OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Público Alvo 2° ano do Ensino Médio -...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
Ficha de Identificação - Produção Didático-pedagógica
Professor PDE/2013
Título Nas tramas dos Contos Africanos
Autor Mary Donda Tenius
Disciplina/Área (ingresso no PDE)
Língua Portuguesa
Escola de Implementação do
Projeto e sua localização
Colégio Estadual do Paraná Curitiba PR
Município da Escola Curitiba
Núcleo Regional de Educação
Núcleo Curitiba
Professor Orientador Raquel Illescas Bueno
Instituição de Ensino Superior
Universidade Federal do Paraná
Relação Interdisciplinar
Arte, História e Geografia
Resumo: A Literatura proporciona uma formação humanitária, confere a afirmação da alteridade e nos conecta ao universo que nos circunda. O tema deste trabalho está vinculado à literatura africana de língua portuguesa, por sua relevância e pela possibilidade de contribuir para que se divulgue e valorize a cultura africana nas escolas, desmistificando estereótipos. Objetiva também a implementação da Lei Federal 10.639/03, que estabelece a inclusão, no currículo oficial da Rede de Ensino, da temática História e Cultura Africana e Afro- Brasileira, destacando a multiculturalidade e a plurietnicidade que ocorrem na cultura brasileira.
A partir de ações estratégicas desperta-se o interesse e a curiosidade dos estudantes, criando expectativas que se confirmarão ou não no decorrer da
2
leitura.
Palavras- chaves Lei 10.639/03; literatura; contos africanos; multiculturalidade ; plurietnicidade.
Formato do Material Didático
Caderno Temático
Público Alvo 2° ano do Ensino Médio - Colégio Estadual do Paraná
Produção Didático – Pedagógica – PDE 2013
Imagem disponível em: http://projetodelinguagemm6.blogspot.com.br/2010/07/violencia.html
Acesso em ago. 2013.
Apresentação
As histórias podem alimentar nossa mente, levando-nos
talvez não ao conhecimento de quem somos, mas ao
menos à consciência de que existimos—uma
consciência essencial, que se desenvolve pelo confronto
com a voz alheia.[...] Poucos métodos são mais
adequados a essa tarefa de percepção mútua do que a
narração de histórias.
Alberto Manguel
3
Este trabalho elegeu os contos africanos de língua portuguesa a fim de
apresentar aos nossos jovens, do ensino médio, uma literatura que se identifica com
as nossas raízes, que tem vínculo com nosso patrimônio cultural e que tem
despertado o interesse do público brasileiro. Estará também cumprindo o que
determina a Lei 10.639/03 que inclui no currículo oficial da rede de ensino a temática
História e cultura afro-brasileira, a fim de resgatar e divulgar a identidade de um
povo e de seus descendentes. Alberto Manguel nos diz, na epígrafe, que a narração
de histórias é eficaz para nos tornar visíveis “tendo consciência de que existimos” e
esse é o propósito ao trabalhar com os contos: dar visibilidade ao aluno
afrodescendente, além de trazer para o diálogo um conjunto de situações
comunicativas e intertextuais que estimulem a criatividade e promovam a interação e
o compartilhamento das leituras entre os alunos, mediadas pelo professor.
Essa nova ficção em língua portuguesa, que surge no cenário internacional,
possui características exclusivas que expõem valores religiosos, sociais, artísticos
numa linguagem própria.
A finalidade deste trabalho é desvendar para o estudante, através dos
contos, a riqueza da diversidade étnica e cultural e a valiosa herança a nós legada
pela África e seus descendentes. Destaca Rita Chaves: ”As literaturas africanas são
chaves para penetrar os mundos que o continente guarda, desvelando alguns de
seus mistérios pela palavra.” (CHAVES, 2011, p.8).
O material didático, que integra este Caderno Temático, é composto de dez
atividades diversificadas utilizando diversos suportes (livro,imagens,Internet) e
uma oficina onde se desenvolverá um trabalho criativo com ideogramas Akans. Este
material foi planejado para ser aplicado na 2ª série do Ensino Médio (Colégio
Estadual do Paraná, Curitiba PR).
As orientações metodológicas reportam-se aos Parâmetros Curriculares
Nacionais (BRASIL/MEC, 2002) e às Orientações Curriculares Nacionais
(BRASIL/MEC,2006) que evidenciam a contribuição do texto literário na formação
de leitores .A Literatura, elevada ao status de disciplina curricular no Ensino Médio ,
caracteriza- se por seu caráter transgressor, “que garante ao participante do jogo
da leitura literária o exercício da liberdade, e que pode levar a limites extremos as
possibilidades da língua”.(Orientações Curriculares do Ensino Médio, p.49).
4
As atividades foram planejadas com o objetivo de ampliar o repertório do aluno
através da leitura dos contos africanos em língua portuguesa e contribuir para a
implementação da Lei 10.639/03. Foram iniciadas pela contextualização histórica e
geográfica, para que os estudantes se localizem no tempo e no espaço. Do
macrotema dos direitos humanos analisam-se as leis sob um aspecto legal e outro
literário.
Aprofunda-se na exploração do livro adotado, e em estratégias visando o
letramento literário. O educando percorrerá o tema central através de uma variedade
de atividades que exigirão sua participação e envolvimento numa interação autor-
texto-leitor, dentro da concepção interacional. As estratégias de leitura dos contos
seguem as etapas da sequência expandida , conforme a proposta de Cosson
(p.75-94): motivação, introdução, leitura, contextualização e expansão .
Ao final será feita uma autoavaliação , quando os estudantes terão um tempo
para refletir sobre desempenho, comportamento e responsabilidade na sua evolução
na sala, mediada pelo professor O trabalho será finalizado com uma Oficina sobre
símbolos tradicionais utilizados pelos Akans ,povo africano.
Atividade 01: Contextualização histórica e geográfica
Antes de iniciar o estudo da obra literária, apresentar imagens com
informações referentes aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
(PALOPs), em especial com as rotas dos navios negreiros.
Simultaneamente à apresentação das imagens, relatar questões
históricas relevantes.
Os alunos receberão uma cópia do mapa (*sem as rotas traçadas)
onde localizarão as informações passadas pelo vídeo.
Sugestão de imagens disponíveis em: www.google.com.br/imagens-
África
5
Mapas do Brasil e da África
Disponível em: http://walterlinhistoria.zip.net/images/mapa_escravidao.gif.
Acesso em ago. 2013
Atividade 02: A saga dos escravos africanos no Brasil
Esta história é a narração que o personagem Jeremias, neto de Jeremim, faz
da saga de seu avô que foi sequestrado na África e trazido para o trabalho
compulsório nas lavouras de cana-de-açúcar no Brasil, em 1535.
Para ilustrar a vinda dos negros para o Brasil, como escravos, apresentar na TV
multimídia a HQ de Maurício de Sousa: Jeremim em: o príncipe que veio da
África. Disponível em:pt.scribd.com/doc/31165550/
Após a leitura promover um debate sobre o enredo da HQ, com os alunos.
Lembrar aos alunos que existiam na África reinos, impérios e sociedades
organizadas desde a origem da humanidade.
6
Apresentar a Lei 10.639/03, aos alunos, para que reflitam sobre a realidade
brasileira e sobre a contribuição cultural africana.
Trabalhar com os pressupostos do gênero textual “Lei”, observando:
Meio em que a Lei circula;
Estrutura textual: características linguísticas (parágrafos, incisos, alíneas...);
Qual a intencionalidade discursiva;
Para qual público se destina?
Qual a relevância desta Lei para a sociedade brasileira e para os
afrodescendentes em particular?
Atividade para refletir e responder:
Embora muitas pessoas associem a palavra "escravo" à raça negra, a
origem etimológica da palavra mostra que os escravos originais tinham a pele clara.
O termo vem de slav, que designa um grupo étnico da Europa central e oriental que
perdeu a liberdade depois que Carlos Magno tomou a região em que habitavam. A
palavra original gerou "sclavus" em latim medieval, que por sua vez deu origem a
palavras semelhantes em várias línguas: slaveem inglês, esclavo em
espanhol, esclave em francês e Sklave em alemão.1
1. O que significa ser escravo? Qual a jornada de trabalho diária de um
escravizado?
2. A expressão “trabalhar como um negro”, o que significa para nós? Qual tipo
de trabalho é pouco reconhecido pela sociedade?
3. Com a Lei Áurea, de 1888, foram criadas condições para que os libertos
pudessem entrar no mercado de trabalho?
4. No Brasil do século XXI, ainda há pessoas que vivem em situação análoga à
escravidão. Por que isso ocorre?
Atividade 03: Conhecendo a Lei 10.639/20032
1 Disponível em: www.línguaestrangeira.pro.br/ Acesso em ago. 2013
2 Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ Acesso em ago. 2013
7
Iniciar a aula lendo/declamando o poema do Thiago de Mello, Os
Estatutos do homem (Ato Institucional Permanente). Convidar os alunos a lerem
o artigo/estrofe de que mais gostaram. Recordar o momento histórico
perguntando em que contexto político esse texto foi produzido (golpe militar de
1964) e o que conhecem sobre o assunto. Mostrar como o poeta articulou seu
poema em diálogo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
promulgada em 10/12/1948.
Comentar a intertextualidade que ocorre pela proximidade temática
composicional e tipológica, entre os dois textos.
Mostrar os tipos de linguagens usadas: referencial (Declaração
Universal dos Direitos Humanos) e a linguagem literária poética (Os Estatutos
dos Homens).
Atividade 04: Estatutos do homem3 e Direitos Humanos4
4
Questões interpretativas
1.O artigo sete fala em “decreto irrevogável”. Como você interpreta essa
estrofe? Por que irrevogável?
2.Que atitudes desenvolver para a melhoria das relações na vida cotidiana
quanto à diversidade com a qual convivemos na escola, comunidade e na
família?
3.O significado de “Estatuto”, de acordo com o Dicionário da ABL, é “termo
jurídico. Lei ou regulamento que estabelece os princípios que devem ser
seguidos por uma coletividade ou instituição pública ou privada”. O título, assim
como as estrofes, apresenta uma estrutura similar às dos documentos da esfera
jurídica. Qual a intencionalidade do eu-lírico?
3 Disponível em:<http://www.revista.agulha.nom.br/tmello.html#esta.>. Acesso em ago.2013
4 Disponível em:<www.humanrights.com/universal-declaration.of.human.rigth>.Acesso em ago.2013
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4.Como seria o mundo, em sua opinião, se as leis expressas no poema fossem
obedecidas?
5.Qual o valor da Declaração Universal dos Direitos Humanos e quais os efeitos
objetivos para a sociedade?
Contos
A autora Samira Nahid Mesquita evidencia no seu texto a necessidade dos
seres humanos de ouvir e contar histórias desde tempos imemoriais. Na cultura
africana essa tradição oral persiste até os dias de hoje, levando ao povo os saberes
ancestrais determinantes da identidade cultural, também denominado patrimônio
imaterial.
Contar e ouvir histórias são atividades das mais antigas do homem. Pessoas de todas as condições socioculturais têm prazer de ouvir e de contar histórias. Um romancista e ensaísta, E. M. Forster, chama essa atividade de atávica, isto é, transmitida desde a idade mais remota da humanidade, ligada aos rituais pré-históricos do Homem de Neanderthal, força de vida e de morte, conforme sua capacidade de manter acordados ou de adormecer os membros de um grupo, nas noites dos primeiros dias. [...] (MESQUITA, 1986, p. 7-8)
Convivendo com essa tradição vamos nos surpreender com os autores de
contos da atual geração africana, com a qual temos muito em comum.
Revisando o gênero conto
a- Definição: O conto é uma narrativa breve com um único conflito. O espaço e o
tempo são restritos e há poucos personagens.
b- Elementos básicos da narrativa5
5 Disponível em: <http://dc363.4shared.com/doc/4oCm06OK/preview.html>. Acesso em dez. 2013.
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Apresentação do livro de Contos Africanos no qual está fundamentado este
Caderno Temático:
A organizadora dessa antologia, Rita Chaves, na sua apresentação do livro
diz: “Assim, o idioma permitiu a divulgação da vida cultural e social que parte de
dentro da África, respeitando a tradição e a história de cada um desses países”.
(CHAVES, 2011, p.133)
O livro “Contos Africanos dos países de língua portuguesa”, da coleção
Para gostar de ler, é uma coletânea de autores contemporâneos da África lusófona.
Ao todo são dez contos, de diversos autores, que abordam diferentes temas e nos
apresentam um panorama cultural de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique e São Tomé e Príncipe, países que apresentam muitas semelhanças
com a realidade brasileira.
Neste volume encontramos material para complementar a atividade de
leitura dos alunos. Trata-se do Apêndice com informações históricas e geográficas
acerca de cada um dos cinco países, que será explorado em sala. Também, antes
de cada conto a organizadora traz informações sobre as condições e a época das
produções. Ao final de cada conto os alunos podem ler uma breve biografia do autor,
e no rodapé encontra-se o vocabulário específico.
A linguagem dos contos pode parecer estranha aos leitores, pois incorpora
palavras dos idiomas locais falados pela maioria da população. Há a influência da
oralidade e de expressões regionais e neologismos. [...] “há principalmente, um
modo diferente de falar da vida que se transforma e pede novas linguagens”.
(CHAVES, p. 10).
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Esta obra nos proporciona o prazer da leitura dos contos, conhecer os
autores mais representativos da literatura africana e cumprir as Diretrizes
Curriculares para o Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, no que se
refere a:
Art.2º §2º: O Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorização da identidade, história e cultura dos afro-brasileiros, bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorização das raízes africanas da nação brasileira, ao lado das indígenas, europeias, asiáticas.
E o que podemos aprender com a leitura desses contos?
Rita Chaves responde: “se similaridades podem nos aproximar, diferenças
não precisam nos afastar. O encontro será mais sólido se o conhecimento ajudar a
combater os preconceitos e outros fantasmas. E a literatura é um bom caminho.”
(CHAVES, p.10)
Então vamos trilhar esse caminho através da obra “Contos Africanos dos países
de língua portuguesa”.
Atividade 05: Leitura e interpretação do conto:
“O enterro da bicicleta”
Autor: Nélson Saúte
País: Moçambique
Imagem disponível em: www.google.com.br
search?9=imagem+de=nelson+salte Acesso em dez. 2013.
Resolva o criptograma e descubra o título do conto que vamos ler.
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Ler com os alunos as referências ao autor, a sua obra e país de origem que
constam no livro adotado (p.39).
a) Levantar hipóteses sobre o título do conto; falar sobre como a morte é vista
nessa cultura;
b) Leitura do conto pelo professor/aluno.
(Professor, ao aplicar esta atividade, omita o título do conto)
Responda às questões.
1. Leia as páginas 29 e 39, do livro, e anote os dados referentes a este conto e
sobre a literatura de Moçambique.
2. Na página 134 você vai encontrar uma retrospectiva histórica sobre
Moçambique. Retire do texto três dados sobre a fase colonial.
3. Qual o foco narrativo do conto? Justifique sua resposta com elementos
textuais.
4. A morte de deputado foi considerada invulgar pelos aldeões. Por quê?
5. O protagonista é uma personagem inominada, assim como as demais
personagens. Qual o efeito pretendido pelo autor?
6. Enumere as características do deputado referidas no texto.
7. O cenário é uma remota aldeia africana em Moçambique. Descreva a aldeia.
8. Em oposição à aldeia, como o autor descreve a capital?
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9. O sepultamento de uma bicicleta lhe causou algum estranhamento? Por quê?
A morte sempre causa comoção em qualquer cultura; como seria a solução
mais provável para o problema surgido, na sociedade em que vivemos?
10. O título do conto antecipa o enredo. Justifique essa afirmativa.
11. A linguagem utilizada é o português padrão, mas que na África possui suas
singularidades devido à interação com as línguas locais. No conto
observamos a polifonia linguística, o plurilinguismo, interação das línguas
africanas com o português. Destaque alguns exemplos.
12. Qual é o momento histórico de Moçambique a que o texto se refere?
13. O final desencadeia um desequilíbrio: o mensageiro morre de exaustão sem
dar a mensagem que trazia. Qual seria a notícia? Infere-se que era urgente e
muito importante. Por quê?
Atividade 06: Hotel Ruanda
Imagem disponível em: www.google.com.br.
Acesso em dez. 2013.
Direção: Terry George - USA 22/12/2004
Duração: 121 min. (opção: selecionar partes do filme e ir comentando).
Temas: Relações étnico-raciais; Diversidade; Genocídio; Solidariedade;
Colonização.
Apresentar primeiramente uma
sinopse do filme para os estudantes. O
enredo é baseado em fatos verídicos que
ocorreram em Ruanda. Trata de
questões étnicas vividas nas fases de
colonização do país e do drama de
pessoas que foram abandonadas à
própria sorte pela comunidade
internacional. O filme trata da história
verídica da guerra fratricida entre os
hutus e os tutsis.
13
Sinopse: Em abril de 1994, os presidentes de Ruanda e do Burundi morreram num
atentado ao avião em que viajavam. Os hutus, maioria no país, atribuíram aos tutsis
o atentado e iniciaram uma chacina contra eles. Já havia entre esses povos uma
rivalidade antiga que, aliada a um clima de descontentamento e de ódio, provocou
uma guerra civil. O filme Hotel Ruanda é baseado em fatos reais e conta a corajosa
atitude do gerente do hotel, Paul Rusesabagia, hutu, casado com uma tutsi, e como
ele salvou mil e duzentos tutsis escondendo-os no hotel. Este genocídio matou mais
de um milhão de pessoas em cem dias, a grande maioria tutsis. Outros dois milhões
de cidadãos fugiram para campos de refugiados no Congo. Paul Rusesabagia
tornou-se um herói por sua coragem e humanitarismo.
1. Qual a responsabilidade dos órgãos internacionais, como a ONU, em conflitos
como de guerra civil e de genocídio?
2. Qual a razão da rivalidade entre tutsis e hutus?
3. Como os colonizadores europeus manipulavam os povos dominados?
Atividade 07: Leitura e Interpretação do Conto:
Título: “Zito Makoa, da 4ª classe”
Autor: Luandino Vieira
País: Angola
Imagem disponível em: lusofonia.com.sapo.pt/luandino.htm
Acesso em dez. 2013.
Após o filme, socializar as opiniões.
Motivar o debate com questões, como:
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Desenvolver um diálogo com os alunos sobre a amizade, na escola e em outros
espaços.
Como os alunos veem a questão do preconceito étnico na sociedade brasileira?
Apresentar vídeo do YouTube. Entrevista Luandino Vieira3.6
Responda às questões
1. Quem são os personagens principais e quem é o antagonista que se
destaca?
2. Em que espaços (lugar) acontecem os fatos?
3. Determine o tempo em que os fatos ocorreram.
4. Qual é o foco narrativo e o tipo do narrador? Há imparcialidade na posição
do narrador?
5. Qual o assunto deste conto? Há uma denúncia social perpassando o texto?
Justifique sua resposta.
6. Luandino Vieira esteve engajado na luta pela independência de Angola.
Como suas convicções políticas ideológicas se evidenciam em sua obra?
7. A “professora” (sem nome) é representada de forma caricata, “cambuta e
gorda”. O que ela representava dentro daquele sistema colonialista?
8. A professora adota a pedagogia do medo e da violência física (com o aluno
negro em especial) para manter sua autoridade. Há um paralelo entre esse
universo escolar e o fato de o país estar sob o poder do colonizador?
Explique.
6 Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=VMoR-a5SffA>. Acesso em dez. 2013.
Apresentação da “Canção da América” (1980), de Fernando Brant e Milton
Nascimento.
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9. No bilhete de Zito Makoa estava escrito “Angola é dos angolanos”.Você
considera esse sentimento natural no menino angolano? O Brasil também foi
colônia de Portugal e na nossa história há registro de líderes que se
organizaram para lutar pela independência do país. Qual fato histórico
relacionado a esse contexto foi apresentado em uma obra de Cecília
Meireles. Qual o título da obra?
10. A amizade entre Zito e Zeca é o ponto de maior lirismo da narrativa, pois
evidencia solidariedade, cumplicidade e companheirismo. Estaria no exemplo
singelo de amizade a solução para conflitos étnicos e de dominação política?
Pode-se depreender que o autor está passando uma mensagem de fé na
nova geração do país? Comente.
11. No início do conto, Zito mostra a Zeca três cápsulas de projétil vazias, na
palma de sua mão cor-de-rosa. No final do conto Zito presenteia o amigo com
as cápsulas vazias, depositando-as na palma da mão cor-de-rosa de Zeca.
Por que o autor enfatiza “as palmas das mãos cor-de-rosa” e “as cápsulas
vazias”? Qual o valor simbólico das cápsulas vazias e das palmas das mãos?
Comente.
12. Observe a intertextualidade entre este e o conto “As mãos dos negros”, de
Honwana, nesta coletânea. (p. 24). Leia e reflita.
13. A opção de Luandino Vieira ao usar o português do colonizador e o
quimbundo (com tradução no rodapé da página do livro) do colonizado é
intencional. Qual seria a sua intenção? Pode a literatura ser um instrumento
de resistência, denúncia ou engajamento? Cite outro caso que você conheça
dentro da literatura?
14.Luandino Vieira é comparado a um grande autor brasileiro. Cite o autor e fale
sobre a influência que exerceu sobre Luandino Vieira.
Atividade 08: Explorando a Coletânea
Na apresentação da coletânea e no Apêndice, Rita Chaves faz algumas
observações pontuais que auxiliam na análise dos contos. Na página 8, ela fala
sobre a adoção da língua portuguesa pelos países africanos.
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1. Por que esses países adotaram a língua portuguesa oficialmente? É o mesmo
português que falamos aqui no Brasil?
2. A página 140 trata da resistência do povo aos colonizadores portugueses.
Identifique e nomeie as duas organizações que lutaram em prol da
independência de Angola.
3. Na página 139 você encontrará a expressão: “Quem não pode com mandinga
não carrega patuá”. Qual o significado original desta expressão?
4. Quais as semelhanças culturais entre Cabo Verde e o Brasil? (p.136)
5. Além do português, quais os outros idiomas falados em São Tomé e
Príncipe? (p.137)
Atividade 09: Leitura individual dos contos - Ficha de Leitura/ Prezi
Os demais contos serão lidos pelos alunos, os títulos serão sorteados. Cada
aluno receberá uma ficha para rascunho que deverá ser completada com as
impressões dos leitores sobre os contos e corrigida pelo professor. Os alunos
então utilizarão o Prezi, ferramenta virtual para criação e apresentação de
trabalhos.
No dia combinado faremos as apresentações dos trabalhos com as fichas de
leitura (no www.prezi.com) e cada aluno terá oportunidade de compartilhar sua
experiência de leitura, de modo organizado.
O texto literário caracteriza-se por ser polissêmico, ou seja, ele pode gerar
diversas interpretações, isto torna o trabalho mais interessante e deve ser
incentivado. O limite é o próprio texto e as pistas para a interpretação devem ser
inferidas pelo próprio leitor.
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Atividade 10: O desafio de conviver com a diversidade (ENEM 2007)
Esta atividade consiste num trabalho com cartazes sobre o tema: “O desafio de
conviver com a diversidade”, tema da redação do ENEM de 2007, que trazia
subsídios como as letras das canções: “Ninguém = Ninguém”, da banda
Engenheiros do Havaí e “Uns iguais aos outros”, da banda Titãs, além da
Declaração Universal sobre a Diversidade, da UNESCO.
Utilizando os textos citados, a atividade consistirá em criar cartazes que
valorizem a diversidade étnica e cultural brasileira, explorando as palavras e frases
das canções, da Declaração da UNESCO, da Declaração dos Direitos Humanos e
Os estatutos do Homem, de Thiago de Mello. Os cartazes serão expostos nos
murais do colégio.
Momento Musical
Os estudantes terão também a oportunidade de ouvir e ver (YouTube) canções em
língua portuguesa dos três continentes, África, América e Europa.
Seleção musical:
a.”Comboio”, “Angola”(accapela), Pérola (Angola).
b.”Sapateiro marrabenta”, Wazimbo (Moçambique).
c.”Sodade”, Cesárea Évora (Cabo Verde).
d.”A mão da limpeza”, Chico Buarque e Gilberto Gil (Brasil).
e.”Mamma África”, “Experiência”, Chico César (Brasil).
f.”Alma não tem cor”, ”O coro das Velhas”, Zeca Baleiro (Brasil).
g.”Fon Fon Fon”, “Há-de Passar”, “Pois Foi”, Os Deolinda (Portugal)
.
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Atividade 11: Oficina de Adinkra
O que é Adinkra?
O que é Adinkra?
Adinkra é um conjunto de ideogramas e aforismos criados originalmente
pelos Akans (Gana). Esses símbolos pintados em tecidos eram tradicionalmente
usados pelos líderes em funerais e ocasiões especiais. Adinkra significa “adeus”.
Hoje em dia seu uso se popularizou e é produzido em grande escala. São muitos os
símbolos e transmitem sabedoria, tradição, ética, moral e religiosidade, estão
relacionados à provérbios ancestrais.De acordo com Elisa Larkin, autora do livro
Adinkra: “Trata-se de um antigo sistema africano de escrita.”
Conta a tradição oral que o conjunto dos adinkra originou-se de uma guerra
entre o rei Osei Bonsu contra o rei Kofi Adinkra por este ter a audácia de copiar o
gwa (banco do rei).
Após uma breve explicação sobre os adinkras será mostrado o vídeo do
NEACEP - Núcleo de Estudos de África, Colonialidade e Cultura Política - que
publica também a Revista Sankofa.7 Serão apresentados os símbolos e seus
significados e os alunos terão acesso ao material para fazerem recortes, colagens,
criando marcadores de livros, mini-quadros, pintura em tecido de algodão (retalhos).
7 Os contatos do NEACP e da revista são: [email protected] e [email protected]
Acesso em dez. 2013.
Com esta oficina encerra-se o trabalho com este Caderno Temático , aos alunos será
oportunizado o contato com uma arte milenar e a possibilidade de interagir de forma
descontraída e criativa com os colegas.
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Imagem disponível:http://www.pinterest.com/pin/272890058642567107/-símbolos+adinkra+wikipedia
Acesso em dez. 2013
Carimbos, com ideogramas serão confeccionados para diversificar as
atividades artísticas. Serão usados papéis coloridos e ao final os trabalhos ficarão
expostos no saguão do Colégio.
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Referências
BRASIL. Ministério da Educação.Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN). Brasília: Mec,1996.
_______.Secretaria de Educação . Orientações curriculares nacionais para o
ensino médio: linguagens, códigos e suas tecnologias/ Secretaria de Educação
Básica: MEC/SEB,2006.
CALVINO, Ítalo. Seis propostas para o próximo milênio; trad. Ivo Barroso. São Paulo: Companhia das Letras,1990. CHAVES, Rita. (org) Contos africanos dos países de língua portuguesa/ Albertino Bragança. [et al] São Paulo: Ática, 2009. (Para gostar de ler). COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006. GALVES Charlotte, GARMES Helder. RIBEIRO Fernando Rosa. (Orgs). África- Brasil: caminhos da língua portuguesa. Campinas, SP: Editora Unicamp, 2009. LAJOLO, Marisa. O que é literatura? São Paulo. Brasiliense, 1995.
LEITE, Lígia Chiappini Moraes. Invasão da Catedral: literatura e ensino em debate. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1983. MACHADO, Emília. ROCHA, Mariucha. PARREIRAS, Ninfa, et al. Da África e sobre a África: textos de lá e de cá. São Paulo: Cortez, 2012.
MANGUEL, Alberto .A cidade das palavras: as histórias que contamos para saber que somos. trad. Samuel Titan Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. MELLO, Thiago. (Trad. De Pablo Neruda Vergara Riba: Argentina). Os Estatutos do Homem. São Paulo: Gráfica Melhoramentos, 2001.
MESQUITA, Samira Nahid de. O Enredo. São Paulo: Ática, 1986. p.7-8.
21
NASCIMENTO, Elisa Larkin. GÁ, Luiz Carlos. (Orgs). Adinkra: sabedoria em símbolos. Rio de Janeiro: Pallas, 2009. PARANÁ, Secretaria de Ensino de Estado da Educação, Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa. Ano:2008.