Os Efeitos da Atividade Física na Saúde do Idoso
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Curso de Fisioterapia
THADEU RIBEIRO CARDOSO SOARES
OS EFEITOS DA ATIVIDADE FÍSICA NA SAÚDE DO IDOSO
RIO DE JANEIRO 2007
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THADEU RIBEIRO CARDOSO SOARES
OS EFEITOS DA ATIVIDADE FÍSICA NA SAÚDE DO IDOSO
Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito para obtenção do título de Fisioterapeuta.
Orientador: Profª Eliane Ferreira
RIO DE JANEIRO 2007
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THADEU RIBEIRO CARDOSO SOARES
OS EFEITOS DA ATIVIDADE FÍSICA NA SAÚDE DO IDOSO
Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito para obtenção do título de Fisioterapeuta.
Aprovada em: ____/____/2007. BANCA EXAMINADORA Prof.º José Diniz Feijóo Universidade Veiga de Almeida - Membro da Banca Examinadora Prof.ª Rosana Christina F. Soares Universidade Veiga de Almeida - Membro da Banca Examinadora
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DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado às pessoas mais
importantes da minha vida, sem as quais eu
não teria a oportunidade de seguir esta
trajetória: meus avós, Sérgio e Dulce (in
memorian)
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AGRADECIMENTOS
À minha querida orientadora, Professora Eliane
Ferreira, pelos conselhos sempre úteis e precisos
com que, sabiamente, conduziu este trabalho.
À minha irmã Tatiana, pela dedicação e a enorme
paciência que teve durante o processo deste árduo
trabalho.
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RESUMO:
Este estudo objetivou demonstrar a importância da atividade física na saúde do idoso.
Atividade física sistemática sempre esteve ligada à imagem de pessoas saudáveis e vigorosas.
Durante muito tempo, coexistiram duas interpretações para a associação de saúde com
atividade física. Alguns imaginavam que pessoas geneticamente privilegiadas seriam mais
propensas à atividade física por apresentarem constitucionalmente boa saúde, vigor físico e
disposição mental. Outros acreditavam que a atividade física poderia ser o estímulo ambiental
responsável pela ausência de doenças, boa aptidão física e saúde mental. A literatura científica
atual permite concluir que a verdade aparente associa as duas hipóteses. No caso da atividade
física, embora nem todos possam ou queiram destacar-se como modelos de desempenho,
existe hoje documentação científica de que as pessoas ativas diminuem a probabilidade de
desenvolverem importantes doenças crônicas, melhoram os seus níveis de aptidão física e
disposição mental.
Palavras-chaves: atividade física, envelhecimento, expectativa de vida, prevenção, saúde do
idoso
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ABSTRACT:
This study objectives demonstrate the importance of physical activity in the health of
the elderly. Physical activity has always been systematically linked to the image of people
healthy and vigorous. For a long time, coexisted two interpretations for the association of
health with physical activity.
Some imagined that people would be more privileged genetically prone to physical
activity to have constitutionally good health, physical force and mental available. Others
believe that physical activity might be the stimulus responsible for the absence of
environmental diseases, good physical fitness and mental health. The current scientific
literature indicates that the apparent truth combines the two hypotheses.
In the case of physical activity, although not everyone can or wants to highlight
themselves as models of performance, there is now scientific documentation that people
active decrease the likelihood of developing major chronic diseases, improve their levels of
physical fitness and mental available.
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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 9 OBJETIVO .......................................................................................................................... 12 3. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ ..... 13 3.1 Alterações fisiológicas ocasionadas pelo envelhecimento biológico ............................14 3.1.1 Sistema Músculo – Esquelético ................................................................................. 15 3.1.2 Sistema Nervoso ........................................................................................................ 16 3.1.3 Sistema Cardiovascular .............................................................................................. 18 3.1.4 Freqüência Cardíaca (FC) .......................................................................................... 19 3.1.5 Débito Cardíaco ........................................................................................................ .20 3.1.6 Sistema Respiratório .................................................................................................. 21 3.2. Efeitos do exercício sobre o organismo jovem ............................................................ 22 3.3. Efeitos dos exercícios sobre organismo do idoso ........................................................ 23 3.4. Exemplos de exercícios e atividades para o idoso ........................................................25 4. METODOLOGIA............................................................................................................ 27 5. DISCUSSÃO .................................................................................................................. 28 CONCLUSÃO..................................................................................................................... 29 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 31
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INTRODUÇÃO:
O crescimento da população de idosos está associado à redução da taxa de
fecundidade, ocasionando a queda do número de crianças e ao aumento da longevidade, que
se iniciou no fim dos anos 60. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a proporção de idosos está crescendo mais rápido do que a de crianças. Em 1980,
havia cerca de 16 idosos para cada 100 crianças. Em 2000, esta relação dobrou passando para
quase 30 idosos por crianças (Ministério da Saúde, 1999).
De acordo com as projeções estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS),
nos próximos 20 anos, a população idosa brasileira excederá os 30 milhões de pessoas
representando quase 13% da população. Em 1991, esta população equivalia 7,3%; enquanto,
em 2000, atingia 8,6%, visto as pesquisas realizadas no país através do censo (Ministério da
Saúde, 1999).
O aumento no número de idosos trata-se de um fenômeno mundial. Em 1950 eram
aproximadamente 204 milhões de idosos no mundo e cinco décadas depois, atingia 579
milhões de pessoas, um crescimento de quase oito milhões de idosos por ano, segundo o
IBGE (2000).
Além da mudança demográfica caracterizada pela incessante ampliação da população
idosa modificar a estrutura etária da pirâmide populacional, o ritmo de envelhecimento da
sociedade brasileira encontra-se em fase acelerada, diferentemente dos países do Primeiro
Mundo como, por exemplo, a Inglaterra. Este fato deve-se, unicamente, ao declínio da
fecundidade, ainda no século XIX, nestes países. Vale salientar, que os países desenvolvidos
nunca tiveram altos níveis de fertilidade como o Brasil.
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A sociedade brasileira também se encontra numa intensa mudança epidemiológica. Na
década de 50, as doenças infecciosas e parasitárias representavam 40% das mortes registradas
no país e atualmente são responsáveis por menos de 10% da mortalidade. Estas doenças estão
sendo substituídas por doenças crônicas não transmissíveis, como as doenças
cardiovasculares, a hipertensão, a obesidade, a osteoporose, entre outras (Radis, 1984).
Logo, cinco décadas mais tarde, o Brasil deixou um perfil de morbidade e mortalidade
típico de uma população jovem para ter um aumento de enfermidades crônicas, característica
de uma faixa etária mais avançada (Ministério da Saúde, 1999).
Segundo Clark e Siebens (2002), o processo de envelhecimento e o aumento da
expectativa de vida demandam ações preventivas, restauradoras e reabilitadoras, já que
desencadeiam alterações nas funções orgânicas e vitais da população, ou seja, paulatinamente,
ocorre a perda da capacidade de adaptação do organismo devido às interações de fatores
intrínsecos (genéticos), que não são passíveis de intervenção e extrínsecos (ambientais), sobre
os quais se pode intervir. Como conseqüência, se observam quadros patológicos diversos,
manifestação e incidência elevada de complicações decorrentes de enfermidades, deteorização
acelerada na ausência de tratamento como o comprometimento da capacidade funcional e a
falta de estimulação cognitiva.
De acordo com Guerra (2006), à medida que as pessoas envelhecem ocorre a redução
gradativa da massa esquelética, que gira em torno de 40%, ocasionando a perda da massa,
força e da qualidade do músculo. Esta perda é a principal responsável pela deteorização da
mobilidade e da capacidade funcional do idoso.
Outra característica do processo de envelhecimento é a perda da massa mineral óssea;
tanto em homens quanto em mulheres. Na mulher, esse processo se acelera após a menopausa,
com a menor produção de estrogênio. A perda de proteína e de cálcio abre espaços no tecido
ósseo e os ossos mais porosos, quebram-se com maior facilidade. É importante afirmar que
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estas perdas ocorrem devido aos fatores nutricionais, hormonais, genéticos e aos índices de
atividade física; não se deve apenas pelo envelhecimento do indivíduo (Guerra, 2006).
Considerando o crescimento do número de idosos, a demanda por serviços de saúde
(consultas médicas, exames, tratamentos e internações) deverá aumentar. Desta maneira, para
se prevenir das doenças passíveis de instalação com o decorrer dos anos, vale frisar, a
importância da boa alimentação e dos exercícios físicos regulares que podem desacelerar esse
processo das mudanças físicas.
Os exercícios físicos regulares retardam a degeneração natural dos músculos, tendões,
ligamentos, ossos e articulações, além de proporcionar músculos mais fortes, articulações
flexíveis e manter o equilíbrio e a coordenação, permitindo maior mobilidade e independência
e atrasando o desenvolvimento da osteoporose. Entre os idosos, as quedas são causa freqüente
de contusões sérias, como fraturas do pulso e do quadril. Além disso, o exercício na terceira
idade gera benefícios físicos, sociais e psicológicos contribuindo para uma melhor qualidade
de vida para os indivíduos que o praticam (Papaléo Netto, 2002).
Em casos como artrite, dores nas costas, distúrbios cardíacos, entre outros, os
exercícios podem diminuir a severidade dos sintomas, reduzir o risco de complicações e
atrasar o avanço da doença. Existem alguns distúrbios que podem não melhorar diretamente
com exercícios. Mesmo assim, os exercícios são importantes para ajudar a manter o mesmo
grau de condicionamento físico e de mobilidade que havia antes do início da doença,
auxiliando na profilaxia da doença (Santarém, 1998).
A atividade física na terceira idade reduz o risco de quedas, pois mantem a
flexibilidade das articulações e a força, o equilíbrio e a coordenação muscular. Os exercícios
de relaxamento e de alongamento também são importantes durante o envelhecimento, quando
a pessoa está mais sujeita ao enrijecimento dos músculos e das articulações. Além disso, a
prática de exercícios ajudará ao idoso a manter-se flexível, ativo e em boa forma.
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OBJETIVO:
Este trabalho tem o intuito de apontar a importância da atividade física na população
idosa, como meio de manter a saúde e ampliar o conhecimento nessa área, favorecendo uma
mudança de estilo de vida, propondo melhorar a autonomia e a qualidade de vida dos sujeitos,
mantendo uma vida ativa e promovendo um envelhecimento saudável.
O objetivo da atividade física no idoso é melhorar ao máximo a capacidade funcional.
Esse objetivo pode ser alcançado por meio de programas que visam aumentar a capacidade
aeróbica, força muscular e flexibilidade. Esse grupo etário, entretanto, exige um cuidadoso
levantamento de comorbidades que, no mínimo, podem interferir diretamente com a
mobilidade e a intensidade do exercício.
É importante reconhecer as patologias que mais acometem a população idosa e sua
relação com a atividade física, como forma de prevenção, manutenção e cura, seus benefícios
contra cardiopatias, diminuição do risco de um ataque cardíaco fatal entre os idosos ativos.
Assim, por essa revisão sistemática da literatura pretende-se destacar a importância da
atividade física tanto com fins preventivos como de reabilitação.
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3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1. Alterações fisiológicas ocasionadas pelo envelhecimento biológico
As medidas fisiológicas e de desempenho, em geral, melhoram rapidamente durante o
segundo período da infância e alcançam um valor máximo entre o final da adolescência e os
trinta anos de idade. A capacidade funcional declina a seguir com a idade, a deteorização
costuma variar amplamente para uma determinada idade, de acordo com as características do
estilo de vida.
Apesar de todas medidas fisiológicas declinarem, em geral, com a idade, nem todas
diminuem com o mesmo ritmo como, por exemplo, a velocidade de condução nervosa declina
apenas 10 a 15% dos trinta aos oitenta anos de idade, enquanto a capacidade respiratória
máxima aos oitenta anos corresponde aproximadamente a 40% daquela de um indivíduo de
trinta anos (Moreira, 2001).
Além disso, algumas funções, como freqüência cardíaca, que mostra pouquíssimo ou
nenhum efeito do envelhecimento em repouso, costumam mostrar uma queda apreciável
durante o exercício máximo. Já os típicos “efeitos de envelhecimento” são influenciados
grandemente pelo exercício regular como, por exemplo, a capacidade aeróbica entre os
indivíduos fisicamente ativos. Esta aptidão é de aproximadamente 25% mais alta em cada
categoria etária, de forma que um homem ou uma mulher, de cinqüenta anos, ativo costuma
manter o nível funcional de uma pessoa de vinte anos (McArdle et al, 1998).
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3.1.1. Sistema Músculo – Esquelético
A força muscular máxima entre homens e mulheres atinge o seu apogeu por volta dos
vinte aos trinta anos de idade. A partir daí, começa a reduzir progressivamente,
principalmente nos grandes grupos musculares. Essa diminuição deve-se a perda de massa
muscular secundária e ao decréscimo do número e tamanho das fibras.
Observam-se alterações ultra-estruturais nas miofibrilas, com desorganização dos
miofilamentos, diminuição do número de mitocôndrias e mudanças na sua função, com
conseqüente redução na sua capacidade oxidativa por grama de tecido muscular (Moreira,
2001).
Habitualmente, a remodelação das unidades motoras constitui um processo contínuo e
natural envolvendo o repouso e a reconstrução da placa motora terminal. Isso ocorre por
denervação seletiva das fibras musculares, que é seguida por germinação terminal dos axônios
provenientes das unidades motoras adjacentes.
Admite-se que na idade avançada, esse processo sofra uma deteorização gradual e
resulta em uma atrofia muscular por denervação assim como em uma degeneração irreversível
das fibras musculares e das estruturas da placa terminal. Isso leva a uma redução progressiva
da secção transversa do músculo. Uma redução de 40 a 50% na massa muscular entre os vinte
e cinco e os oitenta anos de idade, devido à perda de unidades motoras e a atrofia das fibras
musculares, constitui o fator primário responsável pela redução associada à idade da força
contrátil do músculo, até mesmo em homens e mulheres sadios e ativos (McArdle et al, 1998).
Uma série de aspectos funcionais e posturais devem fazer parte de um programa
preventivo básico e mesmo de forma reabilitadora ou conservadora: o controle postural
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proporciona manutenção do esquema corporal, boa prática, facilitando as atividades de vida
diária e reduzindo o risco de quedas.
O trabalho de força muscular facilita a manutenção das proteínas corporais e evita à
hipotrofia por inatividade. Sendo indicados, em geral, os exercícios anti-gravitários e de
atividades de propiolepção e a aplicação de exercícios isométricos. É importante fazer a
mobilização articular, que mantêm a amplitude das articulações que não estejam
comprometidas, dando melhor qualidade ao movimento.
O exercício de equilíbrio torna o indivíduo mais seguro para locomoção e para a
realização das atividades de vida diárias. Por exigir bom esquema corporal e atitude postural,
leva a facilitação de funções orgânicas (Ferreira, 2007).
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3.1.2. Sistema Nervoso
Os efeitos cumulativos do envelhecimento sobre a função do sistema nervoso central
são exibidos por um declínio de 37% no número de axônios medulares e por um declínio de
10% na velocidade de condução nervosa. Essas modificações podem contribuir para a queda
relacionada à idade no desempenho neuromuscular avaliado pelos tempos de reação e de
movimento tanto simples quanto complexo (McArdle et al, 1998).
Quando o tempo de reação e de movimento é dividido em um tempo de processamento
central e em tempo de contração muscular, o tempo necessário para identificar um estímulo e
processar a informação de forma a produzir a resposta é o mais afetado pelo processo de
envelhecimento. Levando-se em conta que os reflexos, como o patelar, não exigem
processamento no cérebro, eles são menos afetados pelo envelhecimento que as respostas
voluntárias, como os tempos de reação e de movimento.
Os tempos do movimento para tarefas simples e complexos eram muito mais baixos
em indivíduos mais idosos que em pessoas mais jovens com o mesmo nível de atividade
diária. Entretanto, em todos os casos, o grupo ativo (tanto jovens quanto velhos) se
movimentava com uma rapidez muito maior que o grupo etário correspondente que era
fisicamente menos ativo. Essas observações sugerem que um estilo de vida ativo pode afetar
positivamente o funcionamento neuromuscular em qualquer idade. É interessante especular
que o envelhecimento biológico de certas funções neuromusculares pode ser retardado, até
certo ponto, pela participação regular em uma atividade física (Freitas et al, 2002).
As alterações do sistema nervoso, especialmente do sistema nervoso central são na
maioria evitáveis ao menos controláveis. A atividade física e intelectual ao longo da vida é
um fator de proteção importante, as alterações mais consideradas pela fisioterapia se
relacionam ao sistema motor e ao sistema cognitivo. Essas alterações têm impacto direto
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sobre a capacidade e a independência funcional do idoso, que por sua vez têm impacto sobre a
qualidade de vida. A capacidade de adaptação, em parte, atribuída a neuroplasticidade deve
ser considerada na escolha das técnicas e das abordagens fisoterapêuticas.
As condições nervosas periféricas, em geral, resultam de doenças sistêmicas e afetam
especialmente a extremidade dos membros, são mais freqüentes nos membros inferiores e
afetam mais a sensibilidade e o trofismo. As principais causas da neuropatia periférica estão
associadas ao diabetes, ao etilismo, à DPOC, à carência vitamínica (B12).
As neuropatias periféricas impõem cuidados com o corpo, o ambiente externo,
especialmente o domiciliar, cuidados com os calçados, as vestimentas, o manuseio de objetos
cortantes ou perfurantes e a realização de suas atividades da vida diária.
Dentre as condições neurológicas específicas o pé neuropático é uma discussão
necessária. O risco de amputações e o alto mínimo de amputações no Brasil comprovam a
necessidade que é sem dúvida a melhor abordagem o cunho preventivo.
Os exercícios podem ser coadjuvantes importantes, centrados especialmente na bomba
venosa, mantendo assim não só a nutrição adequada dos tecidos, mas também liberando
bloqueios articulares e de tecidos moles.
A vertigem é também uma condição neurológica específica importante e de
repercussão funcional, como aumento do risco de cair. A abordagem holística de
conscientização corporal, exercícios de desafios ao equilíbrio em ambiente seguro, de
coordenação, restrição visual de amplitude de movimento são boas abordagens para o
tratamento (Ferreira, 2007).
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3.1.3. Sistema Cardiovascular
Quando se trata do envelhecimento deve-se sempre distinguir as modificações
estruturais e funcionais produzidas exclusivamente pelo processo do envelhecimento
(senescência) e as causadas pelas doenças que acometem os idosos (senilidade); o
reconhecimento, nessa população, torna-se difícil, pois há uma estreita relação entre esses
dois fenômenos, o fisiológico e o patológico, pois o processo de envelhecimento modifica e é
modificado pelas doenças que acometem o idoso (Freitas et al, 2002).
O envelhecimento, atualmente, pode ser considerado um processo heterogêneo em
razão de diferenças genéticas ou morte celular programada, bem como fatores externos,
como: doenças, dieta, exercício e estilo de vida ou a combinação de todos esses fatores. A
dificuldade de distinguir a importância desses fatores no sistema cardiovascular nos dificulta
dizer se essas alterações são próprias do envelhecimento ou resultantes de tais fatores. Apesar
de vários estudos epidemiológicos terem demonstrado que fatores químicos, dislipidemias,
diabetes e vida sedentária são os principais fatores de risco para doença coronária, hipertensão
arterial, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC), todas consideradas as
doenças cardiovasculares mais prevalentes em nosso meio, é a idade que se configura como o
principal fator de risco cardiovascular (McArdle, 1998).
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3.1.4. Freqüência Cardíaca (FC)
A freqüência cardíaca normalmente representada pelo número de despolarizações do
nódulo sinusal no período de um minuto, é um dos parâmetros cardiovasculares mais afetados
pelo exercício e se constitui no mais freqüente estudado pela facilidade de sua mensuração.
Em pessoas idosas saudáveis e normais as alterações na função cardiovascular
relacionada à idade, não são aparentes em repouso, mas parece haver uma diminuição nas
variações normais da freqüência cardíaca relacionada com o ciclo respiratório e com as
variações espontâneas durante o ciclo circadano. Entretanto, uma modificação bem
documentada na função cardiovascular observada com o envelhecimento é um declínio na
freqüência cardíaca do exercício máximo.
Para cálculo estimativo da freqüência cardíaca máxima com o envelhecimento
geralmente utiliza-se a seguinte relação: FCmáx. (batimentos/min) = 220 – idade (anos)
(Moreira, 2001).
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3.1.5. Débito Cardíaco
Em conseqüência de uma freqüência cardíaca máxima mais baixa, o débito cardíaco
máximo em geral é reduzido com a idade. Para essa capacidade reduzida do fluxo sangüíneo
contribui uma redução no volume de ejeção do coração, que pode ser responsável por até 50%
do declínio no volume de ejeção reflete uma redução no desempenho contrátil sistólico e
diastólico do ventrículo esquerdo observada com o envelhecimento, porém para alguns
homens e mulheres ativos a função contrátil é bem preservada. Esses indivíduos idosos,
contudo sadios podem compensar sua menor resposta da freqüência cardíaca com um maior
enchimento do coração (volume diastólico terminal), com um aumento subseqüente no
volume de ejeção graças ao mecanismo de Frank Starling (McArdle et al, 1998).
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3.1.6. Sistema Respiratório
As medidas geralmente usadas para estudar a capacidade funcional dos pulmões
apresentam decréscimos que mantêm relação com a idade. As variáveis que se referem à
capacidade para expulsar o ar dos pulmões, como a capacidade vital e o volume expiratório
forçado por segundo, apresentam diminuição linear com a idade.
Habitualmente, a capacidade total dos pulmões não diminui; portanto, uma
porcentagem maior da capacidade pulmonar do adulto da terceira idade deve corresponder ao
volume de ar residual, na ordem de 30% ou mais; este volume de ar não é trocado durante a
respiração. O principal mecanismo responsabilizado por essa perda que ocorre com a idade é
o enrijecimento progressivo do tecido elástico dos pulmões e das paredes torácicas; isso
diminui a eficácia do encolhimento passivo em seguida à distensão (Calkins, 1997)
É essencial que o sangue receba oxigênio fresco e se livre do dióxido de carbono ao
nível dos pulmões; por isso, o aparelho respiratório dispõe na realidade de uma ampla reserva.
Esta reserva diminui à medida que vamos envelhecendo, mas costuma assim mesmo ser
suficiente para manter o sangue arterial da pessoa da terceira idade saturado de oxigênio
quando em repouso e durante os esforços moderados (é válido mesmo na ausência de
patologias ao longo da cadeia, tais como: asma, enfisema, insuficiência cardíaca ou
hemoglobiropatia).
O idoso não treinado pode ficar reduzido a 60 – 80 litros de ventilação por minuto, no
máximo; isso corresponde a quase metade da ventilação do adulto jovem. Parece que,
felizmente, os diversos elementos da função pulmonar, abrangendo a ventilação, a difusão e a
perfusão, apresentam grau menor de deteorização nas pessoas da terceira idade que
permanecem fisicamente ativos (Pickles et al, 2000).
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3.2. Efeitos do exercício sobre o organismo jovem
As respostas à atividade física no organismo jovem são extremamente mais rápidas do
que no idoso. As aptidões físicas são muito maiores, mas assim como no organismo idoso, o
exercício é excelente aliado de vida uma vez que o coração exercitado pode bombear mais
sangue em cada batimento e os pulmões podem ventilar mais ar; quando solicitados em
exercícios de maior intensidade.
O resultado é que mais oxigênio é liberado aos músculos, permitindo que eles
queimem mais combustível e produzam mais energia para o exercício (metabolismo
aumentado). Essas respostas são comuns ao organismo idoso, apenas se apresentam em maior
intensidade, além do organismo jovem, acumular menor tempo de efeitos deletérios, não só
pela idade, mas por possíveis consumos de álcool, tabaco e drogas (Nieman, 1999).
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3.3. Efeitos dos exercícios sobre organismo do idoso
A atividade física regular de moderada a vigorosa produz aprimoramentos
fisiológicos, independente da idade. É evidente que a magnitude das alterações depende de
vários fatores, incluindo estado inicial de aptidão, genética e tipo específico de treinamento.
Com relação ao fator idade, parece que os indivíduos mais idosos não são capazes de
aprimorar sua força e sua capacidade de endurance no mesmo grau que as pessoas mais
jovens. As razões para esse menor potencial de treinamento não são bem compreendidas,
embora tenha sido atribuído a um declínio geral na função neuromuscular e a deteorização
relacionada à idade na capacidade celular de realizar a síntese protéica e a regulação química.
O exercício regular neutraliza os efeitos deletérios do fumo e do peso corporal
excessivo. Até mesmo para as pessoas com a pressão arterial alta, aquelas que se exercitam
regularmente reduzem à metade sua taxa de morte. Até as tendências genéticas para uma
morte precoce são neutralizadas pelo efeito da atividade física. Para indivíduos com um ou
ambos os progenitores falecidos antes dos 65 anos (um risco significativo para saúde), um
estilo de vida que inclui o exercício regular consegue reduzir em 25% o risco de morte. Uma
redução de 50% na taxa de mortalidade foi observada para homens ativos cujos pais haviam
conseguido viver até além dos 65 anos (McArdle, 1998).
Apesar do envelhecimento ser um fenômeno natural, e geneticamente
determinado, a atividade física regular traz grandes benefícios que melhoram a qualidade de
vida nessa época da vida. Os principais benefícios são:
- antropométricos e neuromuscular: diminuição da gordura corporal e aumento da
massa muscular, força muscular, flexibilidade e densidade óssea;
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- metabólicos: aumento do volume sistólico, ventilação pulmonar, consumo
máximo de oxigênio, diminuição da freqüência cardíaca e da pressão arterial e melhora do
perfil lipídico;
- psicossociais: melhora da auto-estima, auto-conceito, imagem corporal e
diminuição do stress, ansiedade, insônia, consumo de medicamentos é melhora das funções
cognitivas e da socialização.
Além desses efeitos estão associados também ao controle e prevenção de doenças
crônico-degenerativas como doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, doenças respiratórias,
osteoporose, distúrbios mentais e a manutenção da independência funcional do indivíduo e
aumento da longevidade (Douglas, 1999).
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3.4. Exemplos de exercícios e atividades para o idoso
Três tipos de exercícios são especialmente importantes para pessoas idosas:
aqueles que melhoram a flexibilidade, aqueles que melhoram a força muscular e aquele que
aprimoram a capacidade cardiopulmonar. Em pacientes severamente descondicionados, um
único exercício pode atingir parcialmente todos estes objetivos (Freitas, 2002).
Os exercícios de flexibilidade devem ser executados somente após o
aquecimento dos tecidos moles através de uma caminhada ou qualquer outra atividade não
vigorosa. O benefício máximo do alongamento somente é obtido após manter o alongamento
por 30 segundos. Contudo, espaços de tempo mais curtos podem ser necessários inicialmente
em pacientes que nunca executaram exercícios de alongamento. Estes exercícios requerem
que as posições das juntas sejam mantidas até o final do seu alcance normal (Calkins, 1997).
Os exercícios de fortalecimento podem ser isométricos ou isotônicos. Nos
exercícios isométricos, uma parte do corpo permanece fixa em uma posição e o paciente
contrai o músculo sem movimentar a articulação. Este tipo de exercício deve ser sempre
realizado por músculos que movimentam uma articulação dolorida, assim a contração
isométrica pode fortalecer o músculo sem que haja um estresse mecânico adicional à
articulação. Nos exercícios isotônicos, o paciente move uma parte do corpo com um
movimento em forma de arco. Isso resulta no fortalecimento muscular de cada extensão
diferente do músculo, desde que esteja presente uma resistência suficiente em cada ponto do
arco (Bandy, 2003).
A capacidade cardiopulmonar ou aeróbica deve ser parte de um programa amplo
de exercício. O exercício deve ser suficiente para aumentar a freqüência cardíaca do paciente
acima do repouso, de pelo menos 10 a 20 batidas para o mais descondicionado e mais além
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para os mais condicionados. As recomendações para a duração são de 20 a 30 minutos, três a
quatro vezes por semana. As três fases do exercício se aplicam a qualquer atividade aeróbica.
Os pacientes devem executar as atividades que mais gostam. Bicicletas ergométricas e esteiras
para andar são fáceis, caso paciente seja bem orientado. Andar na rua ou em shopping é uma
das formas mais fáceis e práticas de praticar exercício aeróbico (Calkins, 1997).
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METODOLOGIA:
Foi realizada uma revisão sistemática da literatura especializada na atividade física do
idoso nos últimos nove anos. Foram identificados textos em manuais de geriatria,
gerontologia, e periódicos nacionais e internacionais. A busca dos periódicos foi realizada por
meio eletrônico e a revisão da literatura identificou dezenove estudos sendo todos
selecionados.
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5. DISCUSSÃO:
A perda de massa muscular é uma das principais características do processo de
envelhecimento, normalmente a remodelação das unidades motoras constitui um
processo contínuo e natural envolvendo o reparo e a reconstrução da placa motora
terminal. Isso ocorre por denervação seletiva das fibras musculares, que é seguida por
germinação terminal doa axônios provenientes das unidades motoras adjacentes.
Admite-se que, na idade avançada, esse processo sofra uma deterioração gradual e
resulta em uma atrofia muscular por denervação assim como em uma degeneração
irreversível das fibras musculares e das estruturas da placa terminal.
Segundo Mc Ardle (1998), os mais altos níveis de força para homens e
mulheres são alcançados em geral entre os vinte e trinta anos de idade, época em que a
área muscular em corte transversal costuma ser máxima. Daí por diante, a força da
maioria dos grupos musculares declina, mas segundo Moreira (2001), este declínio só
ocorre após trinta e cinco anos, tendo em vista que jogadores de futebol começam a
diminuir seu desempenho e ficar mais propenso a lesões; aos trinta anos, a visão de
Mc Ardle (1998) é mais aceita no dia-a-dia.
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CONCLUSÃO:
À medida que as pessoas envelhecem, os comportamentos e as atividades que
promovem à saúde requerem maior atenção. A população da terceira idade é um grupo mais
diversificado do que qualquer outro grupo etário, fato que se deve às diferenças em relação às
experiências de vida e à influência do ambiente; a população idosa apresenta; além disso,
grandes diferenças no que diz respeito à saúde e ao grau de atividade.
O fisioterapeuta é capaz de desempenhar um papel importante para a saúde do idoso,
aconselhando-os a respeito da atividade física e prescrevendo-lhes exercícios. A pessoa idosa
está fisicamente debilitada quando já não consegue se adaptar a qualquer esforço físico. A
intensidade eficaz e segura diminui em conseqüência da falta de atividade. Os métodos de
promoção da saúde que visam aumentar a capacidade física, melhoram também a capacidade
do idoso de resposta ao esforço.
É vantajoso aumentar a atividade física e o condicionamento físico antes que as
deficiências se manifestem clinicamente, ao invés de tentar melhorar os problemas de saúde,
depois de prejudicar a capacidade do indivíduo reagir. Dentre os benefícios relacionados à
prática do exercício físico, podemos citar: melhora do humor, diminuição da ansiedade,
aumento do vigor, melhora da cognição, aumento da capacidade aeróbica, aumento da
flexibilidade e da amplitude de movimento, aumento da densidade dos ossos, melhora do
perfil dos lipídios sangüíneos, aumento da força, da massa muscular e diminuição do tecido
adiposo.
O idoso submetido a programas de exercício físico desenvolve notável energia que lhe
permite suportar as adversidades e a manter a capacidade para funcionar como indivíduos
dentro da comunidade. O fisioterapeuta dispõe dos conhecimentos básicos da saúde do idoso
30
e da experiência necessária para trabalhar com essa população, melhorando a sua capacidade
para tomar as decisões informadas quanto ao comportamento em questões de saúde, quanto ao
acesso aos recursos de saúde, devem ser mais diversificados, com a colaboração entre
pacientes, terapeutas e instituições, com o objetivo de promover a independência e de
melhorar a qualidade de vida das pessoas da terceira idade, permitindo-lhes gozarem os
últimos anos de suas vidas.
31
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