Os Duais de Hipersuperffcies Genéricas - USP...Resumo Neste trabalho estudamos os contatos...
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SERVIÇO DE PÕS-GRADUAÇÃO DO ICMC-USP ccj
Data d . ito44? 1 li
Assinatura.
Os Duais de Hipersuperffcies Genéricas
José Carlos de Souza Junior 1
Orientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida Soares Ruas
)issertaçâo apresentada ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Compu-tação da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitas para obtenção do título de "Mestre em Ciências - Área de Matemática".
USP - São Carlos Abril - 1999
'Este trabalho teve suporte financeiro da FAPESP
Aos meus pais José Carlos e Elvira
À minha irmã Maria Cláudia
Agradecimentos
Antes de mais nada agradeço a DEUS por ter me dado esta oportunidade.
À toda a minha família por sempre terem dado o seu apoio e em especial aos
meus queridos pais.
À minha orientadora, Maria Aparecida Soares Ruas os meus mais sinceros
agradecimentos, por ter acreditado no meu trabalho desde o segundo ano da
minha graduação e principalmente pela participação efetiva na realização deste
projeto de mestrado.
A todos os colegas e funcionários do ICMC-USP.
A todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram para a realização
deste trabalho.
À FAPESP
Resumo
Neste trabalho estudamos os contatos genéricos de superfícies com famílias de
hiperplanos e utilizamos os resultados para descrever os duais destas superfícies
e as singularidades da aplicação de Gauss.
Apresentamos duas abordagens para este estudo: o estudo dos teoremas de
genericidade para famílias de funções altura definidas em hipersuperficies em
espaços euclidianos, e os correspondentes resultados para hipersuperficies proje-
tivas. A interpretação geométrica das singularidades destas famílias é discutida
nos casos especiais de curvas planas, superfícies em R' e superfícies em IN. Co-
mo aplicação, descrevemos os conjuntos duais nestas dimensões e estudamos as
cúspides da aplicação de Gauss projetiva.
Abstract
In this work we study the generic contacts of hypersurfaces with families of
hyperplanes and we use these results to describe the duals of these surfaces and
the singularities of the Gauss map.
We discuss the genericity theorems for the family of height functions of em-
beddings of hypersurfaces in euclidian spaces and the corresponding results for
projective hypersurfaces. The geometric interpretations of the singularities of
these families are presented for the cases of plane curves, surfaces in R' and pro-
jective hypersurfaces in IN. As final example, we study the cusps of the projective
Gauss map.
Sumário
1 Material Introdutório 1
1.1 Germes e jatos 1
1.2 Equivalência de germes e jatos 3
1.3 Desdobramentos versais
1.4 Transversalidade e genericidade 7
1.5 Classificação de singularidades 9
1.6 Classificação dos germes de funções 13
1.6.1 Singularidades de Morse e Lema da Decomposição 13
1.6.2 Singularidades de corank 1 15
1.6.3 Singularidades de corank 2 16
1.6.4 Singularidades simples 18
1.6.5 Classificação dos germes R2,0 R2,0 20
2 Duais de hipersuperfícies genéricas em Ir 25
2.1 A família de funções altura 26
2.2 Curvas planas 30
2.3 Superfícies em R3 32
3 Duais de hipersuperficies projetivas 39
3.1 A família de funções altura: definições básicas e resultados preliminares 41
3.2 O teorema de genericidade local 46
3.3 O teorema de genericidade multilocal 53
3.4 Considerações finais 65
A Geometria Algébrica Projetiva 69
A.1 O Espaço Projetivo e as Variedades Projetivas 69
A.2 Correspondência entre Ideais Projetivos e Vari- edades Projetivas . 75
A.3 A Geometria das Hipersuperfícies Quádricas 87
11
Introdução
O objetivo deste trabalho é estudar os contatos genéricos de hipersuperfícies
com famílias de hiperplanos e utilizar os resultados para descrever os duais destas
superfícies e as singularidades da aplicação de Gauss.
Este estudo é apresentado em duas abordagens: no contexto de subvariedades
em espaços euclidianos Rn+1 e para hipersuperfícies projetivas em Tn+1. A
primeira situação tem sido amplamente estudada do ponto de vista da Teoria
de Singularidades. O resultado clássico de Looijenga estabelece que para um
conjunto residual de mergulhos de subvariedades de dimensão menor ou igual a
5, as singularidades da família de funções altura são localmente versais. No tra-
balho, discutimos este teorema e a interpretação geométrica das singularidades
da família para curvas planas e superfícies em R'. Os correspondentes teoremas
de genericidade para hipersuperfícies projetivas são menos conhecidos e a sua
discussão detalhada é a principal parte do trabalho.
No capítulo 1, abordamos noções e resultados básicos da teoria de singu-
laridades, como por exemplo, os conceitos de transversalidade e genericidade,
métodos de classificação de singularidades e a classificação dos germes simples de
funções.
No capitulo 2, estudamos a família de funções altura definida em subvarie-
dades do espaço euclidiano Irl. Apresentamos o Teorema de Genericidade de
Looijenga, e discutimos a maneira de aplicar este resultado ao estudo dos contatos
de uma subvariedade genericamente mergulhada com a família de hiperplanos de
IR''. Também analisamos a relação entre as singularidades da família de funções
altura, a geometria do conjunto dual das hipersuperfícies afins e as singularidades
da aplicação normal de Gauss.
A interpretação geométrica das singularidades da família de funções altura é
discutida nos casos especiais de curvas em R2 e superfícies em lie. As singulari-
dades dos conjuntos duais e da aplicação de Gauss são apresentadas.
O capítulo 3 contém a principal parte do trabalho. Nele apresentamos um
estudo detalhado dos teoremas 3.2.1, 3.3.1 e 3.3.2, os quais correspondem respec-
tivamente aos teoremas 2.4, 2.8 e 2.10 do artigo "The Duals of Generic Hypersur-
face" , de J. W. Bruce [13], referentes aos contatos genéricos de hipersuperfícies
algébricas reais e complexas com famílias de hiperplanos em IP"+]. Como apli-
cação vimos alguns resultados relacionados com as cúspides da aplicação de Gauss
proj etiva.
O trabalho contém também um apêndice com uma apresentação dos resulta-
dos básicos da geometria algébrica projetiva, incluindo em especial um estudo das
hipersuperfícies quádricas. A leitura deste apêndice não é essencial para a com-
preensão do trabalho, mas pode ser útil para uma iniciação à geometria algébrica
proj e tiva.
Capítulo 1
Material Introdutório
Neste capítulo apresentaremos conceitos e resultados básicos em teoria de singu-
laridades que serão necessários para os capítulos seguintes do trabalho. Começaremos
apresentando um breve relato sobre germes e jatos, passando então a descrever .4-
equivalência entre germes. Em seguida voltamos nossa atenção às deformações versais
de um germe, e à questão de genericidade. Finalizando, falamos um pouco sobre clas-
sificação de singularidades.
1.1 Germes e jatos
Sejam x E R" e f,g : U1 C R" RP aplicações diferenciáveis definidas em
uma vizinhança aberta Ui de x. Dizemos que f e g são equivalentes e escrevemos
f r.s g se existir uma vizinhança U x em R" tal que f IU = gIU, ou seja, se f e g
coincidem numa vizinhança U de x. Esta relação de equivalência e suas classes de
equivalência são chamadas germes de aplicações diferenciáveis de R" RP em x,
1.
e os elementos de uma classe são chamados representantes do germe. Se f e g são
representantes do mesmo germe então devemos ter f (x) = g(x) e, portanto qualquer
outro representante deve assumir o mesmo valor em x, digamos y. É comum usar-se
a notação f : IR", x —> Ir para indicar um germe de aplicação.
Consideremos, em particular, os germes em x de aplicações Rn —> R. Usando as
operações da meta IR, podemos somar e multiplicar tais aplicações e, assim, vemos que
o conjunto de seus germes em x adquire uma estrutura de um anel que denotaremos
por Em. Este anel tem um ideal .A4z constituido pelos germes de funções 4, : IR", x
IR, O, ou seja, funções 4, com 0(x) = O. Este ideal é um ideal maximal. Na verdade
A/tx é o único ideal maximal de Ez que é, portanto um anel local. Dado um germe
de aplicação f : Rn,x —> RP teremos f = , fp) com o Ex-módulo (livre) Ep =
x x E, (p cópias). Desta forma, os espaços de germes podem ser identificados
com espaços lineares, e considerando-os como variedades podemos identificá-los com
seus próprios espaços tangentes.
Vamos agora introduzir uma outra relação de equivalência entre aplicações Ir
Ir. Sejam x E IR" e f,g:U c Ir IR" aplicações definidas em uma vizinhança U de
x. Dizemos que f e g têm o mesmo k-jato em x se f (x) = g(x) e para algum sistema
local de coordenadas em x E Rn e f (x) E Ir todas as derivadas parciais de ordem
< k das componentes de f e g coincidem em x. Observe que esta definição depende
apenas do germe de f e g. Fixando x E Rn, y = f (x) E IRP e coordenadas locais em
x E Ir e y E IR", segue que o k-jato de f é determinado pelos termos de grau < k nas
expansões de Taylor das componentes de f com respeito a estas coordenadas. Estes
são os k-jatos de aplicações Rn, O IRP, O. O conjunto de todos tais k-jatos denota-
se por Jk(n,p) o qual é um espaço vetorial de dimensão p(er) —1). O conjunto
Jk (R", IRP) de todos os k-jatos (em todos os pontos) de todas as aplicações Rn —> Ir é
um fibrado sobre IR" x IRP com fibra Jk(n,p). Dada então uma_aplicação f : Rn IRP
temos definida uma aplicação ik f : Ir —> Jk(Rn, IR!) que a cada ponto x E Ir associa
2
o k-jato de f em x, ik f (x). Esta aplicação é chamada aplicação k-jato.
No caso particular em que p = 1 pode-se mostrar que as derivadas parciais de
ordem < k de E Er se anulam em x se e somente se, E mri. Assim, podemos
identificar o espaço dos k-jatos em x de aplicações IR" IR" com o espaço
Logo, no caso geral, tem-se
E. (n,P) = x x (p cópias) mri mr
1.2 Equivalência de germes e jatos
As relações de equivalência fundamentais para o problema de classificação de ger-
mes são a K- e a À- equivalência, onde C denota o grupo de contato e À é o subgrupo
de 1C de mudanças de coordenadas na fonte e na meta do germe. É este último grupo
que nos interessa no momento e é sobre ele que discutiremos a seguir.
Seja R. = Di f f , x) o grupo de germes de difeomorfismos : IR", x IR", x
(ou seja, 0E72.é uma mudança de coordenadas locais). Este grupo age sobre Ef por
composição à direita:
x Ef Ef
(O, f ° 0-1
Assim, dizemos que os germes f, g : IR", x RP são R.- equivalentes, e escrevemos
f -1-e g, se existir E R. tal que f = g o 0-1.
3
Da mesma forma, o grupo .0 = Dif f (RP, y) age sobre Ef, agora por composição
à esquerda
.0 x Ef Ef
(0, f) f,
e dizemos que dois germes f,g: IR", x IRP são .C- equivalentes, e escrevemos f g
se existir ip E .0 tal que f = 1,bo g. A R- equivalência (resp. .C- equivalência) é também
chamada equivalência à direita (resp. à esquerda), dai o uso da letra 7Z (abreviação
de right em inglês) (resp. .0 (abreviação de left em inglês)). O grupo A de mudanças
de coordenadas na fonte e na meta é então definido pelo produto A = 7Z x .0 e este
grupo age sobre Ef por composição à direita e à esquerda da seguinte forma:
A x Ef Ef
((0,'0), f °O-1
Definimos então a seguinte relação de equivalência, chamada de A- equivalência
(ou equivalência à esquerda e à direita). Dois germes f, g E ef são A-equivalentes (ou equivalentes à esquerda e à direita) se existir (h, k) E A, ou seja, germes de
difeomorfismos hERekE .0 tais que o seguinte diagrama comuta:
Ir • RP
14ik
Ir IRP
Passamos agora a descrever o espaço tangente à ação do grupo A. Para isto vamos
descrever separadamente os espaços tangentes às ações dos grupos 7Z e .C. Começamos
com o grupo 7Z. Vamos trabalhar aqui com a fonte e a meta fixas digamos x = O
e y = O. Neste caso, usamos a notação En ao invés de Ex para indicar o anel dos
germes de funções Rn,0 IR e Mn para o respectivo ideal maximal. Dado então
um germe f E E„ seja 0(f) o conjunto de todos os germes na origem de campos de
vetores ao longo de f, isto é de germes de aplicações ( (como no diagrama abaixo)
4
com o C= f:
T(IR'')Tf
T(W)
rin / I Hp
L> RP
onde T(R") é o fibrado tangente de Ir, 11,, é a projeção natural e Tf é a aplicação
tangente induzida por f. Se denotarmos por 0(n) o conjunto de germes na origem
de campos de vetores do R' (ou seja, campos de vetores ao longo da identidade
in : IR", O Ir, O), um elemento x E 0(n) será aplicado por Tf ao campo tf(x) =
Tf o xE 0(f), e portanto fica definida uma aplicação tf : 0(n) 0(f). Observe que
0(n) = 0(14 é o Eri-mádulo livre com base {O/Oxi,... , Wezn}. Logo tf : 0(n)
0(f) é a aplicação Eu-linear com matriz
\.axi)
Definimos então o espaço tangente à direita de f, ou o R.-espaço tangente de f
como sendo
tf (M„O(n)),
ou seja, a imagem de tf dos campos de vetores que se anulam na origem. Por outro
lado, se 77 E 0(p) então a composição com f, ij o f E 0(f), define uma aplicação
wf : 0(p) 0(f). Também aqui 0(p) = 0(4) é o E,,-mádulo livre gerado por
{a/aYi, • • • ,a/ayp}, e wf é simplesmente a aplicação induzida por f. : Ep en, f(g). go f Definimos então o espaço tangente à esquerda de f como sendo
wfimp(9(p)).
O A-espaço tangente de f é então definido por
TAf =TRI +Trf
5
Voltemos agora ao caso de jatos. O 1v-jato de uma composta ho k depende somente
dos respectivos k-jatos das aplicações h e k. Assim, as ações de R, .C, A sobre o espaço
de germes induzem ações dos grupos de Lie (de dimensão Emita) JkR., Jk.C, J kA sobre
Jk(n,p) (a fibra de Jk (R", Ri') sobre o ponto (0,0)). Como estamos num caso finito-
dimensional os espaços tangentes a cada uma destas ações podem ser tomados no
sentido usual, e apesar de ao nível de germes termos apenas expressões formais para
os espaços tangentes, os respectivos espaços tangentes às órbitas das ações induzidas
são obtidos tomando-se a imagem dos respectivos espaços tangentes ao nível de germes
em M.„0(f)1A4r10(f). Assim, temos
TRic f := TR. f im ,
T.Ck f
T Ak f := TAf /Mri
Os espaços tangentes definidos acima se referem ao caso em que a fonte e a meta
dos germes são fixas (no caso fixamos x=0ey= 0). Se permitirmos que estas
variem definimos então os espaços tangentes estendidos por
f := t f (0(n)),
f := w f (0(p)),
TA, f TRef. + T Ca f
1.3 Desdobramentos versais
Passamos agora a discutir o conceito de desdobramento de um germe f e, na seção
seguinte discutiremos o conceito de genericidade. Estes dois conceitos são de certa
forma relacionados um com o outro.
Seja f : R", O x R, O um germe diferenciável. Um desdobramento a s parâmetros
de f é uma aplicação F : R" x R°,0 —) IRP x 0, F(x, A) = (fix, A), A) tal que
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F(x, O) = (f(x),0),Vx. A aplicação f(x, À) = fA(x), por sua vez, é denominada
uma deformação de f. Em outras palavras, um desdobramento de f é simplesmente
uma família de germes de aplicações contendo o germe de f. Dentre os desdobra-
mentos de um germe f destacam-se os desdobramentos g-versais (g = A /c, A A)
de f, que são de central importância no estudo da geometria do mesmo. Dizemos
que um desdobramento F do germe f é g-versal se dado qualquer desdobramento
G (x, u) = (9(x, u), u) de f , para cada parâmetro u E Rr a aplicação 9.„ : litn, R", O,
dada por g(x) = g(x,u), é g-equivalente a fa(u) onde a : R' é uma apli-
cação diferenciável. Neste caso, dizemos também que j é uma deformação versal.
O número mínimo s de parâmetros em um desdobramento versal de F é chamado
de ge-codimensão de f.Uma deformação versal com o número mínimo de parâmetros
é chamada deformação miniversal. Algébricamente os desdobramentos versais são
caracterizados pelo seguinte teorema devido a Martinet [1].
Teorema 1.3.1 F: Rn x R', O IR P é um desdobramento g-versal = do germe f se, e somente se,
Tgef +R{fa = O(f),
onde 'MA=-2-L(x 5 O) é a velocidade inicial da deformação 7, i =1,... , s. oui
Neste trabalho estaremos principalmente interessados nos grupos g = A e R-
1.4 Transversalidade e genericidade
Fortemente relacionado com o conceito de versalidade está o conceito de generi-
cidade. Dizemos que uma propriedade é genérica em C'(M, N) se ela se verifica
7
para um conjunto residual de aplicações. Lembremos que um conjunto residual é
uma interseção enumerável de abertos densos. Sendo C" (M , N) um espaço de Baire,
tais conjuntos são densos. A definição mais precisa deste conceito é em termos de
resultados de transversalidade, que descrevemos a seguir.
Definição 1.4.1 Sejam M e N variedades diferenciáveis e f M IsT uma apli-
cação C". Seja W uma subvariedade de Nex EM. Então f intercepta W transver-
salmente em x se
(i) f (x) W , ou
(ii) f (x) E W e Tfix)N = Tf(x)W + (df)x(TxM)•
Dizemos que f é transversal a W se f é transversal a W em x para todo x E M.
Lema 1.4.1 (Lema de transversalidade de Thom) Sejam M,N e P variedades
diferenciáveis, W c P uma subvariedade eF:N x M P uma aplicação C". Se
F é transversal a W então para quase todo yeM a aplicação F y N P; F(x) =
F(x, y) é transversal a W.
Teorema 1.4.1 (Teorema de transversalidade de Thom) Sejam Q1,..., Q3 sub-
variedades diferenciáveis do espaço de jatos Jk(Rn,RP). O conjunto de todas as apli-
cações diferenciáveis f : Rn —+ RP para as quais fkf Rn jk (Rn, Etin.p) é transversal
a Q1, Q2, ,Qi é denso em
8
1.5 Classificação de singularidades
Quando estudamos a geometria de superfícies é muito comum precisarmos clas-
sificar germes de aplicações sob alguma relação de equivalência até uma certa codi-
mensão. Por exemplo, para estudarmos o contato de superfícies em R3 com planos,
precisamos de antemão classificar os germes de aplicações R', O —> IR, Ode ile-codimen-
são < 2. Este processo de classificação envolve basicamente duas etapas: a primeira
delas é determinar quais são os "jatos relevantes" em Jk(n,p) e então testar se estes
jatos são "finitamente determinados" ou não. Este processo é o que chamamos de
processo indutivo via jatos, e se baseia em três pontos chaves que são: o conceito
de transversal completa introduzido por Bruce, du Plessis e Kirk em [5], o lema de
Mather e os teoremas de determinação finita. Destes três pontos o mais conhecido é
o lema de Mather que, quando aplicado, reduz os jatos a formas mais simples. Seu
enunciado é o seguinte:
Teorema 1.5.1 (Lema de Mather [61) a) Seja G um grupo de Lie agindo suave-
mente sobre a variedade M e suponha que a subvariedade S C M tem as seguintes
propriedades:
1. para cada x E S,TzS c TzGx;
2. a dimensão de Gx é independente da escolha de x E S;
3. S é uma variedade conexa.
Então S está inteiramente contida em uma única G-órbita.
b) Suponha que ti : M1 —> M2 é uma G-submersão, e seja S = 1.1-1(x0) para al-
gum xo E M2. Se (1) e (3) de (a) se verificam, então S está contida em uma única
G-órbita.
A técnica de classificação, como já dissemos, é o método indutivo de classificação
via jatos até que um jato suficiente (e portanto um germe finitamente determinado)
9
seja obtido. Comecemos então falando um pouco sobre determinação finito.. Dado
um grupo g de equivalências entre germes, dizemos que um germe f : R", O IR?, O
é k-g-determinado se, para qualquer germe g, tal que jkg(0) = n(0) tivermos g
g-equivalente a f. Dizemos ainda que f é g-finitamente determinado se ele for k-
determinado para algum k. Um k-jato é dito suficiente se ele é o k-jato de algum germe
k-determinado Resultados importantes sobre determinação finita que dão condições
necassárias e, em alguns casos, também suficientes para a determinação finita podem
ser encontrados em [7]. Um resultado central da teoria é o critério infinitesimal para
a determinação finita:
Teorema 1.5.2 ( [7] ) Seja g um dos grupos usuais da teoria de singularidades TC, A
C, /C, A. As seguintes afirmações são equivalentes:
1. f é g-finitamente determinado;
2. para algum k Tg f jNe0(f);
3. para algum k Tgef j ..KO(f);
4. cod( f , g) = dim,R{M„O(f ) ITg f} coo;
5. ge-cod( f , g) = dimR{9(f)1Tgen c oo;
Mais precisamente, pondo e = 1 para g = R., C, /C, e e = 2 para A A, temos:
I. se f é r-g-determinado então Tg f D Mr10(f).
2. se Tg f D AVIO( f) então f é (e- +1)— g-determinado.
3. se cod( f, g) = d então Tg f D Mtle0(f).
Alguns resultados de determinação finita utilizam o subgrupo g1 c g de mudanças
de coordenadas cujo 1-jato é a identidade. Em geral dado o grupo g de mudans
de coordenadas, ficam definidos os subgrupos g, c g de mudanças de coordenadas
cujo 8-jato é a identidade. Nesta direção Bruce, du Plessis e Wall em [8] encontram
condições necessárias e suficientes para a determinação finita de germes para uma
classe bem abrangente de subgrupos de /C, a saber subgrupos unipotentes. O principal
10
resultado lá contido é o seguinte teorema, sobre o qual não entraremos em detalhes,
por envolver conceitos e técnicas que vão além dos objetivos de nosso trabalho. Antes
de enunciarmos o resultado, colocamos um conceito do qual os autores fazem uso no
teorema. Diz-se que um subgrupo 7-1 C é fortemente fechado em 0 se Q. C 7-1 para
algum s e fild é um subgrupo fechado de J80. Se além disso J37-1 é um subgrupo
algébrico diz-se que 7-1 é fortemente Zarislci fechado.
Teorema 1.5.3 ([8]) . Seja 0 um dos grupos 12,£,C,K ou A. Sejam 7-1 um sub-
grupo fortemente Zariski-fechado de 0 e f t, O —+ FP, O um germe Cr (aqui F =. R
ou C); r = oo (aplicações C°°, com F = R) ou 1- = IR — co (aplicações analíticas
reais), ou T -= C — co (aplicações analíticas complexas, F — C). Então para qualquer
r < oo, f é r-7-1-determinado se, e somente se, existe um subgrupo de 0 fortemente
fechado U c 7-1, com Jibt unipotente para o qual tem-se
M;.:1-10(f) c TU f.
Passamos agora a descrever a outra ferramenta que precisamos no processo de
classificação que é o conceito de transversal completa desenvolvido primeiramente
por J. W. Bruce e A. A. du Plessis e posteriormente junto com N. Kirk [5]. O
resultado central daquele artigo é o seguinte teorema:
Teorema 1.5.4 (Teorema das transversais completas [5]) Seja 7-1 um subgrupo
de Lie de Qi e seja f um 1v-jato em Jk (n,p). Se T C Hk+1(n, p) é um subespaço ve-
torial de Hk+1(n,p) tal que
Hk+1(n, p) C T + Thk+1 f
então todo (k +1)-jato F com jk F = fé Ik+1_ rt equivalente a algum (k +1)-jato da
forma f + t, para algum f E T
11
Bastante útil é a variante deste teorema que se obtem fazendo-se 7-1 =
Proposição 1.5.1 Seja f um k-jato no espaço de jatos Jk(n,p). Seja ainda T um
subespaço vetorial do Hk+1(n,p) de jatos homogêneos de grau k +1 tal que
Hk+i p‘
)cT+T.At+1 f
Então qualquer (k 1)-jato F com jk F = f é .41-equivalente a f + t para algum
t E T.
Neste ponto cabe um exemplo para ilustrar o método.
Exemplo 1 Consideremos aqui .4-equivalência e aplicações f : R2, O —> R2, O de
corank 1 (ver [9]). Um tal germe f deve ter 1-jato da forma a = (x, O). Vamos
determinar uma 2-transversal completa para a. Como podemos ver facilmente, os
geradores do espaço tangente T.Ma são (x2,0), (xy, O), (y2, O), (O, x2). Assim, pode-
mos tomar como subespaço T no teorema 1.5.4 o subespaço de 112(2,2) gerado pelos
vetores (0, xy), (O, y2). Portanto de acordo com o mesmo teorema qualquer 2-jato
sobre (x,0) é .4-equivalente a (x, aixy + a2y2), com ai, a2 E IR. Teremos então 3
casos a considerar: a2 O; a2 = O com al O; ou al = a2 = O. Chegamos então
aos três possíveis 2-jatos que são (x, y2), (x, xy), (x, O). O primeiro deles é 2-.41-
determinado. Poderíamos agora continuar, por exemplo, a classificar os germes so-
bre o 2-jato (x,xy) ou (x, O) em codimensões baixas. Por exemplo, um dos três jatos
sobre (x, O) é (x, y3). Pensando este 3-jato como um k-jato (com k > 3) e analisando
o seu espaço tangente T.At+1 f , vemos que o único termo de grau k +1 que não está
presente é o vetor (O, xky). Logo uma transversal completa em Jk+1(2, 2) é dada por
(x, y3 -I- axky), com a E IR. Se a O com mudanças de escalas na fonte e na meta
podemos reduzi-la às formas normais (x, y3 ± xk y) para k par e (x, y3 + xky) para k
ímpar. Estes germes são .4-finitamente determinados ([9]) e, portando, temos uma
lista completa dos germes .4-finitamente determinados com 3-jato (x, y3).
12
Na seção seguinte listamos alguns resultados importantes de classificação, dos
quais faremos uso nos capítulos seguintes.
1.6 Classificação dos germes de funções
Seja f : R", O —> R, O um germe de uma função suave. Se Vf (0) O, então
f xl. Se f é singular em O, o objetivo é determinar uma lista de singularidades
finitamente determinadas. É claro que não podemos obter todos os germes finitamente
determinados, portanto, restringimo-nos ao caso dos germes simples.
A classificação dos germes de funções (ou de aplicações) é obtida por indução sobre
o espaço de k-jatos. Dado um ik f usamos o teorema da Transversal Completa para
obter uma parametrização dos (k-I-1)-jatos que tem o k-jato igual a ik f . Podemos usar
o Lema de Mather para produzir as órbitas dentro desta parametrização. Aplicamos
o teste da determinação finita a cada órbita no (k 1)-jato (cuja k-jato é ik f ). Se o
germe é finitamente determinado paramos o processo. Se não, consideramos o (k +2)-
jato. No caso de funções precisamos dos resultados que apresentaremos na sequência,
e cujas principais referências são [3] e [12]
1.6.1 Singularidades de Morse e Lema da Decomposição
Definição 1.6.1 Um germe f E mn é dito de Morse se j2 f é uma forma quadrática
não degenerada.
Lema 1.6.1 Um germe de Morse é R.-equivalente a Ein_i ±x?.
13
Seja f E TN., então o 7Z-espaço tangente estendido de f é dado por Tne.f =
J(f), onde J(f) denota o ideal Jacobiano de f. Segue do teorema fundamental dos
desdobramentos versais (ver Teorema 1.3.1) que um desdobramento de f é Reversal
se, e somente se,
J(f) +R{1.1,• • • ,1t} =S.
Isto implica na seguinte proposição.
Proposição 1.6.1 Uma deformação Re-nainiversa/ de um germe de Morse f é dada
por f (x , u) = f (x) + u.
Observação 1.6.1 No caso do grupo At ou A um germe de Morse é estável.
Definição 1.6.2 Um germe f E mn2 tem corank q se a matriz Hessiana (ô2flaxiax,(0))
tem rank p = n — q.
Lema 1.6.2 ("Splitting Lernma"ou Lema de Decomposição) Se f E m2„ é urna sin-
gularidade de corank q, então f é 7Z-equivalente a um germe da forma
Q(xl, • • • ,xp) + g(xp+i, • • • ,xn),
onde p + q = n, Q uma forma quadrática não degenerada e j2 g = O.
Demonstração: Podemos supor que j2 f é dado por uma forma quadrática não
degenerada Q(xl, • • • , xi,), e considerar f como um desdobramento de Q. Como Q+u
é miniversal, segue que f é isomorfo a g' (Q + u) por algum germe g : Rn-P O -1 R, O.
Isto é, existe um difeomorfismo ck tal que
f (0(x 1, • • • , xn)) = (xi, • • • , xp) + g(xp+i, • • • , xn).
14
Observemos que a singularidade de f é completamente determinada pela singu-
laridade de g. A vantagem do uso do Lema de Decomposição é que g tem um número
menor de variáveis. Podemos classificar agora os germes de funções usando o Teorema
da Transversal Completa e o Teorema 1.5.1 da determinação finita, a saber, se
mkn-en C TR. f
então f é k — R.-determinado.
1.6.2 Singularidades de corank 1
Usando o Lema de Decomposição, temos f = g(x) + q(x2, • • • ,x„), onde q é uma
forma quadrática não degenerada. Então o problema neste caso se reduz a classificar
funções de uma só variável.
Se g(0) = = g(k) = mas g(k+i) O, então não é difícil mostrar que g é
(1c + 1)-determinado e, portanto,
g
A singularidade ±rk+1 é chamada Ak. Ela é de Re-codimensão k. Um desdobra-
mento versal é dado por
±xlc+1 Uk_ IX/c-1 ± • • • ± U1X UO.
A constante uo representa os níveis de f.„(x). Em alguns casos somente a singu-
laridade de f é de interesse. Neste caso, é definido o desdobramento versai "poten-
cial" como um desdobramento que satisfaz
J(f) R{A, • • • = mn•En•
15
No caso da singularidade ±xk+1, um modelo de um desdobramento potencial é
Uk-iXk-1 + • • • + UIX. Uma outra maneira de eliminar o termo constante
é considerar o grupo K ou A. Nestes casos podemos obter o termo constante no
desdobramento usando o grupo .C.
1.6.3 Singularidades de corank 2
Pelo Lema de Decomposição temos que considerar germes de funções de duas
variáveis g(x,y) com j2g = O.
Seja j3g = a0x3 a1x2y a2xy2 a3y3. Podemos mudar variáveis e escrever g na
forma x3 ± xy2 se g possui uma ou três raízes reais
xy2 se g possui urna raiz dupla
3 se g é uma cúbica perfeita
O se g = O
O 3-jato x3 ± xy2 é 3-determinado pois
m3(x, y) C m(x, y) <3x2 ± y2, ±2xy > +m4 (x, y).
Esta singularidade é chamada 1)4 e tem Re-codimensão 4. Um desdobramento
versai é dado por
X3 ± xy2 U3X2 U2X uly no.
Como no caso anterior, não precisamos do termo ao no caso de um A-desdobramento.
O 3-jato xy2: Suponha ik-2 f = xy2, k > 5. Então
Jk-1(m2(x, y) <y2, 2xy >) n Hk-1(x,y)+R.{xk-1} = Hk-1(x, y).
16
Segue do teorema da Transversal Completa que todos os (k-1)-jatos cujos (k — 2)
jatos são iguais a xy2 são equivalentes a xy2+axk-1 para algum a E R. Uma mudança
de coordenadas mostra que as órbitas nesta familia são
xy2 xk-1 e xy2.
A singularidade xy2 ± xh-1 é (k — 1)-determinada, pois
mk-1(x, y) C m(x, y) <y2 ± (k — 1)xk - 2 ,2xy > +mk (x, y).
Esta singularidade é chamada Dk e tem Re-codimensão k. Um desdobramento versal
é dado por
2 k-1
xy2 x + Uk-iXk-2 ± • • • ± U2X ttlY UO.
O 3-jato x3: Temos h = 3x2 e fy = o,
j4 (7712(X, y) <3x2, >.‘)
U n H4(x, y) + R.{xy3, y4} = H4(x, y).
Então um elemento g de J4(2,1) com j3g = f é equivalente a x3 + axy3 + by4 para
algar' par a, b E R.
• Se b O, então g x3 + axy3 ± y4. Seja V = {x3 + axy3 ± y4, a E R} um
espaço vetorial em M = J4(2,1) e seja G = J47Z. Aplicando o Lema de Mather
segue que V está contido em uma só órbita, o que mostra que g x3 ± y4. Esta
singularidade é 4-determinada e é denotada por E6. Ela tem Recodimensão 6 com
um desdobramento versal dado por
X3 ±y4 ± usxy2 +U4? + u3xy + u2x + uly + uo.
• Se b = O e a O, então g r2R, X3 ± xy3. Esta singularidade é 5 determinada e é
denotada por E7. Tem 7Z6-codimensão 7 com um desdobramento versal dado por
x3 ± x713 u6714 u5y3 1L4x7j2 u3y - 2 2b2xy ttix
17
• Se a = b = O, então um 5-jato cujo 4-jato é x3 é equivalente a x3 + cxy4 dys.
Se d O, então g eLs-.' x3 + 9. Esta singularidade, denotada por Eg, é 5-determinada e
tem Re-codimensão 8. Um desdobramento versal é dado por
x3 ± y5 ± urxy3 -I- u6y3 -I- U5Xy2 ±u4y2 ± u3xy+ u2x + u1Y4 -I" U0 •
1.6.4 Singularidades simples
Definição 1.6.3 Uma singularidade finitamente determinada f E rnE(n,p) é dita
g-simples se existe uma vizinhaça V de ik f (k grande) em Jk(n,p) tal que V contém
um número finito de órbitas de Jkg em Jk(n,p).
Exemplo 2 (1) n = p = 1, f (x) = ±xk+1 é 7Z-simples, pois para 1 > k + 1, urna
vizinhança de ji f que contém só as órbitas A., s < k. (Ver o desdobramento versal
de Ak)
(2) Nem todos os germes são 7Z-simples. Seja
ft(x,y) = xy(x + y)(x — ty).
O conjunto f-1(0) é formado por 4 retas passando pelo origem. Podemos mostrar
que ft é finitamente determinado mas ft e ft, não são 7Z-equivalentes para t t'.
Proposição 1.6.2 Se f E m„ é 7Z-simples, então cor ank(f) < 2.
Demonstração: j2f define uma forma quadrática de rank r em R2. O espaço nulo
desta forma quadrática é um subespaço vetorial de dimensão n — r. j3 f define uma
forma cúbica em V que é independente do sistema de coordenadas. Se et. E 7Z então
18
DO(0) leva V3 2 f a '<p(fs). Então a ação de J3R sobre P(n, 1) induz uma ação de
GL(n — r, R) sobre o espaço das formas cúbicas de (n, — r)-variáveis. Assim, se as
formas cúbicas definidas pelos germes f,g de rank r não são GL(n—r, R)-equivalentes,
então f e g não são 1Z-equivalentes.
O espaço de cúbicas de (n — r)-variáveis é de d ( n — r + 2 )
imensão . Mas 3
— dinzGL(n — r, R) = (n — r)2; logo se n — r > 3, então ( n r + 2 )> (n — r)2, e
3 portanto as Órbitas de GL(n — r, R) têm codimensão > 1. Isto é qualquer vizinhança
encontra um número infinito de órbitas.
O número R,-cod( f , R) = diirest{8 (f )1 TR, f} é um importante invariante no es-
tudo das singularidades de funções e é chamado o número de Milnor de f e denotado
por p(f), ou simplesmente p.
Teorema 1.6.1 (Arnold [10]) As singularidades R.-simples em m„ são:
Ak, k > 1 cuja forma normal é ±x"' e p = k
Dk, k > 4 cuja forma normal é xy3 ±xic-1 e p = k
E6 cuja forma normal é x3 ± y4 e p = 6
E7 cuja forma normal é x3 ± xy3 e p = 7
Es cuja forma normal é x3 + y5 e p = 8
Demonstração: Usando os desdobramentos versais das singularidades no teorema,
podemos mostrar que estas singularidades são simples. Segue da Proposição 1.6.2 que
só precisamos considerar os germes de corank < 2.
19
Se corank(f) = 1, então f ±xk+1 que é simples.
Se corank(f) = 2, então se f tem uma singularidade Dk, E6, E7 OU Eg, f é
simples. Caso contrário, usando o Lema de Mather podemos mostrar fácilmente que
f não é simples.
Podemos agora desenhar o diagrama de adjacências das singularidades simples:
A1 4—• A2 4- A3 A4 4-- Ag 4-- A6 A7 4-- Ag • • •
▪ T N T T 134 e— D5 D6 e— D7 Dg
\ I \ \ I E6 E7 Eg
Observação 1.6.2 1. A relaçcio entre as singularidades simples e as álgebras de Lie
simples designadas pelos mesmos nomes ou grupos gerados pelas reflexões é estudada
em [VI. Arnold, Remarks on the stationary pho,se methods and the Coxeter numbers,
Russian Maths. Surveys,28:5, 19-48J.
2. Um germe de função é Á-simples se, somente se, é 1C-simples se, somente se, é
R-simples.
1.6.5 Classificação dos germes R2,0 —> R2,0
A teoria de singularidades começou com os trabalhos de Whitney (1955) sobre a
classificação de singularidades estáveis do plano no plano. Muitas listas de germes
R2, 0 —+ R2, 0 seguiram, a mais longa até hoje é aquela apresentada por Rieger MJ.
20
Daremos uma classificação dos germes de corank I e codimensão < 2 usando a técnica
da Transversal Completa.
Seja F : R2, O R2, O um germe de uma aplicação suave. Se corank(F) < 1,
então podemos mudar coordenadas e escrever F na forma
F (x , y) = (x , f (x, y)).
Pretendemos classificar germes sob a ação do grupo A que tem Ae — cod < 2.
Seguimos o mesmo método da classsificação de funções, a saber classificar pela in-
dução sobre os espaços de jatos.
Denotamos por aki o coeficiente do monômio xk-iyi na serie de Taylor de f.
Se a1,1 0 O então F é um germe de um difeomorfismo, portanto F A (x, y).
Assim, suponhamos que a1,1 = O.
Lema 1.6.3 As J2A-órbitas singulares em J2(2,2) são (x, y2), (x, xy) e (x, O).
Demonstração: j2f -= (X) a110x+a2,0x2+a2,1xy+a2,2y2). Podemos eliminar o termo
a110 usando a ação à esquerda. Se a2,2 0 O, então a mudança y 1-4 y — 2,Aa x elimina
o termo xy. Para eliminar o termo x2, usamos uma mudança de variáveis na meta
da forma (u, v) 1-4 (u, v — cxu2). O germe final é da forma (x,a2,2y2)• Uma mudança
escalar reduz ao germe (x, y2).
Se a212 = O e a2,1 0 O, então a mudança Y = azox 4- a2,1Y, reduz a (x,xY)•
Se a212 = a211 = O, então. j2 f (x,0).
Proposição 1.6.3 O germe F(x, y) = (x, y2) é 2-A-determinado e é ;te- estável.
21
Classificação dos germes com o 2-jato igual a (x, xy)
Considere um k-jato cujo 2-jato é (x, xy). Usando uma mudança de coordenadas
da formaY = y—p(x,y) podemos eliminar todos os termos divisíveis por x na segunda
componente exceto xy. Então este k-jato é equivalente a (x, xy +
Proposição 1.6.4 Os germes de ..ite — cod < 2 com o 2-jato igual a (x, xy) são
equivalentes a um dos seguintes germes
Cúspide (x, xy + y3) .4e — cod = O
Rabo de andorinha (x, xy + y4) 1
Borboleta (x, xy + ys + y7) 2
Classificação dos germes com o 2-jato igual a (x, O)
Lema 1.6.4 As J3A-Orbitas singulares em p(2, 2) que têm o 2-jato equivalente a
(x,0) são (x, y3 ± x2y), (x, y3), (x, xy2) e (x, O).
Demonstração: Seja J3F ••=. (x, a3,0x3 + a3,ix2y + as,2xy2 + ci3,3Y3)•
• Se a3,3 O, então usando a mudança Y = y — 3, e eliminando o termo x3 por 3a3
uma mudança de coordenadas na meta, reduzimos j3 F a (x, (3a3ja3,3— 42)/a3,3x2y+
a3,3y3) .
Se 3a30/3,3 — 42 O, então uma mudança escalar reduz a (x, y3 ± x2 y)• Se não,
j3F (x, y3).
• Se a3,3 = O e a3,2 O, então usando o Lema de Mather podemos mostrar que
j3F (x, a3,2xy2) (x, xy2).
22
• Se a3,3 = a3,2 = O e a3,1 O, então usando o Lema de Mather j3F (x,x2y).
• Se todos os coeficientes se anulam, então j3 F = (x, O).
Proposição 1.6.5 Um (k + 1)-jato cujo k-jato (k > 3) é equivalente a (x, y3) é
equivalente a (x, y3 ± xk y) ou (x, y3). O germe (x, y3 ± xk y) (k > 2) é (k + 1)-
determinado é tem Á,— cod igual a (k —1).
Podemos mostrar que um k-jato cujo (k— 1)-jato (k > 3) é equivalente a (x,xy2)
é equivalente a (x,xy2 E¡k_4 yi) . Se a4,4 O, então o 4-jato é equivalente a
(x, xy2 + y4) .
Proposição 1.6.6 As órbitas finitamente determinadas da "raiz"(x,xy2 + y4) são
dadas por (x,xy2 + y4
) k > 2. Este germe é (2k + 1)-determinado e tem
.At — cod igual a k — 2.
Observação 1.6.3 Os demais germes conduzem a k-jatos de codimensão > 2.
Em conclusão temos
Proposição 1.6.7 Os germes de codirnensão < 2 de aplicaçõesR2,0 R2, O e seus
desdobramentos At-versais são os seguintes:
23
Nome Forma Normal Desdobramento Versal — cod
Submersão (x, y) (x,Y) o Dobra (x , Y 2) (x, y2) o Cúspide (x , xy + y3) (x , xy + y3) o Rabo de andorinha (x, xy + y4) (x, xy + y4 + uy2) 1
Ldbios/Bicos (x , y 3 ± x2 y) (x, Y3 ± x2 Y + uY) 1
Borboleta (x, xy + y5 ± y7) (x , xy + y5 + y" + uy2 + vy3) 2
Ganso (x , y3 + x3y) (x, y3 + x3y + uy + vxy) 2
Gaivota (x, xv2 +y4 +y5) (x, xy2 + y4 + y5 + ity + vy3) 2
24
Capitulo 2
Duais de hipersuperficies genéricas
em Rn
A teoria de singularidades não somente rei nterpreta resultados clássicos da geome-
tria diferencial local das subvariedades em espaços euclidianos, como também permite
a descoberta de novos resultados sobre esta geometria. Os novos resultados seguiram
da sugestão de Renê Thorn que consiste em estudar o contato das superfícies com
conjuntos especiais tais como planos, linhas, esferas, círculos, etc.. Uma resenha dos
resultados nesta área nos ultirnos 20 anos é feita por J. W.Bruce em 1116).
Neste capítulo, estudamos os contatos genéricos de subvariedades de Rn com
famílias de hiperplanos. A referência principal para este estudo é o artigo The duais
of generic hypersurface,s de J. W. Bruce [13).
25
2.1 A família de funções altura
Seja Sn = .9 a esfera unitária em Rn+1 e seja N uma variedade diferencidvel.
Dado um mergulho f : N —>Rn+1, considere a família de funções
N x I- -14R xSAS onde Hf(x,u)= (f (x)• u, u), rr(c, u) = u
para (x, u, c) E N x x IR e o "ponto" denota o produto interno usual em
A família H1 chamada "família de funções altura" associada a f, descreve os
contatos de N com a família de hiperplanos ortogonais a u E S. Quando não houver
perigo de confusão, omitiremos o índice f. Para cada u E S, indicaremos por Hu a
aplicação
Hu : N R
x H(x) = H(x,u)
O conjunto dos pontos críticos EH de H é o conjunto {(x,u);x é um ponto crítico
de Hu : N —>R}, que é o fibrado normal unitário a N.
Quando N é compacta de dimensão n, N separa R"' e a projeção ri : EH N
é um recobri mento duplo, cada uma das folhas correspondendo a uma orientação para
os vetores normais a N.
Indicaremos por E+ o subconjunto de EH correspondente aos vetores normais a
N, que apontam para fora.
Definição 2.1.1 O dual de N é o conjunto dos valores craicos de H, isto é, o
conjunto H(E±).
A aplicação de Gauss está associada a H pela composição
G:N---+ E —*RxSAS
26
Como foi definida, a família de funções H depende da posição de N com respeito
à origem. Contudo é fácil verificar que qualquer translação de N dá uma família
equivalente de funções no seguinte sentido:
Duas famílias suaves de funções Fi : N x S = 1,2 são equivalentes se
existirem difeomorfismos h1,h2,h3 comutando o seguinte diagrama:
NxS F1IRS S
Ihi
Ihs Ihs
NxS F2IRS flS
onde Fi(x,y) = (fi(x,y),y) e r éa projeção canónica. Observe que a comutatividade
do diagrama mostra que a segunda componente de h2 depende só de x.
h2(t, x) = ((Mi, (h2)2)(t, x) = ((h2)i(t, x), h3(x))
já que ír o h2(t,x) = h3 o ír(t , x) = h3(x). Segue assim que existe um difeomorfismo
de IR x S levando o dual de N no dual transladado de N. A aplicação de Gauss, fica
inalterado,.
O relacionamento entre as singularidades da família Hf e as singularidades da
aplicação normal de Gauss fica evidente no seguinte lema, provavelmente devido a
Milnor:
Lema 2.1.1 O ponto yeN é um ponto regular de G: N S com G(y) = use e
somente se a função altura lin : N IR tem uma singularidade A1 em y.
Demonstração: É suficiente considerar o caso u = (O,,.. ,1), isto é, Hu é a função
altura xn±1. Claramente podemos escrever N localmente como x„+1 = h(xl, , xn)
para algum h = H. Então
( ah ah ) c(x,,... ,x.„,h(xi,... ,x4). p — • • • , — axn,1
27
onde p — {O} —> 5 é tal que p(x) = x , onde • é a norma Euclidiana.
Quando restringimos à qualquer hipetplano não passando pela origem p atua como
um difeomorfismo local. Então u é um valor regular de G se e somente se uzirj é não singular. Então h tem singularidade A1 se o rank da hessiana é máximo <=> a
jacobiana de Gauss é máxima.
Podemos agora formular varias questões. Por exemplo, que tipo de funções altura
His se deve esperar; o que o dual de N parece genericamente? Quais as correspon-
dentes singularidades da aplicação de Causa?
Com relação à primeira questão, a resposta é dada pelo teorema de genericidade
de Looijenga.
Definição 2.1.2 Se x = UXj é um subconjunto estratificado do espaço de multijatos
rtlk(N,R), dizemos que f é tangente transversa à x se o jato rjf1 f : Nfr) x S
,...1k(N,R) é transversal à cada Xj C x, onde N(t) = {(xl,... ,x,.) E Nr tal que
xi xj para i j}.
Teorema 2.1.1 (Looijenga [19]) Dado x = UXj como acima, o conjunto de mer-
gulhos f E C'(N,1811+1) com Hf tangente transversa à x é residual.
Os subconjuntos estratificados x = UXj c ,.Jk (N, R) de interesse são subconjun-
tos em ,...1k(N,R) invariantes pela ação do grupo A(k) = R(k) x r(k) dos k-jatos de
difeomorfismos na fonte e na meta. A aplicação do teorema é feita da seguinte forma:
Obtemos primeiramente uma classificação de todas as singularidades em ..1k(n,l) de
Ace,odimensão < n = dim(S) (dimensão do espaço de parâmetros).
Suponhamos que obtivemos um número finito de órbitas nesta classificação. Es-
tratificamos, então, o espaço de jatos (e também o de Traultijatos) ,...1k(N,R) obten-
do X1, X2, . . . X „ e também o complementar destas órbitas. Este complementar
28
pode ser decomposto em um número finito de variedades de codimensão maior que
2n (dim(N)± dim(S)), X84-21 , X. Aplicando então o teorema 2.1.1, a esta
estratificação, obtemos para cada X1, o conjunto
Rxi = {f E C"(N,Rn+1), f mergulho, rj11.11f é transversal a Xf} é residual
Logo o conjunto R := nRx, é ainda residual.
Observe que para um mergulho f E R, a aplicação k-jato associada a f evita os
estratos Xt para i>s e é transversal a Xt, para i < s. Uma tal imersão é chamada
uma imersão genérica para a situação que se está considerando. Assim um mergulho
genérico f: N --+ R dá origem a uma composta, Hf : Nx5 R, a qual apresentará
somente aquelas singularidades que aparecem na classificação cuja Ae-codimensão
seja no máximo n = dimS. A transversalidade às órbitas nos assegura, então, que
estas singularidades serão versalmente deformadas (ou desdobradas), ou seja, que a
familia II f é localmente versal.
Pode acontecer que, feita a classificação, tenhamos chegado a um número infinito
de órbitas, isto é, tenhamos encontrado algum germe modal. Neste caso, devemos
reunir estas órbitas em estratos e considerar então, não a codimensão individual das
órbitas, mas sim a codimensão do estrato associado. Também não poderemos mais
esperar que a aplicação k-jato seja transversal às órbitas.
Quando n < 5, as únicas singularidades de codimensão < TI em Jk(n,l) são
as singularidades simples, classificadas por Arnold. Com efeito, cada estrato X f é
uma -órbita de codimensão < 5 se e somente se Xf é simples. Mais ainda, se f
é simples com número de Milnor g, o subconjunto X correspondente em Jk (N, R)
terá codimensão n+ 11-1, de modo que tais singularidades ocorrem quando 11-1 < n.
Para as informações sobre o dual de N, é preciso investigar as singularidades genéricas
que ocorrem quando n < 5, para germes (caso r = 1) e também para multigerrnes
29
(caso r > 1)
Para uma melhor discussão da geometria do mergulho genérico f : N R_y n+1, o
seguinte teorema, que complementa o resultado obtido no lema 2.1.1, é essencial:
Teorema 2.1.2 (Looijenga [19], Wall 1.201) Seja f: N Rn-f-z um mergulho
de N para o qual a família Hf associada é localmente versai. Então, a aplicação
normal de Gauss associada a este mergulho G: N —> 5, é localmente estável.
Nas próximas seções estudamos a caracterização geométrica para as singularidades
da função altura quando ri = 1 e2eas correspondentes singularidades do dual de N
e da aplicação normal de Gauss.
2.2 Curvas planas
Seja C uma curva regular em R2 . O contato de C com retas em R2 é dado pela
família
H : C x —+ R
(p, u) 1—>< p , u >
Para cada u. E 51 fixo, 1-4, descreve o contato de C com a reta que passa por p e é
ortogonal a u. Como consequência do teorema de Looijenga nesta dimensão, segue-se
que para um mergulho genérico de C em R2 , as singularidades da função H são as
singularidades de germes e nzultigermes de codimensão < 1. Assim, podem ocorrer
as seguintes singularidades A1 (Morse), A2 (dobra) e também as singularidades
que correspondem a dois pontos críticos não degenerados de mesma altura.
Para interpretar geometricamente estes resultados, tomemos coordenadas de forma
que numa vizinhança da origem a curva seja dada pelo gráfico e projetando o mesmo
30
na direção do vetor normal (0,1) obtemos: t —f (t, f (t)) 4 f (t), onde f (0) = O =
.f'(0)• Com as hipóteses anteriores teremos que a singularidade será. estável (A1)
.(=> f"(x) O.
E a singularidade será A2 <=> f" (0) := O, f'"(0) O
Vamos analisar o dual para os pontos parabólicos (ou de inflexão): Seja g :R —f R
dada por g(x) = x3, e H(x,u) = (ux — x3,u). O dual H(E) é portanto {(2x3,3x3)}
Considerando os multijatos, as singularidades genéricas que podem ocorrer são
do tipo Mi e o dual correspondente possui ponto duplo como singularidade. De
31
fato, escolhendo pontos críticos de Morsa com a mesma altura: fi(t) = t2, f2(t) = t2.
Os possiveis desdobramentos versais são: (t2 + u,t2) ou (t2, t2 + u). Considerando
H(t,u) = [(t2 + u, u); (t2, u)] obtemos o dual H(E) = {ftu,u);(0,u)1}
2.3 Superfícies em Ire
Seja M uma superfície suave emle . O contato de M com planos em R3 é dado
pela família de funções altura
H : M x S2 R
(p,u) < p,u >
Para u fixo, a função Hu é a função altura na direção u. Em p E M esta função
descreve o contato de M com o plano pelo ponto p cujo vetor normal é u.
Escolhamos coordenadas locais em torno de po, tais que po = (0,0) e a superfície
M é dada como o gráfico da função z = f (x,y). Suponhamos que as direções em 52
são em torno de u = (O, O, 1). Estas direções podem ser parametrizadas por (a, b,1).
Então a família (alterada) de funções altura é dada, localmente, por
H : R2 x R2 ,0 R
((x, y), (a, b)) f (x, y) + ax + by
com Ho(x,y) = f(x,y). Queremos identificar geometricamente os tipos de singu-
laridades da função f e verificar se a família H é um desdobramento versai destas
32
singularidades. Como H é uma deformação a .2 parâmetros de f, somente as sin-
gularidades de codimensão < 2 de f podem ser desdobradas versalmente por H, ou
seja, somente as singularidades A1, A2 e A3 .
As singularidades estáveis são do tipo Ais A1(1) (sela), A1(2) (Max/Min). O
conjunto dos pontos para os quais o plano tangente encontra a superfície em uma
singularidade A1(1) são os pontos hiperbólicos e o conjunto dos pontos para os quais
o plano tangente encontra a superfície em uma singularidade A1(2) são os pontos
elípticos. De fato, f é singular na origem se, e somente se, f(0, O) = h(0, O) =
4(0,0) = O, ou seja, se, e somente, se a direção (0,0,1) é a direção normal a M em
Po• Fazendo a expansão de Taylor de f temos:
f (x, y) = ax2 + 2bxy + cy2 + R(x, y), onde ordem(R(x, y)) > 3
Com uma rotação de forma a colocar os eixos nas direções principais obtemos:
kl 2 k2 2 f (x, y) = x + iy + R(x, y)
onde k1 e k2 são as curvaturas principais em (0,0). Assim, se o ponto é hiperbólico,
ki e k2 possuem sinais opostos. Logo numa vizinhança da origem, f (x, y) se comporta
como uma "sela". Portanto uma pequena translação do plano tangente na direção da
normal faz com que este encontre a superfície localmente em uma hipérbole. Se o
ponto é elíptico, então k1 e k2 possuem o mesmo sinal e então (O, O) é um ponto de
mínimo ou máximo não degenerado da função altura. Neste caso, nossa singularidade
é do tipo A1(2). Ambos os casos descrevem a geometria das singularidades estáveis,
isto e, singularidade de Morse numa vizinhança da origem.
Existem três tipos de singularidades genéricas em um ponto parabólico, isto é,
ponto para o qual tt = 0. Supondo k2 = 0, M(x,y) será dado por
kl 2 M (x, y) = (x, y, ix + R(x , y))
33
Fazendo mudanças de variáveis, podemos supor f (x, y) = X2 +cxy2 + dy3 + R(x, y),
onde a ordem(R) > 3.
Se d 0 O, f (x,y) = x2 + 9 + È(x,y). Como X2 + y3 é 3-determinado, podemos
desprezar .1?.(x,y) na classificação da singularidade de f, que neste caso é do tipo A2.
Observemos que o plano tangente encontra N em uma curva com cúspide. Pode-
se verificar facilmente que a família H(x,y, a, b) = x2 + y3 + az + by é versai, isto
é , TA,(f) + = O. . Com cálculos simples utilizando a forma normal,
podemos verificar que a condição d O significa geometricamente que a única direção
assintótica no ponto parabólico é transversa/ a este conjunto.
Se d = O, tomamos f (x, y) = x2 + xy2 ± y4, que é uma singularidade de tipo A3.
Observe que x2 + xy2 ± y4 é R-equivalente a X2 ± y4 e sua Arcodimensão é igual a 2.
Além disso, a família H(x,y) = X2 + xy2 ± y4 + ax + by é um desdobramento versal
de f (x,y) = x2 + xy2 ± y4. Com efeito, temos:
< 2x + y2, 2xy 4y3 > +R{x, y} =c x , y >
Vamos calcular o dual destas singularidades.
Para a família H(x,y) = (a, b, X2 + 9 + az + by), temos que o conjunto E(H) =--
{(x,y,a,b);(x,y) é ponto crítico de H o : R2, O —> R, O} é definido pelas equações
2x+a=0
3y2+b=0
34
Portanto H(E) pode ser descrito pela parametrização
(x, y) (-2x, —3y2, —x2 — 2y3)
A aplicação de Gauss em uma vizinhança de (O, O) é dada por
G :R2 ,0 R2 ,0
(x, y) (-2x, —3y2)
Observe que a singularidade de G em (O, O) é uma dobra.
Para a família H(x,y) = (a, b, x2+ xy2 ±y4 + ax + by), o conjunto E(H) é definido
pelas equações:
2x + y2+a=0
2xy ± 4y3 + b = O
Portanto H(E) = (-2x — y2, —2xy 4y3, —x2 — 2xy2 3y4)
35
E a aplicação de Gauss G numa vizinhança de (O, O) é dada por
R2, O R2, O
(x, y) (-2x — y2, —2xy 4y3)
Note que (O, O) é um ponto de cúspide.
Nas proposições seguintes resumimos os resultados discutidos acima:
Teorema 2.3.1 Seja f um mergulho genérico de IV em i1+1. Seja p um ponto
singular de Hu : N R. Então:
(a) u é direção normal a N em p
(b) (i) P é de tipo A 1 K (p) O
(ii) p é de tipo A2 p é um ponto parabólico; o conjunto dos pontos parabólicos
II é uma curva regular e a única direção assintótica em p é transversal ao conjunto
dos pontos parabólicos II.
(iii) p é de tipo A3 < > p é ponto parabólico; o conjunto dos pontos parabólicos II
é urna curva regular e a única direção assintótica em p é tangente a r1.
Proposição 2.3.1 Nas hipóteses acima, seja u um vetor normal a N em p.
(i) p é de tipo A1 para Hu <=;• p é ponto regular para a aplicação normal de
Gauss.
(ii) p é de tipo A2 para Hu -4=> p é ponto de dobra para G
(iii) p é de tipo A3 para Hu p é um ponto de cúspide para a aplicação de
Gauss.
Proposição 2.3.2 (a) O dual de M é localmente difeornorfo a
• urna superfície suave nos pontos Ai
36
• um edge cuspidal nos pontos A2
• um rabo de andorinha num ponto A3
(b) A imagem do conjunto parabólico na esfera de Gauss é localmente difeornorfa a
• gama curva suave nos pontos A2
• uma cúspide em pontos de tipo A3
Urna análise análoga dos multigernies de Accodimensão < 2 mostra que:
Proposição 2.3.3 As singularidades genéricas são dois pontos singulares com a
mesma imagem:
(i) Ai(1)211(1); (ii)A1(1)211(2); (iii) Ai(2)A1(2); (iv) Ai(1)A2; (v) A1(2)A2;
ou três pontos singulares com a mesma imagem:
(vi) A1(1)211(1)211(1); (vii) A1(1)A1(1)A1(2); (IMO A1(1)211(2)A1(2); (ix) A1(2) A 1(2)A1(2).
Os correspondentes duais são cúspide x reta; ponto duplo x reta; pontos triplos e
rabo de andorinha (correspondente as singularidades do tipo A3(1) e A3(2)).
37
A S AAA_ 11
fil<aailemnr.
Observação 2.3.1 O livro "Cusps of the Gauss mappings"de T. Banchoff, T. Gaffney
e C. McCrory [21), descreve várias caracterizações geométricas para as cúspides da
aplicação de Gauss.
Destacamos a seguir uma destas caracterizações que será útil na parte final do
trabalho:
Teorema: Para uma superfície regular genérica, as cúspides da aplicação de Gauss
são precisamente os pontos parabólicos os quais são os limites dos pontos de inflexão
das curvas assintótica.s.
38
Capitulo 3
Duais de hipersuperfícies
projetivas
Neste capítulo, demonstraremos teoremas de genericidade para os contatos de
hipersuperfícies algébricas reais e complexas com famílias de hiperplanos de IP"±1.
A principal referência é o artigo "The Duals of Generic Hypersurfaces"de J. W.
Bruce 1113].
Sejam K o corpo dos números reais ou complexos, Pn+1 o espaço projetivo real ou
complexo de dimensão n +1, e Km o espaço vetorial dos polinômios homogêneos de
grau d em n+ 2 varidveis (m. = (n+d-En d
)) e {F = O} urna hipersuperfície não singular em
Queremos discutir a estrutura dos duais de hipersuperfkies projetivas "genéricas"{F =
O} , e como estamos trabalhando no espaço projetivo precisamos tomar cuidado pois
as funções altura scio objetos Euclidianos. Contudo, transversalidade é um fenômeno
locai, de modo que podemos dar uma definição local de transversalidade tangente.
Para fazer isto, selecionaremos uma carta afim de IP"±1 e é claro que nossa definição
39
de transversalidade tangente deve ser independente da carta e de qualquer outra es-
colha desejada. Como no capítulo anterior, consideraremos apenas subvariedades de
singularidades naturais do espaço de jatos e rnultijatos resultantes das 12.(k) x
subvariedades invariantes Xi c E c „Ik(n,1), e a definição de transversahdade tan-
gente assegurará que para uma hipersuperfície não singular V = {F = 0} transversa
tangente a X. o conjunto {x e V; a função altura normal à x é do tipo Xj} é uma
subvariedade de V da dimensão correta.
Os principais resultados discutidos em 1-131 e apresentados neste capítulo são os
teoremas abaixo, que são respectivamente, os teoremas de genericidade para germes e
multigerrnes.
Teorema 3.2.1: Seja D c Km o subconjunto das formas que definem hipersu-
perfícies singulares. Cada F e Km — D possui uma vizinhança U c Km—De no caso K = C (respectivamente K = R) urn subconjunto subanalítico (respectivamente
real subanalítico) B c U de codirnensão real > 1, tal que para todo GE U—B a
hipersuperfície {G = 0} é tangente transversa à X c Jk(n, 1) desde que k < d.
Teorema 3.3.2: Seja K = C. Seja {F = 0} uma hipersuperfície não singular
com tangênciás em posição geral. Então dada uma uma estratificação natural x C
E C Jk(n, 1), existe uma vizinhança aberta U de F e uma família enumerável de
subconjuntos reais subanalíticos Be c U, com cod(Be)> 1 tal que para G E U —uBe
a hipersuperfície {G = 0} é tangente rnu/titransversa a x desde que k <
Nosso objetivo é apresentar as provas detalhadas destes teoremas e aplicar os
resultados ao estudo dos duais de hipersuperfícies projetivas.
40
3.1 A família de funções altura: definições básicas
e resultados preliminares
Seja D C KM o subconjunto algébrico das formas que definem hipersuperfícies
singulares, ou seja, nclo possuem rank máximo, e seja FE KM — D.
Se PF = {(x, L) E Tin+1 x Tin+1; x E Ln {F = 0}} e 11F : 1pn+1 é a projeção
canônica, então o conjunto singular de 11F,E1IF = {(x, L); L é o plano tangente à
{F = O} em x}.
Definição 3.1.1 O dual de {F = O} é o conjunto dos valores críticos de IIF, isto é
11F(EIIF).
Proposição 3.1.1 O dual de IIF é um conjunto algébrico.
Demonstração: A projeção IIF jpn+1 x pn+1 1pn+1 é fechada na topologia de
Zariski quando K = C (ver /11J), logo, leva conjuntos fechados em conjuntos fechados
e neste caso os duais são algébricos.
Seja x e Ir e escolha uma carta afim Kn+1 C Ir+1 contendo x, seja 14 =
V n Kn+1. Sem perda de generalidade, podemos supor que x = O E Kn+1
A variedade irredutível afim 14 será o conjunto de zeros de algum polinômio irre-
dutível f e podemos escolher uma parametrização local de V1 no ponto O, h:
(de modo que f o h(a) O).
Se (K7.9* é o dual de K"', seja df (0) E (1C+1)* a diferencial de f em O.
Escolheremos então uma aplicação linear L: Kn (Kn+1). de modo que
ind, e Sp{df (0)} = (K"1).
41
Observe que ImL é um subespaço vetorial de (K"+1)* de dimensão n
Definimos então um germe de uma família a n parâmetros de funções 14: K" —>
K por H( f , h, L) : (Kn X K" , O) (K, O) onde H ( f , h, L)(a, a) --- (df (0)+ L(a))(h(a))
Lema 3.1.1 (1) H é independente das escolhas da equação f, da parametrização h
e da aplicação linear L, isto é,* quaisquer duas escolhas dão famílias equivalentes.
(2) Seja EH = {(a, a); a é um ponto crítico de Ha}. Então o conjunto dos pontos
críticos de H é regular e a projeção EH —> , (a, a) —> a é um difeomorfismo local.
Demonstração: (1)(a) Como V1 é uma variedade afim irredutível, qualquer outra
equação definindo V1 é da forma Àf = O, para algum À E K — {0}. Usando as
mudanças de coordenadas 0(a, a). (a, Àa) e çb(c) = Àc, temos que:
çb o H (f , h, L)(ce, a) = çb((df (0) + L(a))(h(a))) = À(df (0) + L(a))(h(a))
Por outro lado, temos:
H (À f , h, L) 0(a, a) = H (À f , h, L)(ce, Àa) = À(df (0) + L(a))(h(a))
Portanto, çb o H (f , h, L)(a, a) = H(À f , h, L) o 0(a, a).
(b) Quaisquer duas parametrizações h1, h2 de V1 no ponto O diferem por um difeo-
morfismo h: (K",0) —> (K' ,O) tal que h2 = h1 oh. Uma mudança de coordenadas
0(a, a) = (h(a), a) nos fornece:
(H ( f , hi, L) o 0)(a, a) = H (f hi, L)(h(a), a) = (df (0) + L(a))(hi(h(a)) =
= (df (0) + L(a)) (h2 (a)) = H(f, h2, L)(a, a)
(c) Suponha que temos duas aplicações lineares L1, L2 como acima. Podemos escrever
Li(a) = 0(a)df (0) + w(a) para alguma aplicação linear O : K" IC e w :
ImL2. Note que w é um isomorfismo. De fato, suponha que w não seja, então
42
existe a O, a E IC" tal que yo(a) = O. Como Li(a) O (Li é isomorfismo) e
0(a) 0, segue que Li(a) = 0(a)df (0), o que é absurdo devido à hipótese de que
ImL2 El) Sp{df (0)} = (.1r+1)* .
Através das seguintes mudanças de coordenadas: 0(a, a) = (a , L2-1 (2)),
sP(c, a) — (14.,) e usando o fato de que Li(a) = 0(a)df (0) + yo(a), obtemos:
0(11(f , h, Li)(a, a), a) = .0((df (0) + L1 (a)) (h(a)) , a) =
sp((df (0) + 0 (a)df (0) + yo(a))(h(cx)), a) = .0((1 + 0 (a))df (0) + yo(a))(h(cx)), a) =
(df (0) + (1 + 0(a))-1w(a))(h(cx))
Por outro lado, temos
(H ( f , h, L2) o IP)(cx, a) = H (f h, L2) (a, 112 1 (1}(0%))) =""
= (df (0) + L2 (L2-1 (1 :(0%))) (h(a)) =
= (df (0) + (1+ 0(a))-1w(a))(h(cx))
Portanto,
sP(H ( f , h, L1)(a, a), a) = (H ( f , h, L2) o 0)(a, a)
(2) Temos H ( f , h, L)(ce, a) = (df (0) + L(a))(h(cx)) . Assim, Tal ( f h, L) = Ta(df (0)+
L(a)) o n/, = (df (0) + L(a)) o Tch. Como h: K" K"1, temos Tch : Tale'
Th(c)Kn+1, mas Tair K71 e Th(c)Kn4-1 Ir+1, assim obtemos o seguinte diagra-
ma:
Kn Ta h df (0)+L(a) K
Vamos definir a aplicação induzida de Tch da seguinte forma:
(Tch)* : (K"4-1)* (Kn).
A (Tch)* (A) = A o Tch
Assim, o conjunto dos pontos críticos de H ( f , h, L) fica definido pelo conjunto
E = {(a, a); (Th) (df (0) + L(a)) = 0}
43
Escrevendo e(a,a) = (Tah)*(df (0) + L(a)), vemos que 2(0,0) = (Toh)*L :
—> (K"), que é invertível, então pelo Teorema da Função Implícita, podemos
parametrizar E como (a, /3(a)) para algum )3, seguindo assim, o resultado.
Vamos deixar de lado os parênteses (f,h,L) e considerar a aplicação
it Ha : (Kn X Kn, (0,0)) —> (Jk (K", K), jik11(0,0))
(a, a) jklic,(a)
Definição 3.1.2 Uma hipersuperfície projetiva V c IPn+1 é tangente transversa à
R(k) x £(k)estratificação invariante x = UXi C E C Jk(n,l) se para cada x E V
pudermos escolher uma carta afim e uma vizinhança A1 X A2 de (0,0) E K" X K"
de modo que a aplicação jH0 : A1 X A2 —> Jk(Kn,K) é transversal à correspondente
subvariedade k C Jk (K", K).
Segue do lema 3.1.1 acima que se ,O-Ix : A1 X A2 —> Jk(K",K) é transversal à Xi então para um y suficientemente próximo de x, My também será transversal a
Proposição 3.1.2 Se X é uma subvariedade R,(k) x £(k)invariante de E C Jk(n, 1)
e V C IPn+1 é tangente transversa à X, então o conjunto V(X) = {x E V; a função
altura normal à x é do tipo X} é regular e cod V (X) em V é igual à cod X em E.
(Observe que esta proposição segue do lema 3.1.1 e do lema da trunsversalidade.)
Queremos mostrar que as hipersuperfícies {F = 0} que não são tangente transver-
sas a algum subconjunto invariante X C E são escassas. Para obter um resultado
forte, assumiremos que no caso real X é semi-algébrico e no caso complexo X é
construtível.
44
Primeiramente vamos definir o que vem a ser um conjunto semialgébrico e um
conjunto construtível:
Definição 3.1.3 ([3]) Um conjunto A c Ir é semialgébrico quando ele pode ser
obtido através da combinação de um número finito das seguintes operações: in-
terseção, união e diferença de conjuntos, a partir de conjuntos da forma {x E R"; f (x) >
O} com f : lEtn R uma função polinomial.
Definição 3.1.4 ([14]) Um subconjunto S de C" ou IP" é construtível se ele per-
tence a uma álgebra Booleana gerada por conjuntos algébricos fechados, ou equivalen-
temente, se S é uma união disjunta T1 U U 7),, onde Ti é localmente fechado, isto
é, 1 = 27 — Tf, onde Tf é um conjunto algébrico fechado e c Tf um conjunto algébrico menor.
Teorema 3.1.1 (Teorema de Chevalley [23]) Seja A um anel Noetheriano e B
uma A-álgebra de tipo finito. Seja q5 : A —> .13 o isomorfismo canônico; Seja X =
Spec(A),Y = Spec(B) e f = q5* : Y X, então a imagem f(r) de um conjunto
construtível Y' em Y é construtível em X .
Teorema 3.1.2 ([14]) Seja S c Cu x Cm um conjunto construtível. Então 7r2(S) C
Cm é um conjunto construtível. Em particular, se S é uma subvariedade de C"' e
r2(S) é o fecho de Zariski da imagem, enteio 7r2 (S) contém um conjunto aberto Zariski
em 7r2 (S)
As seguintes definições serão utilizadas:
Seja A um anel de funções de valores reais definidas em um conjunto E. Seja
S(A) os subconjuntos de E que são descritos por A, isto é, a menor família de
45
subconjuntos de E contendo todos {f (x) > O}, f E A, que é estável com relação à
interseção finita, união finita e complemento.
Equivalentemente, S(A) representa os subconjuntos de E da forma X = 14„,. n:=1
4, onde cada X é {f(x) = o} ou {f3(x) > o}, fii E A.
Seja M uma variedade real analítica. Se U é um subconjunto aberto de M, seja
0(U) o anel das funções reais analíticas em U.
Definição 3.1.5 ([22]) Um conjunto X de M é semianalítico se para todo a E M
existir uma vizinhança U tal que Xn UE S(0(U)).
Definição 3.1.6 ([22]) Um subconjunto X de M é subanalítico se cada ponto de M
admite uma vizinhança U tal que X nU é uma projeção de um conjunto semianalítico
relativamente compacto (isto é, existe uma variedade real analítica N e um subconjunto
A CM x N, onde A é semianalítico relativamente compacto tal que X n U = r(A),
onde ir: M x N M é a projeção).
As propriedades básicas destes conjuntos são também discutidas em /22.1
3.2 O teorema de genericidade local
Teorema 3.2.1 Cada F E K" — D possui uma vizinhança U C Km — D e no
caso K = C (respectivamente K = R) um subconjunto subanalítico (respectivamente
real subanalítico) E c U de codimensão real > 1, tal que para todo G E U—B a
hipersuperfz'cie {G = O} é tangente transversa à X C J' (n, 1) desde que k < d.
46
Usando o fato que {F = 0} C Fn+1 é compacto, a demonstração do teorema segue
da seguinte afirmação:
Afirmação 3.2.1 Para cada F E Km — D, e x(0) E {F = 0} podemos encontrar
vizinhanças A (respectivamente U) de x(0) E ipn±i (respectivamente F E Km — D) e
um conjunto ruim B C U como acima, de modo que para GE U—B ey E An{G = 0}
o germe de aplicação j'i 14 (para {G = 0}) é transversal à .k.
Para mostrarmos esta afirmação, usaremos o lema 1.4.1 de Thom. Mas neste
caso, as famílias de deformações serão obtidas variando as hipersuperfícies {G = 0} .
Demonstração da afirmação 3.2.1: Sem perda de generalidade, vamos supor que x(0) =
(1,0, ... ,0), vamos também supor que o plano tangente a F = O em x(0) é x1 = O
e por simplicidade, nesta seção, usaremos a notação x(0) = (1, O), sempre que não
houver perigo de confusão. Em particular, estamos assumindo que r(1,0) 0, 1 <
j<nee (1,0) 0. Usaremos a carta afim usual em (1,0,...,0) E IP'.
Considere a aplicação g : K m x Kn K, g(u,x) = F(1, x)+E l uiçoi(1,x), onde
{(p i, . m} é uma base monomial para o espaço vetorial das formas homogêneas em
n + 2 variáveis de grau d. Sem perda de generalidade, podemos assumir que soi = xá'
(logo, çoi(1,0) = 1).
Desejamos parametrizar estas superfícies (pelo menos numa vizinhança de O E
Kn+1) de modo que procuramos h: Km x Kn K tal que g(u, h(u, a), a) 0. Mas
•
— + Eu.2- ' logo 'a.i
ag aF (o,o) = -.(1,0) 0,
axi axi
Assim, pelo teorema da função implícita tal função analítica h existe e para valores
pequenos deu, a hipersuperfície g(u, x) = O, é dada por (h(u, a), a).
Note que guando aplicamos o T.F.I., podemos considerar uma família de gráficos na
47
qual h(u, O) = O, ou seja, h(u, a2, a , n) = h(0, a) + uku,a), onde h(0, O) = O e
"h(u, O) = O. Segue ainda que e(n, O.
Agora, temos que escolher a aplicação linear L:
,a„) = L(a) = aixi.n.
Vemos que esta é uma escolha admissivel para Ou = O próximo a x(0) tomando-se
ti suficientemente pequeno. Com efeito,
M AI n uwi
dg(0) 1u(0) =O,F(1,0) , 0
0xFn(1,0) + Lu—( ,0)
oxi ex„
No nosso caso, e(1,0) = O, 1 < < n
AI A
dg(0) = AÉI oxl
1 0 x1
UWn 1
Logo, L satisfaz a condição
ImL e Sp{dgu(0)} = (Kn+1)*
para ti próximo a zero.
Assim, temos duma familia de funções H: Km X Kri X Kn —› K,
H (u, a, a) = (dgu(0) + L(a))(h(u, a), a) =
(45 -(1 O) + m E O) E -(1 O)) (h(u, a), a)-1- ozi 2 I 17X1 7 2 7 7 7 2 1
m U7
+(E7 j+i)(h(u, a), a) =
(F (1, O) -I- Er ui 2-±(1, O)) (h(u , a)) + E:111_1 ETI-2 nt ( 0)a5 nn 2,1 aixi.Hai+i
o que nos leva à uma aplicação
71= .1k H)(a): Km x Kn X Kn —> Ji (Kn K) = Kn X K x t(n,1) (*)
48
O principal resultado que precisamos mostrar é que?) é uma submersão em (O, O, O)
se k < d.
Podemos tomar k = d. Como g(u, h(u, a), a) =- O, derivando com relação a ui,
obtemos:
ag ag ah (i) (u, h (u, a), a) + —„(u, h(u, a), a) — (u, a) a O axi aui
Temos que mostrar que a aplicação tangente
Ton :KM x K" x K" Kn x K x Jd(n,l)
é sobrejetora. Aqui, estamos identificando um espaço vetorial com seu espaço tangente
no ponto. Observe que Ton(0 x x O) contém Knx0x0
Se ui é a coordenada correspondente ao monômio xod temos:
L(o -te(0)C(0,0)+ -C(1, 0)h(0, 0)±
+zvfu,e(1,0),e(0,0)± tie (1, 0)cei
Assim, e(0, O) = -e (o)e(0,0)
Pelo teorema da função implícita segue que
como 197(0, O) = 4(0,0), âzi
c(0,0)=-e(0,0)=_401(1,0).
Assim, é suficiente mostrar que = {o E KM; uiwi não possui termos envol-
vendo xi e nem o termo xg} é levado sobrejetivaraente por Ton em Jd(n,1). (Note
que ambos os espaços e J" (n, 1) possuem a mesma dimensão.)
49
A seguinte igualdade se verifica:
Og (ii) (--, (u, 0)h(u,$) — (O, 0)h(u, O)) = —
a(H(u, 8, 0) — H (u, 0,0))
ox1 cal
De fato, ternos:
4-(H (u, O, O) — H(u,O, O)) =
=[e(1,0)e(tt,$)+ e (1, 0)14u, + ui e(1, 0)e (u, +
[IP: o) —Oh(u,0) +.2 (1,0) h(u,0) +El ui—?—(1,0) —Oh
(u, 0) m a , ou. az' ,......„.„, az' ani ,....1r.,
Portanto
(a) é(H(u,fl, O) — H(u, O, O)) = e(1, 0)-put(u,$) +Emi uie (1,e(u,$))+
+e (1, 0)h(u,$)
Por outro lado, ternos:
44÷k(e(u,0)h(u,$)— e(0, 0)h(u, O)) =
=0 _
Oxieui 4; (1,0
02g (u, O) h(u, + e(u,0)en(u,13)+
— S—(0,0) h(u , O) — (0 0)h (u 0) = lati ex 1 Ni
=0 =0
(U, O) (u, + (1, 0)h(u, (b)
50
Como e(u, O) = e(1,0)+Emi uie(1,0), segue que (a) = (b) e consequente-mente, (ii) está mostrado! Assim,
— H(u,O, O)) = (C(1,0) (u, + Eml uie (1,0) f(u, O)) +
e(1, 0)h(u, O)
Og Oh e
O u
Oui(H(u„ 3,0) — H(u,0,0)) = —, , ( ,0) (u,,e) + (1,0)h(u, fi)
mi oxi Lembrando que estamos trabalhando com o conjunto .C, temos
221(1=O 0X1
(u, O) = 1 O) ± E/Al -4,x-749(12i (1, O) =Ozi (0)
••••.„.re"
=0
Por (i) temos que
= — h(u, a), a) (-80.M
Assim, na diferença temos:
(H(u, 0,0) — H(u, O, O)) = (0)(--,Z1„ (z,h(u, fi), 0) 1(1,x))
1(1(°,)x) h(u 0), 13))
Olhando para e(u,h(u,fl),,e) e fazendo u = O, obtemos um polinômio em O:
Og (0, h(0, 13) = wi(13) aui
Uma vez que10.) é um elemento invertível, o rank{jd(*)}u coincide com
o rank{e} , e segue-se então que Toq e sobre.
Assim, r7 é uma submersão em alguma vizinhança U x A1 X A2 de O E KM X Kn X
oui (t(u, a) = --9--(u, h(u, a r9 ), a) ( z _ ,h(u,a),a) 1
51
K". Tomemos U, A1, A2 vizinhanças fechadas, reais subanalíticas (por exemplo, bolas
fechadas), e U' uma vizinhança aberta de U x A1 X A2 na qual 77 é uma submersão.
—> Jd(K",K) é transversal à Á" então ) n U' é uma subvariedade
diferenciável de U'. Seja II : Km X ri X K" —> Km a projeção canônica e E o
conjunto dos pontos singulares de 11i n--1(2)nU, • Como 77 e II são aplicações analíticas e para K = R, k" é semialgébrico (para K = C,
é construtível) E é semi-algébrico.
: U x A1 X A2 -> U é própria então B = II(E n (U x Az x A2)) é real subanalítico.
Este conjunto tem, pelo teorema de Sard, medida nula e consequentemente possui
codimensão > 1.
Segue do lema 1.4.1 que para 77. E U—B a aplicação 7h : Az x A2 —› ,fi(K",K) é
transversal a k. , então para todo a E A1 o ponto y = (h(u, a), a) E {gt = 0} satisfaz
a condição de tangente transversa dada na definição acima. Podemos escolher a
vizinhança A de x(0) = (1,0,... ,0), de forma que (h, 1)-1(A) C U X Al
Corolário 3.2.1 Seja f k-deternzinada com número de Milnor p (entôo k < p+1).
Se d > k então para quase toda hipersuperfície {G = 0} = V C 113'1+1 de grau d,
o conjunto V (f) = {x E V; a função altura normal à x possui uma singularidade
A-equivalente à f} é regular e tem dimensão n +1 — p.
Exemplo 3 (i) n = 1. Se d > 3, as únicas singularidades tangentes são as simples
(A1) e cúspide (A2). (Os casos d= 1,2 são triviais)
(ii) n = 2. Se d > 4, as únicos singularidades tangentes são as simples (A1) (dois
tipos no caso real), cúspide (A2) e tacnode (A3) (dois tipos no caso real).
(Novamente os casos d = 1,2 são fáceis. Vamos argumentar o caso d = 3: A1, A2 são
3-determinadas e a órbita do 2-jato x2 E J3(2,1) tem codimensão 2. As outras órbitas
possuem codimensão > 2. Então para G tangente transversa às órbitas singulares de
J3(2,1) obtemos tangências (A1) em um conjunto aberto, tangências cuspidais (A2)
52
em uma curva e pontos isolados onde a função altura tem 2-jato x2. Mas como {G =
O} é uma cúbica não singular, qualquer seção plana pode ter apenas singularidades
do tipo A1, A2, A3, 134, então os pontos isolados são do tipo A3).
3.3 O teorema de genericidade m.ultilocal
Embora o teorama 3.2.1 acima descreva os tipos de singularidades tangentes que
ocorrem em hipersuperfícies genéricas de grau suficientemente alto e este teorema seja
suficiente para a discussão dos respectivos duais, para o caso de multitransversalidade
vamos precisar mostrar que os pontos de tangência genericamente estão em posição
geral nos hiperplanos tangentes.
Definição 3.3.1 Dados K pontos pl., ,pk E IP", dizemos que eles estão em
posição geral se as retas correspondentes em Cn+1 formam subespaços linearmente
independentes, então em particular k < n + 1. Vamos denotar por L(pi, ,pk) os
(k — 1)-planos em IP" gerados por Pi, .•• ,pk. O ponto Po E L(ph , pk) está em
posição geral com relação a pi, ,pk se pç não está em nenhum subespaço determi-
nado por um subconjunto próprio de {pi, • • • , Pio } •
Definição 3.3.2 Uma hipersuperfície {F = O} C IPn+1 tem tangências em posição
geral se dado um hiperplano L tangente em {pb. . . ,pk} c {F = O} os pontos
pi, , pk estão em posição geral L.
Proposição 3.3.1 O conjunto X1(k) = {F; F = O possui k singularidades em
posição geral} é um conjunto construtível de codimenscio k cujo fecho é irredutível.
53
Demonstração: Se e; denota o i-ésimo vértice de referência em IP11+1, ou seja, ei
(0, , 0, 1, O, . , 0) com 1 na i-ésima posição, o subconjunto de CM consistindo das
hipersuperfícies com singularidades em e11. , ek é um espaço linear L, pois este
subconjunto consiste de hipersuperfícies com singularidades nos mesmos pontos.
Se ço : GL,,±2 x Cm é a ação do grupo GL 2 = GL(n + 2, C) (mudanças de
coordenadas lineares na fonte), então X1 = w(GL„+2 x L) é construtível pelo teorema
de Chevalley [3.1.11. Se pensarmos em GL„+2 C C(11+2)2 então existe uma extensão
natural da ação de ço em C(11+2)2 , e é claro que
w(GL„±2 x L) c w(GL,2+2 x L)
(onde a barra denota o fecho com respeito à topologia de Zariski).
Temos que GLk+2 e L são irredutíveis pois, GL„+2 = Mn-I-2 o qual é irredutível e
L é um espaço linear. Então w(GL,2+2 x L) e w(GL,2+2 x L) são irredutíveis. Clara-
x L é aberto Zariski. Vamos considerar o seguinte
G L,2+2 x L x Cm
(g, F) 7-1+ (g, F o g)
w\/1-2
F o g
onde ço = r2 o n.
Segue do teorema de Chevalley, que w(GL„+2 x L) é construtível. Note que GL,4-2
é um conjunto construtível pois, seu complementar (GL,2+2)` é o conjunto das matrizes
mente GLk+2 x L c GL,2-1-2 diagrama:
54
de determinante nulo, que é portanto um conjunto algébrico fechado.
GL,n+2 = Mn+2 (aLln+2)c •-se•-•• conj.alg.fechado conj.alg.fechado
Assim, segue que
n(aTin+2 X L) =rrt -Ln+2 X W(aTin-1-2 X L) é construtivel
construtível construtível
Pelo teorema 3.1.2, w(GL,i+2 x L) contém um subconjunto aberto Zariski de
W(Glin+2 x L), o que implica que dirn(W(Glin+2 x dirn(W(GL,+2 x L)). Por
outro lado, temos
Glin+2 X L caL,t+2 x L
Z-aberto GL,j+2 x L é construtível
Assim pelo teorema 3.1.1, w(GL,t+2 x L) é c,onstrutível L„+2 x w(GL,i+2 x L)
é construtível, pelo teorema 3.1.2, w(GL.+2 x L) contém um aberto da topologia de
Zariski em w(G.Ln+2 x L), portanto
dirn(w(GLn+2 x L)) = clini(W(GL.+2 x L))
Assim,
x L) = w„±2 x L)
o qual já vimos que é irredutível.
Para concluir a demonstração, precisaríamos ainda verificar que a codirnensão de
X1(k) é exatamente k. Vamos fazer com detalhes o caso n + 2 = 2
Considere X1(k) = {F E CM; F = O tem k singularidades em posição geral
}, k = 1, 2
55
(i) k = 1. Mostremos que cod(Xi(1)) = 1. Seja F(x1, x2) = aoxl + x11-1x2 +
+ adxg, onde F E X1(1).
O fato de F possuir um ponto singular implica que F possui uma raiz de multi-
plicidade 2. Com efeito, todo polinômio homogêneo de grau d F(x1,x2) em C[x1,x2]
se decompõe em fatores lineares, isto é, F(x1,x2) = bix2). Se os fatores
são distintos então x1 = x2 = 0 é a única singularidade de F = O. Sem perda de
generalidade, podemos supor que x2 = O não é solução de F = O. Assim, podemos
fazer a nossa análise para o polinômio
F (x1,1) = aoxli + aixff + + ad
O fato de F ter uma raiz multipla nos diz que p(ao, ,ad) = O, onde p é a
resultante entre F(x1,1) e 19-e. Assim, X1(1) pode ser reescrito da seguinte forma:
X1(1) = {F E Cm; p(ao, ,ad) = O}, onde p é a resultante entre F e •K, ambos
desomogenizados com relação a x2.
Note que p(ao, ,ad) = O define uma hipersuperfície em CM, cuja parte regular
é determinada exatamente pelas equações:
p = O
grad(p) O
Portanto cod(X1(1)) =1.
(ii) k = 2. Mostremos que cod(X1(2)). 2.
Seja F(xi, x2) = aoxg + aixtlx2 + + adx5, onde F E X1(2). O fato de F
possuir uma singularidade nos permite escrevê-la da seguinte maneira:
F(xl, x2) = (alxi + a2x2)2 (xl, x2)
(.) (*) = parte determinada por uma das singularidades
56
Agora, analisando Gi(xi, x2) de forma análoga ao caso (i), obteremos uma equação
= O a qual pode ser escrita em termos de a0,... , ad, onde p1 é a resultante entre
Gi e eaR • X
Repetindo o processo, colocando desta vez a parte relativa a outra singularidade
em evidência, obteremos:
F(xi, x2) = (f1X1 /3212)2G2(Xl? x2)
Novamente, a partir de G2, obtemos uma equação p2 = O, onde p2 é a resultante
entre G2 e azi
Assim, a melhor situação ocorre quando pi = O intercepta p2 = O transver-
salmente, o que corresponde a termos duas singularidades em posição geral.
X1(2) = {F E CM; = O ocorre transversalmente Grad(Pi) 0 n (graPd2(p =2)°0 O)
Portanto cod(X1 (2)) = 2.
Proposição 3.3.2 Seja X2 o subconjunto de X1, definido na proposição anterior,
que consiste das hipersuperfkies que possuem uma singularidade adicional que está
no (k —1)-plano gerado pelas k anteriores, e está em posição geral a elas. Afirmamos
que X2 é construtível de codimensão > k +1
Demonstração: A construtibilidade segue como na proposição anterior. Para mostrar
que X2 possui codimensão maior do que X1, afirmamos que é suficiente mostrar que
X1 — X2 tem codimensão k. De fato, inicialmente vamos assumir que cod(Xi — X2) =
k. A hipótese de construtibilidade de um conjunto X nos garante que dim(X — X) <
dim(X) = dim(X).
57
Agora, suponha que dini(X2) = dini(X2), então dini(X2) = dini(X2), como X1 é
irredutível segue que XI. = X2, e então, X — X2 = X2 — X2. Então
N — k = dini(X2 —X2) < — X2) = dini(X2 — 2(2) < dini(X2) =
= dini(Xi) = dini(Xi) = N — k
o que é absurdo. Então dado que cod(X]. — X2) = k segue que cod(X2) > k.
O fato de que cod(Xj. — X2) = k segue da proposição 3.3.1.
Proposição 3.3.3 Dado qualquer k,1 < k < n+2, existem hipersuperfícies F E CN
com {F = O} tendo k singularidades em posiçõ.o geral, e nenhuma outra singularidade.
Demonstração: Usaremos indução em n. Para n = O as formas
d-2 d-4 F = —1x2) (respectivamente, F = xMll(xi — 1x2))
possuem raizes repetidas em 1 (respectivamente 2) pontos.
Para n = 1 tomaremos d = 3 e consideremos
F = x1x2x3 + x + x (respectivamente, F = x3(x — xix2), F = x1x2x3)
Estas F 's possuem respectivamente uma, duas e três singularidades em posição
geral.
Agora, desejamos produzir hipersuperfícies {F = O} C Fn+1 tendo apenas k
singularidades em posição geral, 1 < k < n + 2. Por indução podemos encontrar
Gk(xi,. ,xn+i) com {G1, = O} C Fn tendo apenas k singularidades em posição
geral, 1 < k < n + 1. A forma Gk x +2 cuida dos rasos 1 < k < n+ 1. Para
k = n +2 afirmamos que
(71-1-1
Gn+2 -= G 1 + xd„—+22 E aix?
58
para (ai, . . • ,a..44 genéricos possui precisamente n+2 singularidades. Basta mostrar-
mos que
{Gn+1 + E aixi2. ..-= O C Cn+1
possui apenas uma singularidade (na origem) para (a1,... , a,-+i) genéricos. Deste
modo, o ponto (O, , 0,1) será uma singularidade de {F = O} c 1P+1, conseguindo
assim, as n + 2 singularidades em posição geral desejadas.
Considere a aplicação
G: (Cn+1 — 0) x cn-1-1 —> C, (x, a) )—) Gn±i (X) + E ai4 = Ga(X)
Note que G é uma aplicação regular, de fato, calculando o gradiente de G temos
que:
G' G— (aGn+1 (x) + 2xi, , (x) +2xn-i-1,4 • • • , Ox1 ,xn2+1 OG.-14
como estamos trabalhando em Cn+1 — O temos que pelo menos um xi O, 1 < i <
n + 1 => VG O. Portanto, G é regular. Pelo lema de Thom 1.4.1, temos que
G. : Cn+1 — {O} —> C é regular para quase todo a E Cn+1. Logo, {G. = O} C Cn+1 — O
não possui pontos singulares, como desejávamos.
Teorema 3.3.1 O conjunto das F cujos tangências não estão em posição geral for-
mam um conjunto construtível de codimensão > 1.
Demonstração: Suponha que {F = O} tem um plano tangente T com k + 1 pontos
tangentes po, , pk com p1,... ,pk em posição geral e po E , pk) em posição
geral com relação à Pi, ••. ,pk. Começaremos considerando o caso especial pi = e, 1 <
n+1
59
i k, po = ,1,O, • • • ,0) (k uns) e = {x„+2 = O}, ou seja,
qualquer i =1, . . . , n + 1 e jp---,,2(p2) — 1. Então podemos escrever
n+2 F = (x • • • xk) + Eximxi,••• ,x.+2)
k+1
Temos,
(Pi) = O para
F = O oF _ j_ v•m+2x a.
,xn+2)=0 , —
para 1 < i < k em Po, , ek. Em particular, f = = O nestes pontos.
Portanto CN c Cm é o conjunto das formas de grau d nas variáveis x1,. , xk e
X2 é o subconjunto de CN discutido na proposição 3.3.2, assim, f E X2.
Além disso, fj = O em , ek para k+ 1 < j < n +1, pois continuando com
as derivadas, Ei(ei) = h(ei), como g(ei) = O, pois o plano Xn+2 = O é tangente
comum, isto é, grad(F(ei)) = (O, ,O,1), segue que fi(ei) = O, 1 = 1, . . ,k; j =
k+1,...n+1.
rn+1 t Então, h = xilii e n+2 n+1
F=f+ E E xixifii j=k+li=k+1
A coleção destas F 's é um produto X2 X L para algum espaço linear L.
Mas estamos interessados na cp(GL,2+2(X2 x L)), mais ainda, queremos obter
codep(GL+2(X2 x E))). O espaço tangente a X2 X L, satisfaz a:
r = m(X2 x L) c T. f.X2 + Sp{x0P; grau(0) = d — 1, k + 1 < i < n + 2}
Com relação a cp(GE,2+2(X2 x E)) temos
GL3/41+2 X (X2 X L) -`4 Cm
(1, F) 1—* cp(I , F)
60
Assim,
Cbp(u) := = (W(GLk x X2)) + Sp{xilb; grato') =d-1, k+1<i<n+ +
+Sp{xie; 1 < j < n + 2}
Fazendo a interseção com CN (xj = 0,k + 1 Si < n + 2)
c" n ri c Tf(so(GLk x x2)) + ,xk,o, , 0),1 5i < k}
(pois f1 = 0 quando fazemos xi = 0 para k + 1 < j < n + 1).
Vimos na proposição 3.3.2 que cod(w(GLk x X2)) em Cm é maior que k. Portanto
cod(CN n r') em C" é> 1.
Teorema 3.3.2 Seja K = C. Seja {F = 0} uma hipersuperfície não singular com
tangências em posição geral. Então dada uma uma estratificação natural xCEC
Jk(n, 1), existe uma vizinhança aberta U de F e uma família enumerável de subcon-
juntos reais subanaliticos Ba c U, com c,od(Ba) > 1 tal que para G E U — UBa a
hipersuperfície {G = O} é tangente multitransversa a x desde que k <
Antes de fazermos a demonstração, vamos dar uma idéia da prova:
Como de costume temos uma família natural de perturbações fornecida pela própria
familia de hipersuperfícies. Suponha que temos pontos de tangência x(1), . . . , x(r)
com um plano tangente comum xo = 0. Como os x(j) estão em posição geral, vamos
supor que eles são os pontos ei+i (1 na (j + 1)-ésima posição e zero nas demais).
No caso em r = 1, x(1) = (0,1,0, ... ,0). Na demonstração deste caso (Teorema
3.2.1), vimos que apenas os monômios de grau d em x0,... ,x,2+1 que não envolvem
xo ou o termo xt eram suficientes para mostrar que a aplicação?) em questão era uma
submersão, ou seja, utilizamos apenas uma face do (n+ 1) simplexo de monômios de
•grau d em, xo, ,x, 1.
61
No caso geral, desde que k < 1.1, nós podemos em ej, obter todos os monômios
em xl, ,x,„ de grau < k, sem usar qualquer monômio da face do
simplexo duas vezes. De fato, seja di o grau do monômio x, então temos que
di + (dl + + di, + + d„) = d
queremos que d1 + . di+1+ + A, < k. Assim,
(15 > d — k > d — d —1 2 —
d +1
2
Logo, quando desomogenizamos com relação a uma mitra variável, obteremos di <
elf , deste modo não repetiremos nenhum monômio, como queríamos.
x,'
A principal diferença entre este caso e o caso r = 1 é que VO") não é compacto,
apenas separável. Então quando estamos trabalhando localmente emll(r) precisamos
sempre usar alguma vizinhança fixa U de F. Isto significa (lembrando nossa demons-
tração do teorema 3.2.1) que dado x E V, precisamos encontrar parametrizações hu
válidas para Fu E U. Como estamos trabalhando com multijatos, também queremos
garantir que estas parametrizações locais não se interceptam.
Demonstração do teoretna 3.3.2
Afirmação: Podemos escolher Q = (n + 1)2 + 1 planos L1, . . . , LQ de modo que
dados quaisquer n+1 pontos po,. ,p„ E rn+1 um dos planos Li não contém nunhum
ponto pi.
62
De fato, escolha os planos Li em posição geral (isto é, quaisquer p < n, ± 2 planos
fornecem p planos em posição geral em 1C+2 ). Note que cada pi pertence a no máximo
• 1 planos, corno ternos n ± 1 pontos, estes ocuparão no máximo (n 1)2 planos,
corno Q é superior a este número o resultado segue.
Agora, dado um hiperplano L c IPTN-1 ternos que IPn+1 — L K"1. Escolha urna
bola fechada .Bi c IP"1 — L suficientemente grande de modo que IPTI+1 — Bi não
contém n, 1 pontos. Seja V = {F = O}, escolha Li e Bi corno acima mas com urna
propriedade adicional de que a interseção de V com a interseção de quaisquer n 1
complementos IPn+1 — .8; é vazia, ou seja,
V n (nn."(1Pn4-1 — Bi)) = 0
V n (IPn+1 — u +1/3) = O
Logo, V C Un+iBi
Portanto, (Bi) é urna cobertura de V.
Escolha urna vizinhança U1 de F de modo que G e U1 tem as mesmas propriedades
que F com relação as coberturas B1, . . , BQ acima descritas. Escolha urna carta x0, xn em prt-1-1 Li e seja Bi n V = V com equação h = o; seja
Ni = {(x, v) x Kn+1; v = À (040° (x),... , (x))}
e considere a aplicação E: Kn-bi E(x v) = x v. Com a nossa notação E é
localmente a aplicação
(a, À) h(a) À H(h(ce)) . . . h a) axo " axn
ah « )) O f -
e claramente E é um difeornorfismo local. Usando o fato que Vi é compacto escolha
e > O tal que a restrição E : n (V; x ./3€)
urna bola de raio e centrada em o e Kn+1. Agora escolha U2 C U1 tal que para
K"1 é um mergulho, onde B, é
63
qualquer G E U2 o conjunto Wi = A n {G = O} está contido na vizinhança E(Ni n
(v; x BE)).(Estritamente falando, devemos trabalhar com duas bolas grandes .133,gi.
para evitarmos dificuldades na fronteira). Escolha um aberto U C U2 COM U C U2
compacto de modo que para GEUeyE {G = o} ni3; com y = E(x, v) o vetor v não pertence a TvWi, isto é, G é suficientemente próximo de F para que os espaços
tangentes também sejam próximos (Basta perceber que a vizinhança tubular de G =
O está contida na vizinhança tubular de F = O e que perturbações suficientemente
pequenas da F vão dar perturbações suficientemente pequenos de (a,... , 2-)). Segue para qualquer x E Vi (o qual supomos ter espaço tangente xo = O) podemos
escolher uma vizinhança A1 de O E Kn e uma família de parametrizações
h x Ai Kn+1 , h(u, a) = (h' (u, a), a)
com hu parametrizando Ft = O. Mais ainda, como h(T-1 x O) C {E(h(0),v)} dados
x(1), x(2) E yi com parametrizações locais h1:r1 x 4 x Kn+1, j = 1,2,
hlCU x O) n h2CU x o) =0
então se necessário, podemos diminuir os 24-11 e supor que 1.11=112h5(f X 4) = 0.
Agora sejam (x(1),... ,x(r)) E {F = 0}(r),r < n +1 possuindo plano tangente
comum e seja L : Kn —> (Kn+1)* como de costume. Escolha um A com x(i) E A,1 < i< r, e parametrizações locais hi :U x AI —> Kn+1 com
hi(U x n h(U x = 0, i j
Considere a aplicação ij: Al x x Ar, x U x Kn —>fl1 Jk(Kn, K)
n(a(1),... , a(r), u, a) = LER jatos em a(i) dos
—> (dfi(x(j))± L(a))(hi(u, a(i))) =
= fri(jf`Hi(u, a(i), a))
Afirmamos que 77 é transversal a r(x). Se jPHi(u,a(i),a) E' E para algum i,
então
n(a(1),... ,a(r),u, a) çi Ar(x)
64
Se o jitHi(u, ce(i), a) E E, mas os hi(u,a(i)) não possuirem um plano tangente
comum, então
n(a(1), , a(r), u, a) 0 Ar(x)
Contudo, se eles possuirem um plano tangente comum dado por
(dfi(a(i)) + L(a))(hi(u, a(i))) = c
então os hi(u,a(i)) estão em posição geral neste plano. Segue da observação acima
que 17 é uma submersão em (a(1),... , a(r),u, a) e assim, transversal a Ar (x). Então
existe um conjunto ruim real subanalítico c U de codimensão > 1 tal que para
uEU—.8 a aplicação
:114 x J ( , K )
é transverval a Ar(x). Agora, usamos o fato que {G = 0}(r) é separável para obter
uma quantidade enumerável de conjuntos ruins a .
3.4 Considerações finais
Nesta última seção comentaremos alguns exemplos de cúspides da aplicação de
Gauss projetiva. A principal referência é o artigo "Cusps of the projective Gauss
Trzap"[17].
Seja M uma superfície algébrica regular em IP3 tal que a família H é localmente
versal. Sabemos que neste caso, a aplicação de Gauss G: M IP3 é estável. Ou seja,
as únicas singularidades que ocorrem são dobras e cúspides. Mais ainda, EG é uma
reunião disjunta de curvas, contendo pontos isolados que são os pontos de cúspide.
Em [17J, Clint McCrory e Theodore Shifrin estudam as citspides da aplicação
65
de Gauss de superfícies em ]P3. Os principais resultados obtidos são os seguintes
teoremas:
Teorema 3.4.1 Para uma superfície projetiva regular genérica mergulhada em
as cúspides da aplicação de Gauss são precisamente os pontos parabólicos os quais
são os limites dos pontos de inflexão das curvas assintóticas.
A demonstração deste teorema pode ser reduzida ao caso afim, caso em que o re-
sultado é bastante conhecido. A demonstração apresentada pelos autores usa métodos
da Geometria Diferencial projetiva.
Teorema 3.4.2 A aplicação de Gansa de uma superfície projetiva genérica de grau
d em IP3 possui 2d(d — 2)(11d —24) cúspides.
A prova do teorema acima utiliza ferramentas da Teoria Enumerativa e escapa do
alcance desta dissertação.
Nos exemplos de superfícies de grau d = 2, 3 é possível verificar diretamente o
resultado do teorema 34E:
Exemplo 4 Superfícies Quddricas
Se M c IP3 é uma quddrica genérica (ver apêndice)
F (xi, x2, x3, x4) = O
A equação dos pontos parabólicos da aplicação de Causa é dada por
{F = O
Hess(F) = O
66
Como F é homogênea de grau 2, Hess(F) = constante, e portanto, vemos que
genéricamente a aplicação de G auss não possui singularidades.
Exemplo 5 Superfícies Cúbicas ([24J, [25»
Seja M uma cúbica genérica em IP3. Segue do teorema 3.4.2 que M tem 54
cúspides, mas é possível neste caso, argumentar diretamente.
Sabemos que existem 27 retas contidas em M. Evidentemente, cada reta é uma
direção assintótica em M. Por outro lado, todos os pontos de uma tal reta L c M
são pontos de inflexão. Assim, aplicando o teorema 3.4.1, vemos que os pontos do
conjunto parabólico II nos quais uma reta L de M é tangente a II correspondem aos
pontos de cúspide da aplicação normal de Gavss G.
Não é difícil mostrar o seguinte resultado: "Cada reta de M intercepta a curva
parabólica em dois pontos e é tangente à essa curva nestes pontos".
De fato: Seja L c M eH um plano contendo L. Então HnM é uma curva de
grau 3 contendo L, logo HnM=LUC, onde C é uma cônica.
Observemos que C pode ser redutível, mas LUC não pode conter uma linha dupla,
pois neste caso M seria singular.
O número de interseções de LeC é2 (Teorema de Bezout [24)), e evidentemente
H é tangente a M em cada um destes pontos p, i =- 1,2 de L n C
67
Se Li indica a reta tangente a C em p, os pares de retas (L, L1) e (L, L2) são
as direções assintóticas de M em h e p2, respectivamente. (Estas são as retas com
maior contato com M em n). Quando estes dois pontos p1 e p2 coincidem, isto é, L
é tangente a C, o ponto p = = p2 é ponto parabólico de MeL éa única direção
assintótica.
Agora definimos urna involução a de L como segue. Dado p E L, TM n M é
tangente a M em outro ponto q, e definimos a(p) = q. A involução a é algébrica, e
pelo teorema do ponto fixo de Lefschetz, a possui dois pontos fixos, os quais são os
dóis pontos parabólicos em L.
Exemplo 6 A cúbica de Fertnat zg+4+4+4 = 0 é um exemplo de urna superfície
projetiva que não é genérica. A curva parabólica II é dada por x0x1x2x3 = 0. Os
pontos singulares da curva fl = 0 são obtidos a partir da solução dos determinantes
dos menores 2 x 2 da matriz
Note que o ponto (1,0,0,0) é um ponto singular de II = 0. Portanto, M não é
urna superfície genérica.
Pode-se mostrar mais precisamente que II é uma curva redutível com 18 pontos
singulares (pontos duplos) e que se perturbarmos a cúbica de Fertnat cada um dos 18
pontos duplos võo dar origem a 3 cúspides da aplicação de Ganas.
(34 3x2 34 34 )
X X2 X3 X0X2 X3 XoXi X3 XOXI X2
68
Apêndice A
Geometria Algébrica Projetiva
A.1 O Espaço Projetivo e as Variedades Projetivas
Definimos uma relação de equivalência --, em pontos não nulos de Kn+1 da seguinte
forma: (x'0, . . . , (xo, . . ,x) se existe um elemento não nulo A E K tal que
(x/o, . . . , x'„) = A(x0, ,x)
Definição A.1.1 Um espaço projetivo n-dimensional sobre um corpo K, denotado
IPn(K), é o conjunto das classes de equivalência de « em K71+1 — {O} . Assim,
IP'(K) = (Kn+1 — {0})1
Cada n-upla não nula (xo, ,x„) E K71+1 define um ponto p E rn(K), e dizemos
que (xo, , xn) são as coordenadas homogêneas de p.
Existe uma correspôndencia 1-1 entre pontos de 1Pn(10 e retas passando pela
origem em Kn+1. De fato, todas as coordenadas homogêneas de p E IPn(K) são
69
dadas por Ap., A E K — {O}, e note que todos estes pontos pertencem a mesma reta
passando pela origem em Kn+I. Como p O temos a garantia de que esta reta
existe. Por outro lado, dada qualquer reta 1, passando pela origem em Kft+1, um
ponto p E L — {O} nos fornece as coordenadas homogêneas de um único ponto em
IPn(K).
Proposição 21.1.1 Para cada i -=• O, ,n, seja Ui = Exo, • • • ,x) E Pin xi O}
(i) Os pontos de cada Ui estão em correspondência 1-1 com os pontos de K".
(ii)IP"(K) K" U Fiz-1(K)
(iii) Temos 1P"(K) = Ur_oUi
Demonstração:
(i) Para cada i = O, , n considere Oi : K" —> Ui dada por
çbi(xl., • • • xn) = (X1, • • • ,x, 1, Xi+1) • • xn)
e :U —> K" dada por
lixo Xi—i Xn) 1Pi(X0, • • • xn.) = • • • ,
Xi Xi Xi Xi
Primeiro devemos mostrar que rfri está bem definida. Sejam (xo, . • • ,xn) e (Yo, • • • , yn) coordenadas homogêneas de p E Uo. Assim temos que (yo,... , yn) = A(x0,... , x„)
,Az). Então:
(Yo, • • • Yn) = 1Pi(Axo, • • • Axn) • • • , À x = = xi_, ri+,
xi ' • xi , • • • = ih(xo, • • • ,x).
Além disso,
çbi(lPi(xo, • • • xn)) = çbi (e, • • • ,?, tri , • • • ,e) = (azi, • • • , „ , " • , = (X0, Xi_i, Xi, Xj+1, xri)
70
• ,x4) = 11)&1, • , xi,l, xi+1, • • • xn) = est = (x1, • • ,x)
ri+i Ia) = , • " , 1 3 • • •
3 1
Portanto ib e •P são aplicações inversas, o. que estabelece a correspondência 1-1
desejada.
(ii) Pela definição de Ui, temos que
1P'1(K) = U U g, onde g = {p E 1P"(K);i-ésima coordenada é nula}
Os pontos em g estão em correspondência 1-1 com as classes de equivalência
(x0, , xn), onde duas n-uplas representam o mesmo ponto de g se
uma. for um escalar não nulo multiplicado pela outra. Em outras palavras, Hi é uma
"cópia"de IP"-1(K), o espaço projetivo de dimensão menor.
IP" (K) Kn 111:1"-1 (()
(iii) Como cada Ui C IP" (K), O < i < n, pela própria definição de Ui, segue que
IfiLoUi C Ir (K). Falta apenas mostrar quelPn(K) C 1.11:_0Ui. Seja p E 1P"(K), logo,
p = (x0,... , xn), onde x0, , x„ são não simultaneamente nulos, assim, p E Ui para
algum i, portanto p E Ur_oUi.
Nosso próximo objetivo é estender a definição de variedades no espaço afim
para o espaço projetivo.
Definição A.1.2 Seja K um corpo e sejam f , fs, polinômios em K[xh...
Então o conjunto
Vefh • • • fs) -= {(ai, • • • >an) Kn; fi(a1,... , an) .= 0; para todo 1 < < s}
é chamado de variedade afim definida por • • • , fs•
71
Definição A.1.3 Um polinômio é homogêneo de grau d se todos os termos de f
possuem grau d.
Exemplo 7 f = x2 + 2xy + y2 é homogêneo de grau 2.
Observe que se f E K[xo, , x„j é um polinômio homogêneo que se anula em
alguma coordenada homogênea de um ponto p E ]Pn(K), então f se anula em todas
as coordenadas homogêneas de p.
Definição A.1.4 Seja K um corpo e sejam , h E K[xo, , xn] polinômios
homogêneos.
V( • • • , h) = {(ao, • • • , a.) E IP"(K); , an) = O; para todo 1 < i < s}
Chamamos V(fi, , h) a variedade projetiva definida por ,f.
As variedades projetivas V(f) definidas por uma única equação homogênea são
conhecidas como hipersuperfícies. Estas são geralmente classificadas de acordo com
o grau que definem suas equações. Assim se f possui grau 2 em K[x0,. ,x,2],
chamamos V (f) de hipersuperfície quetdrica ou quádrica.
Análogartzente, hipersuperfícies definidas por equações de grau 3,4 e 5 são con-
hecidas como cúbicas, quárticas e quínticas respectivamente.
Proposição A.1.2 Seja V = , fa) uma variedade projetiva. Então W
vnuo pode ser identificado com a variedade cifrai/ (91, • • • , 94 C K", onde gi(yi,. ,y,2) = fi(1, yi, . • • , Y.) para cada 1 < < s.
72
Demonstração: Seja p = (1, ai, • • • ,a) E W = vnuo. Usando a aplicação 7P0 : II0 K" (da intima proposição), temos que 00(p) = (a1,. • , an) e como para cada i, temos
g,(ai,.. ,an) = f(1, a1,... ,a) = O, segue que 00(p) E ,g3). Por outro
lado, se (ai,. • • ,an) E V (gi, ,g4, então o ponto com coordenadas homogêneas
(1,a1,... , an) pertence a U0 e satisfaz as equações f(1, • • • , an) = gi(ai, • • • , an) = O. Assim, 0(V(g1,. ,g)) c W. Como as aplicações e 7P são inversas, os pontos
de W estão em correspondência 1-1 com os pontos de V(gb. , g „
Exemplo 8 Considere a variedade projetiva V = V(4. — x2x0, x — x34,) c F3 (R).
Para interseccionar V com 110, nós desomogenizamos as equações que definem V, o
que dará a variedade afim V(4 — x2,4 — x3) C R3.
Note que também podemos desomogenizar com relação à outras variáveis.
Uma idéia natural é reverter o processo de desomogenização descrito anteriomente
e "homogenizar"as equações que definem a variedade afim. Por exemplo, considere a
variedade afim W = V(x2 — x + 4) em U0 = R2. A equação que define W não é
homogênea, de modo que não obtemos uma variedade projetiva em F2 (R) diretamente
desta equação. Mas podemos usar uma variável extra x0 para tornar o polinômio
f = x2 — 4 + 4 homogêneo. Como f possui grau 3, modificamos f de modo que
todos os seus termos possuam grau 3. Isto nos leva ao polinômio homogênio fh =
x24 — x + 4x0. Mais ainda, note que a desomogenização de fh nos devolve o
polinômio original f em xl, x2.
Agora, note que dada qualquer variedade afim W = V (gi, ,g4 C Kn, podemos
homogenizar as equações que definem W de modo a obter a variedade projetiva V =
,g) c l'n(K). Mais ainda, V n Uo = W. Assim, nossa variedade afim
original W é a porção afim da variedade projetiva V.
73
Exemplo 9 Neste exemplo, escreveremos as coordenadas homogêneas dos pontos em
1P2(K) como sendo da forma (x, y, z). Numerando estas coordenadas como O, 1, 2,
vemos que U2 é o conjunto dos pontos com coordenadas (x, y, 1). Agora considere a
variedade afim
w = V(g) = V (y — x3 + x) C U2
Sabemos que W é a porção afim V n U2 da variedade projetiva V = V(gh) = V (yz2 — x3 + x.z2). A variedade V consiste de W junto com os pontos no infinito
V r1V(z). A porção afim IV é o gráfico de um polinômio cúbico, o qual é uma curva
regular. Os pontos no infinito, os quais forniam um complemento de W em V, são
dados pelas soluções das equações:
{
y z2 — x3 + x.z2 = 0
z = 0
É fácil ver que as soluções são z=x=0 e como estamos trabalhando em 1P2 (K),
tomamos o único ponto p = (0,1,0) em V n V (Z). Assim, V = W U {p}
Vejamos o que acontece quando desomogenizamos a equação de V com relação a
y e estudamos a intersecção V n
= V n U1 = V(gh(X2 1,y)) = V(Z2 x3 ± x.z2)
Através da teoria de singularidades, podemos facilmente verificar que p, que cor-
responde ao ponto (x, z) = (0,0) E WÇ é um ponto singular de W'.
Assim, mesmo começando com uma variedade afim suave, homogenizando as
equações e tomando a correspondente variedade projetiva podemos obter um objeto ge-
ométrico mais complicado, pois, não estávamos "vendo toda a figura"na porção afim
original da variedade. Em geral, dada uma variedade projetiva V c IP"(K), como
IPh(K) = Ur_oUi, precisamos considerar V n U para diversos valores de i = O, , n para vermos toda a figura.
74
A.2 Correspondência entre Ideais Projetivos e Vari-
edades Projetivas
Definição A.2.1 (Ordem Lexicográfica); Seja a = (ai, • • • , an) e = (Oh • • . , fin) E
Z;•0. Dizemos que a >isx fl se no vetor diferença a — fl E Z%, o valor não nulo mais
à esquerda é positivo. Escrevemos xec >isx xe se a > lex
Definição A.2.2 (Ordem Graduada Lex). Sejam a, fl E Z;10. Dizemos que a -> - grelex
,3 se iai = E•r—tai > = A ou, 1,31 = lal e a >ie. fi•
Definição A.2.3 Seja I c K[xi,.. • ,x] um ideal não nulo.
(i) O termo de liderança de um polinômio f (LT(f)), é o monômio de f que possui
maior grau.
(ii) Denotamos por LT(I) = {cxce; existe f E 1 com LT(f) = cxce}
(iii) Denotamos por < LT(I) > o ideal gerado pelos elementos de LT(I)
Definição A.2.4 Fixe uma ordem monomial. Um subconjunto finito G = {g1, . . . , g s}
de um ideal I é uma base de Gráebner se
,LT(gs) >=< LT(I)>
Definição A.2.5 Um ideal I em K[xi, ,x,2] é homogêneo se para cada! E I, as
componentes homogêneas fi de f também estiverem em 1.
75
Teorema A.2.1 Seja I c K[x0, ,x] um ideal. Então são equivalentes:
(i) I é um ideal homogêneo de K[x0,. . • , xn]
(ii) I =< ,f3 >, onde , f3 são polinômios homogêneos.
Demonstração: (ii) (i)
Seja g E I, então g = Ai fi. Agora suponha que expandimos cada Ai como
soma de suas componentes homogêneas: Ai = fiEj fkl_ fim. Portanto, g
e d
j=1 k=1
Podemos reagrupar os termos de g que possuem mesmo grau da seguinte forma: s+d
g= E f < < d,1 < k < d j+k=2
Note que as componentes homogêneas de g pertencem à I, logo I é um ideal ho-
mogêneo.
(i) (ii) Seja I um ideal homogêneo. Pelo Teorema das Bases de Hilbert, temos
I =< F1,... ,F3 > para alguns polinômios Fi E K[x0,... , xn] (não necessariamente
homogêneos). Se escrevermos Fi como a soma de suas componentes homogêneas,
digamos Fi = EFii, então cada Pipi E I pois I é homogêneo. Seja I' o ideal gerado
pelos polinômios homogêneos Fii. Então I c l' pois cada Fi d uma soma dos geradores
de I'. Por outro lado, I' c I pois cada componente homogênea de Fi está em I. Isto
mostra que I = P e segue que I possui uma base de polinômios homogêneos.
Observação A.2.1 Seja I c K[x0, ,x,i] um ideal homogêneo e suponha que
I =< . . . , f, >, onde h, . ,f3 são homogêneos. Então é fácil ver que
,f3)
de modo que V (I) é uma variedade projetiva.
76
Proposição A.2.1 Seja V C Fn(K) uma variedade projetiva e seja
I(V) = {f E K[x0, • • • xn]; f (ao, • • , an) = O, V(ao, • • • ,a,) E V}
(Isto significa que f se anula para todas as coordenadas homogêneas de todos os pontos
em V).
Se K é infinito, então 1(V) é um ideal homogêneo em K[xo, ,x,z]
Demonstração: Note que I(V) é fechado com relação à soma e com relação ao pro-
duto por elementos de ;fixo,. • • , x,•j•
Assim, I(V) é urra ideal em ;fixo,— ,x,d. Agora, pegue f E I(V) e fixe um ponto
p E V. Por hipótese, f se anula em todas as coordenadas homogêneas (ao, ,a,.)
de p.
Como K é infinito, segue que cada componente homogênea A de f se anula em
(ao, . • • , an)•
De fato, podemos escrever f = EA como a soma de suas componentes ho-
mogêneas A
f = fo + + • • + fn
Como pEV e (ao,... , an) é coordenada homogênea de p segue que
f (ao , • • , an) = fo(ao,... , an) + (ao, • , an) + + fn (ao, • • , an) = O
f(2a0, • • • ,2an) = fo(ao, an) + 2fi (ao , • , an) + + 2nfn (ao, , an) O
f ((n + (ao , , an)) = fo (ao, • • . , an) + (n + 1)Rao, , an) + +
+(n 1)nfn(ao, an) = O
77
Note que o nosso sistema é representado por
(1
1
1
21
(n+ 1)1 ... (n
1
2"
ir/
(fo(ao, ... ,a)
Mao, • • , a.)
o \
o
\o/
Matriz de Vandermonde => det
Logo o sistema possui solução única. Como (O, , O) é uma solução segue que
fo(ao, • , a.) = O
fn(ao, • • • , an) =-- o
Isto mostra que A E I(V) e assim, I(V) é homogêneo.
Teorema A: Seja K um corpo infinito. Então as aplicações
Variedades Projetivas Ideais Homogêneos
Ideais Homogêneos 1 > Variedades Projetivas
são inclusões reversas. Além do mais, para qualquer variedade projetiva, temos
V (I(V)) = V de modo que I é sempre 1-1.
Demonstração: Mostremos que I e V são inclusões reversos:
(i) Se II c 12 então V(12) C V(II)
Seja p um ponto pertencente à V(12). Isto significa que para todo f E /2, f se anu-
la em todas os coordenados homogêneos (ao, , an) de p. Como II C 1 => V g E II, g
se anula em todos os coordenados homogêneas (a0,... ,a) de p => PC V(./1).
(ii) VI C 172 então 1(V2) C 1(V1)
Seja f E I(V2), logo f se anula em todos os coordenados homogêneas de todos
os pontos de 12, como V1 c 1/2 temos que f se anula em todas as coordenadas ho-
mogêneas de todos os pontos de V1 => f E /(Vi)
78
Resta mostrar que V(I(V)) = V, quando V = V (fi,. , f„) é uma variedade
projetiva. Como todo f E I(V) se anula em todas as coordenadas homogêneas dos
pontos de V, a inclusão V c V(I(V)) segue diretamente da definição de V.
Por outro lado, note que ,f3 E I(V) pela definição de 1, e assim, <
f , f3 >C 1(V). Como V é inclusão reversa, segue que V (I (V)) c V(< f , f3 >
) = V. Isto mostra a igualdade desejada V(I(V)) = V e consequentemente, I é 1-1.
Definição A.2.6 O radical de um ideal é o ideal:
= { f E K[x0,... ,x]; f" E I para algum n > 1}
Proposição A.2.2 Seja I c K[xo,... ,x.] um ideal homogêneo. Então Nrl também
é um ideal homogêneo.
Demonstração: Se f E Vi, então fia E I para algum m > 1. Agora, decompondo f
nas suas componentes homogêneas
f =E = + E fi onde fina. é a componente homogênea não nula de maior grau em f. Expandindo a
potência f'n , é fácil ver que
(r)... = (f..)771 Como I é um ideal homogêneo, (r)... E I. Assim, (fm43)7n E I, o que mostra
que hna. E .V.7. Se considerarmos g = f — fin= E Nrl e repetirmos o argumento,
teremos que gma. E Vi. Mas gm„. também é uma componente homogênea de f. Aplicando repetidamente este argumento, mostramos que todas as componentes ho-
mogêneas de f estão em Vi. Como isto vale para todo f E .17, temos que Nrl é um
ideal homogêneo.
79
Agora vamos recordar o Nullstellensatz Fraco e o Nullstellensatz Forte no caso
afim:
Seja I um ideal contido em K[xi,... , xa]
• (O Nullstellensatz Fraco) V.(I)= 0 em Kn <=>1 = K[X12 • • • 2 xn]
• (O Nullstellensatz Forte) VI = Ia(Va(I)) em Kixi, • • • , xn]
(Para evitar confusão, usaremos Ia e Va para denotar as versões afim de I e V).
É natural questionarmos se estes resultados se estendem à variedades projetivas e
ideais homogêneos.
A resposta é não. Em particular o Nullstellensatz Fraco falha para certos deais
homogêneos. Por exemplo, considere o ideal I =< xo, . . . ,xa >C C[x0,. ,xa].
Então V(I) C Fn(C) é definido pelas equações xo = • • • = xa = 0. A única
solução é (O, , O), mas isto é impossível, pois não é permitido que todas as coorde-
nadas homogêneas se anulem simulteineamente.
Segue que V(I) = 0 e ainda, I C[xo,. ,xa] (1+ xo I).
Felizmente, é possível caracterizar os ideais para os quais isto acontece.
A seguinte versão do Nulltellensatz Fraco descreve todos os ideais homogêneos sem
soluções projetivas.
Teorema A.2.2 (O Nullstellensatz Fraco Projetivo) Seja K olgebricamente
fechado e seja I um ideal homogêneo em Kko, , xal. Então são equivalentes:
(i) V(1) C IP"(K) é vazio
(ii) Para cada O < i < n, existe um inteiro rni > O tal que ximi E /.
(iii) Existe algum r > 1 tal que < xo,.. ,xa >rc I
80
Demonstração: (ii) (i)
Segue que < , ,xn"'" >C 1, assim, aplicando V, temos que V(I) está
contido em V(< >) = 0 pois estamos em IPn(K), logo V (I) = 0.
(iii) (ii)
É claro que se < xo, . ,x,. >rC I então x.ir E Ni.
Para mostrar (i) (iii), trabalharemos com a variedade afim C„ = Va(I) C Kn +
como interpretamos pontos em IPIK) como retas passando pela origem em
então Co é a união das retas determinadas por V. Em particular, C„ contém todas
as coordenadas homogêneas dos pontos de V.
Então, observe que se V = 0 C„ C {(0, , O)} em K+1. Obtemos então
({(0, ,O)}) c is(C„) = 1,,(14,(1))
Mas 4,({(0,.. ,0)}) =< xo,... ,x„ >.
Pela versão afim do Nullstellensatz forte, temos que
4(C„) = In(Va(I)) = Vi
Assim, < x0,. . ,x, >C VI, logo existe r > 1 tal que < xo,.. ,xn >rC I.
Teorema A.2.3 (O Nulltellensatz Forte Projetivo.) Seja K um corpo algebri-
carnente fechado e seja I um ideal homogêneo em K[xo, , xn]. Se V =V(I) é uma
variedade projetiva ndo vazia em IP" (K), então temos
i(v(.0) =
Demonstração: Como na dernostração do teorema anterior, trabalharemos com a var-
iedade projetiva V =V(I) C IP" (K) e seu cone afim C.„ = Va(I) C Kn+1 . Primeiro
afirmamos que
(*) In(Cn) = I(V) quando V 0 0
81
Para ver isto, suponha que f E Ia(C„). Dado p E V, qualquer coordenada ho-
mogênea de p pertence à C,„ de modo que f se anula em todas as coordenadas ho-
mogêneas de p. Por definição, isto implica f E I(V).
Por outro lado, tome f E I(V). Como todo ponto não nulo de C, fornece coorde-
nadas homogêneas para um ponto em V, segue que f se anula em C„ — {0}. Resta
mostrar que f se anula na origem.
Como I(V) é um ideal homogêneo, sabemos que as componentes homogêneas A de f
também se anulam em V. Em particular, o termo constante de f, o qual é homogêneo
na componente fo de grau zero, se anula em V. Como V O, isto força fo = O, o
que significa que f se anula na origem. Assim, f E Ia(C„) e (*) está mostrado.
Pela forma afim do Nullstellensatz Forte, sabemos queV.7 = Ia(Va(I)). Então
usando (*), obtemos:
V.7 = Ia(Va(I)) = Ia(Ca) = I(V) = I(V (I))
O que completa a demonstração do teorema.
Agora podemos completar a correspondência projetiva ideal-variedade.
Como no caso afim, temos uma correspondência 1-1 entre variedades projetivas
e ideais radicais homogêneos com excessão dos casosV.1 =< xo, , xn > e VI =<
1>.
Teorema A.2.4 Seja K um corpo algebricamente fechado. Se restringirmos as cor-
respondências do teorema A a variedades projetivas não vazias e ideais radicais ho-
mogêneos própriamente contidos em < x0,... , xn > então:
Variedades Projetivas não vazias Ideais Rad. HOM. própr. contidos em < xo,.. •
Ideais Rad. HOM. própr. contidos em < xo, , xn > X 4 Variedades Projetivas não vazias
82
Demonstração: Note que uma consequência do Nullstellensatz Fraco projetivo é que os
únicos ideais radicais homogêneos I com V (I) = 0 são < xo, , xn > e K[xo, , xn].
Uma segunda observação é que se I é um ideal homogêneo diferente de K[xo, • • • , xn],
então I C< xo, • • • xn >•
Estas observações mostram que os ideais radicais homogêneos com V(1) 0 são
precisamente aqueles que satisfazem I estritamente contido em < xo, ,xn > . E a
relação segue do Nullstellensatz Forte projetivo.
Definição A.2.7 Seja I um ideal em K[xi,... , x,4. Definimos a homogenização
de I como sendo o ideal
lh =< .fh;.f E >C K[x0,... ,x]
onde fh é a homogenização de f.
Proposição A.2.3 Para qualquer ideal I C ,x,], a homogenizaçii o Ih é
um ideal homogêneo em K[xo, . • ,x,i]
Demonstração: O ideal Ih possui um conjunto finito de geradores e pela própria
definição de Ih, estes geradores são polinômios homogêneos. Logo Ih é um ideal
homogêneo.
Exemplo .10 Considere I =< h, h >=< x2-4, x3-x>, o ideal da cúbica torcida afim. Se homogenizarmos f f2 então teremos o ideal J =< x2x0 — x, x3x3 — >
em R[xo, x 1, x2, x3].
Afirmamos que J . Para mostrarmos isto, considere o polinômio f3 = f2 —
x1f1 = x3 — x1x2 E 1 f = x0x3 - x1x3 E P. Agora note que ft não pode ser obtido como combinação de ft e ft . Logo, ftØ J J
83
Precisamos então, de um método para calcular um conjunto finito de geradores
para o ideal 1.
Teorema B: Seja I um ideal em K[xl, ,x,] e seja G = ,g3} uma base de
Grbebner para I com respeito a uma ordenação monomial graduada em 1<[x1, . • • , xn] •
Então = , gah} é uma base para lh C K[xo, • • • ,xn]
Para ilustrar o teorema, considere novamente o ideal I =< x2 — x3 — > da
cúbica torcida afim W c R3.
Calculando uma base de Grãebner para I com respeito a ordem grlex, temos:
a= {x21 — X2, XI.X2 — X3, Xi. X3 —
Pelo teorema B, a homogenização destes polinômios gera 1". Assim,
111 =',.< — X0X2, X1X2 — X0X3, X1X3 — 4 >
Discutiremos agora o significado geométrico da homogenização de um ideal.
Definição A.2.8 Dada uma variedade afim W C Kn, o fecho projetivo de W é a
variedade projetiva
W = V (la(W)h ) c IP" (K)
onde Ia(W)h C K[zo,. ,xa] é a homogenização do ideal I(W) C K[xi, • . • ,x]
Proposição 24.2.4 Seja W c Kn uma variedade afim e seja W c IPn(K) seu fecho
projetivo. Então W é a menor variedade projetiva em IPn(K) contendo W.
Demonstração: Precisamos mostrar que se V é uma variedade projetiva contendo W,
então W C V.
84
Suponha que V = V (Fi, , F8). Então os Fi's se anulam em V, de modo que
sua desornogenização f = Fi(1, x l, . . . , x n) se anula em W. Assim, A E In(W) e
logo, fih E Li(W)h. Isto mostra que fp se anula em W =
Mas, Fi = fih para algum inteiro e.
De fato, seja F(x0,... ,xn) um polinômio homogêneo de grau d e seja e a maior
potência de x0 dividindo F. Então f = ,xn) é um polinómio de grau
— e). Assim,
d—e
f h = xn)x,(d—e)—i, onde F5 é o termo de grau j de F .1=0
Portanto,
d—e
Xg fh = xi, ,x.)xod—, = F(xo, xl, ,x) .1=0
poL hora. de grau d
Assim, Fi se anula em W e como isto é válido para todo i, segue que W C V.
Vejamos agora um exemplo.
Exemplo 11 Considere a cúbica torcida afim W C R3
Sabemos que In(W) =< x2 — —x>
Usando o teorema B, temos que
Ia(W)h =< x — X0X2, XiX2 — X0X3, X1X3 — >
Segue assim que a variedade
V = V(x — X0X2, X1X2 — X0X3, X 1X3 —
é o fecho projetivo da cúbica torcida afim W.
O principal obstáculo da definição do fecho projetivo é que precisamos conhecer
In(W). Seria muito mais interessante se pudéssemos calcular o fecho diretamente de
85
qualquer ideal definindo W. Quando K é algebricamente fechado, isto sempre pode
ser feito.
Teorema C: Seja K um corpo algebricamente fechado, e seja I C K[xi,. ,x„] um
ideal. Então V(P) c IP"(K) é o fecho projetivo de Va(I) C K".
Demonstração: Seja W = Va(I) c e Z = V(Ifi) C IP"(K). Fazendo Z n Uo, teremos a porção afim de V(Ih), ou seja, fazendo x0 = 1 obtemos Va(n = W.
Assim, temos que Z é uma variedade projetiva contendo W.
Demonstraremos agora que Z é a menor variedade projetiva contendo W.
Seja V = V(Fh... , F5) uma variedade projetiva qualquer contendo W. Temos
que a desomogenização f = Fi(1,x1,... ,x,•,) E 4(W). Como K é algebricamente
fechado, o Nullstellensatz implica que Ia (W)= i, de modo que fr E I para algum
inteiro m. Isto nos diz que (fit E Ih e, consequentemente, (fir")h se anula em Z.
Mas, (fr)h = (fih)m, e segue que fp se anula em Z. Então Fi = xgi fih também se
anula em Z. Donde concluímos que Z c W. Isto mostra que Z é a menor variedade
projetiva contendo W. Como o fecho projetivo TV possui a mesma propriedade, segue
que Z =W .
Se combinarmos os teoremas B e C, teremos um olgorítmo para calcular o fecho
projetivo de uma variedade afim sobre um corpo algebricamente fechado:
Dado W c K" definida por fi = = f, = O, calculamos uma base de Grãebner
G de < fi, • • • , f, > com respeito a uma ordem graduada, e então o fecho projetivo
em IP"(K) é definido por V(Ch)
86
A.3 A Geometria das Hipersuperfícies Quádricas
Definição A.3.1 Uma variedade V = V(f) C IP"(K), onde f é um polinômio
homogêneo não nulo de grau 2, é chamada hipersuperfície quádrica, ou simplesmente
quádrica
Definição A.3.2 Dadas V e W duas variedades projetivas em IP"(K), dizemos que
V é projetivamente equivalente a W se existir uma matriz invertível A E G L(n+1, K)
tal que V = A(W).
Observação A.3.1 Através dos resultados de álgebra linear, sabemos que as equações
que definem uma quádrica são equivalentes à uma equação da forma c0x8+ ...+c„x„2 ,
e se K for algebricamente fechado, então a hipersuperfície quádrica de rank p +1 é
projetivamente equivalente à quádrica definida pela equação x8 + + Xp2 = O.
Discutiremos a seguir algumas propriedades interessantes de quádricas não singu-
lares em IP2, IP3 e IP5.
Para o caso de F2 considere a aplicação F : F1 —› F2 definida por F(u, v) =
(u2 ,uv, v2), onde (u, v) são coordenadas homogêneas em IP1. Observe que os pontos
de FUN) satisfazem a equação x0x2 — = O, mais ainda, a aplicação F
V(x0x2 — x) é uma bijeção, de modo que esta cônica é uma cópia de IP1 em ]P2. De
fato, mostremos que F é sobre:
Seja (wo, w2) E 17(xox2 — xi), logo w0w2 — w? = O. Sem perda de general-
idade, podemos supor que /ao O, então (wo,wi) é um ponto de IP1. F(wo,w].) =
(4), wowl, w?) = (wg w0w1, wow2) = (too, w1, w2) •
87
F é injetora. De fato, basta mostrarmos que todo ponto (u, v) E TI tal que
F(u,v) = (Wo,Wi,w2) E V, é equivalente ao ponto (wo,w1), pois como vimos an-
teriormente F (u, v) = W11 W2) = F (WO) ) • Logo, F (u, v) = (u2 , uv , v2) =
A(wO,wowi,w?). Como wo 0,A O segue que u2 = Atuo u O. Assim, uu =
Awowo u = A WO. Seja Ti = Asu . Analogamente, temos uv = Awowi v = fiw1.
Logo (u, v) = fi(wo, w1) (u, v) r.t (w0, wi) em IP1.
Quando vemos quádricas em IP3 a situação é mais interessante. Considere a
aplicação F: x IP' IP3 que leva um ponto (xo,x1, yo, vi) E T1 X IP1 no ponto
(xoYo , xoYi, xiyo, xiYi) E IP3. Esta aplicação é chamada aplicação de Segm.
Proposição A.3.1 A aplicação de Segre F : x IP1 IP3 é um-a-um e sua
imagem é a quádrica não singular V(zoz3 — ziz2).(Note que esta é uma maneira de
enxergar o toro em IP3
Demonstração: Usaremos (zo, z1, z2, z3) como coordenadas homogêneas em IP3. Note
que os pontos de F(IPlx inl) satisfazem a equação z0z3—z1.z2 = O assim, F(1P1 x1P1) C
V(zoz3 — ziz2). Para mostrar a igualdade, suponha (w0,w1,w2, w3) E V(zoz3 — ziz2)•
Se wo O, então (WOI W2, WO, W1) E IP1 xIP1 e F(wo, W2) WO, W1) = (Wg, WOW12 WOW2, W1W2)•
Contudo, como w0w3 — w1w2 = O, segue que:
F(wo, w2, wo, wi) = (24, wowi, wow2, wow3) = (wo, %oh w2, w3)
Quando uma coordenada diferente é não nula, a demonstração é similar e segue
que F(IP1 x IP1) = V(zoz3 — zi.z2)•
F é injetiva. De fato, sem perda de generalidade, podemos supor wo O. Bas-
ta mostrarmos que todo ponto (uo,u1,u2, u3) E T1 XI?' tal que F(uo,ui,u2,213) =
Wi, W2, w3) E V é equivalente ao ponto (wo,W2,Wo,wi) E IN X IP1, pois co-
mo vimos na parte anterior da demonstração, F(wo,w2,wo,wi) = (wo,w1,w2,w3) =
88
F (uo , ui, u2 , u3) . Assim, devemos mostrar que (wo, w2 wo, wi) •-•• (uo ui , u2, u3) em
IP1 x IN, ou seja, (wo,w2) •-•• (uo,u3) e (wo,wi) •-•• (u2,u3) em IN. Aplicando
F temos que (uou27uou3,u1u2,uiu3) = A(tvg,w0w1,w0w2,w1w2), u0u2 = Awd, co-
mo too # O 220 # O e u2 # O 220 = .Aswo, seja a = = awo • U2 U2
UIU2 = À/D0W2 u1 = CW2 u1 = aw2. Assim, (uo,u3) •-•-, (wo, W2). Por
outro lado, temos u0u2 = Awowo u2 = )sal wo, seja )3 = u2 = Mu°, uo uo u0u3 = Awowl u3 = )ssau. to' u3 = )3w1. Logo (u27 u3) « (wo,w3). Portanto F é
injetora.
Vamos agora mostrar que o conjunto de retas projetivas em IP3 se identifica com
uma quádrica em IP5.
Dois pontos p 0 q em IP3 dão vetores Li. p = (ao, ai, a2, a3) e q = (b0,b17 b2,b3) em K4. Agora considere a aplicação F: IP' IP3 dada por
(V) F(u, v) = (aou — bov, ctiu — b1v, ct222 — b2v, a3u — b3v)
Como p e q são linearmente independentes, aou—bov, aiu—biv, a2u—b2v, , a3u—b3v
não podem se anu/ar simultâneamente, de modo que E está definida para todo IP'. A
imagem de F é uma variedade L c IP3 definida por equações lineares que determinam
um plano em K4, logo, uma reta em IP3. Chamamos L de reta projetiva determinada por p e q.
Lembre que uma reta L C IP2 Pé definida por uma única equação A0X0 + A1X1 + A2X2 = O. Note que (A0, A1, 42) pode ser observado como as "coordenadas ho-
inogêneas"de L e que o conjunto de todas as retas formam o espaço projetivo dual Ip2o
Faz sentido questionarmos a Mesma coisa para IN. Em particular, podemos en-
contrar "coordenadas hamogeneaS"para retas em 1P3?
89
a3)
b3
Sabemos que urna reta L C 1P3 pode ser parametrizada projetivarnente usando dois
pontos p = (ao, al, a2, a3), q = (b0,b1,b2,b3) E K4. Então considere a matriz 2 x 4
cujas linhas são p e q
ao ai. az =
b2
• Numerando as colunas de 1-2 usando 0,1, 2, 3, então o determinante formado us-
ando as colunas i e j será denotado wii. Podemos assumir O < i < j < 3 e obtemos
os seis determinantes
(.7') =
woi = aobi — QIN
woz =- drobz — a2b0
W03 = a0b3 — a3b0
W12 = aibz — azbi
W13 ="- aibz — azbi
W23 = a2b3 — a3b2
Usaremos a notação
w(p, q) = (w01 , woz, w03, W127 W13 w23 ) E K6
Os vi são são chamados as coordenadas de Plücker da reta L. Note que toda
reta possui pelo menos urna coordenada de Plücker não nula, devido ao fato de 1-2
possuir rank 2. As coordenadas de Plücker de urna reta L não dependem dos pontos
p e q escolhidos. De fato, suponha que escolhemos um par diferente q', p' E L. Em
termos de coordanadas homogêneas, L pode ser descrito como o conjunto L = {up—
vq;(u,v) Eli:a}. Em particular, podemos escrever
p' = up — vq
q' = sp — tq
para pontos distintos (u,v),(s,t) E 1P1. Note que
( ) up — vq , u —v
sp — tq s —t (;) 90
Assim, w(p,q) = w(up — vq, sp — tq) = (sv — ut)w(p, q) em K6, onde sv — ut O
pois (u,v) e (s,t) são pontos distintos de IN. Isto mostra que w(p,q) nos da um
ponto em IP5 o qual depende apenas de L. Assim, uma reta L determina um ponto
bem definido w(L) E IP5.
Variando L sobre as retas em IP3, as coordenadas de Plücker w(L) irão descrever
um certo subconjunto de IP5. Eliminando os as e bs de (V), é fácil ver que w01w23—
wo2w13+wo3w12 = O para todos os conjuntos de coordenadas de Plücker. Considerando
O < i < j < 3, coordenadas homogêneas em IP5, segue que os pontos de w(L)
pertencem à quddrica não sigular V (zoiz23 — z02z13 + zo3zi2) C 1P5.
Teorema A.3.1 A aplicação { retas em IP3} V(zoi.z23 — z02.z13 + zoszi2) definida
por enviar uma reta L C IP3 em suas coordenadas de Plücker w(L) E V(zoizza — z02.z13 + z03z12) E 1P5 é uma bijeção.
Demonstração: A estratégia da demonstração é mostrar que uma reta L C F3
pode ser reconstruída pelas suas coordenadas de Plücker. Dados dois pontos p =
(ao, al, a2, a) e q = (b0,b1,b2,b3) em L, é fácil checar que conseguimos os quatro
vetores em 10
b2P — a29 = (w02, wn, O, —w23)
b3p — a3q = (w03, w13, w23, O)
Sempre que estes vetores forem não nulos, ele nos fornecem pontos de L.
Para Mostrar que w é 1-1, suponha que temos retas L e L' tais que w(L) = Aw(L')
para algum A não nulo. Em termos das coordenadas de Plücker, isto significa que
= Àw para todo O < < j < 3. Sabemos que alguma coordenada de Plücker
bop — aoq = (O, —woi, —w02, —wo.3)
(*) bip — agi = (wol, O, —w12, --w13)
91
de L é não nula, e por mudança de coordenadas em IP3, podemos assumir tom O.
Então (*) implica que em IP3, os pontos
P = (O, —wC,1, = (O, —Awol, —Awca, —Aw03) = (O, —22201, —22202, —ince)
Q = (win, O, —W1122 —W113) = (AW012 O, —Awn, = (wol, O, —w12, —w13)
estão ambos em L e L'. Como existe uma única reta passando por dois pontos em
IP3, segue que L = L'. Isto mostra que nossa aplicação é 1-1.
Para ver que tu é sobre, escolha um ponto (w01, w02, wos, w12, w23) E V(z01z23 —
42.213 + ZO3 Zi2). Por mudanças de coordenadas em IP3, podemos assumir wol O.
Então os dois primeiros vetores de (*) são não nulos e assim, determinam uma reta
L C IN. Vamos calcular as coordenadas de Plücker desta reta:
2 WO1 = WO1
W62 ""r= W01W02
wO3 = wo1W03
"12 = W01W12
'13 = WO1W13
"23 = W02W13 W03W12
Usando o fato de que (! ,tool, W022 W035 W12: W23) E V(Z01 Z23 Z02 Z13 + z03 z12), temos que —wo3u212 = w02w23 — w02w23 e usando isto em 243 segue:
W23 = W01 W23
Assim, w(L) = (tu.? W01W022 W01W032W01W122 W01W135 WO1W23)5 como wm O, temos
w(L) = (W012 W022 W032 W122 2013, W23)• Portanto w são as coordenadas de Plücker de
L, logo w é sobre.
92
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