar o prazer de ler na escola, pois a falta de interesse dos alunos pela
leitura é assustadora. A leitura frequente possibilita a construção e o fortalecimento
de ideias e ações por isso, a sala de aula, tornou-se o primeiro espaço autêntico de
produção da leitura e da escrita de forma consciente. É também da escola a
responsabilidade de oferecer a leitura, de promover estratégias e condições para
que, através dela, ocorra o crescimento individual do leitor despertando-lhe
interesse, aptidão e competência.
O trabalho com o gênero contos de fadas contribuiu para que os alunos
envolvidos no Projeto de Implementação Pedagógica se encantassem pela leitura,
como também propiciou a prática da oralidade e a participação efetiva de todos nas
conversações informais, nos debates, nas apresentações das pesquisas para os
demais alunos da sala.
Iniciamos a implementação da Unidade Didática conversando sobre a
importância da leitura e sobre o hábito de ler, enfatizando que é possível aprender e
viajar através dos livros. Foi importante conhecer a opinião dos educandos a
respeito da leitura, de quando tiveram o primeiro contato, ou seja, a primeira
experiência com os livros e qual a importância da leitura na vida de cada um, quais
contos leram e quais são os preferidos.
À medida que os alunos apresentavam e socializavam suas experiências com
os demais, tínhamos a certeza que a inserção dos contos de fadas, no contexto da
sala de aula, por meio da leitura, discussão sobre o tema e suas relações com o
cotidiano, possibilitaria resgatar o prazer e o interesse deles pela leitura, bem como
desenvolver a argumentação, a criatividade, a escrita e a oralidade, aspectos
importantes e fundamentais para o ensino e aprendizagem.
A partir dos relatos da trajetória de leitura de cada um, percebemos a
importância de um trabalho pedagógico alicerçado nas narrativas tradicionais. Foi
importante possibilitar momentos de discussão para que eles apresentassem suas
experiências positivas ou não com a leitura e com os contos de fadas, com o
objetivo de conhecer as preferências literárias de cada um para traçar estratégias de
ação e de estímulo à leitura.
Atualmente, muitas são as dificuldades e os desafios enfrentados pelos
professores em relação à leitura. O maior deles, certamente, não é o de ensinar o
aluno a ler, mas sim criar nele o hábito da leitura. Para que os alunos
compreendessem a necessidade e a importância da leitura, oportunizou-se que eles
transitassem pelo poema, cartaz, entrevista, exposição oral, a fim de familiarizarem-
se com esses gêneros do discurso, conhecer suas particularidades, estruturas e
importância, como também, através deles, compreenderem que o tema “leitura” e
seu valor estão contemplados em muitos gêneros textuais presentes no nosso
cotidiano.
A fim de estimular a leitura, os alunos foram pesquisar e ler, no Laboratório de
Informática, contos de fadas. Entre muitos, leram o conto João e Maria. Após leitura,
compreensão e discussão sobre as ações dos personagens, os alunos foram
divididos em pequenos grupos para responderem as questões da gincana referente
ao conto selecionado. Esta atividade foi ótima, pois promoveu a participação,
interação e reciprocidade.
Neste momento, os alunos já demonstravam curiosidade e interesse pelo
gênero, fazendo perguntas a respeito das outras atividades e de como seriam
realizadas no decorrer da aplicação do projeto. Iniciamos a conversa apresentando-
lhes as características peculiares dos contos de fadas, a função social, o contexto de
produção, o surgimento desse gênero e a sua finalidade. Lemos, no projetor de
imagens, os contos: Cinderela, A Branca de neve e os sete anões e a Princesa e a
ervilha, a fim de explorar e analisar, oralmente, os personagens, tempo, espaço,
discurso, narrador, componentes do enredo, biografia do autor, estrutura
composicional, estilo e conteúdo temático.
Durante a leitura desses contos, os alunos perceberam e comentaram as
situações conflitantes entre os personagens e entenderam o imortal duelo entre o
bem e o mal. As qualidades físicas e morais, a bondade, a maldade, a beleza, a
covardia, a coragem, a modéstia e o orgulho também foram discutidos. Mas, o que
chamou a atenção dos alunos é que, no final das histórias, a bondade triunfa sobre a
maldade e o belo sobre o feio. É como salienta Bettelheim:
Esta é exatamente a mensagem que os contos de fada transmitem à criança de forma variada: que uma luta contra dificuldades graves na vida é inevitável, é parte intrínseca da existência humana - mas que, se a pessoa não se intimida, e se defronta resolutamente com as provações inesperadas e muitas vezes injustas, dominará todos os obstáculos e ao fim, emergirá vitoriosa (BETTELEHEIM, 2010, p ,15).
Certamente, a criança que cresce ouvindo ou lendo as narrativas de encantar
pode conviver melhor com o bem e o mal, o bom e o mau, o bonito e o feio, a
violência, o sofrimento e a morte, presença constante e marca registrada nestes
contos, sem se angustiar e sem sofrer.
Corroborando com as reflexões de Betteleheim, Hans Christian Andersen, no
conto O Soldadinho de chumbo, mostra uma narrativa cercada pelo afeto e violência,
pela discriminação, pela dualidade vida/morte e pelos obstáculos enfrentados pelo
aguerrido soldadinho. Iniciamos essa aula, indagando os alunos sobre o conto, o
que sabiam sobre ele e o que esperavam encontrar nessa história. Conversamos
sobre preconceitos, discriminação, valorização à vida, solidariedade com pessoas
portadoras de necessidades especiais e, principalmente, falamos sobre o amor. A
leitura do conto em diferentes versões, as atividades de compreensão, a pintura dos
desenhos e o estudo da biografia do autor, contribuíram para motivá-los a lerem
outros contos, escritos em outras versões, em outras épocas e por escritores
diferentes.
A pesquisa e leitura sobre a vida e algumas obras de Charles Perrault, Irmãos
Grimm e Hans C. Andersen, no Laboratório de informática, foi de suma importância,
pois possibilitou maior interesse pelo conhecimento sobre vida e obra dos autores, a
interação com as tecnologias e com os colegas. A roda de conversa para a partilha
da pesquisa e do conto que cada um mais gostou, foi extremamente importante
porque eles sentiram prazer em ouvir o que os colegas tinham para contar.
Outra atividade que agradou e deixou-os eufóricos foi a “Sessão de cinema
na escola”. Através da exibição do clássico “A bela e a fera” os alunos tiveram
contato com a narrativa audiovisual, conheceram melhor a linguagem
cinematográfica, roteiro, música e cenário. Perceberam e destacaram as
semelhanças e diferenças de versões diferentes do conto “A bela e a fera” adaptado
para o cinema e o publicado nos livros de literatura e em páginas da Web. Além de
aproximar os estudantes do texto literário, a atividade estimulou o debate, ampliou a
percepção dos alunos sobre o tema do filme. Após registro, no caderno, houve
socialização com o grupo. Atividade importante porque incentivou o hábito da leitura,
da escrita e da oralidade.
Criar novas versões sobre um mesmo conto tornou-se comum para alguns
escritores e cineastas. Essa prática de recriação de texto tem agradado devido a seu
caráter contestador, humorístico e crítico. Lemos as várias versões e paródias do
clássico conto “Chapeuzinho vermelho”, comentamos e comparamos cada um, no
que se refere a elementos que se repetem. A discussão e o confronto de diferentes
pontos de vista dos autores de “Chapeuzinho vermelho”, na versão dos Irmãos
Grimm, “Chapeuzinho Amarelo”, na recriação de Chico Buarque de Holanda e “Uma
menina chamada Chapeuzinho Azul”, na versão de Flávio de Souza.
A leitura e comentários sobre versões diferentes do mesmo conto foram
fundamentais para que a imaginação aflorasse, pois, os alunos compreenderam que
nas paródias, as características das personagens podem ser invertidas, a história
pode ser modificada e se passar em outro lugar ou outra época. Essa atividade
estimulou-os para a produção de um conto, reinventando-o, incluindo
acontecimentos, personagens ou elementos que não fazem parte do conto original.
Divertiram-se muito com a leitura das histórias, pois umas eram cômicas, outras
trágicas e poucas surreais. O prazer de criar, ler, ouvir uma nova história e refletir
sobre ela são alguns desafios que propomos para esses alunos.
Muito do imaginário da criança é alimentado com narrativas de encantamento,
imagens, sons, criação de personagens, porque ela precisa vivenciar o mundo do
faz-de-conta, da ludicidade, da magia e, os contos de fadas, proporcionaram esse
momento lúdico movido de imaginação.
Para aguçar a imaginação e incentivar a leitura, propomos que cada um
trouxesse para a sala de aula um gibi de sua preferência. Após leitura e troca dos
gibis com os colegas, discutimos as semelhanças e diferenças de uma história
narrada em quadros (histórias em quadrinhos-gibis), contada em linguagem
cinematográfica (filme), a contada pelos pais e professores, impressa nos livros
infantis. Houve pouca participação e precisaram de ajuda, haja vista que muitos não
têm maturidade e entendimento suficientes para diferenciar e compreender esses
gêneros tão distintos entre si.
O próximo passo foi a produção de uma história em quadrinho para posterior
exposição, tendo os contos lidos, no decorrer da implementação, como contos de
apoio. Munidos de materiais artísticos: cartolina, folha, lápis de cor, régua, entre
outros, transformaram um conto de fada em história em quadrinhos, com
personagens, fatos, características, tempo, espaço da preferência de cada um.
Desenharam, numa cartolina, os quadrinhos, as personagens e os balões,
escreveram as falas, os pensamentos, pintaram os desenhos e apresentaram o
trabalho para o professor e colegas da sala.
Todos estavam entusiasmados com a ideia de apresentarem as suas
produções para os pais, demais professores e colegas convidados. Trabalharam
com afinco na produção das histórias. Para aqueles que não tinham aptidão para o
desenho, propusemos que recortassem personagens dos gibis, porém a fala desses
personagens deveria ser original, ou seja, fruto da criatividade de cada um. Então
organizamos, no saguão da escola, a exposição desses trabalhos, a qual
denominamos: “CONTOS DE FADAS EM QUADRINHOS”.
A comunidade compareceu para apreciar os trabalhos. Os alunos mostravam
a seus pais a história produzida e eles deixavam transparecer emoção e satisfação
diante do que viam. Quando, cada um, terminava de ler a história para seus
convidados, ouvia e comentava a história escrita pelo colega.
Ler, contar, ouvir, explorar e produzir um conto de fada, em quadrinhos, com
os alunos do 6º ano, foi fundamental para que eles vivessem com a maior
intensidade possível a viagem imaginária a que cada história convidou. Os alunos
aprenderam muito com os contos de fadas, e os contos, com seus enredos
fascinantes, ajudaram-nos a entenderem um pouco melhor o mundo que os cercam,
como também contribuíram no desenvolvimento da imaginação infantil, na formação
da personalidade, no enriquecimento do vocabulário, facilitaram a expressão,
desenvolveram, principalmente, a criatividade, a imaginação, a leitura e a oralidade.
Os alunos, no decorrer da implementação da Proposta Didático-Pedagógica
viveram emoções, alegrias, frustrações e viajaram, através do texto literário, para o
mundo da fantasia, fazendo importantes conexões entre o imaginário e o real,
espantando seus fantasmas e problemas. “Longe de ser ilusão, o maravilhoso nos
fala de valores humanos fundamentais que se atualizam e ganham significado para
cada momento da história das sociedades humanas, no instante em que o conto é
relatado” (MACHADO, 2004, p.24).
Por isso, os contos de fadas mereceram, tanto no Projeto de Intervenção,
quanto na Proposta Didático-Pedagógica, toda a atenção da parte dos alunos do 6º
aluno, porque ensinaram, divertiram, educaram, apontaram caminhos, fizeram
sonhar e, principalmente, estimularam a leitura, a concentração, a expressão oral e
a socialização.
2.3 Participações, interações e troca de experiência com o Grupo de Trabalho
em Rede – GTR
O gênero contos de fadas seduz e encanta crianças de todas as idades e, por
ser atrativo e rico, “têm sido fonte de estudo para psicanalistas, sociólogos,
antropólogos, psicólogos, cada qual dando sua interpretação e se aprofundando no
seu eixo de interesse...” (ABRAMOVICH, 1994, p. 121). Devido à importância dos
contos de fadas no desenvolvimento cognitivo e social da criança, escritores,
professores e outros profissionais ligados à educação têm discutido largamente os
benefícios desse gênero na formação do leitor e do imaginário infantil.
Por isso, fez-se mister socializar o Projeto de Intervenção Pedagógica e a
Proposta Didático-Pedagógica com os professores cursistas, que embasados nas
leituras e estudos sobre o assunto, apresentaram seus apontamentos sobre o valor
dos contos de fadas na construção do imaginário infanto-juvenil e de como o
trabalho com esse gênero, em sala de aula, auxiliará os alunos no desenvolvimento
de habilidades de leitura, escrita e oralidade e também na sua formação como ser
social e como leitor.
Eis alguns apontamentos dos professores de Língua Portuguesa e
Pedagogos, participantes desse Grupo de Trabalho em Rede (GTR).
Utilizar-se dos contos de fadas para explorar o universo da leitura nos faz acreditar ainda mais na certeza de que o mundo da imaginação é ainda um dos recursos mais viáveis para incentivar e motivar a construção da leitura para nossos alunos. [...] Nesse sentido trabalhar os contos de fadas desenvolverá habilidades de leitura, escrita e oralidade com muita intensidade [...], pois explorar esse universo infantil e encantado exige posturas e dinâmicas coerentes com a prática educativa. (PARTICIPANTE A, 2014)
Os contos de fadas promovem a capacidade leitora significativamente, pois o cenário destas
narrativas são idênticos aos que são criados pela imaginação das crianças, isso desperta uma sensação de fazer parte desse mundo, se inserindo na história e sendo coadjuvante da mesma, levando-os ao desenvolvimento da capacidade leitora de interpretar, refletir e confrontar os textos com suas vivências pessoais, adquirindo senso crítico, para julgar moralmente algumas ações dos personagens das histórias lidas com sabedoria e responsabilidade desmistificando as verdades absolutas. (PARTICIPANTE B, 2014)
Os contos de fadas contribuem eficazmente coma a formação de um leitor competente... [...]. Tanto a instituição escola e o professor devem aguçar a criticidade do aluno tornando-o capaz de buscar em um texto os múltiplos sentidos que ele possui, pois a leitura auxilia na aprendizagem do mundo, e é capaz de formar o gosto do leitor na vida adulta. (PARTICIPANTE C, 2014)
Percebeu-se, por meio das contribuições dos professores cursistas, que os
contos de fadas além de incentivar a oralidade, a leitura e a escrita, tornam-se
imprescindíveis na formação moral, ética e atitudinal da criança. Neste sentido, o
imaginário e a criatividade são potencializados num misto de realidade e magia,
levando o leitor a comentar com seus colegas, fatos, ações e atitudes dos
personagens, realizando a interação verbal, ou seja, a socialização das
considerações, conceitos e ensinamentos adquiridos durante a leitura ou a escuta
desses contos.
É por meio de um trabalho mais consistente com o gênero contos de fadas
que podemos enriquecer as experiências infantis, desenvolvendo a linguagem,
ampliando vocabulário, formando o caráter, a confiança no bem e proporcionando ao
leitor viver o imaginário. A partir dessas pontuações, compreendemos que os contos
são primordiais na aprendizagem da criança, pois ajudam no desenvolvimento
cognitivo e social, além de serem fontes inesgotáveis de divertimento, motivação e
prazer.
Os contos de fadas precisam ser explorados, devido ao encantamento e
porque criam uma ponte com o inconsciente, propiciando, principalmente, às
crianças, consolo e conforto (BETTELHEIM, 2010). Tais narrativas são para as
crianças, o que há de mais real dentro delas. Isso ocorre porque os contos de fadas
estão envolvidos no maravilhoso, num “universo que denota a fantasia, partindo
sempre duma situação real, concreta, lidando com emoções que qualquer criança já
viveu...” (ABRAMOVICH, 1994, p. 120).
Tomando o ponto de vista de Fanny Abramovich como referência, a leitura e a
escuta dos contos de fadas são importantíssimos na formação da criança como ser
em desenvolvimento, como também para que ela se forme um leitor em potencial,
pois alimentam a imaginação, os sonhos e ajudam- as a conhecerem o mundo e,
principalmente, a se conhecerem melhor.
Nesse sentido, os professores, participantes desse grupo de estudos,
mostraram-se favoráveis ao tema abordado e acharam a proposta viável, atraente e
relevante para a escola pública como também para o “Ensino e aprendizagem da
leitura” e isso se comprova pelas declarações feitas acerca da relevância dos contos
de fadas para despertar e motivar os alunos para o hábito de leitura, como também
sobre o prazer, encantamento e ensinamento que esse gênero proporciona a seus
leitores.
O trabalho com contos de fadas proporciona aos nossos educandos uma leitura muito mais prazerosa, bem como um grande desenvolvimento no que diz respeito ao ensino/ aprendizagem, além disso, desperta nos mesmos um grande prazer pela leitura. (PARTICIPANTE D, 2014)
Com certeza que mesmo que com algumas adaptações estas produções serão bem vindas para o enriquecimento do nosso trabalho, pois sempre acreditei que através de histórias contadas, cantadas, lidas, assistidas, dramatizadas, etc, as crianças se apropriam melhor de conteúdos nas várias disciplinas e as ajudam a lidar consigo mesmo e com o mundo. (PARTICIPANTE E, 2014) Se os contos de fadas são apresentados desde cedo às crianças eles favorecem a aprendizagem, desperta o interesse delas, faz com elas se envolvam com as histórias, traz momentos de descontração e ainda ajudam a desenvolver o poder da imaginação, a percepção e a fantasia. Esses elementos ajudam a formar a personalidade dos pequenos, pois ao assimilarem os contos, também interiorizam, de uma forma espontânea, valores explícitos e implícitos nos textos trabalhados em sala ou até mesmo nos seus lares. (PARTICIPANTE F, 2014)
A partir dessas pontuações, ratificamos que os contos de fadas são
primordiais na aquisição do conhecimento e ajudam no desenvolvimento cognitivo e
social das crianças, além de serem fontes inesgotáveis de divertimento, motivação e
prazer.
Os professores cursistas, através de depoimentos de suas práticas
pedagógicas, contribuíram com os demais participantes, compartilhando
experiências e sugestões de atividades interessantes acerca do gênero conto de
fadas. Essas atividades, somadas às apresentadas na Proposta Didático-
Pedagógica, certamente, suscitaram, nos alunos do 6º ano, a emoção, a
imaginação, a criatividade, a interação e o desejo de ler outras obras literárias.
É importante ressaltar que as experiências e sugestões compartilhadas por
cada participante, trouxeram-nos a certeza de que os contos de fadas podem
desconstruir conceitos imaginários e construir conceitos reais, benéficos para a vida
humana, como também são fundamentais para que a criança não perca o encanto, a
magia, a fantasia e o interesse pela leitura.
Por isso, faz-se necessário ler, discutir, criar e recriar textos, a partir dos
contos de fadas, pois ao mesmo tempo em que eles promovem o entretenimento da
criança e estimula a busca pelo conhecimento, promove também o desenvolvimento
de sua personalidade e sua inserção no mundo da fantasia.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Notadamente a literatura é vista como instrumento essencial no
desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança, como também
imprescindível para despertar-lhe o imaginário e o gosto pela apreciação da leitura.
Há que se destacar a importância da literatura infantil, mais precisamente dos contos
de fadas na aquisição de conhecimentos, recreação, informação e interações
necessárias e relevantes em todas as fases de desenvolvimento das crianças.
Literatura é arte e como tal proporciona às crianças um desenvolvimento
emocional, social e cognitivo irrefutável, por isso deve ser vista como fonte de
inesgotáveis assuntos que induz os jovens leitores a compreenderem melhor a si
mesmos e ao mundo que os rodeiam, tornando-se mais críticos e reflexivos, e, para
isso, é indispensável oferecer-lhes contos e leituras interessantes que desenvolvam
e despertem-lhes a magia e a curiosidade.
O hábito da leitura não deve ser uma imposição, mas inserido,
prazerosamente, na vida da criança e, os contos de fadas, devido à linguagem
metafórica, às fórmulas de abertura “era uma vez”, “num reino muito distante”, à
expressão de fechamento “eles viveram felizes para sempre” e à comunicação fácil
com o pensamento natural das crianças, encantam, envolvem, seduzem e
convidam-na a adentrar no mundo encantado das histórias.
Todas as crianças deveriam ter acesso à leitura de forma espontânea e não
como “noção de dever, de tarefa a ser cumprida, mas sim de prazer, de deleite, de
descoberta, de encantamento” (ABRAMOVICH, 1994, p.140). Esta leitura prazerosa,
os contos de fadas, os quais “nasceram na alma do povo” (GÓES, 1984, p. 67),
oferecem às crianças através de seus enredos fascinantes e agradáveis.
Os contos de fadas, sem dúvida, deram aos alunos do 6º ano, a oportunidade
de enriquecerem suas experiências infantis, desenvolver a linguagem, ampliar o
vocabulário, viver o imaginário, potencializar a imaginação, a atenção, a memória, a
socialização, o gosto pela leitura e outras habilidades humanas.
Assim sendo, não há como negar que é na e pela literatura que leitor e
escritor interagem, viajam para o mundo ficcional e lá realizam sonhos, alimentam
fantasias, convivem com seres imaginários, matizados pelo amor, pelo heroísmo,
pela maldade, pela inveja, pelo egoísmo e por tantas outras normas de condutas e
atitudes humanas presentes, tanto na vida dos personagens, quanto na vida de cada
leitor.
Realizar a Implementação Pedagógica tendo como objeto de ensino os
contos de fadas foi uma experiência única e produtiva, pois eles, os contos de fadas,
levaram cada criança envolvida no projeto a “passear pelo reino das possibilidades
de significar, reinventando para si mesma a sua história naquele momento”
(MACHADO, 2004, p. 28). Por isso, as histórias e as atividades oferecidas, na
Proposta Didático-Pedagógica, aos alunos do 6º ano, foram interessantes,
surpreendentes e provocativas. Elas não só proporcionaram momentos de prazer e
de entretenimento, mas também contribuíram significativamente na formação e
solidificação de futuros leitores.
4. REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 4ª. Ed. São Paulo: Scipione, 1994. BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. São Paulo: Paz e Terra, 2010. 24ª reimpressão. COELHO, Betty. Contar histórias – Uma arte sem idade. 5ª Ed. São Paulo. Ática, 1997. GIRARDELLO, Gilka. (org) Baús e chaves da narração de histórias. Florianópolis: SESC/SC, 2004. GÓES, Lúcia Pimentel. Introdução à literatura infantil e juvenil. São Paulo: Pioneira, 1984. MACHADO, Regina. Acordais: fundamentos teórico-poéticos da arte de contar histórias. São Paulo: DCL, 2004. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa Para os Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008. TAHAN, Malba. A arte de ler e contar histórias. 4ª edição. Conquista, 1964.