OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · violência instalada em diferentes lugares...

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

A contribuição dos jogos e brincadeiras e a Indisciplina escolar.

Neusa Maria Domingues

Roseli Terezinha Selicani Teixeira

RESUMO.

O presente artigo tem por objetivo analisar as principais causas da indisciplina na

escola na percepção dos alunos e de professores da área de educação física. Para

o estudo foi priorizado os jogos e brincadeiras populares com o intuito, de ir além

das intenções do modo como se elabora cada jogo ou brincadeira. Mais, utilizar este

conteúdo da disciplina de Educação Física objetivando ampliar as possibilidades no

combate à indisciplina escolar. Para esta construção, foram utilizadas aulas de

educação física, buscando possibilidades existentes em jogos e brincadeiras

populares, procurando promover situações que possam levar o educando ao

entendimento claro, conciso do que é liberdade e limites. O jogo com seu aspecto

lúdico pode levar o educando, de maneira prazerosa, a refletir e a discutir várias

maneiras de estabelecer limites. Obtendo como parâmetro para discussões, as

normas que norteia cada jogo, ou brincadeira.

Palavras - chave: Jogos populares, indisciplina, escola.

ABSTRACT

This project aims to analyze the main causes of indiscipline in school in the

perception of the students and teachers in the Physical Education area. The study

was prioritized the games and the popular gamesin order to go beyond the intentions

of the way it develop every game. In addition, using this content in the Physical

Education subject that aim to broaden the possibilities to combat the lack of discipline

in school. For this construction, Physical Education classes were used, it seeks

possibilities for games and popular games, to promote situations which might lead

the student to the clear understanding of what is concise limits and freedom. The

play with his playful aspect can lead the student, in a pleasant way to reflect and

discuss various ways of setting limits. Obtaining as parameters for discussion, the

rules that guides each game.

Key words: Popular games, indiscipline, school

INTRODUÇÃO

Este artigo teve como objetivo analisar as principais causas da indisciplina na escola

na percepção dos alunos e de professores da área de educação física. Questões

como indisciplina e violência escolar são objetos de estudos no mundo

contemporâneo. Tempos modernos, com as mudanças na sociedade surgem

fenômenos que precisam ser questionados, fenômenos esses relacionados com a

violência instalada em diferentes lugares dentro da sociedade e manifestada de

modo distinto em cada lugar. De maneira geral todos buscam ações diferentes para

conviver com a insegurança, problema muito discutido na sociedade em que

vivemos. É apontada sob vários adjetivos, dependendo do lugar e como ela se

manifesta, sendo que, no espaço escolar em especial nas escolas brasileiras, ela é

apontada como uns dos fatores, que dificulta segundo discurso dos professares,

ações quanto às práticas pedagógicas.

Diante desse problema presente nas escolas da atualidade esta discussão é

relacionada à indisciplina e suas implicações durante o desenvolvimento do ensino –

aprendizagem gerando o fracasso escolar. Que vem sendo debatido em diferentes

campos de ensino. Qualquer pessoa que de alguma forma esteja ligada à educação

sabe diagnosticar o fenômeno, porém não consegue ter uma visualização clara do

que desencadeia o baixo aproveitamento escolar. Dentro deste contexto é apontada

com grande evidência, como maior vilão, a indisciplina. Deixando uma intrigante

pergunta sobre o tema: Quais os fatores que contribuem/ou tornam o aluno (in)

disciplinado?

A história da sociedade é marcada por grandes transformações, com

diferente marcos, separada geograficamente pelo tempo e espaço. Nesse sentido

cada povo possui forma e sistema de vida que os identifica e sustenta seus

princípios, uma forma de educação. Cada povo tem suas próprias características,

seu desenvolvimento econômico e sua forma de conviver com a natureza. Podem-se

reconhecer um país, estado, enfim uma comunidade conhecendo seus bens

culturais. Toda gama de comportamento dá a um povo uma identidade própria. Essa

forma de expressar que flui por meio da mediação entre pares, revela a base

filosófica pela qual foi construída e constituída tal sociedade.

A educação é umas das atividades mais elementares do homem: ela se inscreve no princípio de uma sociedade e do desenvolvimento dos indivíduos. Ela se renova sem cessar, no duplo sentido de novidade e de devir, por meio dos nascimentos, mas igualmente pela evolução das sociedades. Esse princípio universal é descrito como fundamento antropológico que liga o indivíduo à espécie, à cultura e à sociedade (MORANDI, 2002, p.19).

A educação concomitante à sociedade evolui e se modifica por meio das

necessidades que os indivíduos julgam ter, surgindo assim fenômenos prazerosos

ou assombrosos ou no mínimo inquietantes. Um dos fenômenos surgido na

atualidade é a insegurança e, em pleno século XXI, com o ocidente modernizado, a

humanidade convive com a insegurança instaurada em suas relações sociais. De

tempos em tempos a população é bombardeada com notícias sobre violência

acometida sobre alguém ou a determinado grupos de pessoas. A sociedade se

depara com certo nível de incivilidade retratada em agressividade de certos

indivíduos. Ato aumentado dia após dia, Individualmente ou coletivamente em prol

de quê? Em defesa e interesse de quem ou do quê? Principalmente por que, surgem

indivíduos com atos arbitrários tornou-se angústia em várias estâncias da sociedade

atual.

A evolução do comportamento humano sempre foi objeto de pesquisa. Entre

elas, o porquê do surgimento de atitudes agressivas em alguns indivíduos ou

determinados grupos, na busca de resposta e caminhos que norteiam contribuições

para disseminar ou diminuir os desarranjos estabelecidos nas relações entre os

homens. Onde quer que elas ocorram. Quer nos espaços macros sociais. Quer nos

espaços micros sociais.

Pensar em comportamento, em espaços, ressalta-se nesta pesquisa o

espaço escolar, lugar por excelência exclusivo a socialização e educação, sofre com

desarranjos em seu interior. Na atualidade frente a esse problema presente na

sociedade em que vivemos, existe uma clara preocupação no cotidiano das escolas

brasileiras, como um fenômeno surge à indisciplina, dificultando segundo discurso

dos professares, suas ações quanto às práticas pedagógicas. Na maioria das vezes

se ouve que, a indisciplina tornou-se uma espécie de muro a ser ultrapassado para

que se atinja o objetivo proposto pelas escolas. Um indivíduo emancipado, crítico

capaz de analisar, interferir e fazer contribuições na sociedade da qual faz parte.

Para as Diretrizes e Bases da Educação Básica as dimensões do conhecimento fundamentam-se nos princípios teóricos expostos,

propõe-se que o currículo da Educação Básica ofereça ao estudante a formação necessária para o enfretamento com vistas à transformação da realidade social, econômica e política de seu tempo (PARANÁ, 2008, p, 20)

Porém se observa que no interior das escolas a indisciplina não só vem

aumentando como também dificultando a realização de práticas educativas de

qualidade e comprometendo o processo de ensino aprendizagem. Para (Vygotsky,

1999, p.57), o conhecimento é construído nas relações sociais, o ser humano

adquire conhecimento em todas as dimensões, família, igreja, escola meio em que

vive um processo que acontece sob mediação. Essa mediação segundo os

discursos que se ouve pelos educadores no interior das escolas está fragmentada.

Um número grande de educadores aponta a indisciplina como um fenômeno com

capacidade de dificultar a relação escola/aluno/professor. Todavia não se pode

atribuir o fracasso escolar somente à indisciplina embora à indisciplina possa

contribuir significativamente nesse processo.

O próprio conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com um conjunto de valores e expectativas, que variam ao longo da história, entre diferentes culturas e numa mesma sociedade: nas diversas classes sociais nas diferentes intuições e até mesmo dentro de uma camada social ou organismo. Também no plano individual a palavra indisciplina pode ter diferentes sentidos que dependerão das vivências de cada sujeito e do contexto em que forem aplicadas (AQUINO, 1996. p.84).

Neste sentido, a indisciplina se constitui em um tema complexo e nos leva

aos diferentes caminhos e reflexões, por exemplo, meio em que o indivíduo vive, a

família, seu contexto social bem como, economia e educação que lhe é

disponibilizada.

Para Aquino, a indisciplina, talvez seja o inimigo numero um dos educadores atual, cujo manejo às correntes teóricas não conseguiram propor de imediato, uma vez que se trata de algo que ultrapassa o âmbito estritamente estático e pedagogo, imprevisto ou até insuspeita no ideário das diferentes teorias pedagógicas (AQUINO 1994, p. 40).

Assim a indisciplina é um sintoma que não tem como ponto de partida o

interior escolar, mas que supostamente tenha articulação aos movimentos externos

a ela. A exemplo das relações sociais da atualidade que sofreu grandes inovações

oriundas da intervenção do homem ao meio em que vive, a desestrutura familiar, e

os fatores sócio/políticos. Neste sentido, existem atos de determinado indivíduo que

procede da própria vontade levando o indivíduo a reagir sob seu entendimento e o

que julga necessário. Segundo o dicionário da língua portuguesa Silveira Bueno, a

Indisciplina significa; a desobediência, a rebelião, a insubordinação. Essa

desobediência, insubordinação ou rebelião pode ser culpada realmente pelos

problemas no interior das salas de aulas, influenciando quanto a compreensão e

absorção de conteúdos. Assim ressaltando a necessidade de reflexão sobre as

práticas pedagógicas, avaliar a responsabilidade atribuída ao professor. Haja vista

que toda regra tem exceção, existe soluções isoladas até personalizadas de alguns

professores que conseguem combater ou resolver problemas pontuais, como serem

enérgico sem ser autoritário, ter ações coerentes e que suas cobranças sejam

pautadas em reciprocidade. AQUINO (1994). Existem muitos educadores

carregando consigo muitas incertezas em suas interpretações sobre o agir do aluno,

como considerar um ato indisciplinado, como contextualizar, qual tipo de atitude

tomar. Essa incerteza torna importante esse estudo.

METODOLOGIA

Na busca de encontrar caminhos que norteie a prática de professores este

estudo se caracterizou como de campo e utilizou jogos e brincadeiras populares

onde foram organizados e priorizados alguns tipos específicos procurando sempre

incentivar a imaginação da criança. Ajudando-as de forma prazerosa a fazer

contextualização dos mesmos correlacionando-os com a vida cotidiana

A imaginação é um processo psicológico novo para a criança, representa uma forma especialmente humana de atividade consciente que não está presente na consciência das crianças muito pequeninas e está ausente nos animais. Ela surge primeiro em forma de jogo, que é a imaginação em ação (VIGOTSKY, 2007,p.109).

Percebe-se que para a criança usar a imaginação em forma de jogo em

tempos capitalistas é reproduzir rapidamente ideias preestabelecidas pela era

tecnológica. Na atualidade os jogos e brincadeiras vêm com manual de instrução

com ditames de como utilizar. Ordens estabelecidas pelos fabricantes, que

determinam qual brincadeiras/jogos e qual faixa etária são apropriadas de forma

homogênea sem muito explicar. Em tempos modernos se ganham tempo e

praticidade seguindo as orientações e classificações nas caixas de brinquedos e/ou

CD/DVD contendo inusitados jogos e brincadeiras, como músicas desenhos

animados e filmes infantis. Não se perde tempo inventando brinquedo ou brincadeira

ao ar livre, na atualidade os espaços destinados a brincadeiras não são suficientes.

Os espaços livres estão delimitados. Porque as áreas urbanas sofreram e sofrem

transformações constantemente para se ajustar aos ditames da era

tecnologicamente avançada e, às crianças restaram pequenos espaços como

playground, pracinhas e parques. Concomitante a essa perda de espaços

destinados a infância, surgiu outro problema oriunda do progresso, a insegurança.

Hoje, estudado como violência escolar ou indisciplina, sendo apontada como

provedora de desconforto no interior das escolas e ainda culpada de tirar da

instituição um índice favorável de ensino aprendizagem objetivado por todas as

áreas de conhecimento. Esses fenômenos, violência urbana, estreitamento de

espaços foram levando as crianças a conviverem mais com adultos e

simultaneamente a fazer uso de tecnologias como TV, computadores, tablet, e os

incríveis celulares cada vez mais sofisticados. O acesso a games eletrônicos, a

brinquedos de alta funcionalidade faz parte naturalmente da vida infantil. São

comuns para a maioria das crianças operarem os celulares sempre mais complexos

deste século. Esta realidade também abre caminho para a que a criança tenha

contatos com pessoa completamente diferente de sua realidade social, podendo

dessa forma sofrer influências nem sempre bem vinda à sua vida e a seu loco

status. Essa nova vida social deixa às crianças um conhecimento abreviado sobre

jogos e brincadeiras populares ficando somente nos primeiros anos de vida.

Neste estudo utilizou-se o conteúdo jogos e brincadeiras populares

buscando caminhos que possam auxiliarem a escola a diminuir ou disseminar a

indisciplina, contribuindo assim para uma absorção maior de apreensão de

conhecimentos oferecidos por todas as áreas de conhecimento. Cabendo então ao

professor da disciplina de Educação Física o levantamento histórico dos jogos e

brincadeiras tradicionais, as saudosas e divertidas brincadeiras de ruas onde as

cantigas, falas, palmas ritmavam as ações das crianças envolvidas nas brincadeiras

e nos jogos. Esses jogos e brincadeiras dependem das decisões tomadas em

conjunto dos componentes para seu desfecho final, que pode variar, dependendo

das decisões tomadas em comum acordo de todo o grupo.

A capacidade de simbolizar e de jogar com a realidade através da fantasia e dos próprios símbolos coletivamente estruturado a linguagem verbal (oral e escrita) os mitos a religião a ciência, é que permite ao homem viver numa nova dimensão da realidade: O universo simbólico. É a apresentação (simbolização que possibilita a interiorização do mundo) (KISHMOTO, 2003, p. 54).

Por meio de vivências teóricas e práticas, com os jogos e brincadeiras foram

explorados questionados, contextualizados, provocando estímulo à criatividade. O

público alvo envolvido nas atividades foram 30 alunos de 6º ano, do Colégio

Estadual Santos Dumont Ensino Fundamental e Médio, do Município de Santa Cruz

de Monte Castelo, Estado do Paraná, Brasil. O número mínimo de aulas necessárias

para aplicação da pesquisa foram de (32) trinta e duas horas aulas.

Optou-se por buscar caminhos que auxilie uma compreensão da indisciplina

na escola por meio dos jogos e brincadeiras populares por observar a grande

reclamação de professores no interior da escola a respeito da dificuldade em se

fazer entender em sala de aula, não conseguindo alcançar o objetivo propostos em

suas práticas pedagógicas. Observando também as dificuldades encontradas em

manter determinada ordem quando há comemorações apresentada a/e com eles.

Grande falácia se dá também em horários de intervalos entres as aulas e hora de

alimentação, ‘recreio’. Outro fator inquietante, a existência de alunos sendo

medicado como imperativos.

A preferência em utilizar jogos e brincadeiras populares foi por entender que

nas escolas pouco se vivência jogos e brincadeiras populares, quando os alunos

têm essa prática nota-se claramente o prazer dos mesmos em experimentar

qualquer atividade. Por entender também que pela vivência em jogos e brincadeiras,

o aluno pode ser capaz de estabelecer conexão entre o imaginário e o real

INDISCIPLINA NA ESCOLA

Tema complexo que nos leva a diferentes caminhos e reflexões, pois

envolve todo contexto da vida do indivíduo. Como a família, economia e educação.

Segundo estudiosos o tema indisciplina é demasiadamente complexo tanto como ela

se manifesta quanto o que pode ser considerado indisciplina.

O próprio conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona

com um conjunto de valores e expectativas, que variam ao longo da história, entre diferentes culturas e numa mesma sociedade: nas diversas classes sociais nas diferentes intuições e até mesmo dentro de uma camada social ou organismo (AQUINO, 1996, p. 84).

A indisciplina escolar tece linhas tênues entendidas como: as gangues, as

xenofobias, o bullying, o racismo entre outras formas de discriminação e

preconceitos. Assunto contemporâneo é discutido em várias partes do mundo. Na

França, por exemplo, esse fenômeno é visto por alguns estudiosos como

incivilidade. A interpretação sobre comportamento diverge de pessoa para pessoa,

mesmo de quem é considerado indisciplinado, e o olhar de quem o aponta como tal.

Muito peculiar, ela se modifica e se renova de acordo com o tempo e espaço.

Característica própria da evolução da humanidade, que tudo muda na pretensão de

uma vida e mundo melhor. Mesmo diante dessa perspectiva de mudança do bem e

para o bem. Nada fica no lugar e às vezes perdem o lugar. É o novo se inovando. É

assim em tempos tecnológicos.

A velocidade inserida no cotidiano das pessoas nesta sociedade

contemporânea obriga assimilar informações completamente novas ou

completamente inovadoras, em pouquíssimo tempo. Apontando para a necessidade

de uma pausa para melhor entendimento, forçando a busca de novos

conhecimentos diante da adversidade.

Para as Diretrizes e Bases da Educação Básica as dimensões do conhecimento fundamentam-se nos princípios teóricos expostos, propõe-se que o currículo da Educação Básica ofereça ao estudante a formação necessária para o enfretamento com vistas à transformação da realidade social, econômica e política de seu tempo (PARANÁ, 2008, p. 20).

Nada é estático dentro da história da humanidade o tempo não para,

portanto, é preciso acompanhá-lo decifrando códigos entendendo o novo, buscando

respostas. A vida escolar não pode ficar indiferente a essa metamorfose não pode

ficar a deriva, como lugar exclusivo das relações sociais, tem que renovar sempre

sua práxis por meio do trabalho científico da pesquisa.

No mundo contemporâneo, numa sociedade transformada e moldada sob viés

do capitalismo todo seu núcleo sofre mudanças e segrega valores intrínsecos a seu

ambiente. Traduzir então um comportamento oriundo de um indivíduo é árduo, mas

não significa que não se possa acreditar que seja possível combater a indisciplina na

escola. Embora para que isso aconteça há de ser feita constantemente uma

investigação pedagógica a respeito. Assim, embasado em discussões em teorias

recentes e/ou antigas sobre o assunto possa vir a ter

respaldo e amplitude de visão, propiciando diversas formas de interpretar uma

situação como indisciplina na escola.

Entendendo que a sociedade contemporânea convive com a evolução

tecnológica que facilita o acesso a informação, a exemplo da internet que propõe

relacionamento por meio de várias redes de interação on-line, sofisticando e

ampliando saberes e novas formas de apropriação dos mesmos, podendo desta

maneira agregar normas inerentes ao seu lócus status. Existindo possibilidades que

possam interferir e adentrar o espaço escolar que é destinado ao processo de

educação e socialização, novas práticas devem ser buscadas para que se possa

compreender essa realidade. Guimarães (1994) (apud AQUINO, 1994, p. 80)

Portanto, nem uma liberação geral, nem ordem absoluta têm eficácia sobre o movimento dos diferentes grupos que compõem o território escolar, e que obedecem as leis próprias. O conforto da escola com essas leis obriga à negociação, á adaptação. Quanto maior a sua capacidade em assumir e controlar a violência, mais a escola dará ao conjunto uma mobilidade que permitira driblar e agir com tolerância perante os diferentes tipos de ação.

As expectativas evidenciadas a partir dos estudos preliminares apontam que

os jogos oferecem criatividade e propõe problemas, permitindo em sua elaboração

novos estratégias em busca de soluções.

JOGOS E BRINCADEIRAS POPULARES E SUAS POSSIBILIDADES

O ser humano é um ser sensível que, diante do mundo, busca significações, o que torna seu pensamento dinâmico por excelência; e é a metáfora, com suas múltiplas possibilidade de combinação, que possibilita a mediação entre realidade e pensamento (KISHIMOTO, 2003, p. 47).

Na atualidade há a necessidade de buscar a história da especificidade do

simbólico do ser humano tanto quanto a concepção consciente que atualmente se

encontra cada dia mais massificado. Numa sociedade onde tudo é reduzido, a

criação tem pouco espaço, o imaginário da criança ficou sintetizado diante do

progresso. Sua infância está meio engessada, falta espaço para que elas possam

viver de maneira plena e enriquecedora. Diante de tanta tecnologia não se tem muito

que pensar ou partem de algo já construído, ou se brinca com o já proposto.

O ser humano possui imaginação e uma inteligência simbólica que vai além

das práticas e é incontestável, por ser bem clara a transição do abstrato para o

concreto. A criança precisa de espaço, inclusive de tempo para exercitar seu

imaginário e desta construção imaginária fazer a transição de uma forma para outra.

É no simbolismo que as crianças associam o imaginário ao real, fazem conexão

entre um e outro, neste momento ela tem controle da situação e criam possibilidade

de construção ou reconstrução. É pelo pensamento que o ser humano cria lugares e

possibilidades que norteiam suas dificuldades pessoais e/ou revela soluções. Toda

ação do homem primeiramente se dá pelo simbólico. Para Luria (2006), uma

situação objetiva imaginária também é uma situação das relações humanas.

Portanto, um traço bem definido do jogo, é que, mesmo numa situação imaginária a

criança pode pacificamente se submeter à regra do jogo a qual ela (as) mesma

optou por existir.

A situação objetiva imaginária desenvolvida é sempre, também, uma situação de relações humana nela desenvolvidas. Um traço marcante nos jogos, com uma situação imaginária desenvolvida e relações sociais, é precisamente o de que surge neles um processo de subordinação da criança às regras da ação, processo este que surge das relações estabelecidas entre participantes do jogo (LURIA, 2006, p.136.).

Segundo Marcelino (2003) O lúdico proporciona o resgate da

criatividade,trabalha a autoestima, preserva valores, leva o educando a acordar e

fazer escolhas.

Reencontrar o lúdico, entender o seu valor revolucionário, torna-se imperativo se deseja preservar os valores humanos no homem. Da mesma forma, através dele podemos resgatar a criatividade, ousando experimentar o novo, acordar do estado vegetativo, improdutivo, disfuncional do corpo ou da mente e escolher tornar-se homem, resistindo às experiências de vida deslumbrantes, acreditando em si, em idéias, sonhos e visões, elementos, entre outros, percebidos como intrínsecos dos homens e da humanidade (MARCELLINO, 1995, p. 31).

Segundo SOARES (1995), os conteúdos devem ser organizados de forma

que respeite o contexto social do aluno e sua cultura para que realmente o mesmo

faça sentido para ele. Desta maneira a prática pedagógica do professor estará

realmente tratando das competências da escola.

Os conteúdos são realidades exteriores ao aluno que devem ser assimilados e não simplesmente reinventados, eles não são fechados e refratários às realidades sociais, pois não basta que os conteúdos sejam apenas ensinados ainda que bem ensinados seja preciso que se ligue de forma indissociável a sua significação humana social (SOARES e. al., 1995, p. 39).

A realização desse estudo se constituiu num espaço de reflexão e

possibilidades de intervenção significativa nas aulas de educação física no combate

a indisciplina presentes no espaço escolar, buscando encontrar caminhos que

norteie outras interpretações que possam auxiliar os professores a terem novos

olhares, sobre o fenômeno indisciplina. Assim sendo, a Educação Física deve dar

sua contribuição na formação de indivíduos críticos e transformadores, por meio de

conteúdos que os orientem à contextualização, pesquisa e a reflexão sobre as

práticas desta área de conhecimento.

A EDUCAÇÃO FÍSICA E A ESCOLA

Nenhuma área de conhecimento sozinha, dá sustentação a uma visão

ampla do aluno. É necessário que aja uma articulação entre todas áreas de

conhecimento para que o aluno tenha uma visão diferenciada, e assim criar

possibilidades que viabilizem a compreensão do aluno sobre o mundo em que está

inserido. Propiciar caminhos que o leve a entender os aspectos políticos, históricos,

sociais, econômicos e culturais de seu tempo viabilizar caminhos que o conduz ao

discernimento que o leve a ter capacidade de ultrapassar limites.

Neste sentido a Educação Física conduzida por uma diretriz onde são

apresentados os conteúdos estruturantes: Esporte,Jogos e brincadeiras, Ginástica,

Lutas e Danças, e os define como conhecimento de amplitude.

Nestas diretrizes Curriculares, os conteúdos Estruturantes foram definidos como os conhecimentos de grande amplitude, conceitos ou práticas que identificam e organizam os campos de estudos de uma disciplina escolar, considerados fundamentais para compreender seu objetivo de estudo/ensino (SECRETARIA DA EDUCAÇÃO, 2008, p. 62).

Ao professor de educação física cabe a responsabilidade de trabalhar cada

conteúdo estruturante garantindo aos alunos o que lhe é de direito a

contextualização e reflexão sobre cada atividade praticada. Neste contexto abre

espaço para a discussão sobre as possibilidades de fazer conexão entre a prática

em jogos e brincadeiras populares e a vida social do aluno.

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Com o objetivo de apresentar os dados obtidos no transcorrer desta pesquisa,

Apresenta-se neste momento os resultados obtidos com o primeiro questionário

fechado, dados obtidos em gráficos, enumerados de um a oito, correspondentes ao

número de questões existentes na primeira coleta de dados. O gráfico 1 refere-se a

faixa etária apontando que, 93% são menores de onze anos, e apenas 7%são

maiores de doze anos, estudantes do sexto ano (B) matutino do Colégio Estadual

Santos Dumont, do Município de: Santa Cruz de Monte Castelo, Paraná. Brasil.

Gráfico 1

O gráfico 2 aponta que 90 %, dos entrevistados disseram que já tiveram

algum contato com jogos populares por meio de brincadeiras. Essa porcentagem

além de apontar o conhecimento prévio do estudante, indica o percentual histórico

individual de cada aluno, bem como a interação dos entrevistados com a ferramenta

utilizada no decorrer da pesquisa. Jogos e brincadeiras populares também

conhecidos como jogos tradicionais sofrem modificações sempre que praticado, haja

vista que é possível encontrar várias versões de uma mesma brincadeira ou jogo. O

brincar, se encontra no recrear-se com liberdade de construção e ação, não

existindo necessidade se prender em gênero, condições socioeconômicas, e/ou

outros.

Toda denominação pressupõe um quadro sócio-cultural transmitido pela linguagem e aplicado ao real.Dessa forma,

enquanto fato social, o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. É este o aspecto que nos mostra porque o jogo aparece de modos tão diferentes, dependendo do lugar e da época (KISHIMOTO, 2003, p. 108).

Gráfico 2

Neste universo, não existe fronteiras, mesmo que 10% dos alunos

entrevistados afirmem, não terem tido contado com jogos e brincadeiras. Existe a

possibilidade de não terem conhecimento do que sejam jogos e brincadeiras

populares. Ao considerar a faixa etária dos entrevistados, é bem possível que em

algum momento tenham participado de alguma atividade infantilmente, por puro

prazer e entretenimento, e, que, faça parte de jogos e brincadeira populares sem

reconhecê-la com o tal.

O Universo do lúdico que envolve os jogos, os brinquedos e as brincadeiras é tão vasto que essa potencialidade nos permite explorá-lo e utilizá-los nas formas mais diversas (MARCELINO, 2003, p.97).

Jogos e brincadeiras populares abrem importantes canais entre seus

participantes, possui imensa capacidade de envolvimento, como: liberdade de

decidir em grupo quando, como, se inicia e/ou finaliza um jogo ou brincadeira, direito

de estabelecer/decidir que espaço utilizar para realizar a atividade, torna-o, divertido

e popular.

Gráfico 3

O gráfico 3 indica que apenas 13% dos alunos afirmaram brincarem

diariamente utilizando atividades que compreendam jogos e brincadeiras populares

esse pequeno número podem se referir as causas atuais aqui ressaltadas como: a

falta de espaço provocada pela modernização das cidades atuais, ao avanço

tecnológico e sistema de sociedade vigente, capitalista, provocando consumismo

levando-os indivíduos adquirem sempre uma novidade eletrônica, 24% disseram que

utilizam estes tipos de brincadeiras sempre. A criança atual possui acesso de

maneira única a novas tecnologias, bem como, obtém a enumeras opções entre

brinquedos eletrônicos e jogos em computadores, não se importando muito com as

brincadeiras em ar livre.

Todo esse avanço que tudo transforma gera novas tendências, produz o

novo, provoca o surgimento de fenômenos no seio dos núcleos sociais, fenômenos

esses de várias facetas, uma delas a mais preocupante já instaurada na sociedade

contemporânea, a insegurança. Esse fenômeno é um dos vilões que contribui com a

retirada de crianças dos espaços livres, 63% afirmaram brincarem às vezes, os

motivos podem se colidirem. A nova era produz o novo, ao mesmo tempo nega a

criança contemporânea o tempo do ócio, que poderiam utilizar para brincarem ou

jogarem tranquilamente em espaços livres. Além da mudança no entretenimento

infantil há a contemplação de seu tempo para a aquisição de novos saberes.

Gráfico 4

O gráfico 4 indica que somente treze por cento utiliza essa brincadeira na

escola esse numero pequeno possa ser resultado de muitas causas algumas delas

pode ser falta de identificação, outra hipótese é que a maioria das escolas estejam

sofrendo de estreitamento de espaço no pátio escolar, decorrente da modernização,

impedindo-as de utilizar essa atividade ou simplesmente a criança atual opta por

outro tipo de entretenimento por motivos exemplificado no gráfico anterior.

Gráfico 5

Por crer na importância das possibilidades existentes em jogos e

brincadeiras populares, compreender que essas possibilidades possam estimular um

individuo a elevar a sua capacidade de apreensão de novos conhecimentos e novas

habilidades, torna considerável e significativa a porcentagem apontada no gráfico 5

demonstrando a quantidade dos alunos que não acham interessante essa

atividade. 17% em uma classe que totaliza trinta alunos parece um apontamento

pequeno, mas diante da importância atribuída a atividade a negação apresentada é

bastante significativa, elevando a necessidade das atividades serem realizadas com

mais consistência nas aulas de educação física. Para Vygotsky (2007, p. 117):

A criação de uma situação imaginária não é algo fortuito na vida da criança; pelo contrário, é a primeira manifestação da emancipação da criança em relação às restrições situacionais. O primeiro paradoxo contido no brinquedo é que a criança opera com um significado alienado numa situação real. O segundo é que, no brinquedo, a criança segue o caminho do menor esforço - ela faz o que mais gosta de fazer, porque o brinquedo está unido ao prazer - e, ao mesmo tempo, ela aprende a seguir os caminhos mais difíceis, subordinando-se a regras e, por conseguinte, renunciando ao que ela quer, uma vez que a sujeição a regras e a renúncia à ação impulsiva constitui o caminho para o prazer no brinquedo.

Neste sentido seria muito interessante que uma porcentagem bem maior

que 83% dos alunos achassem interessante participarem de atividades utilizando

jogos e brincadeiras populares, por esse viés apresentar a esse 17% a importância

em participar ativamente dessa atividade torna-se um desafio prazeroso, encontrar

caminhos que os estimule a realizarem as atividades apresentadas, bem como levá-

los a reflexões, sobre atividades que compõem o rol de jogos e brincadeiras

populares.

Gráfico 6

Brincadeira é inerente à vida de todo os ser humano, um dos meios que os

pais utilizam para promover ambiente de aprendizagem e articular contato entre o

individuo e o mundo. É essencial no desenvolvimento da criança, influencia o

autoconhecimento e auxilia o reconhecimento do outro. No gráfico 6, 63% das

crianças afirmaram que participaram de brincadeiras populares com seus pais, 37%

responderam não terem brincado com jogos populares com seus pais Não ter

contato com essa atividade ou nunca participar de brincadeiras desse contexto

implica em grande perda de experiências e vivências, perdendo muitas

oportunidades, inclusive em qualidade, pois as brincadeiras populares possuem

possibilidades que auxiliam na imaginação, nas relações sociais e culturais.

As brincadeiras, os jogos populares e os espaços por elas usados e

estabelecidos influenciam na capacidade de pensar e agir dos participantes podendo

reverter uma situação real incômoda, em uma situação mais cômoda no mundo

imaginário, provendo assim uma sustentabilidade ou um entendimento de qualidade

bem como informação e habilidades, atribuindo ao indivíduo uma nova visão e até

mesmo novos argumentos a situação por ele vivida.

Gráfico 7

O gráfico 7 demonstra que 77% dos entrevistados ao participarem de

festividades tiveram contatos com jogos populares, essa participação deve ter

acontecido , porque ao organizar as atividades a equipe de organizadores detinham

conhecimento sobre a importância de crianças vivenciarem jogos e brincadeiras

populares,oportunizando assim a articulação dessa atividade com outras formas de

brincar 23% apontam que não tiveram contados com jogos populares em

festividades, com certeza não participaram das mesma festividades onde os

organizadores tinha conhecimento da importância em vivenciar essa atividade, ou

simplesmente optaram por outras atividades, porém por meio dessa opção

impediram que as crianças participantes das festividades tivessem contatos com

jogos culturalmente construídos.

Gráfico 8

No demonstrativo do gráfico 8 a porcentagem demonstra que 77% dos

entrevistados brincaram de bets, 93% já brincaram de pula corda, 97% brincaram

de bola queimada, 100% já brincaram de pique esconde, e apenas 30% tiveram

contato com fantoche, neste momento fica claro que os entrevistados não tinham

conhecimento que várias brincadeiras que eles participaram faziam parte de jogos

e brincadeiras populares.

Apenas 30% dos entrevistados tiveram vivências com fantoche, esse

demonstrativo é pequeno em se tratando de um jogo tão riquíssimo que é o

fantoche, um jogo em que a criança vê tudo que acontece. A porcentagem indicada

pelos entrevistados em relação ao contato com fantoche norteia o quanto as

possibilidades dos jogos estão deixando de serem utilizadas como recurso nas

práticas pedagógicas. Uma ferramenta rica que contém enumeras articulações que

podem claramente auxiliar de maneira prazerosa a aquisição de conhecimentos. O

mesmo apontamento indica com que frequência os alunos da atualidade tem acesso

ao jogos tradicionais socialmente construído, ou seja ao patrimônio cultural.

Gráfico 9

No gráfico 9, constata-se que 97% dos alunos querem participar de jogos e

brincadeiras populares em aulas de Educação Física, empenhados em participarem

e vivenciarem brincadeiras deste contexto. Deixando claro que a autonomia que

existe em jogos e brincadeiras foi o que levou-os a apostarem em novas dinâmicas.

Na sequencia desse estudo foram apresentados, jogos e brincadeiras como o pique

- esconde, o jogo de bets, o pula corda, a bola queimada e o fantoche. Para

realização das atividades, foram utilizados espaços disponíveis na escola. Somente

para o fantoche foi utilizado uma sala de aula para apresentação do teatro. Apenas

3% dos respondentes não tiveram interesse em vivenciar jogos e brincadeiras em

suas aulas de educação física. Por meio desta pesquisa os alunos perceberam que

este ambiente proporciona algo que eles precisam ao se expressarem como

oportunidades de opinar, de decidir, ou seja, perceberam que a sua opinião neste

contexto tem valia, é respeitada. A primeira brincadeira apresentada foi o pique -

esconde, após a atividade foi feita reflexão e questionamento sobre a correlação

com a vida social de cada um. As respostas apresentadas pelos alunos sinalizam

como os jogos e brincadeiras populares auxiliam na compreensão da vida cotidiana

e, o quanto as regras estabelecidas pelo grupo influenciam na realização das

brincadeiras propostas.

Com relação à primeira brincadeira ‘Pique - esconde’ os alunos

concordaram com a regra ‘que não poderia abrir os olhos’. A maioria respondeu que

consideram uma boa ação, quando alguém consegue sair ileso do esconderijo, isto

é, chegar ao ponto determinado de ‘pique’ sem que o ‘pegador’ em questão tivesse

achado e tocado no pique.

A elaboração desta atividade foi interessante, a começar por quão

concentrados e organizados estavam durante a reunião feita em prol de decidirem o

espaço onde aconteceria a brincadeira, quem seria o pegador, quantidade de

números a ser contados para que eles pudessem se esconder. Observando a

fidelidade com que executaram a brincadeira seguindo suas próprias regras e o

prazer perceptível em executá-las confirma quão vasta são as possibilidades

existentes em jogos e brincadeiras populares que pode contribuir para as questões

relacionadas à indisciplina e consequentemente combater o fracasso escolar.

Para Vygotsky (2007) as construções de jogos e brincadeiras possibilitam a

mudança de comportamento a partir das regras estabelecidas, sendo que o

brinquedo contém elementos que auxiliam na construção da identidade do sujeito.

Com relação à segunda brincadeira ‘Jogo de bets’. As decisões tomadas

para o jogo de bets foi um processo discutido por todos os alunos, até que

chegassem a um consenso em relação ao local disponível para o jogo. Quando

iniciado, foi possível perceber a contribuição dessa brincadeira relacionada à

cooperação que deve estar presente entre os pares respeitando as regras, as

habilidades dos outros participantes e o prazer presente na realização da

brincadeira.

Na discussão acerca da brincadeira realizada, conseguiram refletir se em

algum momento se sentiram lesados a partir da transgressão das regras, e, apenas

10% dos alunos sentiram que seus direitos foram desrespeitados, entretanto, 90%

concordaram que não se sentiram lesados. Essas respostas mostram que mesmo

com regras previamente acordadas pelos alunos, existem aqueles que tentam burlá-

las. Nesse sentido, respeito e disciplina, deve ser compreendido absorvido e

entendido para que possa ser praticada com plena consciência. Tiba (2006) afirma

que a disciplina não é obediência cega as regras, como um adestramento, mas um

aprendizado ético para se sabe fazer o que deve ser feito, independentemente da

presença de outros.

Com relação à terceira brincadeira ‘Pular corda’ foi questionada a relação

da brincadeira com a vida diária da criança, a maioria dos alunos concordaram que

as regras refletem algo da vida em comum. Sobre os limites existentes na escola e

como poderiam ser compreendidas e absorvidas se fossem bem clara as

explicações, cerca de 83% responderam que sim, e 17% disseram não. Essa

resposta aponta mais uma vez que a dificuldade em obedecer as leis vigentes, é um

percentual pequeno, apontando a existência da possibilidade de melhoria quanto a

indisciplina escolar, nesse sentido todos os profissionais envolvidos em educação

escolar e, que, convivem com problemas indisciplinar, devem se valer de aportes

teóricos sobre o tema em busca de novas visões e automaticamente novas práticas

pedagógicas.. Estudos, somente ele, aponta que é possível se não reverter,

amenizar a indisciplina na escola. As possibilidades existentes em jogos e

brincadeiras populares tece linhas, fios, que pode estimular dinâmicas na relação

escola/ professor/aluno.Para (TIBA, 2006, p.130) Quanto maior for o número de "fios

invisíveis" tecidos entre o professor e os alunos maior será a interação dele com a

classe. Com relação à quarta atividade 'Bola queimada' as reflexões foram

relacionadas a limites e cooperação fazendo correlação com convivência em sala

de aula e espaço escolar 87% dos respondentes afirmaram que a escola é um lugar

prazeroso que oportuniza sempre algo diferente. (HUIZINGA, 2000, p.15) A criança

joga e brinca dentro da mais perfeita seriedade, que a justo titulo podemos

considerar sagrada. Mas sabe perfeitamente que o que esta fazendo é um jogo.

Com relação ao 'Fantoche' quinta brincadeira, tudo ocorreu respeitando as

delimitações estabelecidas pelo grupo envolvido, desde confecção dos bonecos, à

realização da apresentação do teatro.

Ao refletirem correlacionando com o cotidiano, se é difícil realizar tarefas

sob a disciplina, 100% responderam que atividades realizadas em conjunto são mais

divertidas e fáceis de realizar.

Solicitar os alunos a participarem do jogo de teatro com fantoche foi

demasiadamente positivo, por meio da realização desta atividade, os alunos

divertem-se, e, são estimulados a expressarem seus pensamentos com liberdade de

expressão, obtém a autonomia de reproduzir histórias lidas em livros, fábulas e/ou

produção própria. Este contexto estimula-os a contar histórias, a expressarem seus

desejos e ainda abordarem contexto de seus cotidianos. Em síntese a liberdade na

escolha das histórias/textos a serem reproduzidos, abre espaço para construção e

reconstrução de alguns valores e regras. (2010 p.177. Brincar uma aprendizagem

para a vida) O teatro e a interpretação de papéis oferecem um potencial enorme

para fazer com que as crianças vejam as coisas sob outro ponto de vista.O teatro

sempre permitiu o pensamento crítico e criativo. O teatro oportuniza as crianças a

criarem e/ou recriarem não somente o texto/história, mas som, espaço, cores

movimentos e, vai além, os induz a reproduzirem época, lugar e moda, ao mesmo

tempo estabelece conexões necessárias que os levem a questionarem e refletirem

limites e regras com seus professores e colegas de classe, torna fácil a

compreensão de como acontece a transferência de atitudes vivenciadas em sala de

aula, para além do portão escolar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa se propôs analisar as principais causas da indisciplina na

escola na percepção dos alunos e de professores da área de educação física. Mas

especificamente identificar quais fatores que contribuem e/ou torna o aluno (in)

disciplinado. Para obter um resultado satisfatório foram utilizadas como ferramenta

de sustentação, questões sobre indisciplina e suas implicações investigando

compreender como esse fenômeno afeta o ensino-aprendizagem e conhecer as

principais causas da indisciplina presentes na escola, posteriormente foi construído

por meio de pesquisas e vivências em jogos populares, possibilidades de minimizar

esses fatos. Embora a indisciplina se constitua um tema complexo e nos leva a

diferentes caminhos e reflexões, muitos pesquisadores se sentem desafiados a

estudar essa temática com o intuito de melhorar a qualidade do processo ensino

aprendizagem de alunos em sala de aula. Foram considerados vários fatores que

podem influenciar o comportamento do aluno. Atualmente esses fatores influenciam

significativamente na indisciplina evidenciada nas escolas com consequências não

satisfatórias nas aprendizagens.

Um fato observado são as estruturas das escolas que não se

desenvolveram/desenvolvem junto ao avanço tecnológico das sociedades. Como

esperar interesse em determinadas áreas de conhecimento em sala de aula de um

indivíduo do Século XXI, se o mesmo está aprisionado a uma estrutura escolar, do

Século XIX, e, presumir que esse mesmo indivíduo encontre estímulos junto às

adaptações existentes nos antigos/recentes prédios escolares. Tão obstante quanto

esse fato, é conviver entender e compreender o estreitamento do espaço escolar em

nome do desenvolvimento.

O modelo de sociedade vigente também tem sua parcela de interferência

sobre o tema, por estimular a busca incessante de bens, enaltecendo o trabalho,

provocando distanciamento dos membros familiares, separação esta, interpretado

de maneira singular, em que cada sujeito busca seus próprios interesses não se

preocupando em agregar valores coletivos nas suas ações diárias. Esse modelo é

refletido nas escolas e consequentemente em seus projetos pedagógicos, que por

mais que contemplem no seu interior, indicadores a ser trabalhado com os alunos,

na prática ele não se materializa efetivamente.

O Projeto Político Pedagógico da escola que prevê normas

preestabelecidas compreendendo o bom funcionamento no que compete a escola

deveria ser elaborado de maneira clara, de fácil entendimento para tomada de

ações/decisões referente à indisciplina bem como, no que demandam direitos e

deveres a todos que envolvem o núcleo escolar. A práxis do professor (a) necessita

ser embasada em teorias que impulsionem metodologias e suscitem diferentes

habilidades no trato com a construção do conhecimento junto aos alunos, na sua

prática docente.

Neste contexto este estudo contribuiu para a aplicabilidade do mecanismo

do lúdico como ferramenta de intervenção, com objetivo de que educadores utilizem

as possibilidades existentes em Jogos e Brincadeiras populares para subsidiar suas

práticas pedagógicas. Ressaltando que Jogos e Brincadeiras populares não é uma

criação recente, por isso mesmo também são chamados de jogos tradicionais.

Neste estudo foram utilizados cincos Jogos e Brincadeiras pertencentes à cultura

popular, buscando identificar possibilidades de exercitar valores como os limites, as

regras e a socialização. Jogos e Brincadeiras populares articulam, favorecem o

exercício do diálogo por meio do lúdico e propiciam o exercício do enfretamento aos

desafios, por meio da construção e/ou reconstrução de uma determinada brincadeira

auxilia o questionamento, à reflexão, em relação às vivências em salas de aulas e a

vida cotidiana.

As possibilidades existentes em Jogos e Brincadeiras estimulam o

educando ampliar seu universo de conhecimento acerca da sociedade em que vive

dialogando sempre com professor/aluno/escola/comunidade. Contribui para

formação do indivíduo em sua construção de valores como: limites e regras, por

conseguinte auxilia o entendimento da responsabilidade individual visando o bem

comum. Favorece estímulo ao sujeito para que entenda e valorize as organizações

coletivas, primando por uma sociedade democrática.

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