OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · simbólica uma função organizadora...
Transcript of OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · simbólica uma função organizadora...
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
TOC! TOC! JORNALTEC: o jornal tecnológico como ferramenta pedagógica no processo de letramento dos alunos da sala de
recursos multifuncional tipo I VAN DAL, Valdeth1
MAESTRI, Marcos (Orientador)2
Resumo: O presente artigo tem como finalidade comprovar a relevância do estudo sobre o uso das Tecnologias na Educação Especial. Para isso, nos apropriamos da abordagem histórico-cultural, inteligências múltiplas, conhecimentos históricos e científicos sobre letramento, jornal escolar, o uso das tecnologias como ferramenta pedagógica na mediação do ensino e da aprendizagem e o professor enquanto mediador do processo pedagógico. O objetivo de utilizar a produção de um jornal e o uso das tecnologias foi com o intuito de auxiliar no processo de letramento, aumentar a autoestima e socialização dos alunos da Sala de Recursos Multifuncional Tipo I. O projeto foi aplicado com 10 alunos da Sala de Recursos Multifuncional Tipo I, período da tarde, alunos do 6° ano ao Ensino Médio. Para a preparação do jornal foram utilizados vídeos, músicas, poemas, textos, jornais, revistas, debates, tarefas e pesquisas. O desenvolvimento do nosso trabalho efetivou-se da participação em cursos gerais de metodologias e técnicas de pesquisas, oferecidas pela Universidade Estadual de Maringá, como também pesquisas e leituras diversas sobre o tema, encontros de orientação para direcionamento do Projeto de Intervenção Pedagógica, preparação do Projeto de Intervenção Pedagógica na escola, elaboração da unidade didática, dividido em sete momentos, desde a concepção até a divulgação do jornal escolar. Os resultados obtidos pela produção do jornal demonstraram que os alunos se envolveram mais e é uma técnica de ensino que auxilia no processo de aprendizagem. Concluiu-se que é preciso repensar as formas de ensino e da mediação entre professor e alunos.
Palavras-chave: Educação Especial. Tecnologia Educacional. Letramento. Jornal Escolar.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo é o resultado da participação em cursos gerais de
metodologias e técnicas de pesquisas oferecidos pela Universidade Estadual
de Maringá - UEM, pesquisa e leituras diversas sobre o tema, encontros de
orientação para direcionamento do Projeto de Intervenção Pedagógica,
preparação do Projeto de Intervenção Pedagógica na escola, elaboração da
Unidade Didática, dividido em sete momentos, desde a concepção até a
divulgação do jornal escolar. Este se constituiu na atividade final do Programa
de Desenvolvimento Educacional (PDE) – da Secretaria Estadual de Educação
do Paraná (SEED/PR), cujo objetivo é relatar os resultados obtidos com o
Projeto de Intervenção e a aplicação da Unidade Didática cuja temática
1 Professora de Educação Especial na Sala de Recursos Multifuncional Tipo I. Endereço
eletrônico: [email protected] 2 Prof. Dr. no Departamento de Psicologia da UEM – Universidade Estadual de Maringá. Endereço eletrônico: [email protected]
centrou-se na pesquisa e coleta de dados sobre Educação Especial e Novas
Tecnologias aplicada à Educação.
Esse trabalho justificou-se pela necessidade pungente de propor aos
alunos da Sala de Recursos Multifuncional Tipo I uma prática pedagógica que
alie o uso das tecnologias e, concomitantemente, auxilie no processo ensino e
aprendizagem de defasagens acadêmicas na leitura e escrita dos educandos,
diagnosticadas durante o processo da avaliação pedagógica no contexto
escolar, bem como otimizar os recursos tecnológicos já existentes e
disponibilizados pela SEED-Paraná como o portal dia a dia educação
(PARANÁ, 2014), sala de informática, Sala de Recursos Multifuncional Tipo I,
scanner, máquina fotográfica, pendrive e materiais bibliográficos e de
expediente.
A sociedade está marcada por profundas transformações quer dos
processos produtivos quer das relações inter e intrapessoais no uso das
tecnologias tanto como fonte de geração de emprego e renda, aprendizagem,
entretenimento e das relações sociais que se refletem cotidianamente na vida
das pessoas e nas instituições em geral. De forma que, para diminuir e mediar
este avanço, a escola tem um papel importante, pois ela como instituição
promotora do conhecimento, deve contribuir na formação de um homem
competente, letrado e criativo, capaz de utilizar e interagir com os avanços
mundiais.
Vygotsky (2007) concebe o ser humano como um ser ativo, integrante
de um grupo social, cujo pensamento organiza-se em função da mediação e da
apropriação dos conhecimentos sistematizados pelo homem ao longo da
história. Para a teoria histórico-cultural, a relação entre homem e meio é
mediada por produtos culturais como os instrumentos (objetos) e os signos
(escrita, linguagem, números...), que estão em constante mudança ao longo da
história humana, a forma social e o nível do seu conhecimento. Para Vygotsky
(2007, p.11):
Embora a inteligência prática e o uso de signos possam operar independentemente em crianças pequenas, a unidade dialética desses sistemas no adulto humano constitui a verdadeira essência no comportamento humano complexo. Nossa análise atribui à atividade simbólica uma função organizadora específica que invade o processo do uso de instrumento e produz formas fundamentalmente novas de
comportamento.
Podemos observar que o processo educativo deve levar em conta os
aspectos históricos e culturais dos educandos, pois é através de vários “eus”
quer por influência social, religiosa, cultural, cognitiva, afetivas, pessoais e
intrapessoais, avanços tecnológicos que se dará a aprendizagem, um não
concorre com o outro, mas ambos interligam-se num processo amplo que se
convergem no desenvolvimento da aprendizagem.
O surgimento da palavra letramento surge com a necessidade de
diferenciar o que é alfabetizar, que se trata apenas do aprendizado do sistema
da escrita, códigos e signos. Letramento ou alfabetização funcional se refere ao
aprendizado da linguagem escrita, que é o domínio do sistema de escrita
quanto aos usos da língua escrita em práticas sociais. A palavra letramento,
então, começa a surgir na segunda metade dos anos 1980, nas Ciências
Linguísticas e da Educação, a partir da tradução da palavra da língua inglesa
literacy, cuja tradução buscou ampliar, como citado acima, o conceito de
alfabetização, que deixa de ser apenas codificar e decodificar a língua, mas os
usos dessas habilidades em prática sociais. O Programa de Formação
Continuada de Professores nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental da
Secretaria da Educação Básica define Letramento como
... o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever, bem como o resultado da ação de usar essas habilidades em práticas sociais, é o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da língua escrita e de ter-se inserido num mundo organizado diferentemente: a cultura escrita (BRASIL, 2008, p.11).
Ao se ensinar um aluno a ler e escrever se deve ter em mente que o
processo educativo não pode estar dissociado das práticas sociais. O aluno
precisa se apropriar da língua falada e escrita de forma contextualizada para se
inserir “num mundo organizado diferentemente: a cultura escrita”. Daí advém a
necessidade de ações pedagógicas didaticamente planejadas a partir dos
gêneros textuais socialmente construídos ao longo da história da humanidade,
como forma de ensinar e aprender a ler e escrever. Entende-se letramento
como o processo de inserção e participação na cultura escrita. Trata-se
...de um processo que tem início quando a criança começa a conviver com as diferentes manifestações da escrita na sociedade (placas, rótulos, embalagens comerciais, revistas etc.) e se prolonga por toda a vida, com a crescente possibilidade de participação nas práticas sociais que envolvem a língua escrita (leitura e redação de contratos,
de livros científicos, de obras literárias, por exemplo). Esta proposta considera que alfabetização e letramento são processos diferentes, cada um com suas especificidades, mas complementares e inseparáveis, ambos indispensáveis (BRASIL, 2008, p. 12).
Não se tratar aqui de alfabetizar ou letrar, mas de ensinar a língua
“letrando”, pois a língua falada ou escrita não está dissociada do seu contexto
social. Não é apenas codificar ou decodificar signos, mas assegurar que os
alunos se apropriem do sistema alfabético-ortográfico e que eles tenham
condições de utilizar a língua nas práticas sociais de leitura e escrita. Assim,
por compreendemos que o Jornal possui uma quantidade imensa de materiais,
procedimentos, habilidades tanto de leitura, escrita, oralidade, movimentos e
emoções, inseridos em um contexto histórico e social, bem como de relações
entre os homens, a sociedade e o meio é um gênero/meio de contribuir no
processo do letramento dos alunos.
O jornal escolar, como ferramenta pedagógica, é um importante aliado
para seduzir, organizar, reorganizar e expressar o pensamento, agindo sobre
os sentidos, impulsionando as potencialidades, a imaginação, a criatividade e a
vontade de escrever, como afirma Freinet (1974, p. 46):
A criança sente a necessidade de escrever exac-tamente porque sabe que o seu texto, se for escolhido, será publicado no jornal escolar e lido, portanto, pelos seus pais e pelos correspondentes; por isso, sente a necessidade de expandir o seu pensamento por meio de uma forma e de uma expressão que constituem a sua exaltação.
Assim, aliar o gênero jornal com as novas tecnologias é uma forma de
mediar, oportunizar e estimular o uso de diversas ferramentas e (re)elaborar o
conhecimento, aproveitando dessa aptidão inerente aos educandos dessa
geração, “geração digital”, perpassando seu uso como uma simples ferramenta
de apoio, mas integrada ao processo didático/metodológico.
Ao propor a utilização das tecnologias como ferramenta pedagógica na
Sala de Recursos Multifuncional Tipo I, procuramos, então, comprovar se o uso
das novas tecnologias contribui ou não para auxiliar os educandos no processo
de aprendizagem. Além disso, buscou-se comprovar a possibilidade ou não da
otimização do uso das novas tecnologias tanto das Salas de Recursos
Multifuncionais Tipo I como do portal dia a dia educação (PARANÁ, 2014a)
(lembrando que, na Sala de Recursos, o sistema operacional disponível é o
Windows e, na sala de informática, o sistema operacional é o Linux). Diante
disso, levantou-se a seguinte questão: De que forma podemos utilizar as novas
tecnologias para auxiliar no Letramento desses alunos?
Para a resolução desse problema, buscaram-se subsídios teóricos na
teoria histórico-cultural, nas inteligências múltiplas, nos conhecimentos
históricos e científicos sobre letramento, jornal escolar, uso das tecnologias
como ferramenta pedagógica na mediação do ensino e da aprendizagem e o
professor enquanto mediador do processo pedagógico.
O objetivo desse trabalho foi investigar a contribuição do Jornal
Tecnológico como ferramenta pedagógica dos alunos da Sala de Recursos
Multifuncional Tipo I, de forma a auxiliar no processo de letramento, no
desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e na recuperação de defasagens
acadêmicas.
2. METODOLOGIA
2.1. INSTITUIÇÃO
O projeto foi aplicado numa escola central da cidade de Paranavaí-PR,
tendo como público alvo alunos dos bairros que compõem o entorno da cidade,
na sua maioria, caracterizado por pessoas de classe média, média baixa e
baixa, alunos da zona urbana e rural, principalmente, das vilas rurais que ficam
no entorno da cidade e alunos de bairros mais distantes que se utilizam do
transporte público e particular. A escola oferece curso regular de ensino
fundamental e médio, aulas de apoio para alunos do sexto e sétimo anos,
atendimento especializado em Sala de Recursos Multifuncional Tipo 1, manhã
e tarde, (alunos diagnosticados com necessidades educativas especiais do
sexto ano do ensino fundamental até o ensino médio), curso de espanhol e
atividade complementar, escolinha de basquetebol. Ao todo, são 611 alunos
matriculados. A escola funciona manhã, tarde e noite. Conta com 12 salas de
aula regular, uma sala de recursos, refeitório, cozinha, duas quadras, sendo
uma coberta, dependências: administrativa, sala da direção, secretária e sala
de orientação pedagógica e escolar.
2.2. PARTICIPANTES
O público alvo do presente projeto foi direcionado a 10 alunos
matriculados em contraturno, na Sala de Recursos Multiprofissional Tipo I,
período vespertino, que frequentam o Ensino Fundamental séries finais, sexto
ao nono ano. Oito eram do sexo masculino e duas do sexo feminino, com faixa
etária entre 10 a 16 anos. Os espaços físicos utilizados foram a Sala de
Recursos Multifuncional Tipo I e o laboratório de informática. O projeto foi
desenvolvido no primeiro semestre de 2014.
2.3. INSTRUMENTOS
O projeto de Implementação na escola previu uma Unidade Didática,
dividida em sete momentos, desde a sua concepção até a sua distribuição à
comunidade. No Bloco 1, A Mobilização da Turma e Definição do Projeto,
utilizou-se do vídeo “A História da Imprensa” (FREITAS, 2013), da música
“Silêncio” (ANTUNES, 2013) e questões para reflexão. No Bloco 2,
Conhecendo um Jornal, foi trabalhado com a leitura, a análise e as atividades a
partir do Jornal local (Diário do Noroeste) bem como produção textual. No
Bloco 3, Construção da Pauta do Jornal, o intuito foi motivar e expor a missão
deste jornal, a importância do uso sustentável do meio ambiente, com o poema
“O Constante Diálogo” (ANDRADE, 2013) e do vídeo “O uso acessível do
celular” (TV CULTURA – Programa Pé na Rua, 2012). Na sequência, foram
colhidas sugestões de gêneros textuais que poderiam fazer parte do jornal e as
duplas dos alunos responsáveis pela produção. No Bloco 4, Organizar e
Montar o Jornal, os alunos aprenderam a organizar e a montar o jornal através
do vídeo “Construindo um Jornal Escolar com o Publisher” (MUNHOZ, 2013),
que ensina a trabalhar com o editor Publisher e atividades. No Bloco 5,
Elaboração dos Textos do Jornal, de acordo com cada gênero escolhido pela
dupla, os alunos produziram, digitaram e reestruturaram os textos do jornal. No
Bloco 6, Montagem do Jornal e Impressão, foram organizadas as páginas do
jornal, utilizando os textos produzidos pelos alunos no Publisher e a impressão
dele. O jornal elaborado tem 6 páginas, com 100 cópias, inicialmente,
impressas pelos alunos com a mediação e supervisão da professora. Por fim,
no Bloco 7, Divulgação do Jornal, foi organizada a turma para proceder a
divulgação do Jornal no Colégio, na comunidade, no Núcleo Regional de
Ensino de Paranavaí, digitalizado e disponibilizado no site (PARANÁ, 2014b).
A produção final do jornal tecnológico ficou dividida em: editorial,
notícias, entrevista do trimestre, texto literário, informes de utilidade pública.
Para estas partes, os alunos se utilizaram de pesquisas, entrevistas, leituras de
textos, reestruturação textual e o uso das tecnologias, tais como: sala de
informática, computador, programas, sites de pesquisas, máquinas
fotográficas, celular, scanner, portal dia a dia da educação, site da escola,
hipertextos entre outros.
Outro instrumento utilizado para verificar a relevância do tema e sua
aplicação na rede estadual de ensino foi o Grupo de Trabalho em Rede - GTR -
que se constitui numa atividade do Programa de Desenvolvimento Educacional
– PDE, caracterizado pela interação virtual entre Professores PDE e os demais
professores da Rede Pública Estadual, cujos objetivos são: possibilitar novas
alternativas de formação continuada para os professores da Rede Pública
Estadual; viabilizar mais um espaço de estudo e discussão sobre as
especificidades da realidade escolar; incentivar o aprofundamento teórico-
metodológico nas áreas de conhecimento através da troca de ideias e
experiências sobre as áreas curriculares.
2.4. PROCEDIMENTOS
No primeiro período (primeiro semestre de 2013), foram necessários,
além das inquietações de todo docente, frente ao processo ensino e
aprendizagem in loco, períodos de estudos em cursos gerais e específicos na
Universidade Estadual de Maringá, leituras e orientações do professor
orientador, ocorridas durante o processo de preparação como aluna PDE. No
entanto, a elaboração do Plano de Intervenção, com as devidas leituras e
reflexões sobre a prática pedagógica de forma orientada, a fim de elaboração
de um plano norteador para que aliasse o ensino, a aprendizagem, num
processo mediador da aprendizagem, utilizando as mídias como ferramenta de
ensino, concentrou-se nos meses de março a junho de 2013.
No segundo período (segundo semestre – julho a dezembro de 2013),
os trabalhos foram concentrados na produção do material pedagógico, que
aliada ao uso das tecnologias, objetivou-se planejar as atividades para
proporcionar aos educandos, no momento da implementação do projeto, um
auxílio pedagógico quanto aos problemas do letramento, dificuldades
acadêmicas, sociais, cognitivas, de concentração, de atenção entre outras
diagnosticadas previamente.
No terceiro período, de fevereiro a julho de 2014, ocorreu à
implementação do projeto na escola, dando toda dinamicidade as atividades,
utilizando-se do material pedagógico norteador do trabalho, cuja missão do
jornal foi perpassar o propósito educativo de auxiliar no processo de letramento
e socialização dos educandos. Além disso, pautou-se na humanização dos
homens consigo mesmos, com o meio social em que vivem e com o meio
ambiente, optando pela conscientização do uso sustentável e
responsabilidades com o meio ambiente.
E o quarto período (segundo semestre de 2014) caracteriza-se pela
produção desse trabalho, buscando sintetizar os resultados do projeto e
avaliando o desempenho dos alunos participantes do projeto.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Referendando o exposto acima e a importância do ensino e
aprendizagem, utilizando-se de metodologias que venham de encontro com os
avanços sociais e humanos, constituídos ao longo da história da humanidade
e, como a mediação entre a leitura e as tecnologias auxiliam no letramento dos
alunos, em especial, alunos da Sala de Recursos Multifuncional Tipo I, serão
arrolados alguns relatos de alunos para comprovar a eficácia do projeto de
intervenção escolar. O aluno 1 assim se expressa:
A leitura pra mim do jornal foi muito boa. Eu aprendi várias coisas e gostei das notícias que nós fizemos. Gostei também da internet, porque ela me deu bastante notícias, então a internet é boa para o jornal. Depois de alguns nós terminamos o jornal e todo mundo ficou feliz, alegre. Todo mundo gostou do jornal que fizemos.
Pelo exposto acima, verifica-se o que Leontiev e Luria apresentam como
um ensaio das ideias psicológicas de Vygotsky (2007, p. 161), sobre os
aspectos específicos da educação na sala de aula:
O processo de educação escolar é qualitativamente diferente do processo de educação em sentido amplo. Na escola a criança está diante de uma tarefa particular: entender as bases dos estudos científicos, ou seja, um sistema de concepções científicas. Durante o processo de educação escolar a criança parte de suas próprias generalizações e significados; na verdade ela não sai de seus conceitos, mas, sim, entra num novo caminho acompanhada deles, entra no caminho da análise intelectual, da comparação, da unificação e do estabelecimento de relações lógicas. A criança raciocina, seguindo as explicações recebidas, e então reproduz operações lógicas, novas para ela, de transição de uma generalização para outras generalizações. Os conceitos iniciais que foram construídos na criança ao longo de sua vida no contexto do seu ambiente social, são agora deslocados para novo processo, para nova relação especialmente cognitiva com o mundo, e assim nesse processo os conceitos da criança são transformados e sua estrutura mudada. Durante o desenvolvimento da consciência na criança e o entendimento das bases de um sistema científico de conceitos assume agora a direção do processo.
Levando-se em conta as idéias sobre os aspectos específicos da
educação na sala de aula, deve-se convir que o papel de mediador do
professor não é e nem será menor, pois ele quem deverá levar em conta,
através de planejamentos prévios, avaliações e interação com os alunos como
esse processo de ensino e aprendizagem ocorre.
O relato do aluno 1, que apresenta dificuldades acentuadas na leitura,
escrita e organização das ideias, comprova a necessidade de estratégias de
ações em Sala de Recursos Multifuncionais Tipo 1 em consonância com as
necessidades educativas específicas de cada aluno e, também, venham de
encontro do como ocorre a aprendizagem e, assim, promover as
transformações de conceitos inerentes a criança de forma a torná-los mais
científicos e estruturados.
Desta forma, o professor será capaz de perceber os estilos de
aprendizagem de cada aluno, de forma a fornecer uma educação qualitativa.
Para Gardner (1994 apud ALMEIDA, 2013), “a teoria das inteligências múltiplas
sugere abordagens de ensino que se adaptam às ‘potencialidades’ individuais
de cada aluno, assim como à modalidade pela qual cada um pode aprender
melhor” e, vale ressaltar que, de acordo com Gardner (2012, p. 35) “uma
inteligência serve tanto como o conteúdo da instrução quanto como meio para
comunicar aquele conteúdo”.
Apropriando-se da Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner (2012),
é possível organizar os alunos em grupos de trabalhos. Constata-se aqui, a
importância do professor mediador em conhecer as potencialidades /
capacidades individuais dos seus alunos, mas, principalmente, como a
interação e a integração entre eles subsidiou todo o processo de letramento,
relatado pelo aluno 2: “Eu achei legal porque nós aprendemos a ler, mexer no
Publisher. O jornal ajudou a ler e foi muito importante a gente fazer isso juntos.”
Assim, constatou-se que quanto mais se estimula e se media o processo
de ensino e aprendizagem, mais se aprende, mas é necessário conhecer e
apropriar-se dos vocábulos para viver na sociedade moderna, conforme
Antunes (2011, p. 44) pontua:
A inteligência linguística ou verbal representa ferramenta essencial para a sobrevivência do homem moderno. Para trabalhar, deslocar-se, divertir-se, relacionar-se com os outros, a linguagem constitui o elemento mais importante e, algumas vezes, o único da comunicação. Mas nem todos usam plenamente esse potencial: alguns em virtude do limitado vocabulário que conhecem, que não permite formas de comunicação mais avançadas do que toscos recados, breves comentários e restritas colocações opinativas; outros, em virtude do pequeno alcance do espectro através do qual se manifesta sua inteligência verbal. Ambos podem se beneficiar de um programa de desenvolvimento estimulante.
À medida que se observa as capacidades individuais do educando,
tratando cada educando como único e capaz de produzir conhecimento, se
respeitadas suas individualidades, o processo de letramento, mesmo que
complexo, poderá ocorrer, se mediado, de acordo com as potencialidades dos
educandos, os aspectos sociais, históricos, culturais e tecnológicos, já que o
processo de letrar é um processo inclusivo bem como o letramento digital.
Sintetizando, o professor/mediador deve conhecer as potencialidades de
cada aluno no processo ensino e aprendizagem, bem como oportunizar o uso
das tecnologias em sala de aula no processo do letramento, em especial, dos
alunos como necessidades educativas especiais, como relatado, abaixo pelos
alunos 3 e 4:
Eu achei legal fazer o jornal porque eu desenhei a história em quadrinho e meu amigo, do grupo, me ajudou a escrever, o outro conseguiu colocar na página do jornal (Aluno 3). Eu achei interessante porque eu fiz a parte do Publisher, como a professora disse de diagramação. Só que eu fiquei muito
cansado, porque a professora fez eu digitar um milhão de vez. Só que valeu a pena, porque eu melhorei na escrita e o computador ajudou muito e a tecnologia ajuda muito no mundo de hoje em dia (Aluno 4).
Para Scholze e Rösing (2007, p. 9-10),
A educação, no que diz respeito a esse ato de inclusão, que é letrar – mais do que alfabetizar –, tem uma função mediadora. É pela ação educativa, na sala de aula ou em outros contextos, além do escolar, que se promovem a aquisição e a utilização crítica da leitura e da escrita. E essa ação transformadora, tanto do indivíduo quanto da sociedade da qual ele faz parte, é, acima de tudo, um processo em constante avaliação. Em uma de suas facetas, esse processo se coordena articulado ao mundo, numa prática que habilita os sujeitos a dialogarem com as complexidades do texto escrito; em outra, de forma contínua, reorganiza-se politicamente, viabilizando aos sujeitos envolvidos, pela leitura e pela escrita, a reflexão e a atuação no que tange às dinâmicas sociais.
Levando-se em conta que letrar é um ato de inclusão e, que não basta
ensinar a ler e a escrever, é preciso promover a aprendizagem como um todo,
tornando o aluno capaz de analisar criticamente a leitura, interagindo com a
mesma, levando-o a uma habilidade complexa para lidar com os diversos
gêneros textuais para além da leitura relata-se aqui, em especial, as
impressões da aluna 5, que apresenta indicativo de dislexia.
O jornal ajudou muito porque a minha letra era horrível, agora tá bonita mais do que antes. Antes eu não escrevia, mas com o jornal e a ajuda da professora estou muito melhor. O computador me ajudou muito, também, porque eu comecei a ler mais e quando eu escrevia nele, ele eu via o erro e arrumava (Aluna 5).
Essa aluna, no início do ano, não fazia registro escrito das atividades
tanto em Sala de Recursos Multifuncional Tipo I quanto no ensino regular. Era
desatenta e, muitas vezes, dispersava-se com facilidade, brincando durante as
aulas, num mundo imaginário todo seu, desconectada com a realidade que se
passava ao seu redor. Porém, a mesma conseguia, na oralidade, expor que
assimilava os conteúdos ensinados, na Sala de Recursos Multifuncional Tipo I
quanto na sala de aula de ensino regular. Após a intervenção pedagógica
desse projeto, ocorreu uma mudança significativa tanto de comportamento
quanto na relação ensino e aprendizagem e nos registros escritos em ambas
as salas.
Conforme afirma Teixeira (2007, p. 83-84),
Entende-se que a formação de leitores críticos exige que crianças e adolescentes convivam com os diversos suportes, desde o
retroprojetor, o projetor de slides, o mural, o cartaz, o poster, a fita de áudio, a fotografia, o livro impresso, entre outros, até os suportes e tecnologias mais recentes, como o projetor multimídia, a fita de vídeo, o CD-Rom, o CD de áudio, o DVD e a internet. Do mesmo modo, é essencial que esse público tenha acesso às diferentes linguagens que circulam na sociedade, como a pictórica, a musical e a dramática, além da linguagem verbal. Compreender as especificidades das linguagens e os discursos que são veiculados por meio delas é pré-requisito indispensável para que se possa processar a crítica da realidade e, conseqüentemente, da sociedade atual.
Desta forma, a tecnologia que está cada vez mais presente em nossa
sociedade não pode ser ignorada, mas torná-la uma aliada no processo ensino
e aprendizagem, onde o professor-mediador desse processo é peça
fundamental, não só pelo trabalho que produz, mas suas intervenções,
pesquisas e elaboração do trabalho pedagógico, que, para Feurstein
(PARANÁ, 2010, p.11),
[...] a mediação é um fator de transmissão cultural. A cultura e os meios de informação são fontes para a mudança do homem. Uma mediação educativa deve ter integrados três elementos: o educador (ou qualquer pessoa que propicie desenvolvimento à outra), o aprendiz (ou qualquer pessoa na condição de mediado) e as relações (tudo o que é expressado / vivenciado no processo de ensino e aprendizagem). O primeiro – o educador / mediador – é o elo de liga-ção (sic) entre o mediado e o saber, entre o mediado e o meio, entre o mediado e os outros mediados.
E, quando se pensa nos educandos com necessidades especiais, é
necessário otimizar ao máximo o uso das novas tecnologias de forma não só
para que ocorra uma inclusão responsável, mas para que se possa dar
condições de aprendizagem que promovam o educando, levando em conta
suas potencialidades, suas capacidades inatas e, até mesmo, aquelas que
poderão ser desenvolvidas durante o processo educacional, valorizando as
múltiplas inteligências, conforme afirma Gardner (1985 apud PASSARELLI,
2013, online):
A teoria das inteligências múltiplas apresenta o suporte teórico necessário para o repensar do fazer pedagógico na sua relação com os meios de comunicação. Se a escola pretende formar um cidadão que deixe de ser objeto para ser sujeito histórico, ela precisa considerar as necessidades deste "ser" como um todo. Deixar de privilegiar somente as inteligências linguística e lógico-matemática para atingir todas as outras capacidades inerentes a todo ser humano normal, estabelecendo uma comunicação de mão-dupla, isto é, "falando" ao aluno através de todos os meios de comunicação possíveis e "ouvindo" do aluno através de suas capacidades mais privilegiadas.
Pensa-se que, se no ensino regular é importante se utilizar da teoria das
inteligências múltiplas e a forma como os alunos aprendem, na educação
especial, especificamente, na Sala de Recursos Multifuncional Tipo I, há um
condicionante a todo processo educativo, pois, só quando se otimiza o saber e
o potencial dos educandos, se pode (re) organizar o pensamento, dando um
passo para além do que é ensinar e aprender, levando em conta as habilidades
e potencialidades de cada um como sujeito do processo, como se pode
confirmar no trecho abaixo de Gardner (2012, p. 36):
[...] há razões importantes para considerar a teoria das inteligências múltiplas e suas implicações para a educação. Em primeiro lugar, está claro que muitos talentos, se não inteligenciais, são ignorados hoje em dia; os indivíduos com esses talentos são as principais vítimas de uma abordagem da mente de visão única, limitada. Existem inúmeras posições não preenchidas ou mal-preenchidas em nossa sociedade, e seria oportuno orientar os indivíduos com o conjunto certo de capacidades para essas colocações. Finalmente, nosso mundo está cheio de problemas; para termos a chance de resolvê-los; precisamos utilizar da melhor forma possível as inteligências que possuímos.
Em busca de possibilitar a mediação das crianças no que tange ao
letramento, defasagens acadêmicas, baixa autoestima, atenção, concentração,
problemas de socialização e aprendizagem, destacou-se o uso do jornal
escolar e tem seu lugar dentro deste universo de ferramentas tecnológicas,
advindas depois da imprensa. Os jornais escolares, segundo Freire (2011, p.
55), “permanecem válidos, no que diz respeito à tomada da palavra – e da
palavra crítica – por crianças e adolescentes e à sua participação da vida
social” e pode ser um meio para subsidiar o trabalho educacional, capaz de
mediar e proporcionar o aprendizado, aflorando a capacidade inerente de cada
educando, suas inteligências e potencialidades de transformar a si mesmo, sua
realidade social e do meio em que vive.
As ações pedagógicas, propostas tanto em Sala Regular quanto nas
Salas de Recursos Multifuncionais Tipo I, devem estar integradas com o meio
social do qual o aluno pertence, assim terá significado prático em sua
aprendizagem, como se pode observar no relato do aluno 6:
Eu achei bem interessante, me ensinou a saber mais do jornal e me fez saber ler mais ainda. E é muito interessante saber das notícias de Paranavaí, saber dos acidentes, dos roubos, dos médicos dos postinhos de saúde, sobre a Dengue. Foi legal também poder entrevistar a tia Vilma, eu gostei e ela gostou também.
Como afirma Freinet (1974, p. 44), “um jornal escolar não está, não pode
estar, não deve estar a serviço de uma pedagogia escolástica que lhe
diminuiria o alcance. Deve estar sim, a medida de uma educação que, pela
vida, prepara para a vida”. Isso é confirmado pelos relatos dos alunos 7 e 8, ao
afirmar que:
Eu achei muito importante o trabalho sobre o jornal, porque me ajudou muito a desenvolver minha leitura e a minha escrita. Eu também achei interessante porque eu adquiri mais informação sobre o assunto que foi questionado no jornal que foi sobre a Dengue (aluno 7). O computador, com sua tecnologia, me ajudou bastante a corrigir minha escrita, porque quando escrevia uma palavra errada ele me corrigia, também na internet achei muitas informações sobre o
assunto, meio ambiente, lixo e dengue (Aluno 8).
Quando se utiliza o jornal na prática pedagógica e se alia a ele o uso das
tecnologias, como ferramenta na sua elaboração, é possibilitar aos alunos e,
principalmente, alunos com necessidades educacionais especiais, uma prática
pedagógica que tanto contribui para o letramento, para o uso das tecnologias
como o contato com gêneros textuais diversificados e atuais, que circulam no
seu meio social, na sua cidade, estado, país e mundo. Segundo Lozza (2009),
o jornal, por meio de suas notícias, é um grande disseminador de ideias, de
valores e interpretações.
Como resultado / síntese da aplicação do GTR, dos dezessete inscritos,
quinze concluíram o curso cujo objetivo era socializar, interagir, discutir, trocar
experiências e verificar a viabilidade do nosso projeto na rede estadual de
ensino do estado do Paraná. Pontua-se que, durante o curso, ficou notória a
importância de planejar nossas ações pedagógicas e que, independente de ser
aluno da Educação Especial ou não, é necessário valorizar as potencialidades
de cada um, oportunizando conteúdos, metodologias e recursos didático-
pedagógicos que contribuam para o ensino e aprendizagem de alunos. Isso é
possível observar nos relatos abaixo dos participantes do GTR (serão
colocadas só as iniciais dos participantes para preservar sua identidade):
E pensando em motivar o aprendizado educacional escolar, não podemos deixar de mencionar a importância de utilizar os meios tecnológicos que estão cada vez mais presente na atualidade, dar ênfase a esses meios que chama a atenção dos nossos educandos é fundamental para uma aprendizagem significativa. Cabe a nós professores aproveitar esse interesse e fazer uso de recursos que tem grande contribuição no aprendizado dos alunos para com o conteúdo proposto. Poder apresentar um conteúdo pedagógico,
fazendo uso de tecnologias, como computadores, tablet, calculadora, data show, TVs, celulares etc, faz com que os alunos participem das atividades com entusiasmo. Utilizando desses meios tecnológicos, eles [os alunos] aprendem de forma lúdica algo que até então parecia ser inassimilável. Considerando esse ensinar com entusiasmo, muito depende do profissional que estará à frente desse trabalho, pois as Tecnologias de Informação Comunicatárias - TICs - estão no auge, porém, tem pontos positivos e negativos, cabendo ao professor instruir para o lado favorável da tecnologia, demonstrando o quanto aprender de forma prazerosa é significante tanto para o aluno quanto para o mediador desse aprendizado (N.C.S).
Ficou claro que trabalhar com o jornal auxilia no letramento dos alunos e
utilizar as tecnologias como ferramenta não só auxilia o ensino e aprendizagem
como melhora a autoestima dos mesmos, como constatado abaixo:
Torna-se importante ressaltar a importância da proposta apresentada, para o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos atendidos nas Salas de Recursos Multifuncionais, pois a metodologia mostra-se adequada à nossa realidade, momentos iniciais de pesquisa e de construção referente ao jornal, são de suma importância para a compreensão como incentivo a: proposta, atividades de pesquisa, reestruturação, escrita, sistematização entre outros, são muito relevantes para o desenvolvimento da aprendizagem dos nossos alunos (G.C.S). A sequência didática está bem objetiva e adequada ao tempo proposto para sua aplicabilidade. Gostei das atividades e achei interessante a implementação com o Publisher, pois eu não tinha conhecimento desse programa. Sabemos que na Educação Especial, montar textos com imagens se torna atrativos para nossos alunos. Vivemos num mundo da tecnologia e a imagem desperta a curiosidade e interesse por parte dos educandos (L.C.V). Tenho como sugestão uma proposta de trabalho a ser realizada, sendo aplicada a alunos com déficit intelectual. Visto que o assunto atual é voltado ao esporte, decidi juntamente com a turma que o tema a ser trabalhado seria sobre curiosidades acerca da Copa do Mundo. O computador como ferramenta de pesquisa, motiva os alunos, que mostram muita dificuldade de aprendizagem e acabam por perder o interesse em determinados assuntos, por essa razão, usaremos do computador para trabalharmos o tema em questão (M.A.C.U.).
Todos os cursistas não só compreenderam a fundamentação teórica
abordada como as ações didático-pedagógicas sugeridas, como socializaram
suas experiências e contribuíram dando sugestões de atividades,
demonstrando que o presente projeto foi de suma relevância para sua
formação como é e poderá ser aplicado em suas escolas.
Quando se oportuniza aos alunos ações pedagógicas como a utilização
do jornal e o uso das tecnologias como ferramenta pedagógica, pretende-se
integrá-los nesse mundo de ideias, valores, interpretações e como sujeitos do
processo educativo.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após apresentar o projeto de intervenção escolar, sua aplicação e seus
resultados, chega-se a conclusão que o Jornal Escolar compreende uma
quantidade imensa de materiais, procedimentos, habilidades tanto de leitura,
escrita, oralidade, movimentos e emoções, inseridos em um contexto histórico
e social, bem como de relações entre os homens, a sociedade e o meio.
O Jornal Escolar, como ferramenta pedagógica, é um importante aliado
para seduzir, organizar, reorganizar e expressar o pensamento, agindo sobre
os sentidos, impulsionando as potencialidades, a imaginação, a criatividade e a
vontade de escrever.
Aliar o gênero jornal com as novas tecnologias é uma forma de mediar,
oportunizar e estimular o uso de diversas ferramentas e (re) elaborar o
conhecimento, aproveitando dessa aptidão inerente aos educandos dessa
geração, “geração digital”, perpassando seu uso como uma simples ferramenta
de apoio, mas integrada ao processo didático/metodológico, como diz Freinet
(1974, p. 7):
...devem tomar-se grandes precauções, de forma a garantir segurança numa evolução que afeta o potencial vital das gerações, não há dúvida. Mas não é menos verdade que os princípios de modernização admitidos pela indústria são evidentemente válidos em educação, que um atraso técnico resulta sempre, em última análise, num atraso de civilização e que o progresso social do nosso mundo em crise necessita de uma modernização paralela dos nossos métodos e dos nossos utensílios de trabalho escolar.
Como foi observado nos resultados do projeto, é importante frisar que,
utilizar as novas tecnologias como ferramentas pedagógicas, é mais que
modismo, é um não (re) criar novos modelos de exclusão e atrasos sociais.
Sua viabilidade e aplicabilidade se comprovaram in loco, tanto com a aplicação
do projeto quanto nas inúmeras possibilidades como: pesquisas orientadas,
jogos online, confecção de cartazes, folders, cartões, trocas de mensagens,
criação de blogs, leituras online, projetos esses que poderão ser executados ao
longo do processo educativo dos alunos com ou sem necessidades especiais.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. S. R. Estilos de Aprendizagem. Disponível em: http://ccvap.futuro.usp.br/files/aulas_conteudos/e283d84e9fc35f945c64d75604497315.pdf... Acessado em 31/3/2013. ANTUNES, C. As inteligências múltiplas e seus estímulos. 17ª Ed. Campinas-SP: Papirus, 2011.
ANTUNES, A. O silêncio. Disponível em http://www.kboing.com.br/musica-e-
letra/arnaldo-antunes/1022460-o-silencio/. Acesso em 10/9/2013.
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Pró-Letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos nos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental: alfabetização e linguagem. – ed. rev. e ampl. incluindo SAEB / Prova Brasil matriz de referência / Secretaria de Educação Básica – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. BRASIL. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. Resolução nº 2, de 15 de Junho de 2012. Disponível em: http://conferenciainfanto.mec.gov.br/images/pdf/diretrizes.pdf. Acessado em 7/6/2012. FREINET, C. Jornal Escolar. (Tradução de Filomena Quadros Branco). Lisboa-Portugal: Estampa, 1974. FREIRE, W. Mídia-educação: reflexões e práticas de um terceiro espaço. In: FREIRE, W. (org.). Tecnologia e Educação: as mídias na prática docente. 2ª ed. Rio de Janeiro-RJ: Wak, 2011. Cap. 3 (pp. 49-60). FREITAS, L. A História da Imprensa. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=b7X_47Xnp70. Acesso em 10/9/2013.
GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artmed, 1995. Reimpressão 2012. LOZZA, C. Escritos sobre Jornal e Educação: Olhares de longe e de Perto. São Paulo: Globa, 2009.
MUNHOZ, M. Construindo Um Jornal Escolar com o Publisher. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=GK9V46EDwDE. Acesso em 10/9/2013.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretoria de Tecnologias Educacionais. Diretrizes para o uso de tecnologias educacionais. Curitiba: SEED – PR, 2010. (Cadernos temáticos). PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretoria de Tecnologias Educacionais. Portal diaadiaeducacao. Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br/. Acesso em 26/10/2014a.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Toc! Toc! Jornal Escolar. 1ª Ed. Paranavaí. 21/05/2014. Disponível em: http://www.pvaleonelfranca.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/22/1860/80/arquivos/File/pde_Val_jornal.pdf. Acesso em 26/10/2014b. PASSARELLI, B. Teoria das Múltiplas Inteligências aliada à Multimídia na Educação: Novos Rumos Para o Conhecimento. Disponível em: http://ccvap.futuro.usp.br/files/aulas_conteudos/e283d84e9fc35f945c64d75604497315.pdf . Acessado em 31/3/2013. SCHOLZE, L. e RÖSING, T. M. K. A escrita e a leitura: fulgurações que iluminam. In.: SCHOLZE, L. e RÖSING, T. M. K. (orgs.). Teorias e Práticas do Letramento. Brasília-DF: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep/MEC, 2007. Cap.1. (pp 9-10).
TV CULTURA – Programa Pé na Rua. Você tem seu celular ou seu celular tem
você. Publicado em 5/6/2012. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=NRnfovl-
9TQ. Acesso em 22/9/2012.
VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. 1ª Ed. São Paulo-SP: Martins Fontes, 2001. VYGOTSKY, L. S.; COLE, M. (Org.). A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 7ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.