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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

VALORIZAÇÃO DO “EU” COMO CIDADÃO

TEIXEIRA, Maria Amélia de Castro1

SANTANA, Marcio Santos2

Resumo A implementação do projeto: Valorização de “EU” como cidadão, o qual fez parte do PDE Programa de Desenvolvimento Educacional, na área de história foi desenvolvido na Escola Estadual Elvira Balani dos Santos, município e núcleo de Maringá-PR, com alunos do Ensino Fundamental 7º ano) do período vespertino. Para a aplicação do respectivo projeto foi utilizada a pesquisa relatando a história de vida de cada aluno por meio de fatos orais, fotografias, documentos, estudo de textos, filmes, debates. O objetivo principal deste foi reconhecer a importância de sua história pessoal e assim se reconhecer como cidadão e sua participação na sociedade valorizando-se como ser humano que também é um agente transformador. Para atingir o objetivo proposto buscou-se como fonte a pesquisa e a leitura sobre a valorização do “EU” como cidadão.

Palavras-chave: Cidadão. Ser Humano. Auto-estima

1 INTRODUÇÃO

O artigo valorizar o “EU”, considerando que muitas vezes a pessoa não se

valoriza, porque não conhece sua origem, os seus antepassados, ou seja, a sua

história. Lembrando que cada pessoa é um ‘ser’ em particular e somo parte

integrante da história da humanidade.

Cada pessoa tem sua importância como cidadão, tendo em vista a

definição de Angeuski (2000, p.583) “a cidadania se refere as pessoas que estão no

pleno gozo dos direitos políticos”. Neste sentido, os direitos são de extrema

importância para a realização pessoal de cada um em particular. Os direitos e os

deveres estão mencionados tais como na Constituição, na Declaração dos Diretos

Universais, na Lei e Diretrizes da Educação Nacional, mas é preciso saber como a

questão: ‘cidadania’, está explicita.

Todo ser humano passa por um processo de desenvolvimento nos

aspectos: físicos, motor, intelectual, afetivo, emocional e social, sendo que cada fase

1 Professor da Rede Estadual de Ensino. Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional. 2 Professor (Dr) orientador do Programa de Desenvolvimento Educacional

da vida da pessoa tem características próprias e recebem influência dos fatores

internos e externos e assim ele vai construindo a sua história.

A educação não é feita apenas na escola. Ela está em toda a parte,

acontece em todos os momentos e influencia a vida do homem de todas as

maneiras passíveis, por isso a formação pessoal e social de cada um não acontece

da mesma forma, depende dos costumes de cada povo, de cada época, das

condições econômicas, do grau de conhecimento das pessoas e das crenças sociais

e políticas, de cada momento histórico. No entanto, esta educação influencia o

pensar e o agir de todos.

Portanto, a valorização pessoal se justifica, porque o processo pelo qual o

indivíduo constrói e estabelece as suas relações com o ambiente físico e social,

incluindo suas características. Ao contrário de outras espécies as características

humanas não são biologicamente herdadas, mas historicamente formadas,

considerando que a escola não é o único espaço onde a educação acontece e

ninguém foge desta, pois ela está na rua, na casa, na igreja e na escola.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 CIDADÃO X CIDADANIA

Todo ser humano desde o seu nascimento recebe das gerações

anteriores ações educativas. São ações formais e informais que têm por objetivo

transmitir valores em conformidade com a imagem que cada sociedade. Turquino

(2000, p.505) coloca que: “a cidadania não se dá como algo natural e inato nas

pessoas, é construída”. Por isso registra-se a necessidade dos valores serem

reforçados em todos os ambientes.

Nesse entendimento as Diretrizes Curriculares da Educação Básica

colocam: “todos devem ter acesso ao conhecimento produzido pela humanidade

que, na escola, é veiculado pelos conteúdos das disciplinas escolares.” (PARANÁ,

2008).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96) no seu art. 2º

diz:

A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por

finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Sendo assim, a cidadania citada neste artigo centra-se na condição básica

de ser cidadão e a educação escolar é parte deles e, ao mesmo tempo, a cidadania

hoje, não se reduz ao âmbito da ação do Estado, mas se manifesta nas diferentes

formas de pressão da sociedade civil para responder às particularidades de grupos e

de pessoas.

Para Guimarães (2004, p. 157) “cidadão é aquele que desfruta de direitos,

civis, sociais e políticos assim como as obrigações decorrentes”. Ou seja, os direitos

civis são aqueles fundamentais à vida, à liberdade, à igualdade formal de

oportunidades e à propriedade. Os sociais vinculam-se à idéia de justiça social e de

redução das desigualdades. Os políticos como o próprio nome diz se relacionam à

participação política que representa a liberdade de organização dos cidadãos e

Segundo Guimarães (2004, p.157) “cidadania é a qualidade de cidadão,

pessoa que está no gozo de seus direitos e deveres civis e políticos garantidos pela

Constituição”. Sendo assim, a formação do cidadão não pode se limitar à formação

de um indivíduo que seja somente capaz de conviver no seu próprio espaço, mas

possibilitar que compreenda a sua realidade local e atingir uma visão mais ampla.

A Constituição da República do Brasil (1988) menciona artigo 1º, alínea II

“a cidadania como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito”. Assim, a

cidadania é um processo histórico de conquista e ampliação de direitos com caráter

dinâmico. Tendo em vista que os direitos humanos é consequência da própria

história da humanidade.

Esclarecem Costa; Gonçalves; Melo (2005, p.78) “a escola deve assumir o

compromisso de formar o aluno para o exercício pleno da cidadania”. Com esse

compromisso a escola deve orientar o aluno para melhorar a qualidade de vida no

sentido econômico, político e social no ambiente em que vivem. È necessário

discutir com os alunos os mecanismos de dominação da cultura dominante,

favorecendo o surgimento do indivíduo crítico, ou seja, o cidadão.

Segundo Fonseca (2002, p.29) “a principal porta de entrada na melhoria

de qualidade de vida é a formação do cidadão”. Neste sentido não há como pensar

em formação sem pensar em formação da identidade.

2.2 SER HUMANO

O ser humano pode ser definido de várias maneiras dependendo do ponto

de vista que o estamos analisado. Segundo Volpe (2003, p.19) o homem pode ser

definido na linha “ontológica, metafísica e moral”. Na visão ontológica (o ser de

natureza comum), questiona: quem sou eu? Na metafísica (causa do viver) para quê

viver? E na moral (conjunto de regras para bem viver) como viver?. Portanto, é

necessário que o ser humano faça seus questionamentos para valorizar-se como ser

humano e apreciar o quanto a pessoa humana tem seus valores.

Segundo Fonseca (1998, p.20) “a história está entre as atividades mais

elementares e necessárias da sociedade humana”. Nesse contexto, propicia-se aos

alunos o contato com múltiplas fontes de pesquisa (escritas, orais, iconográficas)

num permanente diálogo e questionamento, a fim de compreender o processo de

construção do saber histórico.

2.3 VALORIZAÇÃO E AUTO ESTIMA

Sabe-se que valorização vem do verbo valorizar como a palavra mesmo

diz ‘valo’, enquanto que a auto-estima é a valorização de si mesmo. Por isso o

objetivo relevante dessa colocação segundo Cruz (2006, p.6) “é vinculada à reflexão

sobre cidadania”. Isso abrange aspectos, sendo a identidade social, noções de

diferença e semelhança e o eu e a percepção do outro. Esse aprendizado em muito

ajuda o ser humano na sua valorização e auto-estima.

Para Vargas (2010, p.44) “a autoestima é a avaliação afetiva que o sujeito

faz de si mesmo”. Sendo assim, é a capacidade que o ser humano tem de enfrentar

as situações do dia-a-dia com equilíbrio. Pois a autoestima está relacionada com

outros sentimentos que fazem parte do contexto geral e expresso em forma de

sentimentos ou comportamento tanto no ambiente familiar, escolar e social.

No entendimento de Fonseca (2002, p.29) “para trabalhar a autoestima e

a valorização do ‘eu’ é necessário trabalhar a identidade”. E a identidade é própria

de cada um, por isso é particular, mas cada pessoa possui o seu ‘eu’ e os seus

antepassados, a sua história, a sua vivência, a sua experiência de vida e o legado

que herdou dos seus.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O projeto foi aplicado aos alunos do Ensino Fundamental da Escola

Estadual Elvira Balani dos Santos Ensino Fundamental apresenta as seguintes

ações desenvolvidas. Houve uma exposição das atividades que seriam realizadas

aos participantes, os quais ficaram entusiasmados. Para iniciar e fazer um clima de

descontração e atingir os objetivos aplicou-se a dinâmica do barbante.

Nessa dinâmica os alunos ficaram em círculo e com um rolo de barbante o

iniciante joga o rolo para um amigo dizendo o nome e um elogio. Terminado todos

os participantes cada um devolve o rolo de barbante devolvendo com outro elogio.

Assim os participantes começam o clima de valorização pessoal sendo chamado

pelo colega pelo nome e recebendo um elogio.

A atividade próxima foi o estudo de textos com a leitura (individual e

coletiva) e a interpretação dos textos e atividades de reflexão

Os textos trabalhados foram:

1) Cidadania: www.dhnet.org.br/direitos/sos/textos/oque_e_cidadania.html

2) O Que é Cidadania? www.brasilescola.com/sociologia/cidadania-oestadania.htm

3) O Que é Cidadania www.dhnet.org.br/direitos/sos/textos/oque_e_cidadania.html

Para cada texto, os alunos receberam as cópias. Foi feita a leitura

individual e em grupo. Em seguida foram feitos alguns questionamentos oral e

depois uma interpretação escrita, destacando o conceito de cidadania, parágrafos

que consideraram mais interessante, o que é realmente ser cidadão?. O estudo dos

textos levou a outras pesquisas, considerando o que diz a Constituição Federal

(1988).

Para complementar o estudo dos textos os alunos assistiram vídeos do

acervo da TV Escola sobre cidadania e pesquisaram algumas músicas que falam de

cidadania, as quais foram ouvidas e cantadas durante a aplicação do projeto.

Em seguida ao estudo dos textos solicitou que cada aluno trouxesse o seu

registro de nascimento e foi feito uma análise dos dados registrados. Nome, local,

data, nome dos pais, nome dos avós (maternos e paternos). Na oportunidade

orientou-se aos alunos que ainda não tem algum documento como Carteira de

Trabalho, Título de Eleitor e Alistamento Militar que providencie para fazê-lo

Os alunos que possuíam outros documentos como batistério, certificado

de cursos, Registro Geral (RG) CPF trouxeram para a sala de aula e muitos detalhes

foram observados, principalmente com nomes errados, como por exemplo, a pessoa

no registro está como José da Silva, no batistério está José e Silva e assim

sucessivamente registrou-se muitos casos, inclusive com datas, onde os próprios

alunos contavam que no seu registro o dia do nascimento está 20/03/2000, mas a

minha mãe fala que eu nasci no dia 18/03/2000.

Uma outra questão muito comum entre os participantes é o fato de não

gostar do nome. Como por exemplo, a pessoa foi registrada como Maricleuza, então

passa a se nomear como Mari e todos a conhecem por Mari, mas nos documentos

deve-se usar o nome que consta nos documentos.

Essa questão de não gostar do nome foi muito debatida no sentido que

você em primeiro lugar deve gostar do seu nome e também valorizar o nome da

família, tanto do pai como da mãe. Os alunos fizeram crachá, cartaz com o nome,

também um acróstico, e pesquisaram o significado do nome e a origem do nome de

família. Na oportunidade mencionou-se também a questão de apelidos e houve uma

conversa com um cartorário considerando a possibilidade da correção de nomes

errados. Constatou-se ser um processo difícil, considerando o tempo que já passou,

mas alguns casos há necessidade de reparos. (essa atividade foi a título de

informação)

Dando sequência às atividades do projeto os alunos produziram um texto

sobre “EU”. Os textos foram expostos no mural sem o nome do autor e cada colega

procurava descobrir de quem era o texto, considerando que as leituras, pesquisas e

discussões sobre cidadania contribuiu para que os participantes se percebessem

como cidadãos e como eles são importantes para a construção da uma sociedade

mais justa.

Depois os alunos montaram a árvore genealógica. Alguns apenas com os

nomes, outros com nomes e fotos. Foi um trabalho muito criativo, após ter

apresentado no mural da escola essa atividade cada aluno levou para casa.

A figura acima é apenas um exemplo. Cada aluno escolheu um modelo e

foi construído a sua, usando os materiais disponíveis. Uma árvore genealógica é

um histórico de certa parte dos antepassados de um indivíduo ou família. Mais

especificamente, trata-se de uma representação gráfica genealógica para mostrar as

conexões familiares entre indivíduos, trazendo seus nomes e, algumas vezes, datas

e lugares de nascimento, casamento, fotos e falecimento.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a aplicação do projeto de intervenção conclui-se que o cidadão é

alguém que exerce um papel importante na sociedade e que cada um é um

indivíduo em particular.

Com o desenvolvimento das atividades propostas foi possível observar

como as pessoas estão desinformadas sobre si mesmas. Cada cidadão precisar

estar em dia com a sua documentação e conhecer a sua própria história e de seus

familiares.

Em suma, a aplicação do projeto foi de grande valia, tendo em vista o

aprendizado que os alunos participantes do projeto puderam obter fazendo pesquisa

sobre a questão de ser cidadão.

No caso de aplicar novamente esse projeto ou indicar para outro professor

aconselharia iniciar pela apresentação dos problemas encontrados, ou seja, a

valorização do “EU”.

A aplicação do projeto foi de grande valia, tendo em vista o aprendizado

que os alunos participantes do projeto puderam conhecer melhor a sua própria

pessoa e a valorizar-se a si e a sua família, ou mesmo os que mais estão próximos.

Referências

ANGEUSKI, Plínio Neves. Instrumentos de exercício da cidadania. Curitiba:

SENAR, 2000.

COSTA, Carmen Lúcia Neves; GONÇALVES, Hortência de Abreu; MELO, Marcelo

Brito de. Educação Sustentável, Cidadania e Responsabilidade Social. Belo

Horizonte: Dimensão, 2005.

CRUZ, Gisele Thiel Della. Fundamentos Teóricos das Ciências Humanas –

História. Curitiba: IESDE, 2006.

FONSECA, Selva Guimarães. A nova LDB e o ensino de história. Belo Horizonte:

UFEMG,1998.

GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Técnico Jurídico. São Paulo:

Rideel, 2004.

TURQUINO, Gisele Braile. Papel da Educação e da Construção da Cidadania.

Curitiba: Senar, 2000.

VARGAS, Cláudio Pellini. Autoestima Porto Alegre: UFRS, 2010.

VOLPE, Altevir João. Homem, Cultura e Sociedade. Curitiba: IESDE, 2003.