OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … · por baixo no voleibol com uma turma do 6º ano do...

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

TITULO: AQUISIÇÃO DA HABILIDADE DO SAQUE POR BAIXO NO

VOLEIBOL

AUTOR: MANOEL RODRIGUES DOS SANTOS1

ORIENTADOR: JORGE BOTH2

RESUMO

O objetivo do trabalho foi avaliar a aprendizagem do saque por baixo voleibol dos alunos. Percebeu-se que os alunos ao ingressarem no 6º ano, possuem ainda pouco domínio das qualidades físicas, como a coordenação, lateralidade, equilíbrio, força, entre outros. Para isso, foram realizadas 14 aulas, onde foram aplicados inicialmente um pré-teste, o pós-teste e a retenção, a fim de acompanhar e verificar se houve ou não a aprendizagem e o domínio do saque por baixo. Após a realização da analise dos resultados, constatou-se que a intervenção foi eficaz para a retenção do movimento saque por baixo do voleibol nos alunos.

Palavras chave: aprendizagem motora. voleibol. fundamentos. saque por baixo.

1 Autor: Manoel Rodrigues dos Santos. Professor da rede Pública no Estado do Paraná. e-

mail:[email protected] 2 Orientador: Professor Doutor do Departamento de Educação Física da UEL.

INTRODUÇÃO

Este estudo buscou verificar a aprendizagem do fundamento do saque

por baixo no voleibol com uma turma do 6º ano do ensino fundamental.

Percebia-se que os alunos, ao entrar no 6º ano do ensino fundamental,

estavam em um momento de mudança significativa no período escolar. Em

algumas situações, além da mudança de série (do 5º para o 6º ano), existem

outras variáveis influentes, tais como: mudança de turma, (pois nas séries

iniciais os alunos permanecem com as mesmas crianças ao longo dos anos),

mudança de professor (es), em alguns casos de estabelecimento de ensino,

maior número de disciplina no ano, entre outras. Tudo isso pode gerar ao aluno

uma expectativa que pode influenciar sobre seu desempenho, além de

proporcionar o sentido de novidade, ao mesmo tempo uma readaptação nesse

novo ambiente no qual está sendo inserido.

Dentre as novas disciplinas que o estudante vivenciará, a Educação

Física é uma das quais ele deverá enfrentar novas expectativas e desafios, ao

se defrontar com os conteúdos como o esporte, a ginástica, os jogos e

brincadeira, as danças e as lutas, conteúdos estes estruturantes da educação

física escolar. SANTOS (2013)

Considerou-se o fato de que os alunos apresentam dificuldades motoras

quando chegam ao 6º ano do ensino fundamental para realizar algumas

habilidades motoras, pela falta da vivencia prática dos esportes. Assim, por

meio do estudo de estratégias para o ensino do saque por baixo do voleibol, o

intuito desse estudo foi buscar meios para minimizar as possíveis dificuldades

identificadas e adaptar uma metodologia pedagógica, que auxilie os alunos no

processo de aprendizagem desse fundamento.

Portanto, o objetivo do trabalho foi de verificar os fatores que influenciam

na aquisição de habilidades motoras e aprendizagem do saque por baixo no

voleibol, aos alunos do 6º ano do Colégio Estadual Vicente Machado do

município de São Pedro do Ivaí – Paraná.

REVISÃO LITERÁRIA:

A aprendizagem motora é conceituada por vários autores, sendo

fundamental no processo de desenvolvimento humano. Schmidt e Wrisberg,

(2001, p. 190), consideram que a aprendizagem motora é “a mudança em

processos internos que determinam a capacidade do indivíduo de produzir uma

ação motora” e ainda, a aprendizagem é um processo que melhora o

desempenho na medida em que a pessoa tem continuidade da prática.

Gallahue (2008, p. 104) diz que a aprendizagem de uma habilidade motora “é

um processo ativo de aprendizagem intrinsecamente relacionada à cognição, e

que esta não pode ocorrer sem a contribuição do pensamento”. Zacaron e

Krebs (2006) salientam que com a aprendizagem a pessoa aumenta sua

capacidade ou potencial no desempenho de uma habilidade, mas que isto

dependerá de certas variáveis de desempenho, que incluem a prontidão da

pessoa, a ansiedade criada pela situação e as peculiaridades do ambiente, e a

fadiga, entre outros fatores.

Com base nestas colocações pode-se perceber que a aprendizagem

motora consiste na capacidade do indivíduo desempenhar uma habilidade e/ou

atividade. A habilidade motora pode ser conceituada em duas formas, segundo

Schmidte Wrisberg (2001, p. 19), na primeira as habilidades motoras podem

ser vistas como tarefas, e na segunda como características que distinguem o

executante de alto nível e baixo nível. As características relacionadas como

tarefas são classificadas em três formas: “como o movimento é organizado, a

importância relativa dos elementos motores e cognitivos e o nível da

previsibilidade ambiental envolvendo a performance da habilidade”, e que são

organizadas em relação ao movimento como habilidade discreta e habilidade

seriada. A habilidade discreta é uma tarefa onde a ação é normalmente breve

em duração e tem inicio e fim, já a habilidade seriada é caracterizada por várias

ações discretas conectadas em sequência, sendo a ordem fundamental para o

sucesso da performance (SCHMIDT E WRISBERG, 2001, p. 19). Os autores

acrescentam que nas habilidades relacionadas ao esporte, as habilidades

discretas, são importantes em muitos jogos que envolvem ações distintas como

batida da bola, chute, salto ou arremesso e recepção e as habilidades seriadas

exigem maior numero de atividades discretas, como por exemplo: trocar a

marcha de um carro ou executar uma série de exercícios de ginástica.

Estas habilidades diferem uma da outra no que diz respeito às

circunstancias da produção do movimento, no qual requerer um tempo mais

longo onde cada elemento retém um inicio e um fim discreto. Outro conceito diz

respeito à habilidade contínua, que se caracteriza como ações repetitivas e que

possuem a ausência de inicio e fim claramente definidos, como por exemplo:

correr ou nadar, sendo que na corrida o limite determina seu fim, é a linha de

chegada e no nado a parede de chegada. Pode-se acrescentar a classificação

das habilidades relativas aos elementos, que são motores nesse caso, e que

determinam a qualidade do movimento, ou seja, ela enfatiza o saber fazer o

movimento, isso é, a execução correta deste. Na aprendizagem motora estes

conceitos auxiliam na compreensão dos mecanismos relacionados à

aprendizagem do movimento. São por meio destes mecanismos que o

professor se fundamentará no processo de ensino da criança para a

aprendizagem de um novo movimento, que no caso desse trabalho será o

saque por baixo no voleibol.

O ESPORTE VOLEIBOL E O FUNDAMENTO DO SAQUE POR BAIXO.

O jogo de voleibol é caracterizado por ser um esporte jogado por duas

equipes em uma quadra de jogo dividida por uma rede. O objetivo é enviar a

bola sobre a rede para fazê-la tocar a quadra adversária, evitando o ataque da

equipe adversária e cada equipe pode dar até três toques na bola

(CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE VOLEIBOL CBV, 2013). Carneloço (sd,

p.11) fala que o jogo de voleibol, é praticado em um retângulo de 18 x 9m

dividido por uma rede ao meio que impede o contato entre os jogadores, é

realizado com seis jogadores cada lado, que a bola deve ser tocada com a

ponta dos dedos, e que cada equipe pode dar três toques na bola. O jogo é

iniciado por um jogador que se coloca no fundo da quadra e com uma das

mãos executa o saque para iniciar o jogo. Conforme Lemos (2004. p. 66), “o

saque é o único fundamento do vôlei que é exclusivamente do executante,

portanto, o bom domínio da técnica e a concentração são elementos

fundamentais para o sucesso do sacador”.

Conforme a CBV cada jogada se inicia com um saque, sendo que a

regra 12 descreve que o “saque é o ato de colocar a bola em jogo, executado

pelo jogador de trás à direita, posicionado na zona de saque” (CBV, 2013).

Esta ação do saque é detalhadamente descrita por Borsari e Silva (1974), em

que definem o saque e descrevem com mais detalhes a estrutura do jogo de

voleibol. Os autores consideram que o saque é o ato de colocar a bola em jogo,

com uma mão, pelo jogador da zona de saque, sendo que o sacador pode

variar a forma de bater na bola a fim de conseguir variar a trajetória e a

velocidade da bola, objetivando obter a falha na recepção da equipe

adversária, dificultando a defesa e o contra-ataque.

Para obter um saque com maior eficiência, deve-se bater na bola com o

corpo de frente à quadra adversária, com a palma da mão aberta, ou com o

punho fechado. Percebe-se nesta citação de Borsari e Silva (1974), uma gama

de informações no momento de efetuar o saque, pois o aluno que está

iniciando no jogo de voleibol tem dificuldade em perceber esses detalhes. Isso

demonstra que as dificuldades enfrentadas pelo aluno aprendiz fazer o saque

por baixo, pode estar relacionada a uma carência de estratégias para perceber

as informações mais importantes para a tarefa.

Assim, cabe ao professor ajudar o aluno perceber e compreender as

informações para maximizar seu processo de aprendizagem, e

consequentemente minimizar a chance de erros na execução e na

aprendizagem. Outro aspecto que definem os pontos significantes da

aprendizagem é notado em Carneloço (sd), onde observa que é aconselhável

que esse saque seja ministrado ao iniciante para que seja executado com a

mão aberta, pois assim o aprendiz se adaptará à batida (tipo tênis), que depois

será usada no saque por cima. O saque por baixo, de mão aberta, pode ser

considerado como processo pedagógico para o aprendizado do saque por cima

(estilo tênis). Também Lemos (2004) diz que a técnica do saque por baixo é

feita com as pernas semi-flexionadas, pé esquerdo à frente, lançar a bola baixa

com a mão esquerda e golpe com a mão direita, usando a parte de cima da

palma da mão. Nestas informações vemos que a aprendizagem do saque por

baixo deve se iniciar por meio do mais fácil ou simples para o mais complexo

ou difícil.

Na medida em que o aluno vai conhecendo e dominando os movimentos

do saque por baixo, há a aprendizagem motora e cognitiva do aluno. Também

nota-se nestas informações a maneira mais adequada na execução do saque

por baixo, em que os movimentos são fáceis de serem realizados pelas

crianças na iniciação da aprendizagem dos fundamentos. Mesmo sendo um

conjunto de movimentos, a princípio simples, durante a execução, exige do

aprendiz a prática, favorecendo-o no desempenho da técnica da habilidade

motora. Carneloço (sd) sugere que no inicio do processo de aprendizagem do

saque por baixo, divida-se os alunos em dois grupos e se coloque um grupo

em cada lado da quadra, na linha dos três metros de ataque. Os alunos

executam o saque até que adquiram a coordenação e a aprendizagem do

gesto. Os iniciantes irão se distanciando gradativamente, até se atingir o local

apropriado de acordo com as regras internacionais: a mais de nove metros da

rede de voleibol. Já em Borsari e Silva (1974, p. 61), o que interessa

fundamentalmente são a forma e a altura que se golpeia a bola em direção à

quadra oposta. Em relação ao movimento do braço a bola é golpeada por

baixo, e a mão pode assumir diferentes posições, como por exemplo: a) aberta,

com os dedos abertos, golpeando a bola com a parte carnosa da palma; b)

aberta em concha, com os dedos unidos, batendo de forma a encaixar a bola;

c) aberta, com o polegar naturalmente sobre a palma; d) fechada, batendo-se

com o punho. Nestes exemplos, demonstram-se algumas formas de se

trabalhar o saque por baixo. Assim, o desafio nesse trabalho será buscar

estratégias que contribuam para potencializar a aprendizagem do saque por

baixo no voleibol, e consequentemente minimizar as dificuldades durante o

processo de aprendizagem do movimento.

Para conhecermos os fatores que influenciam na aprendizagem das

habilidades motoras relativas ao saque por baixo no voleibol, analisaram-se

alguns conceitos. Segundo Magill (2000, p. 6), o termo habilidade quer dizer

“uma tarefa com uma finalidade específica a ser atingida” e que, as habilidades

motoras estão relacionadas aos movimentos e as ações. Relacionado ao

saque por baixo, entende-se que essa habilidade, consiste em sacar a bola

para colocá-la em jogo ou iniciar um jogo, com o objetivo de marcar pontos.

Barros Junior (1979, p.79) cita que o saque por baixo é a habilidade “excelente

para colocar a bola em jogo, em um nível, no qual os aprendizes não têm força

muscular para o saque tênis ou coordenação para o saque balanceado”.

Nota- se nesta colocação que a falta de força muscular para a realização

do saque por baixo para a criança, é um fator influenciador, visto que esta

capacidade física ainda está em formação. Considerando que a habilidade do

saque por baixo exige uma sequência de movimentos coordenados, este

conjunto de movimentos requer do aprendiz uma aprendizagem que leve ao

domínio de cada um dos tipos de qualidades físicas. Considerou-se necessário,

identificar as qualidades físicas envolvidas na aprendizagem desta habilidade

motora e conquistar o domínio de cada uma delas, para ter condição de

executar o movimento com maior eficiência.

Com relação às qualidades físicas, Nogueira (1997) destaca que ao

elaborar um estudo com a intenção de desenvolver uma atividade física, é

significativa a identificação dos pontos positivos dessas atividades que

necessitem ser reforçadas. Estes pontos são identificados como qualidades

físicas, nas quais influenciam num percentual maior ou menor no desempenho

de determinada modalidade desportiva ou atividade física, sendo estas

qualidades físicas as seguintes: força, resistência, velocidade, agilidade,

coordenação, equilíbrio, flexibilidade, ritmo e descontração. Sendo assim, o

autor as descreve da seguinte forma:

Força: capacidade de executar tensão contra uma resistência;

Resistência: a capacidade que permite a realização de um movimento por

um período de tempo determinado;

Velocidade: capacidade de movimentos (gestos) ou sequência de

movimentos rápidos com um tempo mínimo possível;

Coordenação: o controle mental sobre a ação motriz.

Equilíbrio: combinação de movimentos para a manutenção do corpo em

um ou mais pontos de apoio em uma situação estável;

Flexibilidade: a qualidade que quantifica a amplitude de movimento das

articulações habilitando movimentos nos limites adequados;

Ritmo; a manutenção de uma ação em relação de tempo, com ordenação

constante ou sequencial;

Descontração: a capacidade de não conduzir estímulos ou movimentos

voluntários num alto grau de descontração até os movimentos

involuntários autônomos.

Com relação às qualidades físicas Tubino (1979) destaca a importância

de se conhecer esses componentes na iniciação desportiva e a determinação

de quais dessas serão desenvolvidas nas atividades que almeja aprender. Ao

analisar o movimento do saque por baixo, visa-se identificar quais são as

qualidades físicas envolvidas e solicitadas na execução prática e auxiliar o seu

desenvolvimento, a fim de dar suporte à qualidade do movimento aprendido.

Acredita-se que dessa forma, se poderá contribuir para minimizar as

dificuldades e erros durante a aprendizagem e desenvolvimento do movimento.

Para isso, objetivo do trabalho foi de analisar a aprendizagem do saque por

baixo de acordo com as fases do movimento do saque descrito por Meira

Junior (2003).

METODOLOGIA

Tipo de Pesquisa: Este estudo tem abordagem qualitativa, o qual buscou

avaliar a aprendizagem do saque por baixo no voleibol identificando as

dificuldades apresentadas pelos estudantes. Após a identificação foram

testadas estratégias de ensino para aperfeiçoar a prática e a aprendizagem

dessa habilidade.

População e Amostra: A população foi constituída por alunos do ensino

fundamental, sendo que a amostra da investigação foi composta por 30 alunos,

de ambos os gêneros, do 6º ano do ensino fundamental do Colégio Estadual

Vicente Machado – Ensino Fundamental e Médio.

Intervenção Pedagógica: Partindo da análise da dinâmica do movimento

do saque por baixo descrito por Meira Junior (2003) identificou-se as

qualidades físicas envolvidas nos movimentos descritos por Nogueira (1997).

Assim, inicialmente, foi observada a posição inicial do saque por baixo: “Para o

saque por baixo: pé esquerdo a frente do direito com ambos voltados para o

alvo, e inclinação do tronco para frente” (MEIRA JUNIOR, 2003, p. 158).

Primeiro, no qual o aluno parte de uma posição de equilíbrio e com o corpo

descontraído se prepara para a execução do saque por baixo, (qualidade física,

o equilíbrio e a descontração). O segundo movimento é o lançamento da bola,

“em direção ao braço de saque (aproximadamente 20 cm acima da linha da

cintura) ou apenas a retirada da mão que segura á bola”. Percebe-se a

coordenação e velocidade nos movimentos realizados. Terceiro: é ataque à

bola: “movimento pendular pôstero-anterior do braço direito estendido;

transferência do peso corporal do membro inferior para o membro inferior

esquerdo; golpe na bola com a mão proximal da palma da mão com o punho”.

Nesta sequência de movimentos notamos as qualidades físicas força,

coordenação, equilíbrio, ritmo e velocidade, para a execução deste movimento.

Quarto: é a finalização do saque por baixo, que é “em posição equilibrada,

finalização do braço de saque e direção ao alvo”, (op cit, p.159). percebe-se

aqui, a consecução do movimento terminado o saque por baixo, por meio da

qualidade física do equilíbrio e da força. (É necessário observar que este

movimento do saque por baixo descrito por Meira Junior, o padrão dos

movimentos é relativo ao executante destro). A partir da identificação do

movimento que será executado – aprendizagem do saque por baixo - e da

qualidade física solicitada, a atenção dada na análise dos pontos onde esta

havendo a dificuldade na execução do movimento, a fim de reforçar e

potencializar as qualidades exigidas, objetivando no final o êxito na

aprendizagem e consequentemente a diminuição da dificuldade na

aprendizagem e execução do saque por baixo.

Para desenvolver as atividades práticas, inicialmente foi realizado um

pré-teste no inicio da intervenção para verificar as dificuldades dos estudantes

na realização do saque por baixo. Ao final de 12 aulas foi conduzido um pós-

teste e, em um terceiro momento foi aplicado o teste para verificar a retenção

do movimento e para examinar a aprendizagem da habilidade. No teste os

alunos deveriam realizar o saque por baixo do voleibol 20 vezes, divididos em

dois blocos de 10 tentativas, por 2 dias seguidos, e no segundo momento,

desempenharam o saque por baixo, 20 vezes.

Analise estatística: na análise empregou-se a estatística descritiva para

avaliar a porcentagem das habilidades. Para comparar os diversos momentos

de coleta de dados empregou-se o teste de Friedman. Destaca-se que na

analise estatística o nível de confiança foi de 95,0% (p<0,050).

RESULTADOS

Os resultados da distribuição das frequências (Tabela 1) demonstraram

que no grupo feminino, no momento do pré-teste o maior índice foi o conceito

“regular” (86,7%). Após a intervenção, os maiores índices foram evidenciados

no conceito “bom” (Pós-Teste =53,3%; Retenção = 53,3%). Nos casos do

grupo masculino, na avaliação do pré-teste, o maior índice evidenciado foi no

conceito “bom” (70,0%). Por outro lado, na avaliação do pós-teste na retenção

os maiores valores encontrados foi no conceito “ótimo” (Pós-Teste =70,0%;

Retenção = 70,0%). No grupo total, a maioria do grupo era regular (64,0%).

Mas, ao final do pós-teste e o teste de retenção, apenas 12,0% dos alunos

apresentavam conceito regular.

Tabela 1: Resultados da avaliação da aquisição de habilidades do saque por

baixo

Grupos Conceitos das Habilidades

Regular (%) Bom (%) Ótimo (%)

Feminino Pré-Teste 86,7 13,3 --- Pós-Teste 13,3 53,3 33,3 Retenção 13,3 53,3 33,3

Masculino Pré-Teste 30,0 70,0 --- Pós-Teste 10,0 20,0 70,0 Retenção 10,0 20,0 70,0

Total Pré-Teste 64,0 36,0 --- Pós-Teste 12,0 40,0 48,0 Retenção 12,0 40,0 48,0

Na avaliação dos três momentos em que foram aplicados os testes

motores (Tabela 2), observou-se que os índices alcançados no pré-teste foram

diferentes dos pós-teste (Feminino: p=0,001; Masculino: p=0,022; Total:

p<0,001) e do teste de retenção (Feminino: p=0,001; Masculino: p=0,022;

Total: p<0,001). Entretanto, não houve diferenças significativas nas avaliações

entre o pós-teste e o teste de retenção.

Tabela 2: Comparação dos resultados obtidos nos três momentos de avaliação

da aquisição de habilidades do saque por baixo

Grupos PRÉ-TESTE Md (Q1 – Q3)

PÓS-TESTE Md (Q1 – Q3)

RETENÇÃO Md (Q1 – Q3)

p

Feminino (n=15) 1 (1 – 1) 2 (2 – 3) 2 (2 – 3) <0,001 Masculino (n=10) 2 (1 – 2) 3 (2 – 3) 3 (2 – 3) <0,001

Total (n=25) 1 (1 – 2) 2 (2 – 3) 2 (2 – 3) <0,001

De fato, considerando o processo de ensino aprendizagem do saque

por baixo, quando os alunos ainda estavam na fase inicial da aprendizagem

dos movimentos básicos do saque por baixo, buscou-se fazer um diagnóstico

em relação ao movimento, o qual demonstrou resultado regular para as

meninas e bom para os meninos. Após a intervenção do projeto constatou-se

uma melhora significativa.

Destaca-se que o melhor rendimento técnico apresentados pelos

meninas pode estar associado aos fatores: biológico, aprendizagem e

desenvolvimento motor, entre outros. Considerando as diferenças entre as

meninas e os meninos nos aspectos biológicos, onde envolve a força física, a

composição da estrutura muscular, Saba (2008) descreve que as diferenças

biológicas entre os sexos masculinos e femininos são significativos em relação

á pratica esportiva. A biologia feminina é diferente da masculina nos aspectos

relativos á aptidão física e desempenho, considerando desigual a competição

entre atletas de ambos os sexos. O autor destaca que há limites reais e

características especificas do feminino, no qual encaminham para um

desempenho diferenciado diante das atividades esportivas. Algumas diferenças

são apresentadas entre o masculino e o feminino, no qual menciona as

seguintes diferenças biológicas:

Meninas (mulheres) são mais baixas, esta diferenças começa já

nos primeiros meses de vida, a maturação óssea é mais rápida

e termina mais cedo, limitando o crescimento numa idade mais

precoce;

As meninas (mulheres) são mais leves, possuindo ossos menos

densos, mais fracos e esqueleto mais leve, propenso a fraturas;

O tronco delas é mais longo e os membros mais curtos e

ombros mais estreitos;

Tem menos massa muscular por isso são mais fracas que os

meninos;

Elas possuem o coração, pulmão, menores bem como as vias

respiratórias, tem menos hemoglobina e menor vascularização

dos músculos esqueléticos, em relação aos meninos (homens),

ficando em desvantagem no aproveitamento e no esgotamento

do oxigênio (menor VO2 máx);

Também têm os tecidos menos densos e ligamentos e músculos

mais elásticos, portanto maior capacidade de flexibilidade.

Além disso, outros fatores que podem ser considerados quanto á

aprendizagem nas aulas de educação física, os quais podem ser o fator

emocional. De fato, os meninos são mais agressivos, nas atividades esportivas

nas quais são predominantemente do mundo esportivo masculino, já as

meninas tem uma identidade sexual mais estável, menos agressividade e

tendências a evitar dores físicas e sugere que para reconhecer estas

diferenças entre esporte masculino e feminino. Outro aspecto importante são

os relacionamentos sociais estabelecidos no grupo entre meninos e meninas e

sujeitos do mesmo gênero (BRODTMANN, 1985)

CONCLUSÃO

Buscou-se neste estudo verificar a aprendizagem de um fundamento

técnico do voleibol, o saque por baixo, partindo da análise das dificuldades

percebidas quando os alunos iniciam seu conhecimento do esporte, ao

ingressarem no ensino fundamental, neste caso ao 6º ano. Assim, diante dos

resultados apresentados observa-se que houve a aprendizagem da habilidade

do saque por baixo, bem com a melhora na execução dos movimentos deste

fundamento. Consequentemente, constatou-se a diminuição das dificuldades

na aprendizagem o que contribuíram para o domínio do movimento. Ou seja, a

intervenção foi eficaz.

Para finalizar, destaca-se a necessidade de considerar outros

fundamentos do voleibol e de outras modalidades esportivas, levando em

consideração a idade e a maturidade biológica dos alunos para não ser feitos

movimentos físicos que ainda não estejam de acordo com sua fase de

crescimento, mas sim respeitar sua individualidade biológica.

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