OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · violência instalada em diferentes lugares...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
A contribuição dos jogos e brincadeiras e a Indisciplina escolar.
Neusa Maria Domingues
Roseli Terezinha Selicani Teixeira
RESUMO.
O presente artigo tem por objetivo analisar as principais causas da indisciplina na
escola na percepção dos alunos e de professores da área de educação física. Para
o estudo foi priorizado os jogos e brincadeiras populares com o intuito, de ir além
das intenções do modo como se elabora cada jogo ou brincadeira. Mais, utilizar este
conteúdo da disciplina de Educação Física objetivando ampliar as possibilidades no
combate à indisciplina escolar. Para esta construção, foram utilizadas aulas de
educação física, buscando possibilidades existentes em jogos e brincadeiras
populares, procurando promover situações que possam levar o educando ao
entendimento claro, conciso do que é liberdade e limites. O jogo com seu aspecto
lúdico pode levar o educando, de maneira prazerosa, a refletir e a discutir várias
maneiras de estabelecer limites. Obtendo como parâmetro para discussões, as
normas que norteia cada jogo, ou brincadeira.
Palavras - chave: Jogos populares, indisciplina, escola.
ABSTRACT
This project aims to analyze the main causes of indiscipline in school in the
perception of the students and teachers in the Physical Education area. The study
was prioritized the games and the popular gamesin order to go beyond the intentions
of the way it develop every game. In addition, using this content in the Physical
Education subject that aim to broaden the possibilities to combat the lack of discipline
in school. For this construction, Physical Education classes were used, it seeks
possibilities for games and popular games, to promote situations which might lead
the student to the clear understanding of what is concise limits and freedom. The
play with his playful aspect can lead the student, in a pleasant way to reflect and
discuss various ways of setting limits. Obtaining as parameters for discussion, the
rules that guides each game.
Key words: Popular games, indiscipline, school
INTRODUÇÃO
Este artigo teve como objetivo analisar as principais causas da indisciplina na escola
na percepção dos alunos e de professores da área de educação física. Questões
como indisciplina e violência escolar são objetos de estudos no mundo
contemporâneo. Tempos modernos, com as mudanças na sociedade surgem
fenômenos que precisam ser questionados, fenômenos esses relacionados com a
violência instalada em diferentes lugares dentro da sociedade e manifestada de
modo distinto em cada lugar. De maneira geral todos buscam ações diferentes para
conviver com a insegurança, problema muito discutido na sociedade em que
vivemos. É apontada sob vários adjetivos, dependendo do lugar e como ela se
manifesta, sendo que, no espaço escolar em especial nas escolas brasileiras, ela é
apontada como uns dos fatores, que dificulta segundo discurso dos professares,
ações quanto às práticas pedagógicas.
Diante desse problema presente nas escolas da atualidade esta discussão é
relacionada à indisciplina e suas implicações durante o desenvolvimento do ensino –
aprendizagem gerando o fracasso escolar. Que vem sendo debatido em diferentes
campos de ensino. Qualquer pessoa que de alguma forma esteja ligada à educação
sabe diagnosticar o fenômeno, porém não consegue ter uma visualização clara do
que desencadeia o baixo aproveitamento escolar. Dentro deste contexto é apontada
com grande evidência, como maior vilão, a indisciplina. Deixando uma intrigante
pergunta sobre o tema: Quais os fatores que contribuem/ou tornam o aluno (in)
disciplinado?
A história da sociedade é marcada por grandes transformações, com
diferente marcos, separada geograficamente pelo tempo e espaço. Nesse sentido
cada povo possui forma e sistema de vida que os identifica e sustenta seus
princípios, uma forma de educação. Cada povo tem suas próprias características,
seu desenvolvimento econômico e sua forma de conviver com a natureza. Podem-se
reconhecer um país, estado, enfim uma comunidade conhecendo seus bens
culturais. Toda gama de comportamento dá a um povo uma identidade própria. Essa
forma de expressar que flui por meio da mediação entre pares, revela a base
filosófica pela qual foi construída e constituída tal sociedade.
A educação é umas das atividades mais elementares do homem: ela se inscreve no princípio de uma sociedade e do desenvolvimento dos indivíduos. Ela se renova sem cessar, no duplo sentido de novidade e de devir, por meio dos nascimentos, mas igualmente pela evolução das sociedades. Esse princípio universal é descrito como fundamento antropológico que liga o indivíduo à espécie, à cultura e à sociedade (MORANDI, 2002, p.19).
A educação concomitante à sociedade evolui e se modifica por meio das
necessidades que os indivíduos julgam ter, surgindo assim fenômenos prazerosos
ou assombrosos ou no mínimo inquietantes. Um dos fenômenos surgido na
atualidade é a insegurança e, em pleno século XXI, com o ocidente modernizado, a
humanidade convive com a insegurança instaurada em suas relações sociais. De
tempos em tempos a população é bombardeada com notícias sobre violência
acometida sobre alguém ou a determinado grupos de pessoas. A sociedade se
depara com certo nível de incivilidade retratada em agressividade de certos
indivíduos. Ato aumentado dia após dia, Individualmente ou coletivamente em prol
de quê? Em defesa e interesse de quem ou do quê? Principalmente por que, surgem
indivíduos com atos arbitrários tornou-se angústia em várias estâncias da sociedade
atual.
A evolução do comportamento humano sempre foi objeto de pesquisa. Entre
elas, o porquê do surgimento de atitudes agressivas em alguns indivíduos ou
determinados grupos, na busca de resposta e caminhos que norteiam contribuições
para disseminar ou diminuir os desarranjos estabelecidos nas relações entre os
homens. Onde quer que elas ocorram. Quer nos espaços macros sociais. Quer nos
espaços micros sociais.
Pensar em comportamento, em espaços, ressalta-se nesta pesquisa o
espaço escolar, lugar por excelência exclusivo a socialização e educação, sofre com
desarranjos em seu interior. Na atualidade frente a esse problema presente na
sociedade em que vivemos, existe uma clara preocupação no cotidiano das escolas
brasileiras, como um fenômeno surge à indisciplina, dificultando segundo discurso
dos professares, suas ações quanto às práticas pedagógicas. Na maioria das vezes
se ouve que, a indisciplina tornou-se uma espécie de muro a ser ultrapassado para
que se atinja o objetivo proposto pelas escolas. Um indivíduo emancipado, crítico
capaz de analisar, interferir e fazer contribuições na sociedade da qual faz parte.
Para as Diretrizes e Bases da Educação Básica as dimensões do conhecimento fundamentam-se nos princípios teóricos expostos,
propõe-se que o currículo da Educação Básica ofereça ao estudante a formação necessária para o enfretamento com vistas à transformação da realidade social, econômica e política de seu tempo (PARANÁ, 2008, p, 20)
Porém se observa que no interior das escolas a indisciplina não só vem
aumentando como também dificultando a realização de práticas educativas de
qualidade e comprometendo o processo de ensino aprendizagem. Para (Vygotsky,
1999, p.57), o conhecimento é construído nas relações sociais, o ser humano
adquire conhecimento em todas as dimensões, família, igreja, escola meio em que
vive um processo que acontece sob mediação. Essa mediação segundo os
discursos que se ouve pelos educadores no interior das escolas está fragmentada.
Um número grande de educadores aponta a indisciplina como um fenômeno com
capacidade de dificultar a relação escola/aluno/professor. Todavia não se pode
atribuir o fracasso escolar somente à indisciplina embora à indisciplina possa
contribuir significativamente nesse processo.
O próprio conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com um conjunto de valores e expectativas, que variam ao longo da história, entre diferentes culturas e numa mesma sociedade: nas diversas classes sociais nas diferentes intuições e até mesmo dentro de uma camada social ou organismo. Também no plano individual a palavra indisciplina pode ter diferentes sentidos que dependerão das vivências de cada sujeito e do contexto em que forem aplicadas (AQUINO, 1996. p.84).
Neste sentido, a indisciplina se constitui em um tema complexo e nos leva
aos diferentes caminhos e reflexões, por exemplo, meio em que o indivíduo vive, a
família, seu contexto social bem como, economia e educação que lhe é
disponibilizada.
Para Aquino, a indisciplina, talvez seja o inimigo numero um dos educadores atual, cujo manejo às correntes teóricas não conseguiram propor de imediato, uma vez que se trata de algo que ultrapassa o âmbito estritamente estático e pedagogo, imprevisto ou até insuspeita no ideário das diferentes teorias pedagógicas (AQUINO 1994, p. 40).
Assim a indisciplina é um sintoma que não tem como ponto de partida o
interior escolar, mas que supostamente tenha articulação aos movimentos externos
a ela. A exemplo das relações sociais da atualidade que sofreu grandes inovações
oriundas da intervenção do homem ao meio em que vive, a desestrutura familiar, e
os fatores sócio/políticos. Neste sentido, existem atos de determinado indivíduo que
procede da própria vontade levando o indivíduo a reagir sob seu entendimento e o
que julga necessário. Segundo o dicionário da língua portuguesa Silveira Bueno, a
Indisciplina significa; a desobediência, a rebelião, a insubordinação. Essa
desobediência, insubordinação ou rebelião pode ser culpada realmente pelos
problemas no interior das salas de aulas, influenciando quanto a compreensão e
absorção de conteúdos. Assim ressaltando a necessidade de reflexão sobre as
práticas pedagógicas, avaliar a responsabilidade atribuída ao professor. Haja vista
que toda regra tem exceção, existe soluções isoladas até personalizadas de alguns
professores que conseguem combater ou resolver problemas pontuais, como serem
enérgico sem ser autoritário, ter ações coerentes e que suas cobranças sejam
pautadas em reciprocidade. AQUINO (1994). Existem muitos educadores
carregando consigo muitas incertezas em suas interpretações sobre o agir do aluno,
como considerar um ato indisciplinado, como contextualizar, qual tipo de atitude
tomar. Essa incerteza torna importante esse estudo.
METODOLOGIA
Na busca de encontrar caminhos que norteie a prática de professores este
estudo se caracterizou como de campo e utilizou jogos e brincadeiras populares
onde foram organizados e priorizados alguns tipos específicos procurando sempre
incentivar a imaginação da criança. Ajudando-as de forma prazerosa a fazer
contextualização dos mesmos correlacionando-os com a vida cotidiana
A imaginação é um processo psicológico novo para a criança, representa uma forma especialmente humana de atividade consciente que não está presente na consciência das crianças muito pequeninas e está ausente nos animais. Ela surge primeiro em forma de jogo, que é a imaginação em ação (VIGOTSKY, 2007,p.109).
Percebe-se que para a criança usar a imaginação em forma de jogo em
tempos capitalistas é reproduzir rapidamente ideias preestabelecidas pela era
tecnológica. Na atualidade os jogos e brincadeiras vêm com manual de instrução
com ditames de como utilizar. Ordens estabelecidas pelos fabricantes, que
determinam qual brincadeiras/jogos e qual faixa etária são apropriadas de forma
homogênea sem muito explicar. Em tempos modernos se ganham tempo e
praticidade seguindo as orientações e classificações nas caixas de brinquedos e/ou
CD/DVD contendo inusitados jogos e brincadeiras, como músicas desenhos
animados e filmes infantis. Não se perde tempo inventando brinquedo ou brincadeira
ao ar livre, na atualidade os espaços destinados a brincadeiras não são suficientes.
Os espaços livres estão delimitados. Porque as áreas urbanas sofreram e sofrem
transformações constantemente para se ajustar aos ditames da era
tecnologicamente avançada e, às crianças restaram pequenos espaços como
playground, pracinhas e parques. Concomitante a essa perda de espaços
destinados a infância, surgiu outro problema oriunda do progresso, a insegurança.
Hoje, estudado como violência escolar ou indisciplina, sendo apontada como
provedora de desconforto no interior das escolas e ainda culpada de tirar da
instituição um índice favorável de ensino aprendizagem objetivado por todas as
áreas de conhecimento. Esses fenômenos, violência urbana, estreitamento de
espaços foram levando as crianças a conviverem mais com adultos e
simultaneamente a fazer uso de tecnologias como TV, computadores, tablet, e os
incríveis celulares cada vez mais sofisticados. O acesso a games eletrônicos, a
brinquedos de alta funcionalidade faz parte naturalmente da vida infantil. São
comuns para a maioria das crianças operarem os celulares sempre mais complexos
deste século. Esta realidade também abre caminho para a que a criança tenha
contatos com pessoa completamente diferente de sua realidade social, podendo
dessa forma sofrer influências nem sempre bem vinda à sua vida e a seu loco
status. Essa nova vida social deixa às crianças um conhecimento abreviado sobre
jogos e brincadeiras populares ficando somente nos primeiros anos de vida.
Neste estudo utilizou-se o conteúdo jogos e brincadeiras populares
buscando caminhos que possam auxiliarem a escola a diminuir ou disseminar a
indisciplina, contribuindo assim para uma absorção maior de apreensão de
conhecimentos oferecidos por todas as áreas de conhecimento. Cabendo então ao
professor da disciplina de Educação Física o levantamento histórico dos jogos e
brincadeiras tradicionais, as saudosas e divertidas brincadeiras de ruas onde as
cantigas, falas, palmas ritmavam as ações das crianças envolvidas nas brincadeiras
e nos jogos. Esses jogos e brincadeiras dependem das decisões tomadas em
conjunto dos componentes para seu desfecho final, que pode variar, dependendo
das decisões tomadas em comum acordo de todo o grupo.
A capacidade de simbolizar e de jogar com a realidade através da fantasia e dos próprios símbolos coletivamente estruturado a linguagem verbal (oral e escrita) os mitos a religião a ciência, é que permite ao homem viver numa nova dimensão da realidade: O universo simbólico. É a apresentação (simbolização que possibilita a interiorização do mundo) (KISHMOTO, 2003, p. 54).
Por meio de vivências teóricas e práticas, com os jogos e brincadeiras foram
explorados questionados, contextualizados, provocando estímulo à criatividade. O
público alvo envolvido nas atividades foram 30 alunos de 6º ano, do Colégio
Estadual Santos Dumont Ensino Fundamental e Médio, do Município de Santa Cruz
de Monte Castelo, Estado do Paraná, Brasil. O número mínimo de aulas necessárias
para aplicação da pesquisa foram de (32) trinta e duas horas aulas.
Optou-se por buscar caminhos que auxilie uma compreensão da indisciplina
na escola por meio dos jogos e brincadeiras populares por observar a grande
reclamação de professores no interior da escola a respeito da dificuldade em se
fazer entender em sala de aula, não conseguindo alcançar o objetivo propostos em
suas práticas pedagógicas. Observando também as dificuldades encontradas em
manter determinada ordem quando há comemorações apresentada a/e com eles.
Grande falácia se dá também em horários de intervalos entres as aulas e hora de
alimentação, ‘recreio’. Outro fator inquietante, a existência de alunos sendo
medicado como imperativos.
A preferência em utilizar jogos e brincadeiras populares foi por entender que
nas escolas pouco se vivência jogos e brincadeiras populares, quando os alunos
têm essa prática nota-se claramente o prazer dos mesmos em experimentar
qualquer atividade. Por entender também que pela vivência em jogos e brincadeiras,
o aluno pode ser capaz de estabelecer conexão entre o imaginário e o real
INDISCIPLINA NA ESCOLA
Tema complexo que nos leva a diferentes caminhos e reflexões, pois
envolve todo contexto da vida do indivíduo. Como a família, economia e educação.
Segundo estudiosos o tema indisciplina é demasiadamente complexo tanto como ela
se manifesta quanto o que pode ser considerado indisciplina.
O próprio conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona
com um conjunto de valores e expectativas, que variam ao longo da história, entre diferentes culturas e numa mesma sociedade: nas diversas classes sociais nas diferentes intuições e até mesmo dentro de uma camada social ou organismo (AQUINO, 1996, p. 84).
A indisciplina escolar tece linhas tênues entendidas como: as gangues, as
xenofobias, o bullying, o racismo entre outras formas de discriminação e
preconceitos. Assunto contemporâneo é discutido em várias partes do mundo. Na
França, por exemplo, esse fenômeno é visto por alguns estudiosos como
incivilidade. A interpretação sobre comportamento diverge de pessoa para pessoa,
mesmo de quem é considerado indisciplinado, e o olhar de quem o aponta como tal.
Muito peculiar, ela se modifica e se renova de acordo com o tempo e espaço.
Característica própria da evolução da humanidade, que tudo muda na pretensão de
uma vida e mundo melhor. Mesmo diante dessa perspectiva de mudança do bem e
para o bem. Nada fica no lugar e às vezes perdem o lugar. É o novo se inovando. É
assim em tempos tecnológicos.
A velocidade inserida no cotidiano das pessoas nesta sociedade
contemporânea obriga assimilar informações completamente novas ou
completamente inovadoras, em pouquíssimo tempo. Apontando para a necessidade
de uma pausa para melhor entendimento, forçando a busca de novos
conhecimentos diante da adversidade.
Para as Diretrizes e Bases da Educação Básica as dimensões do conhecimento fundamentam-se nos princípios teóricos expostos, propõe-se que o currículo da Educação Básica ofereça ao estudante a formação necessária para o enfretamento com vistas à transformação da realidade social, econômica e política de seu tempo (PARANÁ, 2008, p. 20).
Nada é estático dentro da história da humanidade o tempo não para,
portanto, é preciso acompanhá-lo decifrando códigos entendendo o novo, buscando
respostas. A vida escolar não pode ficar indiferente a essa metamorfose não pode
ficar a deriva, como lugar exclusivo das relações sociais, tem que renovar sempre
sua práxis por meio do trabalho científico da pesquisa.
No mundo contemporâneo, numa sociedade transformada e moldada sob viés
do capitalismo todo seu núcleo sofre mudanças e segrega valores intrínsecos a seu
ambiente. Traduzir então um comportamento oriundo de um indivíduo é árduo, mas
não significa que não se possa acreditar que seja possível combater a indisciplina na
escola. Embora para que isso aconteça há de ser feita constantemente uma
investigação pedagógica a respeito. Assim, embasado em discussões em teorias
recentes e/ou antigas sobre o assunto possa vir a ter
respaldo e amplitude de visão, propiciando diversas formas de interpretar uma
situação como indisciplina na escola.
Entendendo que a sociedade contemporânea convive com a evolução
tecnológica que facilita o acesso a informação, a exemplo da internet que propõe
relacionamento por meio de várias redes de interação on-line, sofisticando e
ampliando saberes e novas formas de apropriação dos mesmos, podendo desta
maneira agregar normas inerentes ao seu lócus status. Existindo possibilidades que
possam interferir e adentrar o espaço escolar que é destinado ao processo de
educação e socialização, novas práticas devem ser buscadas para que se possa
compreender essa realidade. Guimarães (1994) (apud AQUINO, 1994, p. 80)
Portanto, nem uma liberação geral, nem ordem absoluta têm eficácia sobre o movimento dos diferentes grupos que compõem o território escolar, e que obedecem as leis próprias. O conforto da escola com essas leis obriga à negociação, á adaptação. Quanto maior a sua capacidade em assumir e controlar a violência, mais a escola dará ao conjunto uma mobilidade que permitira driblar e agir com tolerância perante os diferentes tipos de ação.
As expectativas evidenciadas a partir dos estudos preliminares apontam que
os jogos oferecem criatividade e propõe problemas, permitindo em sua elaboração
novos estratégias em busca de soluções.
JOGOS E BRINCADEIRAS POPULARES E SUAS POSSIBILIDADES
O ser humano é um ser sensível que, diante do mundo, busca significações, o que torna seu pensamento dinâmico por excelência; e é a metáfora, com suas múltiplas possibilidade de combinação, que possibilita a mediação entre realidade e pensamento (KISHIMOTO, 2003, p. 47).
Na atualidade há a necessidade de buscar a história da especificidade do
simbólico do ser humano tanto quanto a concepção consciente que atualmente se
encontra cada dia mais massificado. Numa sociedade onde tudo é reduzido, a
criação tem pouco espaço, o imaginário da criança ficou sintetizado diante do
progresso. Sua infância está meio engessada, falta espaço para que elas possam
viver de maneira plena e enriquecedora. Diante de tanta tecnologia não se tem muito
que pensar ou partem de algo já construído, ou se brinca com o já proposto.
O ser humano possui imaginação e uma inteligência simbólica que vai além
das práticas e é incontestável, por ser bem clara a transição do abstrato para o
concreto. A criança precisa de espaço, inclusive de tempo para exercitar seu
imaginário e desta construção imaginária fazer a transição de uma forma para outra.
É no simbolismo que as crianças associam o imaginário ao real, fazem conexão
entre um e outro, neste momento ela tem controle da situação e criam possibilidade
de construção ou reconstrução. É pelo pensamento que o ser humano cria lugares e
possibilidades que norteiam suas dificuldades pessoais e/ou revela soluções. Toda
ação do homem primeiramente se dá pelo simbólico. Para Luria (2006), uma
situação objetiva imaginária também é uma situação das relações humanas.
Portanto, um traço bem definido do jogo, é que, mesmo numa situação imaginária a
criança pode pacificamente se submeter à regra do jogo a qual ela (as) mesma
optou por existir.
A situação objetiva imaginária desenvolvida é sempre, também, uma situação de relações humana nela desenvolvidas. Um traço marcante nos jogos, com uma situação imaginária desenvolvida e relações sociais, é precisamente o de que surge neles um processo de subordinação da criança às regras da ação, processo este que surge das relações estabelecidas entre participantes do jogo (LURIA, 2006, p.136.).
Segundo Marcelino (2003) O lúdico proporciona o resgate da
criatividade,trabalha a autoestima, preserva valores, leva o educando a acordar e
fazer escolhas.
Reencontrar o lúdico, entender o seu valor revolucionário, torna-se imperativo se deseja preservar os valores humanos no homem. Da mesma forma, através dele podemos resgatar a criatividade, ousando experimentar o novo, acordar do estado vegetativo, improdutivo, disfuncional do corpo ou da mente e escolher tornar-se homem, resistindo às experiências de vida deslumbrantes, acreditando em si, em idéias, sonhos e visões, elementos, entre outros, percebidos como intrínsecos dos homens e da humanidade (MARCELLINO, 1995, p. 31).
Segundo SOARES (1995), os conteúdos devem ser organizados de forma
que respeite o contexto social do aluno e sua cultura para que realmente o mesmo
faça sentido para ele. Desta maneira a prática pedagógica do professor estará
realmente tratando das competências da escola.
Os conteúdos são realidades exteriores ao aluno que devem ser assimilados e não simplesmente reinventados, eles não são fechados e refratários às realidades sociais, pois não basta que os conteúdos sejam apenas ensinados ainda que bem ensinados seja preciso que se ligue de forma indissociável a sua significação humana social (SOARES e. al., 1995, p. 39).
A realização desse estudo se constituiu num espaço de reflexão e
possibilidades de intervenção significativa nas aulas de educação física no combate
a indisciplina presentes no espaço escolar, buscando encontrar caminhos que
norteie outras interpretações que possam auxiliar os professores a terem novos
olhares, sobre o fenômeno indisciplina. Assim sendo, a Educação Física deve dar
sua contribuição na formação de indivíduos críticos e transformadores, por meio de
conteúdos que os orientem à contextualização, pesquisa e a reflexão sobre as
práticas desta área de conhecimento.
A EDUCAÇÃO FÍSICA E A ESCOLA
Nenhuma área de conhecimento sozinha, dá sustentação a uma visão
ampla do aluno. É necessário que aja uma articulação entre todas áreas de
conhecimento para que o aluno tenha uma visão diferenciada, e assim criar
possibilidades que viabilizem a compreensão do aluno sobre o mundo em que está
inserido. Propiciar caminhos que o leve a entender os aspectos políticos, históricos,
sociais, econômicos e culturais de seu tempo viabilizar caminhos que o conduz ao
discernimento que o leve a ter capacidade de ultrapassar limites.
Neste sentido a Educação Física conduzida por uma diretriz onde são
apresentados os conteúdos estruturantes: Esporte,Jogos e brincadeiras, Ginástica,
Lutas e Danças, e os define como conhecimento de amplitude.
Nestas diretrizes Curriculares, os conteúdos Estruturantes foram definidos como os conhecimentos de grande amplitude, conceitos ou práticas que identificam e organizam os campos de estudos de uma disciplina escolar, considerados fundamentais para compreender seu objetivo de estudo/ensino (SECRETARIA DA EDUCAÇÃO, 2008, p. 62).
Ao professor de educação física cabe a responsabilidade de trabalhar cada
conteúdo estruturante garantindo aos alunos o que lhe é de direito a
contextualização e reflexão sobre cada atividade praticada. Neste contexto abre
espaço para a discussão sobre as possibilidades de fazer conexão entre a prática
em jogos e brincadeiras populares e a vida social do aluno.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Com o objetivo de apresentar os dados obtidos no transcorrer desta pesquisa,
Apresenta-se neste momento os resultados obtidos com o primeiro questionário
fechado, dados obtidos em gráficos, enumerados de um a oito, correspondentes ao
número de questões existentes na primeira coleta de dados. O gráfico 1 refere-se a
faixa etária apontando que, 93% são menores de onze anos, e apenas 7%são
maiores de doze anos, estudantes do sexto ano (B) matutino do Colégio Estadual
Santos Dumont, do Município de: Santa Cruz de Monte Castelo, Paraná. Brasil.
Gráfico 1
O gráfico 2 aponta que 90 %, dos entrevistados disseram que já tiveram
algum contato com jogos populares por meio de brincadeiras. Essa porcentagem
além de apontar o conhecimento prévio do estudante, indica o percentual histórico
individual de cada aluno, bem como a interação dos entrevistados com a ferramenta
utilizada no decorrer da pesquisa. Jogos e brincadeiras populares também
conhecidos como jogos tradicionais sofrem modificações sempre que praticado, haja
vista que é possível encontrar várias versões de uma mesma brincadeira ou jogo. O
brincar, se encontra no recrear-se com liberdade de construção e ação, não
existindo necessidade se prender em gênero, condições socioeconômicas, e/ou
outros.
Toda denominação pressupõe um quadro sócio-cultural transmitido pela linguagem e aplicado ao real.Dessa forma,
enquanto fato social, o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. É este o aspecto que nos mostra porque o jogo aparece de modos tão diferentes, dependendo do lugar e da época (KISHIMOTO, 2003, p. 108).
Gráfico 2
Neste universo, não existe fronteiras, mesmo que 10% dos alunos
entrevistados afirmem, não terem tido contado com jogos e brincadeiras. Existe a
possibilidade de não terem conhecimento do que sejam jogos e brincadeiras
populares. Ao considerar a faixa etária dos entrevistados, é bem possível que em
algum momento tenham participado de alguma atividade infantilmente, por puro
prazer e entretenimento, e, que, faça parte de jogos e brincadeira populares sem
reconhecê-la com o tal.
O Universo do lúdico que envolve os jogos, os brinquedos e as brincadeiras é tão vasto que essa potencialidade nos permite explorá-lo e utilizá-los nas formas mais diversas (MARCELINO, 2003, p.97).
Jogos e brincadeiras populares abrem importantes canais entre seus
participantes, possui imensa capacidade de envolvimento, como: liberdade de
decidir em grupo quando, como, se inicia e/ou finaliza um jogo ou brincadeira, direito
de estabelecer/decidir que espaço utilizar para realizar a atividade, torna-o, divertido
e popular.
Gráfico 3
O gráfico 3 indica que apenas 13% dos alunos afirmaram brincarem
diariamente utilizando atividades que compreendam jogos e brincadeiras populares
esse pequeno número podem se referir as causas atuais aqui ressaltadas como: a
falta de espaço provocada pela modernização das cidades atuais, ao avanço
tecnológico e sistema de sociedade vigente, capitalista, provocando consumismo
levando-os indivíduos adquirem sempre uma novidade eletrônica, 24% disseram que
utilizam estes tipos de brincadeiras sempre. A criança atual possui acesso de
maneira única a novas tecnologias, bem como, obtém a enumeras opções entre
brinquedos eletrônicos e jogos em computadores, não se importando muito com as
brincadeiras em ar livre.
Todo esse avanço que tudo transforma gera novas tendências, produz o
novo, provoca o surgimento de fenômenos no seio dos núcleos sociais, fenômenos
esses de várias facetas, uma delas a mais preocupante já instaurada na sociedade
contemporânea, a insegurança. Esse fenômeno é um dos vilões que contribui com a
retirada de crianças dos espaços livres, 63% afirmaram brincarem às vezes, os
motivos podem se colidirem. A nova era produz o novo, ao mesmo tempo nega a
criança contemporânea o tempo do ócio, que poderiam utilizar para brincarem ou
jogarem tranquilamente em espaços livres. Além da mudança no entretenimento
infantil há a contemplação de seu tempo para a aquisição de novos saberes.
Gráfico 4
O gráfico 4 indica que somente treze por cento utiliza essa brincadeira na
escola esse numero pequeno possa ser resultado de muitas causas algumas delas
pode ser falta de identificação, outra hipótese é que a maioria das escolas estejam
sofrendo de estreitamento de espaço no pátio escolar, decorrente da modernização,
impedindo-as de utilizar essa atividade ou simplesmente a criança atual opta por
outro tipo de entretenimento por motivos exemplificado no gráfico anterior.
Gráfico 5
Por crer na importância das possibilidades existentes em jogos e
brincadeiras populares, compreender que essas possibilidades possam estimular um
individuo a elevar a sua capacidade de apreensão de novos conhecimentos e novas
habilidades, torna considerável e significativa a porcentagem apontada no gráfico 5
demonstrando a quantidade dos alunos que não acham interessante essa
atividade. 17% em uma classe que totaliza trinta alunos parece um apontamento
pequeno, mas diante da importância atribuída a atividade a negação apresentada é
bastante significativa, elevando a necessidade das atividades serem realizadas com
mais consistência nas aulas de educação física. Para Vygotsky (2007, p. 117):
A criação de uma situação imaginária não é algo fortuito na vida da criança; pelo contrário, é a primeira manifestação da emancipação da criança em relação às restrições situacionais. O primeiro paradoxo contido no brinquedo é que a criança opera com um significado alienado numa situação real. O segundo é que, no brinquedo, a criança segue o caminho do menor esforço - ela faz o que mais gosta de fazer, porque o brinquedo está unido ao prazer - e, ao mesmo tempo, ela aprende a seguir os caminhos mais difíceis, subordinando-se a regras e, por conseguinte, renunciando ao que ela quer, uma vez que a sujeição a regras e a renúncia à ação impulsiva constitui o caminho para o prazer no brinquedo.
Neste sentido seria muito interessante que uma porcentagem bem maior
que 83% dos alunos achassem interessante participarem de atividades utilizando
jogos e brincadeiras populares, por esse viés apresentar a esse 17% a importância
em participar ativamente dessa atividade torna-se um desafio prazeroso, encontrar
caminhos que os estimule a realizarem as atividades apresentadas, bem como levá-
los a reflexões, sobre atividades que compõem o rol de jogos e brincadeiras
populares.
Gráfico 6
Brincadeira é inerente à vida de todo os ser humano, um dos meios que os
pais utilizam para promover ambiente de aprendizagem e articular contato entre o
individuo e o mundo. É essencial no desenvolvimento da criança, influencia o
autoconhecimento e auxilia o reconhecimento do outro. No gráfico 6, 63% das
crianças afirmaram que participaram de brincadeiras populares com seus pais, 37%
responderam não terem brincado com jogos populares com seus pais Não ter
contato com essa atividade ou nunca participar de brincadeiras desse contexto
implica em grande perda de experiências e vivências, perdendo muitas
oportunidades, inclusive em qualidade, pois as brincadeiras populares possuem
possibilidades que auxiliam na imaginação, nas relações sociais e culturais.
As brincadeiras, os jogos populares e os espaços por elas usados e
estabelecidos influenciam na capacidade de pensar e agir dos participantes podendo
reverter uma situação real incômoda, em uma situação mais cômoda no mundo
imaginário, provendo assim uma sustentabilidade ou um entendimento de qualidade
bem como informação e habilidades, atribuindo ao indivíduo uma nova visão e até
mesmo novos argumentos a situação por ele vivida.
Gráfico 7
O gráfico 7 demonstra que 77% dos entrevistados ao participarem de
festividades tiveram contatos com jogos populares, essa participação deve ter
acontecido , porque ao organizar as atividades a equipe de organizadores detinham
conhecimento sobre a importância de crianças vivenciarem jogos e brincadeiras
populares,oportunizando assim a articulação dessa atividade com outras formas de
brincar 23% apontam que não tiveram contados com jogos populares em
festividades, com certeza não participaram das mesma festividades onde os
organizadores tinha conhecimento da importância em vivenciar essa atividade, ou
simplesmente optaram por outras atividades, porém por meio dessa opção
impediram que as crianças participantes das festividades tivessem contatos com
jogos culturalmente construídos.
Gráfico 8
No demonstrativo do gráfico 8 a porcentagem demonstra que 77% dos
entrevistados brincaram de bets, 93% já brincaram de pula corda, 97% brincaram
de bola queimada, 100% já brincaram de pique esconde, e apenas 30% tiveram
contato com fantoche, neste momento fica claro que os entrevistados não tinham
conhecimento que várias brincadeiras que eles participaram faziam parte de jogos
e brincadeiras populares.
Apenas 30% dos entrevistados tiveram vivências com fantoche, esse
demonstrativo é pequeno em se tratando de um jogo tão riquíssimo que é o
fantoche, um jogo em que a criança vê tudo que acontece. A porcentagem indicada
pelos entrevistados em relação ao contato com fantoche norteia o quanto as
possibilidades dos jogos estão deixando de serem utilizadas como recurso nas
práticas pedagógicas. Uma ferramenta rica que contém enumeras articulações que
podem claramente auxiliar de maneira prazerosa a aquisição de conhecimentos. O
mesmo apontamento indica com que frequência os alunos da atualidade tem acesso
ao jogos tradicionais socialmente construído, ou seja ao patrimônio cultural.
Gráfico 9
No gráfico 9, constata-se que 97% dos alunos querem participar de jogos e
brincadeiras populares em aulas de Educação Física, empenhados em participarem
e vivenciarem brincadeiras deste contexto. Deixando claro que a autonomia que
existe em jogos e brincadeiras foi o que levou-os a apostarem em novas dinâmicas.
Na sequencia desse estudo foram apresentados, jogos e brincadeiras como o pique
- esconde, o jogo de bets, o pula corda, a bola queimada e o fantoche. Para
realização das atividades, foram utilizados espaços disponíveis na escola. Somente
para o fantoche foi utilizado uma sala de aula para apresentação do teatro. Apenas
3% dos respondentes não tiveram interesse em vivenciar jogos e brincadeiras em
suas aulas de educação física. Por meio desta pesquisa os alunos perceberam que
este ambiente proporciona algo que eles precisam ao se expressarem como
oportunidades de opinar, de decidir, ou seja, perceberam que a sua opinião neste
contexto tem valia, é respeitada. A primeira brincadeira apresentada foi o pique -
esconde, após a atividade foi feita reflexão e questionamento sobre a correlação
com a vida social de cada um. As respostas apresentadas pelos alunos sinalizam
como os jogos e brincadeiras populares auxiliam na compreensão da vida cotidiana
e, o quanto as regras estabelecidas pelo grupo influenciam na realização das
brincadeiras propostas.
Com relação à primeira brincadeira ‘Pique - esconde’ os alunos
concordaram com a regra ‘que não poderia abrir os olhos’. A maioria respondeu que
consideram uma boa ação, quando alguém consegue sair ileso do esconderijo, isto
é, chegar ao ponto determinado de ‘pique’ sem que o ‘pegador’ em questão tivesse
achado e tocado no pique.
A elaboração desta atividade foi interessante, a começar por quão
concentrados e organizados estavam durante a reunião feita em prol de decidirem o
espaço onde aconteceria a brincadeira, quem seria o pegador, quantidade de
números a ser contados para que eles pudessem se esconder. Observando a
fidelidade com que executaram a brincadeira seguindo suas próprias regras e o
prazer perceptível em executá-las confirma quão vasta são as possibilidades
existentes em jogos e brincadeiras populares que pode contribuir para as questões
relacionadas à indisciplina e consequentemente combater o fracasso escolar.
Para Vygotsky (2007) as construções de jogos e brincadeiras possibilitam a
mudança de comportamento a partir das regras estabelecidas, sendo que o
brinquedo contém elementos que auxiliam na construção da identidade do sujeito.
Com relação à segunda brincadeira ‘Jogo de bets’. As decisões tomadas
para o jogo de bets foi um processo discutido por todos os alunos, até que
chegassem a um consenso em relação ao local disponível para o jogo. Quando
iniciado, foi possível perceber a contribuição dessa brincadeira relacionada à
cooperação que deve estar presente entre os pares respeitando as regras, as
habilidades dos outros participantes e o prazer presente na realização da
brincadeira.
Na discussão acerca da brincadeira realizada, conseguiram refletir se em
algum momento se sentiram lesados a partir da transgressão das regras, e, apenas
10% dos alunos sentiram que seus direitos foram desrespeitados, entretanto, 90%
concordaram que não se sentiram lesados. Essas respostas mostram que mesmo
com regras previamente acordadas pelos alunos, existem aqueles que tentam burlá-
las. Nesse sentido, respeito e disciplina, deve ser compreendido absorvido e
entendido para que possa ser praticada com plena consciência. Tiba (2006) afirma
que a disciplina não é obediência cega as regras, como um adestramento, mas um
aprendizado ético para se sabe fazer o que deve ser feito, independentemente da
presença de outros.
Com relação à terceira brincadeira ‘Pular corda’ foi questionada a relação
da brincadeira com a vida diária da criança, a maioria dos alunos concordaram que
as regras refletem algo da vida em comum. Sobre os limites existentes na escola e
como poderiam ser compreendidas e absorvidas se fossem bem clara as
explicações, cerca de 83% responderam que sim, e 17% disseram não. Essa
resposta aponta mais uma vez que a dificuldade em obedecer as leis vigentes, é um
percentual pequeno, apontando a existência da possibilidade de melhoria quanto a
indisciplina escolar, nesse sentido todos os profissionais envolvidos em educação
escolar e, que, convivem com problemas indisciplinar, devem se valer de aportes
teóricos sobre o tema em busca de novas visões e automaticamente novas práticas
pedagógicas.. Estudos, somente ele, aponta que é possível se não reverter,
amenizar a indisciplina na escola. As possibilidades existentes em jogos e
brincadeiras populares tece linhas, fios, que pode estimular dinâmicas na relação
escola/ professor/aluno.Para (TIBA, 2006, p.130) Quanto maior for o número de "fios
invisíveis" tecidos entre o professor e os alunos maior será a interação dele com a
classe. Com relação à quarta atividade 'Bola queimada' as reflexões foram
relacionadas a limites e cooperação fazendo correlação com convivência em sala
de aula e espaço escolar 87% dos respondentes afirmaram que a escola é um lugar
prazeroso que oportuniza sempre algo diferente. (HUIZINGA, 2000, p.15) A criança
joga e brinca dentro da mais perfeita seriedade, que a justo titulo podemos
considerar sagrada. Mas sabe perfeitamente que o que esta fazendo é um jogo.
Com relação ao 'Fantoche' quinta brincadeira, tudo ocorreu respeitando as
delimitações estabelecidas pelo grupo envolvido, desde confecção dos bonecos, à
realização da apresentação do teatro.
Ao refletirem correlacionando com o cotidiano, se é difícil realizar tarefas
sob a disciplina, 100% responderam que atividades realizadas em conjunto são mais
divertidas e fáceis de realizar.
Solicitar os alunos a participarem do jogo de teatro com fantoche foi
demasiadamente positivo, por meio da realização desta atividade, os alunos
divertem-se, e, são estimulados a expressarem seus pensamentos com liberdade de
expressão, obtém a autonomia de reproduzir histórias lidas em livros, fábulas e/ou
produção própria. Este contexto estimula-os a contar histórias, a expressarem seus
desejos e ainda abordarem contexto de seus cotidianos. Em síntese a liberdade na
escolha das histórias/textos a serem reproduzidos, abre espaço para construção e
reconstrução de alguns valores e regras. (2010 p.177. Brincar uma aprendizagem
para a vida) O teatro e a interpretação de papéis oferecem um potencial enorme
para fazer com que as crianças vejam as coisas sob outro ponto de vista.O teatro
sempre permitiu o pensamento crítico e criativo. O teatro oportuniza as crianças a
criarem e/ou recriarem não somente o texto/história, mas som, espaço, cores
movimentos e, vai além, os induz a reproduzirem época, lugar e moda, ao mesmo
tempo estabelece conexões necessárias que os levem a questionarem e refletirem
limites e regras com seus professores e colegas de classe, torna fácil a
compreensão de como acontece a transferência de atitudes vivenciadas em sala de
aula, para além do portão escolar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa se propôs analisar as principais causas da indisciplina na
escola na percepção dos alunos e de professores da área de educação física. Mas
especificamente identificar quais fatores que contribuem e/ou torna o aluno (in)
disciplinado. Para obter um resultado satisfatório foram utilizadas como ferramenta
de sustentação, questões sobre indisciplina e suas implicações investigando
compreender como esse fenômeno afeta o ensino-aprendizagem e conhecer as
principais causas da indisciplina presentes na escola, posteriormente foi construído
por meio de pesquisas e vivências em jogos populares, possibilidades de minimizar
esses fatos. Embora a indisciplina se constitua um tema complexo e nos leva a
diferentes caminhos e reflexões, muitos pesquisadores se sentem desafiados a
estudar essa temática com o intuito de melhorar a qualidade do processo ensino
aprendizagem de alunos em sala de aula. Foram considerados vários fatores que
podem influenciar o comportamento do aluno. Atualmente esses fatores influenciam
significativamente na indisciplina evidenciada nas escolas com consequências não
satisfatórias nas aprendizagens.
Um fato observado são as estruturas das escolas que não se
desenvolveram/desenvolvem junto ao avanço tecnológico das sociedades. Como
esperar interesse em determinadas áreas de conhecimento em sala de aula de um
indivíduo do Século XXI, se o mesmo está aprisionado a uma estrutura escolar, do
Século XIX, e, presumir que esse mesmo indivíduo encontre estímulos junto às
adaptações existentes nos antigos/recentes prédios escolares. Tão obstante quanto
esse fato, é conviver entender e compreender o estreitamento do espaço escolar em
nome do desenvolvimento.
O modelo de sociedade vigente também tem sua parcela de interferência
sobre o tema, por estimular a busca incessante de bens, enaltecendo o trabalho,
provocando distanciamento dos membros familiares, separação esta, interpretado
de maneira singular, em que cada sujeito busca seus próprios interesses não se
preocupando em agregar valores coletivos nas suas ações diárias. Esse modelo é
refletido nas escolas e consequentemente em seus projetos pedagógicos, que por
mais que contemplem no seu interior, indicadores a ser trabalhado com os alunos,
na prática ele não se materializa efetivamente.
O Projeto Político Pedagógico da escola que prevê normas
preestabelecidas compreendendo o bom funcionamento no que compete a escola
deveria ser elaborado de maneira clara, de fácil entendimento para tomada de
ações/decisões referente à indisciplina bem como, no que demandam direitos e
deveres a todos que envolvem o núcleo escolar. A práxis do professor (a) necessita
ser embasada em teorias que impulsionem metodologias e suscitem diferentes
habilidades no trato com a construção do conhecimento junto aos alunos, na sua
prática docente.
Neste contexto este estudo contribuiu para a aplicabilidade do mecanismo
do lúdico como ferramenta de intervenção, com objetivo de que educadores utilizem
as possibilidades existentes em Jogos e Brincadeiras populares para subsidiar suas
práticas pedagógicas. Ressaltando que Jogos e Brincadeiras populares não é uma
criação recente, por isso mesmo também são chamados de jogos tradicionais.
Neste estudo foram utilizados cincos Jogos e Brincadeiras pertencentes à cultura
popular, buscando identificar possibilidades de exercitar valores como os limites, as
regras e a socialização. Jogos e Brincadeiras populares articulam, favorecem o
exercício do diálogo por meio do lúdico e propiciam o exercício do enfretamento aos
desafios, por meio da construção e/ou reconstrução de uma determinada brincadeira
auxilia o questionamento, à reflexão, em relação às vivências em salas de aulas e a
vida cotidiana.
As possibilidades existentes em Jogos e Brincadeiras estimulam o
educando ampliar seu universo de conhecimento acerca da sociedade em que vive
dialogando sempre com professor/aluno/escola/comunidade. Contribui para
formação do indivíduo em sua construção de valores como: limites e regras, por
conseguinte auxilia o entendimento da responsabilidade individual visando o bem
comum. Favorece estímulo ao sujeito para que entenda e valorize as organizações
coletivas, primando por uma sociedade democrática.
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