OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … · por baixo no voleibol com uma turma do 6º ano do...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
TITULO: AQUISIÇÃO DA HABILIDADE DO SAQUE POR BAIXO NO
VOLEIBOL
AUTOR: MANOEL RODRIGUES DOS SANTOS1
ORIENTADOR: JORGE BOTH2
RESUMO
O objetivo do trabalho foi avaliar a aprendizagem do saque por baixo voleibol dos alunos. Percebeu-se que os alunos ao ingressarem no 6º ano, possuem ainda pouco domínio das qualidades físicas, como a coordenação, lateralidade, equilíbrio, força, entre outros. Para isso, foram realizadas 14 aulas, onde foram aplicados inicialmente um pré-teste, o pós-teste e a retenção, a fim de acompanhar e verificar se houve ou não a aprendizagem e o domínio do saque por baixo. Após a realização da analise dos resultados, constatou-se que a intervenção foi eficaz para a retenção do movimento saque por baixo do voleibol nos alunos.
Palavras chave: aprendizagem motora. voleibol. fundamentos. saque por baixo.
1 Autor: Manoel Rodrigues dos Santos. Professor da rede Pública no Estado do Paraná. e-
mail:[email protected] 2 Orientador: Professor Doutor do Departamento de Educação Física da UEL.
INTRODUÇÃO
Este estudo buscou verificar a aprendizagem do fundamento do saque
por baixo no voleibol com uma turma do 6º ano do ensino fundamental.
Percebia-se que os alunos, ao entrar no 6º ano do ensino fundamental,
estavam em um momento de mudança significativa no período escolar. Em
algumas situações, além da mudança de série (do 5º para o 6º ano), existem
outras variáveis influentes, tais como: mudança de turma, (pois nas séries
iniciais os alunos permanecem com as mesmas crianças ao longo dos anos),
mudança de professor (es), em alguns casos de estabelecimento de ensino,
maior número de disciplina no ano, entre outras. Tudo isso pode gerar ao aluno
uma expectativa que pode influenciar sobre seu desempenho, além de
proporcionar o sentido de novidade, ao mesmo tempo uma readaptação nesse
novo ambiente no qual está sendo inserido.
Dentre as novas disciplinas que o estudante vivenciará, a Educação
Física é uma das quais ele deverá enfrentar novas expectativas e desafios, ao
se defrontar com os conteúdos como o esporte, a ginástica, os jogos e
brincadeira, as danças e as lutas, conteúdos estes estruturantes da educação
física escolar. SANTOS (2013)
Considerou-se o fato de que os alunos apresentam dificuldades motoras
quando chegam ao 6º ano do ensino fundamental para realizar algumas
habilidades motoras, pela falta da vivencia prática dos esportes. Assim, por
meio do estudo de estratégias para o ensino do saque por baixo do voleibol, o
intuito desse estudo foi buscar meios para minimizar as possíveis dificuldades
identificadas e adaptar uma metodologia pedagógica, que auxilie os alunos no
processo de aprendizagem desse fundamento.
Portanto, o objetivo do trabalho foi de verificar os fatores que influenciam
na aquisição de habilidades motoras e aprendizagem do saque por baixo no
voleibol, aos alunos do 6º ano do Colégio Estadual Vicente Machado do
município de São Pedro do Ivaí – Paraná.
REVISÃO LITERÁRIA:
A aprendizagem motora é conceituada por vários autores, sendo
fundamental no processo de desenvolvimento humano. Schmidt e Wrisberg,
(2001, p. 190), consideram que a aprendizagem motora é “a mudança em
processos internos que determinam a capacidade do indivíduo de produzir uma
ação motora” e ainda, a aprendizagem é um processo que melhora o
desempenho na medida em que a pessoa tem continuidade da prática.
Gallahue (2008, p. 104) diz que a aprendizagem de uma habilidade motora “é
um processo ativo de aprendizagem intrinsecamente relacionada à cognição, e
que esta não pode ocorrer sem a contribuição do pensamento”. Zacaron e
Krebs (2006) salientam que com a aprendizagem a pessoa aumenta sua
capacidade ou potencial no desempenho de uma habilidade, mas que isto
dependerá de certas variáveis de desempenho, que incluem a prontidão da
pessoa, a ansiedade criada pela situação e as peculiaridades do ambiente, e a
fadiga, entre outros fatores.
Com base nestas colocações pode-se perceber que a aprendizagem
motora consiste na capacidade do indivíduo desempenhar uma habilidade e/ou
atividade. A habilidade motora pode ser conceituada em duas formas, segundo
Schmidte Wrisberg (2001, p. 19), na primeira as habilidades motoras podem
ser vistas como tarefas, e na segunda como características que distinguem o
executante de alto nível e baixo nível. As características relacionadas como
tarefas são classificadas em três formas: “como o movimento é organizado, a
importância relativa dos elementos motores e cognitivos e o nível da
previsibilidade ambiental envolvendo a performance da habilidade”, e que são
organizadas em relação ao movimento como habilidade discreta e habilidade
seriada. A habilidade discreta é uma tarefa onde a ação é normalmente breve
em duração e tem inicio e fim, já a habilidade seriada é caracterizada por várias
ações discretas conectadas em sequência, sendo a ordem fundamental para o
sucesso da performance (SCHMIDT E WRISBERG, 2001, p. 19). Os autores
acrescentam que nas habilidades relacionadas ao esporte, as habilidades
discretas, são importantes em muitos jogos que envolvem ações distintas como
batida da bola, chute, salto ou arremesso e recepção e as habilidades seriadas
exigem maior numero de atividades discretas, como por exemplo: trocar a
marcha de um carro ou executar uma série de exercícios de ginástica.
Estas habilidades diferem uma da outra no que diz respeito às
circunstancias da produção do movimento, no qual requerer um tempo mais
longo onde cada elemento retém um inicio e um fim discreto. Outro conceito diz
respeito à habilidade contínua, que se caracteriza como ações repetitivas e que
possuem a ausência de inicio e fim claramente definidos, como por exemplo:
correr ou nadar, sendo que na corrida o limite determina seu fim, é a linha de
chegada e no nado a parede de chegada. Pode-se acrescentar a classificação
das habilidades relativas aos elementos, que são motores nesse caso, e que
determinam a qualidade do movimento, ou seja, ela enfatiza o saber fazer o
movimento, isso é, a execução correta deste. Na aprendizagem motora estes
conceitos auxiliam na compreensão dos mecanismos relacionados à
aprendizagem do movimento. São por meio destes mecanismos que o
professor se fundamentará no processo de ensino da criança para a
aprendizagem de um novo movimento, que no caso desse trabalho será o
saque por baixo no voleibol.
O ESPORTE VOLEIBOL E O FUNDAMENTO DO SAQUE POR BAIXO.
O jogo de voleibol é caracterizado por ser um esporte jogado por duas
equipes em uma quadra de jogo dividida por uma rede. O objetivo é enviar a
bola sobre a rede para fazê-la tocar a quadra adversária, evitando o ataque da
equipe adversária e cada equipe pode dar até três toques na bola
(CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE VOLEIBOL CBV, 2013). Carneloço (sd,
p.11) fala que o jogo de voleibol, é praticado em um retângulo de 18 x 9m
dividido por uma rede ao meio que impede o contato entre os jogadores, é
realizado com seis jogadores cada lado, que a bola deve ser tocada com a
ponta dos dedos, e que cada equipe pode dar três toques na bola. O jogo é
iniciado por um jogador que se coloca no fundo da quadra e com uma das
mãos executa o saque para iniciar o jogo. Conforme Lemos (2004. p. 66), “o
saque é o único fundamento do vôlei que é exclusivamente do executante,
portanto, o bom domínio da técnica e a concentração são elementos
fundamentais para o sucesso do sacador”.
Conforme a CBV cada jogada se inicia com um saque, sendo que a
regra 12 descreve que o “saque é o ato de colocar a bola em jogo, executado
pelo jogador de trás à direita, posicionado na zona de saque” (CBV, 2013).
Esta ação do saque é detalhadamente descrita por Borsari e Silva (1974), em
que definem o saque e descrevem com mais detalhes a estrutura do jogo de
voleibol. Os autores consideram que o saque é o ato de colocar a bola em jogo,
com uma mão, pelo jogador da zona de saque, sendo que o sacador pode
variar a forma de bater na bola a fim de conseguir variar a trajetória e a
velocidade da bola, objetivando obter a falha na recepção da equipe
adversária, dificultando a defesa e o contra-ataque.
Para obter um saque com maior eficiência, deve-se bater na bola com o
corpo de frente à quadra adversária, com a palma da mão aberta, ou com o
punho fechado. Percebe-se nesta citação de Borsari e Silva (1974), uma gama
de informações no momento de efetuar o saque, pois o aluno que está
iniciando no jogo de voleibol tem dificuldade em perceber esses detalhes. Isso
demonstra que as dificuldades enfrentadas pelo aluno aprendiz fazer o saque
por baixo, pode estar relacionada a uma carência de estratégias para perceber
as informações mais importantes para a tarefa.
Assim, cabe ao professor ajudar o aluno perceber e compreender as
informações para maximizar seu processo de aprendizagem, e
consequentemente minimizar a chance de erros na execução e na
aprendizagem. Outro aspecto que definem os pontos significantes da
aprendizagem é notado em Carneloço (sd), onde observa que é aconselhável
que esse saque seja ministrado ao iniciante para que seja executado com a
mão aberta, pois assim o aprendiz se adaptará à batida (tipo tênis), que depois
será usada no saque por cima. O saque por baixo, de mão aberta, pode ser
considerado como processo pedagógico para o aprendizado do saque por cima
(estilo tênis). Também Lemos (2004) diz que a técnica do saque por baixo é
feita com as pernas semi-flexionadas, pé esquerdo à frente, lançar a bola baixa
com a mão esquerda e golpe com a mão direita, usando a parte de cima da
palma da mão. Nestas informações vemos que a aprendizagem do saque por
baixo deve se iniciar por meio do mais fácil ou simples para o mais complexo
ou difícil.
Na medida em que o aluno vai conhecendo e dominando os movimentos
do saque por baixo, há a aprendizagem motora e cognitiva do aluno. Também
nota-se nestas informações a maneira mais adequada na execução do saque
por baixo, em que os movimentos são fáceis de serem realizados pelas
crianças na iniciação da aprendizagem dos fundamentos. Mesmo sendo um
conjunto de movimentos, a princípio simples, durante a execução, exige do
aprendiz a prática, favorecendo-o no desempenho da técnica da habilidade
motora. Carneloço (sd) sugere que no inicio do processo de aprendizagem do
saque por baixo, divida-se os alunos em dois grupos e se coloque um grupo
em cada lado da quadra, na linha dos três metros de ataque. Os alunos
executam o saque até que adquiram a coordenação e a aprendizagem do
gesto. Os iniciantes irão se distanciando gradativamente, até se atingir o local
apropriado de acordo com as regras internacionais: a mais de nove metros da
rede de voleibol. Já em Borsari e Silva (1974, p. 61), o que interessa
fundamentalmente são a forma e a altura que se golpeia a bola em direção à
quadra oposta. Em relação ao movimento do braço a bola é golpeada por
baixo, e a mão pode assumir diferentes posições, como por exemplo: a) aberta,
com os dedos abertos, golpeando a bola com a parte carnosa da palma; b)
aberta em concha, com os dedos unidos, batendo de forma a encaixar a bola;
c) aberta, com o polegar naturalmente sobre a palma; d) fechada, batendo-se
com o punho. Nestes exemplos, demonstram-se algumas formas de se
trabalhar o saque por baixo. Assim, o desafio nesse trabalho será buscar
estratégias que contribuam para potencializar a aprendizagem do saque por
baixo no voleibol, e consequentemente minimizar as dificuldades durante o
processo de aprendizagem do movimento.
Para conhecermos os fatores que influenciam na aprendizagem das
habilidades motoras relativas ao saque por baixo no voleibol, analisaram-se
alguns conceitos. Segundo Magill (2000, p. 6), o termo habilidade quer dizer
“uma tarefa com uma finalidade específica a ser atingida” e que, as habilidades
motoras estão relacionadas aos movimentos e as ações. Relacionado ao
saque por baixo, entende-se que essa habilidade, consiste em sacar a bola
para colocá-la em jogo ou iniciar um jogo, com o objetivo de marcar pontos.
Barros Junior (1979, p.79) cita que o saque por baixo é a habilidade “excelente
para colocar a bola em jogo, em um nível, no qual os aprendizes não têm força
muscular para o saque tênis ou coordenação para o saque balanceado”.
Nota- se nesta colocação que a falta de força muscular para a realização
do saque por baixo para a criança, é um fator influenciador, visto que esta
capacidade física ainda está em formação. Considerando que a habilidade do
saque por baixo exige uma sequência de movimentos coordenados, este
conjunto de movimentos requer do aprendiz uma aprendizagem que leve ao
domínio de cada um dos tipos de qualidades físicas. Considerou-se necessário,
identificar as qualidades físicas envolvidas na aprendizagem desta habilidade
motora e conquistar o domínio de cada uma delas, para ter condição de
executar o movimento com maior eficiência.
Com relação às qualidades físicas, Nogueira (1997) destaca que ao
elaborar um estudo com a intenção de desenvolver uma atividade física, é
significativa a identificação dos pontos positivos dessas atividades que
necessitem ser reforçadas. Estes pontos são identificados como qualidades
físicas, nas quais influenciam num percentual maior ou menor no desempenho
de determinada modalidade desportiva ou atividade física, sendo estas
qualidades físicas as seguintes: força, resistência, velocidade, agilidade,
coordenação, equilíbrio, flexibilidade, ritmo e descontração. Sendo assim, o
autor as descreve da seguinte forma:
Força: capacidade de executar tensão contra uma resistência;
Resistência: a capacidade que permite a realização de um movimento por
um período de tempo determinado;
Velocidade: capacidade de movimentos (gestos) ou sequência de
movimentos rápidos com um tempo mínimo possível;
Coordenação: o controle mental sobre a ação motriz.
Equilíbrio: combinação de movimentos para a manutenção do corpo em
um ou mais pontos de apoio em uma situação estável;
Flexibilidade: a qualidade que quantifica a amplitude de movimento das
articulações habilitando movimentos nos limites adequados;
Ritmo; a manutenção de uma ação em relação de tempo, com ordenação
constante ou sequencial;
Descontração: a capacidade de não conduzir estímulos ou movimentos
voluntários num alto grau de descontração até os movimentos
involuntários autônomos.
Com relação às qualidades físicas Tubino (1979) destaca a importância
de se conhecer esses componentes na iniciação desportiva e a determinação
de quais dessas serão desenvolvidas nas atividades que almeja aprender. Ao
analisar o movimento do saque por baixo, visa-se identificar quais são as
qualidades físicas envolvidas e solicitadas na execução prática e auxiliar o seu
desenvolvimento, a fim de dar suporte à qualidade do movimento aprendido.
Acredita-se que dessa forma, se poderá contribuir para minimizar as
dificuldades e erros durante a aprendizagem e desenvolvimento do movimento.
Para isso, objetivo do trabalho foi de analisar a aprendizagem do saque por
baixo de acordo com as fases do movimento do saque descrito por Meira
Junior (2003).
METODOLOGIA
Tipo de Pesquisa: Este estudo tem abordagem qualitativa, o qual buscou
avaliar a aprendizagem do saque por baixo no voleibol identificando as
dificuldades apresentadas pelos estudantes. Após a identificação foram
testadas estratégias de ensino para aperfeiçoar a prática e a aprendizagem
dessa habilidade.
População e Amostra: A população foi constituída por alunos do ensino
fundamental, sendo que a amostra da investigação foi composta por 30 alunos,
de ambos os gêneros, do 6º ano do ensino fundamental do Colégio Estadual
Vicente Machado – Ensino Fundamental e Médio.
Intervenção Pedagógica: Partindo da análise da dinâmica do movimento
do saque por baixo descrito por Meira Junior (2003) identificou-se as
qualidades físicas envolvidas nos movimentos descritos por Nogueira (1997).
Assim, inicialmente, foi observada a posição inicial do saque por baixo: “Para o
saque por baixo: pé esquerdo a frente do direito com ambos voltados para o
alvo, e inclinação do tronco para frente” (MEIRA JUNIOR, 2003, p. 158).
Primeiro, no qual o aluno parte de uma posição de equilíbrio e com o corpo
descontraído se prepara para a execução do saque por baixo, (qualidade física,
o equilíbrio e a descontração). O segundo movimento é o lançamento da bola,
“em direção ao braço de saque (aproximadamente 20 cm acima da linha da
cintura) ou apenas a retirada da mão que segura á bola”. Percebe-se a
coordenação e velocidade nos movimentos realizados. Terceiro: é ataque à
bola: “movimento pendular pôstero-anterior do braço direito estendido;
transferência do peso corporal do membro inferior para o membro inferior
esquerdo; golpe na bola com a mão proximal da palma da mão com o punho”.
Nesta sequência de movimentos notamos as qualidades físicas força,
coordenação, equilíbrio, ritmo e velocidade, para a execução deste movimento.
Quarto: é a finalização do saque por baixo, que é “em posição equilibrada,
finalização do braço de saque e direção ao alvo”, (op cit, p.159). percebe-se
aqui, a consecução do movimento terminado o saque por baixo, por meio da
qualidade física do equilíbrio e da força. (É necessário observar que este
movimento do saque por baixo descrito por Meira Junior, o padrão dos
movimentos é relativo ao executante destro). A partir da identificação do
movimento que será executado – aprendizagem do saque por baixo - e da
qualidade física solicitada, a atenção dada na análise dos pontos onde esta
havendo a dificuldade na execução do movimento, a fim de reforçar e
potencializar as qualidades exigidas, objetivando no final o êxito na
aprendizagem e consequentemente a diminuição da dificuldade na
aprendizagem e execução do saque por baixo.
Para desenvolver as atividades práticas, inicialmente foi realizado um
pré-teste no inicio da intervenção para verificar as dificuldades dos estudantes
na realização do saque por baixo. Ao final de 12 aulas foi conduzido um pós-
teste e, em um terceiro momento foi aplicado o teste para verificar a retenção
do movimento e para examinar a aprendizagem da habilidade. No teste os
alunos deveriam realizar o saque por baixo do voleibol 20 vezes, divididos em
dois blocos de 10 tentativas, por 2 dias seguidos, e no segundo momento,
desempenharam o saque por baixo, 20 vezes.
Analise estatística: na análise empregou-se a estatística descritiva para
avaliar a porcentagem das habilidades. Para comparar os diversos momentos
de coleta de dados empregou-se o teste de Friedman. Destaca-se que na
analise estatística o nível de confiança foi de 95,0% (p<0,050).
RESULTADOS
Os resultados da distribuição das frequências (Tabela 1) demonstraram
que no grupo feminino, no momento do pré-teste o maior índice foi o conceito
“regular” (86,7%). Após a intervenção, os maiores índices foram evidenciados
no conceito “bom” (Pós-Teste =53,3%; Retenção = 53,3%). Nos casos do
grupo masculino, na avaliação do pré-teste, o maior índice evidenciado foi no
conceito “bom” (70,0%). Por outro lado, na avaliação do pós-teste na retenção
os maiores valores encontrados foi no conceito “ótimo” (Pós-Teste =70,0%;
Retenção = 70,0%). No grupo total, a maioria do grupo era regular (64,0%).
Mas, ao final do pós-teste e o teste de retenção, apenas 12,0% dos alunos
apresentavam conceito regular.
Tabela 1: Resultados da avaliação da aquisição de habilidades do saque por
baixo
Grupos Conceitos das Habilidades
Regular (%) Bom (%) Ótimo (%)
Feminino Pré-Teste 86,7 13,3 --- Pós-Teste 13,3 53,3 33,3 Retenção 13,3 53,3 33,3
Masculino Pré-Teste 30,0 70,0 --- Pós-Teste 10,0 20,0 70,0 Retenção 10,0 20,0 70,0
Total Pré-Teste 64,0 36,0 --- Pós-Teste 12,0 40,0 48,0 Retenção 12,0 40,0 48,0
Na avaliação dos três momentos em que foram aplicados os testes
motores (Tabela 2), observou-se que os índices alcançados no pré-teste foram
diferentes dos pós-teste (Feminino: p=0,001; Masculino: p=0,022; Total:
p<0,001) e do teste de retenção (Feminino: p=0,001; Masculino: p=0,022;
Total: p<0,001). Entretanto, não houve diferenças significativas nas avaliações
entre o pós-teste e o teste de retenção.
Tabela 2: Comparação dos resultados obtidos nos três momentos de avaliação
da aquisição de habilidades do saque por baixo
Grupos PRÉ-TESTE Md (Q1 – Q3)
PÓS-TESTE Md (Q1 – Q3)
RETENÇÃO Md (Q1 – Q3)
p
Feminino (n=15) 1 (1 – 1) 2 (2 – 3) 2 (2 – 3) <0,001 Masculino (n=10) 2 (1 – 2) 3 (2 – 3) 3 (2 – 3) <0,001
Total (n=25) 1 (1 – 2) 2 (2 – 3) 2 (2 – 3) <0,001
De fato, considerando o processo de ensino aprendizagem do saque
por baixo, quando os alunos ainda estavam na fase inicial da aprendizagem
dos movimentos básicos do saque por baixo, buscou-se fazer um diagnóstico
em relação ao movimento, o qual demonstrou resultado regular para as
meninas e bom para os meninos. Após a intervenção do projeto constatou-se
uma melhora significativa.
Destaca-se que o melhor rendimento técnico apresentados pelos
meninas pode estar associado aos fatores: biológico, aprendizagem e
desenvolvimento motor, entre outros. Considerando as diferenças entre as
meninas e os meninos nos aspectos biológicos, onde envolve a força física, a
composição da estrutura muscular, Saba (2008) descreve que as diferenças
biológicas entre os sexos masculinos e femininos são significativos em relação
á pratica esportiva. A biologia feminina é diferente da masculina nos aspectos
relativos á aptidão física e desempenho, considerando desigual a competição
entre atletas de ambos os sexos. O autor destaca que há limites reais e
características especificas do feminino, no qual encaminham para um
desempenho diferenciado diante das atividades esportivas. Algumas diferenças
são apresentadas entre o masculino e o feminino, no qual menciona as
seguintes diferenças biológicas:
Meninas (mulheres) são mais baixas, esta diferenças começa já
nos primeiros meses de vida, a maturação óssea é mais rápida
e termina mais cedo, limitando o crescimento numa idade mais
precoce;
As meninas (mulheres) são mais leves, possuindo ossos menos
densos, mais fracos e esqueleto mais leve, propenso a fraturas;
O tronco delas é mais longo e os membros mais curtos e
ombros mais estreitos;
Tem menos massa muscular por isso são mais fracas que os
meninos;
Elas possuem o coração, pulmão, menores bem como as vias
respiratórias, tem menos hemoglobina e menor vascularização
dos músculos esqueléticos, em relação aos meninos (homens),
ficando em desvantagem no aproveitamento e no esgotamento
do oxigênio (menor VO2 máx);
Também têm os tecidos menos densos e ligamentos e músculos
mais elásticos, portanto maior capacidade de flexibilidade.
Além disso, outros fatores que podem ser considerados quanto á
aprendizagem nas aulas de educação física, os quais podem ser o fator
emocional. De fato, os meninos são mais agressivos, nas atividades esportivas
nas quais são predominantemente do mundo esportivo masculino, já as
meninas tem uma identidade sexual mais estável, menos agressividade e
tendências a evitar dores físicas e sugere que para reconhecer estas
diferenças entre esporte masculino e feminino. Outro aspecto importante são
os relacionamentos sociais estabelecidos no grupo entre meninos e meninas e
sujeitos do mesmo gênero (BRODTMANN, 1985)
CONCLUSÃO
Buscou-se neste estudo verificar a aprendizagem de um fundamento
técnico do voleibol, o saque por baixo, partindo da análise das dificuldades
percebidas quando os alunos iniciam seu conhecimento do esporte, ao
ingressarem no ensino fundamental, neste caso ao 6º ano. Assim, diante dos
resultados apresentados observa-se que houve a aprendizagem da habilidade
do saque por baixo, bem com a melhora na execução dos movimentos deste
fundamento. Consequentemente, constatou-se a diminuição das dificuldades
na aprendizagem o que contribuíram para o domínio do movimento. Ou seja, a
intervenção foi eficaz.
Para finalizar, destaca-se a necessidade de considerar outros
fundamentos do voleibol e de outras modalidades esportivas, levando em
consideração a idade e a maturidade biológica dos alunos para não ser feitos
movimentos físicos que ainda não estejam de acordo com sua fase de
crescimento, mas sim respeitar sua individualidade biológica.
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