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Educar para o Combate à Dengue: Evolução do Vírus e

Transmissão da Doença

Cristiane Hansen1

Rose Meire Costa Brancalhão2

Resumo

O presente estudo mostra os resultados do projeto “Educar para o combate à Dengue”, que explora, através do desenvolvimento de atividades lúdicas, a evolução do vírus da Dengue e a transmissão da doença. As atividades foram agrupadas em uma unidade didática apresentando questões relativas: aos vírus serem ou não seres vivos, fazendo-se analogia com sementes; a estrutura viral e seus componentes, onde foram utilizados modelos didáticos produzidos com material reciclado e de baixo custo; a replicação viral, com o uso de recursos tecnológicos, como vídeos e a produção de uma curta animação. Os conteúdos foram abordados de maneira simples, centrado no aluno, de forma a facilitar sua compreensão. Na explicação do ciclo do vírus da Dengue no Aedes aegypti e no ser humano foram utilizados gêneros textuais HQ (história em quadrinhos) e tira humorística. Os resultados demonstraram que através da dinâmica lúdica de ensino os educandos tiveram uma maior compreensão do conteúdo abordado, e as aulas tornaram-se mais prazerosas e motivadoras, de forma a auxiliar a prática pedagógica no ensino de Ciências.

Palavras-chaves: material didático; vírus da dengue; transmissão; ludicidade.

INTRODUÇÃO

A Dengue é uma preocupação nacional, esta doença infecciosa vem se

proliferando no Brasil, onde as condições climáticas e as características urbanas

favorecem o desenvolvimento do mosquito transmissor. Todos os anos o assunto

ganha destaque na mídia, devido aos altos índices de casos. Em 2013, houve um

aumento de 190% em notificações, em comparação a igual período de 2012. As

regiões Centro-Oeste e Sudeste lideram em número de notificações e a região Sul

apresenta a quarta colocação, sendo que no Paraná houve um aumento alarmante

de casos, 3.235% no período (Organização Pan-Americana da Saúde, 2013). A

tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai) se apresenta como um lugar de risco,

devido ao trânsito constante de pessoas, oriundas de várias regiões do Brasil e do

mundo, a falta de cuidado da população com a proliferação do mosquito transmissor,

1Cristiane Hansen, professora da Rede Estadual de Educação do Paraná, Colégio Estadual Ayrton

Senna da Silva, Ensino Fundamental e Médio. 2Rose Meire Costa Brancalhão, professora Universidade Estadual do Oeste do Paraná, orientadora.

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e muitos outros fatores que contribuem para a disseminação da doença (SESA,

2012).

No Brasil a Dengue está vinculada ao saneamento doméstico, já que 90% dos

focos do mosquito encontram-se nas residências (BRASIL, 2002). Diante disto,

ações educativas que informem a população se apresentam como fundamentais no

controle e prevenção da doença, e a escola é um espaço ideal para o

desenvolvimento de ações voltadas à educação em saúde, que visem minimizar o

impacto da transmissão da dengue no país e evitar novos casos da doença.

Observando essa realidade, e em como o ensino de Ciências pode auxiliar no

combate a Dengue, é que foi proposto este estudo, valendo-se de estratégias

lúdicas para trabalhar o ciclo infeccioso do vírus. Estas estratégias são importantes

no processo de construção do conhecimento científico relativo à dengue, e podem

ser utilizadas em todas as idades, especialmente na fase escolar.

Na tentativa de acompanhar as transformações desencadeadas pelo

conhecimento científico, a educação tem procurado adequar currículos e se adaptar

a temas transversais ligados ao cotidiano do aluno. Onde é necessária a utilização

de recursos e estratégias de ensino que proporcionem significado ao conteúdo

abordado e, consequentemente, favoreça a aprendizagem.

Pensar no ensino de forma diferenciada dos modelos tradicionais remete a

uma revisão da prática pedagógica, observando a melhor forma de transmitir os

conteúdos. Pode-se observar esse aspecto descrito nas Diretrizes Curriculares

Estaduais da disciplina de Ciências.

A aprendizagem significativa no ensino de Ciências implica no entendimento de que o estudante aprende conteúdos científicos escolares quando lhes atribui significados. Isso põe o processo de construção de significados como elemento central do processo de ensino-aprendizagem (DCE, 2008, p.62).

Muitos desafios são enfrentados nas escolas para que ocorra o pleno

desenvolvimento do ensino de Ciências. Estes desafios envolvem desde a

infraestrutura até a capacitação dos docentes. Reflexões têm surgido a respeito do

assunto, portanto, professores e pesquisadores, preocupados com os desafios que o

mundo tecnológico impõe a cada instante, mantêm um consenso sobre a esfera do

ensino de Ciências, o de que é preciso formar um cidadão capaz de enfrentar

desafios e refletir sobre seu cotidiano. Nessa perspectiva o ensino de Ciências está

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caminhando para uma nova postura, abandonando exercícios estruturalistas,

questionários com enunciados desconectados do contexto do aluno, produção de

resumos e outros sem nenhuma explicação.

Várias reflexões já se acumulam não só sobre como promover melhorias para o ensino dessa área, como sobre também sobre experiências positivas e os desafios encontrados nas escolas para seu desenvolvimento. Nesse sentido, é possível identificar certo consenso entre professores e pesquisadores da área de educação em ciências que o ensino dessa área tem como uma de suas principais funções a formação do cidadão cientificamente alfabetizado, capaz de não só identificar o vocabulário da ciência, mas também de compreender conceitos e utilizá-los para enfrentar desafios e refletir sobre seu cotidiano (KRASILCHIK; MARANDINO, 2007, p. 19).

Ao refletir sobre como o ensino de Ciências pode proporcionar aprendizado

ao educando de maneira que o mesmo sinta-se a vontade em discutir e

compreender o seu cotidiano, percebe-se a grande importância no uso de

estratégias lúdicas. Assim, possibilitando momentos de desprendimento ao receber

os conteúdos, sem estar sob os efeitos do ensinar para avaliar.

Para Castella et al. (2011) deve-se considerar que o lúdico em sala de aula

contribui para o processo de ensino-aprendizagem, tornando as aulas mais

agradáveis. Muitas são as estratégias lúdicas que se pode utilizar para desenvolver

um conteúdo, através de jogos, teatros, construção de histórias em quadrinhos,

contação de histórias, entre outros. É necessário ter em mente que instigar os

educandos para a criação de atividades lúdicas dentro do tema proposto, ou

resgatar outras ações historicamente conhecidas e que tiveram grande relevância,

pode contribuir para momentos de lazer aliado ao aprendizado.

Reencontrar o lúdico, entender o seu valor revolucionário, torna-se imperativo se deseja preservar os valores humanos no homem. Da mesma forma, através dele podemos resgatar a criatividade, ousando experiênciar o novo, acordar do estado vegetativo, improdutivo, disfuncional do corpo ou da mente e escolher tornar-se homem, resistindo às experiências de vida desumanizantes, acreditando em si, em suas ideias, sonhos e visões, elementos, entre outros, percebidos como intrínsecos dos homens e da

humanidade (MARCELINO, 2003, p. 31).

A escola pode possibilitar aos educandos momentos de contato com o

conhecimento científico de forma que esse ambiente não se torne um lugar de

rotina, possibilitando um espaço de interação e transformação. Através de atividades

lúdicas professor e aluno também provarão de momentos de interação quando estes

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passam a ganhar mais confiança e perceber o valor de aprender. Para Rau (2011,

p.31) qualquer atividade dirigida e orientada visa a um resultado e possui finalidades

pedagógicas, portanto, a ludicidade como recurso pedagógico tem objetivos

educacionais a atingir.

De acordo com as Diretrizes Curriculares para Educação Básica do Estado do

Paraná:

O lúdico permite uma maior interação entre os assuntos abordada e quanto mais intensa for esta interação, maior será o nível de percepções e reestruturações cognitivas realizadas pelo estudante. O lúdico deve ser considerado na prática pedagógica, independentemente da série e da faixa etária do estudante, porém, adequando-se a elas quanto à linguagem, a abordagem, as estratégias e aos recursos utilizados como apoio (PARANÁ / DCE, 2008, p.77).

O texto acima é bastante claro, o lúdico favorece as relações de interação do

educando com os conteúdos abordados pelos professores, fator primordial para que

o processo de mediação dos saberes não seja apenas o de transmissão de algumas

informações, o educando precisa se apropriar do conhecimento de forma autônoma,

desfrutando de momentos agradáveis na recepção de determinados conteúdos.

Considerando o exposto, é possível que ao abordar o ciclo infeccioso do

vírus da dengue com estratégias lúdicas com uma melhor receptividade do assunto

para os educandos. Por isso, percebe-se a grande importância da ludicidade na

prática pedagógica, estabelecendo elos de harmonia com atividades que despertem

o prazer em aprender e sensibilizem para tal assunto.

No caso do ensino sobre a virologia grande dificuldade se apresenta na busca

de material e informações científicas adequadas ao grau de desenvolvimento

cognitivo dos alunos. Nesse sentido, é importante o uso de estratégias para

compreender melhor esse organismo microscópio que não apresenta estrutura

celular. Na etimologia da palavra, vírus é de origem latina, cujo significado é

“veneno” ou “toxina”. Alguns estudiosos afirmam que talvez tenha se originado de

fragmentos de ácidos nucleicos que escaparam de células e penetraram em outras.

Os vírus são seres bastante simples e de tamanho microscópico, entre 0,01µm e 0,9

µm, sendo menores que as menores células que se tem conhecimento e, para sua

visualização, utiliza-se o microscópio eletrônico.

Estes organismos acelulares e constituídos principalmente pelo material

genético, ácido nucleico e também proteínas. O ácido nucleico pode ser DNA (ácido

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desoxirribonucleico) ou RNA (ribonucleico), nunca os dois juntos, sendo possível

encontrá-los na forma de fita simples ou fita dupla, formando quatro tipos de

genomas virais Proteínas envolvem e protegem o genoma viral formando um

envoltório, o capsídeo. O conjunto capsídeo e ácido nucleico denomina-se

nucleocapsídeo.

Os vírus podem ser classificados em tipos morfológicos diferentes, com base

na arquitetura do capsídeo. A estrutura do capsídeo tem sido elucidada por meio da

microscopia eletrônica e de uma técnica chamada de cristalografia de raio X.

Na classificação dos vírus é observada a assimetria do capsídeo que podem

ser icosaédricos, helicoidais e de estrutura complexa. Nos vírus icosaédricos, o

capsídeo apresenta simetria de um polígono de vinte faces triangulares. O material

genético desse vírus encontra-se no centro do polígono e é geometricamente

independente do capsídeo circundante. Em vírus helicoidais, o capsídeo possui uma

estrutura em forma de hélice, com o ácido nucleico no interior dessa estrutura. Os

vírus de estruturas complexas não são classificados como icosaédricos ou

helicoidais, são considerados vírus de estruturas complexas. Alguns vírus

bacteriófagos são desse grupo, pois, possuem uma morfologia poligonal no

capsídeo e uma cauda esférica.

Muitos vírus, além das estruturas destacadas, podem apresentar um

envoltório, sendo denominados vírus envelopados, já os vírus sem envoltório são

chamados de vírus não envelopados. Esse envelope viral circunda o nucleocapsídeo

e consiste em uma bicamada de proteínas específicas do vírus.

O vírus da Dengue (DENV) é um patógeno humano que causa uma doença

severa e potencialmente fatal. Existem quatro sorotipos diferentes de dengue: o

DEN-1, o DEN-2, o DEN-3, o DEN-4, os sintomas são bem parecidos, assim o

humano se contamina uma única vez pelo mesmo vírus. De acordo com algumas

pesquisas, o DEN-3 é o mais virulento, no entanto a gravidade da virose pode estar

na intensidade da replicação do vírus no indivíduo. Segundo dados da Fiocruz

(2013): O vírus da dengue pertence a família Flaviviridae e gênero Flavivirus, é um

arbovírus (aquele que é transmitido por insetos ou outros artrópodes) esférico,

semelhante a uma bola de golfe, apresenta o nucleocapsídeo(constituído por uma

fita simples de RNA viral mais proteínas), circundado pelo envelope com formato

icosaédrico, constituído por uma bicamada de fosfolipídios, oriundo da célula

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hospedeira. Ainda, proteínas, denominadas E e M, estão no envelope viral e atuam

na entrada do vírus na célula hospedeira humana.

Muitas vezes não são considerados seres vivos tendo em vista a ausência de

metabolismo próprio, já que se utiliza da energia metabólica fornecida por uma

célula, dita hospedeira; por isso, são parasitas intracelulares obrigatórios e fora das

células podem se cristalizar, como minerais. Esse aspecto provoca uma breve

discussão, é o princípio entre “o vivo e o não vivo” (LINHARES,

GEWANDSZNAJDER, 2011).

Entretanto, os vírus apresentam algumas características básicas de seres

vivos: Reprodução ou replicação, onde se utilizam da maquinaria enzimática de uma

célula hospedeira; Hereditariedade, os vírus apresentam seu próprio material

genético, na forma de ácido desoxirribonucleico (DNA) ou ácido ribonucleico (RNA),

que armazena as características hereditárias; Mutação, o material genético viral

sofre mutações (modificações) frequentes, como nos demais seres vivos3, e estas

podem melhor adaptá-lo, ou não, ao seu hospedeiro e condições do meio; Evolução,

esta acontece por meio de dois fatores, mutação (colocado anteriormente) e seleção

natural (o ambiente determina o organismo com maior capacidade de sobrevivência

e reprodução). Ressalta-se que as discussões entre classificar o vírus ou não como

um ser vivo, vão além da teoria celular do século XIX, que considerava basicamente

as seguintes características: todos os seres vivos tem organização celular; toda

célula se origina de outra preexistente; a célula é a menor porção da matéria viva

capaz de realizar as diversas funções que mantém vivo um organismo. Assim, tendo

em vista os avanços da Ciência, essa definição de ser vivo já se apresenta

superada.

Tendo em vista a complexidade destes organismos este estudo teve por

objetivo levar o conhecimento sobre o patógeno responsável pela Dengue, seu ciclo

de vida, características e transmissão através de estratégias lúdicas.

2-METODOLOGIA

O estudo foi realizado junto aos alunos do 7º ano do Colégio Estadual Ayrton

Senna da Silva – Ensino Fundamental e Médio no Município de Foz do Iguaçu, PR,

Brasil. Inicialmente, foi desenvolvido o material didático, a unidade didática, a ser

3Exemplos de mutações em humanos: Albinismo, Síndrome de Down, Síndrome de Patau.

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disponibilizada no site do Portal Dia-a-Dia Educação

(www.diaadiaeducacao.pr.gov.br). Esta unidade foi constituída por atividades

lúdicas, contendo alguns pressupostos teóricos sobre os conteúdos abordados,

como forma de oferecer subsídios ao trabalho pedagógico do professor.

Assim, a Unidade Didático-pedagógica apresenta informações sobre:

Etimologia da palavra e considerações sobre vírus serem seres vivos.

Informações teóricas foram obtidas de livros didáticos da área de

Ciências, Biologia e artigos científicos que abordam a questão da

dengue. Na discussão sobre os vírus serem seres vivos foi realizado

um experimento, germinação de sementes em meio úmido e seco, que

representou uma analogia do conceito vivo e não vivo. Os educandos

plantaram sementes na horta dentro de garrafas tipo pet. Atenção foi

dada para o plantio, dosagem de terra e água, bem como a rega

aconselhada. O experimento durou quinze dias e contou, assim, com

dois grupos, sementes em meio propício à germinação e sementes em

meio à germinação. Essa experiência exigiu dos educandos

observação e coleta de dados a cada três dias. Os resultados foram

anotados pelos educandos para no final socializarem com os demais;

Características morfológicas dos vírus: construíram-se estruturas (DNA

e RNA) com fios, arame e palito. Para demonstrar o capsídeo

helecoidal foram utilizadas as partes inferiores da garrafa tipo pet, Com

EVA colorido produziu-se os componentes do vírus da dengue.

Também foram feitas dobraduras para identificar a forma do vírus e o

mosquito da Dengue;

Sistema de reprodução viral: No laboratório de informática exibiu-se um

vídeo explicativo sobre a replicação do vírus da Dengue. Na sequência

os educandos realizaram a produção de uma curta animação, no

programa Power point, sobre a replicação do vírus;

Produção textual do Gênero HQ: Após leitura e interpretação da

história em quadrinhos intitulada “DENV e o Aedes aegypti”, realizou-

se a produção de HQs, possibilitando novas versões, considerando a

mesma temática;

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Produção de tira humorística: Leitura da tira humorística “Gui em: Tô

nem aí”, em seguida explorou-se o humor gráfico através das imagens

e palavras sobre o ciclo do vírus da Dengue no ser humano;

Tipos de Dengue e sintomas da doença no ser humano: Realizou-se

uma dramatização para representar os sintomas da Dengue no ser

humano. Para essa atividade os educandos produziram o roteiro com

as falas dos personagens, organizaram os cenários para as

apresentações, fizeram a escolha musical e dos figurinos. A

apresentação foi realizada na sala de aula.

3-RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Unidade Didática desenvolvida “Educar para o combate à Dengue”,

possibilitou o ensino do vírus da dengue, através da utilização de metodologias

lúdicas. A ludicidade auxilia o trabalho pedagógico docente, uma vez que envolvem

e motivam os alunos no processo de ensino e aprendizagem. Com isso, as aulas se

apresentaram mais atrativas aos alunos e também ao professor, fator que interfere

de forma positiva na melhoria da qualidade das aulas de Ciências. .

Assim, por exemplo, na atividade experimental de plantio de sementes, cujo

objetivo foi mostrar aos alunos que seres vivos podem permanecer em um estado de

vida latente, houve o envolvimento ativo dos educandos em todas as etapas do

processo, comprovado pelo cuidado constante na germinação, acompanhamento e

análise dos resultados. Conforme Rosito (2008), a experimentação é essencial para

um bom ensino de Ciências, já que permitem maior interação entre professor e os

alunos, proporcionando, em muitas ocasiões, a oportunidade de um planejamento

conjunto e o uso de estratégias de ensino que podem levar a melhor compreensão

dos processos científicos.

O mesmo envolvimento foi observado nas atividades de confecção de

material didático, como a construção do modelo morfológico do vírus. Como os

materiais utilizados foram acessíveis, em termos de custos e disponibilidade, sua

reprodução permitiu o envolvimento de todos na atividade, o que auxiliou na

compreensão do conteúdo apresentado. Balbinot (2004).coloca que os modelos são

ferramentas que estimulam o raciocínio dos alunos, possibilitando que o mesmo

construa as analogias com o mundo real, passando a dar significado à Ciência (

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Outra atividade que despertou o interesse dos alunos foi a de produção de

uma animação sobre a replicação do vírus. Vale lembrar que nossos alunos,

adolescentes, em grande parte, já dominam os aparatos tecnológicos, o que auxiliou

nas animações. Cabe destacar, que a atividade despertou o companheirismo entre

os colegas, uma vez que os que tinham maior conhecimento em informática

auxiliaram os demais em suas produções.

O uso de histórias em quadrinhos (HQ) e tiras humorística para explicar o

ciclo de vida do vírus da Dengue no mosquito Aedes aegypti e no ser humano,

facilitaram a compreensão do assunto, sendo que os gêneros trazem recursos

verbais e não verbais, explorando os efeitos de sentidos e a relação com o

conteúdo. Esse aspecto foi observado durante as aulas de produção de novas HQs

e tiras humorísticas. Apesar da simplicidade na apresentação as HQ são

consideradas gêneros tão complexos quanto os outros, no que tange ao seu

funcionamento discursivo (MENDONÇA, 2002).

Assim os quadrinhos acompanham hoje, uma dimensão de valorização

internacional e esse aspecto não pode ser desvalorizado como instrumento para o

trabalho pedagógico nas escolas (SRBEK, 2001). Devido ao fato dos quadrinhos

estarem se disseminando cada vez mais por todas as mídias, chegando aos

cinemas, à TV e à internet é importante compreender como ele pode se adaptar à

realidade do nosso sistema educacional.

A dramatização também foi outra estratégia lúdica que auxiliou na

compreensão dos tipos de Dengue e seus sintomas. Nessa atividade foi proposto a

produção de um roteiro para representar o conteúdo sobre tipos de Dengue e

sintomas da doença. Com a participação da maioria da turma, dividida em grupos,

houve a execução de diferentes tarefas, como confecção de cenário, montagem de

figurinos, iluminação, monitoramento de som e outros aspectos da dramatização.

Dessa forma, mais fácil para apresentar a comunidade escolar. Como destaca

Benjamim (1984, p. 15) “Vozes, gestos, narrativas e cenários criados e articulados

pelas crianças configuram a dimensão imaginária, revelando o complexo processo

criador envolvido no brincar”.

Konder (2000, p. 30) aponta que “a criança pode realizar a tarefa fundamental

de aprender através da sensibilidade artística, provocando o reconhecimento de

certos valores éticos que são importantes para a vida em sociedade e também para

seu autoconhecimento”. Assim, propor a dramatização é também apontar caminhos

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para a aprendizagem, com um olhar mais apurado sobre a realidade que cerca

nosso educando, e o professor se desloca do quadro de giz para mediar as ações

no palco. Os alunos são os protagonistas desse momento, tendo a oportunidade de

demonstrar talento com conhecimento.

Para Moran (2008) “a escola precisa partir de onde o aluno está, das suas

preocupações, necessidades, curiosidades e construir um currículo que dialogue

continuamente com a vida, com o cotidiano”. Dessa forma, as estratégias lúdicas

aliadas ao uso dos recursos tecnológicos poderão contribuir para o ensino de

Ciências.

4-CONSIDERAÇÕES FINAIS

As atividades didáticas lúdicas desenvolvidas possibilitaram uma maior

motivação e envolvimento dos alunos no ato de aprender. Questões relativas aos

vírus serem seres vivos foram facilmente exploradas pelo uso da analogia. A

mistificação da estrutura microscópica viral foi superada com a utilização dos

modelos construídos com garrafas tipo pet. Outro aspecto que chamou a atenção

dos educandos foi a interação com os recursos tecnológicos, momento em que

produziu-se animações para representar a replicação do vírus da Dengue. Porém,

tivemos que contar também com o uso dos dispositivos móveis dos estudantes

envolvidos no projeto, pois nem todos os computadores da escola funcionaram. Com

isso, observou-se que é possível desenvolver atividades usando a tecnologia para

explicar conteúdos de Ciências, uma vez que os educandos dominam muito bem os

recursos tecnológicos.

O uso dos gêneros textuais Tira humorística e História em quadrinho também

agradaram os alunos, já que se sentiram motivados a entender melhor o processo

infeccioso. Durante uma aula, observou-se alunos atentos ao seu trabalho,

realizando releituras dos textos estudados em forma de desenhos. Os mesmos

representaram a capacidade de leitura e interpretação, bem como reconheceram a

diferença entre os gêneros, o que fez com que despertassem a criatividade ao

produzirem novas narrativas. Todos participaram dessas atividades, produziram

releituras dos gêneros propostos sem nenhum problema de indisciplina ou outras

atitudes que atrapalhassem a turma e o andamento do projeto. Isso complementa a

nossa proposta que visa trabalhar o lúdico para o conteúdo ter melhor recepção.

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Na atividade de produção de roteiro de peça teatral considerou-se a

originalidade do texto, bem como a organização de cenário e outros itens que

compuseram a apresentação para a turma. Foi uma atividade que despertou alguns

alunos inibidos a realmente interagirem com os demais. O entusiasmo para realizar

a apresentação envolveu a turma toda, cada um desempenhou a função com que

tinha afinidade. Os materiais para o cenário vieram das próprias casas dos alunos, o

que caracterizou ainda mais o trabalho Sugeriremos a equipe pedagógica e direção

escolar para que incluam o tema Dengue no PPP do Colégio, para que os outros

educadores também possam dar suas contribuições envolvendo as diversas áreas

do conhecimento.

A experiência de vivenciar o PDE trouxe um novo olhar sobre a prática

docente, com estratégias diferenciadas, que podem atingir um objetivo proposto

dentro do ensino de Ciências. A produção de material lúdico para abordar uma

questão tão emergente como a Dengue. As atividades lúdicas permitiram aos

educandos aguçar a imaginação e a invenção, aproximando o real do imaginário.

Com isso, o aluno certamente incorporou e ampliou seus conhecimentos sobre o

assunto estudado.

Vivenciar o conteúdo por outro caminho, ou seja, de forma lúdica, é

proporcionar ao educando entendimento deforma prazerosa. Portanto, compreender

o processo do ciclo infeccioso do mosquito no humano e nele mesmo através de

estratégias lúdicas, despertando o interesse pela experiência, pela construção de

objetos, pela dramatização é uma alternativa para as aulas de Ciências, desviando-

se de aulas centradas somente nos livros didáticos e fazendo valer também a

prática. Nessa perspectiva estudar torna-se muito mais interessante e relevante, o

aluno estuda e compreende também a partir do que consegue entender, aquilo que

faz sentido é compreendido.

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